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Manual Caseiro - Penal II AMOSTRA

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Atualizado conforme: 
 
Lei 13.769/2018 - altera o CPP para estabelecer a substituição da 
prisão preventiva por prisão domiciliar da mulher gestante ou que for 
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. 
 
 Lei 13.721/2018 - altera o CPP para estabelecer prioridade à 
realização do exame de corpo de delito nos crimes de violência contra 
mulher, criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
 
Lei 13.718/2018 – alteração a espécie de ação penal nos crimes 
contra a dignidade sexual. 
 
Lei 13.641/2018 - tipifica o crime de descumprimento de medidas 
protetivas de urgência. 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
de 
 
Processo Penal I 
 
 
 Edição 2019.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
 
 
Edição 2019.1 
Direito Penal II 
 
 
de 
Atualizado conforme: 
 Lei 13.772/2018 - registro não autorizado da intimidade sexual 
Lei 13.771/2018 - causas de aumento para o feminicídio 
Lei 13.718/2018 - altera disposições sobre os crimes contra a dignidade sexual 
Lei 13.654/2018 - dispõe sobre os crimes de furto qualificado e roubo. 
 
 
 
 
1 
1 
 
Sumário 
Conteúdo 01: Crimes Contra a Pessoa ......................................................................................................................... 2 
Conteúdo 02: Crimes Contra a Honra ....................................................................................................................... 65 
Conteúdo 03: Crimes Contra o Patrimônio ............................................................................................................. 108 
Conteúdo 04: Crimes Contra a Dignidade Sexual ................................................................................................... 171 
Conteúdo 05: Crimes Contra a Paz Pública ............................................................................................................. 203 
Conteúdo 06: Crimes Contra a Fé Pública .............................................................................................................. 212 
Conteúdo 07: Crimes Contra a Administração Pública ........................................................................................... 241 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
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DIREITO PENAL II – PARTE ESPECIAL 
Conteúdo 01: Crimes Contra a Pessoa 
Homicídio 
1. Conceito de Homicídio 
Segundo o Professor Rogério Sanches, trata-se da injusta morte de uma pessoa praticada por outrem. Conforme 
proclama Nelson Hungria, homicídio é o tipo central dos crimes contra a vida. É o ponto culminante na orografia 
dos crimes. É o crime por excelência. 
2. Topografia do Homicídio 
➢ Caput: homicídio doloso simples 
➢ § 1º: Homicídio doloso privilegiado 
➢ § 2º: Homicídio doloso qualificado 
➢ § 3º: Homicídio culposo 
➢ § 4º: Majorantes de pena 
➢ § 5º: Perdão judicial 
➢ § 6º: Majorante do grupo de extermínio ou milícia armada (Lei nº 12.720/12) 
➢ § 7º: Majorante para o feminicídio. 
 
2.1 Observações (você não pode deixar de saber!) 
➢ Homicídio preterdoloso 
O homicídio preterdoloso não está previsto ao teor do art. 121 do Código Penal, mas trata-se de uma espécie 
qualificada de lesão corporal, lesão corporal seguida de morte. In casu, o resultado morte ocorre a título de 
culpa. 
Configura lesão corporal seguida de morte, prevista ao teor do art. 129, §3º, do Código Penal, e não sendo crime 
doloso contra a vida, NÃO É JULGADO perante o Tribunal do Júri. 
➢ Homicídio versus Genocídio 
Não se pode confundir homicídio com genocídio! 
O crime de GENOCÍDIO tutela a diversidade humana e, por isso, tem caráter coletivo ou transindividual, não 
atraindo, por si só a competência do Tribunal do Júri. Ocorre que uma das formas de praticar genocídio é por 
meio da morte de membros do grupo. 
A competência constitucional para o julgamento de crimes contra a vida é do júri. Sendo o delito de genocídio 
atraído pelo Tribunal do Júri. 
STF, já decidiu que no caso de genocídio com morte, o agente responde por homicídio mais genocídio, em 
concurso formal impróprio. São bens jurídicos próprios/distintos. 
 
