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02 Fundamentos de Agronegócios

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SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 - AFINAL, O QUE É REALMENTE O AGRONEGÓCIO? ...................... 2 
UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO ................................................... 7 
UNIDADE 3 - IMPACTO DAS REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS NA 
AGRICULTURA ........................................................................................................ 14 
UNIDADE 4 – O MERCADO DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS ......................... 30 
UNIDADE 5 – MECANISMOS DE COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS 
AGROPECUÁRIOS .................................................................................................. 36 
UNIDADE 6 – CONTRATOS DE LONGO PRAZO ................................................... 44 
UNIDADE 7 - A NOVA ECONOMIA INSTITUCIONAL E A ECONOMIA DOS 
CUSTOS DE TRANSAÇÃO NO AMBIENTE DO AGRONEGÓCIO ......................... 48 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 58 
TEXTO COMPLEMETAR ......................................................................................... 60 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78 
 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
2
 
UNIDADE 1 - AFINAL, O QUE É REALMENTE O 
AGRONEGÓCIO? 
 
Agronegócio, o que é esse tal de agronegócio? Para o homem do campo que 
têm suas raízes e origens ligadas a lavoura e ao rebanho bovino parece mais um 
modismo dentre muitos que surgem ano a ano, ou mais um nome bonito dado a algo 
já conhecido. De certa forma, o produtor rural tem razão, pois muitos tomam carona 
neste modismo e, mesmo não sabendo diferenciar touro de boi, dão entrevistas à 
revistas e em programas de abrangência nacional, discorrendo sobre a 
competitividade do agronegócio. 
Estas entrevistas anunciam o crescimento e a pujança do setor, pintando um 
cenário cor de rosa e promissor. Entretanto, o homem do campo sabe que a 
produção agropecuária deve obedecer o cio da vaca, as estações das chuvas, 
dentre outros fatores, os quais os economistas chamam de “o estado do mundo”. 
Acredita-se que o homem do campo deixa para o agro-executivo à colheita 
dos benefícios do crescimento do setor, no entanto, esta percepção não é 
verdadeira, pois, cada vez mais o produtor rural está tornando-se empresário rural. 
Na busca destas competências, implementa-se novas tecnologias, aumenta sua 
qualificação e adota uma postura gerencial em seus agronegócios. 
Acreditamos que o sucesso do produtor rural estará cada vez mais ligado à 
compreensão da complexidade do agronegócio, envolvendo os conceitos de gestão, 
marketing, produção e muitos outros, ou seja, a competitividade da atividade 
agropecuária dependerá da melhor qualificação do homem do campo, sendo que o 
melhor entendimento do antes e do após à porteira será crucial para a colheita de 
bons resultados econômicos da sua atividade rural. 
Para a iniciar o conhecimento deste novo mundo, o agronegócio, o produtor 
terá que ter contato com os seus números e desempenho, além do potencial de 
crescimento futuro deste setor. Podemos acessar os dados agropecuários no sitio 
www.ibge.gov.br. Podemos complementar nossa pesquisa no sitio da confederação 
nacional da Agricultura no sitio www.cna.org.br. 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
3
 
1.1. Alguns números do agronegócio brasileiro: 
O agronegócio representa aproximadamente 39% de todas as riquezas 
produzidas no Brasil, além desta participação significativa, o setor é o responsável 
pelas boas notícias econômicas em nosso país. Muito economistas afirmam que 
este é o único setor em que o Brasil pode ser tornar-se um grande player mundial, 
ou seja, é o setor que possui maior capacidade de geração divisas em moeda forte 
(dólar). As informações do mercado interno e das exportações de carne bovina 
acesse o sitio a Associação das indústrias exportadoras de carne no endereço 
www.abiec.com.br. 
Quando olhamos os números do agronegócio, constatamos a grandiosidade 
deste segmento da economia brasileira. A safra brasileira de grãos nos últimos 20 
anos mais que dobrou. A carne bovina brasileira representa 20% da exportação 
mundial, além disso, o agronegócio representa em torno de 40 % das exportações 
do Brasil. Para termos dados condensados do agronegócio brasileiro acesse o sitio 
da Associação Brasileira de Agribusiness no endereço www.abag.com.br. 
O PIB do agronegócio em 2003 foi de aproximadamente 450 bilhões de reais, 
representando duas vezes o PIB do Chile e, enquanto a economia encolheu 0,2%, 
este segmento cresceu 5%. Se todo os setores da economia brasileira tivessem o 
mesmo desempenho, o Brasil ostentaria uma performance de tigre asiático. 
Os benefícios do setor agropecuário transbordam para a indústria, podendo 
ser evidenciado no aumento da vendas de máquinas e implementos. Por exemplo, 
as vendas de tratores dobraram e a de colheitadeiras triplicou em cinco anos. 
O Brasil a algum tempo é líder mundial na exportação de sucos de laranja, 
açúcar, café e tabaco, e recentemente, assumiu a liderança em soja, frango e carne 
bovina. 
O prêmio Nobel da Paz de 1970, Norman Borlanug, pelo desenvolvimento de 
técnicas que aumentaram a produção de alimentos, afirmou em entrevista à Veja: 
Edição especial sobre o agronegócio, que o Brasil tem tudo para ocupar o lugar que 
os EUA ocuparam no Século XX como produtor agrícola. 
Apesar desse cenário promissor, o agronegócio enfrenta problemas e 
limitações que em algum momento terão que serem resolvidos. Os gargalos do setor 
são principalmente três: desrespeito a propriedade rural privada, as deficiências 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
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4
 
estruturais que afetam o escoamento das safras e as deficiências em recursos 
humanos especializados. 
 
Os Gargalos do Agronegócio: 
Aqui definimos gargalos como fatores que dificultam o crescimento e a 
competitividade do agronegócio brasileiro. Os gargalos do agronegócio são 
basicamente três: 
-O desrespeito a propriedade rural privada; e 
-As deficiências estruturais que afetam o escoamento das safras; e 
-As deficiências em recursos humanos especializados. 
O primeiro gargalo, o desrespeito propriedade rural privada, podemos tomar 
como exemplo as invasões de terra do MST – Movimento dos sem terra, que 
recentemente deixou de invadir apenas terras improdutivas. Atualmente, o foco 
principal são as fazendas de papel e celulose, destas invasões, a mais noticiada, foi 
a da fazenda da Veracel, no sul da Bahia. Esta fazenda fornece matéria prima para 
a maior fábrica de papel e celulose do mundo, um investimento de 1,3 bilhão de 
dólares, representando o maior investimento privado do governo Lula. 
O argumento usado pelo MST é de que o povo não come eucalipto. 
Entretanto eles ignoram os empregos gerados pela nova fábrica. O setor de papel e 
celulose participa em 4% do PIB do Brasil, gerando em torno de 150.000 empregos, 
o que ajuda a alimentar600.000 pessoas, se considerarmos 4 pessoas por família. 
As posições, ideologias e demais características sobre o MST pode ser obtida em 
seu sitio na web no endereço www.mst.org.br. 
Na academia estuda-se os direitos de propriedade, os custos de transação, 
os contratos que regulam as trocas entre os agentes, as instituições e as regras do 
jogo. Estes temas são abordados no estudo do agronegócio através da NEI Nova 
Economia Institucional, e uma de suas vertentes, denominada ECT – Economia dos 
Custos de Transação; que serão estudados nesta disciplina introdutória ao 
agronegócio. Uma excelente discussão sobre o tema está no endereço 
www.fearp.usp.br/egna. 
O segundo gargalo, são as deficiências estruturais que afetam o escoamento 
da produção agrícola brasileira. A Sociedade Rural Brasileira estima que o nosso 
 
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recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
5
 
