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LETRAS�|��9� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � PRAGMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA � LETRAS�|�10� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � LETRAS�|��11� � PRAGMÁTICA DA LÍNGUA PORTUGUESA � LUCIENNE C. ESPÍNDOLA � INTRODUÇÃO � � Este� capítulo� objetiva� situar� a� disciplina� Pragmática� nos� estudos� da� linguagem� e� introduzir� a� importância�do�usuário�(interlocutor)�e�do�contexto�nas�práticas�de�leitura�e�de�produção�de�texto.�� � “Isso� equivale� a� ir� além� do� significado� das� palavras� e� da� estrutura� sintática� e� do� valor� de� verdade� das� sentenças� para� incluir� os� elementos� contextuais� que� fazem� com� que� o� significado,�em�uma�acepção�pragmática,�dê�conta�de�mais�do�que�é�explicitamente�dito�na� interação� lingüística�e� torne�possível�a�análise�dos�atos� realizados�por�meio�da� linguagem.”� (MARCONDES,�2005,�p.�27)� � ��� �Para� alguns� filósofos� o� contexto� e� o� usuário� passaram� a� ser� componentes� imprescindíveis� para� a� construção�do�sentido.��Assim,�desponta�a�Pragmática�no�seio�da�Filosofia�e�alguns�filósofos,�e�posteriormente,� linguistas,�passaram�a�investigar�como�a�linguagem�pode�dizer�mais�do�que�diz�através�da�estrutura�linguísticoͲ discursiva,� negando� (opondoͲse)� à� concepção� de� linguagem� que� postulava� ser� a� linguagem� espelho� do� pensamento.� As� teorias� que� serão� abordadas� aqui,� desenvolvidas� inicialmente� no� seio� da� Pragmática,� consideram,�de�alguma�maneira,�o�usuário�e�o�contexto�nas�interações�verbais.� Dascal�(1982)�propõe�duas�origens�para�a�Pragmática,�sendo�que�a�principal�diferença�entre�as�duas�é� a� concepção� de� Pragmática:� subordinada� à� Linguística� � e,� consequentemente,� à� Semiótica� Ͳ� como� uma� disciplina�responsável�pelo�terceiro�nível�de�análise� linguística;�ou�oriunda�dos�escritos�de�Saussure� (1916)�–� como�uma�ciência�autônoma.� � A� concepção� moderna� de� uma� disciplina� com� o� nome� de� “pragmática”� está� intimamente� ligada� à� idéia� de� uma� outra� disciplina,� com� o� nome� de� “semiótica”� ou� “semiologia”,� que� surgiu�por�volta�do� início�deste�século.�A�semiótica�ou�semiologia� tem,�como�se�sabe,�uma� dupla�origem:�os�escritos�de�Charles�Sanders�Peirce�e�de�Ferdinand�de�Saussure.�De�um�modo� geral,�ela�pode�ser�caracterizada,�segundo�ambos,�como�a�teoria�geral�dos�sinais.�A�ela�ficam� assim�naturalmente�subordinadas�todas�as�disciplinas�que�se�ocupam�de�um�tipo�particular�de� sinais,�como�é�o�caso�da�lingüística.�É�a�essa�dupla�origem�da�semiótica�e�à�influência�desigual� de�seus�fundadores�sobre�o�desenvolvimento�da�lingüística�contemporânea�que�[...]�remonta,� � LETRAS�|�12� � pelo� menos� em� � parte,� o� problema� da� inclusão� de� um� componente� pragmático� na� teoria� lingüística.�(p.8)� �� A�Pragmática,�originária�dos�estudos�de�Peirce�no�final�do�século�XIX,�é�concebida�como�um�nível�de� análise�da�linguística�e�tem�como�objeto�“[...]�o�funcionamento�de�algo�como�signo�envolve�o�signo,�aquilo�que� o�signo�representa�e�aquele�para�quem�o�signo�representa�algo.”�(p.16)�De�acordo�com�Guimarães�(1983),�os� estudos�pautados�nessa�fonte�apontam�três�direções�para�a�Pragmática.� � Uma�que�considera�o�usuário�somente�para�determinar�a�relação�da�linguagem�com�o�mundo� (referência),�outra�que�considera�o�usuário�enquanto�tal�na�sua�relação�com�a�linguagem.�[...]� e�uma�terceira�que�se�configura�a�partir�da�linguagem�ordinária.�(ibid.,�p.�16Ͳ17)� � A�primeira�vertente,�também�denominada�de�pragmática�indicial,�� � [...]�subordina�o�usuário�ao�problema�da�referência.[...]�Esse�tipo�de�Pragmática�seria�do�tipo� que� teria�como� fonte�o�signo� indicial�de�Pierce�e�um�compromisso�com�a�semântica� lógica,� ocupandoͲse,� como� esta,� do� problema� da� referência� de� proposições,� ou� seja,� do� valor� de� verdade�de�proposições.�(ibidem.,�p.17)�� � Filiados� a� essa� vertente� encontramos� os� filósofos�BarͲHillel� (1954),� Stalnaker� (1972)� e� os� linguistas� Jakobson�(1963)�e�Benveniste�(1966).�SalienteͲse�que�essa�vertente,�tradicionalmente�conhecida�como�sendo� objeto�da�Semântica,�por�ter�como�objeto�de�pesquisa�a�referência,�não�será�abordada�neste�espaço1.� A� segunda� vertente� está� centrada� no� intérprete� (usuário� da� linguagem)� e� o� uso� que� este� faz� da� linguagem.�Ou�seja,�essa�Pragmática�“focaliza�a�necessidade�de�se�considerar�o�usuário�do�signo�formulado�por� Peirce”�(p.19);�ou�seja,�como�intérprete.�Morris�(1976)�representa�essa�vertente.� A�terceira�vertente�da�Pragmática�oriunda�de�Peirce�é�a�que�concebe�o�usuário�como� interlocutor.�E� nessa�vertente,�Guimarães�inclui:�a�Pragmática�Conversacional�ͲGrice�(1982�[1967]);�A�Pragmática�Ilocucional��Ͳ� Austin� (1990� [1962])� e� Searle� (1981� [1969],� 2002� [1979])� Ͳ� e� a� Semântica� da� Enunciação� –� Ducrot� (1972,� 1987,1988)�e�Vogt�(1980).� � A�segunda�origem�da�Pragmática,�proposta�por�Dascal�(1982),�são�os�escritos�de�Ferdinand�de�Saussure� (1916),�que,�ao�estabelecer�como�objeto�da�Linguística�a� langue,� �deixou�a�parole�para�outras�ciências,�entre� ������������������������������������������������������������ 1�Essas�questões� foram�abordadas�na�disciplina�de� Semântica.� �Alguns� conceitos,�porém,� serão� retomados�no�momento�em� forem� requeridos.� � elas� a� Prag perspectiva Linguística.� � Inde novo�olhar� contexto� Ͳ� i objeto�de�in Nes algumas� da Ilocucional� Grice(1982� teóricas�pod � As� responder,� � � � gmática,� qu a,� a� Pragmát �� ependente�d sobre�a�língu impulsiona,� nvestigação,� ste� espaço,� as� teorias� d Ͳ� Austin� (1 [1967]);�Ͳ�e� dem�nos�ser� linhas� esco de�alguma�fo � e� tem� com tica� passa� a da�origem�da ua�proposto� a�partir�da�d as�variáveis� não� há� con desenvolvida 1990� [1962] a�Semântica úteis�no�pro olhidas� para� orma,�às�per �x O�que�fax As� inte acontecx Além�da element suficienx Como�é RESUMO de�Peirce análise�d de� LEITUR GUIMAR pragmát Estudos�Ͳ mo� objeto� d � ter� status a�Pragmática pela�Pragmá década�de� l9 usuário�e�co dições� de� s s� na� terceir )� e� Searle� a�da�Enuncia ocesso�de�leit esta� abord rguntas:� azemos�quand rações,� atrav cem�assistema a�estrutura�lin tos� (fatores)� te�para�se�diz é�possível�dize O:�A�Pragmá e�ou�de�Sau da�Linguísti estudo).�A� RA RÃES,�Eduard ica,�Revista� Ͳ 9,�1983. e� investigaç de� ciência,� ,�se�advinda� ática�–�a�rela 970,�pesquis ontexto.� e� ver� todas� ra� vertente� (1981� [1969 ação�–�Ducro tura�e�produ dagem,� a� p � do�usamos�a�l vés� da� moda aticamente? nguística�utiliz devem� (prec zer�o�que�se�p r�mais�do�que tica�tem,�pe ussure.�A�pri ca�(mas,�pa segunda�co do�R.J.�Sobr das�Faculd ção� o� uso� d não� podend dos�escritos ação�dos�usu as�na�área�d as� vertente da� Pragmá 9],� 2002� [1 ot�(1972,�198 ução�de�texto partir� dos� s � inguagem?�So lidade� falada zada,�na�fala� cisam)� ser� co retende�em�to e�está�‘literalm elo�menos,� imeira�coloc ra�isso,�a�Li oncebe�a�Pra re�os�camin ades�Integr da� língua� p do� ser� consi s�de�Peirce�o ários�com�a� da�Linguística es� da� Pragm tica� oriunda 979]);� a� Pra 87,1988).�Ac os.� eus� pressup omente�descr a� e� da� escrit ou�na�escrita, nsiderados?� odas�as�situaç mente’�dito�lin duas�origen ca�a�Pragmá nguística�te agmática�co hos�da�prag adas�de�Ub LETRAS�|��1 elos� interlo iderada� com u�os�escritos língua�em�u a�as�quais� in mática,� então a� de� Peirce: agmática� Co creditamos�q postos� teóri � � revemos�o�mu ta,� seguem� a ,�para�se�inte O� texto,� fala ções?�� nguisticament ns:�advinda� ática�como�erá�de�rever omo�uma�ci gmática.�So eraba�Ͳ FIU 13� cutores.� Ne mo� um� nível� s�de�Saussure m�determina ncluem,�em� o� selecionam :� A� Pragmát onversaciona que�essas� lin icos,� procur undo?� alguma� regra� ragir,�que�out do� ou� escrito e?�� dos�escrito um�nível�de r�seu�objeto ência. bre� BE,�Série� essa� da� e,�o� ado� seu� mos� tica� al� Ͳ� has� � � ram� ou� tros� o,� é� os� e� o� � LETRAS�|�14� � Este�capítulo�constituiͲse�de�uma�introdução�e�quatro�unidades:�� 1.�Atos�de�Fala�(Austin�e�Searle)� 2.�Implícitos�linguísticos�e�pragmáticos:�implicaturas�conversacionais�(Grice)� 3.�Implícitos�linguísticos�e�pragmáticos:�Atos�de�linguagem�Indiretos�(Austin/Searle)� 4.�Implícitos�linguísticos�e�pragmáticos:�Pressupostos�e�subentendidos�(Ducrot)� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � A�te interessarͲs � Aus reflexões�q esse� filósof americanas reunidas�na do�grupo�in Speech�Acts a�classificaç Austin,�foi�d Sali funcioname resulta�de�c foi�realizada eoria�dos�ato se�pelo�funci stin,�um�dos ue�apresent fo� na� unive ,�cujo�tema� a�obra�How� ntitulado�Filo s�(1981�[196 ção�dos�atos desenvolvido enteͲse�que ento,�necess consulta�às�n a�em�Harvard OS A os�de�fala�–�f onamento�d �x A�linguax Todos�ox Que�out � representa aremos�aqu ersidade� de� central�foi�a� to�Do�Things osofia�Analíti 69])�e�Express s� ilocucionár o.� �o�texto�que ariamente,�n notas�elabora d,�bem�como LEITURA ARMENG 121. MARCON de�Janeir UN ATOS D filiada�à�Filos a�linguagem agem�é�usada os�enunciados� tras�ações,�alé ntes�desse�g i�estão�prese Oxford� no� linguagem�e s�with�Word ca,�James�Op sion�Meanin rios�e�o�conc e�nos�revela� não�constitu adas�pelo�pró o�anotações� AS: GAUD,�Franç NDES,�Danil ro:�Jorge�Za NIDAD � � DE FALA sofia�Analític m�ordinária�(d a�somente�par podem�ser�su ém�de�descrev grupo,� come entes�em�cu início� da� d e�os�atos�que ds�(1990�[196 pie�Urmson. g�(2002�[197 ceito�de�ato� o�ponto�de i�cada�confe óprio�Austin para�os�curs çoise.�(2006 o.�(2005)�A ahar�Editor.� DE I A (AUST � � ca�–�surge�qu do�cotidiano) ra�fazer�declar ubmetidos�à�n ver�o�mundo,�r eça� suas� inve rsos� intitula década� de� 1 e�ela�nos�per 62]),�organiz �A�obra�de�A 79]),�e�algun indireto,�qu �vista�de�Au rência�ipsis�l ,�utilizadas�c sos�anteriore 6)�A�pragmá A�Pragmática p.16Ͳ29.�� TIN/SEA uando�um�gr ),�levantando rações?� oção�de�verda realizamͲse�a estigações�n dos�Words�a 1950� e� mai rmite�realiza zada�postum Austin�(1962) ns�pontos�ref ue� ficou�ape ustin�sobre�a litteris,�pois� como�esboço es.� ática.�São�P a�na�filosof LETRAS�|��1 ARLE) upo�de�filóso o�questões�c ade?� través�da��ling na�década�de and�Deeds,�m is� tarde� em r.��Essas�con mamente�por )�é�retomada formulados,� enas�alinhava a� linguagem� o�texto�póst o�para�cada�c aulo:�Paráb fia�contemp 15� ofos�começo omo:� guagem?� e�1940,�mas ministrados� m� universida nferências�es r�um� integra a�por�Searle� principalme ado�na�obra ordinária�e� tumo�publica conferência�q bola.�p.�99Ͳ porânea.�Rio � ou�a� s�as� por� des� stão� nte� em� nte� �de� seu� ado� que� o� � LETRAS�|�16� � A� primeira� conferência� iniciaͲse� com� Austin� ‘declarando’� que,� por� um� tempo� maior� do� que� o� necessário,� os� gramáticos,� através� de� critérios� gramaticais,� classificaram� uma� sentença� como� declarativa,� interrogativa,�negativa,�que�expressa�desejo,�ordem�ou�concessão,�enquanto�que�os�filósofos�acreditavam�ter�a� sentença�a�função�de�descrever�ou�declarar�um�fato.� � Recentemente,� porém,� muitas� das� sentenças� que� antigamente� teriam� sido� aceitas� indiscutivelmente� como� “declarações”,� tanto� por� filósofos� quanto� por� gramáticos,� foram� examinadas�com�um�novo�rigor.�Este�exame�surgiu�ao�menos�em�filosofia,�de�forma�um�tanto� indireta.� De� início,� apareceu,� nem� sempre� formulada� sem� deplorável� dogmatismo,� a� concepção�segundo�a�qual� toda�declaração� (factual)�deveria�ser�“verificável”,�o�que� levou�à� concepção� de� que�muitas� “declarações”� são� apenas� o� que� se� poderia� chamar� de� pseudoͲ declarações.�(AUSTIN,�1990,�p.22)� � � � Nesse� contexto,� um� grande� número� de� sentenças� seria� considerado� sem� significado� (vazias� de� significado)� se� submetidas� ao� critério� de� verdade� ou� falsidade.� A� partir� dessa� constatação,� Austin� (1962)� propõe� sua� teoria�dos�atos�de� fala�em�que�dizer�nem� sempre�é� somente� ‘descrever’�e/ou�declarar� sobre�o� mundo.�Dizer,�em�muitas�situações,�é� fazer;�é�realizar�uma�ação�ao�mesmo�tempo�em�que�se�diz�essa�ação.� Nessa� perspectiva,� uma� grande� parte� dos� enunciados� não� passíveis� de� serem� submetidos� às� condições� de� verdade� (valor�de�verdade)� teriam�seu�significado�explicado�através�do�contexto�em�que�desempenham�um� determinado�‘ato’.� � Eu aposto 10 reais com você que o Corinthians vai ser campeão. Eu batizo este carro de Julião. Eu declaro guerra ao cigarro. Confiro-lhe o título de bacharel em Direito. Eu o condeno a 1 ano de trabalhos comunitários. Dou minha palavra como João chegará na hora estipulada.2 � � Austin,�então,�passa�a�investigar�os�enunciados�que,�para�ele,�não�resistiam�às�condições�de�verdade,� enquanto� atos� de� fala.� E� é� concebendo� a� linguagem� como� forma� de� ação� que,� inicialmente,� esse� filósofo� separa�os�enunciados�de�uma�língua�em�dois�grandes�grupos:�� ������������������������������������������������������������ 2�Exemplos�adaptados�de�Levinson�(2007.