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Atualizado conforme: Lei 13.769/2018 - altera o CPP para estabelecer a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar da mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. Lei 13.721/2018 - altera o CPP para estabelecer prioridade à realização do exame de corpo de delito nos crimes de violência contra mulher, criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. Lei 13.718/2018 – alteração a espécie de ação penal nos crimes contra a dignidade sexual. Lei 13.641/2018 - tipifica o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência. Manual Caseiro de Processo Penal I Edição 2019.1 Manual Caseiro Edição 2019. I Direito Penal I de Atualizado conforme: Lei 13.715/2018 - trata da perda do poder famíliar. 1 1 Sumário Conteúdo 01: Introdução ao Direito Penal .................................................................................................................. 2 Conteúdo 02: Princípios Gerais do Direito Penal ...................................................................................................... 20 Conteúdo 03: Princípios Gerais do Direito Penal ...................................................................................................... 46 Conteúdo 04: Eficácia da Lei Penal no Tempo ......................................................................................................... 61 Conteúdo 05: Eficácia da Lei Penal no Espaço ......................................................................................................... 83 Conteúdo 06: Lei penal em relação as pessoas .......................................................................................................... 98 Conteúdo 07: Substratos do Crime .......................................................................................................................... 120 Conteúdo 08: Conduta ............................................................................................................................................. 135 Conteúdo 09: Culpabilidade .................................................................................................................................... 148 Conteúdo 10: Erro de Tipo ...................................................................................................................................... 165 Conteúdo 11: Resultado e Nexo Causal .................................................................................................................. 181 Conteúdo 12: Relação de causalidade nos Crimes Omissivos ................................................................................ 197 Conteúdo 13: Excludentes da Ilicitude .................................................................................................................... 210 Conteúdo 14: Iter Criminis ...................................................................................................................................... 224 Conteúdo 15: Concurso de Pessoas ......................................................................................................................... 245 Conteúdo 16: Prescrição .......................................................................................................................................... 260 Conteúdo 17: Teoria Geral da Pena ......................................................................................................................... 280 Conteúdo 18: Sursis ................................................................................................................................................. 333 Conteúdo 19: Concurso de Crimes .......................................................................................................................... 340 Conteúdo 20: Medida de Segurança ........................................................................................................................ 347 Conteúdo 21: Efeitos da Condenação ...................................................................................................................... 354 Conteúdo 22: Reabilitação ....................................................................................................................................... 