País só consegue exportar até 130 milhões de toneladas de grãos, qualquer número 
acima deste sobrecarregará a estrutura, ou seja, a capacidade instada entraria em 
colapso. Maiores informações acerca das opiniões da Sociedade Rural Brasileira 
acesse o sitio www.srb.org.br. 
O mais recente problema de infra-estrutura ocorreu no porto de Paranaguá, 
no Paraná, onde é exportado o maioria do grão da safra brasileira. Diariamente, o 
congestionamento de caminhões atingia 100 quilômetros de extensão, situação 
agravada por greves de fiscais e por uma crise administrativa no porto. Chegou-se a 
esperar em torno de 30 dias para descarregar a soja a ser exportada. 
Além de todas estas deficiências estruturais, a logística brasileira é 
concentrada no transporte rodoviário, encarecendo os fretes e diminuindo a 
competitividade da produção brasileira. 
No Jornal Nacional do dia 05/06/2004, foi noticiado a criação de um pedágio 
pela prefeitura de Goiatuba, município do interior do Estado de Goiás, visando coibir 
a entrada de caminhões pesados, que utilizam as ruas da cidade como desvio 
alternativo aos buracos da rodovia local. O preço cobrado é de R$ 5 por eixo, e o 
mais surpreendente, é que alguns entrevistados pagam o pedágio para evitar os 
buracos que danificam seu caminhão. Este é mais um exemplo da falta de estrutura 
que aumenta os custos logísticos do agronegócio brasileiro. 
O problema não se concentra apenas no transporte, mas também na 
armazenagem da produção agrícola. Estima-se que apenas 5% da safra são 
armazenadas junto das lavouras. Na Argentina este número é de 25% e nos EUA 
chega a 65%. O potencial de crescimento deste mercado fez a empresas gaúcha 
Kepler Weber investir em uma fábrica de 100 milhões de reais em Campo Grande, 
capital do Mato Grosso do Sul. Os dados sobre os armazéns encontram-se no sitio 
da CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento, no endereço 
www.conab.gov.br. 
A competitividade acaba gerando a sustentabilidade do setor, ou seja, a 
competitividade trás condições de lucratividade e perenidade ao um setor ou 
empresa. 
Acreditamos que a sustentabilidade do agronegócio brasileiro, além de 
depender da resolução do dois gargalos citados, está intimamente relacionado com 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
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formação de recursos humanos especializados, tanto no campo da gestão como na 
pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. 
O terceiro gargalo do agronegócio brasileiro, as deficiências em recursos 
humanos especializados, está diretamente relacionado com este curso que os 
senhores estão fazendo. As empresas dos mais variados setores encontram muitas 
dificuldades na contratação de mão de obra qualificada e, no setor agropecuário a 
situação é pior que na indústria e nos serviços. 
A carência de pessoas qualificadas torna cada vez mais o calcanhar de 
Aquiles do setor, pois o mesmo está usando máquinas com tecnologia de ponta que 
exigem maior competência do seu operador. 
O setor rural que sempre buscou mão de obra barata para reduzir seus 
custos, terá que utilizar profissionais mais qualificados e pouco disponíveis no 
mercado de trabalho, aumentando seus custos com salários e benefícios 
pecuniários. Dentro desse novo contexto, o produtor rural terá que entender que os 
custos terão que ser cortados em outras áreas de seu empreendimento. 
Entretanto, a formação de mão de obra especializada é um projeto para 
médio e longo prazo, necessitando de mudança cultural no sentido de valorizar e 
compreender a importância da capacitação profissional para o setor agropecuário. 
Para compreendermos o agronegócio, suas origens, seus conceitos e 
ferramentas gerenciais, iremos a partir de agora iniciar a apresentação do arcabouço 
teórico que sustenta a sua compreensão. Vale ressaltar que a presente disciplina é 
formada por um conjunto de teorias fragmentadas que quando agrupadas permitem 
uma melhor compreensão do que é o Agronegócio. 
 
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UNIDADE 2 - INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO 
 
2.1 – Agronegócio - uma visão Sistêmica da Agropecuária 
Em palestra proferida recentemente na UFMS – Universidade Federal do 
Mato Grosso do Sul, o Dr. Xico Graziano, discutiu os desafios do agronegócio. Neste 
evento, ele colocou de maneira simples o conceito de agronegócio, ou seja, definiu-o 
como negócio articulado através de cadeias rurais. Esta articulação é amplamente 
estudada pelas cadeias produtivas da carne, da soja e tantas outras; além disso, a 
Economia dos Custos de Transação, trata deste assunto como estruturas de 
governança, coordenação e cooperação, termos este estudados adiante nesta 
disciplina. 
A visão sistêmica da agricultura liga esta disciplina a teoria de Sistemas, 
criada pela biologia, e estudada na Teoria Geral da Administração. Portanto, a 
compreensão destas outra áreas facilita o entendimento do agronegócio. Para 
ilustrar tal visão, utilizaremos o exemplo do palestrante, Dr. Xico Graziano, quando 
colocou que, enquanto o PIB rural brasileiro é de aproximadamente 9 %, o PIB 
nacional e o PIB do agronegócio está em torno de 39%. 
Porque estes números com diferenças significativas entre o rural e o 
agronegócio? 
Para tentar explicar, utilizaremos a cadeia produtiva da carne bovina e, 
considerá-la com três elos: a fazenda, o frigorífico e a churrascaria. O setor rural é 
somente a fazenda de pecuária, ou seja, é o dentro da porteira. O agronegócio 
compreende este setor mais o frigorífico que industrializa, e a churrascaria serve 
carne a seus clientes. A visão sistêmica é demonstrada na figura 1. 
 
Figura 1: As parte integrantes do agronegócio da carne bovina: 
 
 
 
Fonte: desenvolvido pelo autor a partir da palestra do Dr. Xico Graziano. 
Dentro desta visão sistêmica que tem o agronegócio, ao analisarmos a cadeia 
produtiva da carne, podemos constatar que o garçom da churrascaria está inserido 
AGRONEGÓCIO = BOI + FRIGRÍFICO + CHURRASCARIA 
AGRONEGÓCIO = RURAL + INSDÚSTRIA + SERVIÇOS 
 
Todos os direitos reservados ao Grupo Prominas de acordo com a convenção internacionalde 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
8
 
no setor. Para obter informações sobre as diversas cadeias produtivas de alguns 
estados do Brasil, consulte os sitios indicados abaixo: 
 
www.ibge.gov.br 
www.seplan.to.gov.br 
www.sefaz.ms.gov/cadeias 
www.ipardes.pr.gov.br 
www.iea.sp.gov.br 
 
Pode-se perguntar então: não é muito amplo este conceito? Particularmente 
acredito que este termo não é amplo, apenas demonstra o quanto a visão sistêmica 
é importante para a satisfação do consumidor e, na medida em que os elos da 
cadeia produtiva são organizados, obtendo uma coordenação entre si, tendo por 
objetivo principal satisfazer as necessidades do mercado consumidor. 
A coordenação tem que acontecer em todos os elos da cadeia, por exemplo, 
o produtor rural seleciona durante anos um animal precoce e com uma carne mais 
macia, entretanto, se na armazenagem da carne acontecer erros no processo, tal 
qualidade poderá ser perdida, trazendo problemas à saúde do consumidor, que a 
literatura denomina de – segurança alimentar. 
Todos podem se perguntar o porque deste exemplo? Para demonstrar que o 
agronegócio não é apenas uma parte pequena da produção rural, e sim todo o 
encadeamento que envolve desde os produtores de insumos, produtor rural, 
industria, transportadores e varejistas, até a chegada ao consumidor final. A carne 
bovina mesmo, se não for armazenada e transportada de maneira correta, vai se 
decompor rapidamente e acabar perdendo sua qualidade rapidamente. Para aqueles 
que desejarem saber o consumo nacional médio da carne bovina, este índice está 
disponível no sitio www.abiec.com.br. 
Para complementar esta visão global da agricultura trazida pelo termo 
agronegócio, falaremos sobre sua origem e alguns estudiosos que deram origem ao 
seu termo atual. 
 