�p.�290).� � � Enu de�afirmaçõ �� � Enu realizar�o�at � � � �Par verdadeiros verificar�qu felicidade.� � ��������������������� 3�Encontramos Caro�a para�m unciados�Con ões.� unciados� Per to�descrito�p rtindo,� inicia s�nem�falsos uando� esses� ���������������������� s�a�palavra��con luno,�cons mais�esclar nstatativos 3: O curso de Pr rformativos: pelo�enunciad Eu declaro en almente,� da s�por�não�se� enunciados� (A.1) Deve h convencional e, além disso (A.2) as pess específico inv (B.1) O proce (B.2) complet ����������������� nstatif��com�dua sulte�o�Dic recimento :�aqueles�ato ragmática está s :� aqueles� cu do.� ncerrada esta se a� tese� de� prestarem�a não� seriam haver um proc l e que inclua o o, que soas e as circu vocado. edimento tem de to. as�traduções:�co cionário�E os�sobre�a� os�que�serve sendo elaborado uja� realizaçã essão. (enuncia que� os� enu a�declarar�o m� adequados cedimento conv proferimento d nstâncias partic e ser executado onstatativo�e�co scolar�de� noção�de� em�para�des o pela professor o� resulta� em do proferido pe unciados� pe u�descrever� s�ou� felizes,� vencionalmente de certas palavr culares, em cad o por todos os pa onstativo.� Filosofia�( valor�de�v crever�o�mu ra Lucienne. m� um� fazer; elo síndico em u erformativos o�mundo,�A os�quais�de aceito, que a as, por certas p da caso, devem articipantes, de (http://ww verdade. LETRAS�|��1 undo,�falam�d ;� dizer� é� sim uma assembleia s� não� pode Austin�propõ enominou� de apresente um d pessoas, e em ce m ser adequada e modo correto e ww.defnar 17� de�algo�atra multaneame a de condomínio eriam� ser� n e�critérios�p e� condições� determinado ef ertas circunstânc as ao procedime e rede.com) � vés� nte� o)nem� para� de� feito cias; ento )� � LETRAS�|�18� � (ȳ.1) Nos casos em que, com freqüência, o procedimento visa às pessoas com seus pensamentos e sentimentos, ou visa à instauração de uma conduta correspondente por parte de alguns dos participantes, então aquele que participa do procedimento, e o invoca deve de fato ter tais pensamentos ou sentimentos, e os participantes devem ter a intenção de se conduzirem de maneira adequada, e, além disso, (ȳ.2) devem realmente conduzir-se dessa maneira subseqüentemente. (AUSTIN, 1990, p. 131) � Austin�previu�que�nem�todos�os�atos�de�fala�cumprem�rigorosamente�todas�as�condições�de�felicidade� (A,�B�ou� ȳ)�e�que�o�não�cumprimento�de�algumas�dessas�condições�não�constitui�violações�de�mesmo�nível.� Para�ele�a�violação�de�uma�das�condições�do�grupo�A�e�B�gera�infelicidades�do�tipo�falhas�–�a�ação�pretendida� pela�enunciação�performativa�não�se�realiza�de�forma�eficaz;�e�denomina�abusos�as�infelicidades�geradas�pelas� violações�das�condições�do�grupo�ȳ.� � Consideremos�a�notícia�abaixo.� Igreja proíbe padre casado de celebrar casamentos em Goiânia (GO) Extraído de: Folha Online - 10 de Novembro de 2008 A Igreja Católica em Goiânia (GO) e em outras 26 cidades divulgou, na missa do último domingo, uma carta da arquidiocese dizendo que Osiel Santos, 62, está demitido da função de padre desde maio e não pode mais celebrar casamentos. Ele abandonou a batina há 20 anos para se casar, mas continuou exercendo o sacerdócio. O Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Goiânia decidiu nesta segunda-feira também invalidar os cerca de 400 matrimônios celebrados por Santos depois de casado, que eram feitos em casas e clubes. Os batizados, no entanto, ainda valem --apesar de terem sido feitos por quem comportou em "persistente escândalo" e "gravíssima ofensa a Deus", segundo a carta assinada pelo arcebispo dom Washington Cruz, que ainda será lida nas missas por duas semanas. Em nota, a arquidiocese disse que nenhum outro sacramento recebido por meio de Santos terá validade e "o fiel que o procurar com esse propósito torna-se cúmplice de seu ato irregular diante da igreja". Disponível em:< http://www.jusbrasil.com.br/noticias/167660/igreja-proibe-padre-casado-de-celebrar-casamentos-em-goiania-go>. Acesso em: 01 jul. 2009. (Texto adaptado) � Essa� notícia� publica� um� ritual� social� –� o� casamento� religioso� –� que� se� realiza� através� de� um� ato� performativo� em� que� o� padre� (na� Igreja� Católica)� deveria� estar� investido� da� autoridade� necessária� para� proferir�o�enunciado�“Eu�vos�declaro�casados”.�Esse�enunciado�é�mais�que�um�dizer,�é�um�fazer,�é�tornar�as� duas�pessoas�que�ali�estão,�perante�a�igreja,�casados.�No�entanto,�de�acordo�com�a�notícia,�em�todos�os�atos� � (casamento tinha�autori A� c casamentos ou�foram�de a�um�dos�sa do�ato.�Port Nes que�a�igreja da�violação –�o�que�car citado�filóso � Nes cumpridas� também�se castidade.�A na�Teoria�d (ȳ.1)�també � � � � Além enunciados ativas,�indic os)�realizado idade�para�re condição� (A. s�e�outros�sa e�forma�inco acramentos� tanto,�tudo�i sse�contexto a�pretende�a �de�(A2),�abr racteriza�o�ca ofo.� ssa�mesma�n as� condiçõe �submeteu�a A�quebra�do� os�Atos�de�F m�foram�vio m�das�condiç �performativ cativas,�de�pr s�pelo�padre ealizar�todos 1)� foi� satisf acramentos�f ompleta�(B1�e realizados�p ndica�que�as ,�de�acordo�c dotar:�anula re�espaço�pa asamento�re notícia,�pode es� dos� const a�um�ritual�p voto�de�cast Fala,�às�cond oladas.� ções�de�felic vos.�Essas�ca rimeira�pess R de pr c o e�citado,�hou s�os�atos�relig feita,� pois� n foram�realiz e�2).�Também pelo�referido s�condições�( com�Austin�( ar�os�casame ara�as�anulaç eligioso�Ͳ�que emos�també antes� de� (ȳ. performativo tidade�consti dições�const cidade�propo racterísticas oa,�no�prese RESUMO:�Au que�postu eclarar�sobr uma�ação�a ropõe�dois�a o�mundo,�f uja�realizaç o�ato�descri dos�atos uve�violação giosos�que�s não� há� qualq ados,�muito� m�não�se�tem o�padre�ter�s (ȳ�1�e�2)�tam (1990�[1962] entos�realizad ções.�Com�es e�não�cumpr m� identifica .1)� e� (ȳ.2).�O o�–�a�ordena itui�a�quebra antes�de�(ȳ.2 ostas,�Austin� s�são�resumid ente�simples. ustin�(1990� ula�que�dize re�o�mundo ao�mesmo�t atos�de�fala falam�de�alg ão�resulta�e to�pelo�enu s�performat c �da�condição ão�prerrogat quer� questio menos�que� m�notícia�de� e�comportad bém�foram�s ]),�constataͲs dos�pelo�refe ssas�observa riu�todas�as�c r�a�violação� O� padre� qua ação�–�em�q a�da�promess 2),�sendo�qu elencou�algu das�por�Levin .”.� [1962])�pro er�nem�sem o.�Dizer,�em� tempo�em�q a:�os�consta go�através�d em�um�faze unciado.�Par tivos�– seu�o condições�d o�(A.2),�uma tivas�dos�sac onamento� q os�sacramen alguém�que do� inadequa satisfeitas.� se�uma�falha erido�padre.� ações,�verific condições�de caracterizad ando� foi� ord que� faz�voto sa�observada ue�se�pode� in umas�caracte nson�(2007,� opõe�sua�teo mpre�é�some muitas�situ que�se�diz�e tativos,�que de�afirmaçõe r;�dizer�é�sim ra�verificar�o objetivo�pri e�felicidade LETRAS�|��1 a�vez�que�o�p cerdotes.�� quanto� aos� ntos�não�for �participou�o adamente�ap a,�corrobora Essa�falha,�e camos�um�at e�felicidade� da�como�abu denado� pela� s�de�obediê a�pós�ato,�qu nferir�que�as erísticas�ling p.�294):�“[... oria�dos�ato ente�‘descre uações,�é�faz ssa�ação.�In e�servem�pa es;�e�os�per multaneam o�sucesso�n meiro�Ͳ pro e.� 19� padre�não�m locais� onde ram�executad ou�se�subme pós�a�realizaç da�pela�posi em�decorrên to�performat propostas�p uso:�não� for Igreja� Cató ncia,�pobrez ue�correspon s�constantes guísticas�para ]�são�senten os�de�fala�em ever’�e/ou� zer;�é�realiz nicialmente, ara�descrev rformativos mente�realiza na�realização opôs�seis�� mais� � os� dos� teu� ção� ção� ncia� tivo� pelo� ram� lica� za�e� nde,� s�de� � a�os� nças� m� ar� ,� er� s ar� o� � LETRAS�|�20� � Considerando�essas�características,�o�enunciado�abaixo,�originalmente�classificado�como�performativo,� ao�ser�reescrito�com�propriedades�(gramaticais)�linguísticas�não�previstas�para�os�performativos,�deixa�de�ser� um� enunciado� performativo;� e� os� enunciados� resultantes� dessa� reescritura� são� considerados� como� pertencendo�ao�grupo�dos�constatativos.� � ��EU DECLARO GUERRA AO CIGARRO. Eu declarei guerra ao cigarro. Guerra ao cigarro foi declarada por mim. Ele declara guerra ao cigarro. � A�reescritura�do�enunciado�Eu�declaro�guerra�ao�cigarro.,�com�mudança�de�voz�verbal,��de�tempo�e�de� pessoa,�mostra�que�os�critérios�funcionam�com�esse�enunciado,�salienteͲse,�em�um�contexto�em�que�o�verbo� ‘declarar’�esteja�sendo�utilizado�para�realizar�a�ação�que�a�enunciação�veicula.�Ou�seja,�esse�enunciado�será� performativo,� se,� em� uma� assembleia� de� condomínio,� o� síndico,� após� consultar� os� condôminos� e� ter� a� aprovação�dos�mesmos,�para�proibir�que�se�fume�nas�dependências�comuns�do�condomínio�que�administra,� disser:�“Declaro�guerra�ao�cigarro.”.� No� entanto,� em� um� contexto� em� que� a� enunciação� de� Eu� declaro� guerra� ao� cigarro.� não� esteja� realizando�o�ato�de�fala�performativo,�mas�somente�o�relato�de�uma�ação�habitual,� �esse�enunciado,�mesmo� apresentando�as�características�propostas�por�Austin,�não�pode�ser�considerado�performativo.�� Pensemos�esse�contexto:�o�proprietário�de�um�bar,�ao�ser�perguntado�como�tem�sido�a�posição�do�seu� estabelecimento�com�relação�ao�cigarro,�responde�com�o�enunciado:� � Eu declaro guerra ao cigarro.� Nesse�contexto,�o�dono�do�estabelecimento�não�está,�ao�mesmo� tempo,�enunciando�e� realizando�a� ação�de�declarar�guerra.�Constatamos�somente�a�declaração�de�como�tem�sido�sua�atitude�frente�ao�cigarro.�� Esse�exemplo� revela�que�essas� características�elencadas�por�Austin�mostraramͲse� insuficientes�para� caracterizar�um�enunciado�performativo,�pois�há�muitos�outros�enunciados�com�essas�características�que�não� realizam�uma�ação�ao�serem�proferidos;�constituem�simplesmente�declarações,�relatos�etc.� LETRAS�|��21� � Eu compro pão na padaria do seu João. Com� essa� constatação,� ficou� evidente� que� outros� critérios� mais� seguros� são� necessários� para� caracterizar�um�enunciado�performativo�que� segue�o�padrão� formal�proposto�pela� teoria.�Austin�constatou� também� que� há� outras� formas� de� enunciados� performativos� que� não� seguem� os� padrões� descritos� acima:� “Culpado”,� “Inocente”,� porém� permitem� que� sejam� recuperadas� as� formas� linguísticas� equivalentes:“Eu� o� declaro�culpado”,�“Eu�o�declaro�inocente”.�respectivamente.� Embora�as�características�gramaticais�tenham�se�mostrado�pouco�eficientes�para�dizer,�com�certeza,�se� um�enunciado�é�performativo�ou�não,�de�acordo�com�Austin,�não�devem�ser�abandonadas�para�identificar�os� performativos� explícitos,� mas� associadas� ao� critério� lexical� (alguns� verbos� apresentam� a� propriedade� de� realizarem�ações�ao�serem�enunciados).� Nessa�direção,�outro�critério�foi�apresentado,�para�distinguir�os�enunciados,�no�presente�do�indicativo� (em�primeira�pessoa),�que�realizam�performativos�dos�que�servem�a�outras�funções:�o�uso�das�expressões�“por� meio�de”/�“por�meio�da�presente”,�para�isolar��os�verbos�performativos.�� UtilizandoͲse�uma�dessas�expressões,�para� testar�os�enunciados�Eu�declaro�guerra�ao� cigarro.�e�Eu� compro�pão�na�padaria�do�seu�João.,�teremos�o�seguinte�resultado:� � Eu, por meio da presente, declaro guerra ao cigarro. Eu, por meio da presente, compro pão na padaria do seu João. A� expressão� por� meio� da� presente,� nessas� duas� situações,� foi� produtiva� para� revelar� que� o� verbo� “declarar”,�no�contexto�de�assembleia�de�um�condomínio,�é�performativo�enquanto�que�o�verbo�“comprar”� não�é.�No�entanto,�é�um� recurso�que�não� será�produtivo�em�outras� situações�em�que� se� constata�um�ato� performativo�não�realizado�pelas�formas�canônicas.�� Essa�constatação� levou�Austin�(1990�[1962])�a�propor�enunciados�performativos�explícitos�–�aqueles� que� se� comportam� conforme� os� critérios� já� estabelecidos� anteriormente� (sentenças� ativas,� indicativas,� de� primeira�pessoa,�no�presente�simples),��� Eu os declaro marido e mulher! –�e�os�enunciados�performativos�implícitos�(ou�primários)�–�aqueles�realizados�por�outras�formas�linguísticas� que�não�seguem�as�normas�dos�explícitos.�� Amanhã estarei no lugar combinado. (ato de promessa) Segundo�Levinson�(2007),� � � LETRAS�|�22� � Dessa� maneira,� o� que� Austin� sugere� é� que,� na� realidade,� as� performativas� explícitas� são� apenas� maneiras� relativamente� especializadas� de� alguém� ser� inequívoco� e� específico� a� respeito�do�ato�que�está�executando�ao�falar.�(p.296)� � Os�enunciados�performativos�implícitos,�por�sua�vez,�poderão�ser�realizados�através�de�vários�recursos� linguísticoͲdiscursivos� ou� suprassegmentais:� através� do�modo� imperativo� do� verbo� (Devolva� o� dinheiro!� ao� invés�de�Eu�ordeno�que�devolva�o�dinheiro.);�advérbios� (Você�viajará�amanhã�sem� falta!)�em�que�a� locução� adverbial�sem�falta�aumenta�a�força�do�que�fora�enunciado;�uso�de�certas�partículas�conectivas�gera,�de�forma� sutil,�o�efeito�de�um�performativo�(portanto�com�a�força�de�concluo�que,�contudo�com�a�força�de� insisto�que� etc.);�recursos�suprassegmentais�(tom�de�voz,�ênfase�em�determinado�segmento�do�enunciado�etc.);�recursos� não�verbais�(gestos,�sinais�etc.)