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Resumo_Sobre_Processo_Penal

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INQUÉRITO..................................................................................................................................... 4 
AÇÃO PENAL............................................................................................................................... 35 
DENÚNCIA.................................................................................................................................... 47 
QUEIXA-CRIME ............................................................................................................................ 60 
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE ................................................................................................... 62 
AÇÃO CIVIL .................................................................................................................................. 64 
JURISDIÇÃO................................................................................................................................. 69 
COMPETÊNCIA ............................................................................................................................ 70 
QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES ................................................................................ 82 
PROVAS........................................................................................................................................ 96 
SUJEITOS DO PROCESSO......................................................................................................... 98 
PRISÕES..................................................................................................................................... 100 
LIBERDADE PROVISÓRIA ........................................................................................................ 132 
CITAÇÕES E INTIMAÇÕES ....................................................................................................... 141 
SENTENÇA................................................................................................................................. 145 
DO PROCESSO COMUM........................................................................................................... 153 
PROCEDIMENTO DO JÚRI........................................................................................................ 157 
PROCEDIMENTO DOS CRIMES DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS...................................... 188 
PROCEDIMENTO DOS CRIMES DE CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA............................. 190 
NULIDADES................................................................................................................................ 192 
RECURSOS ................................................................................................................................ 200 
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REVISÃO..................................................................................................................................... 204 
HABEAS CORPUS ..................................................................................................................... 207 
 
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DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 
 
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, 
ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
 
LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
 
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos 
realizados sob a vigência da lei anterior. 
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, 
bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. (assim como a analogia). 
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INQUÉRITO 
 
 CONCEITO - Para Frederico marques - Apesar da atribuição para investigar não ser 
exclusiva da policia judiciária, o Inquérito Policial de regra é a forma por excelência de 
investigação. O Inquérito Policial é facultativo e é o instrumento da ação penal, é à base da 
denúncia ou da queixa. 
 O Inquérito Policial é o conjunto de atos processuais destinados a fornecer ao titular da 
ação penal, um mínimo de elementos necessários para a promoção da ação penal, via denúncia 
ou queixa, ou ao arquivamento. 
 Fernando Capez: É o conjunto de diligências realizadas pela policia judiciária para a 
apuração de uma infração penal e de sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa 
ingressar em juízo. 
 
 Consoante o art 5º, II do CPP, o juiz poderá requisitar a instauração do Inquérito Policial, 
bem como o MP. 
Atualmente, a melhor doutrina entende que o JUIZ DEVERÁ FICAR AFASTADO DA 
FASE PRÉ-PROCESSUAL, não devendo promover ações persecutórias, apenas servindo de 
garante dos direitos individuais do investigado; Também deverá abster-se de decretar, de ofício, 
a prisão preventiva nesta fase, sob pena de ter prejudicada sua imparcialidade. 
 
FINALIDADES DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
Segundo Tourinho Filho - Tem como finalidade a apuração das infrações penais e de 
sua respectiva autoria. 
 Mirabete - Se destina a fornecer à acusação um mínimo de elementos necessários para 
a propositura da ação penal. 
 
CARACTERÍSTICAS 
 
OBRIGATORIEDADE (na instauração do IP pela autoridade policial) – Quando se 
trata de fato perseqüível através de Ação Penal Pública Incondicionada impõem-se à 
autoridade policial que, de ofício, sem qualquer provocação do MP, do Juiz ou do ofendido, dê 
início às investigações, instaurando o IP. Obrigatoriedade não só da instauração, mas também 
de dar inicio as investigações. 
 
FACULTATIVO (para o MP na formação da sua opinio delicti) - É obrigatório em 
relação à autoridade policial, mas é facultativo em relação ao MP para formar sua opinio delicti 
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em torno do fato apurado, pois indispensável não é o inquérito, mas sim os elementos de 
convicção. Art 27do CPP, 39 par. 5 e 46 par. 1 do CPP. 
 
INDISPONIBILIDADE - com fundamento nos artigos 17 e 19 do CPP a autoridade 
policial não poderá determinar o arquivamento do inquérito, dos termos circunstanciais lavrados, 
dos BOs, das VIPS e das sindicâncias policiais. 
 
DISCRICIONARIEDADE NA CONDUÇÃO DAS INVESTIGAÇÕES - ART 14 do CPP. 
Salvo a primeira parte do 184 do CPP, que se refere ao exame de corpo de delito. Caso a 
autoridade policial negue o exame pericial, cabe mandado de segurança criminal ou levar o 
requerimento ao MP caso o juiz negue cabe o mandado de segurança criminal ou correição 
parcial. Cabe HC quando o requerimento for do indiciado. 
 
PROCEDIMENTO ESCRITO - ART 9 do CPP. Entre nós não há Inquérito Policial verbal, 
por isto, todos os atos de investigação que formam os autos do Inquérito Policial devem ser 
reduzidos a escrito, datilografadas ou digitadas (nos dois últimos casos deverão ser rubricadas). 
OBS: “num só processado” significa à semelhança de um caderno. 
 
SIGILO - Com fundamento do art 20 do cpp e art 5 inciso XXXIII da CF, não se estende 
ao MP, juiz, advogado, no tocante aos atos de investigação já realizados. 
 A sigilação e o adv. - Para alguns o adv. tem direito irrestrito a prova já colhida, quer 
dizer, ao exame dos autos do inquérito policial e do flagrante delito, não se permitindo ao adv a 
presença aos atos de investigação a ser realizados. 
 Para Marcelo Mendroni - com base nos sistemas investigatórios alienígenas, defende a 
necessidade da preservação do sigilo total aos advs. Se tal sigilo for necessário à elucidação do 
fato e exigido pelo interesse da sociedade. Fundamenta-se no principio da paridade de armas, 
pois se o indiciado não é obrigado a indicar provas contra o seu interesse, também a autoridade 
policial não pode ser obrigada à desvendar a totalidade da investigação. 
 A outro viso, Paula Bager – defende a publicidade sem restrições de todos os atos de 
investigação sejam já realizados ou a serem realizados, sustentando que o segredo na 
investigação poderia implicar na inexistência do procedimento, e por via de conseqüênciao 
segredo na investigação importaria na ilicitude da procura do crime e de sua autoria. 
 O STJ tem decidido que embora o exercício da adv. seja indispensável à defesa dos 
interesses de quem se veja submetido a persecutio criminis, e que embora o adv como regra 
possa ter acesso aos autos não só do flagrante delito como também do inquérito policial, se a 
investigação o exigir, nas hipóteses de realização de provas urgentes e de natureza cautelar 
admite-se a restrição do acesso do adv. aos autos do inquérito policial, temos por ex. decisão do 
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STJ no sentido de que o direito do adv a ter acesso aos autos de inquérito não e absoluto e que 
deve ceder pra salvaguardar o interesse publico. Veja informativo nº 236 do STJ: 
 
SIGILO. INQUÉRITO POLICIAL. CAUTELAR. VISTA. AUTOS. 
Não há ilegalidade no ato de o juiz negar fundamentadamente o pedido formulado pelos 
advogados do ora recorrente de vista dos autos do inquérito policial e do procedimento cautelar 
tidos por sigilosos. Esse sigilo, como demonstrado, é imprescindível para o bom 
desenvolvimento das investigações extrajudiciais da ação criminosa, delito de tal vulto que 
coloca em risco a segurança da sociedade e do Estado. Assim, não há que se falar em ofensa 
ao princípio da ampla defesa, visto tratar de inquérito policial, mero procedimento administrativo 
de investigação inquisitorial fora da proteção do referido princípio. Quanto ao art. 7º, XV, da Lei n. 
8.906/1994 (EOAB), esse não confere aos causídicos o direito absoluto de acesso aos autos, 
direito que é limitado pelo sigilo, conforme o art. 7º, XIII, do mesmo estatuto. Por fim, há a 
prevalência do interesse público sobre o privado (art. 20 do CPP). RMS 17.691-SC, Rel. Min. 
Gilson Dipp, julgado em 22/2/2005. 
 
 Uma parcela cada vez mais significativa da doutrina têm afirmado que o advogado deve 
ter acesso à prova já produzida, aquela que já se encontra acostada ao inquérito policial, 
enquanto que poderão ser sigilosas as provas que ainda foram produzidas. 
 
A INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO 
 
A incomunicabilidade do indiciado preso, em que pese no artigo 21 do CPP e no art 
69 da lei 5010/66, ainda que decretada por despacho fundamentado do juiz, é inconstitucional 
de acordo com o art 136 da CF e caracteriza crime de abuso de autoridade, pois não se admite a 
incomunicabilidade nem em estado de defesa. 
 
NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
 Segundo a doutrina majoritária o Inquérito Policial é mera peça informativa, de mero 
procedimento administrativo, tem caráter inquisitivo não contraditório. 
Segundo Mirabetti, em face do caráter nitidamente inquisitorial o acusado é mero objeto 
do Inquérito Policial. MAJORITÁRIA. (Posição anácrona, pois de acordo com a CF e o Pacto de 
San José da Costa Rica que por força do decreto 678 de 06/11/92 passou a ampliar as garantias 
constitucionais, deixando o acusado de ser objeto da ação penal ou da investigação, passando a 
ser sujeito, carecedor de todas as garantias individuais). 
 
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AS PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS SÃO: 
 
Com fundamento da 1ª parte do art 107 do CPP, não ha falar-se em argüição de 
suspeição. Segundo o STF porque não há falar-se em oposição de impedimento ou de 
suspeição não se pode argüir a nulidade do Inquérito Policial caso a autoridade policial 
seja pai ou irmão da vítima. 
Contudo, havendo motivo legal de impedimento ou suspeição, se a autoridade 
espontaneamente não se afastar da presidência do IP, invocando por analogia o art. 252 e 254 
do CPP, cabe recurso administrativo ao superior hierárquico. 
 
