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Liderança à frente dos negócios conceitos e metodologias em gestão JOSÉ ESTEVAM TOMAZ 1 FASCÍCULO GESTÃO eLIDERANÇA EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE CURSO Todos os direitos desta edição reservados à: Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br Copyright © 2020 Fundação Demócrito Rocha FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) João Dummar Neto Presidente André Avelino de Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro Marcos Tardin Gerente Geral Raymundo Netto Gerente Editorial e de Projetos Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis Analistas de Projetos UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Viviane Pereira Gerente Pedagógica Marisa Ferreira Coordenadora de Cursos Joel Bruno Designer Educacional CURSO GESTÃO E LIDERANÇA: EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE Nazareno Albuquerque Coordenador Técnico Valéria Xavier Coordenadora Executiva Flávia Chagas Coordenadora de Conteúdo Daniela Nogueira Coordenadora Editorial e Revisão Andrea Araújo Projeto Gráfico Andrea Araújo e Welton Travassos Editores de Arte Welton Travassos Designer Gráfico Rafael Limaverde Ilustrador Natercia Melo Coordenadora de Marketing Jansen Lucas Designer (campanha) Clemilson Souza Webdesigner (campanha) Renata Viana Editora Criativa de Marketing Fernando Diego Sioli Analista de Marketing Apresentação Liderança à frente dos negócios 1. O que seria, então, liderança? 2. Uma visita à teoria 3. Liderança Autêntica 4. Impactos relevantes da liderança no contexto organizacional 5. Em tempos de pandemia 6. Gestão na prática 7. Descubra a sua liderança 8. Caminhos para o desenvolvimento da liderança Referências 4 5 6 7 9 10 12 13 14 15 15 SUMÁRIO Liderar é uma das habilidades mais importantes no mercado de tra- balho, já que o líder é uma peça essencial dentro das organizações, é quem extrai o melhor das pessoas e guia a equipe rumo aos objetivos organizacionais. Um líder deve ter a capacidade de motivar e conduzir seus liderados a partir da influência, mas principalmente pelo exemplo. O primeiro fascículo do curso EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA se debruça sobre essa habilidade tão essencial aos profissionais que estão à frente das empresas. Serão apresentados conceitos, práticas e dicas para auxiliar no desenvolvimento de compe- tências necessárias para a formação de um líder. E não esqueça: a construção de um líder é algo perene, sempre é tempo de aprimorar ! APRESENTAÇÃO FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE4 É inegável a importância da liderança no desenvolvimento da sociedade, na geração e escalada dos negócios e no desempenho or- ganizacional. Durante muito tempo, o con- ceito de liderança esteve associado à posi- ção social, política ou hierárquica no âmbito das instituições. Em outra perspectiva, a liderança também foi considerada como uma característica inata ou um talento natu- ral dos líderes. No entanto, permanecer com essas concepções pode distanciar você do verdadeiro líder que é ou poderá ser. A confusão conceitual sobre liderança não para por aí. É muito comum as pessoas confundirem liderança com gestão, em- preendedorismo, conhecimento ou pionei- rismo. Como se essas práticas ou iniciativas fossem credenciais automáticas da lideran- ça. O autor John C. Maxwel esclarece sobre esses mitos em sua obra “As 21 irrefutáveis leis da liderança: uma receita comprova- da para desenvolver o líder que existe em você”, assinalando que erros como esses fazem com que muitas organizações, ainda LIDERANÇA À FRENTE DOS NEGÓCIOS CONCEITOS E METODOLOGIAS EM GESTÃO hoje, realizem seus negócios com chefes e gerentes que não são líderes. Então, cuidado! Mesmo que você esteja no topo de uma organização, ainda que seja um excelente gestor, saiba empreender como poucos, que seja um profundo conhecedor do assunto ou mesmo o primeiro a criar um produto ou serviço, se as pessoas com quem você trabalha não se sentem voluntariamen- te encorajadas a segui-lo, você não é um líder. A liderança também não pode ser con- fundida com as manifestações de poder, conceituado como a capacidade de uma pessoa fazer com que outra realize algo que normalmente não faria. No contexto organizacional as bases do poder estão divididas em duas categorias: (a) uma apoiada na posição hierárquica que a pessoa ocupa