�e�as�circunstâncias�dos�proferimentos.�� � As� formas� primitivas� ou� primárias� dos� proferimentos� conservam� [...]� a� “ambigüidade”,� ou� “equívoco”,�ou�o�“caráter�vago”�da� linguagem�primitiva.�Tais� formas�não� tornam�explícita�a� força�exata�do�proferimento�[...]�Mas�de�certo�modo,�tais�recursos�são�excessivamente�ricos� em�significado.�PrestamͲse�a�equívocos�e�distinções�errôneas�e,�além�do�mais,�são�utilizados� também�para�outros�propósitos,�como,�por�exemplo,�a� insinuação.�O�performativo�explícito� exclui�os�equívocos�e�mantém�a�realização�relativamente�estável.�(AUSTIN,�1990,�p.69�e�72)� � � A�constatação�de�que�“as�enunciações�podem� ser�performativas� sem�estarem�na� forma�normal�das� performativas� explícitas”� (LEVINSON,� 2007,� p.� 296)� gerou� dois� desdobramentos:� o� abandono� da� dicotomia� entre�performativos�e� constatativos�e�a�adoção�de�uma� teoria� completa�dos�atos� fala;�e�admissão�de�duas� categorias�de�atos�de�fala:�o�reconhecimento�dos�atos�de�fala�diretos�e�dos�indiretos,�classificação�que�vai�ser� abordada�(revista)�por�Searle�(1981�[1969],�2002�[1979]).�� � Nessa� nova� direção� de� investigação,� Austin� (1970� apud� LEVINSON,� 2007,� p.� 297Ͳ298)� assim� se� posiciona:� Além� da� questão,� que� foi� muito� estudada� no� passado� e� que� diz� respeito� ao� que� certa� enunciação� significa,� há� uma� outra� questão� que� diz� respeito� a� qual� era� a� força,� como� a� chamamos,�da�enunciação.�Podemos� ter�absoluta� clareza�do�que� significa�a� frase� “Feche�a� porta”� e� ainda� assim� não� ter� clareza� sobre� a� questão� adicional� de� determinar� se,� quando� enunciada�em�determinada�ocasião,�foi�uma�ordem,�um�apelo�ou�sabeͲse�lá�o�quê.� � Searle�(2002�[1979])�assim�se�posiciona�sobre�essa�nova�direção�dada�à�Teoria�dos�Atos�de�Fala:� � LETRAS�|��23� � A� distinção� original� entre� constativos� e� performativos� pretendia� ser� uma� distinção� entre� emissões�que�consistem�em�dizer� (constativos,�enunciados,�assertivos,�etc.)�e�emissões�que� consistem� em� fazer� (promessas,� apostas,� advertências,�etc.).� [...]�O�principal� tema�da�obra� madura�de�Austin,�How� to�Do�Things�with�words,�é�a� falência�dessa�distinção.�Assim�como� dizer�certas�coisas�é�casarͲse��(um�“performativo”)�e�dizer�certas�coisas�é�fazer�uma�promessa� (outro� “performativo”),� dizer� certas� coisas� é� fazer� um� enunciado� (supostamente� um� “constativo”).� [...]� Qualquer� emissão� consistirá� na� realização� de� um� ou� mais� atos� ilocucionários.�(p.27)� � � E,�para� explicar� como� fazemos� coisas� ao� enunciar� sentenças,�Austin� (1990� [1962])�propõe� a� Teoria� Geral�dos�Atos�de�Fala,�cujo�objetivo�é�demonstrar�que�quando�enunciamos,�simultaneamente,�realizamos�três� atos:�� 1) Ato�locucionário�–�é�o�ato�de�dizer�algo;�é�o�uso�de�uma�sentença�em�determinada�ocasião.� � 2) Ato� ilocucionário�–�é�o�ato�ao�dizer�algo,�ou� seja,�ao�proferir�uma� sentença� (ato� locucionário),� realizamos�atos�como�informar,�avisar,�prevenir,�acusar,�prometer,�descrever�etc.� � 3) Ato�perlocucionário�–�é�o�ato�de�produzir�efeitos�ou�consequências�no�ouvinte/leitor;�em�outras� palavras,� é� o� efeito� que� produzimos� no� leitor/� ouvinte� ao� realizar� um� ato� ilocucionário;� há� situações� em� que� se� pretende� estar� realizando� um� ato� do� tipo� prevenir� e� podeͲse� confundir� o� outro� ao� invés� de� previniͲlo.� Ao� realizarmos� um� ato� locucionário� do� tipo� ordenar,� informar,� prometer,�declarar,�encerrar,�podeͲse�produzir�no�leitor�atos�(perlocucionários)�do�tipo�convencer,� intimidar,�persuadir,�surpreender,�confundir�etc.� Por�exemplo,�a�sentença�abaixo,�mesmo�não�sendo�do�grupo�das�explicitamente�performativas� (por� não�apresentar�as�características�dessa�classe),� � Amanhã será o dia grande dia! ao� ser� enunciada,� seja� em� que� contexto� for,� na� modalidade� falada4� ou� na� escrita,� caracterizará� um� ato� locucionário,�ou� seja� é�o� ato�de�dizer� a� sentença,�de� enunciáͲla.�Esse� ato�poderá� realizar,�dependendo�da� intenção�do�locutor�e�do�contexto,�um�ato�ilocucionário�de�advertir,�comunicar,�intimidar�etc.�alguém.�Porém,� o�interlocutor�poderá,�como�efeito�perlocucionário,�sentirͲse�intimidado,�desafiado,�amedrontado,�irritado�etc.�� � O� interesse� de� Austin� era� explicitamente� os� atos� ilocucionários,� mais� especificamente� os� verbos� performativos,� no� entanto,� com� a� constatação� de� que� todos� os� enunciados� são� utilizados� com� uma� ������������������������������������������������������������ 4�A�Teoria�dos�Atos�de�Fala,�como�o�próprio�nome�diz,�originalmente��foi�criada�em�função�da�modalidade��falada;�hoje�sua�aplicação�foi� ampliada�para�a�escrita.� � LETRAS�|�24� � determinada� força� ilocucionária,� a� distinção� entre� atos� performativos� e� constatativos� foi� revista,� mas� o� interesse� pelos� performativos� explícitos� foi� mantido,� inclusive� com� uma� proposta� de� classificação� para� os� verbos�ilocucionários�(performativos).� Searle�(2002�[1979])�revê�essa�classificação,�adotando,�como�critério�base�para�a�sua�classificação�dos� usos�da�linguagem,�o�propósito�ilocucionário5,�como�ele�mesmo�justifica:� � Se�adotamos�o�propósito� ilocucionário�como�a�noção�básica�para�a�classificação�dos�usos�da� linguagem,� há� então� um� número� bem� limitado� de� coisas� básicas� que� fazemos� com� a� linguagem:� dizemos� às� pessoas� como� as� coisas� são,� tentamos� leváͲlas� a� fazer� coisas,� comprometemoͲnos�a�fazer�coisas,�expressamos�nossos�sentimentos�e�atitudes,�e�produzimos� mudanças�por�meio�de�nossas�emissões.�(p.46)� � �� Searle�(2002�[1979])�apresenta�sua�classificação�dos�atos�ilocucionários,�sendo�que�os�primeiros�quatro� atos�(assertivos,�diretivos,�compromissivos�e�expressivos)�foram�assim�classificados�com�base�em�algum(uns)� dos�critérios:�o�propósito� ilocucionário,�a�direção�do�ajuste�(palavraͲmundo�ou�mundo�palavra)�as�condições� de� sinceridade� expressas;� por� outro� lado,� as� declarações� não� foram� definidas� utilizando� nenhum� desses� critérios,� mas,� segundo� Searle� (2002� [1979],� p.25),� por� considerar� que� “em� que� o� estado� de� coisas� representado�na�proposição�expressa�é�realizado�ou�feito�existir�pelo�dispositivo�da�força�ilocucionária.”.� � 1) Assertivos� –� “O� propósito� dos� membros� da� classe� assertiva� é� o� de� comprometer� o� falante� (em� diferentes� graus)� com�o� fato�de� algo� ser�o� caso,� com� a� verdade�da�proposição� expressa.� Todos�os� membros� da� classe� assertiva� são� avaliáveis� na� dimensão� de� avaliação� que� inclui� o� verdadeiro� e� o� falso.”�(p.19)�concluir,�deduzir,�gabarͲse,�reclamar,�constatar�etc.� � Situação1:�em�um�contexto�de�sala�de�aula,�o�professor,�ao�analisar�as�atividades�desenvolvidas�por� um�aluno�durante�o�ano,�assevera:� � A partir de análise minuciosa do desempenho de x, concluo que x não tem condições de ser aprovado. � 2) Diretivos�–�“Seu�propósito�ilocucionário�consiste�no�fato�de�que�são�tentativas�(em�graus�variáveis�[...])� do�falante�levar�o�ouvinte�a�fazer�algo.�Podem�ser�“tentativas”�muito�tímidas,�como�quando�o�convido� ������������������������������������������������������������ 5� De� acordo� com� Marcondes� (2005,� p.� 59),� “A� classificação� das� forças� ilocucionárias� e� os� critérios� para� isso� são� retomados� e� aprofundados� em� “A� taxonomy� of� illocutionary� forces”� (in� Expression� and� Meaning,� Cambridge� University� Press,� 1979)� e� posteriormente�os�sete�componentes�das�forças�ilocucionárias�são�apresentados�em�John�Searle�e�Daniel�Vanderveken,�Foudations�of� Illocucionary�Logic�(Cambridge�University�Press,�1985).”.� LETRAS�|��25� � a�fazer�algo�ou�sugiro�que�faça�algo,�ou�podem�ser�tentativas�muito�veementes,�como�quando�insisto� em�que�faça�algo.”�(p.21)��pedir,�convidar,�mandar,�suplicar,�rogar.� � Situação�2:�em�uma�partida�de�futebol,�um�jogador�comete�uma�falta�cuja�punição�é�a�expulsão,�então� o� árbitro� naturalmente� ergue� o� cartão� vermelho,� ação� que� pode� vir� acompanhada� de� um� dos� enunciados�abaixo:� � Convido-o a sair do campo! Saia do campo! � 3) Compromissivos�–�“Os�compromissivos�são�[...]�os�atos�ilocucionários�cujo�propósito�é�comprometer�o� falante�(também�neste�caso,�em�graus�variáveis)�com�alguma� linha�futura�de�ação.”�(p.22)�prometer,� jurar.� � Situação�3:�em�um�cerimônia�de�colação�de�grau�de�cursos�de�graduação,�um�dos�formandos�faz�o� juramento�relativo�à�profissão�escolhida:� � Juro acreditar no direito como a melhor forma para a convivência humana. Juro fazer da justiça uma consequência normal e ... (juramento do curso de Direito) �� 4) Expressivos� –� “O� propósito� ilocucionário� dessa� classe� é� o� de� expressar� um� estado� psicológico,� especificado�na�condição�de�sinceridade,�a�respeito�de�um�estado�de�coisas,�especificado�no�conteúdo� proposicional.”�(p.23)�agradecer,�congratular,�dar�pêsames,�dar�boasͲvindas.�� � Situação�4:�na�volta�para�casa�de�uma�viagem�longa,�Joana�é�recebida�no�aeroporto�com�uma�faixa�que� dizia:� Boas-vindas, Joana! � João,�filho�de�Joana,�não�pôde�ir�à�recepção�por�estar�de�plantão,�então�enviou�uma�mensagem�para�o� celular�da�mãe:� � �� � 5) Dec me suc em� � Situ � � LETRAS�|�26 clarações�–�“ mbros�produ edida�garant realizar�o�at uação�5:�em�u 6� Mãe, desculp “A�caracterís uz�a�corresp te�a�correspo to�de�designá uma�empres Você está dem pe a minha ausê tica�definido pondência�en ondência�en áͲlo�presiden sa,�após�dese mitido! RESUMO característ uma�sente isso,�fico caracteriza pela� enunciaçõe Essas�cons entre�per atos�fala;�e atos�de�fala ncia, a vejo mai ora�dessa�cla ntre�o�conte ntre�o�conteú nte,�então�vo entendiment O:�Com�o�avan ticas�para�os�a ença�com�as�c u�evidente�qu ar�um�enuncia teoria.�Austin es�performativ statações�gera formativos�e�c �admissão�de� a�diretos�e�do por� is tarde! sse�é�que�a�r údo�proposi údo�proposic ocê�é�o�presi to�entre�chef nço�em�suas�p atos�performa características ue�outros�crité ado�performat n�(1990�[1962] vas�que�não�s aram�dois�des constatativos duas�categor os�indiretos,�cl Searle�(1981� realização�be cional�e�a�re cional�e�o�mu dente;�(p.26 fe�e�funcioná pesquisas,�prin ativos,�Austin� s�propostas�é� érios�mais�seg tivo�que�segu ])�constatou�t eguem�o�pad sdobramentos �e�a�adoção�d ias�de�atos�de lassificação�qu [1969],�2002� emͲsucedida ealidade,�a�r undo:�se�sou 6)”.� ário,�aquele� ncipalmente�a constata�que, um�ato�perfo guros�são�nece e�o�padrão�fo ambém�que�h rão�formal�pro s:�o�abandono e�uma�teoria� e�fala:�o�recon ue�vai�ser�abo [1979]).� a�de�um�de�s realização�be u�bem�suced assevera:� ao�investigar� ,�nem�sempre rmativo.�Com essários�para� ormal�proposto há�outras��� oposto�por�ele o�da�dicotomia completa�dos nhecimento�do ordada�(revista eus� emͲ dido� � e,� m� o� e.� a� s� os� a)� � IMPLÍC � � Freq sobre�o�qu porque�há� fazermos�ou Para ou�em�níve coloca� em� significação Pau sentido� lite para�que�o� que�a�intera Para inicialmente quando�ess ��������������������� 6�[...]�lǥinférenc pragmatiques, CITOS quentement e� está� send situações�em utras�leituras a�chegarmos l�contextual� relação� en o”6.�(SEARLE,� ul�Grice� (198 eral�veicula,� falante�diga ação�veicula. a� construir� e,�estabelec es�princípios ���������������������� ce�se�définit�co ,�afin�de�constr LINGU CO te,�ao� intera o� comunica m�que�o� con s�sem�que�um s�a�uma�das (enunciação unciados� da tradução�no 82� [1967]),� in levanta�a�hi �mais�do�qu .� a� sua�teo e� (propõe)�o s�são�violado ����������������� omme�une�opér ruire�une�signifi LEITURA GRICE,�H metodoló http://ww _Lgica_e_ LEVINSO Paulo,�M UN ÍSTICO ONVERS agirmos�em� s do� além�do� ntexto�nos�p ma�se�mostr �possíveis� le o).�O�termo�i ados,� contex ossa)� ntrigado� com pótese�que� e�está�dito�l oria� das� im os�princípios os,�e�as�conse ration�logique�d cation.�(SEARLE AS: erbert�Paul.�L ógicos�da�ling ww.4shared. _Conversao.h N,�Stephen�C aryins�Fontes NIDAD S E PRA SACION situações�as que� está� lit permite�uma e�predomina eituras,�recor nferência�se xtuais,� conv m�a�possibili direciona�a iteralmente� mplicaturas� s�que� regem equências�da de�mise�em�rela E,�apud�BLANCH Lógica�e�conv güística – v.�I com/file/133 html.� C.�(2007)�Prag s,�p.�121Ͳ152 DE II AGMÁT NAIS (G s�mais�divers teralmente�d a� só� leitura,� ante.�� rremos�a� inf erá�entendid vencionais� e idade�de�um sua�pesquis e�para�que� conversacio m� (ou�que�de a�não�obediê ation�de�donné HET,�1995,�p.95 versação.�In:� IV:�Pragmátic 3960193/9db gmática.(trad . TICOS: RICE) sas,� ficamos� dito� (linguist mas�outras ferências�em o�aqui�“com e� pragmático m�enunciado sa�e� teoria�p o�ouvinte�ca onais,� inferê evem� reger)� ência,�(in)volu ées�énoncées,�c 5)� DASCAL,�M�(1 ca.�Campinas bf8d81/H_P_G .�Luís�Carlos�B LETRAS�|��2 IMPLICA com�muitas ticamente� a s� vezes�o� co m�nível� linguí mo�uma�opera os,� visando� o� comunicar� proposta:�de apte�a�inform ências� cont uma�conver untária,�a�es contextuelles,�c 1982).