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Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 1 Modulo II Tutoria I Gastro Doença do Refluxo Gastroesofágico O Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroesofágico (CBDRGE) definiu DRGE como uma afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes a ele, acarretando um espectro variado de sintomas e/ou sinais esofagianos e/ou extraeofagianos, associados ou não a lesões teciduais. Epidemiologia A DRGE é o distúrbio mais comum do trato gastrointestinal alto no mundo ocidental Dados epidemiológicos baseados na presença de pirose como indicador de DRGE revelam que 15 a 44% dos adultos norte-americanos tem esse sintoma pelo menos uma vez no mês, e 14 a 17,8%, diariamente. No Brasil, foi realizado um estudo populacional que avaliou a presença de pirose, entrevistando quase 14mil pessoas em 22 cidades, que conclui que 12% da população de DRGE A DRGE afeta todos os grupos etários, mas os idosos procuram tratamento mais frequente. Não há preferência por sexo, mas os sintomas tendem a ser mais frequentes e intensos na vigência de obesidade, bem como durante a gravidez **Em crianças a DRGE predomina em lactentes Fatores de Risco Idade: A DRGE aumenta acentuadamente com a idade Sexo? Gravidez: ocorre relaxamento do esfíncter interno do esôfago por causa da progesterona e do aumento da pressão intra-abdominal exercida pelo útero gravídico Hernia de Hiato Fatores Genéticos: Estudos sugerem o caráter genético da doença ao encontrar casos na mesma família Obesidade: aumento da pressão intra-abdominal Medicamentos: Certos medicamentos conhecidos aumentam a incidência do refluxo como antidepressivos, alguns anti-hipertensivos Tabagismo: Leva uma redução do tônus do esfíncter esofagogástrico. Foi mostrado também que quem continua fumando apresenta um risco maior de desenvolver complicações da DRGE, como câncer e estenose de esôfago. O tabagismo reduz o fluxo sanguíneo para a mucosa do trato digestivo e diminui a produção de muco no estômago, aumentando a chance de uma pessoa portadora de gastrite por H. pylori desenvolver ulcera péptica Bebidas Alcoólicas: Promove relaxamento do esfíncter, com risco de formação de esôfago de barret Alimentação rica em gorduras, cítricos, chocolates, molhos e Café Fisiopatologia A etiologia da DRGE é multifatorial. Tanto os sintomas quanto as lesões resultam do contato da mucosa com o conteúdo gástrico refluxado, decorrentes de falha em uma ou mais das seguintes defesas do esôfago: Barreira antirrefluxo Mecanismos de depuração intraluminal Resistência instrinseca do epitélio Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 2 Modulo II Tutoria I Gastro Barreira antirrefluxo A barreira é composta por: esfíncter interno (ou esfíncter inferior do esôfago- EEI) e esfíncter externo (formado pela porção crural do diafragma). - considerado o principal mecanismo fisiopato RGE. ). **A presença de Hérnia Hiatal contribui para o funcionamento in semiobstru - Mecanismo de Depuração Intraluminal ) do material refluxado pre ecor meca - sa). - mista do tecido conjuntivo). ren ou ao uso de diversos medi . Resistência intrínseca do epitélio guintes mecanismos de defesa, normalmente presentes no epi 1. - - 2. D dificulta a bicarbonato; Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 3 Modulo II Tutoria I Gastro 3. -epitelial: s. O defeito mais comum da re - Outro constituinte do material refluxado, que tem sido cor- relacionado com maior agressi iloro e, subsequentemente, che ** Tratado de gastroenterologia As lesões características de DRGE ocorrem quando a mucosa do órgão é exposta ao reluxato gástrico que contém agentes agressores como ácido, pepsina, sais biliares e enzimas pancreáticas. Em condições normais, ocorrem episódios de refluxo de curta duração e rápida depuração, refluxo fisiológico. Merece destaque as aberturas ou relaxamentos transitórios do esfíncter inferios do esôfago que ocorrem independente da deglutição. Em alguns casos pode ocorrer hipotensão esfincteriana, como principal mecanismo fisiopatológico. Classificação DRGE não erosiva Definida pela presença de sintomas desagradáveis associados ao refluxo com ausência de ersões ao exame endoscópico Assim, Demanda a realização de um teste terapêutico, particularmente, em pacientes com menos de 45 anos de idade DRGE erosina Apresentação clássica da enfermidade, com sintomatologia clínica e presença de erosões ao exame endoscópico. Classificação de losangeles utilizada Quadro Clínico Sintomas Típicos Pirose (sensação de queimação retroesternal, ascendente em direção ao pescoço) Regurgitação (retorno do conteúdo gástrico, ácido ou amargo, até a faringe) **Esses sintomas são mais frequentes após as refeições ou quando o paciente está em decúbito ventral ou decúbito lateral direito Sintomas Atípicos ca, visto que a inervação do esôfago e do miocárdio é a mesma Sintomas Extraesofágicos Manifestações Pulmonares: Tosse cônica, asma, bronquite, fibrose pulmonar, aspiração