na organização a quem confere a capacidade de coagir ou recompensar pela autoridade formal ou mediante controle de informações e (b) a outra que é baseada nas características pessoais do indivíduo como ta- lento, respeito, admiração e carisma. A seguir algumas diferenças entre poder e liderança: PODER LIDERANÇA Estabelece uma relação de dependência Desenvolve alinhamento entre os objetivos organizacionais e individuais Foca em táticas de conquista da submissão Foca na conscientização, confiança mútua e transparência nas relações Exerce o poder formal ou busca a política como meios de alcançar o poder O liderado percebe conscientemente a influência genuína do líder EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 5 O QUE SERIA, ENTÃO, LIDERANÇA? De acordo com Bass, B. M. e Bass, R. (2009), a liderança refere-se a um conceito sofisticado que con-sidera a organização e condições do trabalho, os interesses dos seguidores e a responsabilidade sócio ambiental no desen- volvimento organizacional. Embora liderança seja um dos temas mais pesquisados no campo dos estudos organizacionais, ainda não há consenso entre os autores sobre sua definição. Po- rém, pelo conhecimento acumulado nos últimos cem anos é possível identificar os elementos centrais que caracterizam a lide- rança como: (a) um processo de influência, (b) envolve relacionamento social entre líderes e liderados, (c) orienta a coordena- ção de esforços em busca de determinados objetivos, e (d) promove o desenvolvimen- to e transformação do contexto social. Des- sa forma, você pode unir esses elementos e definir liderança como “um processo in- terativo no qual líderes influenciam seus seguidores para empreender esforços e al- cançar objetivos transformadores dos con- textos em que atuam” (TURANO, CAVAZOT- TE, 2016 p. 437). Líderes não funcionam isoladamente, pressupondo um processo de interação e influência sobre seguidores em torno de objetivos, considerando o contexto cultu- ral, social e físico onde as organizações se inserem. O seguidor, no entanto, não pode ser considerado como mero servidor de obediência cega, mas como um sujeito que busca sentido e realização profissional em busca de felicidade (SELIGMAN, 2019), con- vivendo com uma liderança que vá além da simples relação hierárquica e que o impul- sione ao seu desenvolvimento integral. 1 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE6 UMA VISITA À TEORIA Estudos realizados no último século sugerem que as reflexões e pesqui-sas sobre liderança a considerem como um tema de interesse central nas organizações contemporâneas, sendo de fundamental importância que você co- nheça sua definição, características e evolu- ção ao longo do tempo. O diagrama a seguir sintetiza as principais abordagens teóricas a respeito da definição de liderança. Vale ressaltar que a evolução do co- nhecimento sobre liderança não ocorreu de forma sequencial ou estritamente cro- nológica pois, muitas linhas históricas do pensamento sobre o tema ou do desenvol- vimento conceitual se sobrepõem nos di- versos estágios evolucionários. Porém, em cada marco relevante da linha do tempo, foram desenvolvidos modelos ou tipos de líderes que ainda hoje permanecem atuan- do nas diversas empresas, conforme a ma- turidade da gestão organizacional. O quadro a seguir sintetiza um panora- ma acerca da evolução das principais pers- pectivas desenvolvidas até o final dos anos 1990, contendo suas premissas e concep- ções e modelos de liderança. 2 PERSONALIDADEAté 1940 1950 A produtividade, a motivação e a qualidade do desempenho dos subordinados decorrem do modo como o líder se comporta e do que ele faz. Prever o sucesso da liderança é mais complexo do que identificar traços ou determinados comportamentos. A situação deve ser considerada. É o seguidor quem reconhece ou define a efetiva manifestação da liderança. Surge a comparação da liderança tansacional com a liderança transformadora. Busca pelo desempenho sustentável e o autodesenvolvimento de seguidores, sendo fiéis a si próprios, com transparência nas relações, ética e em torno de princípios e valores. COMPORTAMENTO CONTINGÊNCIAS TRANSFORMAÇÕES AUTENTICIDADE 1960 1980 Anos 2000 Identificação das características pessoais e os traços de personalidade dos líderes. EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 7 PERSPECTIVA PREMISSA CONCEPÇÕES E MODELOS DE LIDERANÇA Dos traços de Personalidade As