Segundo a melhor doutrina, com fundamento no art 5º inciso 63 do CF, a autoridade 
policial não esta obrigada a ter a presença do defensor no caso de indiciado solto. Caso esteja 
preso só pode ser ouvido na presença do advogado, segundo o art 185 caput do CPP com nova 
redação dada pela lei 10.792/03. 
O STF tem entendido que, em face do caráter não contraditório, a autoridade policial não 
está obrigada nem a determinar a intimação de adv, nem está obrigada a permitir a sua 
presença. 
 
Os doutrinadores lembram, não como exceção, que o inquérito administrativo 
determinado pelo M. da Justiça, visando a expulsão de estrangeiro será sempre contraditório. (IA 
6815/80). 
O inquérito judicial, como uma das modalidades de investigação não policial, presidido 
pelo juiz em que tramita o juízo falimentar, não é contraditório. (STF). 
 
O VALOR PROBATÓRIO DOS ATOS PRATICADOS NO CURSO DA INVESTIGAÇÃO 
 
O valor probatório dos atos praticados no curso da investigação vai depender da 
fundamental distinção entre atos de investigação e atos de prova. 
Os atos de prova são aqueles que servem a sentença, estão a serviço do processo, 
integram a relação processual. São praticados ante ao juiz que de regra vai julgar o mérito da 
causa, que se dirigem a formar um juízo de certeza e exigem estrita obediência a regra da 
publicidade e do contraditório e da ampla defesa. 
Em sentido oposto, os atos de investigação servem para demonstrar a probabilidade 
da fumaça do cometimento do delito, estão a serviço não da sentença, mas do Inquérito Policial. 
Servem de fundamento para as medidas de natureza endo-procedimentais que se façam 
necessárias no curso da investigação. Os atos de investigação podem ser praticados pela 
autoridade policial ou por outras autoridades, servem para forçar não um juízo de certeza, mas 
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sim um juízo de probabilidade. Os atos de investigação não exigem estrita obediência da 
publicidade, do contraditório e da ampla defesa, salvo as provas pré-constituidas ou 
definitivas, que tem valor idêntico às colhidas em juízo, porque nelas preponderam fatores 
de ordem técnica, notadamente se determinadas pela autoridade policial com atribuição ratione 
materiae se obedecidas todas as formalidades legais e se não contestadas em juízo a prova 
pericial vai ter um valor idêntico à prova colhida na fase judicial. 
Salvo estas provas periciais, as provas policiais, sem observância do contraditório e da 
ampla defesa, jamais podem servir de base exclusivamente para o decreto condenatório ou uma 
decisão de pronuncia. Neste sentido STF e STJ. 
 
QUAIS AS CONSEQÜÊNCIAS DE VÍCIOS E IRREGULARIDADES NO IP. 
 
Para alguns, sendo o Inquérito Policial não ato de jurisdição, mas sim mero 
procedimento administrativo, eventuais vícios ocorridos em seu curso não afetarão a ação penal 
a que deu origem. 
Para Fernando Capez, os vícios no Inquérito Policial, ainda que invalidem o ato viciado, 
não atinge a ação penal. Não só porque o Inquérito Policial trata-se de mero procedimento 
administrativo, como também em face do principio da incolumidade do separável que 
determina que possíveis vícios em Inquérito civil não vão além de empanar o valor do próprio 
inquérito civil, não apresentando qualquer reflexo na ação civil. Tal princípio aplica-se também ao 
Inquérito Policial. 
Assim, salvo a hipótese de prova técnica viciada não retifica em juízo, (que neste 
caso poderia contagiar ou contaminar o processo) possíveis vícios no Inquérito Policial, 
não afetam a subseqüente ação penal. (Posição majoritária) 
 
Eventuais vícios ou irregularidades no Inquérito Policial salvo a hipótese de prova 
técnica não renovada em juízo podem apenas ensejar o invalidade do ato viciado. 
 
Segundo o STF a nulidade do auto de prisão em flagrante, como uma das formas de 
iniciação do Inquérito Policial, ainda que imponha o imediato relaxamento da prisão em flagrante, 
não repercute na validade da ação. 
 
Para outros, se os atos de investigação devem primar pelo respeito à CF, todos os atos 
que violem garantias constitucionais, pena de contaminação do processo, devem ser excluídos 
do processo e considerados nulos. 
Logo, se um ato de investigação alem de violar uma garantia constitucional, também for 
valorado como ato de prova na motivação, tal valoração ainda que sob o falacioso manto do 
 9cotejo com a prova judicial, ensejará a nulidade do processo e a contaminação da ação penal. 
(não é o entendimento majoritário). 
 
COMO SE INICIA O IP? 
QUAIS AS FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IP? 
 
Tourinho: Depende da natureza do fato aparentemente delitivo a ser apurado. 
 
FORMAS DE INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL NA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
INCONDICIONADA. 
 
1. Inciso I do artigo 5º do CPP, de ofício, via portaria subscrita pela autoridade policial, 
sem necessidade de qualquer provocação. (Regra geral). Neste caso a peça inaugural será a 
portaria subscrita pela própria autoridade policial. Trata-se de uma cognição imediata. 
 
2. Inciso II primeira e segunda parte do artigo 5º do CPP, via requisição (não admite 
indeferimento) de autoridade judiciária ou do ministério publico. A peça inaugural do IP será a 
ordem da autoridade judiciária ou do MP. 
 
Conceito de requisição: Eduardo Espínola Filho diz que "em sentido estrito, e sinônimo 
de ordem é uma modalidade de noticia criminis qualificada, que dá conhecimento da ocorrência 
de um fato persequivel via pública incondicionada à autoridade policial, determinando, 
imperativamente a imediata apuração deste fato”. 
 
PODE A AUTORIDADE POLICIAL INDEFERIR REQUISIÇÃO DO JUIZ OU DO MP? 
 
Segundo a doutrina unânime não, porque o parágrafo 2º do artigo 5º do CPP refere-se 
exclusivamente a indeferimento de requerimento e não de requisição. 
 
QUEM E O SUJEITO ATIVO DA REQUISIÇÃO? 
 
PRIMEIRA POSIÇÃO (CPP). (STJ, STF e provas objetivas). 
 1. A autoridade judiciária 
2. O MP 
 SEGUNDA POSIÇÃO (separação de órgãos) + moderna 
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 1. Somente o MP, pois se o juiz requisita a instauração de inquérito policial, estaria 
violando o sistema acusatório, assim como pelo mesmo motivo não deve requisitar diligências 
investigatórias no curso do Inquérito Policial. 
 Neste caso se o juiz toma conhecimento de um fato aparentemente delitivo perseqüível 
por ação penal condenatória de iniciativa pública incondicionada, com base no art 40 do CPP, 
deverá encaminhar (envia as peças de informação), sem o caráter de requisição ao MP, não 
para o oferecimento da denúncia, mas sim para as providências pertinentes para o caso 
concreto, ou seja: 
1. Ou para ou ele próprio instaurar o procedimento investigatório (presidido pelo próprio 
MP) em que pese a atual posição do STF em contrário; 
2. Ou para ele (MP) requisitar a instauração do Inquérito Policial; 
3. Ou para que se manifeste pelo arquivamento da noticia criminis; 
4. Ou prescindindo do Inquérito Policial, dado o seu caráter facultativo, ofereça a 
chamada denuncia direta. 
 
3. Parágrafo 3º do artigo 5º do CPP e também terceira parte do inciso II do mesmo 
artigo, via requerimento do próprio ofendido que já tenha completado 18 anos (delatio criminis) 
do representante legal do ofendido, dos sucessores ou de qualquer pessoa do povo (notícia 
criminis). 
Em que pese as exigências do parágrafo 1º, alíneas A, B e C do artigo 5º do CPP, o 
requerimento prescinde de maiores formalidades, bastando que o subscritor do requerimento 
forneça elementos suficientes à autoridade policial para a instauração do Inquérito Policial. 
Cabe à autoridade policial, uma vez apresentado o requerimento, deferir ou indeferi-lo 
fundamentadamente. 
Em deferindo, deve determinar o registro do requerimento no livro próprio e a autuação. 
No caso de indeferimento fundamentado do requerimento, o subscritor do 
requerimento deve ser cientificado, para que possa, enquanto não extinta a punibilidade, interpor 
recurso inominado (de caráter administrativo) ao órgão competente na estrutura administrativa 
da respectiva polícia judiciária (no âmbito estadual ao delegado chefe, na federal a 
superintendência da PF (Pacelli), mas o delegado da PF deve remeter o despacho de 
indeferimento a corregedoria da PF de cada estado. Após o corregedor manter o indeferimento 
do delegado, é que o interessado deve ser cientificado, para interpor o recurso inominado à 
superintendência.), ou poderá exercer a faculdade que lhe garante o 27 do CPP, ou seja, levar o 
fato ao conhecimento do MP, para que este requisite a instauração do Inquérito Policial ou ainda 
pode impetrar mandado de segurança criminal contra ato da autoridade policial. 
 
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4. Pela prisão em flagrante. neste caso a peça inaugural será o auto de prisão em 
flagrante. 
 
ENTRE NÓS, ADMITE-SE A NOTICIA CRIMINIS INQUALIFICADA, APÓCRIFA OU 
ANÔNIMA? 
 