�Funda .�Disponível�e Grice_Ͳ Borges,�Aniba 27� ATURAS s� interrogaç tualizado).� I ntexto�perm ísticoͲdiscurs ação�lógica�q construir� u mais�do�qu eve�haver� re mação�adicio extuais,� Gr rsação,�com sas�‘regras’. conventionnelle amentos� em:� al�Mari).�Ssão S � ões� sso� mite� sivo� que� uma� e�o� egra� onal� ice,� o�e� es�et� o� � LETRAS�|�28� � A� teoria�proposta�por�Grice� (1982� [1967]),�no� artigo� “Logic� and�Conversation”,�não�usou� a�palavra� implícito,�no�entanto,�hoje,�podeͲse�dizer�que�Grice,�com�a�descrição�das�regras�que�regem�(ou�devem�reger)� uma�conversação�e�as�consequências�do�não�cumprimento�dessas�regras,�ofereceuͲnos�uma�perspectiva�para� ‘olhar’� (investigar/compreender/descrever)� os� implícitos� linguísticos� e� os� pragmáticos:� implicaturas� convencionais�e�não�convencionais.�� Para� estabelecer� (descrever)� as� regras� que� regem� o� diálogo,� Grice� parte� da� hipótese� de� que� os� participantes� de� uma� interação� fazem� esforços� cooperativos;� se� não� inicialmente,� mas� no� decorrer� da� interação�esses�esforços� são�verificados,�caso�contrário�não�há�comunicação.� �Essa�hipótese�deu�origem�ao� princípio�geral�da�conversação:�o�PRINCÍPIO�DA�COOPERAÇÃO.�� Além�desse�princípio,�Grice�(1982,�p.�86Ͳ88)�postula�quatro�categorias,�com�máximas�e�submáximas,�as� quais�devem�ser�cumpridas�para�que�uma�interação�(conversação)�seja�bem�sucedida.� � � I) Categoria�da�quantidade�–�“está�relacionada�com�a�quantidade�de�informação�a�ser�fornecida�e�a�ela� correspondem�as�seguintes�máximas:� 1. Faça�com�que�sua�contribuição�seja�tão� informativa�quanto�requerido�(para�o�propósito�corrente� da�conversação).� 2. Não�faça�sua�contribuição�mais�informativa�do�que�é�requerido.”� � II) Categoria�da�qualidade�–�encontramos�a�supermáxima:�“Trate�de�fazer�sua�contribuição�que�seja� verdadeira.”,�com�duas�máximas:� 1. “Não�diga�o�que�você�acredita�ser�falso.� 2. Não�diga�senão�aquilo�para�que�você�possa�fornecer�evidência�adequada.”� � �����III)�Categoria�da�relação�–�a�máxima�proposta�é:�“Seja�relevante”.� � IV) Categoria�do�modo�–�refereͲse�“a�como�o�que�é�dito�deve�ser�dito”.�A�super�máxima�é:�“Seja�claro”,� com�várias�máximas:� 1. “Evite�obscuridade�de�expressão.� 2. Evite�ambigüidades.� 3. Seja�breve�(evite�prolixidade�desnecessária).� 4. Seja�ordenado.”� � LETRAS�|��29� � Essas�quatro�categorias,�com�suas�supermáximas,�máximas�e�submáximas,�foram�propostas,�para,�com� o�princípio�da�cooperação,�regerem�um�conversação�(interação)�bem�sucedida.�Então,�para�que�se�tenha�uma� interação� ‘feliz’� é� preciso� que� essas� categorias� sejam� observadas� em� toda� interação.� Sendo� que� a� não� observância,�de�forma�não�intencional,�de�um�desses�preceitos�poderá�acarretar�ruídos�e�malͲentendidos.�� Portanto,� conhecer� essas� categorias� que� podem� garantir� uma� interação� satisfatória� pode� ser� um� instrumento�para�o�professor�de� língua�materna�utilizar�tanto�na�produção�quanto�na�correção�de�textos�de� gêneros�textuais�os�mais�diversos.�Com�as�devidas�adequações�ao�gênero�em�questão,�é�possível�utilizar�essas� categorias�como�critérios�concretos�para�ensinar�a�produzir�textos�e�também�avaliar�textos�produzidos�em�sala� de�aula,�como�mostraremos�posteriormente.� Primeiramente,� nos� deteremos� no� objetivo� de� Grice� (1982� [1972])� –� � oferecer� subsídios� para� responder�à�pergunta:�Como�é�possível�dizer�mais�do�que�está�‘literalmente’�dito�linguisticamente?,�através�da� quebra�de,�pelo�menos,�uma�dessas�categorias.�Em�outras�palavras,�o�interesse�do�filósofo�era�verificar�como,� respeitando� o�princípio�da� cooperação,�mas�quebrando�uma�dessas�máximas,�o� locutor� consegue�dizer� ao� interlocutor�mais�ou�além�do�que�está�dito;�e�por�outro�lado,�como�o�interlocutor�consegue�também�ler�mais� do�que�está�dito�na�estrutura�linguísticoͲdiscursiva.� � AS IMPLICATURAS � Inicialmente,�Grice�introduz�o�conceito�de�implicatura�Ͳ�as�informações�implicitadas,�propositalmente� pelo�locutor�(falante/escritor),�com�o�objetivo�de�transmitir�algo�mais�ao�interlocutor�(ouvinte/leitor).� Dois� tipos� de� implicaturas� são� estabelecidos� por�Grice� (1982):� a� implicatura� convencional� e� a� não� convencional�(a�implicatura�conversacional):� Implicatura�convencional�–�é�uma�inferência�resultante�do�significado�convencional�das�palavras.� Ele é um inglês; ele é, portanto, um bravo. (GRICE, 1982, p. 84.) � Nesse�exemplo,�constatamos�que�a�inferência�de�que�o�fato�de�ser�bravo�é�uma�consequência�de�ser� inglês� advém� da� presença� do� termo� linguístico� portanto.� Ou� seja,� a� inferência� aqui� não� é� estritamente� contextual,�ela�é�possibilitada�pela�presença�de�um�termo�que�tem�como�significado�convencional� introduzir� uma�conclusão�ou�consequência.� � LETRAS�|�30� � �Implicatura�não� convencional� (doravante� implicatura� conversacional)�–� “inicialmente�ao�menos,�os� implicitados�conversacionais�não�são�parte�do�significado�das�expressões�cujo�uso�os�produz”.� (GRICE,�1982,� p.103)�� Embora�tenha�proposto�dois�tipos�de�implicaturas�as�quais�correspondem,�grosso�modo,�aos�implícitos� linguísticos� e� aos� pragmáticos,� Grice� estava� interessado,� como� confessa,� somente� nas� implicaturas� conversacionais�advindas�da�quebra�proposital�de�uma�das�máximas�propostas�por�ele.�SalienteͲse�que,�nas� condições� estabelecidas� por� Grice,� a� quebra� de� uma� das� máximas� acontece� em� um� contexto� em� que� o� princípio�da�cooperação�está�sendo�observado�pelos�participantes.� Segundo� Levinson� (2007,� p.� 140),� é� possível� derivar� um� padrão� geral� para� o� cálculo� de� uma� implicatura:� � (i) “F�disse�que�p� (ii) não� há� razão� para� pensar� que� F� não� está� observando� as� máximas� ou,� pelo� menos,� o� princípio� cooperativo� (iii) para�que�F�diga�que�p�esteja�realmente�observando�as�máximas�do�princípio�cooperativo,�F�deve�pensar� que�q� (iv) F�deve� saber�que� é� conhecimento�mútuo�que�q�deve� ser� suposto�para�que� se� considere�que� F� está� cooperando� (v) F�não�fez�nada�para�impedir�que�eu,�o�destinatário,�pensasse�que�q� (vi) portanto,�F�pretende�que�eu�pense�que�q�e,�ao�dizer�que�p�comunicou�a�implicatura�q”�� � Nessas� condições,� Grice,� segundo� Levinson� (2007),� isola� as� cinco� propriedades� essenciais� das� implicaturas�conversacionais:� � a) Canceláveis� (ou�anuláveis)�–� “uma� inferência�é�anulável� se�é�possível� canceláͲla�acrescentando� algumas� premissas� adicionais� às� premissas� originais.”� (p.142)� As� implicaturas,� de� acordo� com� Levinson,�seriam�semelhantes�aos�argumentos�indutivos.� � b) Não�destacáveis�–�“Grice�quer�dizer�que�a�implicatura�está�ligada�ao�conteúdo�semântico�do�que�é� dito,� não� à� forma� lingüística,� e,� portanto,� as� implicaturas� não� podem� ser� retiradas� de� um� enunciado�simplesmente�trocando�as�palavras�do�enunciado�por�sinônimos�[...]�com�exceção�das� que�surgem�através�da�máxima�de�modo.”�(p.�144Ͳ145)� c) Calculáveis� –� “[...]� deve� ser� possível� construir� um� argumento,� demonstrando� que,� a� partir� do� significado� literal� ou� do� sentido� da� enunciação,� por� um� lado,� e� do� princípio� cooperativo� e� das� � � d) � � � TEXTOS CO � � Veja das�máxima outra(s);�ou considerada � Máxima�da informação quantidade e�a(s)�intenç � máximas,�p cooperação Não� conve lingüísticas. OM QUEBR amos,�agora as.�É�preciso u�muitas� vez a,�naquele�co �quantidade ,�ou�menos,� �de�informaç ção(ões)�do� or�outro,�se o�presumida. encionais� –� ”�(p.�145)� RAS DE MÁ ,�situações�d o�salientar�q zes� a�quebra ontexto,�a�m e:�nos�exemp do�que��requ ções�conside locutor.� gueͲse�que�u ”�(p.145)� “[...]� não� ÁXIMAS – I de�interação ue,�em�muit a�de�uma�m mais�importan plos�abaixo,� uerido�naque erando�o�gên RESUMO: enuncia hipótese regra�par que�o�o Essa� PRINCÍ quatro� cumprid Grice�aind a�qual�ge um�destinatá fazem� par MPLICATU o�em�que�con tas�situaçõe máxima�é�efe nte.� constataͲse� ela�situação. nero�textual, :�Paul�Grice�( do�comunica e�que�direcio ra�que�o�falan ouvinte�capte hipótese�de ÍPIO�DA�COO categorias,�c as�para�que� da�investiga� ra�as�implica ário�faria�a�i rte� do� sign URAS CONV nstatamos�a� s,�a�quebra� etuada�para� a�quebra�da .�Respeitar�a ,�o�objetivo�d (1982�[1967] ar�mais�do�q ona�a�sua�pe nte�diga�mai e�a�informaçã u�origem�ao� PERAÇÃO.�A com�máxima uma�interaç os�efeitos�da aturas�conve prag nferência�em ificado� con VERSACION quebra,�inte de�uma�má preservar�o �máxima�da� �máxima�de� da�interação ),�intrigado�c ue�o�sentido squisa�e�teo s�do�que�est ão�adicional� princípio�ge Além�desse�p s�e�submáxim ção�(conversa a�quebra�vol ersacionais�– gmático. LETRAS�|��3 m�questão�p vencional� d NAIS encional,�de xima�acarre outra�máxim quantidade� quantidade� o,�o�interlocu com�a�possib o�literal�veicu ria�proposta tá�dito�literal que�a�intera ral�da�conve rincípio,�Gric mas,�as�quai ação)�seja�be untária�dess um�dos�tipo 31� ara�preserva das� express �uma�(ou�m ta�a�quebra ma,�por� ser�e por�haver�m é�saber�dosa utor,�o�conte bilidade�de�u ula,�levanta�a :�deve�haver mente�e�par ação�veicula.� ersação:�o� ce�postulou� s�devem�ser� em�sucedida sas�categoria os�de�implícit ar�a� ões� � ais)� �de� esta� mais� ar�a� exto� m� a� r� ra� .� s,� to� � LETRAS�|�32� � E* Por que o senhor não estudou? I* É: :: num estudei porque num num de:u, sabe? Num quis, né? Num gostava mesmo, :: porque só só queria trabalhaO mesmo e brincaO :: e minha mãe era do interioO, ficô grávida de mim, né? :: aí veio pra cá. pa capital, né? A agente era era era do Catolé do Rocha. Aí: :: nasci, né? quando eu tinha nove anos ela morreu. :: Aí eu sô criado [PÓ-] fui criado também como como se da famüia mesmo{inint}onde eu moro lá. Gente muito boa lá, muito boa pa mim. (01.AFD.M) � A�resposta�do� informante,�do�corpus�do�VALPB7,�apresenta� informações�que�ultrapassam�o�conteúdo� esperado�como� resposta.�No�entanto,�constataͲse�que�essas� informações�adicionais�são�apresentadas�como� justificativa�para�a� interrupção�dos�estudos.� �Então,�a�quebra�da�máxima�da�quantidade�é�consciente�e�com� objetivos�os�quais�o�informante�espera�sejam�captados�pelo�entrevistador.� � A) - João é um bom aluno? B) - É o melhor jogador de futebol da escola. � � Situemos�a� interação�acima:� João�candidataͲse�a�uma�bolsa�no�programa�de�bolsas�da�escola�o�qual� tem�como�requisitos,�para�seleção�de�alunos,�o�bom�desempenho�em�sala�de�aula.�A�(presidente�da�comissão� de�bolsas)�faz�a�pergunta�acima�a�B�(professor�de�Matemática�de�João).�Com�a�resposta�dada�por�B,�A�precisa� fazer�algumas�inferências�para�chegar�a�uma�possível�leitura:�B�está�sendo�cooperativo�quando�disse�que�João� “É�o�melhor� jogador�de� futebol�da�escola”;�portanto�A�precisa� inferir�que�B�está�dizendo�mais�do�que�está� literalmente�expresso�(p)�e�que�B�pretende�que�A�identifique�o�que�Grice�chamou�de�q�(a�inferência�implicitada� pela�quebra�da�máxima).�Uma�das�possíveis� inferências,�a�partir�do�contexto�descrito,�é�que� João�não�é�um� bom� aluno,� considerando� os� parâmetros� exigidos� para� ser� bolsista.� Nessa� interação,� além� da� quebra� da� máxima� da� quantidade,� foram� fornecidos� menos� informações� do� que� se� esperava,� podeͲse� dizer� que� há� também�a�quebra�da�máxima�da�relação,�pois�podeͲse�pensar�que�a�resposta�dada�por�B�não�é�relevante�para� a�pergunta�feita�por�A.� � O�excesso�de� informações�também�afeta�o�critério�de�relevância,�pois�dizer�mais�do�que�é�requerido� não�é�adequado,�exceto�se�o�objetivo�é�dizer�mais�do�que�é�aparentemente�dito.� � As�frases�conhecidas�como�tautológicas�também�podem�figurar�como�exemplos�de�textos�que�violam�a� máxima� da� quantidade,� sendo,� por� um� lado,� circulares,� redundantes� e,� por� outro,� dizem� menos� do� que� deveriam�dizer,�ou�seja,�são�menos�informativas�do�que�o�requerido.� ������������������������������������������������������������ 7�Projeto�de�Variação�Lingüística�do�Estado�da�Paraíba,�coordenado�pelo�professor�doutor�Dermeval�da�Hora�de�Oliveira. LETRAS�|��33� � Criança é Criança! Guerra é guerra! Surpresa inesperada! Acabamento final! Elo de ligação! ���� � Os� dois� primeiros� exemplos� Ͳ� Criança� é� Criança!� e�Guerra� é� guerra!Ͳ� podem� também� aparecer� em� contextos�que�estejam� sendo�utilizados�para� responder�a�perguntas�do� tipo�Defina�o�que�é� ser�criança?�ou�� Defina�o�termo�guerra.�Nesses�dois�contextos,�desde�que�se�suponha�que�o�locutor�desses�enunciados�esteja� sendo� cooperativo,� haverá� a� quebra� da� relevância� cuja� intenção� caberá� o� interlocutor� buscar� identificar.� Nesses�dois�casos,�teríamos�a�quebra�de�duas�máximas:�a�da�quantidade�e�a�da�relevância.� � � Máxima�da�qualidade:�a�quebra�da�supermáxima�“Trate�de� fazer�sua�contribuição�que�seja�verdadeira.”� faz� com� que� o� interlocutor� identifique� no� texto� uma� incoerência,� caso� não� se� ressalte� que� essa� declaração� ‘aparentemente�falsa’�tem�como�objetivo,�por�parte�do�locutor,�dizer�algo�mais,�podendo�fazer,�inclusive,�com� que�surjam�as�ironias.