características pessoais (físicas, personalidade, aptidões, inteligência) estão relacionadas à liderança. Efeito exercido em um único sentido. Teoria dos Traços; Teoria Motivacional; Teoria X e Teoria Y; Círculo interpessoal. Comportamental A liderança é definida por um conjunto de competências baseadas no comportamento do líder. A liderança influencia na mudança comportamental e na conduta dos liderados para o alcance de objetivos. Orientação à tarefa (estilo diretivo); Orientação às relações (estilo participativo e por delegação). Formas de influência: (coação, persuasão, sugestão, emulação); Sentido visionário; Agente de mudanças. Contingencial A liderança é contingente ou dependente da situação ou circunstâncias. Liderança Contínua; Contingencial; Caminho-Objetivo; Situacional; Modelo de Vroom e Yetton. Transformadora A liderança promove a motivação para que os seguidores exerçam esforço mediante um sistema de recompensas. A liderança é resultante da consciente ação coletiva. É visionaria e inspiradora. Gestão por exceção; Liderança laissez-faire; Liderança Democrática; Líder Carismático; Liderança transformacional. Na virada do milênio, após fraudes contá- beis ocorridas em grandes corporações ame- ricanas decorrentes de má administração ou por problemas éticos ocorridos em organi- zações públicas e privadas, adicionados aos flagrantes atos de corrupção praticados por governantes, políticos e empresários ou até mesmo após os atentados terroristas de 11 de setembro nos EUA, foi crescente o interesse em desenvolver um novo modelo de liderança que seja genuína e baseada em valores. Bill George (2009) argumentava que as instituições para supe- rar tamanha crise corporativa precisavam de novos líderes, não apenas de novas leis. Líderes que lidem com propósito, valores e integridade, que construam organizações duradouras, motivem seus funcionários a prestar serviços superiores ao cliente e criem valor a longo prazo, surgindo as concepções iniciais da liderança autêntica. EVOLUÇÃO DA LIDERANÇA NO SÉCULO XX FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE8 LIDERANÇA AUTÊNTICA Assim como ocorre nas demais definições sobre o tema, o con-ceito de liderança autêntica recebeu também a contribui- ção de diversos autores, havendo ainda hoje exploração e complementação em suas abordagens. Nos primeiros anos do novo milênio, Bill George afirma que lí- deres autênticos usam suas habilidades naturais, mas também reconhecem suas deficiências e trabalham duro para supe- rá-las. Lideram com propósito, significado e valores, construindo relacionamentos duradouros baseados em confiança mú- tua. São consistentes e autodisciplinados, sendo seguidos por outras pessoas porque expressam verdadeiramente o que são, sa- bem onde estão e transmitem confiança. Quando seus princípios são testados, se recusam a se comprometer. Líderes autên- ticos são dedicados a se desenvolver por- que sabem que se tornar um líder leva uma vida inteira de crescimento pessoal. Direcionados ao contexto organizacio- nal, Luthans e Avolio (2003) definem lide- rança autêntica como um processo que se baseia tanto em capacidades psicológicas positivas quanto em um contexto organi- zacional favorável, que resulta tanto em maior autoconsciência quanto em com- portamentos positivos autorregulados por parte dos líderes e liderados, promo- vendo autodesenvolvimento positivo. Lí- der autêntico é confiante, esperançoso, otimista, resiliente, transparente, moral / ético, orientado para o futuro e incentiva o autodesenvolvimento de seguidores em líderes. Líder autêntico não tenta coagir ou mesmo racionalmente persuadir, mas expressar seus valores, crenças e compor- tamentos genuínos que servem para mo- delar o desenvolvimento dos seguidores, conforme demonstra o modelo abaixo. Walumbwa et al. (2008) foram os primei- ros autores a desenvolverem e validarem um instrumento de mensuração da liderança autêntica os quais a definem como um pa- drão de comportamento desse líder que se baseia e promove capacidades psicológicas positivas e um clima organizacional ético po- sitivo, para promover maior autoconsciên- cia, uma perspectiva de moral internalizada, trabalhando um processamento equilibra- do de informações e transparência relacio- nal perante os seguidores, promovendo seu autodesenvolvimento positivo em busca de desempenho sustentável. 