Segundo tourinho filho: Se a nossa CF em face do disposto no art 5º inciso 4 segunda 
parte, veda o anonimato, em que pese poder determinar a instauração do Inquérito Policial, a 
autoridade policial não tem nenhuma obrigação de determinar a instauração do Inquérito Policial 
em face de um expediente dilatório anônimo, ou noticia criminis inqualificada. 
O STJ já considerou inconstitucional procedimento investigatório de expediente delatório 
anônimo. Mas segundo a doutrina majoritária, ainda que se trate de noticia criminis inqualificada, 
a autoridade policial não está obrigada, mas nada impede que, depois de verificada a 
procedência da noticia criminis anônima e com muita cautela, fundado em seu dever de 
iniciar de ofício o Inquérito Policial, instaure o sobredito procedimento. Neste sentido o 
STJ. 
Esta posição foi aceita recentemente pelo STF (informativo 393) ressaltando contudo 
que o documento apócrifo não pode fazer parte do inquérito e conseqüentemente da ação penal, 
salvo se constituir a materialidade do delito ou se produzido pelo acusado (analogia do código 
penal Italiano). Ex: O bilhete de resgate no crime de extorsão mediante seqüestro. Veja a 
transcrição: 
 
"(...) entendo que um dos fundamentos que afastam a possibilidade de utilização da 
denúncia anônima como ato formal de instauração do procedimento investigatório reside, 
precisamente, como demonstrado em meu voto, no inciso IV do art. 5º da Constituição da 
República. Impende reafirmar, bem por isso, na linha do voto que venho de proferir, a asserção 
de que os escritos anônimos não podem justificar, só por si, desde que isoladamente 
considerados, a imediata instauração da persecutio criminis, eis que peças apócrifas não 
podem ser incorporadas, formalmente, ao processo, salvo quando tais documentos forem 
produzidos pelo acusado, ou, ainda, quando constituírem, eles próprios, o corpo de delito 
(como sucede com bilhetes de resgate no delito de extorsão mediante seqüestro, ou como 
ocorre com cartas que evidenciem a prática de crimes contra a honra, ou que corporifiquem o 
delito de ameaça ou que materializem o crimen falsi, p. ex.). Nada impede, contudo, que o Poder 
Público (...) provocado por delação anônima — tal como ressaltado por Nelson Hungria, na lição 
cuja passagem reproduzi em meu voto — adote medidas informais destinadas a apurar, 
previamente, em averiguação sumária, ‘com prudência e discrição’, a possível ocorrência de 
eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com o objetivo de conferir a 
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verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover, então, em caso positivo, a 
formal instauração da ‘persecutio criminis’, mantendo-se, assim, completa desvinculação desse 
procedimento estatal em relação às peças apócrifas." (Inq 1.957, voto do Min. Celso de Mello, 
DJ 11/11/05) 
 
FORMAS DE INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL NA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
CONDICIONADA. 
 
1. REPRESENTAÇÃO tempestiva do ofendido, representante legal, sucessor, 
procurador com poderes especiais, curador especial nomeado pelo juiz, também chamada 
DELATIO CRIMINIS POSTULATÓRIA. 
Ou ainda, nas hipóteses dos fatos condicionados à requisição do ministro da justiça, que 
é enviada ao procurador geral da republica ou de justiça, e este é que vai requisitar a 
instauração do Inquérito Policial. 
Esta representação (delatio criminis postulatória) não passa de uma manifestação de 
vontade, escrita ou oral reduzida a termo pela autoridade policial,sem maiores formalidades. É 
dirigida (39, caput do CPP) ou ao juiz, ao MP ou ainda à autoridade policial. 
Deve ser apresentada dentro do prazo decadencial de 6 meses, contados a partir da 
data do conhecimento da autoria do fato, de acordo com o art 10 primeira parte do CP, quer 
dizer, incluindo-se o dia do conhecimento, sem interrupções ou suspensões. Uma vez 
apresentada a representação tempestivamente, ainda que a denuncia não seja oferecida dentro 
de 6 meses a partir da data da apresentação da representação, não há mais falar-se em 
decadência do direito de representação pois o prazo decadencial só está atrelado 
exclusivamente a representação tempestiva, visando autorizar a instauração do Inquérito Policial, 
nada influindo no prazo agora prescricional para o oferecimento da denuncia. 
 
2. Requisição da autoridade judiciária ou do MP, desde que acompanhada da 
representação judiciária. 
 
3. auto de prisão em flagrante, impondo-se ao titular do direito de representação, em 24 
horas (nota de culpa), autorizar a lavratura de auto de prisão em flagrante ou ratificá-la caso já 
tenha sido feita. 
 
FORMAS DE INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL NA AÇÃO PENAL PÚBLICA 
PRIVADA. 
 
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1. Só pode ser iniciada mediante REQUERIMENTO tempestivo escrito ou verbal, 
reduzido a termo, do ofendido, representante legal, sucessor, procurador com poderes especiais, 
curador especial nomeado pelo juiz. Caso o ofendido morra o direito de queixa passa para → 
CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão, nesta ordem). 
Prazo decadencial de regra de 6 meses ou de 1 mês no caso de adultério, contados 
a partir da data do conhecimento da autoria do fato, de acordo com o art 10 primeira parte do CP, 
quer dizer, incluindo-se o dia do conhecimento, sem interrupções ou suspensões, ou 
excepcionalmente do trânsito em julgado da sentença que no cível anulou o casamento, com 
fundamento no parágrafo único do art 236 do CP. 
 
Segundo as provas objetivas, o requerimento de instauração do Inquérito Policial 
de ação privada não tem o condão de interromper o prazo prescricional. NÃO é bem assim! 
 
Se o titular do direito de queixa requerer a instauração do inquérito policial já indicando a 
autoria do fato, é verdade sim que o requerimento de instauração do IP não terá o condão de 
interromper o prazo prescricional, que se conta a partir do conhecimento da autoria do fato, pois 
se você já tem conhecimento do fato, já oferece queixa crime e não requer a instauração do 
Inquérito Policial. 
Por outro lado, caso o titular do direito de queixa, requerer a instauração do Inquérito 
Policial sem saber da autoria do fato, só a partir, não do requerimento de instauração de 
Inquérito Policial, mas sim a partir da descoberta da autoria do fato pela autoridade policial, é 
que se conta o prazo prescricional de 6 meses para o oferecimento da queixa crime. 
 
Agora tratando - se de fato de menor potencial ofensivo, ao revés da instauração do 
Inquérito Policial objetivando a celeridade e a informalidade desde que conhecido o provável 
autor e a vítima impõem-se à autoridade policial Independentemente da natureza do fato que 
determine a lavratura de termo circunstanciado que substitui o Inquérito Policial. A lei 9099/95 
não exige nem previa representação nem requerimento do titular do direito de queixa. 
OBS: lei 10.741/03 art 74, todos os delitos contra idosos previstos nessa lei, cuja pena 
máxima privativa de liberdade não ultrapasse os 4 anos, devem ser apurados de acordo com o 
procedimento previsto na lei 9099/95. Então se tem entendido que, tratando-se de delito contra 
idoso, impõem-se à autoridade policial, ao invés de instauração do Inquérito Policial, determinar 
a lavratura do termo circunstanciado. 
 
2. auto de prisão em flagrante, impondo-se ao titular do direito de representação, em 24 
horas (nota de culpa), autorizar a lavratura de auto de prisão em flagrante ou ratificá-la caso já 
tenha sido feita. Doutrina equivocada segundo Julio Gusmão. 
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PRAZO 
 
Prazo regra – Art 10 do CPP - 10 dias se preso e 30 se solto. Incluindo-se o dia do 
começo, o dia da prisão, no caso de indiciado preso ou na hipótese do investigado solto, 
incluindo-se o dia da instauração do Inquérito Policial. 
Súmula 310 do STF – “ QUANDO A INTIMAÇÃO TIVER LUGAR NA SEXTA-FEIRA, OU 
A PUBLICAÇÃO COM EFEITO DE INTIMAÇÃO FOR FEITA NESSE DIA, O PRAZO JUDICIAL 
TERA INICIO NA SEGUNDA-FEIRA IMEDIATA, SALVO SE NÃO HOUVER EXPEDIENTE, 
CASO EM QUE COMEÇARA NO PRIMEIRO DIA UTIL QUE SE SEGUIR”, é INAPLICÁVEL o 
seu conteúdo à esta hipótese. 
 
Segundo a doutrina majoritária, tratando-se de indiciado preso, salvo a hipótese do art 
66 da lei 5010/66 (polícia federal), não se admite a dilação do decêndio legal para conclusão do 
Inquérito Policial, sendo prazo fatal, improrrogável e peremptório. 
 
“Art. 66 da lei 5010/66: O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, 
quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, 
devidamente fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o 
conhecimento do processo.” 
 
Em algumas decisões do STF e do STJ, tratando-se de indiciado preso, além da 
hipótese de atribuição para investigar da PF, quando se admite a prorrogação por mais 15 dias, 
se houver demonstração de absoluta força maior ou motivo justificado e desde que a solicitação 
de prorrogação tenha ocorrido antes do termino do decêndio legal, tem-se admitido moderada 
dilação. Contudo, prevalece ainda a primeira posição. 
Todavia, tratando-se de indiciado solto, com fundamento no § 3º, do art 10 do CPP, se o 
fato for de difícil elucidação e se a solicitação da dilação seja anterior ao termino do prazo, 
admite-se a dilação do prazo por mais uma vez (até a elucidação do caso). 
O prazo de dilação, em que pese o silêncio do CPP, se este for deferido, não deve ser 
superior a 30 dias, que é o prazo normativo inicial. 
O MP deve ser ouvido sobre a dilação solicitada, antes que o juiz decida sobre esta 
questão, pois é destinatário do Inquérito Policial e também porque o MP, com sua oitiva, poderá 
requisitar diligências especificas para o caso concreto ou oferecer a denúncia sem a 
necessidade da dilação solicitada. 
 15 
Concluído o Inquérito Policial, os autos devem ser remetidos ao juízo competente ou, 
não tendo sido terminado (§3º, art 10 do CPP), cabe ao juiz decidir sobre a dilação de prazo 
solicitada. 
 
PRAZOS ESPECIAIS PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 
 
Prazos especiais - Inquérito Policial na PF. Exemplos desta atribuição: art 109 incisos 
4, 5, 6 e 9 da CF, será de 15 dias se preso consoante o art 66 caput, primeira parte da lei 
5.010/66 (lei que organiza a JF de primeira instancia) e prorrogação de mais 15 dias e apenas 
mais uma vez, mediante pedido fundamentado da autoridade policial deferido pelo juiz e com 
apresentação do preso ao juiz. No caso de indiciado solto será de 30 dias. Admite-se 
prorrogação, nos casos de difícil elucidação. 
 