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2.2 – A origem da atividade e do termo agronegócio 
O agronegócio não é uma atividade nova. Em 1957, os pesquisadores da 
Universidade de Harvard, John Davis e Ray Goldberg, definiram agribusiness como 
sendo a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, 
das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, 
processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir 
deles (apud BATALHA e LAGO DA SILVA, 2001, p. 27) 
Pela definição dos pesquisadores, entende-se o agronegócio como sendo o 
conjunto de operações, produtos e serviços produzidos no meio rural, indo desde o 
produtor de insumos para a plantação e criação até a distribuição dos produtos 
acabados para o consumidor final desses produtos ou serviços. 
Davis e Goldberg constataram, nos anos 1950, a nítida relação entre as 
atividades rurais e as demais atividades ligadas a elas. Usando conceitos da teoria 
econômica sobre cadeias integradas, eles construíram uma metodologia para o 
estudo da cadeia agroalimentar e batizaram sua nova visão com o termo 
Agribusiness. 
Desde então, a produção rural passou a ser encarada como elemento de um 
processo que contempla atividades antes da porteira (produção de insumos como 
adubos, rações e sementes), dentro da porteira (produção de animais e lavouras, 
extração vegetal, entre outros) e depois da porteira (processamento agroindustrial, 
consumo final dos produtos, entre outros). 
No mesmo período, na França, os economistas industriais faziam um estudo 
complementar ao diagnosticado por Davis e Goldberg. Deste estudo originou-se o 
conceito de analyse de filières, que nas palavras de Morvan (1985) é uma sequência 
de operações que conduzem à produção de bens. Sua articulação é amplamente 
influenciada pela fronteira de possibilidades ditadas pela tecnologia e é definida 
pelas estratégias dos agentes que buscam a maximização dos seus lucros. 
Pela definição, percebe-se que Morvan complementa o que Davis e Goldberg 
concluíram, mostrando que no agronegócio existe um encadeamento dos processos, 
sendo estes os responsáveis pela grande eficiência desse modelo de negócio no 
setor agrícola. Conforme essas definições, o agronegócio deixou de ser apenas um 
 
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simples negócio que é feito no meio rural entre produtor e comprador e para ser visto 
como uma cadeia de produção de bens, produtos e serviços. 
A complexidade de segmentos do mercado traz necessidades para uma 
grande diversidade de produtos. É o caso das Cooperativas Agrícolas que possuem 
atuação em diversos segmentos como produção agrícola, armazenagem, 
beneficiamento e industrialização de alimentos e bebidas. Quando focalizado em um 
determinado produto e compreendendo uma determinada localização geográfica 
receberá a denominação, segundo Zylbersztajn (2000), de Sistema Agroalimentar 
ou, segundo Batalha e Lago da Silva (2001), de Cadeia Agroindustrial. 
Pode-se, então, definir o agronegócio como um sistema integrado: uma 
cadeia de negócios, pesquisa, estudos, ciência, tecnologia, etc., desde a origem 
vegetal/animal até produtos finais com valor agregado, no setor de alimentos, fibras, 
energia, têxtil, bebidas, couro e outros, englobando também as atividades de 
prestação de serviços no meio rural. 
No Brasil, o Ministério da Agricultura, através de seu sitio1, informa que o 
agronegócio, no ano de 2003, foi responsável por 33% do Produto Interno Bruto 
(PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros. Estima-se que o 
PIB do setor chegue a US$ 180,2 bilhões em 2004, contra US$ 165,5 bilhões 
alcançados em 2003. 
Entre 1998 e 2003, a taxa de crescimento do PIB agropecuário foi de 4,67% 
ao ano. No ano de 2004, as vendas externas de produtos agropecuários renderam 
ao Brasil US$ 36 bilhões, com superávit de US$ 25,8 bilhões, segundo os dados do 
ministério. 
Com esses números expressivos e estrutura montada para esses negócios, 
Stefanelo (2002) acredita que o agronegócio no Brasil está em evolução, quando diz 
que consolida-se a visão do desenvolvimento sustentável da produção de alimentos, 
fibras, energia e de produtos da flora e fauna, e da multifuncionalidade do setor 
primário, mediante a agregação das atividades de lazer, turismo rural e preservação 
ambiental. 
Para Bialoskorski Neto (1994) o termo agribusiness expressa os negócios de 
setor agropecuário, sendo que estes negócios entendem-se como toda uma teia de 
 
1 www.agricultura.gov.br. 
 
 
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11
 
relacionamentos econômicos e contratuais entre os atores, desde a produção de 
insumos, passando pela produção agrícola propriamente dita, pelo processamento 
desta produção, e pela distribuição, até este produto chegar as mãos do 
consumidor, onde este bem desaparece e produz satisfaçãoe utilidade. Os alunos 
que tiverem interesse em conhecer melhor os trabalhos do professor Doutor 
Sigismundo Bialoskorski poderão acessá-los no endereço 
www.fearp.usp.br/sig/publiccacaoN.html. 
Também é bom ressaltar que a definição de agronegócio exposta por 
Bialoskorski, termina citando a satisfação e a utilidade. A satisfação é um termo 
consagrado pelo marketing, onde fala-se em satisfação das necessidades dos 
consumidores, enquanto que o termo utilidade, é utilizado pela economia para 
mensurar o bem estar de um conjunto de consumidores, ou seja, do mercado, pois a 
economia estuda normalmente os agregados. 
Voltando ao agribusiness, conforme observado em Araújo (2003), o termo 
atravessou praticamente toda a década de 1980 sem tradução para o português. Ele 
foi adotado de forma generalizada, inclusive por alguns jornais, que mais tarde 
trocaram o nome dos cadernos agropecuários para agribusiness, que era o termo 
mais usado na época para definir os negócios do setor agrícola. 
De acordo com o mesmo, somente a partir da segunda metade da década de 
1990, o termo agronegócios começa a ser aceito e adotado nos livros-texto e nos 
jornais, culminando com a criação dos cursos superiores de agronegócios, em nível 
de graduação universitária. 
Em outra oportunidade, conforme Megido e Xavier (1998), John Davis e Ray 
Goldberg “constataram que as atividades rurais e aquelas ligadas a elas não 
poderiam viver isoladas”. Para eles, atividades como produção de insumos, 
plantação, colheita e comercialização não podem mais ser encaradas como fatos 
isolados. 
Pela noção de cadeias, apresentada anteriormente com Morvan (1985), essas 
atividades formam um conjunto de relações, que não se pode mais ser dissociado. 
Além de empresas e produtores, participam também nesse complexo, os agentes 
que afetam e coordenam o fluxo dos produtos, tais como o governo, os mercados, 
as entidades comerciais, financeiras e de serviços. 
 
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Reforça-se, então, que o agronegócio incorpora em seu conceito os agentes 
que imprimem uma dinâmica a cada elo da cadeia que sai do mercado de insumos e 
fatores de produção (antes da porteira), passa pela unidade agrícola produtiva 
(dentro da porteira) e vai até o processamento, marketing, transformação e 
distribuição (depois da porteira). 
Repetindo, o termo agronegócio engloba toda a atividade econômica 
envolvida com a produção, estocagem, transformação, distribuição e 
comercialização de alimentos, fibras industriais, biomassa, fertilizantes e defensivos, 
além de incorporar as atividades de prestação de serviços que ocorrem no meio 
rural. Importante frisar o foco na gestão, fator fundamental para o sucesso e 
desenvolvimento desse negócio. 
Nota-se que os produtores não se isolam do restante do mercado. A cada dia 
que passa, os setores à montante e à jusante do processo produtivo estão mais 
ligados ao processo em si, ficando difícil estabelecer um limite entre eles. 
Então, o meio rural, que antigamente era apenas para cultivos e considerado 
como uma atividade do setor primário, perde essa característica, deixando de ser 
apenas rural. Graziano da Silva (1999) chega a ser drástico quando analisa essa 
condição colocando que está cada vez mais difícil delimitar o que é rural e o que é 
urbano. Mas isso que aparentemente poderia ser um tema relevante, não o é: a 
diferença entre o rural e o urbano é cada vez menos importante. Pode-se dizer que o 
rural hoje só pode ser entendido como um contínuo do urbano do ponto de vista 
espacial; e do ponto de vista da organização da atividade econômica, as cidades 
não podem mais ser identificadas apenas com a atividade industrial, nem os campos 
com a agricultura e a pecuária. 
É interessante notar que, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística, entre os anos de 1940 a 1960 a maioria da população brasileira vivia no 
meio rural. Após a industrialização do país e a corrida pelo emprego nas cidades, 
aliado à mecanização da agricultura, teve uma queda da população rural, que hoje 
se encontra no nível mais baixo. 
Voltando à nossa problemática com a definição, acredita-se que a evolução 
para o termo agronegócio seja devido a queda de importância da agricultura nas 
 
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economias nacionais, processo este que ocorreu devido a características 
particulares do homem do campo e, que sofreram alterações ao longo do tempo. 
Inicialmente o produtor rural não era especializado, ou seja, na sua 
propriedade era produzido a maioria das suas necessidades básicas, necessitando 
adquirir poucos produtos fora de sua fazenda e comercializando o seu excedente. 
Este modo de produção diversificado alterou-se para a produção especializada em 
um ou poucos produtos que geravam ganhos de escala e de produtividade. 
Com o surgimento de modernas técnicas de plantio e novas máquinas 
acentuou-se estas mudanças, exigindo maior produtividade e conhecimento por 
parte do produtor rural. Estas alterações ainda estão em curso e, atualmente, os 
conhecimentos de gestão, comercialização e de marketing são essenciais para a 
competitividade do produtor rural nesta economia globalizada. 
Entretanto, para melhor compreender esta evolução da agricultura para 
agronegócios, recapitularemos parte desta história, a qual iremos denominar: as 
revoluções verdes. As revoluções verdes alteraram a realidade da agricultura e 
foram tão importantes que um dos responsáveis pela primeira revolução verde, o 
agrônomo Norman Bourlaug, citado no início deste material, foi agraciado com o 
Nobel da Paz em 1970. Atualmente, o estudo do agronegócio usa as teorias de dois 
prêmios Nobel de Economia o Professores Douglas North e Ronald Coase, ambos 
precursores da NEI – Nova Economia Institucional, que será abordado adiante nesta 
disciplina. 
 
