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[SEMIOLOGIA E TÉCNICAS BÁSICAS DE EXAME FISICO ] THAÍS SILVA BATISTA O exame físico geral é a primeira etapa do exame clínico e além de complementar a anamnese (entrevista clínica), fornece uma visão do paciente como um todo, não segmentada. É dividido em: Exame físico geral (sematoscopia ou ectoscopia) é a visão geral do paciente. Exame físico dos órgãos e aparelhos - onde se analisa cada parte segmentada (cabeça e pescoço, aparelho respiratório, pericárdio, abdômen, vascular periférico, neurológico). ASPECTOS AVALIADOS Qualitativo – avalia aspectos mais subjetivos do paciente. Graduamos as qualidades em graus de uma a quatro cruzes (ex; pouco descorado (1+/4+) muito descorado (4+/4+). Quantitativo – avalia aspectos mensuráveis do paciente. ITENS AVALIADOS NO EXAME FÍSICO GERAL 1. Estado geral 2. Estado mental e nível de consciência 3. Pele, mucosas e anexos 4. Avaliação do sono e repouso 5. Avaliação do estado nutricional 6. Avaliação da condição de mobilidade 7. Avaliação das variações dos parâmetros vitais ESTADO GERAL Avaliação subjetiva do paciente em sua totalidade: resposta do indivíduo à doença, verificando-se a existência de perda de força muscular, perda de peso e estado psíquico do paciente. Avalia-se nível de consciência, fácies, fala, confusão mental, mobilidade, orientação, etc. A classificação pode ser: Bom Estado Geral (BEG), Regular Estado Geral (REG) ou Mau Estado Geral (MEG). ESTADO MENTAL E NÍVEL DE CONSCIÊNCIA Avaliação que busca fornecimento de dados acerca do estado cognitivo do paciente, de modo que seja identificada qualquer alteração (podem estar associadas a distúrbios do SNC). Consciência: O paciente está acordado e alerta? Parece compreender e responder ao que se pergunta? Orientação: Avaliar a orientação no tempo e no espaço. “Que dia é hoje?”, “Que dia da semana estamos”, “Qual a sua data de nascimento?”, “Onde você está?”, “Qual o nome do hospital que você se encontra?”, entre outros. Memória: Idade, data de nascimento, nome dos filhos, cônjuge, entre outros. Linguagem: Qualidade, o volume e a velocidade da fala. AVALIAÇÃO DA PELE, MUCOSAS E ANEXOS. Avaliação da coloração: mucosa palpebral da conjuntiva, mucosa oral, leito ungueal e palma das mãos. O paciente pode estar corado (mais avermelhado) ou descorado. Caso se encontre descorado, classifique em cruzes. Avaliação do grau de hidratação: umidade da mucosa oral, globo ocular e turgor da pele (descrito como normal ou diminuído). O paciente pode estar hidratado ou desidratado. Caso se encontre desidratado, classificar o grau (em cruzes). Avaliação da presença de icterícia: caracterizada pela coloração amarelada; pode estar associada à presença de distúrbios hepáticos ou hemólise de hemácias. O paciente pode estar ictérico ou anictérico. Caso se encontre ictérico, classificar o grau (em cruzes). *O excesso de betacaroteno pode se assemelhar à icterícia. *Avalie às mucosas e não a coloração da pele. *Idosos e negros podem ter a esclera com tom amarronzado devido à hiperpigmentação normal desses pacientes. Nesses casos, avalie a parte da esclera que não fica exposta à luz (abaixo da pálpebra) para confirmar a coloração. Avaliação da presença de cianose: coloração azulada no lábio, leito ungueal, língua e outras extremidades, que é indicativa de redução da oxigenação do sangue ou de redução da perfusão sanguínea, periférica ou central. O paciente pode estar cianótico ou acianótico. *O paciente pode estar com coloração mais azulada por hipoperfusão sanguínea em razão do frio (cianose periférica causada pela vasoconstrição periférica, induzida pelo frio). Temperatura: pode ser a mesma em todo o corpo ou pode variar em uma região específica. A temperatura pode estar preservada, aumentada ou diminuída. Em membros simétricos como braços e pernas, é preciso realizar avaliação comparativa. A temperatura nos dá parâmetro sobre a circulação local. [SEMIOLOGIA E TÉCNICAS BÁSICAS DE EXAME FISICO ] THAÍS SILVA BATISTA Textura: avaliar a textura da pele com a região anterior dos quirodáctilos (dedos). Pode ser fina (comum em pele normal), mais espessa (comum em pele oleosa) ou seca (comum em pele mista). Avaliação de Edema: pressionar com o polegar a região pré-tibial e maleolar os membros inferiores por, pelo menos, cinco segundos. Caso apresente uma depressão, que se caracteriza pela formação de cacifo (sinal de Godet) descreve-se como sinal de godet positivo. A avaliação é feita em “cruzes”, sendo 1+ (2mm), 2+ (4mm), 3+ (6mm) e 4+ (8mm), conforme a profundidade do cacifo (depressão). Lesões: em caso de presença de lesões, avaliar e descrever as características: tipo, tamanho, formato, tecido, bordas, presença de exsudato (quantidade, coloração, odor), presença de dor, tratamento implementado, entre outros. AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL É necessário pesar e medir o paciente para realizar o cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC). Estado Nutricional para adultos e idosos ADULTOS IMC (Kg/m²) Baixo peso < 18,5 Normal 18,5 – 24,9 Sobrepeso 25,0 – 29,9 Obesidade I 30,0 – 34,9 Obesidade II 35,0 – 39,9 Obesidade extrema > 39,9 IDOSOS IMC (Kg/m²) Baixo peso < 22 Normal 