� � A – Você está horrível com esse vestido! B - Eu também amo você! � � � Levinson�(2007)�faz�o�seguinte�comentário�para�uma�interação�semelhante�a�essa:� � Qualquer� participante� razoavelmente� informado� saberá� que� a� enunciação� de� B� é� escandalosamente�falsa.�Sendo�assim,�B�não�pode�estar�tentando�enganar�A.�A�única�maneira� pela�qual�a�suposição�de�que�B�está�cooperando�pode�ser�mantida�é�se�interpretarmos�que�B� quer�dizer�algo�um� tanto�diferente�daquilo�que�efetivamente� foi�dito.�Ao�procurarmos�por� uma� proposição� relacionada,� mas� cooperativa,� que� B� pode� estar� pretendendo� comunicar,� chegamos�ao�oposto,�ou�negação,�do�que�B�formulou[...].�(p.136)� � � No�nosso�exemplo,�provavelmente�B�está�querendo�dizer�a�A:�“Eu�também� �odeio�você!”.�Mas�para� que� se� possa� chegar� a� essa� inferência,� conhecimentos� partilhados� e� culturais� precisam� ser� recuperados,� partindo�inicialmente�da�suposição�de�que�B�está�sendo�cooperativo.� � LETRAS�|�34� � Vejamos�mais�situações�em�que�a�supermáxima�“Trate�de�fazer�sua�contribuição�que�seja�verdadeira.”� está�sendo�violada�intencionalmente:� � Um edifício estava pegando fogo, e todos corriam para a saída de emergência. Alguém pergunta: A - É um incêndio? B - Não, é a minha mulher que está assando uma pizza! �������������O�presidente�Lula,�ao�ser�perguntado�por�um�jornalista:� A - O senhor acha que a CPI da Petrobrás vai terminar em pizza? Ele respondeu: B - Todos eles são bons pizzaiolos. (15/07/09) � Nas�duas�interações�acima,�a�primeira�do�gênero�textual�piada�e�a�segunda�fragmento�de�uma� entrevista�feita�por�um�repórter�de�televisão�com�o�presidente�Luís�Inácio�da�Silva�(Lula),�constataͲse� que,�mesmo� em� gêneros� diferentes,� há� a� quebra� da�máxima� da� qualidade,� porém� com� objetivos� diferentes.�� Na�piada,�a�quebra�da� supermáxima� “Trate�de� fazer� sua� contribuição�que� seja� verdadeira.”� funciona� como� desencadeador� (ativador)� da� ironia� que� gera� o� riso,� pois� a� uma� pergunta� não� relevante�cabe�uma�resposta�também�não�verdadeira,�que,�por�sua�vez,�também�se�caracteriza�como� uma� resposta� não� relevante.� Essa� característica� permite� observar� que� a� quebra� da� máxima� da� qualidade,� nessa� situação,� também� gera� a� quebra� da� máxima� da� relevância.� Como� já� foi� dito� anteriormente,�há� situações�em�que�a�quebra�de�uma�máxima�desencadeia�a�quebra�de�outra(s),� sendo�que,�às�vezes,�tornaͲse�difícil�enquadrar�a�quebra�em�uma�ou�em�outra�categoria.�� Na�entrevista,�constataͲse�que�houve�também�a�quebra�“Trate�de�fazer�sua�contribuição�que� seja� verdadeira.”,� porém� com� objetivos� diferentes� daqueles� que� constatamos� na� piada.� Nessa� entrevista,� o� presidente� talvez� por� não� ter� condições� de,� com� certeza,� dar� uma� resposta� para� a� pergunta�feita�pelo�repórter,�resolve�ironizar,�aparentemente�sendo�irrelevante,�porém�poderá�estar� dizendo�que�os�parlamentares�não� são�pizzaiolos,�embora� saibaͲse�que,�metaforicamente,� as�CPIs� terminam�em� ‘pizza’.� SalienteͲse�que,� subsequentemente�a�esse�episódio,� ao� ser�questionado�por� essa� resposta,�o�presidente�disse�que�não�pretendia�ofender�ninguém.�Nessa� interação,� como�em� outras� já�mostradas,�poderͲseͲia�apontar�outra�quebra�de�máxima,�a�da� relevância,�provando�que� LETRAS�|��35� � quase�sempre�a�não�observância�de�uma�máxima�acarreta�a�de�outra�ou�é�consequência�de�outra� quebra.� Embora�os�dois�textos�pertençam�a�dois�gêneros�textuais�diferentes,�de�acordo�com�Levinson� (2007,�p.�136),�“Se�não�houvesse�nenhuma�suposição�subjacente�de�cooperação,�os�receptores�das� ironias�deveriam�simplesmente�ficar�perplexos;�nenhuma�inferência�poderia�ser�extraída.”.� � Máxima�da�relação:�nos�textos�abaixo,�constataͲse�a�quebra�da�máxima�“seja�relevante”,�porém�ressaltando� que�essa�quebra�é�proposital,�portanto�o�interlocutor�precisa�partir�da�presunção�de�que�o�locutor�está�sendo� cooperativo,�então�está�dizendo�algo�a�mais�do�que�está�dito�‘literalmente’�e�cabe�àquele�buscar,�através�de� inferências,�essa�informação�extra.��� � Inicialmente,� apresento� duas� perguntas� com� as� respectivas� respostas� de� uma� entrevista� feita� pela� Rede�Globo�de�Televisão� com�o� candidato�a�Presidente�da�República,� Luiz� Inácio� Lula�da� Silva.�À�época�da� entrevista,�Lula�era�candidato�ao�segundo�mandato�à�presidência�do�Brasil,�por�isso�estava�sendo�questionado� sobre�o�escândalo�do�mensalão,�colocado�a�público�no�seu�primeiro�mandato.���� � Fátima Bernardes: O senhor acha então que o senhor também errou, presidente, no caso dessas denúncias, o senhor também teria errado? O que o senhor poderia fazer de diferente no caso de um novo mandato? Lula: Eu só poderia fazer diferente se eu soubesse antes. Eu soube depois que aconteceu. O dado concreto, Fátima, é que muitas vezes, ou por uma fé, ou quem sabe até porque estamos vivendo uma guerra política, as pessoas ousam dizer o seguinte: "olha, mas o presidente deveria saber de tudo". Ora, vamos ser francos, vamos ser honestos entre nós. Está cheio de famílias que têm problema dentro de casa e a familia não sabe. Está cheio de pai e mãe que ficam sabendo que o seu filho cometeu um delito pela imprensa, ou quando a policia prende. Como é que pode alguém querer que o presidente da República, embora tenha que assumir responsabilidade por todos os lados, saiba o que está acontecendo agora na Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo ligada ao Ministério da Agricultura. Como é que eu posso saber agora o que está acontecendo com os meus ministros que não estão aqui? (entrevista 10/08/06 na Rede Globo) Fátima Bernardes: Mas o fato dele (Paulo Okamoto), de aliados dele, terem tentado tanto bloquear aquela quebra de sigilo, não pode levar o eleitor a pensar que havia algo a esconder? Lula: É um direito dele não querer quebrar o sigilo dele. É um direito de qualquer cidadão. Amanhã, isso pode estar acontecendo com você, pode estar acontecendo comigo, pode estar acontecendo com o William e nós vamos utilizar todos os mecanismos que o direito nos dá para que nós possamos nos defender. (entrevista 10/08/06 na Rede Globo) � � Analisando�as�respostas�do�presidenciável,�à�luz�da�máximas,�constataͲse�que�as�duas�perguntas�feitas� pela�entrevistadora�ficaram�sem�respostas�adequadas�para�a�situação,�porém,�partindo�da�presunção�de�que�o� � LETRAS�|�36� � locutor� (Lula)� estava� sendo� cooperativo,� ou� seja,� que� o� candidato� entendeu� a� pergunta,� e� que� respondeu� dessa�forma�intencionalmente,�cabe�à�entrevistadora,�como�aos�ouvintes�(leitores),�buscar�a�informação�extra� que� estava� sendo� comunicada� pelo� candidato.� Da� forma� como� as� perguntas� foram� respondidas,� o� presidenciável�não�se�comprometeu�literalmente�com�o�escândalo�vivenciado�pelo�PT,�porém�deixou�margem� para�julgaremͲno�culpado�ou�inocente.� Nesse�contexto,�a�máxima�“seja�relevante”�foi�violada�deliberadamente�pelo� locutor�(candidato�Lula)� por,� sabermos,� naquele� contexto� ter� de� agradar� gregos� (seu� partido)� e� troianos� (oposição� ‘solidária’)� e� principalmente� não� poder� se� comprometer� perante� seus� milhões� de� eleitores� que� assistiam� à� entrevista.� SalienteͲse�que�a�quebra�que�chama�a�atenção�é�a�da�relevância,�no�entanto,�para�quebrar�essa,�outra�máxima� também�foi�quebrada:�a�da�quantidade�na�primeira�pergunta;�na�segunda,�podeͲse�constatar�que�a�quebra�da� máxima�da�relevância�pode�ter�tido�a�função�de�preservar�a�supermáxima�“Trate�de�fazer�sua�contribuição�que� seja�verdadeira.”.�� � A� seguir� apresentaremos� a�quebra�da�máxima� “seja� relevante”� em� charges,� em�que� a� quebra� tem� função� semânticoͲdiscursiva�diferente�da� constatada�na�entrevista�anterior.�O�gênero� textual� charge� tem�a� função�social�de�criticar�situações�cotidianas�as�mais�diversas,�através�do�humor�gerado�por�vários� recursos� linguísticoͲdiscursivos.�Apresentamos�aqui�algumas�charges�cujo�recurso�gerador�do�riso�é�a�quebra�da�máxima� da�relação.� � � � (Disponível�em:�<http://www.humortadela.com.br>Acesso�em:�04�jul.�2009)� � � Nessa�charge,�é�abordado�um�tema�do�cotidiano,�salienteͲse�atemporal,�e,�para�se�chegar�um� dos�possíveis�sentidos,�é�preciso�que�o�leitor�identifique:� LETRAS�|��37� � 1) Os�personagens�ou�os� fatos�a�que�o� texto� faz� referência�–�na�perspectiva�polifônica,�os� textos�com�os�quais�esse�texto�dialoga;� 2) o� contexto� sócioͲhistórico�e/ou�político� e� as� circunstâncias� em�que�o� fato� referenciado� aconteceu;�ou�seja,�recuperação�da�enunciação;� 3) os�elementos�lingüísticos,�quando�houver;�4) as� possíveis� intenções� do� chargista,� considerando� o� lugar� de� onde� ele� enuncia� (se� é� através�de� jornal,�revista,�ou�sem�vínculo�com�nenhum�meio�de�comunicação,�produção� independente).�(ESPÍNDOLA,�2001,�p.�110Ͳ111).� Após,�serem�recuperadas�essas� informações,�constataͲse,�na�charge,�que�as�palavras�da�mãe� não�são�adequadas�à�situação�que�o� texto�não�verbal�revela� (mostra).�VerificaͲse�que�o�que�é�dito� pela�mãe�não�é�relevante�para�a�situação�em�que�se�encontram�mãe�e�filho.� Considerando� o� texto� não� verbal� (ancoragem� da� charge),� constataͲse� que� o� chargista� apresenta�dois�personagens� (mãe�e� filho)� interagindo,�porém�a�mãe�dirigindoͲse�ao� filho� com�um� enunciado�quase�que�absurdo�para�o�contexto.�Porém,�como�nos�outros�gêneros�apresentados,�os� leitores� da� charge� precisam� partir� da� presunção� de� que� o� chargista,� ao� apresentar� esse� diálogo� ‘anormal’�em�um� lixão,�está�sendo�cooperativo�com�seus� leitores,�portanto�estaria,�com�esse�texto,� veiculando�uma� informação�extra,�além�do�dito.�A�quebra�da�máxima�‘seja�relevante’� leva�o� leitor�a� buscar� a� intenção� do� locutor,� aqui� o� chargista,� que� poderia� ser� uma� crítica� aos� governantes,� por� permitirem�que�pessoas�tenham�de�recorrer�ao� lixão�para�sobreviverem.�A�quebra�gera�o�riso,�mas,� na�charge,�geralmente�é�uma�forma�de�crítica.�� � � Disponível�em:�<http://www2.uol.com.br/angeli/chargeangeli>.�Acesso�em:�05�jul.�2009.� � �Nessa�charge,�como�já�colocado�anteriormente,�também�é�preciso�que�sejam�recuperados�os� conhecimentos�prévios�necessários�para�que�se�possa�fazer�uma�das� leituras�possíveis.�A�quebra�da� � LETRAS�|�38� � máxima�da� relevância�novamente�é�utilizada�aqui�pelo� locutor� (chargista),�agora�na� resposta�dada� pelo� entrevistado� a� um� programa� de� televisão.� Aparentemente,� dirͲseͲia� que� o� entrevistado� não� entendeu�a�pergunta�do�entrevistador,�porém,�essa� inferência�fica� invalidada�ao�se�recuperar�nossa� história,�principalmente,�o�período�de�ditadura�por�que�os�brasileiros�passaram�e�a�fase�atual�em�que� a�ditatura�tem�sido�reconhecida�pelos�governantes.� A� partir� dessa� constatação,� resta� ao� leitor� fazer� suas� inferências,� considerando� que� o� personagem� colocado� no� papel� de� entrevistado� (provável� ‘ator’� do� período� da� ditadura� por� suas� características� físicas),� está� sendo� cooperativo� na� entrevista,� portanto,� se� deu� uma� resposta� inadequada�o�fez�com�uma� intenção.�Nesse�caso,�é�preciso�buscar�uma� inferência�que�traduza�essa� possível�intenção.�� A�charge�abaixo�também�é�uma�crítica,�através�do�humor,�utilizandoͲse�do�recurso�da�quebra� da� máxima� da� relevância.� ConstataͲse,� no� texto,� uma� resposta,� aparentemente,� inadequada� à� pergunta� feita� pela� pessoa� que� está� sendo� detida� por� um� policial� da� Polícia� Federal.� O� título� da� charge� faz� referência� a�escândalo� fiscal�de�uma� empresa�brasileira.�Novamente,�para� se� chegar� à� informação�extra�que�o� locutor� (chargista)�pretende�divulgar,�é�preciso�partir�da�presunção�de�que� ele� está� sendo� cooperativo� e� de� que� a� quebra� da� máxima� por� um� dos� personagens� da� charge� é� intencional.� � Disponível�em:http://www.chargeonline.com.br�Acesso�em:�05�de�jul.�2009.� LETRAS�|��39� � É�preciso�salientar�que�a�quebra�da�máxima�da�relação�é� feita�deliberadamente,�para,�muitas�vezes,� preservar�a�supermáxima�“Trate�de�fazer�sua�contribuição�que�seja�verdadeira.”.� � (A) - Que significa "pressuposição"? (B) - Consulte uma obra de semântica. (A) - Que horas são? (B) - Já é tarde. (A) - Você me ama? (B) - Eu gosto de estar em sua companhia. � � Nas�três�interações�acima,�constataͲse�que�todas�as�respostas�não�são,�aparentemente,�adequadas�às� perguntas,� porém� percebeͲse� que� o� locutor� através� dessa� quebra� (estratégia)� está� sendo� cooperativo� e� protegeͲse� para� não� ser� acusado� de� não� ter� dito� a� verdade.� Porém,� constataͲse� que,� em� cada� uma� das� situações,�as�informações�intencionalmente�veiculadas�são�as�mais�diversas,�ficando�a�cargo�dos�interlocutores� (leitores)�identificáͲlas.�� � � Máxima�de�modo:�quebrar�essa�máxima�significa�não�seguir�um�desses�preceitos:� 1. “Evite obscuridade de expressão. 2. Evite ambigüidades. 