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UNIDADE 3 - IMPACTO DAS REVOLUÇÕES 
TECNOLÓGICAS NA AGRICULTURA 
 
As alterações tecnológicas provocam mudanças nos setores em que elas 
acontecem, os modos de produção são alterados, produtos eliminados e novos e 
promissores negócios são criados. Quando o homem desenvolveu a máquina à 
vapor, permitiu multiplicar a força do trabalho, passando da tração animal para as 
máquinas à vapor e, posteriormente, a outras energias: nuclear, elétrica e 
termoelétrica. Com novas tecnologias produtos são substituídos, como ocorreu com 
as máquinas de escrever com o advento dos computadores pessoais e seus 
processadores de texto. Além disso, as alteração do padrão tecnológico faz surgir 
novos produtos e mercados, como exemplo podemos citar os telefones celulares e 
as empresas ponto com. 
Antes de abordar o que Pinazza e Alimandro (1999) chamam de primeira e 
segunda revolução verde, faremos um paralelo destas com a economia, buscando 
uma ligação desta disciplina com a economia. A primeira revolução verde está mais 
relacionada comos aumentos de produtividade via novas técnicas de produção, 
estando diretamente relacionada com a economia neoclássica, pois busca uma 
maior eficiência econômica da produção de alimentos. A economia neoclássica 
utiliza a teoria marginalista, ou seja, a leis dos rendimentos crescente e 
decrescentes. Para melhor compreender este enfoque, pegaremos exemplo da 
aplicação de calcário em uma área de soja. Os volumes recomendados para os tipos 
de solos são resultados de várias pesquisas, que encontram o volume adequado ao 
tipo de solo. Se o produtor utilizar mais calcário que o recomendado, estará tendo 
rendimentos decrescente, pois estará gastando mais e não tendo nenhum aumento 
de rendimento. 
Para melhor compreensão das rendimentos decrescente, é necessário que 
você se aprofunde um pouco mais no estudo da Microeconomia. Qualquer livro com 
esse tema ajudará você a entender melhor o assunto abordado. 
A segunda revolução verde esta relacionada com a biotecnologia que 
proporcionou uma novo ciclo de crescimento para os alimentos. Podemos relacionar 
tal período com a economia da inovação, desenvolvida por Joseph Schumpter, e o 
termos por ele criado: a destruição criadora. 
 
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3.1 – A primeira revolução verde 
Segundo Pinazza & Alimandro (1999) a década de 30 foi o período áureo da 
primeira revolução verde, seu principal expoente foi o agrônomo Norman Boularg, a 
ponto de ser agraciado com o Nobel da Paz de 1970. Neste período acreditava-se 
que a erradicação da fome poderia trazer a paz entre os povos, problemas estes, 
herdados das guerra e que não haviam sido superados. 
Entretanto, como citam Pinazza & Alimandro (1999), entre a teoria e a prática, 
esta primeira revolução verde acumulou dois grandes desencantos: tinha uma visão 
estreita do problema da alimentação, preocupando se excessivamente com a 
produção, esquecendo a distribuição e o acesso das pessoas a alimentação, pois 
um País com auto-suficiência alimentar não traz por consequência a situação em 
que todos seu cidadãos estejam livres da fome e subnutrição; o segundo 
desencanto está na falta de capacidade tecnológica e financeira dos países pouco 
desenvolvidos, justamente onde há a massa de famintos. 
Apesar dos prós e contra, os países apresentaram grandes aumentos de 
produtividade em suas culturas. Um setor que apresentou um excelente ganho de 
produtividade e destacado por Pinazza & Alimandro (1999) foi a avicultura de corte, 
pois o ciclo da produção diminuiu e o peso das aves aumentaram. No Brasil temos 
exemplos de sucesso na avicultura, através da parceria das empresas com os 
produtores rurais consorciados. Podemos citar como exemplo a Sadia, Perdigão e 
Avipal. 
Pinazza & Alimandro (1999), analisando a obras de Malthus, citam que, em 
sua primeira versão, era focada pela assimetria entre o crescimento demográfico e o 
crescimento da produção, ou seja, enquanto o primeiro crescia em progressão 
geométrica, o segundo, aumentava em vagarosa progressão aritmética. Portanto, a 
produção de alimentos não conseguiria atender a demanda causada pelo aumento 
da população. Os mesmos autores continuam abordando a obra de Malthus, que em 
uma segunda versão, abrandou o tema apocalíptico, passando a considerar uma 
gama mais ampla de fatores agrícolas e demográficos. Dente os críticos de Malthus, 
destacamos Wilian Godwind, afirmando que o erro da sua obra era ignorar a 
criatividade humana para produzir novos conhecimentos. 
 
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Este tema entre aumento populacional e produção sempre volta a tona no 
debate mundial, recentemente, a FAO, defendeu o uso de transgênicos, como saída 
para o aumento da produção de alimentos, contrapondo ambientalistas, que na sua 
maioria fazem parte da camada mais rica da sociedade. Para obter maiores 
informações da FAO, orgão da ONU que trata dos assuntos relacionados com a 
agricultura e a fome no mundo, acesse o seu sitio no endereço www.fao.org. 
 
3.2 – A Segunda revolução verde 
A segunda revolução verde acontecerá no primeiro decênio do século XXI 
através da biotecnologia, através da manipulação de genes, produzindo organismos 
geneticamente modificados, denominados – transgênicos. Pinazza & Alimandro 
(1999) faz o seguinte questionamento: Com esta manipulação genética estaremos 
gerando monstros incontroláveis – Franksteins – ou criando benefícios para a 
civilização? 
Os seus críticos defendem a agricultura orgânica e fazem pronunciamentos 
desaprovando a engenharia genética, mesmo assim, não podemos desconsiderar a 
parte mercadológica desta tecnologia. De acordo com Pinazza & Alimandro (1999), 
somente no caso das sementes transgênicas, a Merryl Linnch estima que o 
agronegócio estará próximo de US$ 20 bilhões no ano de 2010. Além disso, o 
potencial de crescimento é exponencial, em 1996 o mercado era de US$ 500 
milhões, podendo chegar em 2006 à US$ 6 bilhões. 
O mercado de produtos geneticamente modificados é imenso e de grande 
potencial de crescimento, sendo que as grandes corporações com negócios em 
sementes, químicas e em biotecnologia criaram grandes alianças, fusões e 
aquisições. Estas estratégias demonstram a vontade destas empresas em explorar 
as complementaridade deste negócio. Estas alianças entre megacorporações 
expõem o lado mais feroz da concorrência empresarial, onde somente os maiores e 
mais fortes sobrevivem. 
O debate entre o uso de transgênicos ou da agricultura orgânica é muito 
acalorado e não temos uma conclusão definitiva, entretanto, a escolha de um ou 
outro será crucial para a competitividade futura de um dado país. O que não se quer 
colcoar aqui é que os alimentos transgênicos são um combate, ou contra a 
 
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agricultura natural ou orgânica. São produtos diferentes, que podem conviver 
pacificamente no campo brasileiro. 
Para se der uma ideia da dicotomia entre estas duas visões acerca da 
produção de alimentos, recentemente a FAO defendeu o uso de transgênicos na 
alimentação humana. Entretanto, recentemente a União Europeia teve a adesão de 
alguns países do leste europeu, que possuem terra férteis, ampliando a capacidade 
de produção de alimentos do bloco. Para estes novos integrantes foi destinado uma 
enorme quantia de recursos financeiros para o fomento da agricultura orgânica. 
Com o exemplo acima, percebemos que há uma queda de braço entre os dois 
paradigmas de produção de alimentos. A nossa análise é que ocorrerá uma 
segmentação no mercado de alimentos, sendo que os alimentos orgânicos 
atenderão os mercados de alta renda dos países desenvolvidos, enquanto que os 
alimentos geneticamente modificados, serão destinados ao demais. Portanto, a 
competitividade futura do agronegócio brasileiro estará atrelada as suas escolhas 
estratégias de hoje. 
Para uma melhor compreensão dos mercados agropecuários abordaremos a 
divisão entre agricultura de mercadoe de baixa renda e toda a dualidade tecnológica 
e estrutural que há entre ambas. 
 