22 – 27 Sobrepeso > 27 Obesidade Homem >30 Mulher >32 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE MOBILIDADE No exame físico geral, a avaliação e o registro são pontuais, por exemplo, acamado, deambula com auxílio de bengala ou de muletas, entre outros. AVALIAÇÃO DAS VARIAÇÕES DOS PARAMETROS VITAIS Identificação das variações dos sinais vitais nas últimas 24 horas. Utilizar o símbolo matemático delta “Δ” antes dos sinais vitais, que significa variação. Por exemplo: ΔPAS (variação da Pressão Arterial Sistólica) = ___-___ mmHg; ΔPAD (variação da Pressão Arterial Diastólica) = ___-___ mmHg; ΔFC (variação da Frequência Cardíaca) = ___-___ bpm; ΔT (variação da Temperatura) = ___-___ ºC; ΔFR (variação da Frequência Respiratória) = ___- ___ rpm; ΔDor (variação da Dor) = ___-___ (ENV 0-10). ETAPAS DO EXAME FÍSICO INSPEÇÃO Devem-se inspecionar os segmentos corporais, a presença de dismorfias, distúrbios no desenvolvimento, lesões cutâneas, secreções e presença de cateteres e tubos ou outros dispositivos. É importante verificar o modo de andar, a postura, o contato visual e a forma de comunicação verbal e corporal. Esses dados fornecem “pistas” sobre o estado emocional e mental do paciente. Descrever a lesão de acordo com a anatomia topográfica (linhas verticais e horizontais). TIPOS DE INSPEÇÃO Estática: com o paciente parado, observam-se os contornos anatômicos; formato; Dinâmica: pede-se para que o paciente faça alguns movimentos, observando com atenção e foco no segmento. *pode ser uma inspeção localizada ou panorâmica, frontal ou tangencial. *para a inspeção de cavidades, utiliza-se a lanterna clínica. PALPAÇÃO Obtenção de dados por meio do tato (parte mais superficial do corpo) e da pressão (parte mais profunda do corpo). Permite a identificação de modificações de textura, espessura, consistência, sensibilidade, volume e dureza. Permite a percepção de frêmito, flutuação, elasticidade e edema. TIPOS DE PALPAÇÃO Superficial: pressão em profundidade de 1 cm; Profunda: pressão em profundidade de 4 cm. TECNICAS DE PALPAÇÃO [SEMIOLOGIA E TÉCNICAS BÁSICAS DE EXAME FISICO ] THAÍS SILVA BATISTA Mão espalmada, usando-se toda a palma de uma de ambas as mãos; Mãos sobrepostas; Mão espalmada, usando-se apenas as polpas digitais e a parte ventral dos dedos; Polegar e o indicador formando uma pinça; Dorso dos dedos e das mãos, para avaliar temperatura; Dígito-pressão: a polpa do polegar e do indicador, consiste na compressão de uma área com o objetivo de pesquisar dor,detectar edema e/ou avaliar a circulação cutânea; Puntipressão: utiliza-se de um objeto pontiagudo, não cortante em um ponto do corpo para avaliar a sensibilidade dolorosa; Fricção com algodão: roçar de leve a pele, procurando verificar a sensibilidade tátil. PERCURSSÃO Pequenos golpes em determinada superfície do organismo, que emite vibrações específicas de acordo com a estrutura anatômica percutida, quanto à intensidade, tonalidade e timbre. TIPOS DE PALPAÇÃO Percussão direta: diretamente com as pontas dos dedos na região-alvo. Os dedos devem estar fletidos, imitando a forma de um martelo e os movimentos de golpear são feitos pela articulação do punho. Percussão digito-digital: golpeamento com o dedo médio ou indicador da mão dominante, que encontra-se espalmada e apoiada na região de interesse. A mão dominante deve ficar em posição confortável e apenas o dedo que irá percutir deverá ter posição de martelo. A movimentação da mão deverá ocorrer apenas com a articulação do punho. O cotovelo deve permanecer fixo e fletido a 90º e com o braço em semiabdução. Punho-percussão: com a mão fechada, golpeia- se com a borda cubital (utilizada para verificar a sensação dolorosa nos rins). Percussão com a borda das mãos: os dedos ficam estendidos e unidos, golpeia-se a região desejada com a borda ulnar (utilizada para verificar a sensação dolorosa nos rins). Percussão por piparote: utilizada para pesquisa de ascite. Com uma das mãos, o examinador golpeia um lado abdome, enquanto a outra mão, na região contralateral, capta ondas de líquidos que se chocam com a parede abdominal. POSSÍVEIS SONS Maciço: transmite a sensação de dureza e resistência, em todas as regiões desprovidas de ar, como osso e fígado; Submaciço: variação do maciço, é a presença de ar em pequena quantidade que lhe confere essa característica peculiar Timpânico: regiões que contêm ar, recobertas por membrana flexível, como o estômago, sensação de elasticidade; Hipertimpânico: regiões que contêm ar em grande quantidade, abdome em caso de acúmulo de gases; Claro pulmonar: área sobre os pulmões, quando estão normais, com presença de ar dentro dos alvéolos. *Evite dar muitos golpes para confirmar o som, pois podem interromper a onda vibratória e alterar o som emitido; *Em órgãos simétricos como os pulmões, é preciso realizar a percussão comparada. AUSCULTA Ouvir sons produzidos pelo corpo, que são inaudíveis sem o uso de instrumentos, utilizamos o estetoscópio para examinarmos os pulmões, coração, artérias e intestino. *O estetoscópio deve ser colocado sobre a pele nua; *Devem ser observadas as características dos sons, como: intensidade, tom, duração e qualidade.
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