3. Seja breve (evite prolixidade desnecessária). 4. Seja ordenado.” � Muitas�vezes,�quando�constatamos�a�quebra�de�uma�das� três�outras�máximas,�é�em�decorrência�da� quebra�de�um�dos�preceitos�da�categoria�do�modo.�Por�exemplo,�a�quebra�da�máxima�da�quantidade,�nos�dois� exemplos� tratados� naquele� espaço,� está� diretamente� ligada� ao� fato� de� o� informante� não� ter� respeitado� o� preceito�“seja�breve”�na�interação:� � E* Por que o senhor não estudou? I* É: :: num estudei porque num num de:u, sabe? Num quis, né? Num gostava mesmo, :: porque só só queria trabalhaO mesmo e brincaO :: e minha mãe era do interioO, ficô grávida de mim, né? :: aí veio pra cá. pa capital, né? A agente era era era do Catolé � LETRAS�|�40� � do Rocha. Aí: :: nasci, né? quando eu tinha nove anos ela morreu. :: Aí eu sô criado [PÓ-] fui criado também como como se da famüia mesmo{inint}onde eu moro lá. Gente muito boa lá, muito boa pa mim. (01.AFD.M) � A�interação�abaixo,�por�outro�lado,�cuja�máxima�da�quantidade�também�foi�quebrada�por�dizer�menos� do�que�deveria�ter�dito�para�a�situação,�quebra,�também,�a�máxima�da�relação.� � A) - João é um bom aluno? B) - É o melhor jogador de futebol da escola. � Submetendo�as� implicaturas�conversacionais� levantadas�nos� textos�aos�critérios�propostos�por�Grice� (1982),� é� possível� verificar� que� todas� as� quebras� de� máximas� geradoras� de� implicaturas� denominadas� conversacionais� são:� canceláveis,� pois� não� estão� previstas� na� significação� das� expressões� que� compõem� a� estrutura� linguística;�não�destacáveis,�pois�as� implicaturas�estão� ligadas�ao�sentido�e�ao�contexto,�portanto� mudar�a�estrutura�não�as�elimina;�calculáveis,�são�calculadas,�pois�a�partir�da�presunção�de�que�o�locutor�está� sendo� cooperativo,� está� dizendo� algo� através� da� quebra;� portanto,� cabe� ao� interlocutor� calcular� qual� a� informação� extra� que� lhe� está� sendo� enviada;� não� convencionais,� pois� todas� os� exemplos� de� implicaturas� acima�não�estão�previstos�no�significado�convencional�das�expressões�linguísticas.� � AS MÁXIMAS CONVERSACIONAIS E O ENSINO DE PRODUÇÃO TEXTOS A�violação�intencional�das�máximas�conversacionais�gera�as�implicaturas��conversacionais�privilegiadas� até�aqui,�as�quais� constituem�um� implícito�pragmático.�No�entanto,�a�máximas�propostas�por�Grice� (1982)� também�podem� ser� violadas�não� intencionalmente,�por�desconhecimento�das� regras�de� construção�de�um� texto� de� determinado� gênero.� Nesse� contexto,� quero� fazer� algumas� ponderações� sobre� a� quebra� dessas� categorias,� a�qual� gera�um� texto� com�determinada� incoerência�ou� gera�um� ruído�não� intencional� em�uma� interação.� As�máximas�conversacionais�de�Grice,�embora�tenham�sido�pensadas�para�o�contexto�da�conversação,� podem� ser� utilizadas� para� o� ensino� de� produção� textual,� bem� como� critérios� para� a� correção� de� textos,� considerando�as�características�macro�e�micro�do�gênero�a�que�o�texto�pertence.� LETRAS�|��41� � Para�exemplificarmos�esse�possível�uso�da�teoria,�tomamos�a�proposta�da�primeira�questão�da�prova� de�redação�do�PSS�2009�da�Universidade�Federal�da�Paraíba,�que�apresentou�a�foto�de�um�menino�quebrando� pedra�e�o�seguinte�comando:�� ImagineͲse�no�papel�de�um�repórter�que�comparece�ao� local�onde�ocorreu�o�fato�retratado.� Redija�um�texto�para�ser�publicado�no�jornal�em�que�você�trabalha,�noticiando�esse�fato.�Para� tanto,�observe�as�seguintes�orientações:� •�Siga�a�estrutura�de�uma�notícia;�•�Redija�seu�texto�com,�no�mínimo,�12�linhas,�e,�no�máximo,�com�15�linhas;� •�Use�a�norma�padrão�da�língua�escrita.� � � Observemos�as�máximas:�de�quantidade,�qualidade,�relação�e�modo�no�texto�abaixo,�considerando�o� gênero�que�foi�solicitado:�uma�notícia.� � � Se� aplicarmos� essas� máximas,� para� verificarmos� se� esse� texto� atende� ao� mínimo� que� requer� uma� interação�escrita�em�forma�de�notícia,�podeͲse,�de�forma�bastante�superficial�neste�espaço,�fazer�as�seguintes� observações.� � Para� verificar� se� a� máxima� da� quantidade� é� satisfeita,� inicialmente,� é� preciso� observar� quais� informações�são�requeridas�pelo�gênero�notícia,�e�consultando�os�livros�da�área,�constatamos�que�alguns�itens� precisam�estar�presentes:�quem,�onde,�quando,�o�quê�e�como�(se�possível),�os�quais�determinarão,�inclusive,�a� quantidade� de� informações.� ConstataͲse� que� os� quatro� primeiros� itens� aparecem� no� primeiro� parágrafo,� mesmo�que�o�quê�esteja�relatado�de�forma�bastante�superficial.�No�segundo�parágrafo,�esperavaͲse�um�maior� detalhamento�do�fato�noticiado,�porém�o�que�se�encontra�é�um�ponto�de�vista�do�redator�sobre�o�assunto.�O� nível�informativo�e�de�argumentividade,�de�acordo�com�gênero,�poderia�ser�avaliado�nessa�máxima.� � LETRAS�|�42� � � A�máxima�da�qualidade�parece�estar�sendo�satisfeita,�pois�o�problema�noticiado�no� texto�advém�de� outras� notícias� e� reportagens� veiculadas� em� meios� de� comunicação� do� estado.� E,� nesse� ponto,� é� preciso� trabalhar� com� os� alunos� o� fato� de� que� há� gêneros,� por� exemplo,� a� notícia,� que� requerem� que� os� fatos� divulgados�possam� ser�provados�por�aquele�que�os�divulga.�Ou� seja,�diga� (escreva)�“Não�diga� senão�aquilo� para�que�você�possa�fornecer�evidência�adequada.”.�Porém,�a�modalização�é�um�recurso�muito�usado�nesse� gênero�quando�não�se�tem�todas�as�evidências�de�um�fato�que�está�sendo�divulgado,�ou�não�se�tem�a�certeza� da�autoria.� � Não�se�constata�nenhuma�falta�de�relevância�entre�o�que�foi�solicitado�pelo�enunciado�da�questão�e�o� que� foi� produzido� pelo� candidato.� Teríamos� aqui� um� caso� de� não� relevância,� caso� o� candidato� escrevesse� sobre�um�outro�assunto,�diferente�do��solicitado.� � Com�relação�à�máxima�do�modo,�é�preciso�aqui�parar�e�verificar�o�texto,�considerando�a�norma�padrão� da�língua�portuguesa�no�que�diz�respeito�aos�elementos�de�coesão�em�nível�macro�e�micro�discursivoͲtextual,� de�acordo�com�as�exigências�do�gênero�solicitado.� � Obviamente,�as�máximas�serviriam�de�norte�para�o�professor�que�trabalha�com�produção�de�texto�em� sala�de�aula�e�não�para�comporem�grades�de�correção�de� textos�em�concursos�de�grandes�proporções.�No� entanto,�conhecer�as�máximas�e�as�possibilidades�de�aplicação�pode�servir�de�subsídio�para�professores�que� trabalham�com�leitura�e�escrita�em�todos�os�níveis�de�ensino.���� � � � � � � � � � � � � � IM � � Os� uma�inform Sea � � Par � PLÍCITO LIN atos�de� ling mação�totalm rle�(2002�[19 a�esse�autor � OS LING NGUAG guagem� indir mente�diferen 979])�inicia�a �Os�casos�m quer�signifi significação falante�em mais.�[...]�H e�também�s ,�quando�se� [...]� o� de� s também�qu ato�de�fala� � LEITU signif UN GUÍSTIC GEM IND retos� constit nte,�do�que�e a�abordagem mais� simples�d icar�exata�e�li o� são� tão� sim ite�uma�sente Há�também�ca significar�uma aborda�os�at saber� como� é uerer�significa indireto�quan URA:�SEA ficado.�S NIDAD � � COS E P DIRETO � tuem�outra� está�dito�na�e m�sobre�atos�d de� significação teralmente�o� mples� [...]� Um ença�que�que asos�em�que�o a�outra�elocuç tos�de�fala�in é� possível� pa ar�algo�mais.�[ ndo�a�sentenç ARLE,�Joh São�Paul DE III PRAGM OS (AUS forma�de� se estrutura�ling de�fala�indire o� são�aqueles que�diz.�[...]� ma� classe� imp er�significar�o o�falante�emit ção�com�conte ndiretos,�dois ara� o� falante� ...]�saber�com a�que�ouve�e� hn�R.(20 o:�Marti MÁTICO TIN/SEA e�dizer�mais, guísticoͲdisc etos�assim:� s�em�que�o� f Mas�notoriam ortante� de� c �que�diz,�mas te�uma�senten eúdo�proposic s�problemas� dizer� uma� c mo�é�possível�p compreende� 002)�Exp ins�Fonte LETRAS�|��4 OS: ATO ARLE) ,�ou�em�algu cursiva�do�en falante�emite� mente,�nem�to asos� é� a� daq s� também�qu nça�e�quer�sig cional�diferent se�apresent coisa,� querer� para�o�ouvinte significa�algo� ressão�e es.�p.�47 43� OS DE umas� situaç nunciado.� uma� sentenç odos�os�casos queles� em� qu er�significar�a gnificar�o�que� te.�(p.�47Ͳ48) am:� significáͲla,� m e�compreende mais;�(p.49) e� 7Ͳ79. � ões� ça�e� s�de� ue� o� algo� diz,� mas� er�o� � LETRAS�|�44� � E�para�tentar�responder�(resolver)�a�esses�dois�problemas,�Searle�(2002�[1979])�identifica�dois�atos�em� um� ato� indireto:� um� ato� primário� e� um� ato� secundário.�O� primeiro� (primário)� seria� a� intenção� que� tem� o� locutor�com�determinado�enunciado,�independente�de�estar�explícito�ou�não;�o�segundo�(secundário)�é�o�ato� usado�para� realizar�o�primário,�o� sentido� literal�da� sentença.�E,�para� se�entender�e� chegar�ao�ato�primário� pretendido/realizado�pela�enunciação�de�x,�Searle� (2002),�p.�53Ͳ54)�apresenta�uma�breve� reconstrução�das� etapas,�que,�segundo�ele,�o�ouvinte�(leitor)�realiza,�mesmo�que�automaticamente,�para�derivar�o�ato�primário� do�secundário.� De�acordo�com�Searle�(2002),�para�se�buscar�o�ato�primário�que�está�sendo�realizado�através�de�um� ato�secundário,�lançaͲse�mão�de�um�processo�inferencial�que�está�descrito�em�10�passos�nessa�obra.� E�assim�resume�esse�trabalho�do�interlocutor�(leitor).� � A�estratégia�inferencial�é�estabelecer,�primeiramente,�que�o�propósito�ilocucionário�primário� diverge�do�literal�e,�em�segundo�lugar,�qual�seja�o�propósito�ilocucionário�primário.�[...]�Esse� aparato� inclui� informações� de� base� compartilhadas,� uma� teoria� dos� atos� de� fala� e� certos� princípios�de�conversação.�(p.53)� � Analisemos� a� situação� a� seguir,� em� que� A� recebe� um� convite� para� ir� ao� cinema� e� B� responde,� aparentemente,�de�forma�irrelevante.� A – Vamos ao cinema hoje à tarde? B – Tenho de terminar o material de Pragmática para a EAD. � O�locutor�A�faz�um�convite,�em�forma�de�ato�direto,�e�sua�proposta�é�rejeitada�por�B�de�forma�indireta.� Então,� como� A� entende� que� sua� proposta� está� sendo� rejeitada� ou� que� a� enunciação� de� B� deve� ser� lida� (entendida)�como�uma�rejeição?�Searle�(2002)�diz�que�A,�para�chegar�à�leitura�de�que�o�enunciado�de�B�é�uma� rejeição�ao�seu�convite,�primeiro�realizará�realizar�algumas�etapas� linguísticoͲcognitivas,�as�quais�resumirei�a� seguir.� �A�sabe�que,�ao�fazer�um�convite�a�B,�este�deverá�aceitáͲlo�ou�não.�A�também�sabe�que�B�está�sendo� cooperativo�(princípio�proposto�por�Grice),�portanto�sua�resposta�deve�ser�relevante.�No�entanto,�ao�observar� literalmente�o�que�fora�dito�por�B,�A�constata�que�a�resposta�esperada� Ͳ�aceitação,�recusa�ou�proposta�para� discutir�o�convite�–�não�é�relevante�para�o�convite�feito.�Mas,�recuperando�a�presunção�de�que�B�está�sendo� relevante,�A�precisa�buscar�o�que� está�dito� além�do� sentido� literal� expresso�na� sentença�de�B,�portanto�o� propósito� ilocucionário� (ato�primário)�de�B� �é�diferente�do�expresso� literalmente� (ato� secundário).�A�partir� LETRAS�|��45� � dessa�etapa,�A�buscará�uma�conclusão�(inferência)�probabilística�enquanto�propósito�probabilístico�de�B.�Essa� inferência�só�será�possível�considerando�os�aspectos� já� levantados�e�o�que� fora�dito� literalmente:�Tenho�de� terminar� o� material� de� Pragmática� para� a� EAD.� A� partir� desses� dados,� podeͲse� concluir� que� terminar� o� material� e� ir� ao� cinema�constituem� duas� ações� que� não� podem� ser� realizadas� simultaneamente;� aceitar� a� proposta�de�A,�tendo�essa�tarefa�a�ser,�com�certeza,�realizada,�caracterizaria�uma�incoerência�de�B.�� Para�Searle� (2002),�há�uma� incidência�maior�de�atos� indiretos�no�grupo�dos�diretivos,�em� função�da� polidez,�uma�vez�que,�em�nossa�sociedade,�é�muito�mais�eficiente�uma�ordem�camuflada�de�pedido�do�que�de� forma�literal.� A� polidez� é� a� mais� proeminente� das� motivações� para� pedidos� indiretos� e� certas� formas� tendem� naturalmente� a� tornarͲse� os� meios� polidos� convencionais� de� feitura� de� pedidos� indiretos.�(p.81)� � Assim,�é�muito�mais,�socialmente,�simpático�e�aceitável�pedir�que�se�feche�a�porta�através�da�forma� indireta�“Você�pode�fechar�a�porta?”,�do�que�a�forma�direta�“Feche�a�porta!”.�Os�compromissivos�também�são,� em�muitas�situações,�realizados�através�de�formas�indiretas,�como�os�exemplos�a�seguir:� � Posso levar você ao cinema? Entregarei os dados a você na sua próxima visita. �������� �Acrescento�aos�postulados�de�Searle�(2002)�que�todos�os�atos�ilocucionários�podem�ser�realizados�por� meio�de�um�ato� indireto;�as�condições�enunciativas�e�o�princípio�da�polidez�é�que�determinarão�se�um�ato� ilocucionário,�quer�seja�assertivo,�diretivo,�compromissivo,�expressivo�ou�declarativo,�será�realizado�de�forma� direta�ou�através�de�um�ato�indireto.�� De�acordo�com�Levinson�(2007),�serão�considerados�atos�indiretos�outros�usos�da�linguagem�que�não� estejam�em�conformidade�o�que�está�previsto�abaixo:� � (i) As�performativas�explícitas�têm�a�força�que�é�nomeada�pelo�verbo�performativo�na�oração�matriz� (ii) Ou� então,� os� três� tipos� principais� de� sentenças� em� inglês,� isto� é,� as� imperativas,� interrogativas� e� declarativas,�possuem�as�forças�que�a�tradição�associou�a�elas,�a�saber,�ordenar�(ou�pedir),�interrogar�e� afirmar,�respectivamente�(naturalmente,�com�a�exceção�das�performativas�explícitas,�que�estejam�em� formato�declarativo).