3.3 – A segmentação da agricultura 
Com o processo de evolução do rural ao agronegócio emerge o dualismo 
tecnológico, no qual há uma nítida polarização de extremos, onde encontramos 
realidades distintas. Em uma ponta temos a agricultura comercial, voltada para o 
mercado consumidor; na outra ponta fica a agricultura de baixa renda, voltada para a 
subsistência e com seus excedentes comercializados. 
Esta parte da disciplina está diretamente relacionada com a sociologia, sócio-
economia e com o processo de desenvolvimento econômico dos países. 
 
3.3.1 – Agricultura Comercial 
A agricultura de mercado é dinâmica, utilizando tecnologias de ponta, ganhos 
de escala e modernas técnicas de gestão. Este modelo de agricultura é o mais 
estudado pelas pesquisas em agronegócios, sendo que a agricultura camponesa e a 
 
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agricultura familiar, agora que começam a ganhar espaço nas pesquisas 
acadêmicas. Por este motivo, a agricultura de mercado será foco central desta 
disciplina. Os principais grupos acadêmicos que estudam o agronegócio no Brasil 
são o Pensa da USP e o Gepai da UFSCAR. Os respetivos endereços na internet 
são: www.fia.com.br/pensa e www.gepai.dep.ufscar.br. 
Pinazza & Alimandro (1999) citam que administração rural, devido as 
variáveis relacionadas ao ciclo biológico da produção, enfrenta dificuldades no 
processo administrativo, ou seja, no planejamento, na organização, direção e 
controle. Esta particularidade é considerada uma das características do agronegócio 
que Davis & Goldeberg atribuíram em sua obra: A Concept of Agribusiness. 
Na agricultura empresarial, ao contrário dos setores industriais e de serviços, 
uma determinada decisão não tem efeito imediato, devido a particularidade 
relacionada ao ciclo biológico da produção. Tal assunto será abordado com maior 
profundidade no decorrer desta disciplina. A diferença no timming da produção 
agropecuária e a industrialização e comercialização dos mesmos, geram problemas 
de coordenação das cadeias produtivas, tema estudado pela literatura sobre 
agronegócios. 
Esta problemática é demonstrada nos dizeres de Pinazza & Alimandro (1999), 
sujeita a fatores incontroláveis (clima, pragas, doenças, preços, produção, etc), a 
agricultura sempre estará vulnerável à instabilidade de mercado. Mas há remédios e 
saídas para enfrentar esta problemática. A aplicação competente de uma visão 
sistêmica ao processo de geração de alimentos e fibras oferece subsídios valiosos 
para o gerenciamento da atividade agrícola. Para tal o estudo do agronegócio é o 
arcabouço teórico, se é que podemos considerá-lo um arcabouço teórico firmado. 
Outro dilema para a agricultura de mercado é o da distribuição dos ganhos 
econômicos ao longo da cadeia produtiva. Segundo Pinazza & Alimandro (1999) os 
ganhos econômicos proporcionados pela tecnologia na produção primária, em 
termos de mais produtividade e menor custo, são transferidos para outros 
segmentos da cadeia produtiva ao longo do tempo. A visão sistêmica do 
agronegócio ajuda à compreensão deste problema. 
Após estas colocações poderíamos nos perguntar: Porque empregar 
melhores tecnologias em busca de ganhos de produtividade se os ganhos serão 
 
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repassados aos elos mais fortes da cadeia produtiva? Pinazza & Alimandro (1999) 
respondem tal questão com propriedade, quando afirmam que as fazendas que 
saem à frente no emprego de modernas tecnologias têm oportunidades de 
apropriações temporárias de lucros. Esta possibilidade se estreita à medida que os 
preços se acomodem para baixo de modo a refletir o novo padrão tecnológico 
disseminado. 
Esta pressão exercida pelo mercado faz uma verdadeira seleção darwiniana 
na agropecuária, onde os mais aptos permanecem e, os menos qualificados 
amargam baixo resultado econômico. Esta pressão aliada a novas tecnologias 
tornam o setor mais complexo, exigindo novos conhecimento dos administradores 
rurais. 
Após o conhecimento dos fatores que caracterizam a agricultura comercial, 
faz-se necessário analisar a agricultura da baixa renda. Podemos, tirar algumas 
conclusões preliminares, sendo que a principal delas, é o desafio que esta 
agricultura enfrentará, pois o mercado é implacável nas suas exigências. 
No próximo tópico será abordado o outro segmento da agricultura para 
completar a compreensão do agronegócio, mas ressalvando que a mesma não é 
foco desta disciplina e abordaremos a mesma para complementar o seu 
conhecimento. 
 
3.1.2 – Agricultura camponesa e agricultura familiar 
Segundo Pinazza & Alimandro (1999) a agricultura de baixa renda é um 
núcleo estagnado, que utiliza tecnologia tradicional e produz à base de unidades 
familiares independentes ou, às vezes, articuladas com a propriedade latifundiária. 
Esta modalidade emprega as técnicas que passam de pai para filho, deixando de 
lado as novas tecnologias devido a dois fatores: Culturais - que tem resistência a 
mudança – e Financeiros – devido falta de captais para aquisição de tecnologias. 
Pinazza & Alimandro (1999) citam o professor Theodore Schultz que em sua 
obra clássica sobre desenvolvimento rural, denominada A transformação da 
Agricultura tradicional, afirma que o agricultor tradicional é eficiente na alocação de 
recursos, mas não acessa as informações sobre a produção e o mercado, criando 
um viés na tomada de decisão. Dessa forma, a tomada de decisão do deste 
 
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agricultor dá ênfase nos aspectos ligados ao dentro da porteira, negligenciando o 
pós porteira. 
Para Pinazza & Alimandro (1999) o equacionamento do problema da 
agricultura de baixa renda para pela articulação de estratégias de fortalecimento e 
desenvolvimento de toda a cadeia produtiva do agronegócio. Um dos grupos de 
pesquisa que estuda a questão da agricultura de baixa renda e o em torno das 
cidade é denominada RURBANO. Para aumentar seu conhecimento acerca deste 
grupo de pesquisa do departamento de economia da UNICAMP, acesse o endereço 
www.eco.unicamp.br/nea/rurbano. 
Os estudos sobre a produção rural familiar mostram que a grande maioria 
dos países tem nesse segmento social, seja em menor ou maior importância, um 
sustentáculo do seu dinamismo econômico. No Brasil, esse contexto não é diferente. 
A discussão sobre tal tema tem ganhando grande importância nos últimos anos, 
mais precisamente a partir do final da década de 1980, impulsionada pelo debate 
sobre segurança alimentar, geração de emprego e renda, desenvolvimento 
sustentável e desenvolvimento local. 
Na perspectiva de fazer uma breve exposição da discussão teórica e 
conceitual em relação à produção rural familiar, nos cabe enfatizar, que, os trabalhos 
acerca do mesmo assunto são vastos na literatura acadêmica de uma maneira geral, 
existe vários estudos sobre esse segmentoe por esse motivo, vamos apenas 
destacar algumas considerações. 
Em um primeiro instante, cabe aqui destacar que a problemática da temática 
em questão, se inicia com conceito ou a terminologia a respeito desse segmento. De 
acordo com Fernandes (2001), o conceito de agricultura familiar, exploração familiar, 
pequena produção, produção camponesa, agricultura de subsistência ou produção 
rural familiar, são utilizados em vários trabalhos acadêmicos, especialmente na área 
de Geografia Rural, sem uma reflexão teórica mais precisa, apresentando várias 
divergências quanto à definição dos critérios que delimitam esse universo. 
Existem diversas variáveis em relação à classificação dos termos em questão. 
Alguns autores consideram o grau de mecanização, nível técnico, capacidade 
financeira, e até mesmo a relação estabelecida entre o tamanho da propriedade, 
produtividade e rendimento, para classificar os produtores em agricultores familiares, 
 
