Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Alex Henrique Defavari 2 Epidemiologia - Alta incidência no ocidente 5/10.000 pacientes; - Maior incidência em homens (56 casos em homens e 48 mulheres /100.000) e idosos; - Incidência se eleva conforme idade, chegando a limite nos 75 anos de mulheres em 500/100.000. - Alta incidência de mortalidade; Se diagnosticado, a taxa de mortalidade é mortalidade: 4% em 1 mês até a 13% em 1 ano. Etiologia Principais vasos que surgem os êmbolos: Vasos venosos profundos da coxa, da pelve e da região poplítea, seguida da câmara cardíaca direita e de vasos oriundos da veia cava superior. Medicamentos que auxiliam na vasocontrição arteriolar pulmonar: Derivados plaquetários (serotonina, difosfato de adenosina [ADP] Metabólitos do ácido araquidônico: tromboxano A2 [TXA2] Prostaglandina H2 [PGH2] Fator de ativação de plaquetas [PAF] Fator de crescimento dos derivados de plaqueta [PDGF, platelet derived growth factor]) Neutrófilos (PAF, TXA2) Leucotrienos C4, D4 e E4 (LTC4, LTD4 e LTE4) Radicais livres de oxigênio Plasmáticos (trombina, fração C3 e C5a do complemento, fragmento D da fibrina) Endotélio (endotelina, deficiência de óxido nítrico e prostaciclina [PGI2]) Substância P Histamina Outros tipos de êmbolos: embolia gordurosa, gasosa ou tumoral. Fatores de risco Tríade de Virchow, composta por: estase venosa, hipercoagulabilidade e lesão endotelial. Condições adquiridas: obesidade, tabagismo, DPOC, câncer, ICC, IAM, gravidez, anticoncepcionais, idade >40 anos, TEV prévia, imobilização, trauma (cirúrgico e não cirúrgico), cirurgia recente (últimos 3 meses), terapia de reposição hormonal, doença mieloproliferativa, varizes em MMII, síndrome antifosfolípide, quimioterapia. Fisiopatologia A TEP é derivada de eventos da TVP + Tríade de Virchow + migração de êmbolos para os pulmões. Inicialmente ocorre formação de êmbolos nos MMII (membros inferiores) geralmente nos vasos ilíacos e femorais (vasos proximais dos MMII, justamente onde é situado o maior sítio venoso que origina os êmbolos), que ao se desprenderem se tornam um êmbolo, fazendo trajeto → veia cava inferior → coração pelo AD → VD → circulação pulmonar. A obstrução causa ↓ pré-carga e a liberação de mediadores inflamatórios (tromboxano) promovendo a vasoconstrição e ↑ resistência pulmonar. Como medida o VD tenta manter o equilíbrio, mantém o débito cardíaco elevando a pressão pulmonar e com o tempo do uso deste mecanismo pode causar uma dilatação do VD podendo até deslocar o septo interventricular. A obstrução de ramos mais distais dos vasos pulmonares tem ↑ risco de desenvolver infarto pulmonar acompanhado de inflamação naquele local, causando hemoptise (expulsão de sangue pela tosse, com coloração vermelho brilhante e ph alcalino acompanhado de dispnéia) e dor pleurítica. Tromboembolismo pulmonar 26/01/2021 Tromboembolismo pulmonar Alex Henrique Defavari 3 Pela obstrução de um ramo da arterial pulmonar, surge a área de espaço morto patológico no pulmão (área com ventilação, mas sem perfusão), não ocorrendo a troca gasosa. Causando uma alteração na relação ventilação/perfusão (V/Q), ocasionando sintomas de dispneia e hipóxia. Também altera a dinâmica pela resposta inflamatória causando atelectasia, taquipneia, hipoxemia e alcalose respiratória, nos casos mais graves. Existem 2 fatores que ↑ o grau de obstrução: 1° é um fator mecânica: que determina o grau de obstrução da artéria pulmonar. 2° É um fator reflexógeno: que ↑ temporariamente o grau de obstrução. Sendo estes dois fatores determinantes do quadro clínico. O quadro clínico + hemodinâmico, estão relacionados com: 1. Área arterial ocluída; 2. Capacidade de o ventrículo direito vencer a pós-carga; 3. Intensidade da bronco e da vasoconstrição pulmonar; Que estão intermediados por: Serotonina Tromboxano a2 Plaquetas da massa trombótica Decorrente disto, se a oclusão se tornar superior á 25% ocorre ↑ PA pulmonar, ↑ Pós-carga do VD (pois, ↑ consumo de oxigênio, que, associado à baixa reserva de perfusão coronariana, poderá precipitar manifestações clínicas do tipo anginoso, associadas à falência miocárdica, consequentemente evoluindo até para um choque cardiogênico e podendo ainda ocorrer agravantes como hipóxia e acidose. Classificacoes Conforme tempo de instalação: 1. Agudo: sintomas súbitos no momento em que a embolização do trombo para um dos ramos arteriais da circulação pulmonar. 