Crime contra a economia popular - O prazo, preso ou solto, será 10 dias. (doutrina e 
lei). Provas objetivas! Se todas as penas cominadas nos art 2º e 4º da lei 1.521/51 (crimes 
contra a economia popular), não ultrapassam dois anos, com o advento da lei 10.259/01, lei que 
criou o Jecrim na área federal, e que passou a ampliar o conceito de delito de menor potencial 
ofensivo, todos os delitos cujas penas máximas não ultrapassem 2 anos são considerados de 
menor potencial ofensivo. Logo um crime contra a economia popular, se conhecidos o autor e a 
vitima, deverá lavrar o termo circunstanciado. Só haverá Inquérito Policial se o crime contra a 
economia popular estiver elencado nos 10 incisos do art 3º da mesma lei, porque aí a pena 
máxima é maior que 2 anos, ou ainda que o delito esteja previsto nos art. 2º ou 4º, mas que não 
seja conhecido o autor ou a vítima. 
 
Tráfico e tráficointernacional - Estando o indiciado preso, 15 dias, podendo tal 
prazo ser duplicado, somente uma vez, pelo juiz, (até 30), não de ofício, é desnecessária a 
apresentação do preso ao juiz. Se solto, 30 dias, podendo ser duplicado. 
 
Posse de substância entorpecente para uso próprio - Com o advento da lei 
10.259/01 ao invés de instauração do IP impõe-se a lavratura do termo circunstanciado (se 
conhecido o usuário), caso não conhecido 30 dias + duplicação. 
 
Inquéritos extra-policiais – Uma vez que a policia judiciária não possui o monopólio da 
função de investigar, é possível inquéritos presididos por autoridades outras que não a 
autoridade policial, desde que haja previsão legal Inquérito Civil – 129 inciso 3, primeira parte 
(interesses difusos) da CF, Inquérito judicial falimentar, viola o sistema acusatório, Inquérito 
Policial Militar, autoridade policial militar, Inquéritos administrativos. 
 16 
 
INVESTIGAÇÃO DIRETA PRESIDIDA PELO MP 
 
Pode o MP presidir investigações? 
Duas posições. 
 
Para alguns o MP, com fundamento no art 129, 6, 8, 9, da CF e a lei complementar 
75/93 art 7 e 8, o ministério tem legitimidade para presidir investigações policiais. 
Argumentos: 
1. se a CF no art 129, 6 dá poder ao MP para requisitar informações e documentos para 
instruir procedimentos internos, esta também autorizando o exercício direto da função 
investigatória. 
2. se o MP, destinatário final do Inquérito Policial, pode rejeitar totalmente o conteúdo 
das investigações criminais, poderia também realizar diretamente estas mesmas investigações. 
3. se o Juiz, segundo STF em decisão liminar, em que pese frontal violação ao sistema 
acusatório, pode realizar funções investigatórias, também o MP pode realizar estas mesmas 
investigações. 
 Ver Súmula 234 do STJ: “A participação de membro do Ministério Público na fase 
investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da 
denúncia”. 
 
Para outros e consoante as ultimas decisões do STF, O MP só estaria legitimado para 
requisitar instauração do Inquérito Policial, e diligências em seu curso. Prova objetiva!. O MP 
também não tem legitimidade para inquirir pessoas sujeitas de crime. Por exemplo. 
 
NOTIFICAÇÃO PARA OITIVA DO INDICIADO 
DESATENDIMENTO INJUSTIFICADO. 
 
Para alguns, desde que tenha sido notificado para o ato, ainda que o indiciado não 
esteja obrigado a responder as perguntas formuladas pela autoridade policial, admite-se a 
condução coercitiva do investigado para sua oitiva. ainda prevalece esta. 
 
Para outros, ainda que tenha sido devidamente notificado para o ato, em face do direito 
de renunciar a oitiva e ao interrogatório (na fase judicial), cabendo ao investigado e ao acusado a 
titularidade sobre o juízo de conveniência, em face do direito de não produzir prova contra si 
próprio e porque a condução coercitiva acarretaria grave risco de condução em seu desfavor 
 17 
para que respondesse perguntas da autoridade policial e da autoridade judicial, Não está 
obrigado a responder a perguntas quanto ao mérito do fato apurado. 
Salvo se o fornecimento de seus dados pessoais ensejarem a auto-incriminação, não se 
reconhece o direito ao silêncio quanto a sua qualificação. Logo seria cabível a condução 
coercitiva para a colheita dos seus dados pessoais. 
 
Em relação à testemunha, sob pena de desobediência, tem obrigação de comparecer e 
depor (salvo exceções nos artigos 206 ou 207 do CPP, por exemplo). O STF E O STJ têm 
entendido que ainda que a testemunha tenha o dever de responder as perguntas e de dizer a 
verdade, também tem direito ao silêncio ainda que compromissada, em relação a fatos que 
possam incriminá-la. 
 
FINALIDADE DO IP: 
 
 O inquérito policial tem a função de colher elementos de convicção para a promoção da 
ação penal, para formação do juízo de convencimento. Neste objetivo, deve o MP: 
 1. requisitar novas diligências indispensáveis para a elucidação do crime (juízo de 
convencimento), e não para a propositura da ação. Deve indicar quais diligências são estas e 
determinar prazo razoável. 
 2. Decide pelo processo. 
 3. Decide pelo arquivamento. 
 
CONCEITO DE ARQUIVAMENTO 
(Despacho interlocutório de natureza terminativa) 
 
Afrânio – A decisão de arquivamento não é um mero despacho, como pode fazer 
crer uma leitura apressada da sumula 524 do STF: “ARQUIVADO O INQUERITO POLICIAL, 
POR DESPACHO DO JUIZ, A REQUERIMENTO DO PROMOTOR DE JUSTIÇA, NÃO PODE A 
AÇÃO PENAL SER INICIADA, SEM NOVAS PROVAS”, também não é sentença, por não 
existir neste momento processo e jurisdição, tratando-se sim de uma decisão não-
jurisdicional de caráter administrativo em sentido lato que acolhendo as razões 
fundamentadas do titular da ação penal pública, o MP, apenas determina o encerramento das 
investigações. 
 
Para mirabeti, o arquivamento, por não se revestir de eficácia coisa julgada (exceto, 
segundo STF e STJ, quando o motivo ensejador do arquivamento, for a atipicidade do fato 
 18 
ou causa extintiva de punibilidade, quando neste caso faz coisa julgada), tratar-se-ia de 
despacho interlocutório de natureza terminativa. 
 
No julgamento do HC nº 83.343/SP, 1ª Turma, unânime, DJ de 19.08.2005, o ministro 
relator, Sepúlveda Pertence, manifestou-se acerca dos efeitos jurídicos decorrentes de 
deferimento judicial do pedido de arquivamento de inquérito policial por parte do Ministério 
Público, em virtude da atipicidade do fato, como demonstra a seguinte ementa: “I - Habeas 
corpus: cabimento. É da jurisprudência do Tribunal que não impedem a impetração de habeas 
corpus a admissibilidade de recurso ordinário ou extraordinário da decisão impugnada, nem a 
efetiva interposição deles. II - Inquérito policial: arquivamento com base na atipicidade do fato: 
eficácia de coisa julgada material. A decisão que determina o arquivamento do inquérito 
policial, quando fundado o pedido do Ministério Público em que o fato nele apurado não 
constitui crime, mais que preclusão, produz coisa julgada material, que - ainda quando 
emanada a decisão de juiz absolutamente incompetente -, impede a instauração de processo 
que tenha por objeto o mesmo episódio. 
Precedentes: HC 80.560, 1ª T., 20.02.01, Pertence, RTJ 179/755; Inq 1538, Pl., 08.08.01, 
Pertence, RTJ 178/1090; Inq-QO 2044, Pl., 29.09.04, Pertence, DJ 28.10.04; HC 75.907, 1ª T., 
11.11.97, Pertence, DJ 9.4.99; HC 80.263, Pl., 20.2.03, Galvão, RTJ 186/1040.” 
Na hipótese de existência de pronunciamento do Chefe do Ministério Público Federal 
pelo arquivamento do inquérito, tem-se, em princípio, um juízo negativo acerca da necessidade 
de apuração da prática delitiva exercida pelo órgão que, de modo legítimo e exclusivo, detém a 
opinio delicti a partir da qual é possível, ou não, instrumentalizar a persecução criminal. 
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (INQ nº 510/DF, Rel. Min. Celso de 
Mello, Plenário, unânime, DJ de 19.04.1991; INQ nº 719/AC, Rel. Min. Sydney Sanches, Plenário, 
unânime, DJ de 24.09.1993; INQ nº 851/SP, Rel. Min. Néri da Silveira, Plenário, unânime, DJ de 
06.06.1997; HC nº 75.907/RJ, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma, maioria, DJ de 
09.04.1999; HC nº 80.560/GO, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, 1ª Turma, unânime, DJ de 
30.03.2001; INQ nº 1538/PR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Plenário, unânime, DJ de 
14.09.2001; HC nº 80.263/SP, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Plenário, unânime, DJ de 
27.06.2003; INQ nº 1608/PA, Rel. Min. Marco Aurélio, Plenário, unânime, DJ de 06.08.2004; INQ 
nº 1884/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, Plenário, maioria, DJ de 27.08.2004; INQ-QO nº 2044/SC, 
Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Plenário, maioria, DJ de 08.04.2005; e HC nº 83.343/SP, 1ª 
Turma, unânime, DJ de 19.08.2005), assevera que o pronunciamento de arquivamento, em 
regra, deve ser acolhido sem que se questione ou se entre no mérito da avaliação 
deduzida pelo titular da ação penal, exceto nas duas hipótesesem que a determinação 
judicial do arquivamento possa gerar coisa julgada material, a saber: 
1) PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA E 
 19 
2) ATIPICIDADE DA CONDUTA. 
 