 
 
 
3 
3 
Lei nº 2889/56 – Genocídio 
“Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, 
como tal: 
a) matar membros do grupo; 
Será punido: 
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no caso da letra “a”. 
3. Homicídio (art. 121 do Código Penal) 
Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
3.1 Conduta 
No direito, a morte ocorre com o fim das atividades encefálicas. 
Trata-se de crime de conduta livre. É classificado como crime de conduta livre porque não existe no art. 121 do 
CP um meio específico para se praticar o crime de homicídio. 
O homicídio pode ser praticado tanto por meio de ação quanto por omissão. No tocante a omissão, será praticado 
pelo denominado garantidor, isso porque ele devendo e podendo agir, nada o faz (art. 13, §2º do Código Penal). 
3.2 Sujeito 
3.2.1 Ativo 
Trata-se de crime comum, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime. Não se exige qualidade especial do 
agente. 
3.2.2 Passivo 
Qualquer pessoa viva pode ser sujeito passivo (vítima) do homicídio. 
O homicídio protege a vida humana extrauterina. Nessa vertente, Rogério Sanches (Código Penal para 
Concursos, 2016, pág. 345) “tutela-se a vida extrauterina, iniciada com o parto”. 
Obs.1: É necessário pelo menos o início do parto para que o crime de homicídio seja possível. Antes do início 
do parto a vida humana intrauterina não é protegida pelo art. 121, mas pelo crime de aborto, conforme será visto 
em sequência. 
 
 
 
 
 
4 
4 
Aborto Homicídio (ou infanticídio) 
Vida intrauterina Vida extrauterina 
 
Obs.2: Quanto ao início do parto, parte da doutrina afirma que ele se dá com a dilatação do colo do útero, 
enquanto outra parcela da doutrina defende que será com o início das contrações. Por fim, doutrina minoritária 
exige o início do desprendimento das entranhas maternas. 
Conforme Rogério Sanches, nas hipóteses em que o nascimento não se produzir espontaneamente, pelas 
contrações uterinas, como ocorre em se tratando de cesariana, por exemplo, o começo do nascimento é 
determinado pelo início da operação, ou seja, pela incisão abdominal. De semelhante, nas hipóteses em que as 
contrações expulsivas são induzidas por alguma técnica médica, o início do nascimento é sinalizado pela 
execução efetiva da referida técnica ou pela intervenção cirúrgica (cesárea). 
Nesse sentido, o STJ – 5ª Turma já se manifestou no HC 228.998-MG, “iniciado o trabalho de parto, não há 
falar mais em aborto, mas em homicídio ou infanticídio, conforme o caso, pois não se mostra necessário que o 
nascituro tenha respirado para configurar o crime de homicídio, notadamente quando existem nos autos outros 
elementos para demonstrar a vida do ser nascente” – Informativo 507, STJ. 
3.3 Tipo Subjetivo 
O homicídio poderá ser praticado tanto de forma dolosa (simples, privilegiado e qualificado) quanto culposa 
(culposo). 
Obs.: O homicídio culposo que se dá na direção de veículo automotor, encontra-se tipificado no art. 302 do CTB. 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: 
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para 
dirigir veículo automotor. 
3.4 Consumação 
Trata-se de crime material, consumando-se com o fim das atividades encefálicas, conforme determinado pela 
lei de transplante de órgãos. Assim, de acordo com a Lei nº 9.434, que trata sobre a remoção de órgãos, tecidos 
e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, a morte acontece com a morte encefálica (art. 
3º, da Lei nº 9.434). 
É crime não transeunte – aquele que deixa vestígios, desafiando exame de corpo de delito, direto ou indireto, 
nos termosdo art. 158 e ss do CPP. 
 
