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CONTESTAÇÃO TRABALHISTA CASO PRÁTICO

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AO DOUTO JUÍZO DA 85ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO/RJ
PROCESSO SOB Nº 0055.2020.5.01.0085
COMERCIO ATACADISTA DE ALIMENTOS LTDA., qualificação e endereço completos, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado abaixo assinado (procuração anexa), com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no art. 847 da CLT, OFERECER, CONTESTAÇÃO, à reclamação trabalhista que lhe move ANDERSON SILVA, já qualificado nos autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
PRELIMINAR DE MÉRITO
I – INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL-AUSÊNCIA DE CAUSA DE PEDIR
O reclamante postula o pagamento do 13º salário de 2018, porém não apresenta causa de pedir, uma vez que alega que não recebeu apenas o 13º salário do ano de 2016.
De acordo com o disposto no art. 330, §1º, I do CPC, a petição inicial é inepta, dentre outras hipóteses, quando lhe faltar a causa de pedir. No presente caso, é inepta quanto ao pedido de pagamento do 13º salário de 2018, pois o autor não apontou causa de pedir, uma vez que afirmou apenas que não recebeu o 13º salário do ano de 2016, não se referindo ao 13º salário de 2018.
Esclarece-se que a inépcia da inicial deve ser analisada em preliminar de contestação, à luz do art. 337, IV do CPC.
Diante do exposto, requer a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos dos arts. 485, I, e 330, I do CPC, que traz o indeferimento da petição inicial, em relação ao pedido de pagamento do 13º salário de 2018.
II – PREJUDICIAL DE MÉRITO
O Reclamante postulou em sua reclamação trabalhista, ajuizada em 10/01/2020, parcelas que retroagem à data de sua admissão, que ocorreu em 03/03/2003. Com base nos arts. 7º, XXIX, da CF e 11 da CLT, o direito de ação quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em 5 anos, contados da data do ajuizamento da ação ( SÚM 308, II, TST).
Diante do exposto, requer a extinção do processo, com resolução do mérito, à luz do art. 487, II, do CPC, quanto às parcelas postuladas anteriores aos últimos 5 anos, contados do ajuizamento da ação, ou seja, anteriores a 10/01/2015.
DO MÉRITO
I – REINTEGRAÇÃO
O Reclamante postulou a reintegração ao emprego, ou a equivalente indenização substitutiva, tendo em vista a suposta estabilidade que possuía na ocasião da dispensa, por ter sido nomeado para exercer o cargo de diretor suplente de cooperativa criada pelos empregados da ré. 
Não assiste razão ao reclamante, pois, consoante a OJ 253 da SDI-I do TST, o diretor suplente de cooperativa não é beneficiário da estabilidade provisória prevista no art. 55 da Lei nº 5.764/71, a qual é dirigida, exclusivamente, àqueles que exerçam ou ocupem cargos de direção das cooperativas, não se estendendo tal garantia aos suplentes. Assim, o reclamante não possui direito à estabilidade provisória, nem à sua indenização substitutiva, por exercer cargo de suplente de cooperativa criada pelos empregados. 
Posto isso, requer a improcedência do pedido de reintegração, bem como de indenização substitutiva. 
II – HORAS EXTRAS
O Reclamante postulou a condenação do reclamado ao pagamento de 2 horas extraordinárias diárias, acrescidas do adicional de 50% por laborar de segunda a sábado, das 9 horas às 20 horas, e seus reflexos.
Não assiste razão ao reclamante, pois, de acordo com o instituto pelo art. 62, I da CLT, não faz jus à percepção de horas extraordinárias os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho. Ressalta-se que tal condição estava anotada na CTPS do Reclamante e ele mesmo afirmou que não estava submetido a controle de jornada de trabalho.
Dessa maneira, requer a improcedência do pedido de 2 horas extras diárias, bem como seus reflexos postulados. 
III – FÉRIAS EM DOBRO
O Reclamante postulou o pagamento em dobro das férias referentes ao período aquisitivo de 2016/2017, acrescidas de 1/3 pela não concessão a tempo e modo, nos moldes do art. 137 da CLT.
Não assiste razão ao reclamante, pois, conforme estabelece o art. 133, IV da CLT, não terá direito a férias o empregado que, no curso do período aquisitivo, permanecer em gozo de licença, com percepção de prestações de acidente de trabalho ou auxílio-doença da Previdência Social, por mais de 6 meses. Assim, o reclamante não tem direito às férias pleiteadas, pois afirma ter recebido auxílio-doença por 7 meses durante o período aquisitivo. 
Destarte, requer a improcedência do pedido de férias. 
IV – DIFERENÇAS SALARIAIS
O Reclamante postulou equiparação salarial, alegando que foi contratado em razão da morte do Sr. Wanderley Cardoso, com salário inferior em R$ 1.000,0 (mil reais) ao que era percebido pelo paradigma, para exercer função idêntica, e seus reflexos.
Não assiste razão a reclamante, pois, consoante determina a SUM 159, II do TST, não são devidas diferenças salariais, pois o reclamante ocupou o cargo que se tornou anteriormente vago em definitivo com o falecimento do paradigma apontado. Dessa forma, o reclamante não faz jus à equiparação do Sr. Wanderley Cardoso.
Posto isso, requer a improcedência do pedido de equiparação salarial, bem como seus reflexos.
V – VALE-TRANSPORTE
O Reclamante postulou o pagamento dos valores correspondentes aos vales-transportes não fornecidos durante todo o período contratual. Ressaltou, no entanto, que o deslocamento de sua residência para o local de trabalho e vice-versa era realizado em transporte coletivo fretado pela ré, não tendo recebido vale-transporte durante todo o período de contrato de trabalho.
Não assiste razão ao reclamante, tendo em vista que o vale-transporte é concedido para uso no deslocamento residência- trabalho e vice-versa, em transporte coletivo, art. 1º da Lei 7.418/85, o que não ocorreu no caso em tela, considerando que o empregador fornecia transporte coletivo fretado por ele, estando, portanto, nos termos do art. 4º do Decreto nº 95.247/87, desonerado da obrigação de fornecer vale-transporte.
Diante do exposto, requer a improcedência do pedido de vale-transporte.
REQUERIMENTOS FINAIS
Diante do exposto, requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o depoimento pessoal do reclamante, sob a consequência de confissão.
Por fim, requer o acolhimento da preliminar de mérito para que seja estabelecida a extinção do processo sem resolução do mérito, nos moldes dos arts. 485, I 330, I do CPC, indeferimento da petição inicial, em relação ao 13º salário do ano de 2018 por ausência de causa de pedir.
Posteriormente, o acolhimento da prejudicial de mérito para que seja declarada a extinção do processo com resolução do mérito, à luz do art. 487, II do CPC, quanto às parcelas anteriores aos últimos 5 anos, contados do ajuizamento da ação. 
E, sucessivamente, no mérito, requer a improcedência de todos os pedidos do reclamante, condenando – o ao pagamento de custas processuais e em honorários advocatícios, com base no art. 791 – A da CLT.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local, data.
ADVOGADO
OAB/UF Nº

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