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Amiloidose: Condição Patológica com Deposição de Amiloide

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Amiloidose
A amiloidose representa um amplo espectro de condições patológicas e clínicas que apresentam em comum a deposição de amiloide. O amiloide é uma substância proteinácea patológica de diferentes entidades químicas com uma propriedade de conformação idêntica de formar camadas de folhas β-pregueadas de fibrilas não ramificadas, como identificado pela cristalografia e espectroscopia com infravermelho. Ele ocorre extracelularmente e comprime as células parenquimais adjacentes, causando atrofia ou morte por compressão e/ou isquemia. 
Por microscopia de luz e coloração com hematoxilina e eosina (H&E) o amiloide aparece como um amorfo, eosinofílico, hialina, substância extracelular que, com acumulação progressiva, resulta na atrofia por pressão de células tecidos adjacentes. Embora o amiloide possa ser originado de diferentes entidades químicas, todos os depósitos apresentam a mesma aparência e características tintoriais. Muitas vezes, é necessário diferenciar o amiloide de outros depósitos extracelulares de aspecto semelhante, como o colágeno e a fibrina. A diferenciação dessas proteínas é facilmente alcançada usando técnicas histoquímicas. 
A técnica mais comum para identificar o amiloide é o corante vermelho-congo, a qual não tem especificidade química para o amiloide, mas é dependente da propriedade conformacional de ser arranjada em camadas β-pregueadas. O corante vermelho-congo tinge a substância amiloide numa coloração que varia do laranja ao vermelho e, quando visto sob luz polarizada, revela um material característico verde birrefringente. 
O amiloide contém aproximadamente 95% de proteínas fibrilares e 5% de componente P e outras glicoproteínas. Das 15 formas bioquimicamente distintas do amiloide reconhecido em humanos, três são as mais comuns: (1) cadeia leve amiloide (AL), derivada das cadeias leves das imunoglobulinas de plasmócitos; (2) amiloide associado (AA), derivada da proteína sérica de fase aguda amiloide A (SAA); (3) Aβ amiloide, derivada da proteína precursora amiloide (APP). Essas formas de amiloide 726 são também reconhecidas nas espécies domésticas. 
· A forma AL de amiloide pode conter cadeias leves completas de imunoglobulinas, a porção terminal NH2 das cadeias leves de imunoglobulina ou ambas. As células secretoras de imunoglobulinas, os linfócitos B e os plasmócitos são associados à deposição de amiloide AL. 
· A forma AA de amiloide consiste em um fragmento proteolítico de proteína de fase aguda maior, denominada SAA, a qual é encontrada no plasma e sintetizada no fígado, liberada durante as reações inflamatórias sistêmicas. 
· A forma Aβ do amiloide contém um fragmento proteolítico de APP e é associado à angiopatia amiloide cerebral do mal de Alzheimer em humanos e com algumas formas de neurodegeneração no cérebro canino. 
Classificação de Amiloidose 
O amiloide pode ser sistêmico (generalizado), com depósitos em muitos órgãos, ou pode ser localizado, com depósitos limitados a um único órgão. A forma sistêmica ou generalizada pode ser classificada adicionalmente em amiloidose primária (AL), quando associada à discrasia de imunócito, ou amiloidose secundária (SAA), quando associada a processo inflamatório crônico ou destrutivo. Amiloidose hereditária ou familiar engloba uma categoria heterogênea separada, com diversos padrões distintos de envolvimento de órgão que são reconhecidos primariamente em humanos. 
· A amiloidose primária é a forma sistêmica mais comum da amiloidose e é do tipo AL. Muitos casos de amiloidose AL são atribuídos à presença de algum tipo de discrasia do imunócito, como neoplasia dos plasmócitos. Os neoplasmas derivados dos plasmócitos incluem o plasmocitoma intramedular e o mieloma ou, o mais comum, o mieloma múltiplo, que mais frequentemente é limitado à medula óssea. A cadeia leve λ é mais frequentemente identificada na amiloidose do tipo AL. Porque as cadeias leves são pequenas proteínas, elas são frequentemente detectadas na urina dos pacientes acometidos. A mera presença de proteína de Bence-Jones isoladamente não é suficiente para produzir amiloidose AL, pois muitos dos casos de neoplasias de plasmócitos com proteína de Bence-Jones.
· A amiloidose sistêmica reativa é a forma mais comum em animais. Essa forma de amiloidose apresenta distribuição sistêmica e é conhecida também como amiloidose secundária porque é geralmente secundária à inflamação crônica de um processo tecidual destrutivo. A amiloidose sistêmica reativa nos animais domésticos é a forma de amiloide AA, que é mais frequentemente secundária a condições inflamatórias crônicas ou neoplásicas (discrasias não relacionadas aos imunócitos) ou idiopáticas. É necessário haver um prolongado aumento da concentração sérica de proteína SAA, mas isso não é suficiente para o desenvolvimento de amiloide AA. Fígado, rins, baço, linfonodos e glândulas adrenais são mais comumente envolvidos.