360 2 2 DIREITO PENAL I – PARTE GERAL Conteúdo 01: Introdução ao Direito Penal 1. DIREITO PENAL: CONCEITO O direito penal pode ser conceituado por diversos aspectos: aspecto formal/estatístico, aspecto material e aspecto sociológico. A) ASPECTO FORMAL/ESTÁTICO: direito penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem aplicadas. B) ASPECTO MATERIAL: direito penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso da sociedade. C) ASPECTO SOCIOLÓGICO/DINÂMICO: direito penal é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade. Aprofundando o enfoque sociológico - A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes. Para se manter a ordem social necessita-se de normas no Ordenamento Jurídico. - Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções (civis ou penais). Desse modo, violadas as normas de condutas deve o sujeito submeter-se as sanções, as quais servem para restaurar a paz social. Atenção: Nessa tarefa de controle social, atuam vários ramos do direito, e o direito penal só atua em determinadas situações, pois possui caráter subsidiário, em observância ao princípio da intervenção mínima. - Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal. O direito penal só será convocado quando o bem jurídico for de maior relevância, em consonância ao princípio da intervenção mínima. Nessa esteira, que diferencia a norma penal das demais normas é a espécie de consequência jurídica (pena privativa de liberdade) prevista para hipótese de seu descumprimento. Aspecto formal ou estático Aspecto material Aspecto sociológico Direito Penal é um conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos Direito· Penal é mais um instrumento de controle social de comportamentos desviados (ao lado 3 3 infrações penais (crime ou contravenção), define os seus agentes e fixa as sanções (pena ou medida de segurança) a serem-lhes Aplicadas. ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à sua própria conservação e progresso. dos outros ramos, como Constitucional, Civil, Administrativo. Comercial, Tributário, Processual, etc.), visando assegurar a necessária disciplina social, em como a convivência harmônica dos membros do grupo. Candidato, você sabe a distinção entre “direito penal, criminologia e ciência criminal”? Direito Penal Criminologia Ciência Criminal →Analisa se os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como crime, ou contravenção penal, anunciando as penas. → Ocupa-se do crime enquanto norma. → Exemplo: define como crime lesão no ambiente doméstico e familiar. CP e 11.340/2006. →Ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o comportamento da sociedade; →Ocupa-se do crime enquanto fato; →Exemplo: quais os fatores contribuem para a violência doméstica e familiar. → Trabalha as estratégias e meios de controle social da criminalidade;→Ocupa-se do crime enquanto valor; →Exemplo: estuda como diminuir a violência domestica e familiar. 2. MISSÃO DO DIREITO PENAL Na atualidade, a doutrina divide a missão do Direito Penal em: missão mediata e missão imediata. Nessa esteira, questiona-se: qual a missão mediata do direito penal e a missão imediata? 2.1 MISSÃO MEDIATA: como função mediata o direito penal busca o controle social e limitação ao Poder de Punir do Estado. Serve para controlar comportamentos humanos, e por outro lado, limitar o próprio Poder do Estado. Assim, “se de um lado o Estado controla o cidadão impondo-lhe limites, de outro lado, é necessário também limitar o seu próprio poder de controle, evitando excessos (hipertrofia da punição)”. Em síntese: Missão mediata do Direito Penal - controle social - limitação do poder de punir. 4 4 2.2 MISSÃO IMEDIATA: No tocante a missão imediata a doutrina diverge. 1ª Corrente: a missão imediata do direito penal é proteger bens jurídicos mais importantes para a convivência em sociedade (Roxin – Funcionalismo Teleológico). É a corrente que prevalece!!! 2ª Corrente: a missão imediata do direito penal é assegurar o Ordenamento Jurídico, a vigência da norma (Jakobs – Funcionalismo sistêmico). Dessa forma, temos que para uma corrente a missão é proteger bens jurídicos, já para outra, é assegurar o ordenamento jurídico, ou seja, a vigência das normas. Missão Imediata do Direito Penal 1ª Corrente 2ª Corrente Proteção de bens jurídicos. Assegurar a vigência das normas no Ordenamento jurídico. Defensor: Roxin. Defensor: Jakobs. 3. DIREITO PENAL: CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA A) DIREITO PENAL SUBSTANTIVO X DIREITO PENAL ADJETIVO O direito penal substantivo, corresponde ao direito penal material, leia-se, crime/pena. Por outro lado, o direito penal adjetivo corresponde ao processo penal, ou seja, processo/procedimento (direito processual penal). Cumpre destacar que a referida classificação resta ultrapassada, posto que atualmente o direito penal processual penal existe como ramo autônomo. Assim, o que era tido como direito penal adjetivo, hoje se refere ao direito processual penal. Direito penal substantivo Direito penal adjetivo O direito penal material também denominado de direito penal substantivo corresponde ao direito penal propriamente dito, são as leis penais. O direito penal formal também é conhecido como direito penal adjetivo, são as leis processuais penais, é o processo penal. Direito Penal Material (crime e pena); Direito Processual Penal; Cumpre destacar que trata-se de visão ultrapassada, pois atualmente há autonomia entre as matérias). B) DIREITO PENAL OBJETIVO X DIREITO PENAL SUBJETIVO O direito penal objetivo traduz o conjunto de leis penais vigentes no ordenamento jurídico. 