3 Experiências de Vida Visão Estratégia Cultura De onde venho Como meu contexto é moldade Quem sou eu Confiança Esperança Otimismo Resiliência Organização altamente desenvolvida Capacidades Psicológicas Positivas Contexto Organizacional Positivo Autodesenvolvimento Positivo Autoconsciência Como me desenvolvo e me comporto Comportamentos Autorreguladores Liderança Autêntica: Confiante Esperançoso Otimista Resiliente Transparente Moral/Ético Orientado p/ Futuro Construtivo O que posso me tornar: verdadeiro comigo e com os outros Desencadear eventos/ desafios O que estou experimentando Fonte: Adaptado de Luthans e Avolio (2003) EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 9 IMPACTOS RELEVANTES DA LIDERANÇA NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL Uma liderança inadequada ou des-preparada pode acarretar con-sequências desastrosas sobre o sistema de gestão de equipes, a satisfação das pessoas e por certo nos resul- tados organizacionais. O desempenho da empresa possui rela- ção direta com a reputação, características e funcionamento das equipes de trabalho, consideradas no ambiente corporativo como sistemas sociais que executam importantes processos para o cumprimento da missão da organização. Para o alcance de tal objetivo, a liderança exerce papel imprescindível na convergência de esforços e coordenação de atividades interdependentes e complemen- tares por meio de cooperação entre as pes- soas a fim de gerar os resultados esperados. 4 Bem-estar e qualidade de vida no tra- balho são elementos preponderantes na satisfação das pessoas no contexto organi- zacional. São inúmeros os relatos sobre per- turbações psíquicas decorrentes de fatores ambientais (condições de trabalho, ferra- mentas, características das atividades), dis- funcionais (pressão, fadiga, incidência de erros, preocupações) e individuais (proble- mas familiares, dificuldades financeiras), gerando adoecimento e insatisfação no tra- balho. Como se não bastasse, certamente você já ouviu falar ou presenciou situações de assédio moral ou sexual no ambiente da empresa. Isso é muito grave! Cabe à lide- rança atuar firmemente no combate aos elementos estressores que comprometem a satisfação no trabalho. Fica a Dica Regras básicas para liderar na crise • Reforce o canal de comunicação com a equipe; • Proteja os colaboradores; • Dê o exemplo; • Tenha empatia; • Lidere com otimismo; • Não tenha medo de pedir ajuda; • Mas lembre-se: para cuidar da sua equipe, você deve estar bem, então, se precisar, peça ajuda! FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE10Como importantes fatores que compõem o sistema de gestão de pessoas, o clima or- ganizacional e os valores praticados são tam- bém claramente impactados pela liderança. O clima organizacional representa um conjunto de percepções dos empregados sobre vários aspectos do contexto de tra- balho que são relacionados ao apoio da organização, ao sistema de recompensas, às condições de trabalho, à sistemática de controle e à coesão entre colegas. A atuação do líder é decisiva na percepção favorável dos empregados pois o estilo de liderança possui efeito direto na qualidade da comu- nicação, na clareza das tarefas, nas orienta- ções para desempenho das atividades, na pressão e controle exercidos sobre metas e prazos, no nível de autonomia das pessoas. Os valores organizacionais representam os princípios que orientam o comportamen- to e o trabalho das pessoas na realização dos negócios e alcance dos seus objetivos. Valores não devem ser escolhidos a partir de uma relação de virtudes, de palavras bo- nitas ou aquelas politicamente corretas e muito menos copiados de outras empresas sem que você perceba seu real significado. Como um dos componentes estruturais da identidade organizacional, precisa ser apli- cado e compartilhado por toda a coletivi- dade, carecendo da genuína ação de uma liderança explicitada pelo exemplo. SAIBA MAIS Tendências de liderança • Liderança participativa; • Valorização das relações humanas e da comunicação; • Atenção aos detalhes; • Desenvolvimento da inteligência emocional; • Humanização do ambiente de trabalho; • Agilidade e flexibilidade; • Aprendizado contínuo; • Responsabilidade social. Fica a Dica Filmes interessantes sobre o tema: Amor sem escalas, Os estagiários e Waffle Street. EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 11 EM TEMPOS DE PANDEMIA reputação das empresas com atuação éti- ca e socialmente responsável. A