Nesse particular, é válido transcrever o inteiro teor da ementa do Inquérito nº 1.604, 
também da relatoria do Ministro Sepúlveda Pertence, que expõe a questão ainda com maior 
clareza: “Inquérito policial: arquivamento requerido pelo chefe do Ministério Público por falta de 
base empírica para a denúncia: irrecusabilidade. 1. No processo penal brasileiro, o motivo do 
pedido de arquivamento do inquérito policial condiciona o poder decisório do juiz, a quem couber 
determiná-lo, e a eficácia do provimento que exarar. 2. Se o pedido do Ministério Público se 
funda na extinção da punibilidade, há de o juiz proferir decisão a respeito, para declará-la 
ou para denegá-la, caso em que o julgado vinculará a acusação: há, então, julgamento 
definitivo. 3. Do mesmo modo, se o pedido de arquivamento - conforme a arguta distinção de 
Bento de Faria, acolhida por Frederico Marques -, traduz, na verdade, recusa de promover a 
ação penal, por entender que o fato, embora apurado, não constitui crime, há de o Juiz decidir a 
respeito e, se acolhe o fundamento do pedido, a decisão tem a mesma eficácia de coisa julgada 
da rejeição da denúncia por motivo idêntico (C.Pr.Pen., art. 43, I), impedindo denúncia posterior 
com base na imputação que se reputou não criminosa. 4. Diversamente ocorre se o 
arquivamento é requerido por falta de base empírica, no estado do inquérito, para o oferecimento 
da denúncia, de cuja suficiência é o Ministério Público o árbitro exclusivo. 5. Nessa hipótese, se 
o arquivamento é requerido por outro órgão do Ministério Público, o juiz, conforme o art. 28 
C.Pr.Pen., pode submeter o caso ao chefe da instituição, o Procurador-Geral, que, no entanto, 
se insistir nele, fará o arquivamento irrecusável. 6. Por isso, se é o Procurador-Geral mesmo que 
requer o arquivamento - como é atribuição sua nas hipóteses de competência originária do 
Supremo Tribunal - a esse não restará alternativa que não o seu deferimento, por decisão de 
efeitos rebus sic stantibus, que apenas impede, sem provas novas, o oferecimento da denúncia 
(C.Pr.Pen., art. 18; Súmula 524). 7. O mesmo é de concluir, se - qual sucede no caso -, o 
Procurador-Geral, subscrevendo-o, aprova de antemão o pedido de arquivamento apresentado 
por outro órgão do Ministério Público.” (INQ 1604, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 13.12.02) 
Constata-se, portanto, que apenas nas hipóteses de atipicidade da conduta e extinção da 
punibilidade poderá o Tribunal analisar o mérito das alegações trazidas pelo Procurador-
Geral da República. Isso evidencia que, nas demais hipóteses, como nada mais resta ao 
Tribunal a não ser o arquivamento do inquérito, a manifestação do Procurador-Geral da 
República, uma vez emitida, já é definitiva no sentido do seu arquivamento. Sendo assim, o ato 
de “solicitar o arquivamento”, na hipótese estrita em que se alegue a inexistência de lastro 
probatório mínimo, apresenta a natureza eminentemente jurídica de obstar a apreciação judicial 
de eventual persecução penal por parte do Poder Judiciário. No caso concreto ora em apreço, o 
pedido de arquivamento formulado pelo Procurador-Geral da República, Doutor Antonio 
Fernando Barros e Silva de Souza, baseia-se no argumento de que a conduta apurada nos autos 
 20 
deste inquérito é atípica. Da leitura dos elementos colhidos nas investigações, observa-se que os 
investigados, o Senador Marcelo Bezerra Crivella e o Deputado Federal João Batista Ramos da 
Silva, no momento da investidura em seus respectivos cargos não mais integravam ou possuíam 
cotas ou ações das empresas concessionárias de serviços de radiodifusão de sons e imagens. O 
tipo penal imputado aos investigados é o previsto no art. 299 do Código Penal: “Omitir, em 
documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer 
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar 
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.” Ante o exposto, portanto, os 
fatos apurados não podem, nem mesmo em tese, ser considerados como criminosos, porque, na 
espécie, é manifesta a atipicidade da conduta de ambos os investigados. Nestes termos, na linha 
do posicionamento do Ministério Público Federal, determino, com fundamento no art. 21, XV, do 
RI/STF e no art. 3º, I, da Lei nº 8.038/1990, o arquivamento do presente inquérito. Publique-se. 
Arquive-se. Brasília, 5 de setembro de 2006. Ministro GILMAR MENDES Relator *decisão 
pendente de publicação 
X? 
Desarquivamento de Inquérito e Excludente de Ilicitude 
A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que se discute a possibilidade de 
desarquivamento de inquérito policial, com fundamento no art. 18 do CPP (“Depois de 
ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a 
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver 
notícia.”), e posterior oferecimento de denúncia, quando o arquivamento decorre do 
reconhecimento da existência de uma excludente de ilicitude. No caso, após o arquivamento 
do inquérito, o Ministério Público reinquirira testemunhas e concluíra que as declarações destas, 
contidas naquele, teriam sido alteradas por autoridade policial. Diante dessas novas provas, o 
parquet oferecera denúncia contra os pacientes. Pretende-se, na espécie, o trancamento da 
ação penal. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, deferiu, em parte, o writ para anular o 
recebimento da denúncia, que poderá ser repetida, depois da realização de novas investigações, 
por meio do competente inquérito policial, no prazo previsto em lei. Considerou possível a 
reabertura das investigações, nos termos do citado art. 18, in fine, ante os novos elementos de 
convicção colhidos pelo Ministério Público. Asseverou que o arquivamento do inquérito não 
faz coisa julgada — desde de que não tenha sido por atipicidade do fato — nem causa 
preclusão, haja vista se tratar de decisão tomada rebus sic stantibus. Todavia, entendeu que, na 
hipótese, o parquet não poderia ter oferecido denúncia com base em investigações realizadas de 
forma independente da polícia, realizando, deste modo, contraprova para opô-la ao acervo 
probatório obtido no âmbito policial. Após, pediu vista dos autos a Min. Cármen Lúcia. 
HC 87395/PR, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 24.10.2006. (HC-87395) 
 21 
 
NATUREZA JURÍDICA DO ARQUIVAMENTO 
 
 Para Paulo Rangel, é um ato administrativo complexo visto que só se concretiza pelas 
manifestações de vontade sucessivas do MP e do juiz. 
 Na hipótese de atribuição originaria do Procurador geral, esta decisão de arquivamento 
não precisa submeter-se ao crivo do respectivo tribunal superior, podendo ser feita dentro do 
âmbito da própria instituição ministerial. 
 
Com fundamento no art 17 do CPP, (Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar 
arquivar autos de inquérito.) Tratando-se de incondicionada, desde que instaurado o inquérito 
policial, a autoridade policial, não poderá determinar o arquivamento do IP, ainda que não 
reste comprovada a materialidade do delito ou a autoria inculcada ao indiciado ou ainda que 
fique comprovada a inexistência do crime, ou extinta a punibilidade, em fim, em qualquer caso 
não pode arquivar nada. (BO, termo circunstanciado, IP, Peça de informação, etc.) 
No caso de privada, instaurado (mediante tempestivo requerimento do titular do direito 
de queixa) e concluído o inquérito policial, deve remeter ao juízo competente para ficar a 
disposição do titular. 
 
PODE O JUIZ DETERMINAR DE OFÍCIO O ARQUIVAMENTO DO IP? 
 
Assim como a autoridade policial o juiz também não pode requerer o arquivamento do 
inquérito policial de oficio, e se o fizer, o MP pode usar a reclamação ou correiçãoparcial, (STF, 
STJ e Doutrina). Agora o juiz pode, com fundamento no art 61 do CPP, é declarar extinta a 
punibilidade do acusado. 
 
Se o promotor descabidamente manifestar pelo arquivamento do inquérito policial 
pode o juiz como controlador do arquivamento, determinar o prosseguimento das 
investigações? 
 
Para alguns, é licito ao judiciário, como controlador do arquivamento, havendo no 
inquérito policial falhas ou omissões sobre fatos relevantes, com espeque nos arts 156, 209 
caput e parágrafo primeiro, 502 e 538 caput(s) todos do CPP, determinar o prosseguimento das 
investigações. TJ de São Paulo e Mirabeti. 
 
Melhor doutrina, como corolário da legitimação constitucional do MP para promover a 
ação penal, decidindo pelo processo ou pelo não processo, como também para requisitar novas 
 22 
diligencias ainda que a manifestação pelo arquivamento do promotor seja descabida, não cabe 
ao juiz, pena de violação do sistema acusatório, determinar o prosseguimento do inquérito 
policial. 
 
O que deve fazer o juiz diante de uma precipitada manifestação ministerial pelo 
arquivamento? 
 
O juiz caso discorde da manifestação do MP, deve ou determinar vista dos autos para 
que o MP se manifeste sobre tal ou qual diligência (alguns), mas o correto é, Segundo o STF, 
que o juiz, segundo o princípio da devolução, deverá determinar o encaminhamento dos autos 
ao procurador geral a quem caberá a ultima palavra sobre o assunto. 
 
 Quem é o sujeito ativo em sentido amplo do arquivamento? 
 
 Na área estadual, caso o juiz concorde com o arquivamento, em face do disposto no 28 
do CPP, a decisão para determinar administrativamente o arquivamento é do juiz. Caso contrário, 
ou seja, discorde, sobe para o procurador geral que tem duas opções. Caso discorde do juiz e 
concorde com o promotor, decidirá pelo arquivamento, que é uma decisão material e 
substancialmente material. 
 POLASTRI – se o MP, representado pelo promotor de justiça ou pelo procurador geral 
de justiça, decidir pelo arquivamento enquanto órgão, em face das duas únicas opções do juiz, 
ou determina o arquivamento em face do requerimento do promotor ou do procurador geral, 
sendo o crivo judicial alem de anômalo sem qualquer efeito porque este crivo é de mero controle 
intermediário, entre as razões do promotor e da decisão do procurador geral. 
 Em face do principio da devolução, o juiz em remetendo os autos ao procurador geral de 
justiça, porque discordou da manifestação do promotor, O procurador tem 3 caminhos: 
 1.Pode requisitar a realização de novas diligencias para melhor decidir pelo processo ou 
não 
 2. decidir pelo arquivamento 
 3. Se concordar com o juiz, ou ele próprio oferece a denuncia ou então designa um outro 
membro do MP para oferecê-la. 
 