5 5 O direito penal subjetivo, por sua vez, traduz o direito de punir do Estado. Refere-se a capacidade que o Estado tem de fazer cumprir suas normas. - Direito penal subjetivo positivo: capacidade de criar e executar normas penais. - Direito penal subjetivo negativo: poder de derrogar preceitos penais ou restringir seu alcance, por exemplo, a atuação do STF no controle de constitucionalidade. CUIDADO! O DIREITO DE PUNIR ESTATAL NÃO É ABSOLUTO, INCONDICIONADO ou ILIMITADO, POSSUINDO LIMITAÇÕES. LIMITES DO DIREITO DE PUNIR ESTATAL: 1. Quanto ao MODO: o direito de punir estatal deve respeitar direitos e garantias fundamentais. Como bem explica Canotilho, mesmo nos casos em que o legislador se encontre constitucionalmente autorizado a editar normas restritivas, permanecerá vinculado à salvaguarda do núcleo essencial dos direitos, liberdades e garantias do homem e do cidadão. 2. Quanto ao ESPAÇO: em regra, aplica-se a lei penal aos fatos praticados no território nacional, trata-se do princípio da territorialidade. Nesse sentido, dispõe o art. 5º, C.P. - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 3. Quanto ao TEMPO: o direito de punir não é eterno, em virtude disto é que existe a prescrição (limite temporal ao direito de punir ou executar a pena pelo Estado). O direito de punir é monopólio do ESTADO, ficando proibida a Justiça Privada, ou seja, a justiça realizada pelas próprias mãos, que poderá, inclusive, caracterizar o crime de exercício arbitrário das próprias razões. “Paulo César Busato bem lembra que o Estado não é absolutamente livre para fazer uso desse poder de castigar através de emprego da lei. Sua tarefa legislativa, e de aplicação da legislação, encontram-se limitadas por uma série de balizas normativas formadas por postulados, princípios e regras, tais como a legalidade, a necessidade, a imputação subjetiva, a culpabilidade, a humanidade, a intervenção mínima, e todos os demais direitos e garantias fundamentais como a dignidade da pessoa humana e a necessidade de castigo”. ATENÇÃO: O direito de punir é monopólio do Estado, ficando proibida a justiça privada, sob pena de configurar o crime de exercício arbitrário das próprias razões. O anúncio do monopólio é seguido da criação de um crime, qual seja o delito de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, CP). 6 6 CP: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite. Há um caso que o Estado tolera a punição privada paralela à punição estatal: ESTATUTO DO ÍNDIO (art. 57 da Lei nº 6001/73). Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte. Nesse caso, o Estado tolera a punição privada, que será executada paralelamente a do Estado. #TPI – Tribunal Penal Internacional seria exceção ao monopólio do direito de punir do Estado? “Estatuto de Roma - Artigo 1º - O Tribunal - É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional ("o Tribunal"). O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será complementar às jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo presente Estatuto.” Referido dispositivo consagrou o PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIEDADE, segundo o qual, o TPI será chamado a intervir somente se e quando a Justiça repressiva interna falhar, se tornar omissa ou insuficiente. Assim, o TPI é complementar, não substituindo a jurisdição nacional, de modo que não representa exceção à exclusividade do Direito de Punir do Estado. C) CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA X CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA Candidato, o que significa criminalização primária e criminalização secundária? Criminalização primária diz respeito ao poder de criar a lei penal e introduzir no ordenamento jurídico a tipificação criminal de determinada conduta. Noutra banda, criminalização secundária atrela-se ao poder estatal para fazer aplicar a sanção penal introduzida no ordenamento jurídico, com a finalidade de coibir determinados comportamentos antissociais. Criminalização primária Criminalização secundária A criminalização primária diz respeito ao poder de criar a lei penal e introduzir no ordenamento jurídico a tipificação criminal de determinada conduta. A criminalização secundária, por sua vez, atrela-se ao poder estatal para aplicar a lei penal introduzida no ordenamento com a finalidade de coibir determinados comportamentos antissociais. 