sociedade mudou e as organizações precisam rever processos, posturas e manei- ras de gerir negócios, sobretudo em meio às mudanças radicais causadas pela pandemia do COVID19. Dados recentes do IBGE reve- lam que 44,8% das empresas tiveram suas atividades afetadas negativamente pela pan- demia. Surge, então, uma série de indaga- ções ainda sem resposta, como: a realização de atividades remotamente tende a perma- necer? A logística concorre com a localização do ponto de vendas? Nesse momento o vale internet substitui o vale transporte? O mundo mudou e não há tempo a perder. É preciso que você assimile rapi- damente as novas circunstâncias do am- biente e demandas dos stakeholders e se adapte com flexibilidade e rapidez às atuais tendências de mercado. Permanecer estáti- cos aguardando as soluções externas pode significar o fim do seu negócio. É preciso agilidade na tomada de decisão. A sociedade do século XXI, global-mente interconectada e multicul-tural, vem gerando transforma-ções profundas nos mercados, modelos de negócios e padrões de gestão. Tais alterações, impulsionadas (a) pelos avanços tecnológicos, como a inteligência artificial e análise big data; (b) pelo de- senvolvimento socioeconômico em escala mundial, como as aspirações e poder eco- nômico das mulheres; (c) pelas alterações demográficas, tais como o aumento da lon- gevidade, a rápida urbanização; e (d) pelas mudanças geopolíticas, como o comércio global e a integração cultural, têm desperta- do nos consumidores cidadãos preocupa- ções com uma série de questões relaciona- das às suas decisões de compra. Essas decisões levam em consideração os impactos gerados no meio ambiente; a segurança alimentar nos diversos estágios da cadeia de suprimentos; a aplicação de adequados padrões trabalhistas; o bem estar animal; o respeito à privacidade e a 5 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE12 Ante a um cenário tão desafiador e inesperado cabe à liderança, conhecendo a cultura e compe-tências de gestão da sua organi- zação, desvendar as necessidades, compor- tamentos e expectativas dos clientes atuais e potenciais para promover um ambiente favorável à criatividade, experimentação e implementação de inovações capazes de gerar ganhos de competitividade com de- senvolvimento sustentável. O exercício da liderança está funda- mentado muito mais no exemplo do que no discurso do líder que utiliza genuina- mente princípios e valores no engajamen- to de pessoas em busca da perenidade organizacional. Atua com autenticidade para incorporar na cultura da empresa o comportamento ético das equipes, mes- mo sob pressões econômicas ou sociais. Comporta-se respeitando a legislação vi- gente, utilizando padrões de conduta con- dizentes com os negócios e relacionamen- tos, prevenindo contra desvio e adotando ações corretivas sempre que necessário, despertando dessa forma o sentimento de cidadania organizacional. A pessoa que é líder de verdade tem ple- na consciência de si e é confiante de suas crenças e potencialidades, mas também reconhece suas fragilidades, sentimentos, emoções e aspectos da personalidade, ex- pressando-os com naturalidade perante a equipe. Procura organizações de referência para o aprendizado, interagindo com redes de atuação e stakeholders para identificar interesses que servirão de requisitos aos processos internos. Identifica e trabalha para superar as ameaças internas e exter- nas que possam comprometer o alcance dos objetivos estratégicos. Além de preservar a transparência nos re- lacionamentos com os públicos de interesse, falando a verdade por mais dura que seja, o líder diz o que pensa e expressa suas emo- ções de forma condizente com seus senti- mentos, admitindo seus erros e encorajando os outros a expressarem suas ideias. Comu- nicam com clareza os padrões de trabalho e diretrizes, controlando e melhorando os pro- cessos gerenciais para o desenvolvimento da cultura organizacional e engajamento das pessoas em busca da excelência. Consegue promover um processamento imparcial de informações relevantes sem ne- gar, distorcer, exagerar ou ignorar um conhe- cimento particular, as experiências internas e informações avaliativas obtidas externamen- te. Ouve cuidadosamente pontos de vista diferentes e solicita opiniões que desafiam seus posicionamentos. Adota o processo de- cisório baseado em fatos e dados e realiza a gestão por meio de um sistema de indicado- res