 Se o próprio procurador geral de justiça não oferecer a denuncia o outro membro 
do MP designado pode recusar-se a oferecer a denuncia? 
 
 23 
 Para alguns, em face da independência funcional assegurada aos membros do MP e 
porque o membro indicado não é membro cego de ninguém, o membro indicado pode livremente 
ou oferecer ou arquivar. 
 Para outros, (majoritária) o membro indicado age por delegação, prolongamento de 
atribuições, longa manus do procurador geral de justiça, estando sim obrigado a oferecer a 
denuncia. 
 
ARQUIVAMENTO NA ÁREA FEDERAL 
 
 Se o arquivamento for postulado por procurador da Republica, caso o juiz federal, 
discorde das razões do arquivamento do procurador da republica, qual o procedimento a ser 
seguido? 
 Caso o juiz federal discorde do arquivamento, com fundamento no art 62 inciso 4 
primeira parte da lei 75/93, impõe-se ao juiz federal a remessa dos autos do inquérito policial à 
procuradoria geral da republica, e esta providenciará a remessa dos autos a uma das câmaras 
temáticas de coordenação e revisão do MPF, cabendo ao colegiado da câmara Exceto as 
hipóteses de atribuição originária do procurador geral da republica, manifestar-se sobre a 
promoção de arquivamento por parte de procurador da republica. 
1. Se o colegiado da câmara composto de 3 membros decidir pelo arquivamento, 
discordando do juiz federal e concordando com o procurador, determinará ao juiz federal, que 
não pode recusar-se a determinar o arquivamento, para que este o faça. 
 2. Se o colegiado decidir pela realização de novas diligências, remeterá os autos à 
procuradoria da república do estado membro onde ocorreu o dissenso, para que outro 
procurador da república proceda diretamente ou requisite novas diligências apontadas pela 
câmara e após estas, faça voltar os autos à câmara, para uma nova apuração. 
 3. Se o colegiado decidir pelo processo, os autos devem ser encaminhados ao setor 
criminal da procuradoria da república do estado membro onde houve o dissenso para que outro 
procurador da republica, seguindo-se os critérios de distribuição, atuando como delegado da 
câmara ofereça a denúncia, não podendo eximir-se do que foi decidido pela câmara. 
 
ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO OU TÁCITO 
(EXCLUSÃO DE FATO OU PESSOA) 
 
A finalidade do inquérito policial é fornecer suporte probatório mínimo para se denunciar 
determinados indiciados. 
Dentre as três possibilidades que o promotor possui quando recebe com vista autos do 
inquérito policial (novas diligências, promoção da ação ou arquivamento), se ele decide pelo 
 24 
arquivamento, com fundamento no 28 do CPP, 129, inciso 8 da CF, deve utilizar petição escrita e 
devidamente fundamentada. 
Contudo, apesar da menção legal, unicamente de arquivamento expresso, a doutrina 
reconhece além deste o Arquivamento implícito ou tácito. 
 
AFRANIO - Entende-se por arquivamento implícito, o fenômeno de ordem processual 
decorrente de o titular de incondicionada deixar de incluir na denúncia fato já apurado pela 
autoridade policial no inquérito policial, ou deixar de incluir algum sujeito passivo da ação já 
indicado pela autoridade policial. 
Ocorre este fenômeno do implícito quando o MP desatento ao princípio da 
obrigatoriedade, legalidade ou necessidade, ao revés de manifestar-se explicitamente pelo 
arquivamento de determinado fato ou indiciado, imputa ao denunciado apenas um dos fatos 
apurados, o mesmo em relação aos sujeitos. Existem portanto dois arquivamentos IMPLÍCITOS. 
 
OBJETIVO (em relação ao fato) 
 
Ocorre quando, na hipótese de concurso de fatos aparentemente delitivos, deixa de 
imputar ao acusado fato já apurado na investigação, desatendendo ao principio da 
obrigatoriedade (sem expressa manifestação no que tange ao fato excluído) 
 
SUBJETIVO (em relação ao indiciado) 
 
Será subjetivo quando, ainda em desatendimento ao princípio da indivisibilidade, o MP 
deixa de incluir na denúncia algum dos denunciados já devidamente identificados no inquérito 
policial, sem motivação expressa. 
 
QUANDO É QUE SE CONSUMA O ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO? 
 
Se o juiz vislumbrar a omissão do promotor, como controlador do princípio da 
obrigatoriedade deve: 
1. Determinar a abertura de vistas para manifestação do MP, para que este supra a 
omissão. 
2. Ou então, de logo, via ato meramente administrativo, deve de acordo com o 28 do 
CPP, mandar para o procurador geral de justiça. 
Entretanto se o juiz não comparou os conteúdos do inquérito policial com o da denúncia, 
neste caso consuma-se o arquivamento implícito ou tácito, ou seja, com a dupla omissão do 
promotor e do juiz. 
 25 
 
Quais os efeitos processuais da doutrinária consumação do arquivamento 
implícito? haverá preclusão, não se admitindo sem a presença de novas provas o 
aditamento da lacunosa denuncia? 
 
Consumado o arquivamento expresso, só nova prova (18 do CPP) poderá importar no 
desarquivamento e a retomada das investigações. sumula 524 do STF, interpretada a contrário 
sensu. 
Sumula 524 do STF: ARQUIVADO O INQUÉRITO POLICIAL, POR DESPACHO DO 
JUIZ, A REQUERIMENTO DO PROMOTOR DE JUSTIÇA, NÃO PODE A AÇÃO PENAL SER 
INICIADA,SEM NOVAS PROVAS. 
 
No arquivamento implícito, é necessária nova prova para o aditamento da 
lacunosa denuncia? 
 
PARA ALGUNS, o despacho do juiz recebendo aquela lacunosa denuncia acarretaria 
preclusão processual, impedindo sem a presença de novas provas o aditamento da denuncia. 
Para Paulo Rangel, com o recebimento da lacunosa denuncia, oferecida em desfavor 
apenas contra 3 dos 4 indiciados, se o juiz não exerceu o controle, o indevidamente excluído já 
teria sido açambarcada pela consumação do arquivamento implícito subjetivo, sendo 
inadmissível, sem a presença de novas provas, o aditamento da denuncia. 
 
PARA OUTROS, Mirabeti entre eles, a preclusão só existe exigindo-se a presença de 
novas provas, seja para o aditamento ou oferecimento de nova denuncia, quando houver o 
requerimento expresso de arquivamento. 
Para Polastri Lima, se a sumula 524 do STF só diz respeito ao arquivamento expresso, 
exigir-se novas provas no inquérito policial que já contem as provas, só que indevidamente 
valoradas, seria uma burla ao principio da obrigatoriedade. Prova objetiva! 
 
ARQUIVAMENTO INDIRETO 
SEGUNDO STF - PEDIDO INDIRETO DE ARQUIVAMENTO. 
(INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO). 
 
Ao receber com vista os autos de um inquérito policial, dentro do prazo legal, o promotor 
deverá verificar se tem atribuição, naquele caso concreto, para formar um juízo de 
convencimento sobre o fato investigado. 
 26 
Fala-se em arquivamento indireto ou segundo o STF, pedido indireto de 
arquivamento, quando o MP deixa de oferecer a denúncia, não em face da inexistência de 
fato criminoso, mas sim em face da incompetência do juízo perante o qual oficia. 
Neste caso, se o juiz concordar, deverá determinar a remessa dos autos para o juízo 
competente apontado pelo MP. 
Caso não concorde, entendendo-se competente, estabelece-se um impasse entre o 
órgão do MP que se recusou a apreciar o fato e o juiz. Neste caso deverá determinar a remessa 
dos autos ao órgão de controle e revisão do ministério. 
1. entre dois promotores do mesmo estado: a solução caberá ao procurador geral 
2. entre dois procuradores da mesma região: câmara de revisão da procuradoria. 
3. conflito de atribuições entre procurador da republica e promotor de justiça, ou entre 
procuradores da republica de regiões diversas ou entre promotores de justiça de estados 
diferentes: caberá ao STF (nova posição). 
 