7 7 D) DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA X DIREITO PENAL PROMOCIONAL/POLÍTICO. Direito Penal de Emergência Direito penal promocional Atendendo as demandas de criminalização, o Estado cria normas depressão ignorando as garantias do cidadão. O Estado, visando a consecução dos seus objetivos políticos, emprega leis penais desconsiderando o princípio da intervenção mínima. E qual é a finalidade? A finalidade é devolver o sentimento de tranquilidade para a sociedade. E qual é a finalidade? A finalidade é usar o direito penal para transformação social. Exemplo: lei dos crimes hediondos – influenciado pela pressão da mídia. Exemplo: o Estado criando contravenção penal de mendicância (revogada) com o intuito de acabar com os mendigos ao invés de melhorar as políticas públicas. No direito penal de emergência a sociedade clama pela criminalização de uma determinada conduta. Assim, o Estado no intuito de gerar um sentimento de tranquilidade para os cidadãos, respondendo ao seu clamor, tipifica crimes, ignorando, muita vezes, as garantias do cidadão. Foi o que aconteceu com o advento da Lei de Crimes Hediondos. No direito penal promocional, por sua vez, o Estado cria leis penais para conseguir seus objetivos, foi o que aconteceu com a tipificação da conduta de mendicância, revogada em 2009. A ideia era que com a tipificação da conduta, pudesse acabar com os mendigos ao invés de melhorar políticas públicas. Por fim, no Direito penal simbólico a lei nasce sem qualquer eficácia jurídica ou social. Ex.: lei penal proibindo que os pais deem palmadas nos seus filhos. (Lei menino Bernardo). 4. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL A ideia de velocidades do direito penal foi idealizada por Silva Sánchez, e trabalha com o tempo que o Estado leva para punir o autor de uma infração penal mais ou menos severa. 1ª. VELOCIDADE: Enfatiza infrações penais mais graves, punidas com pena privativa de liberdade, exigindo procedimento mais demorado, observando todas as garantias penais e processuais. LOGO: Infração mais grave, com pena severas + procedimento mais demorado + observância de todas as garantias. 2ª. VELOCIDADE: Flexibiliza direitos e garantias fundamentais, possibilitando punição mais célere, mas, em contrapartida, prevê penas alternativas. LOGO: crimes menos graves, com penas alternativas + procedimento célere + flexibilizando garantias. 3ª. VELOCIDADE: Mescla a 1ª velocidade e a 2ª velocidade. 8 8 Defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1º velocidade), e mesmo assim permite, para determinados crimes, a flexibilização de direitos e garantias constitucionais (2º velocidade). LOGO: Crimes graves, com penas severas → processo flexibilizando garantias. 1ª velocidade 2ª velocidade 3ª velocidade Ampla garantia de direitos + possibilidade de aplicação de penas privativas de liberdade. Flexibilização de garantia de direitos + possibilidade de aplicação de penas alternativas. Redução de garantias + penas privativas de liberdade. Ex.: Direito Penal do Inimigo. Denota-se que misturam-se características da primeira e segunda velocidade. Pena privativa de liberdade Penas alternativas Pena privativa de liberdade Processo garantista Procedimento flexibilizado Procedimento flexibilizado. DIREITO PENAL DE 4º VELOCIDADE Candidato, o que se entende por “direito penal de quarta velocidade”? Excelência, hoje temos doutrina anunciando a 4ª (quarta) velocidade do Direito Penal, ligada ao Direito Penal Internacional, mirando suas normas proibitivas contra aqueles que exercem (ou exerceram) chefia de Estados e, nessa condição, violam (ou violaram) de forma grave tratados internacionais de tutela de direitos humanos. Para tanto, foi criado, pelo Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Internacional. Trata-se da primeira instituição global permanente de justiça penal internacional, com competência para processar e julgar crimes que violam as obrigações essenciais para a manutenção da paz e da segurança da sociedade internacional em seu conjunto. Em síntese: trata-se da atuação do Tribunal Penal Internacional (TPI), que tem competência para apurar crimes de lesa-humanidade (genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e de agressão). #QUARTAVELOCIDADEDODIREITOPENAL (tem esse agora também?!) Em continuação a teoria das velocidades do Direito Penal, apresentada por Jesús-Maria Silva Sánchez e do Direito Penal do Inimigo – rotulado como a “terceira velocidade do Direito Penal” – de Günther Jakobs, o argentino Daniel Pastor desenvolve o neopunitivismo, também conhecido como a quarta velocidade do Direito Penal (Direito Penal Esquematizado, Cleber Masson). O direito penal de quarta velocidade ignora os princípios da reserva legal, bem como, o princípio da anterioridade, isso porque o crime é criado após o fato ter sido praticado. Além disso, é um direito penal aplicado por Tribunais de Exceção (vedado pela CF) – Ad Hoc: criado após o fato ser praticado e para julgar um fato determinado. Ademais, viola o sistema acusatório. 