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camponeses, pequenos produtores e outros. Essa divergência, ocorre 
principalmente por se tratar de um tema que aparentemente apresenta uma certa 
uniformidade, e por apresentar uma enorme capacidade de adaptação a diversas 
situações. 
Alguns autores como Veiga (1991), Abramovay (1992, 1999) e Lamarche 
(1997), enfatizam o fortalecimento da produção agrícola assegurado pela produção 
familiar, caracterizado pela participação direta da família na organização e execução 
das atividades rurais. Em alguns locais a exploração familiar é à base do 
desenvolvimento agrícola, reconhecida como a única forma social de produção, 
capaz de satisfazer as necessidades essenciais da sociedade como um todo; em 
outros, permanece arcaica e arraigada na economia de subsistência, desacreditada 
e a custo tolerada, quando não chegou a ser totalmente eliminada (LAMARCHE, 
1997). 
A exploração familiar, corresponde a uma unidade de produção agrícola, onde 
propriedade e trabalho estão intimamente ligados à família, em um processo que cria 
uma interligação entre propriedade, trabalho e família (Lamarche, 1997). Nesse 
caso, o autor aborda a exploração agrícola com força de trabalho familiar. 
Abramovay (1992), desmistifica com o mito dominante na América Latina, em 
particular no Brasil, de que esse segmento social, bem como sua forma de 
reprodução, sejam sinônimos de atraso e miséria social. O autor, mostra a 
importância dessas unidades familiares para a modernização do campo e 
distribuição de renda nos Estados Unidos e Europa. Um dos objetivos da obra do 
autor, é mostrar que os paradigmas a respeito do desenvolvimento da agricultura 
capitalista, não supõem necessariamente, unidades produtivas baseadas no uso em 
larga escala de mão-de-obra assalariada. 
A "empresa familiar" não é sinônimo de "pequena produção" ou de 
"agricultura camponesa" (Abramovay, 1992). Isto porque as existências do 
“campesinato” pressupõem um conjunto de vínculos sociais dados pela tradição, 
pela comunidade, pelas relações personalizadas de dependência e igualdade, e a 
integração incompleta e parcial no mercado: "onde o capitalismo se implanta, onde 
o mercado começa a dominar a vida social, onde a racionalidade econômica toma 
conta do comportamento dos indivíduos, os laços comunitários acabam por perder 
 
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seu poder agregador e os camponeses vêem desvanecer as bases objetivas de sua 
própria reprodução social". 
Tanto em nações economicamente desenvolvidas (França), de colonização 
recente (EUA e Canadá), quanto em outras com antigas tradições camponesas, 
funciona um setor baseado em milhões de unidades agrícolas produtivas 
orquestradas pelo planejamento, comando e controle do Estado e das organizações 
profissionais. 
Na França, por exemplo, o governo subsidia pequenos, médios e grandes 
agricultores. Lá ocorreu um processo de especialização, em que os grandes 
produzem grãos, os médios trabalham com pecuária de corte e os pequenos atuam 
na pecuária leiteira, que exige mais mão-de-obra. Sem subsídios as atividades 
agropecuárias desapareceriam em muitas regiões. Uma justificativa usada pelos 
agricultores franceses é que, além da produção de alimentos, eles são responsáveis 
pela gestão da paisagem, portanto o subsídio também seria para o embelezamento 
cênico que alimenta a mais rentável indústria europeia: a do turismo. No entanto, "é 
preciso ter claro que seria possível manter essas atividades de gestão da paisagem 
sem subsidiar a produção de produtos concorrentes com aqueles provenientes de 
países em desenvolvimento". Há, neste caso, uma questão de lobbies que deveria 
ser enfrentada para que o comércio entre países ricos e pobres se realize em bases 
justas (ROMEIRO, 2003). 
No Brasil, a grande propriedade sempre se impôs como modelo socialmente 
reconhecido. A dinâmica do mercado internacional e os produtos em alta na balança 
comercial, sempre ocuparam um lugar de destaque ao longo das políticas agrárias, 
que de certa forma estimulou sua reprodução social. Para Wanderley (1999, p. 37), a 
agricultura familiar sempre ocupou um lugar secundário e subalterno na sociedade. 
A produção rural familiar foi profundamente marcada pelas origens coloniais 
da economia e da sociedade brasileira ao longo dos anos, através das monoculturas 
de exportação das grandes propriedades, dos ciclos econômicos e da modernização 
do campo, que se fez de maneira parcial e incompleta, o que de certa maneira 
promoveu a marginalização e a exclusão do agricultor, como afirma Graziano da 
Silva (1999). 
 
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Ao analisar a problemática agrária durante a década de 1980 e os primeiros 
anos de 1990, Gonçales e Cleps Júnior (2004), destacam a modernização da região 
da região Centro-Sul, o fechamento da fronteira agrícola, a crescente presença do 
capital monopolista no campo, a industrialização da agricultura e a integração dos 
capitais agrícola, comercial e financeiro como pontos marcantes da evolução dessa 
problemática. 
O tema da questão agrária fugiu dos debates de opinião pública neste 
período, sobretudo em função da derrota política da reforma agrária, no final do 
Governo Sarney e durante o Governo Collor. Desde 1995, a questão agrária volta a 
ganhar ênfase, dado o aceno do governo federal em buscar alternativas políticas 
que atenuem a realidade socioeconômica da agricultura brasileira (GONÇALES; 
CLEPS JÚNIOR, 2004). 
Nesse sentido é a partir da década de 1990, que os trabalhos e pesquisas 
desenvolvidas em relação à produção rural familiar, tomam novo fôlego a partir da 
necessidade de refletir e repensar o espaço rural, suas alternativas de 
desenvolvimento econômico e social, através do fortalecimento do movimento dos 
trabalhadores rurais lutando pelo direito de reconquistar a terra, persistindo nas 
potencialidades desse segmento. 
Tal reconhecimento esteve estruturado, em termos gerais, na atribuiçãoà 
pequena produção, da responsabilidade pela oferta de mão-de-obra, matérias-
primas e gêneros alimentícios a preços baixos nos mercados consumidores, 
garantindo dessa forma, o rebaixamento dos custos e consequentemente, a 
acumulação de capitais no setor urbano-industrial. Além dessa atribuição, caberia à 
pequena produção recriada nas áreas de fronteira agrícola, possibilitar a diminuição 
dos conflitos sociais pela terra, seja em regiões marcadas historicamente pela 
grande concentração fundiária, como o Nordeste brasileiro, seja em decorrência da 
intensa expropriação a que fo submetido os pequenos produtores no Sul do país, em 
virtude do processo de modernização agrícola (HESPANHOL, 2000). 
Ao analisar a questão a autora, destaca a conjunção de vários fatores, “que 
em última análise, propiciaram o ambiente favorável ao reconhecimento da 
importância econômica e social dessas unidades produtivas”, destacando que é a 
 
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partir desse período, “a produção familiar passa genericamente a ser denominada de 
agricultura familiar.” 
A discussão da importância da produção rural familiar no desenvolvimento do 
país não ocorreu apenas no âmbito acadêmico, mas sobretudo, na esfera 
governamental, com a implementação de políticas visando o fortalecimento desse 
segmento, como o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), o 
Programa de Geração de Emprego e Renda Rural (PROGER), entre outros 
(HESPANHOL, 2000). 
No entanto, é preciso admitir diversas situações particulares, vinculadas a 
histórias e a contextos sociais, econômicos, políticos e principalmente regionais 
diferentes a respeito de tal tema. Como o próprio Lamarche (1997) afirma, “a 
agricultura familiar não é um elemento da diversidade, mas contém, nela mesma, 
toda a diversidade”. 
Dessa maneira é possível destacar um diferencial social entre os produtores, 
como os modernizados e não modernizados, excluindo do processo um grande 
número de atores sociais, destacando entre eles os que compõem a produção rural 
familiar. 
Nessa mesma linha de pensamento Graziano da Silva e Kageyama (1989), 
destacam o contraditório desenvolvimento capitalista na economia brasileira, que é 
marcado por profundas disparidades regionais e crescentes desigualdades sociais 
principalmente em relação à distribuição de renda. E nesse sentido, a agricultura tem 
contribuído para agravar esses contrastes, promovendo a concentração fundiária e o 
uso especulativo da terra. 
A modernização conservadora, que ocorreu no Brasil a partir da década de 
1960, caracteriza-se pela modernização da base técnica da produção agrícola, na 
qual estimulava a elevação do consumo intermediário (insumos agrícolas) no setor, 
através da importação com o apoio do Estado, resultando de certa forma na 
integração agricultura/indústria, proporcionando dessa maneira o desenvolvimento 
dos Complexos Agroindustriais (CAIs). 
Essa modernização apresentou caráter parcial e discriminador, pois não 
atingiu todas as fases dos ciclos produtivos nem todas as regiões brasileiras em 
função da diversidade regional. Nesse sentido é possível perceber, que o processo 
 