Conflito de Atribuições e Competência Originária do Supremo (Transcrições) Pet 
3528/BA* RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO RELATÓRIO: Este processo veio à Corte ante 
pronunciamento do Procurador-Geral de Justiça Adjunto do Ministério Público do Estado da 
Bahia, de folha 119 a 123, sobre os seguintes fatos: a) o inquérito policial visa a elucidar a 
prática de crime de roubo – artigo 157, § 2º, inciso I, do Código Penal; b) o processo revelador 
do inquérito foi enviado à Promotoria de Justiça de Feira de Santana, que se manifestou pela 
incompetência da Justiça Estadual da Bahia, em face de conexão com crime da competência da 
Justiça Federal – o descaminho, presentes os objetos roubados; c) a Juíza de Direito da 2ª Vara 
Criminal de Feira de Santana assentou a inexistência de conexão, acionando o disposto no 
artigo 28 do Código de Processo Penal; d) o Procurador-Geral de Justiça, após consignar a 
ausência de conflito negativo de competência, ante a fase do processo – simplesmente 
investigatória –, entendeu competir a atuação à Procuradoria da República na Bahia; e) o 
Ministério Público Federal refutou tratar-se, no inquérito, do crime previsto no artigo 334 do 
Código Penal, tendo em conta as balizas subjetivas e objetivas da espécie; f) o Juízo federal, 
corroborando a conclusão do Juízo estadual, rechaçou o que se poderia enquadrar como conflito 
virtual de jurisdição e, apontando o procedimento como única solução, devolveu o processo de 
inquérito à 2ª Vara Criminal de Feira de Santana; g) a Procuradoria-Geral de Justiça do Estado 
da Bahia considerou configurado o conflito entre órgãos integrantes da União e de um Estado 
federado, a atrair a incidência da norma da alínea “f” do inciso I do artigo 102 da Carta da 
República. Determinei a remessa do processo ao Procurador-Geral da República, que se 
pronunciou em peça que tem a seguinte síntese: Conflito de atribuições entre membros do 
Ministério Público Estadual e Federal. Possível conexão entre os crimes previstos no art. 157, § 
2º, I e art. 334, ambos do Código Penal. Inocorrência (sic). Investigações voltadas 
 27 
exclusivamente para o delito de roubo. Conflito decidido para determinar a remessa dos autos ao 
Ministério Público Estadual. O Fiscal da Lei remete à jurisprudência desta Corte e do Superior 
Tribunal de Justiça. Na Petição nº 1.503/MG, o Supremo, ante virtual conflito de jurisdição entre 
os juízos federal e estadual, conferira interpretação ao artigo 105, inciso I, alínea “d”, da 
Constituição Federal, decidindo pela competência do Superior Tribunal de Justiça para apreciar 
a matéria – Plenário, relator ministro Maurício Corrêa, com acórdão publicado no Diário da 
Justiça de 14 de novembro de 2002. No Conflito de Atribuição nº 154, a Primeira Seção do 
Superior Tribunal de Justiça, reportando-se a precedentes, proclamara, na dicção do ministro 
José Delgado – acórdão publicado no Diário da Justiça de 18 de abril de 2005: PROCESSO 
CIVIL. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL X MINISTÉRIO 
PÚBLICO ESTADUAL. NÃO-CONHECIMENTO. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que não se conhece de conflito de 
atribuições, por incompetência da Corte, em que são partes o Ministério Público Federal e o 
Ministério Público Estadual, por não se enquadrar em quaisquer das hipóteses previstas no art. 
105, I, “g”, da CF/1988". (...) O Procurador-Geral da República alude à circunstância de o 
Conflito de Atribuição nº 154 haver sido remetido pelo Superior Tribunal de Justiça ao Órgão, 
concluindo o então Subprocurador-Geral Cláudio Lemos Fonteles pela competência do 
Procurador-Geral da República para dirimi-lo. Daí haver Sua Excelência passado ao julgamento 
do conflito, retornando-me o processo. É o relatório. VOTO: - De início, tem-se a impossibilidade 
de se adotar a solução que prevaleceu quando o Plenário apreciou a Petição nº 1.503/MG. É 
que aqui não é dado sequer assentar um virtual conflito de jurisdição entre os juízos federal e 
estadual. Ambos estão uníssonos quanto à atribuição do Ministério Público Estadual. Assim, 
cabe expungir o envolvimento de órgãos investidos no ofício judicante em conflito, quer presente 
a configuração do fenômeno, quer a capacidade intuitiva e, portanto, a presunção de virem a 
discordar sobre a matéria. Afasta-se, assim, a interpretação analógica que prevaleceu quando do 
pronunciamento anterior e que girou em torno do preceito da alínea “d” do inciso I do artigo 105 
da Constituição Federal, a revelar competir ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar 
originariamente os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no 
artigo 102, inciso I, alínea “o”, da Carta da República bem como entre tribunal e juízes a ele não 
vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos. Eis o precedente, sendo que não 
compus o Plenário quando formalizado, ante ausência justificada: EMENTA: CONFLITO 
NEGATIVO DE ATRIBUIÇÕES. MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E ESTADUAL. DENÚNCIA. 
FALSIFICAÇÃO DE GUIAS DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUSÊNCIA DE 
CONFLITO FEDERATIVO. INCOMPETÊNCIA DESTA CORTE. 1. Conflito de atribuições entre o 
Ministério Público Federal e o Estadual. Empresa privada. Falsificação de guias de recolhimento 
de contribuições previdenciárias devidas à autarquia federal. Apuração do fato delituoso. 
Dissenso quanto ao órgão do Parquet competente para apresentar denúncia. 2. A competência 
 28 
originária do Supremo Tribunal Federal, a que alude a letra “f”do inciso I do artigo 102 da 
Constituição, restringe-se aos conflitos de atribuições entre entes federados que possam, 
potencialmente, comprometer a harmonia do pacto federativo. Exegese restritiva do preceito 
ditada pela jurisprudência da Corte. Ausência, no caso concreto, de divergência capaz de 
promover o desequilíbrio do sistema federal. 3. Presença de virtual conflito de jurisdição entre os 
juízos federal e estadual perante os quais funcionam os órgãos do Parquet em dissensão. 
Interpretação analógica do artigo 105, I, “d”, da Carta da República, para fixar a competência do 
Superior Tribunal de Justiça a fim de que julgue a controvérsia. Conflito de atribuições não 
conhecido. Também não é possível assentar-se competir ao Procurador-Geral da República a 
última palavra sobre a matéria. A razão é muito simples: de acordo com a norma do § 1º do 
artigo 128 do Diploma Maior chefia ele o Ministério Público da União, não tendo ingerência, 
considerados os princípios federativos, nos Ministérios Públicos dos Estados. Todavia, diante da 
inexistência de disposição específica na Lei Fundamental relativa à competência, o impasse não 
pode continuar. Esta Corte tem precedente segundo o qual, diante da conclusão sobre o silêncio 
do ordenamento jurídico a respeito do órgão competente para julgar certa matéria, a ela própria 
cabe a atuação: CONFLITO DE JURISDIÇÃO - 1. No silêncio da Constituição, que não 
estabelece o órgão para decidir conflitos de jurisdição entre Tribunais Federais e Juizes, a 
competência cabe ao Supremo Tribunal Federal. 2. É competente o Tribunal Regional Eleitoral 
para processar e julgar mandado de segurança contra atos de sua Presidência ou dele próprio 
(Conflito de Jurisdição nº 5.133, relator ministro Aliomar Baleeiro, DJ de 22 de maio de 1970). 
C.J. - I. Compete ao S.T.F., no silêncio da C.F., na redação da Emenda nº 1/1969, decidir 
conflitos de jurisdição entre um Tribunal e um juiz. II. Cabe à Justiça Federal, nos termos do art. 
110 da C.F. e Emenda nº 1/1969, processar e julgar reclamações trabalhistas contra o INPS 
(Conflito de Jurisdição nº 5.267, relator ministro Aliomar Baleeiro, DJ de 4 de maio de 1970). 
Esse entendimento é fortalecido pelo fato de órgãos da União e de Estado membro estarem 
envolvidos no conflito, e aí há de se emprestar à alínea “f” do inciso I do artigo 102 da 
Constituição Federal alcance suficiente ao afastamento do descompasso, solucionando-o o 
Supremo, como órgão maior da pirâmide jurisdicional. Aliás, pela propriedade, cumpre ressaltar 
o que citado na manifestação do Ministério Público do Estado da Bahia, na óptica proficiente do 
ex-Subprocurador de Justiça e professor da Faculdade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ – Dr. 
Paulo Cézar Pinheiro Carneiro: O juiz quando determina o encaminhamento dos autos do 
inquérito para outro órgão do Ministério Público, o faz exercitando unicamente atividade 
administrativa, como chefe que é dos serviços administrativos do cartório... O despacho de 
encaminhamento tem natureza simplesmente administrativa... Não existe nenhuma atividade 
jurisdicional e mesmo judicial na hipótese. Uma vez que, na prática, existe um despacho 
administrativo, lacônico que seja, não podemos transformá-lo de uma penada, sem o exame 
mais cauteloso de cada hipótese em declinação da competência de um juízo, sob pena de 
 29 
subvertermos toda ordem processual, além dos demais e gravíssimos inconvenientes e 
ilegalidades que tal medida acarretaria. Então, a seguir, em análise da problemática versada 
neste processo, o autor da consagrada obra “O Ministério Público no Processo Civil e Penal” – 
Rio de Janeiro – Forense, 5ª Edição, 1995, página 212, observa: (...) Não há nada de estranho, 
de anormal, em conferir a órgão judiciário da nação o poder de dirimir conflitos de atribuições 
entre órgãos autônomos e independentes entre si. Pelo contrário, a relevância das questões em 
jogo exige que o órgão encarregado de dirimir estes conflitos tenham os predicados que 
atualmente só a magistratura tem, de sorte a garantir julgamento técnico e isenção total. Não é o 
STF que, originariamente, julga as causas judiciais entre Estados membros? Como, então, se 
poderia afirmar que haveria quebra de independência e autonomia dos Estados membros se a 
ele fosse também conferido o poder de decidir os conflitos de natureza administrativa entre estes 
mesmos entes? Não existe, até o momento, no nosso sistema constitucional, nenhum órgão ou 
ente superior que tenha o poder de decidir a que Estado competiria determinado tipo de 
atribuição. Transporte-se o enfoque para o conflito de atribuições entre o Ministério Público 
Estadual e o Ministério Público Federal. A solução há de decorrer não de pronunciamento deste 
ou daquele Ministério Público, sob pena de se assentar hierarquização incompatível com a Lei 
Fundamental. Uma coisa é atividade do Procurador-Geral da República no âmbito do Ministério 
Público da União, como também o é atividade do Procurador-Geral de Justiça no Ministério 
Público do Estado. Algo diverso, e que não se coaduna com a organicidade do Direito 
Constitucional, é dar-se à chefia de um Ministério Público, por mais relevante que seja, em se 
tratando da abrangência de atuação, o poder de interferir no Ministério Público da unidade 
federada, agindo no campo administrativo de forma incompatível com o princípio da autonomia 
estadual. Esta apenas é excepcionada pela Constituição Federal e não se tem na Carta em vigor 
qualquer dispositivo que revele a ascendência do Procurador-Geral da República relativamente 
aos Ministérios Públicos dos Estados. Tomo a manifestação do Procurador-Geral da República, 
Dr. Antônio Fernando Barros Silva de Souza, contida à folha 130 à 137, não como uma decisão 
sobre o conflito, mas como parecer referente à matéria. A competência para dirimir o conflito de 
atribuições envolvido o Ministério Público do Estado da Bahia e o Federal é realmente do 
Supremo, conforme decidido no Mandado de Segurança n° 22.042-2, relatado pelo ministro 
Moreira Alves e assentado sem discrepância de votos: MANDADO DE SEGURANÇA. 
QUESTÃO DE ORDEM QUANTO A COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. - 
Tendo sido o presente mandado de segurança impetrado, por se tratar de ato complexo, contra o 
governador e o Tribunal do Estado de Roraima, bem como contra o Ministério Público do Distrito 
Federal e Territórios, e versando ele a questão de saber se a competência para a constituição da 
lista sêxtupla e do impetrante - o Ministério Público desse Estado - ou de um dos impetrados - o 
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios -, não há duvida de que, nos termos da 
impetração da segurança, há causa entre órgão de um Estado-membro e órgão do Distrito 
 30 
Federal, configurando-se, assim, hipótese prevista na competência originária desta corte (artigo 
102, I, “f”, da Constituição Federal), uma vez que o litígio existente envolve conflito de atribuições 
entre órgãos de membros diversos da Federação, com evidente substrato político. - Correta a 
inclusão do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios no pólo passivo do mandado de 
segurança, pois, em se tratando de ato complexo de que participam, dentro da esfera de 
competência própria, órgãos e autoridades sucessivamente, mas que não estão subordinados 
uns aos outros, para a formação de ato que só produz efeito quando o último deles se manifesta, 
entrelaçando-se essa manifestação as anteriores, esses órgãos e autoridades, a partir daquele 
de que emanou o vício alegado, devem figurar, como litisconsortes, no pólo passivo do mandado 
de segurança. Reconhecimento da competência do Supremo Tribunal Federal para processar e 
julgar originariamente o presente mandado de segurança, com fundamento na letra “f” do inciso i 
do artigo 102 da Constituição Federal. Suplantada essa questão preliminar, valho-me do mesmo 
pronunciamento para assentar que competeao Ministério Público do Estado da Bahia a atuação 
no inquérito formalizado e que tem como escopo, tão-somente, apurar o crime de roubo, pouco 
importando, no caso, a origem da mercadoria roubada: 19. Assiste razão, na presente 
controvérsia, ao Procurador da República. 20. In casu, instaurou-se o incluso inquérito policial 
com o único objetivo de se apurar eventual crime de roubo, mediante o emprego de arma de 
fogo, previsto no art. 157, § 2°, I, do Código Penal, perpetrado pelos indiciados JOSÉ CARLOS 
DA SILVA, JOSÉ AGNALDO DA PUREZA COUTINHO E JORGE DO NASCIMENTO, no dia 
29/03/2003, na cidade de Feira de Santana/BA. 21. Conforme se depreende dos elementos 
probatórios coligidos, sequer chegou a se comprovar, nestes autos, a materialidade do suposto 
delito de contrabando ou descaminho, previsto no art. 334 do Código Penal, e inicialmente 
imputado ao indiciados. 22. Nesse sentido, em que pese a elaboração de laudo pericial pela 
polícia civil do Estado da Bahia, a fls. 113/114, não se conseguiu apurar autenticidade dos selos 
e embalagens dos cigarros subtraídos pelos indiciados, bem como a eventual ilicitude de seu 
ingresso no território nacional, eis que, no exame pericial realizado, verificou-se a ausência de 
material padrão para confronto, em razão da falta de selos sobre as carteiras de cigarros (fls. 
113/114). 23. Ademais, ainda que restasse comprovada nestes autos a existência material do 
crime de contrabando ou descaminho (art. 334 do CP), de competência da Justiça Federal, não 
haveria nenhum motivo para justificar a unidade de processo e julgamento na esfera federal, 
tendo em vista a inexistência de qualquer das espécies de conexão, previstas no art. 76 do 
Código de Processo Penal, capazes de demonstrar algum ponto de afinidade com relação ao 
delito de roubo. 24. Isto porque, na hipótese, em primeiro lugar, não se poderia imputar a autoria 
de um eventual crime de contrabando ou descaminho aos indiciados. É que a mercadoria 
alienígena pertencia à vitima do crime de roubo, e não aos imputados. Em segundo lugar, se, 
realmente, crime de contrabando ou descaminho ocorreu, foi em contexto diverso, constituindo-
se em infração autônoma e sem qualquer vínculo de interligação com o delito de roubo ora 
 31 
investigado. 25. Nessa perspectiva, a circunstância de ter a mercadoria roubada, provavelmente, 
origem ilícita, foi absolutamente casual em relação à conduta realizada pelos indiciados, não 
importando em qualquer ponto de afinidade, contato, aproximação ou influência na respectiva 
apuração de um e outro evento criminoso. 26. Dessa forma, nem mesmo a conexão probatória 
ou instrumental, prevista no art. 76, III, do Código de Processo Penal, serviria como fundamento 
para a unidade de processo e julgamento dos delitos em apreço na Justiça Federal. 27. A 
conexão probatória ou instrumental encontra seu fundamento, segundo ensina Fernando da 
Costa Tourinho Filho, “na manifesta prejudicialidade homogênea que existe. Se aprova de uma 
infração influi na prova de outra, é evidente que deva haver unidade de processo e julgamento, 
pois, do contrário, teria o Juiz de suspender o julgamento de uma, aguardando a decisão quanto 
à outra.” (Processo Penal, 2° Volume, 24ª edição, revista e atualizada, São Paulo: Saraiva, 2002, 
página 184/185). 28. No caso dos autos, não há qualquer vínculo de interdependência entre a 
prova do crime de roubo e a prova de um eventual crime de contrabando ou descaminho. É 
indiferente, para a comprovação do delito de roubo, a identificação, por intermédio de exame 
merceológico, da origem alienígena e da introdução ilícita em território nacional da mercadoria 
roubada. Não existe, nesse aspecto, nenhuma prejudicialidade homogênea entre as provas 
referentes a ambos os delitos, a qual poderia sugerir a unidade de processo e julgamento do 
feito perante a Justiça Federal. Qualquer que seja o resultado de perícia destinada à 
comprovação do crime de contrabando ou descaminho, em nada influirá na materialidade e 
autoria referentes ao delito de roubo objeto desses autos. 29. A propósito, verifica-se, inclusive, a 
instauração de inquérito pela Polícia Federal, no intuito de apurar o suposto crime de 
contrabando ou descaminho ora debatido, sem que isso prejudique ou influa na instrução 
probatória realizada nestes autos, referente ao crime de roubo, o que demonstra, mais uma vez, 
a autonomia entre os dois eventos criminosos e a distinção entre as condutas examinadas (fls. 
116 e 118). 30. Portanto, resta à Justiça Estadual da Bahia processar e julgar o crime de roubo 
apurado nestes autos, e, por sua vez, à Justiça Federal a apreciação de eventual crime de 
contrabando ou descaminho objeto de investigação diversa. Dirimo o conflito proclamando, 
portanto, a atribuição do Ministério Público do Estado da Bahia. 
 