5. FONTES DO DIREITO PENAL 9 9 Fonte é o lugar de onde vem e como se exterioriza o Direito Penal. A) FONTE MATERIAL é a fonte de produção da norma, órgão encarregado de criar o direito penal. Nos termos do artigo 22 da Constituição Federal, o órgão encarregado de criar direito penal é a UNIÃO. Só a União pode criar Direito Penal. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. IMPORTANTE! Inobstante a competência para legislar sobre direito penal seja da União, conforme proclama o art. 22, I, da CF, a Lei complementar pode autorizar o Estado a legislar sobre matéria específica de direito penal. Art. 22, parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. Candidato, qual é a fonte material do direito penal? Excelência, via de regra a fonte material do direito penal é a União. As exceções, por sua vez, estão igualmente previstas na Constituição, conforme o parágrafo único, os Estados podem legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas por meio de Lei Complementar. →Fonte material: União (Art. 22, da CF): regra. →Fonte material: Estados, por meio de lei complementar. E quais são os requisitos para essa regulamentação? Conforme o art. 22, parágrafo único da Constituição: a) Deve se tratar de matéria especifica daquele Estado; b) É necessário ainda autorização da União por meio de Lei Complementar. B) FONTE FORMAL é o instrumento de exteriorização do direito penal. O modo como as regras são reveladas. Trata-se de uma fonte de conhecimento/cognição. As fontes formais podem ser imediata ou mediata. Fonte formal (doutrina clássica) Fonte formal (doutrina moderna) Imediata: - LEI. Imediata: 1. Lei; 2. Constituição Federal; 3. TIDH; 4. Jurisprudência; Súmulas; 5. Princípios 10 10 6. Atos administrativos que complementa norma penal em branco; Mediata: - Costumes; - Princípios gerais do direito. Mediata: - Doutrina (E os costumes?) →LEI A lei constitui-se em fonte formal imediata, sendo o único instrumento normativo capaz de criar crimes e cominar penas. Única fonte incriminadora. As demais fontes não irão criar crimes e nem cominar penas. → CONSTITUIÇÃO FEDERAL De acordo com a teoria moderna, a Constituição Federal também é fonte formal imediata, todavia, a Constituição Federal não cria crimes, e nem comina penas. Questiona-se: se a CF é superior à lei, porque ela não pode criar infrações penais ou cominar sanções? (Tema cobrado na Fase Oral do Concurso MPSP). Resposta: Em razão de seu processo moroso e rígido de alteração. Embora a Constituição não possa criar crime e cominar pena, ela determina postulados de incriminalização, denominados de mandados de criminalização. “Muito embora não possa criar infrações penais ou cominar sanções, a C.F nos revela o Direito Penal estabelecendopatamares mínimos (mandado constitucional de criminalização) abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir)”. Exemplo1: Art. 5º, XLII, CF – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. Refere-se aos patamares mínimos, que o legislador deve observar no momento que for tipificar a conduta. Exemplo2: Art. 5º. XLIV - Constitui-se crime inafiançável e imprescritível (patamares mínimos) a ação de grupos armados, civis ou militares, contra ordem constitucional e o Estado Democrático. 11 11 Questiona-se: Existem mandados constitucionais de criminalização implícitos? (Tema cobrado no Concurso MP/GO). De acordo com a doutrina majoritária existem mandados de criminalização implícitos, com a finalidade de evitar proteção deficiente do Estado. Exemplo: o legislador não poderia retirar o crime de homicídio do ordenamento jurídico, porque a CF de 88 garante o direito a vida. Assim, o direito a vida configura como mandado constitucional de criminalização implícito, razão pela qual não se pode abolir o delito de homicídio. Com base nesse mandado implícito, ou seja, direito a vida, questiona-se a legalização do aborto, já que o direito a vida abrange o direito a vida intrauterina e extrauterina. #Mandados de criminalização ou mandados constitucionais de criminalização. São ordens emitidas pela CF ao legislador ordinário, no sentido da criminalização de determinados comportamentos. O legislador estaria obrigado. Não há discricionariedade. Eles podem ser expressos (a ordem está