2. Subagudo: sintomas aparecem dias ~ semanas após embolização. 3. Crônico: desenvolve-se em meses ~ anos, crescendo gradualmente na vasculatura pulmonar causando hipertensão pulmonar. Conforme estabilidade hemodinâmica Conforme etiologia TEP provocada: causada por alguma circunstância no tempo entre 6-12 semanas. Cirurgias recentes, fratura de fêmur, imobilização. TEP não provocada: idiopática. Paciente evolui para TEP agudo de repente. Conforme apresentação clínica TEP maciça/alto risco (termo relacionado a condição do paciente e não à extensão da lesão): Paciente instável (PAS <90 mmHg) ou queda da PAS em mais de 40mmg em um intervalo de 40 minutos. Alta taxa de mortalidade nas primeiras 72hrs. TEP submaciça: Paciente estável, com disfunções miocárdicas no ecocardiograma (disfunção do VD). TEP não maciça: Paciente estável sem alterações miocárdicas. Conforme o local de obstrução - Em sela: Obstrução na bifurcação das artérias pulmonares principais (esquerda ou direita), por ser obstrução próxima da circulação pulmonar, 22% desses pacientes apresentam instabilidade hemodinâmica. - Outros: Lobar, segmentar ou subsegmentar. Quadro clinico - Inespecífico; de acordo com a estabilidade hemodinâmica e presença de sinais de sobrecarga do VD Alto risco Médio risco baixo risco Alex Henrique Defavari 4 - Pode evoluir desde instável hemodinamicamente; - Sintomatologia de tosse seca e taquipneia - Tríade para comprovar TEP: apresentar dispneia, hemoptise e dor pleurítica. Porém nem todos os pacientes cursam com tamanha exatidão destes sintomas, então deve-se unir os fatores de risco + sinais e sintomas para criar uma hipótese diagnóstica. Sintomas: 1. Dispnéia (principal sintoma) 2. Dor torácica 3. Tosse seca ou hemoptoica 4. Choque obstrutivo (TEP grave) 5. Hipotensão (TEP grave) 6. Arritmias (TEP grave) 7. Sintomas incomuns: síncope, dor retroesternal, ansiedade e redução do nível de consciência. Sinais: Taquicardia Taquipneia (principal sinal) Sinais de instabilidade (hipotensão/ PAS <90) Distensão jugular Hiperfonese de B2 na ausculta cardíaca (sugere existência hipertensão pulmonar) Sibilos na ausculta respiratória Murmúrios vesiculares reduzidos (como consequência de atelectasias) Sinais de TVP (edema assimétrico MMII, pode ou não estar associado a dor, calor e rubor (sinais flogísticos)). Diagnostico diferencial Pneumonia, pneumotórax, insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, pericardite, DPOC, asma brônquica, fratura de costela. Para não retardar o início da anticoagulação e determinar a probabilidade clínica e reduzir a mortalidade, utiliza-se o Escore de Wells para fechar diagnóstico de TEP associado com a clínica. “Iniciar o tratamento (anticoagulação) em casos de alta probabilidade em que o resultado dos exames complementares postergaria a terapêutica”. TVP ou TEP prévios + 1,5 Frequência cardíaca > 100/ min + 1,5 Cirurgia recente ou imobilização + 1,5 Sinais clínicos de TVP + 3 Diagnóstico alternativo menos provável que TEP + 3 Câncer + 1 Hemoptise + 1 PROBABILIDADE Baixa 0-1 Intermediária 2-6 Alta ≥7 Exames complementares Gasometria arterial: paciente com TEP tem distúrbio V/Q, com perfusão inadequada. Assim, o paciente tenta compensar hiperventilando,que pode levar a uma ↓ da PCO2 no sangue. Assim, as alterações encontradas são a presença de hipoxemia e da hipocapnia ou hipercapnia. D-dímero: produto de degradação da fibrina, sendo utilizado pelo seu alto valor negativo, pois valores baixos (D-dímero < 500 ng/ml) em pacientes com baixo risco da doença, o TEP pode ser excluído como hipótese diagnóstica, mas se for acima de > 500ng/ml se mantém como hipótese. OBS: tem falso positivo nos casos de traumas, gestação e pós-operatório. RX de tórax: baixa sensibilidade e especificidade. Mas pode apresentar como sinais de atelectasia ou derrame pleural. Mais usado para excluir os diagnósticos diferenciais. Eletrocardiograma: baixa sensibilidade, mas pode cursar com achados inespecíficos dentre eles a taquicardia sinusal e alterações no segmento ST em cerca de 70% dos casos. O padrão S1Q3T3 é altamente sugestivo. Ecocardiograma: importante para prognóstico, para acompanhar pós-TEP pois tem a capacidade de avaliar as funções do DV. O Eco transesofágico tem maior sensibilidade. Cintilografia: Inala-se albumina com tecnécio 99. Depois realiza-se imagens que relaciona ventilação com perfusão em cada local, o