�(p.335)� �� � LETRAS�|�46� � Há� pessoas� que� têm� dificuldade� de� pedir� desculpas� utilizando� a� forma� direta� “DesculpeͲme”,� mas� realizam�o�ato�utilizando�outras� formas� indiretas�que� surtem�o�mesmo�efeito:�“Eu�não�queria� ter�magoado� você!”.�“Isso�não�vai�se�repetir!”�(este�pode�ser�classificado�também�como�um�compromissivo).�PareceͲme�que� até�uma�declaração�pode�ser�feita�de�forma�indireta,�observe�a�seguinte�situação.� O� diretor� de� uma� empresa,� ao� constatar� que� um� dos� funcionários� responsáveis� pela� segurança� da� empresa�não�estava�cumprindo�as�normas�de�segurança,�chamouͲo�em�seu�escritório�e�o�demitiu�dizendo:�“A� partir�de�hoje�você�não�trabalha�mais�nesta�empresa!”.�Houve�uma�declaração�com�o�propósito�de�demitir�o� funcionário;�o�diretor� tem�a�autoridade�para� realizar�esse�ato;�o� local�era�adequado;�enfim�as�condições�de� felicidade�foram�satisfeitas�e�o�ato�consumado.�Porém,�o�propósito�de�demitir�foi�realizado�através�de�um�ato� indireto.� Os�atos�assertivos,�pelo�menos�alguns,�também�poderão�ser�realizados�através�de�atos�indiretos.�Por� exemplo,�posso�estar�fazendo�uma�reclamação�de�forma�indireta.�Observe�a�situação.�Contrato�uma�firma�de� vigilância�para�a�segurança�de�minha�casa,�não�satisfeita�com�o�desempenho�dos�funcionários�destacados�para� fazer� a� referida� segurança,� ligo� para� o� diretor� da� firma� e� digo:� “A� firma� não� tem� funcionários� mais� bem� treinados� para� me� enviar?”.� Nesse� contexto,� não� estou� querendo� uma� resposta� à� pergunta,� mas� estou� registrando�que�não�estou�satisfeita�com�o�desempenho�dos�funcionários�que�têm�vindo�fazer�a�segurança�da� minha�casa.�Assim,�o�ato� ilocucionário�primário�que�almejo,�reclamação,�está�sendo�realizado�através�de�um� secundário,�uma�pergunta.�O�diretor,�se�perspicaz,�tomará�as�devidas�providências.� Uma� outra� situação� que� ilustra� um� ato� assertivo� realizado� de� forma� indireta.� Em� um� noticiário� televisivo,�um�repórter�visita�uma�feira�com�objetivo�de�verificar�um�aumento�de�preços�de�frutas�e�verduras� que�estaria�sendo�praticado�a�partir�do�dia�da�visita.�Ao�verificar�que�os�preços�praticados�no�dia�visita�não� eram�os�mesmos�do�dia�anterior,�estavam�majorados,�pergunta�a�um�dos�feirantes:� � Repórter: Os preços hoje estão mais altos do que estavam ontem? Feirante: Olha, os preços hoje não são os mesmos de ontem. � Nessa� situação,� constatamos�que�o� feirante�não�disse�declaradamente�que�os�preços�das� frutas�e� verduras�aumentaram,�recorre�a�uma�declaração�que,�pelo�contexto�econômico�em�que�vivemos,�dificilmente� o�ato�indireto�realizado�pela�asserção�acima�seria�Os�preços�baixaram,�mas�Os�preços�subiram.�Para��o�feirante� não� é� simpático� assumir� a� majoração� dos� preços,� então� recorre� a� um� ato� indireto,� que,� sabeͲse,� nessa� situação,�pode�ser�negado,�pois�não�há�nenhuma�marca� linguística�que�deixe�essa� informação� registrada�na� LETRAS�|��47� � estrutura� linguísticoͲdiscursiva.�Junto�aos�consumidores�o�feirante�não�foi�antipático,�assumindo,�o�aumento,� como�também�se�preservou�junto�aos�outros�feirantes.� Uma�última� ilustração�de� interação�em�que�um�ato�assertivo�pode�ter�sido�realizado�através�de�um� ato�indireto.� Em�uma�empresa,� as�pessoas�que�por� lá� ‘transitam’� realizando�determinadas� atividades� agendam� previamente� suas� idas� a� essa� empresa.� Em� determinada� situação,� duas� funcionárias,� ao� verificarem� se� determinado�profissional�estaria�ou�não�na�empresa�em�um�horário�X,�constataram�que�havia�uma�marcação,� mas�o�profissional�não�estava�no�recinto.�Nesse�contexto,�tiveram�o�seguinte�diálogo:� � A: Não fui quem agendou a vinda de fulano. B: É, a letra está bem direitinha. A: Você disse que minha letra é ruim? B: Eu não disse nada. � Nessa,�situação,�sabeͲse�que�há�um�ato�indireto,�porque�há�uma�informação�partilhada�entre�A�e�B,�A� diz� ter�uma� letra� ‘ruim’.�Essa� informação�não� só�é�de�conhecimento�de�B,�como� também�parece� ser�aceita� como�verdadeira�por�B.�Porém,�B�não�assume�declaramente,�mas,�por�todas�as�informações,�é�possível�inferir� que�realmente�B�pretendeu�dizer�que�a�letra�de�A�não�é�tão�legível.��� A� partir� da� exposição� dos� atos� indiretos� e� do� princípio� da� polidez� que� permeia� nossas� relações� sociais,�profissionais�e�pessoais,�há�uma� tendência,�pelo�menos�em�nossa�cultura,�de�usarmos,�mais�do�que� imaginamos,�atos�secundários�com�propósitos�de�atos�primários.�� Transcrevo,� aqui,� uma� lista� de� como� pedir� indiretamente� para� fechar� a� porta� apresentada� por� Levinson�(2007,�p.336Ͳ337).� Quero que voe feche a porta. Eu ficaria muito grato se você fechasse a porta. Você pode fechar a porta? Por acaso, você tem como fechar a porta? Você fecharia a porta? Você não vai fechar a porta? �� � Ou � � � � � � � � LETRAS�|�48 utras�formas 8� Você se impo Você estaria Você devia fe Poderia ser ú Não seria me Posso pedir-l Você ficaria m Sinto ter de d Você se esque Faça-nos um Que tal um p s�linguísticas� Está muito fri Na sua terra A sua casa nã RESUM pragm situaç ortaria de fechar disposto a fecha echar a porta. útil fechar a por elhor você fecha lhe que feche a muito chateado dizer-lhe para fe ecer de fechar p favor com a por ouco menos de ainda�poder io com a porta a não se fecha a p ão tem porta? MO:�Os�atos� mático�Ͳ con ções�uma�in estru r a porta? ar a porta? rta. ar a porta? porta? se eu lhe pediss echar a porta. porta? rta, amor. brisa? riam�ser�acre aberta! porta? de�linguage nstituem�ou nformação�t utura�linguís se que fechasse escentadas,�c em�indiretos utra�forma�d totalmente� sticoͲdiscurs a porta? como:�s��Ͳ uma�das de�dizer�ma diferente,�d siva�do�enu s�formas�de is,�ou�em�a do�que�está� nciado. e�implícito� lgumas� dito�na� � � IMPLÍC � � � Os�i considerado participante contexto,�o� � Por algumas�sit de�element do�nível�pra � Seg � � � CITOS L implícitos�at os� pragmáti es� do� princí que�facilita� ém,� nem� to uações,�mes to� linguístico agmático.� gundo�Ducrot LINGUÍS E SU té�então�dest cos,� pois� as pio� de� coop ao�interlocu odos� os� imp smo�que�não o�presente�ne t�(1987),�pre Dizer� que� admitir� X,� subentendi processo,�a fala.�(p.42)� LEITURA Pontes.( MOURA a�questõ 1999.�(c UN STICOS UBENTE tacados�–�im s� informaçõe peração,� do� tor�identifica plícitos� são� o�esteja�afirm essa�estrutu essuposto�e�s pressuponho� sem� por� iss ido,�ao�contrá ao� termino�do AS:�DUCRO (p.13Ͳ43) A,�Heronide ões�de�sem cap.�I) NIDAD � � S E PRA ENDIDO � mplicaturas�c es� extras� (in conhecimen ar�a�intenção estritament mado�na�est ra.�O�subent subentendid X,� é� dizer� q o� darͲlhe� o� ário,�diz� respe o�qual�deveͲs OT,�Oswald. es�M.�(1999 mântica�e�p DE IV GMÁTI OS (DUC conversacion nferências)� nto� entre� os o�do�locutor� e� pragmátic trutura� lingu tendido,�por o�são�dois�tip ue� pretendo� direito� de� p eito�à�maneir se�descobrir�a �(1987)�O�d 9)�Significa ragmática. COS: P CROT) nais�e�atos�de possíveis� ad s� participant com�determ cos,� há� uma uísticoͲdiscur r�outro�lado, pos�de�efeito obrigar� o� de rosseguir� o� d ra�pela�qual�e a� imagem�qu dizer�e�o�d ação�e�cont .�Florianóp LETRAS�|��4 PRESSUP e�linguagem� dvêm� da� ob tes� da� intera minado�enunc a� categoria� rsiva,�é�recu ,�parece�ser� os�de�sentido estinatário,� p diálogo� a� pro esse�sentido�é e�pretendo� lh ito.�Campi texto:�uma polis:�Editor 49� POSTO indiretos�–� servação� pe ação,� enfim� ciado.� deles� que,� perado�a�pa uma�inferên o:� or� minha� fala opósito� de� X é�manifestado he�dar�de�mi inas,�SP:� a�introduçã ra�Insular,� OS � são� elos� do� em� artir� ncia� a,� a� X.� O� o,�o� nha� ão� � LETRAS�|�50� � O PRESSUPOSTO É UM IMPLÍCITO LINGUÍSTICO OU PRAGMÁTICO? � � Antes�de� começar�uma�possibilidade�de� resposta�a�essa�pergunta,� situo� rapidamente� as�origens�da� pressuposição,�como�também�o�lugar�de�onde�abordarei�o�esse�fenômeno.�� � A�teoria�da�pressuposição�surgiu�na�Filosofia,�com�duas�correntes,�segundo�Koch�(1987):�o�grupo�que� concebe� a� pressuposição� “em� termos� das� condições� de� verdade� das� proposições,� situandoͲse,� assim,� no� campo�na�lógica�(ou�da�semântica�pura)”�(p.50);�e�o�grupo�de�filósofos�que�concebem�“a�pressuposição�como� condição�de�emprego�dos�enunciados”�(p.51).�� Neste� espaço,� não� abordarei� a� pressuposição� em� nenhuma� das� perspectivas� da� Filosofia,� centrarei� minha�abordagem�na�perspectiva�de�Ducrot� (1987),�salientando�que�a�teoria�desenvolvida�por�esse� linguista� passou� por� várias� etapas� que� não� serão� aqui� abordadas,� mas� que� poderão� ser� conhecidas� com� a� leitura� sugerida.� � Para� responder� à� pergunta� o� pressuposto� é� um� implícito� linguístico� ou� pragmático?� ,� tomamos� a� seguinte�situação.� � O�senhor�x,�porteiro�de�um�condomínio,�é�acusado�pelos�condôminos�de�ter�deixado�o�portão�aberto� em�determinado�dia.�O� síndico,� ao� tomar� conhecimento,� chamou�o�porteiro�para� averiguar� a�ocorrência�e� obteve� deste� a� negação� de� que� havia� deixado� o� portão� aberto.� Depois� de� muita� discussão� com� alguns� moradores�que�acusavam�o�porteiro,�o�síndico� resolve�dar�por�encerrada�a�conversa�e�se�dirige�ao�porteiro� dizendo:� Episódio encerrado, mas você não deixa mais o portão aberto! � Todos�ficaram�satisfeitos,�inclusive,�o�porteiro,�porém�este�não�percebeu�que�estava�sendo�perdoado� por�algo�que�alegava�não�ser�o�responsável.�E�a�reunião�foi�encerrada.� Na� fala�do�síndico�há�uma� informação� implicitada�que�só�a� recuperamos�através�de�uma� inferência,� porém�essa�informação�é�‘ativada’�por�um�elemento�linguístico:�o�mais.�A�presença�desse�termo�registra�essa� informação�que�não�está�no�nível� ‘superficial’:�você�deixou�o�portão�aberto.�Essa� inferência�só�é�possível�ser� resgatada��conhecendoͲse�o�funcionamento�semânticoͲdiscursivo�da�expressão�mais�e�os�implícitos�linguísticos� que�ficam�registrados�em�nossos�textos,�os�quais�podem,�em�algumas�situações,��nos�comprometer.� Analisemos�agora�o�proferimento�do�síndico,�à�luz�da�teoria�de�Ducrot�(1977,�1987),�começando�pela� definição�do�que�seja�um�pressuposto.�De�acordo�com�o�mesmo�autor,�“pressupor�não�é�dizer�o�que�o�ouvinte� sabe� ou� o� que� se� pensa� que� ele� sabe� ou� deveria� saber,� mas� situar� o� diálogo� na� hipótese� de� que� ele� já� LETRAS�|��51� � soubesse”.�(1977,�p.77)�Nessa�concepção,�“a�pressuposição�aparece�como�uma�tática�argumentativa”�(1987,�p.� 40).� Nessa�perspectiva,�Ducrot� (1987)� diz� que� “[...]�o�pressuposto� é� apresentado� como�pertencendo� ao� “nós”,� enquanto� o� posto� é� reivindicado� pelo� “eu”,� e� o� subentendido� é� repassado� para� o� “tu”.”(p.20).� Retomando�o�proferimento�do�síndico,�teríamos:� � Posto: Episódio encerrado, mas você não deixa mais o portão aberto! Pressuposto: Você deixou o portão aberto! Subentendido: Da próxima vez não haverá perdão! (uma das possíveis inferências) � O� pressuposto� aqui� identificado� caracterizaͲse� como� linguístico,� porque� é� ativado� por� um� termo� linguístico� presente� na� estrutura� discursiva� do� texto.� Segundo� Ducrot� (1987),� esse� tipo� de� pressuposto� “pertence�antes�de�tudo�à�frase:�ele�é�transmitido�da�frase�ao�enunciado�na�medida�em�que�deixa�entender� que� estão� satisfeitas� as� condições� de� emprego� da� frase� da� qual� ele� é� a� realização.”� (p.33),� ou� seja,� o� pressuposto�está�inscrito�na�língua.� No� proferimento� em� análise,� a� inferência� você� deixou� o� portão� aberto� é� colocada� com� sendo� partilhada�e�aceita�por�todos�os�integrantes�da�interação,�inclusive�o�porteiro.�Porém,�o�que�nos�parece�é�que� o�empregado�não�‘captou’�essa�informação�que�fora�colocada�pelo�síndico�de�forma�tática�para�levar�aquele�a� assumir� a� falha.� Caso� o� porteiro� tivesse� contestado� o� pressuposto,� a� interação� seria� bloqueada,� pois� a� continuação�da�conversa�deve�ser�encadeada�ao�posto�e�não�ao�pressuposto.� � CRITÉRIOS PARA VERIFICAÇÃO DE UM PRESSUPOSTO E CONTEXTO � �� Os�critérios�clássicos�propostos�pelos� filósofos�são�os�da�negação�e�da� interrogação.�De�acordo�com� esses� critérios,�uma� frase�que� contenha�um�pressuposto� (doravante�pp.),� se� transformada� em�negativa�ou� interrogativa,�conservará�a�informação�pressuposta.� No�entanto,�há�frases�(textos)�que�não�admitem�a�negação�(nosso�exemplo)�ou�a�interrogação.�� � Episódio encerrado, mas você não deixa mais o portão aberto? Submetida�à�interrogação,�constatamos�que�a�inferência�que�denominamos�pressuposto�Você�deixou�o� portão�aberto!�é�mantida,�confirmando�a�nossa�hipótese.�Ducrot�não�nega�esses�dois�critérios,�porém�propõe� � LETRAS�|�52� � um� terceiro,� que,� segundo� ele,� é� o� mais� importante,� impondo,� inclusive,� “um� certo� modo� de� continuar� o� discurso”�(DUCROT,�1987,�p.�40).�O�critério�proposto�é�o�do�encadeamento,�assim�descrito.