e outras ferramentas de gestão. GESTÃO NA PRÁTICA 6 EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 13 DESCUBRA A SUA LIDERANÇA Com essas abordagens é possível perceber que a sociedade já não fica indiferente aos episódios de corrupção nos altos escalões ou diante de posturas antiéticas de gestores na condução dos negócios. Trabalho infan- til, degradação socioambiental, operações fraudulentas, violência laboral são algumas das consequências abomináveis que podem ocorrer pela falta de uma liderança baseada em princípios e valores. Líderes autênticos adotam posturas éti- cas exemplares e estimulam a replicação de tal comportamento pelos seguidores mediante (a) o desenvolvimento de me- canismos de identificação com a conduta do líder; (b) fortalecimento dos laços de confiança entre os membros da equipe; (c) surgimento de maior grau de transparência em toda a organização; (d) segurança nas difíceis tomadas de decisões, ainda que potencialmente impopulares; e (e) maior identificação social com adesão aos pro- pósitos organizacionais. Alinhado a essa perspectiva, o consu- mo ético pode ser considerado como uma consequência inevitável da atual cultura de consumo pois, de acordo com Newholm e Shaw (2007) a ascensão do consumo ético, além do aumento dos níveis de informa- 7 ção, maior cobertura da mídia e disponi- bilidade de produtos alternativos, decorre também da evolução e mudanças dos pa- radigmas de consumo em uma sociedade responsável por seu comportamento que incorpora na vida cotidiana experiências de consumo positivas. Ainda nesse sentido, Roberts (1995) defineo consumidor socialmente respon- sável, incluindo o ecologicamente cons- ciente, como aquele que adquire produtos e serviços que exercerem impacto positivo ou menos negativo no meio ambiente e usa seu poder de compra para expressar suas preocupações sociais. Diante dessa realidade, é importante que você desenvolva sua capacidade de liderança para superar adequadamente as dificuldades próprias da gestão em um contexto marcado por incertezas, volatili- dade, complexidade e ambiguidade. Para tanto, você pode avaliar como percebe sua liderança atribuindo uma pontuação de 1 a 5 para cada uma das 16 afirmativas, sendo 1 quando discordar totalmente e 5 quando concordar plenamente. As alternativas com resultados abaixo de 4 servirão de base para o seu programa de autodesenvolvimento. Mas atenção! Seja autêntico. 1. Solicito feedback para melhorar minhas relações com os outros. 2. Afirmo claramente o que quero dizer. 3. Mostro coerência entre minhas crenças e ações. 4. Solicito ideias que desafiem minhas crenças básicas. 5. Descrevo com precisão o modo como os outros veem minhas habilidades. 6. Admito meus erros quando ocorrem. 7. Uso minhas crenças básicas para tomar decisões. 8. Escuto atentamente perspectivas alternativas antes de chegar a uma conclusão. 9. Mostro que entendo meus pontos fortes e fracos. 10. Compartilho abertamente informações com outras pessoas. 11. Resisto a pressões para fazer coisas contrárias às minhas crenças. 12. Analiso objetivamente os dados relevantes antes de tomar decisão. 13. Estou claramente ciente do impacto que tenho sobre os outros. 14. Expresso minhas ideias e pensamentos claramente para os outros. 15. Sou guiado em minhas ações por padrões morais internos. 16. Encorajo os outros a expressarem pontos de vista opostos. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE14 8 CAMINHOS PARA O DESENVOLVIMENTO DA LIDERANÇA De acordo com George, Mclean e Craig (2009) o desenvolvimento da liderança requer muito em-penho. Os autores consideram a trajetória de formação do líder semelhante à jornada de um atleta de alta performance ou de um artista renomado. Para eles ne- nhum desportista ou músico atinge o ápice do seu desempenho lendo um livro simples- mente ou participando de um treinamento e, da mesma forma, o líder também não. É preciso perseverança, trabalho árduo, supe- ração de frustrações e treino, muito treino! Durante muito tempo os programas de capacitação para a liderança tentaram mos- trar fórmulas prontas, com etapas fáceis de serem seguidas e com resultado imediato. Em geral, esses treinamentos são inspira- dos em outros líderes, que viveram em ou- tros momentos históricos, dificilmente se replicando no atual contexto ou momento de sua vida. Tentar imitá-los, é lançar-se em uma perspectiva hipotética e desconectada da sua