DESARQUIVAMENTO 
 
Para Paulo Rangel, o desarquivamento, ao revés de ato jurisdicional é um ato 
administrativo simples (não depende de manifestação do juiz), de atribuição do MP. 
 
AFRANIO - o desarquivamento é uma decisão de natureza administrativa persecutória 
que quando possível (enquanto não extinta a punibilidade) e desde que surjam noticias de outras 
provas, determina a retomada das investigações paralisadas pela decisão de arquivamento. 
 32 
 
QUAL O SUJEITO ATIVO DO DESARQUIVAMENTO? 
 
AFRANIO - se o desarquivamento é uma decisão de natureza administrativa 
persecutória, e se no desarquivamento o juiz ao menos naquele momento nada vai fiscalizar, se 
o desarquivamento tivesse que ser submetido ao juiz outorgar-lhe-ia mais uma função anômala 
em uma investigação policial de natureza administrativa capaz de violar o sistema acusatório. 
O desarquivamento, sem qualquer intervenção do juiz, seja em face de requerimento do 
MP e muito menos de oficio, deve decorrer de uma decisão administrativa persecutória do MP 
fundada em noticias de outras provas e mediante a requisição de diligencias especificas à 
autoridade policial. 
Se o juiz em face de requerimento do MP não deve intervir no processo de 
desarquivamento, obviamente o juiz, com muito mais razão, não deve determinar de oficio o 
desarquivamento. 
 
quem no MP vai ter atribuição para promover o desarquivamento? 
 
segundo Afrânio - a atribuição para o desarquivamento deve ser resolvida pelas 
respectivas leis orgânicas estaduais do MP. Se a respectiva lei estadual do MP for omissa (Bahia, 
Piauí), terão atribuição para o desarquivamento tanto a promotoria de justiça que se manifestou 
pelo arquivamento quanto o procurador geral de justiça. Caso o arquivamento tenha decorrido de 
uma decisão do procurador geral justiça não naqueles feitos de sua atribuição originaria, mas 
sim nos termos da parte final do 28 do CPP. Neste caso por uma hierarquia institucional, 
somente o procurador geral de justiça que decidiu pelo arquivamento é que terá atribuição para 
determinar o desarquivamento. 
 
POLASTRI LIMA - se o arquivamento for oriundo de decisão de procurador geral de 
justiça, não mais nos termos da parte final do 28 do CPP, mas sim de sua atribuição originaria, 
com espeque no art 12, inciso 11 da lei 8625/93, e com fundamento no art 18 inciso 13 da lei 
complementar 11/96 (Bahia) a atribuição para o desarquivamento, não de oficio, mas sim 
mediante requerimento do legitimo interessado, será do colégio de procuradores por maioria 
simples de votos existindo assim um controle dentro da instituição. 
 
Paulo Rangel - Se a manifestação for do promotor de justiça sem discordância do juiz, 
em face do principio do promotor natural, pouco importando a omissão da lei e o disposto na 
respectiva lei orgânica do MP, que a legitimidade para determinar o desarquivamento será 
 33 
sempre da promotoria de justiça com atribuição junto à vara criminal onde se deu o 
arquivamento. 
 
DESARQUIVAMENTO NA ÁREA FEDERAL 
 
Se o arquivamento se deu em face de manifestação de procurador da republica

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