recorrente Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 4 Modulo II Tutoria I Gastro Manifestações otorrinolaringológicas: rouquidão, globus, roncos, pigarro, alterações de cordas vocais, laringite crônica, sinusite e erosões dentárias **A maioria dos pacientes com sinais/sintomas extraesofágicos não apresenta sintomas típicos concomitantes Sintomas de Alarme As manifestações de alarme sugerem forma mais agressiva da doença ou complicações da doença Odinofagia Disfagia Sangramento Anemia Emagrecimento Diagnóstico Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroessofágico DRGE O diagnóstico da DRGE é realizado através de cuidadosa anamnese, que pode ser seguida de exames subsidiários (endoscopia, exame radiológico contrastado do esôfago, cintilografia, manometria, pHmetria de 24 horas, teste terapêutico) Exame endoscópico e biópsia esofágica Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroessofágico DRGE O exame endoscópico, embora apresente uma sensibilidade de cerca de 60%, pela facilidade de sua execução e disponibilidade na maioria dos centros médicos em nosso meio é o método de escolha para o diagnóstico das lesões causadas pelo refluxo gastroesofágico10,11(D). Permite avaliar a gravidade da esofagite e realizar biópsias quando necessário; como por exemplo nos casos de complicações do refluxo gastroesofágico (úlceras, estenose péptica e esôfago de Barrett). Em nosso meio, as classificações mais empregadas são a de Savary-Miller12e de Los Angeles, uma vez que há a necessidade de se uniformizar o diagnóstico endoscópico das lesões esofagianas Deve-se ressaltar que a ausência de alterações endoscópicas não exclui o diagnóstico de DRGE, já que 25% a 40% dos pacientes com sintomas típicos apresentam endoscopia norma O achado incidental e isolado de hérnia de hiato no exame endoscópico (ou radiológico) não deve, necessariamente, constituir diagnóstico de DRGE Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 5 Modulo II Tutoria I Gastro Indicações: Deve ser realizada em todos os pacientes com úlcera e /ou estenose; Está indicada em caso de reepitelização com mucosa avermelhada, circunferencial ou não, com extensão de pelo menos 2 cm, acima do limite das pregas gástricas. Nesse caso, o diagnóstico endoscópico deve ser B Está indicada nos casos de reepitelização com mucosa avermelhada, menor que 2 cm de extensão. O diagnóstico endoscópico deve ser enunciado como Livro Gastroenterologia essencial da DRGE, principalmente em pacientes com sintomas de alarme, como disfagia, emagrecimento, hemorragia digestiva. B Avaliar a gravidade da esofagite. Orientar o trata Exame cintilográfico Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroesofágico DRGE O exame cintilográfico apresenta indicações restritas, estando reservado para casos onde exista suspeita de aspiração pulmonar de conteúdo gástrico, pacientes que não toleram a pHmetria (pediátricos por exemplo) ou nos casos em que exista necessidade de se determinar o tempo de esvaziamento gástrico Manometria Esofágica Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroesofágico DRGE Principais indicações Investigação de peristalse ineficiente do esôfago em pacientes com indicação de tratamento cirúrgico; Determinar a localização precisa do esfíncter esofágico inferior; Investigar apropriadamente alterações motoras do esôfago; Avaliar o peristaltismo e alterações do tônus do esfíncter esofágico inferior. Livro Gastroenterologia essencial ca. Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 6 Modulo II Tutoria I Gastro pHmetria Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroesofágico DRGE demonstrado existir variações significativas na sensibilidade do método16,17(B). Ainda assim se trata do melhor procedimento para caracterizar o refluxo gastroesofágico. Por meio da avaliação pHmétrica, é possível quantificar a intensidade da exposição da mucosa esofágica ao ácido. Permite também que efetivamente se estabeleça a correlação entre os sintomas relatados pelo paciente e os episódios de refluxo O refluxo é considerado patológico quando o pH intra-esofágico se mantém abaixo de quatro por mais de 4% do tempo total da duração do exame Livro Gastroenterologia essencial S B Testes Provocativos Livro Gastroenterologia essencial B -B o paciente, e a - atribuir a origem do sintoma ao Tratamento Clínico Consenso Brasileiro da Doença do Refluxo Gastroesofágico DRGE O tratamento clínico tem como objetivo o alívio dos sintomas, a cicatrização das lesões e a prevenção de recidivas e complicações. Livro Gastroenterologia essencial - seus sintomas Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 7 Modulo II Tutoria I Gastro Refe tar contribuiria para reduzir a f - Foi demonstrado que, imediatamente após a ingestão de chocolate, a pressão do EIEdiminui. O suco de laranja teria efeito irritativo direto na - - servada melhora subjetiva dos sintomas. ** hega a atingir a JEG. Medicamentoso IBP (Inibidor da bomba de Prótons) padronizadas dos in (IBP) (omeprazol, 20 mg; lansoprazol, 30 mg; pantoprazol, 40 mg; rabeprazol, 20 mg; e esomepra- ar a esofagite e aliviar sintomas em 80 a 90% dos casos em 8 semanas **Tendo em vista que é necessária a ativação das bombas protônicas pelos alimentos para a estimulação da produção de ácido clorídrico, é recomendável a administração do IBP em jejum, 30 a 60 minutos antes da ingestão alimentar. B acordo com a gravidade e resposta ao tratamento. - - -l - necessitam usar IBP mais que 2 vezes/dia, sem controle dos sintomas associados ao refluxo e/ou com al mais de tratamento. As principais preocupações sobre as consequências da inibição gástrica incluem: Hipergastrinemia Progressão da gastrite do corpo gástrico induzida pelo H. Pylori. Nos pacientes que necessitam utilizar IBP, erradicar a H.Pylori antes Possível interferência na absorção de nutrientes B neopla Principais efeitos adversos: Cefaleia Diarreia Constipação Dor abdominal Antagonistas H2 (Bloqueadores dos receptores H2 da histamina) **Cimetidina, ranitidina, famotidina, nizatidina Os antagonistas dos receptores H2 (AH2) – - Consequentemente, para o tratamento da DRGE são necessárias doses múltiplas Não são ideais para o tratamento de doença moderada a intensa ou quando longo período é necessário, já que Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 8 Modulo II Tutoria I Gastro apresentam taquifilaxia- quando ocorre declínio da secreção ácida. São eventualmente prescritos em situações em que não pode ser utilizado o IBP Procinéticos **Metoclopraida, domperidona e bromoprida São eficazes para o alívio da pirose quando comparados a placebo. Porém, devem ser considerados medicamentos de exceção, uma vez que não aumentam o índice de cicatrização da esofagite. Podem ser utilizados apenas em associação com IBP em pacientes com quadro de dismotilidade associada à DRGE Antiácidos e sucralfato São empregados para neutralizar a secreção ácida gástrica, servindo apenas para controle imediato dos sintomas. Há escassez de evidências que suportem o seu uso e o ganho terapêutico é muito pequeno. Cirúrgico - hiatoplastia e fundoplicatura Os consensos nacionais ou internacionais, que abordam o tema, sugerem a correção cirúrgica nas seguintes condições: Esofagites recidivantes após tratamentos bem conduzidos, de no mínimo seis meses; Pacientes que apresentem complicações da DRGE, inclusive as extraesofágicas; Perspectiva de uso de inibidores da bomba de prótons por longos anos; Hérnias de grande volume em pacientes com risco de volvo ou perfuração; Baixa idade. Os procedimentos cirúrgicos mais utilizados são as fundoplicaturas totais e parciais feitas pela via laparoscópica, nas quais o esôfago distal é envolvido pelo fundo do estômago em 360° e 270°, respectivamente Este consiste em um sistema que utiliza um pequeno anel expansível composto por contas de titânio magneticamente imantadas que promove o aumento mecânico da função do esfíncter esofágico inferior. Complicações Esofagite Erosiva O grupo mais facilmente identi os portadores de esofagite erosiva. *** Estenose Péptica B **A DRGE é responsável por 70% das estenoses esofágicas O sintoma mais frequente de apresentação da estenose péptica é a disfagia Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 9 Modulo II Tutoria I Gastro esofágica Na propedêutica desse paciente, utilizamos habitualmente o estudo radiológico e a endoscopia digestiva. A radiologia esofágica tem alta sensibilidade na detecção de estenoses esofágicas. A endoscopia digestiva é um exame imprescindível, pois, além de visualizar a estenose, permite a coleta de biopsias para estudo histopatológico Esôfago de Barret É uma condição em que um epitélio colunar associado a uma metaplasia intestinal substitui o epitélio escamoso normal que recobre o esôfago distal. Trata-se, na grande maioria das vezes, de uma sequela de DRGE de longa evolução. **A grande preocupação causada pelo esôfago de barret é a predisposição de suas células sofrerem alterações genéticas associadas ao adenocarcinoma Essa doença é diagnosticada principalmente em homens brancos, na sexta década de vida, sendo pouco frequente em mulheres, negros e asiáticos. Sua real prevalência é desconhecida, mas dados americanos sugerem que ela está presente, em sua forma clássica, em 6 a 12% dos pacientes submetidos a endoscopia digestiva devido a sintomas de DRGE A DRGE em pacientes com esôfago de Barret B recem apresentar anorm ibuem para a gravidade da DRGE. - ncia de con anormais. Essas anormalidades comprometem o clarea - omo hipotonia e pequeno compri - prolongada mostram que, em porta B Barrett. Quadroclínico Pirose Regurgitação Disfagia Esofágica Diagnóstico Atualmente propõe-se a seguinte classificação para o epitélio colunar de Barret: B ≥ Segmento curto do esôfago de Barret (metaplasia intestinal < 3cm) Tecido cárdico com metaplasia intestinal Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 10 Modulo II Tutoria I Gastro no seg B B -
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