história de vida. Então, o foco está em você. Aprofunde-se na sua história de vida explorando suas ex- periências, desafios superados e decepções para descobrir suas verdadeiras paixões. Exerça oportunidades de liderança ao máxi- mo e não espere que essas experiências ve- nham a você. Pratique! No início você poderá errar, mas isso proporcionará grande apren- dizado e segurança em si mesmo. Trabalhe com afinco os elementos-cha- ve da liderança autêntica, ou seja: tenha consciência de si próprio (seus princípios, valores, motivações, pontos fortes, pontos a desenvolver); internalize a ética na sua forma de proceder em todos os momen- tos; utilize-se de informações relevantes para as tomadas de decisão; trabalhe com transparência e confiança mútua nos seus relacionamentos; integre as dimensões da sua vida pessoal, profissional e familiar na mesma jornada. Fale a verdade! Seja você! E, para finalizar, atenção! é preciso que você utilize suas habilidades pessoais de maneira plena enquanto adquire conheci- mentos e aprende com seus erros e acer- tos. E jamais esqueça: “liderança é uma escolha, não um título” (GEORGE; MCLE- AN; CRAIG, 2009 p. xii). REFERÊNCIAS BASS, B. M.; BASS, R. The Bass handbook of leadership: theory, research, and managerial applications. 4 ed. New York: Free press, 2009. GEORGE, B. Liderança autêntica: resgate os valores fundamentais e construa organizações duradouras. Tradução: Leonardo Abramowicz. São Paulo: Editora Gente, 2009. GEORGE, B.; MCLEAN, A.; CRAIG, N. O líder autêntico: um programa para o desenvolvimento de uma carreira plena. Tradução: Patrícia Sá. Rio de Janeiro: Elsevier– Campus, 2009. LUTHANS, F.; AVOLIO, B. J. Authentic leadership development. In: Cameron, K. S.; Dutton, J. E.; Quinn, R. E. (Eds.), Positive organizational scholarship: Foundations of a new discipline, San Francisco: Barrett-Koehler, p. 241–261, 2003. MAXWELL, J.C. As 21 irrefutáveis leis da liderança: uma receita comprovada para desenvolver o líder que existe em você. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2007. NEWHOLM, T.; SHAW, D. Studying the ethical consumer: a review of research. Journal of Consumer Behaviour, v. 6, p. 253-270; sep-oct, 2007. ROBERTS, J. A. Profiling levels of socially responsible consumer behavior: a cluster analytic approach and its implications for marketing. Journal of Marketing Theory and Practice, n. 3, v. 4, pp. 97–117, 1995. SELIGMAN, M. E. P. Felicidade autêntica: use a psicologia positiva para alcançar todo seu potencial. Tradução Neuza Capelo. 2 ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2019. TURANO, L. M.; CAVAZOTTE, F. Conhecimento científico sobre liderança: uma análise bibliométrica do acervo do The Leadership Quarterly. RAC, Curitiba, v. 20, n. 4, p. 434-457, ago., 2016. WALUMBWA, F. O. et al. Authentic leadership: development and validation of a theory-based measure. Journal of Management, v. 34, n. 1, p. 89-126, Feb. 2008. EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 15 Patrocínio Realização Correalização Apoio JOSÉ ESTEVAM TOMAZ (autor) Administrador pela Universidade Federal do Ceará (UFC) com especializações em Administração Postal, Administração Escolar e Gestão de Pessoas e mestrando em Administração e Controladoria com linha de pesquisa em liderança autêntica. Como analista de Correios desem- penhou diversas funções gerenciais alcançando a posição de diretor regional dos Correios no Ceará, sendo, atualmente, gerente estadual de atendimento nos Correios do Ceará. É professor universitário nas áreas de logística, negociação, mudanças organizacionais, desenvol- vimento humano e gestão do capital humano, com atuação na Faculdade CDL. É palestrante na área de liderança e gestão empresarial e examinador do Modelo de Excelência em Gestão. RAFAEL LIMAVERDE (ilustrador) Nascido em Belém/PA, naturalizado cearense, formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), é xilogravurista e ilustrador. Possui mais de 40 livros ilustrados em diversas editoras do país. É um dos organizadores do “Festival de Ilustração de Fortaleza”, evento que já está em sua quarta edição e é realizado dentro da Bienal do Livro do Ceará. Um ano de atividades e conteúdos para você criar ou impulsionar o seu negócio. podcasts webinar Lives webcontents programas de rádio programas de TV CONHEÇA MAIS EM SEMINARIOEMPREENDER.COM.BR 2020
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