explícita no texto constitucional. Ex.: art. 225, § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados e art. 5º, XLII a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei) ou tácitos (a ordem é retirada da harmonia, do espírito de todo o texto da CF. Ex.: combate à corrupção no poder público. Foi falado pelo STF no caso do mensalão). →TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS Os tratados internacionais de direitos humanos constitui-se em fonte formal imediata e podem ingressar no nosso ordenamento jurídico com dois status. (!) Status de norma constitucional, se aprovados com quórum de emenda (3/5, 2 casas, 2 turnos), ou com (!) status infraconstitucional mas supralegal quando aprovados com quórum comum. 12 12 ATENÇÃO: respeitável corrente doutrinária se posiciona no sentido de que os tratados, versando sobre direitos humanos (e somente eles), uma vez subscritos pelo Brasil, se incorporam automaticamente e possuem (sempre) caráter constitucional, a teor do disposto nos §§1º e §§2º, do art. 5º, da CF (Flávia Piovesan). Questiona-se: Os tratados internacionais de direitos humanos podem criar tipos penais para o ordenamento interno? CUIDADO: Importante esclarecer que os tratados e convenções não são instrumentos hábeis à criação de crimes ou cominação de penas para o direito interno (apenas para o direito internacional). Assim, antes do advento das Leis nº 12.694/12 e 12.850/13 (que definiram, sucessivamente, organização criminosa), o STF manifestou-se pela inadmissibilidade da utilização do conceito de organização criminosa dado pela Convenção de Palermo, trancando a ação penal que deu origem à impetração, em face da atipicidade da conduta (HC nº 96007). Servem porém como mandados de criminalização e para assegurar garantias. →JURISPRUDÊNCIA Trata-se de fonte formal imediata. Jurisprudência revela direito penal, podendo inclusive ter caráter vinculante (súmulas). Exemplo: Art. 71 C.P. - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo (jurisprudência propõe 30 dias), lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Nesse caso, a condição de tempo está sendo definida pela jurisprudência. →PRINCÍPIOS Não raras vezes os Tribunais absolvem ou reduzem penas com fundamento em princípio, é o caso do princípio da insignificância (afasta a tipicidade material). →ATOS ADMINISTRATIVOS Os Atos Administrativos muitas vezes os atos administrativos funcionam como complemento das chamadas “normas penais em branco”, como, por exemplo, a portaria da Anvisa que elenca quais são as substâncias que são consideras drogas. A portaria em comento é utilizado para complementação das normas penais em branco presentes na Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), sendo assim, fonte formal mediata do direito penal. Desse modo, temos que os atos administrativos tratam-se de fonte formal imediata quando complementam norma penal em branco, é o caso da Portaria nº 344/98 que define drogas, elemento essencial para caracterização dos crimes tipificados ao teor da Lei nº 11.343/2006. 13 13 Fonte Formal Mediata (Doutrina Moderna) Apenas a doutrina. Para doutrina moderna os costumes são fontes informais do direito penal. Em síntese: Fonte material Fonte formal É a fonte de produção da norma, órgão encarregado de criar o direito penal. Nos termos do artigo 22 da Constituição Federal, o órgão encarregado de criar direito penal é a UNIÃO. →Só a União pode criar Direito Penal. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho (Regra). Art. 22. Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. (Exceção) É o instrumento de exteriorização do direito penal. O modo como as regras são reveladas. Trata-se de uma fonte de conhecimento/cognição. As fontes formais podem ser imediata ou mediata. Assim: Fonte Formal Imediata: LEI. Fonte Formal mediata: - Constituição Federal; - Princípios Gerais do Direito; - Atos Administrativos; - Costumes. União – Art. 22, I da Constituição Federal. Estados – Art. 22. Parágrafo único da CF. Vamos REVISAR? 14 14 6. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL É a atividade mental que busca identificar o conteúdo da lei, isto é, o seu alcance e significado. A interpretação deve sempre buscar a mens legis (a vontade da lei) que não se confunde com a mens legislatoris (vontade do legislador). Assim, o ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, empregando determinado modo, chega a um resultado. A Interpretação pode ser classificada (1) quanto ao sujeito; (2) quanto ao modo; e (3) quanto ao resultado. Interpretação quanto ao SUJEITO (ORIGEM) a) interpretação autêntica (ou legislativa): é aquela fornecida pela própria lei.
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