exame compara os dois para verificar se tem áreas com ventilação mas não perfundidas. Alta probabilidade clínica + alta probabilidade cintilográfica = TEP Alex Henrique Defavari 5 Baixa probabilidade clínica + Baixa probabilidade cintilográfica = Sem TEP Baixa ou intermediária probabilidade cintilográfica → deve fazer mais exames. Angiotomografia de tórax: padrão ouro, é um exame não invasivo, bem acessível, tem alta sensibilidade (96%) e especificidade. Obs: utiliza radiação ionizante e contraste iodado. Sendo contraindicado em gestantes e alergias. Seta da direita um trombo (representado pela falha de enchimento) na bifurcação do tronco pulmonar e a presença de outro trombo em um ramo da artéria pulmonar direita. Arteriografia pulmonar: exame padrão ouro invasivo, uso de contraste iodado permite avaliar a circulação pulmonar. OBS: Usa-se em casos em que outros métodos não confirmaram TEP e a suspeita clínica permanece alta. Pode ser usado quando há contraindicação à angiografia, pacientes com alergia ao contraste, portadores de IRC ou em gestantes. Tratamento Precisa classificar o risco que este paciente venha ter e daí em diante traçar seu tratamento: Escala PESI para estratificação do risco de mortalidade por tromboembolia pulmonar aguda (TEP). Classe I ou II: Classificados como baixo risco. Tratamento: domicílio com uso de anticoagulante oral, sem necessidade de internamento hospitalar para avaliação diagnóstica. Paciente PESI Classe > II: internação hospitalar para investigação do quadro e avaliar prognóstico. Solicita-se: ecocardiograma transtorácico + enzimas cardíacas (troponina e BNP). Existe a subdivisão de: risco intermediário baixo (eco-TT OU enzimas cardíacas alteradas OU nenhum dos dois alterados) ou risco intermediário alto (ambos os exames alterados (apresenta pior prognóstico). O tratamento em si consiste na anticoagulação, porém os coagulantes não desfragmentam os trombos já existentes, mas impedem que se forme novos. Suporte: Oxigênio se saturação <90% Se hipotensão receber infusão de 500-1000ml de cristaloides, se não obtiver resultado associar a droga vasoatia. Anticoagulantes na fase inicial: Heparina de baixo peso molecular (HBPM): Enoxaparina – 1,5 mg/kg de peso, via subcutânea, uma vez ao dia. Também é uma droga de escolha em pacientes com CA. Contraindicada, podendo ser ajustada em pacientes com disfunção renal grave pois tem excreção renal. Heparina não fracionada: Possui efeito rápido e pode ser usado em pacientes com disfunção renal. administrar uma dose de ataque de 80UI/kg, seguido por uma dose de manutenção de 12- 18UI/kg por hora em bomba de infusão, com dose máxima de 1000UI/kg. Deve-se iniciar acompanhamento com coagulograma pelo TPPa e deve-se pedir 6/6hrs e seu valor deve ficar entre 65 e 85. Inibidor do fator XA: É um anticoagulante oral que não há necessidade de restrição alimentar e sem necessidade de realizar exames de acompanhamento de sua atividade anticoagulante. Porém tem custo elevado. Fondaparinux – Tem efeito rápido e agudo. É utilizado em pacientes com trombocitopenia induzido pela heparina. Contraindicado em casos de disfunção renal (clearance de creatinina < 30ml/min). É dosado conforme peso: Peso < 50kg: 5 mg. Peso 50-100 kg: 7,5 mg. Peso maior que 100kg: 10 mg. Alex Henrique Defavari 6 Cumarínicos: Marevan - Inicia-se com 5 mg por dia não podendo ser utilizado isoladamente no paciente admitido com TEP, uma vez que os inibidores da vitamina K (como a varfarina) apresentam inicialmente um efeito pró- trombótico paradoxal, devendo ser combinados ao uso da HNF ou enoxaparina até atingir os níveis de adequados. Tem de fazer o controle a cada 15 dias. Pacientes instáveis: são classificados a partir de uma PAS <90mmHg. Eles tem a clínica da insuficiência cardíaca: pele pegajosa, perfusão periférica lentificada e outros sinais de baixo débito. Usa-se trombolíticos [Estreptoquinase, Alteplase (rtPA) ou Tenecteplase]. A janela terapêutica é de 14 dias (sendo que nas primeiras 72 horas há o maior benefício). Estreptoquinase: administrar 250.000 UI IV em bolus em 30 min, seguido de 100.000 Ul/h por 12- 24 h OU 1.500.000 UI IV em 2 horas – preferível. Alteplase ou rtPA: 0,6mg/kg IV em 15 minutos (dose máxima de 50mg) OU 100mg IV em 2 horas – preferível. Tenecteplase – 30 mg para ≤ 60 kg; 35 mg para 61 a 69 kg; 40 mg para 70 a 79 kg; 45 mg para 80 a 89kg; 50 mg para ≥ 90 kg.
Compartilhar