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O uso de substâncias psicoativas (SPAs), incluindo álcool e nicotina, altera tanto as funções como a estrutura do SNC e está entre os principais problemas de saúde pública no mundo Independente do motivo do uso, nem todas as pessoas evoluem para um padrão problemático de uso ou apresentam condições agudas graves (depende de fatores psicológicos e biológicos) Além de comprometer as estruturas cerebrais, as SPAs podem levar a problemas psicológicos, interpessoais, sociais, ocupacionais e legais Os transtornos devidos a essas substâncias contribuem tanto para os anos de vida perdidos quanto para a perda de anos vividos sem incapacidade CONCEITOS SPA: toda entidade química ou misturas de entidade que altera uma função biológica e possivelmente sua estrutura Uso experimental: uso inicial, infrequente e esporádico de uma SPA Uso recreativo: uso de SPA, geralmente, em situações sociais ou de relaxamento Uso frequente: uso regular, não compulsivo, que não causa obrigatoriamente prejuízos significativos ao funcionamento do indivíduo Uso nocivo/abuso: uso continuado ou recorrente associado a algum prejuízo para o usuário, como problemas legais, físicos ou mentais Dependência: uso continuado com aumentos na frequência, na quantidade, no tempo gasto para obtenção, uso e recuperação dos efeitos da SPA, desejo de reduzir ou parar o consumo, problemas em diversas esferas da vida, uso impulsivo, tolerância e sintomas de abstinência Abstinência: síndrome específica desenvolvida devido a redução ou cessação do uso pesado e prolongado de uma SPA Principais efeitos agudos de substâncias psicoestimulantes: INTOXICAÇÃO AGUDA Álcool: Apresentação variada, dependendo da alcoolemia, estado alimentar e velocidade de consumo A avaliação psiquiátrica inicia-se assim que o indivíduo se apresentar vigilante Sugere-se monitorização de sinais vitais, em ambiente seguro e calmo com atenção as vias aéreas O uso de SF estará indicado se o indivíduo estiver desidratado e a glicose se houver hipoglicemia OBS: etilistas crônicos devem receber reposição de tiamina antes da correção de glicose para evitar o surgimento de síndrome de Wernicke Síndrome de Wernicke: é uma síndrome neuropsiquiátrica que se desenvolve devido a deficiência crônica de tiamina (vitamina B1). A B1 ativa (pirofosfato de tiamina) é um co-fator no metabolismo da glicose, poranto a reposição da glicose sem a adequada suplementação prévia de tiamina, ocasiona um consumo elevado dessa substância, gerando uma deficiência ainda maior de B1 e ocasionando encefalopatia de wernicke (sintomas agudos). A não reposição de manutenção da tiamina ocasiona Korsakoff (sintomas crônicos) A taxa de eliminação do álcool no organismo é de 10-30mg%/h Alcoolemias acima de 600-800mg% tendem a ser fatais Em pacientes gravemente intoxicados ou comatosos, segue-se a monitorização de sinais vitais, evitar broncoaspiração e, dependendo da gravidade, necessita de suporte de terapia intensiva ABSTINÊNCIA ALCOÓLICA A redução da ingesta de etílicos em pacientes que apresentam dependência alcoólica ocasiona a crise de abstinência. Pode ser leve, moderada ou grave. O tratamento é variável de acordo com a gravidade do paciente. É importante realizar a reposição de tiamina antes da correção da glicose A leve e a moderada são a maioria das crises de abstinência alcoólica e, raramente, levam a óbito Leve: sudorese, ansiedade, cefaleia, tremores. Não apresenta alteração de PA ou taquicardia. Tratamento: reposição de tiamina VO + diazepam 10mg (em caso de insônia) Moderada: apresenta todos os sintomas anteriores + alterações autonômicas elevação de PA e FC, não apresenta crises epiléticas nem alucinações. Tratamento: reposição de tiamina VO + diazepam 10mg, se os sintomas persistirem após 30min, +10mg de diazepam VO A crise de abstinência grave ocorre na minoria dos casos de etilismo, porém, quando ocorrem, tem elevado risco para complicações e óbitos Delirium tremens: nome dado ao delirium causado pela crise de abstinência alcoólica grave. Apresenta todos os sintomas da crise de abstinência moderada + alucinações e/ou crises epiléticas Tratamento: suporte pré-hospitalar para estabilização, acesso venoso, reposição de tiamina EV ou IM, correção de hipoglicemia, hidratação e benzodiazepínicos. Idealmente utiliza-se lorazepam EV (metabolização não hepática), mas no Brasil utiliza-se diazepam VO (se o paciente não estiver torporoso, caso esteja faz via EV) até estabilização + haloperidol IM, caso a agitação psicomotora intensa Obrigatório ler o material sugerido COCAÍNA E OUTROS ESTIMULANTES As SPAs estimulantes seguem padrão de binge (consumo exagerado em pouco tempo), seguido por períodos de abstinência A intoxicação costuma ser autolimitada e demanda apenas monitorização e apoio O usuário pode desenvolver sensibilização e a exposição repetida por desencadear crises convulsivas Existe o risco de hipertermia associado ao ecstasy A ingestão de anfetaminas, desde que uso recente pode-se aplicar medidas de proteção do TGI (lavagem e carvão ativado) (também para evitar parada cardiorrespiratória) Comum a ansiedade ou excitação psicomotora, para tratamento medicar com BZD por VO e, nos casos de agitação psicomotora, pode-se utilizar a medicação IM BENZODIAZEPÍNICOS Depressores do SNC com efeito de intoxicação aguda semelhante ao álcool A ingestão excessiva de BZD induz ao coma profundo e ao óbito de forma isolada (paciente pode necessitar de ventilação assistida) Flumazenil EV é o antídoto e deve ser empregado nos casos graves podendo chegar a dose de 2mg MACONHA Efeitos agudos: sintomas psicóticos, episódios agudos e curtos de ansiedade (semelhante aos ataques de pânico) O tratamento desse sintoma é feito com BZD VO A intoxicação por maconha pode levar o usuário a ter comportamentos agressivos por comprometimento da realidade associado a ansiedade e ideação paranoide (pode ser necessário uso de AP) OPIÓIDES Indicado para casos graves: miose, bradicardia, depressão respiratória, estupor e coma Na superdosagem de OP de longa ação como metadona, é necessário observação de 24-48h, devido a depressão respiratória, que costuma ser fatal Naloxona: antagonista opióide que atua nos receptores opiáceos (um, Kappa e sigma). Seu uso pode ser IM ou EV. Casos leves 0,05-0,4 mg IV. Casos graves depressão respiratória grave 2mg IV SOLVENTES Efeitos depressores do SNC Sintomas: euforia, desinibição, tinidos, zumbidos, ataxias, risos imotivados, ataxia e fala pastosa Monitoração cardíaca é importante, pois os solventes tem ação sobre o miocárdio Não há consenso quanto a existência de tolerância e síndrome de abstinência, porém os indivíduos morrem rapidamente pela toxicidade da substância
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