· A amiloidose familiar é uma forma sistêmica de amiloidose AA que é hereditária em algumas raças de cães e gatos. A amiloide AA familiar foi descrita, em gatos, nas raças abissínio e siamês e, em cães, na raça Shar-pei. Os sistemas orgânicos acometidos são variados, mas os depósitos ocorrem mais comumente nos rins (principalmente uma deposição glomerular no gato abissínio e deposição medular intersticial no cão Shar-pei) e hepático (gato siamês). As fibrilas amiloides consistem em proteínas AA, sugerindo que essa forma pode ser relacionada a condições inflamatórias crônicas. 
· A amiloidose localizada é uma forma em que os depósitos amiloides são limitados a um único órgão ou tecido. Em muitos casos, os depósitos localizados são macroscopicamente visíveis como massas. A amiloidose localizada está presente nos tumores epiteliais odontogênicos calcificados (tumores odontogênicos produtores de amiloide) do gato e do cão. Um dos aspectos proeminentes dessa rara neoplasia é a presença de amiloide, que frequentemente se calcifica. Algumas formas de encefalopatia espongiforme transmissível, de ocorrência natural, como a doença caquetizante crônica (DCC), são caracterizadas por placas amiloides no cérebro em adição à vacuolização intraneuronal. 
· A amiloidose endócrina caracteriza-se pela deposição de amiloide nas ilhotas pancreáticas e é derivado do amiloide polipeptídico de ilhotas (IAPP), uma proteína normalmente secretada pelas células β do pâncreas. A deposição amiloide pode ocorrer no córtex da glândula adrenal; no entanto, não está associada a nenhuma deficiência funcional. 
· A amiloide do envelhecimento caracteriza-se por deposição de amiloide que ocorre como alteração relacionada à idade em inúmeros sistemas orgânicos. De modo semelhante à amiloidose sistêmica senil em humanos, cães idosos podem desenvolver alterações neurodegenerativas que podem incluir amiloidose cerebrovascular ou a formação de placas senis. Esses depósitos podem consistir em inúmeras proteínas extracelulares, mas mais comumente contêm amiloide tipo Aβ. Outros sistemas orgânicos que em raras ocasiões contêm depósitos de amiloide nos cães idosos são coração, trato gastrointestinal e pulmões. 
Patogenia da Amiloidose 
A deposição de amiloide é o resultado do dobramento anormal das proteínas patogênicas, depositadas extracelularmente como fibrilas organizadas em camadas β pregueadas. Embora haja muitas proteínas diversas associadas à formação de amiloide, todas são caracterizadas por proteínas dobradas erroneamente conduzindo à formação de fibrilas que são instáveis e autoassociadas. Igualmente diversas são as inúmeras condições que podem estar associadas à formação de amiloide e cada uma dessas condições é caracterizada por excessiva produção de proteínas amiloidogênicas propensas a se dobrar erroneamente. 
Duas categorias gerais de proteínas amiloidogênicas são (1) aquelas que são proteínas normais que apresentam tendência inerente a se dobrar erroneamente e formam fibrilas quando produzidas em quantidade excessiva; e (2) aquelas que são produtos de proteínas anormais resultantes de mutações genéticas, estruturalmente instáveise formam fibrilas autoassociadas. 
Proteínas dobradas erroneamente são normalmente degradadas intracelularmente nos proteossomos ou extracelularmente pelos macrófagos. Na amiloidose, esses processos degenerativos são inadequados e podem ser responsáveis pelo acúmulo de proteínas dobradas extracelularmente.
Diagnóstico da Amiloidose 
Macroscopicamente, os órgãos acometidos são em geral aumentados, moderadamente firmes e de coloração anormal. Microscopicamente, o diagnóstico de amiloide é fundamentado em sua localização extracelular e nas características de coloração. Como discutido previamente, o vermelho-congo é a coloração mais comumente usada para a identificação de amiloide. Todas as formas de amiloide são coradas com o vermelho-congo porque a reação é baseada na presença de fibrilas organizadas em camadas β pregueadas. A imuno-histoquímica também pode ser usada, não somente para identificar depósitos amiloides, como também para identificar os constituintes específicos que compõem os depósitos (p. ex., anticorpos anticadeia leve β). Por microscopia eletrônica, as fibrilas amiloides são caracterizadas como túbulos não ramificados de 7,5 a 10 mm de diâmetro.

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