� � Se�uma� frase�pressupõe� X,� e�um� enunciado�dessa� frase� é�utilizado� em�um� encadeamento� discursivo,�por�exemplo,�quando�se�argumenta�a�partir�dele,�encadeiaͲse�com�o�que�é�posto�e� não�com�o�que�é�pressuposto.�(p.37)� � Além�do�fato�de�a�negação�não�ser�aplicável�a�todas�as�frases,�tanto�a�negação�quanto�a�interrogação� são�aplicáveis,�segundo�Ducrot,�às�frases�e�não�a�enunciados.��Só�o�critério�do�encadeamento�vai�ser�adequado�para� testar� os� pressupostos� de� frases�que� requeiram� o� contexto� para� determináͲlos.� Tomemos� o� seguinte� enunciado�que�admite�duas�interpretações�em�dois�contextos�diferentes:� � Posto: Esta manhã o café estava quente! pp1: Agora o café está frio! pp2: Em outras manhãs o café estava frio! � Aplicando�os�critérios�da� interrogação�ou�da�negação,�é� impossível�validar�pressupostos�do� tipo�Em� outras� manhãs� o� café� estava� frio!� e� Agora� o� café� está� frio!,� pois� negando� Esta� manhã� o� café� não� estava� quente!� e/ou� interrogando� Esta� manhã� o� café� estava� quente?� nenhum� dos� dois� possíveis� pressupostos� levantados�é�mantido.�� Para�validar�um�dos�dois�pressupostos�acima,�é�preciso�recuperar�o�contexto�onde�texto�foi�utilizado,� pois�constatamos�que�cada�pressuposto�requer�um�contexto�diferente.�ValidaͲse�o�pressuposto�Agora�o�café� está�frio!,�se�o�texto�Esta�manhã�o�café�estava�quente!�foi�proferido�por�uma�pessoa,�em�um�dia�à�tarde,�com�a� possível� intenção� de� reclamar� do� café� que� está� tomando� Ͳ� subentendido.� E� o� encadeamento� possível� que� conserva�e�valida�o�pressuposto�levantado�poderia�ser:� � Esta manhã o café estava quente, mas nem sempre tudo é perfeito! � Observemos�que�o�encadeamento�é�feito�com�o�posto,�que�diz�respeito�ao�fato�de�pela�manhã��o�café� estar� quente.� Por� outro� lado,� só� é� validado� o� pressuposto� Em� outras� manhãs� o� café� estava� frio!,� se� o� enunciado� Esta�manhã� o� café� estava� quente!� for� proferido� por� alguém� no� final� do� café� da�manhã,� com� a� possível�intenção�de�reclamar�do�café�das�manhãs�anteriores�–�subentendido.� LETRAS�|��53� � Esse� exemplo� nos� mostra� que,� nesse� caso,� os� critérios� clássicos� não� dariam� conta� dos� diferentes� pressupostos� dependendo� da� intenção� do� locutor,� além� da� necessidade� de� (re)construir� o� contexto� da� enunciação,�uma�vez�que�esses�pressupostos�não�estão�no�nível�da� frase,� linguisticamente�marcados.�Nesse� caso,�constataͲse,�segundo�Moura� (1999),�que�“a�determinação�do�pressuposto�depende�do�contexto� (mais� precisamente,�do�repertório�de�conhecimentos�compartilhados�dos� interlocutores)”�(p.29).�E,�como�então�se� posiciona�Ducrot�(1987)�“[...],�há�dois�modos�de�definir�a�pressuposição,�seja�a�nível�do�enunciado,�seja�a�nível� da�frase”�(p.39).� O�pressuposto�de�existência�também�requer�o�contexto�para�que�o�interlocutor��verifique�a�referência� ativada�pelo�expressões�definidas�ou�nomes�próprios.�Somente�o�contexto�e�o�conhecimento�partilhado�entre� os�participantes�da�interação�validarão�o�contexto�ativado�por�um�desses�elementos.� � A Polícia Federal não fez a segurança das provas do ENEM após material deixar gráfica. pp: Existe uma instituição chamada Polícia federal. Lula brinca e já fala em “ganhar” a Olímpiada de inverno. pp1: Existe um homem chamado Lula.(Presidente) pp2: Existe uma competição chamada Olímpiada de inverno. � � EXPRESSÕES LINGUÍSTICAS QUE ATIVAM PRESSUPOSTOS � � Apresentamos�uma�relação�de�expressões� linguísticas�(MOURA,�1999)�–�à�qual�acrescentamos�outras� expressões�Ͳ�que�podem�ativar�pressupostos,�salientando,�porém,�que�nem�todos�os�pressupostos�são�ativados� por�expressões�e�mesmos�os�que�são,�em�alguns�casos,�requerem�a�reconstrução�da�enunciação.� � Descrições�definidas�–�“São�expressões�que�fazem�uma�certa�descrição�de�um�ser�específico.�Esses�sintagmas� nominais� (que,� na� terminologia� de� Frege� (1978),� indicam� o� sentido� de� um� referente)� servem� para� fazer� a� referência,�assim�como�os�nomes�próprios.”�(MOURA,�1999,�p.17)� Lula desconsidera custos para Rio-2016 e nega preterir problemas sociais. Pp: Existe um homem que se chama Lula (presidente). � LETRAS�|�54� � Data do Enem 2009 deve ser anunciada na terça-feira. pp: Existe um processo seletivo chamado Enem. TA�DOTA�DO�ENEM�2009�DEVE�SER�ANUNCIADA�NA�TERÇAͲFEIRA� DATA�DO�ENEM�2009�DEVE�SER�ANUNCIADA�NA�TERÇAͲFEIRA� Verbos�factivos�Ͳ�são�os�que�precisam�ser�complementados�pela�enunciação�de�um�fato�(geralmente�através� das�orações�subordinadas)�e�que�revelam�estados�psicológicos.� � Lamentamos não ter vagas. pp: Não há vagas � Verbos�implicativos�–�verbo�em�que�a�ação�expressa�por�esse�verbo�pressupõe�uma�ação�anterior.� � João acordou às 7 horas. pp: João estava dormindo antes desse horário. � � Verbos�de�mudança�de� estado� Ͳ� expressam�uma� ação�que� é� a�permanência�ou� a�mudança�de�um� estado� anterior.� Maria deixou de ir à praia. pp: Maria antes ia à praia. Maria continua uma linda mulher! pp: Maria era bonita. ����� Iterativos�Ͳ�elementos�linguísticos�que�indicam�que�uma�ação�(pressuposta)�já�aconteceu�anteriormente.� � O preço da gasolina subiu novamente. pp: O preço da gasolina já subiu antes. � LETRAS�|��55� � Expressões� temporais� Ͳ� elementos� linguísticos� que� expressam� a� ideia� de� tempo� e,� ao� mesmo� tempo,� pressupõe�uma�ação�acontecida�anteriormente.� � � João�agora�está�estudando.� ������������pp:�João�antes�não�estudava.� � � João�ainda�estuda!� � pp:�João�já�estudava�anteriormente.� � Sentenças� clivadas� –� “Elas� têm� a� forma:� (Não)� foi� o� X� que� (oração).� Semanticamente,� a� segunda� oração� contém�um�fato�pressuposto.”�(MOURA,�1999,�p.�21)� � � Não�foi�João�que�escondeu�o�livro.� ������������pp:�Alguém�escondeu�o�livro.� � Prefixo� reͲ� :� alguns� verbos� iniciados� com� o� elemento� REͲ� ativam� informação� pressuposta.�De� acordo� com� Bezerra� (2004,�p.�67),� “[...]�os�verbos� iniciados�pelo�elemento�REͲ� (reavaliar,� reafirmar,� renovar,� reforçar,�e� revelar)�ativam�pressupostos”.�� � João reafirmou sua inocência. pp: João já afirmou sua inocência anteriormente. � Alguns�conectores�circunstanciais�Ͳ��alguns�conectores�circunstanciais�introduzem�uma�oração�que�pressupõe� uma�informação:�desde�que,�antes�que,�depois�que,�visto�que�etc.� � João passará no vestibular desde que estude. pp: João não estuda. Alguns�advérbios�–�o�uso�de�alguns�advérbios�deixa�registrada�uma�informação�pressuposta:�mais,�também,�já� (em�alguns�contextos)�etc.� � � LETRAS�|�56� � FUNÇÃO DA PRESSUPOSIÇÃO NA INTERAÇÃO � � � A�pressuposição�exerce,�pelo�menos,�três�funções,�na�atividade�linguística:�funciona�como�elemento�de� coerência�e�coesão,�pelo�fato�de�evitar�a�repetição�no�encadeamento�discursivo,�ao�mesmo�tempo�em�que�faz� com�que�haja�recorrência�semântica;�uma�condição�de�progressão,�que�se�dá�via�posto;�por�fim,�aparece�como� evidência,�verdade�óbvia�que�não�pode�ser�questionada.� � Essa� não� possibilidade� de� contestação� se� concretiza� pelo� fato� de� que� a� informação� pressuposta� é� colocada�como�sendo�partilhada�entre� locutor�e� interlocutor,�como�sendo�uma� informação� já�conhecida;�no� entanto,� em�muitas� situações,� como� já�mostramos� neste� capítulo,� a� informação� é� nova,� de� conhecimento� somente�do�locutor.�� � Nesse�caso,�podeͲse�dizer�que�a�pressuposição�é�uma�forma�de�obrigar�(persuadir)�o�interlocutor,�com� meu�discurso,�a�admitir�o�que�está�nele�pressuposto,�sem,�contudo,�permitirͲlhe�que�prossiga�a�interação�em� cima�do�pressuposto.�Ou�melhor,�utilizarͲse�da�pressuposição�na�construção�discursiva�é�dispor�de�uma�das� estratégias�argumentativas�de�que�a�língua�dispõe.�� � Ducrot� (1987,� 1988)� coloca� a� pressuposição� como� um� dos� recursos� da� polifonia� através� do� qual� o� locutor�do�enunciado�não�se�expressa�nunca�diretamente,�mas�põe�em�cena,�no�mesmo�enunciado,�um�certo� número�de�personagens.�Nessa�perspectiva,�o�sentido�do�enunciado�nasce�da�confrontação�desses�diferentes� sujeitos.�O�sentido�do�enunciado�nada�mais�é�do�que�o�resultado�das�diferentes�vozes�que�ali�aparecem.� Esses� personagens� linguísticos� dos� quais� fala� Ducrot� são� o� locutor� –� responsável�linguístico� pelo� discurso� –� e� o� enunciador� Ͳ� “as� origens� dos� diferentes� pontos� de� vista� que� se� apresentam� no� enunciado"� (Ducrot,�1988)�–�além�do�sujeito�empírico�(SE)�Ͳprodutor�efetivo�do�discurso�(não�é�objeto�de�investigação�de� um� linguista� semanticista,� segundo�Ducrot),�pois�nem� sempre� locutor�e� sujeito�empírico� coincidem�em�um� discurso.� O� locutor�pode� colocar�em� cena,�no� seu�discurso,�outros� locutores�ou�enunciadores�para� com�eles� dialogar� (aprovandoͲos,�rechaçandoͲos,�assimilandoͲse�ou� ficando� indiferente�a�eles).�Se� recorrer�à�primeira� opção�(locutores),�estará�utilizando�a�polifonia�de�locutores,�se�optar�pela�segunda�possibilidade,�a�polifonia�de� enunciadores�–�caso�da�pressuposição.� Independente�da�forma�de�polifonia�utilizada�em�um�discurso,�é�preciso�buscar�identificar�a�posição�do� locutor�–� responsável� linguístico�pelo�discurso� Ͳ�em� relação�aos�personagens� linguísticos�colocados�em�cena� (locutores�ou�enunciadores).�De�acordo�com�Ducrot�(1988),�as�relações�que�o�locutor�pode�estabelecer�com�os� personagens� trazidos�para�o�espaço�discursivo� são�as� seguintes:�de� aprovação,�de�negação,�de� assimilação� (identificação)�ou�de�distanciamento.� � O� f explicitame aprova�o�pr pelo�posto. ponto�de�vi Veja � Na� horas�–�de� (senso�com como� se�o� encadear�o� � � � UM FECHA � � Eleg muito�do�q através�de�a linguisticam � Cad pode�consti aspecto�evi abordadas.� fato� de� apr ente�e�utilizáͲ ressuposto�(E �O� termo� id sta.� amos�o�exem perspectiva� responsabili um).�O�locut interlocutor seu�discurso AMENTO N gemos,�nest ue�se�diz,�ou atos�indireto mente:�os�pre da�uma�das� ituir�um�curs dencia�a�nec ovar� um� po Ͳlo�como�arg E1)�mas�enca entificarͲse� mplo:� Maria acordo pp: Maria es da�teoria�da idade�do�E2; tor,�responsá r� também�o� o�seguinte.� ECESSÁRIO e�espaço,�os u�temͲse�a� in os:�implicatur essupostos.� Pragmáticas so�com�carga cessidade�de RESUMO pressupo a partir em outra implicitad uma infe onto� de� vis gumento�par adeia�com�o� é�utilizado�n ou às 9 horas! tava dormindo a�polifonia,�o ;�2)�Maria�es ável�pelo�tex aprovasse,� O s� implícitos� ntenção�de�d ras�conversa s� aqui� abord a�horária�sem e�leituras�ext O: Ducrot ( osto: em alg de elemen as, mesmo da, requer rência do n ta� trazido� p ra�uma�concl posto�(E2),�a na�Teoria�da antes das 9 hor o�locutor�põe stava�dormin xto�(discurso mas�assimil linguísticos�e dizer,�não�é� acionais,�sub dadas� superf melhante�a�q ras�para�que (1977, 198 gumas oco to linguísti com um e o contexto ível pragmá para� o� espa lusão�r.�É�o�c assimilandoͲ a�Polifonia�n ras. e�em�cena�du ndo�antes�da o),�aprova�o�p aͲse� (respon e�pragmático �dito�de�pel entendidos;� ficialmente,� que�dispomo e�se�possa�co 87, 1988) p rrências, lin co presente elemento li o; o subent ático. Este ú aço� discursiv caso�da�press se�(identifica o�sentido�de uas�informaç as�9�horas�–� pressuposto� nsabilizaͲse)� os,�porque,� la�forma�dire ou�através�d somente� co os�aqui�para� onhecer�um�p propõe doi nguisticame e na estrut nguístico q tendido, po último é um LETRAS�|��5 vo� não� sign suposição�em andoͲse)�a�E e�assumir�um ções:�1)�Mar de�responsa (E1)�e�coloc ao�posto� (E nas� � interaç eta,�mas�de� de�informaçõ om� conceitos abordar�vári pouco�mais�d is tipos de ente marcad tura linguís ue ativa um or outro la m tipo de ato 57� nifica� assum m�que�o�locu 2�–�responsá m�determina ria�acordou�à abilidade�do caͲo�no�discu E2),�ao�qual� ções�cotidian forma� indire ões�implicita s� introdutór ias�teorias.�E das�teorias�a e implícitos do, recuper sticoͲdiscurs ma informa do, parece o indireto. miͲlo� utor� ável� ado� às�9� o�E1� urso� vai� � nas,� eta,� das� ios,� Esse� aqui� s: o rado siva; ação ser � LETRAS�|�58� � � Além�disso,�não�abordamos� todas�as� linhas� teóricas�de�base�pragmática.�Elegemos,�entre�as�várias,� aquelas�que�nos�parecem�ser�as�mais�produtivas�no�trabalho�com�a�leitura�e�produção�de�textos�pela�natureza� do�perfil�do�egresso�do�Curso�de� Letras.�Portanto,�para� a� leitura�e� a�produção�de� textos,� alguns� caminhos� foram� apontados� os� quais� elegem,� como� fundamental,� o� interlocutor� e� o� contexto,� sem� prescindir� do� materialização�linguísticoͲdiscursiva.� � � � � � ���������������� �������� REFERÊNCIAS � ARMENGAUD,�Françoise.�(1985)�La�pragmatique.�Paris:�Presses�Universitaires�de�France.� _____.�(2006)�A�pragmática.�São�Paulo:�Parábola.� AUSTIN,�J.L.�(1962)�How�to�things�with�words.�Owford:�Clarendon�Press.� _____.��(1990�[1962])�Quando�dizer�é�fazer:�palavras�e�ação.�Porto�Alegre:�Artes�Médicas.� BLANCHET,�Philippe.�(1995)�La�pragmatique:�d’Austin�à�Goffman.�Paris:�BertrandͲLacoste.� CERVONI,�Jean.�(1989)�A�enunciação.�São�Paulo:�Ática.� COSTA,� Jorge� Campos� da.� A� teoria� inferencial� das� implicaturas:� 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