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de modernização agrícola que país passou e vem passando apresenta vários níveis 
quando se compara perfil do produtor, acesso ao crédito, tipo de atividades 
agrícolas, produtividade e uso de insumos. 
Esse modelo de modernização agrícola, excludente e parcial, só faz acentuar 
as diferenças sociais no campo, provocando de certa forma o êxodo rural do 
produtor familiar, que sem perspectivas de desenvolvimento econômico e social 
tende a largar a terra para migrar para a cidade, ou então se transformar em 
trabalhador rural assalariado. 
Oliveira (2002), destaca que umas das características fundamentais da 
estrutura agrária brasileira é a expansão das relações não-capitalistas de produção, 
principalmente a camponesa (...) o avanço da industrialização e o crescimento 
urbano abriram possibilidades históricas para o estabelecimento do trabalho 
assalariado, capitalista, no campo, oferecendo também as possibilidades concretas 
para a criação e recriação do trabalho familiar camponês. 
 Para Mendes (2005) a inserção da agricultura familiar nas relações sociais 
capitalistas, suas reorganizações, rupturas e reprodução, a associação entre a 
família, terra e trabalho evidenciam a heterogeneidade dos processos que permitem 
sua inserção na sociedade contemporânea e, ainda, as divergências 
socioeconômicas que compõem esse segmento de produtores. Essas unidades 
produtivas apresentam as seguintes características: pequenas propriedades ou 
extensões de terra; prática da policultura sob condições técnicas precárias, o 
trabalho realizado pela própria família e a manifestação de valores e tradições 
culturais dentre outros. 
De acordo com a autora, os debates promovidos no final da década de 1980, 
procuram compreender e explicar os motivos da gradativa redução da população 
rural, principalmente, dos pequenos produtores, assim como a natureza 
sociocultural, as estratégias de desenvolvimento e suas características 
determinantes. Assim, o novo enfoque das discussões, encontra-se na diversidade e 
na complexidade que as formas familiares de produção na agricultura assumiram 
nas sociedades contemporâneas (MENDES, 2005). 
Nesse conjunto de transformações que vem ocorrendo no meio rural, é que 
intensificam a efervescência dos debates e a reorientação acadêmica, a partir da 
 
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segunda metade da década de 1990, sobre as “novas ruralidades” (SCHNEIDER, 
2003). 
Na base dessas “novas ruralidades”, estariam preocupações com o meio 
ambiente, o papel da agricultura no desenvolvimento, a dinâmica territorial, as 
soluções para as crises sociais de emprego e até mesmo o papel de cidadão desse 
ator social que é produtor rural. 
Diante de tantas dificuldades e da crescente necessidade de inserção da 
produção rural familiar ao mercado de trabalho, a articulação entre atividades rurais 
e as chamadas atividades não agrícolas nesse meio tem crescido 
consideravelmente em algumas regiões do país, como enfatiza Del Grossi (2001), 
Campanhola (2001), Graziano Da Silva (1999, 2001, 2002) e Schneider (2003), 
como forma de reprodução e alternativa de aumento da renda da propriedade 
proporcionando dessa maneira o desenvolvimento econômico e social no meio rural. 
Seguindo essa linha de pensamento, como forma de garantir o sustento da 
família, Graziano da Silva (1999), afirma que essa situação, (combinação de 
atividades agrícolas e não-agrícolas dentro da mesma propriedade, sendo chamada 
de pluriatividade), 0embora sendo um segmento econômico mais recente no meio 
rural brasileiro, não é considerada uma novidade na formação socioeconômica das 
sociedades agrárias. 
Essa questão da pluriatividade pode ser caracterizada, como consequência 
da industrializaçãosobre as condições de reprodução social dos agricultores 
familiares: o trabalho assalariado (absorção da mão-de-obra residente no campo 
para trabalhar nas atividades urbana-industriais), o assalariado temporário 
(principalmente na época de picos de produção) e novas formas de obter renda a 
partir de atividades não-agrícolas. 
Mas o fato é que a produção familiar possibilita ao agricultor uma lógica 
própria, mesmo estando subordinado ao capital, ou seja, a pluriatividade e o trabalho 
externo que não seja familiar não desagrega a produção, ao contrário são formas de 
viabilizar as estratégias de reprodução presentes e futuras, de modo a se encaixar 
no contexto econômico, porém só poderá sobreviver de um sistema produtivo se 
estiver subordinado as determinações gerais do capital, em função da necessidade 
de inserção no mercado. 
 
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Solari (1979), concorda com o fato de que as mudanças por que passou o 
campo, a ideia de contínuo passa a ser mais eficiente para conceituar a realidade. 
Entretanto ele pondera, como também faz Carneiro, de que a ideia do contínuo não 
deve ser comprada sem reflexões mais precisas, pois em vários locais, 
especialmente nos países em desenvolvimento e nos países “atrasados”, a 
industrialização da agricultura e as outras mudanças que levam à formulação da 
continuidade entre o rural e o urbano ainda não se constituíram. Nesse contexto, é 
preciso ressaltar que esse processo de continuidade, entre urbano e rural, não 
operam com a mesma intensidade em todas as regiões brasileiras. 
Para questão de exemplificar, no município de Palmas, capitald o Estado do 
Tocantins, é possível perceber, no entanto de maneira bem sutil, a continuação de 
atividade urbanas no meio rural do município (comércios, clubes, chácaras para 
lazer ou moradia), mas por outro lado, essa formulação da continuidade como 
Graziano da Silva (1999), ressalta estar ocorrendo entre o rural e o urbano, onde 
pode se considerar um verdadeiro continuum, ainda não se constituíram de maneira 
efetiva no município. De acordo com a Secretaria Estadual da Agricultura do 
Tocantins, todos os projetos de atração de agroindústrias para o município estão 
localizados na área delimitada como zona rural. Afirmando assim as ideias de 
Graziano (1999), que rural vem se urbanizando devido ao desenvolvimento e 
aplicação de técnicas industriais na agricultura. 
No entanto, cabe ressaltar que cada realidade rural ou urbana deve ser 
compreendida dentro de suas particularidades e especificidades, como exemplo 
pode-se citar de acordo com o IPEA (1996), alguns municípios do sul do país, onde 
a produção camponesa tem peso significativo e apresentam boa parte dos maiores 
índices de desenvolvimento humano, como é o caso do município de Feliz, Paraí, 
Nova Prata (RS) e outros. 
Esse exemplo mostra a grande diversidade econômica e social que o Brasil 
apresenta em suas regiões, pois de maneira geral, pode-se exemplificar que a 
realidade acerca da produção familiar nas regiões Norte e Nordeste, se apresentam 
de forma bastante distinta da realidade social e econômica de como essa categoria 
social se apresenta no Sul do país. 
 
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Nessa perspectiva, as unidades produtivas familiares deveriam se constituir 
neste final de século no lócus privilegiado para a manutenção e sobretudo, para o 
retorno de parcela da população excluída social e economicamente, seja no 
desenvolvimento de atividades agropecuárias, propriamente dita, ou em atividades 
rurais não-agrícolas, tais como turismo e o lazer rural, a piscicultura, a agroindústria 
comunitária, etc. 
Em última análise, a agricultura familiar poderia restituir à essa população 
excluída, por meio da implantação de assentamentos rurais e da implementação de 
políticas públicas direcionadas para essa categoria de produtores familiares 
(autônomos ou não) – como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura 
Familiar (PRONAF) -, as condições necessárias para se inserirem economicamente 
no mercado e adquirirem socialmente, a cidadania obstaculizada pelo modelo de 
crescimento econômico vigente no país (HESPANHOL, 2000). 
 Nesse aspecto é possível analisar e entender que a organização do trabalho 
familiar no campo existe desde os primórdios da civilização, e que o processo de 
formação e organização do camponês realizou-se em diferentes tipos de sociedade, 
e mesmo apesar da sociedade capitalista, privilegiar o mercado em detrimento a 
agricultura familiar, percebemos que sua reprodução e sua recriação acontecem no 
seio das relações capitalistas de produção através da luta pela terra (FERNANDES). 
Abramovay (1995), lança a seguinte pergunta em um dos seus trabalhos: as 
regiões onde hoje se concentra a parcela mais importante da pobreza nacional (isto 
é, as regiões rurais, sobretudo do Nordeste) devem ser consideradas como inaptas à 
produção agrícola, seus habitantes devendo volta-se para outras atividades para 
conseguir vencer a miséria em que se encontram hoje? 
É preciso fundamentalmente preconizar o acesso a terra, de forma que a 
população rural possa desempenhar seu papel de cidadão, e isso só se faz 
fortalecendo antes mais nada a educação, pois as pesquisas mostram que nas 
regiões mais dinâmicas do país a agricultura familiar mostra inegável dinamismo. 
Esse crescimento de atividades não-agrícolas, em certas regiões do país, se 
deve principalmente a falta de perspectivas a respeito da produção agrícola, em 
função da falta de políticas orientadas que realmente valorizem a produção rural 
familiar. 
 
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Para Abramovay (1999), é verdade que os mercados agrícolas convencionais 
são pouco propícios a ascensão social por parte dos produtores rurais. Mas esta 
desvantagem pode ser contrabalançada pela construção de novas relações entre 
agricultores e mercado. A organização local, a ampliação do círculo com os quais se 
relacionam os agricultores, a pressão para que aumente seu acesso ao crédito e os 
investimentos públicos em infra-estrutura e serviços, estes fatores conjugados têm o 
poder de alterar o ambiente institucional do meio rural para que ele deixe de ser 
assimilado automaticamente ao atraso e ao abandono. 
Nesse sentindo, entendendo que o desenvolvimento rural é um processo 
tipicamente local e regional, as propostas políticas a cerca de tal tema, centra-se na 
necessidade de repensá-las a partir de tais espaços. Assim o fortalecimento de 
programas como o Pronaf é indispensável (principalmente em relação à educação, 
saúde e mercado competitivo), pois as pesquisas mostram que a produção rural 
familiar não é necessariamente um segmento estagnado e eternamente miserável. 
O problema da inserção da agricultura familiar no ambiente competitivo do 
agronegócio não de fácil resolução e não temos uma linha de pesquisa dominante 
neste assunto. Acreditamos ser esta uma vertenteque ganhará espaço nos meios 
acadêmicos nos próximos anos. 
Agora que começamos a discutir as dificuldades de inserção em uma 
economia de mercado, daremos continuidade a esta disciplina abordando os 
mercados e suas variantes. 
 
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UNIDADE 4 – O MERCADO DE PRODUTOS 
AGROPECUÁRIOS 
 
A comercialização dos seus produtos é cada vez mais crucial para a 
competitividade dos produtores rurais, pois os ganhos provenientes de sua maior 
produtividade podem dissipar-se ao longo das cadeias agroindustriais. 
Segundo Azevedo (2001) o senso comum normalmente entende a 
comercialização como venda de um produto específico. Esta visão restringe-se o 
seu horizonte de análise as portas da empresa. Entretanto, este não é o 
entendimento usado pelo agronegócio – visão sistêmica. 
Portanto, devemos ampliar o conceito de comercialização, incorporando as 
transmissões do produto pelos vários estágios do processo produtivo, melhorando a 
compreensão das estratégias de comercialização acessíveis a uma empresa 
inserida no agronegócio. 
Quando tratamos de comercialização de produtos agroindustriais devemos 
lembrar das peculiaridades que estas têm frente os demais. Para isso, abordaremos 
os principais aspectos envolvidos na comercialização destes produtos e os 
mecanismos envolvidos. 
 
4.1 – A competitividade dos produtos agroindustriais 
A competitividade é um conceito amplo e envolve vários fatores, entretanto, 
na produção agropecuária, é comum restringi-la aos aspectos ligados à produção. 
Os produtores investem recursos consideráveis na redução dos custos de produção, 
que, muitas vezes, perdem-se no momento da venda do produto. 
Para Azevedo (2001) vender e comprar não é um processo trivial e, a adoção 
de mecanismos inapropriados fatalmente implica prejuízos à empresa, mesmo 
sendo ela competitiva em termos de eficiência produtiva. Portanto, a eficiência da 
empresa é mais abrangente do que somente a eficiência produtiva, embora esta 
seja muito importante. Dessa forma, a competitividade de uma empresa depende 
profundamente dos mecanismos de comercialização de seus produtos utilizados. 
Estas considerações sobre a competitividade das empresas ajuda-nos a 
compreender a importância do administrador especializado em agronegócios, pois o 
 
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agrônomo, o veterinário e o zootecnista, devido a sua formação, não possuem esta 
visão sistêmica da agropecuária. 
A Economia dos Custos de Transação, arcabouço teórico utilizado pelo 
agronegócio, que será abordada adiante, tem como unidade de análise as 
transações ao longo das cadeias, ou seja, analisa os aspectos relacionado com a 
comercialização. Vale ressaltar que esta teoria não menospreza os custos de 
produção, somente agrega os custos de transação a análise do agronegócio. 
Azevedo (2001) conclui que a competitividade global de uma empresa 
depende profundamente de sua eficiência na comercialização de seus insumos e 
produtos. Quanto mais apropriada for a coordenação entre os agentes, 
intermediados por mecanismos de comercialização, menores serão os custos de 
transação e, consequentemente, haverão custos individuais menores, melhorando a 
competitividade dos membros deste sistema produtivo. Ele afirma que com a 
finalidade de reduzir os custos de transação, os agentes fazem uso de mecanismos 
de comercialização apropriados para efetuar uma determinada transação, também 
denominado na literatura por estruturas de gorvernança. São exemplos de 
mecanismos de comercialização: mercado Spot, contratos de suprimento regular, 
contratos de longo prazo com cláusulas de monitoramento, integração vertical, 
dentre outros. 
Para Azevedo (2001) não há, a priori, um mecanismo de comercialização 
superior aos demais. Assim, deve-se adequar o mecanismo ao contexto e ao tipo de 
transação que ocorre na referida comercialização. Portanto, o administrador deverá 
escolher o mecanismo mais adequado a sua realidade e, para esta escolha, deve-se 
conhecer os inúmeros mecanismos disponíveis. 
 
4.2 – Particularidades dos produtos agroindustriais 
Os produtos agroindústrias são os mais variados, sendo que na sua maioria 
constitui-se de produtos alimentares, mas outros, tais como tecidos ou borrachas, 
também estão inseridos no agronegócio. Alguns são perecíveis, como leite e seus 
derivados, ao passo que outros podem ser estocados, sem a necessidade de 
cuidados exagerados, por exemplo a soja e o café. 
 
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A diversidade também abrange os processamento, sendo que uns exigem de 
um processamento complexo, como papel, e outros exigem transporte e 
acondicionamentos adequados, como a banana e demais frutas in natura. 
Para entendermos melhor a complexidade dos produtos do agronegócios 
analisaremos os aspectos relacionados com a sua oferta e sua demanda. Vale 
ressaltar que as singularidades dos produtos agroindustriais estão relacionadas com 
uma das características do agronegócio definidas por Davis & Goldeberg, que será 
abordada adiante nesta disciplina. 
 
4.3 – Aspectos relacionados com a demanda 
Segundo Azevedo (2001) os produtos agroindustriais são essencialmente 
bens de primeira necessidade e de baixo valor unitário, dessa forma, uma variação 
do preço destes produtos não afeta a quantidade demandada. O que deve ser 
ressaltado destes produtos é que, em caso de escassez, os preços têm que subir 
substancialmente a fim de limitar o seu consumo. No entanto, o inverso é verdadeiro, 
ou seja, na abundância destes produtos, seus preços tendem a caírem 
significativamente. Em suma, a quantidade demanda destes produtos não varia 
significativamente em relação ao preço. Esta característica dos produtos 
agropecuários faz com que a renda dos produtores rurais oscilem significativamente, 
gerando toda uma problemática estuda pelas pesquisa em agronegócios. 
De acordo com Azevedo (2001) o Brasil e outro países de renda per capita 
baixa e concentrada, uma parcela mínima da população não tem acesso à renda 
suficiente para a aquisição mínima de alimentos, assim, uma elevação do preço 
pode tirar esses consumidores do mercado e, com isso, reduzir a quantidade 
consumida. Este efeito da variação dos preços na quantidade demanda é tratada 
pela economia e denomina-se elasticidade da demanda. Para maior compreensão 
do tema consulte qualquer livro de microeconomia. 
Além dos aspectos ligados a preços e com a exceção de alguns poucos 
produtos, a demanda dos produtos agroindustriais tende a ser regular durante o ano. 
Não podemos esquecer que os consumidores destes produtos exigem qualidade, 
tanto relacionada a fatores objetivos, como segurança alimentar, quanto a elementos 
 
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