 
 
 
5 
5 
3.5 Ação Penal e Competência 
Trata-se de crime de ação penal pública incondicionada. 
A competência é do Tribunal do Júri para as modalidades dolosas, e do juiz singular para o homicídio culposo. 
3.6 Observações (você não pode deixar de saber): 
➢ O homicídio contra o presidente da República, da Câmara, do Senado ou do STF que tem motivação 
política encontra-se regulamentado ao teor do art. 29 da Lei nº 7.170/83. A motivação política nessa 
conduta é essencial para a caracterização do delito em comento. 
➢ O crime de homicídio simples só será HEDIONDO quando praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio. Para o Bitencourt, grupo de extermínio é aquele que mata generalizadamente indivíduos 
pertencentes a determinados grupos. 
4. Homicídio Privilegiado 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a 
um terço. 
4.1 Natureza jurídica – causa de redução de pena 
Não obstante a nomenclatura de homicídio privilegiado, trata-se, em verdade, de hipótese de diminuição de pena. 
Assim, segundo ensina Rogério Sanches privilégio, nesse contexto, equivale a causa de diminuição de pena. 
Obs.1: Uma vez presentes os requisitos, o juiz DEVE reduzir a pena. A discricionariedade do juiz recai apenas 
quanto ao quantum da diminuição, mas não quanto a sua aplicação. 
4.2 Análise das Causas Privilegiadoras 
a) Motivo de Relevante Valor Social 
Cuidado: é imprescindível que o motivo seja relevante! 
Por valor social, deve-se interpretar a situação em que o agente mata alguém para atender aos interesses da 
coletividade. Por exemplo: matar perigoso bandido que ronda a vizinhança. 
Corresponde assim, ao interesse de toda comunidade. O agente mata para preservar os interesses da comunidade. 
Exemplo: indivíduo que mata o traidor da pátria. 
b) Motivo de Relevante Valor Moral 
 
 
 
 
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O relevante valor moral está relacionado a existência de sentimentos nobres de natureza individual. Entende-se 
que há valor moral, quando o agente mata para atender interesses particulares, normalmente relacionados a 
sentimentos de piedade, misericórdia e compaixão. Exemplo: Eutanásia. 
A eutanásia pode ser ativa ou passiva. 
Ativa: quando presentes atos positivos com o fim de matar alguém, eliminando ou aliviando o sofrimento de 
alguém. 
Passiva: se dá com a omissão de tratamento ou de qualquer meio capaz de prolongar a vida humana, 
irreversivelmente comprometida, acelerando a sua morte. 
c) Domínio de Violenta Emoção, causada por injusta provocação da vítima 
A última privilegiadora relaciona-se com o estado anímico do agente, conhecido por parte da doutrina como 
homicídio emocional. 
Da simples leitura do dispositivo legal, retiramos os seus requisitos, quais sejam: 
➢ Domínio de violenta emoção; 
➢ Reação imediata; 
➢ Injusta provocação da vítima. 
c.1) Domínio de violenta emoção: domínio não se confunde com mera influência de violenta emoção. A 
influência meramente é causa atenuante (art. 65, CP). Com isso quer dizer que a emoção não deve ser leve e 
passageira ou momentânea. 
 ASSERTIVA CESPE: Delegado de Polícia de Alagoas: Considere que José, penalmente imputável, 
horas após ter sido injustamente provocado por João, agindo sob a influência de violência emoção, tenha 
desferido uma facada em João, o que resultou em sua morte. Nessa situação, impõe-se em beneficio de 
José, o reconhecimento do homicídio privilegiado. ERRADO por dois fatos! Primeiro, para que seja 
considerado o privilégio deve ocorrer LOGO EM SEGUIDA, e não horas depois, como afirma a questão. 
No mais, o sujeito estava apenas sob influência e nos termos da legislação é imprescindível que esteja 
sob o DOMÍNIO DE VIOLENTA EMOÇÃO. 
c.2) Reação imediata (logo em seguida a injusta provocação da vítima): para a configuração do privilégio se 
exige que o revide seja imediato, ou seja, sem intervalo temporal. A reação será considerada imediata, enquanto 
perdurar o domínio da violenta emoção. 
c.3) Injusta provocação da vítima: não significa necessariamente uma agressão, mas qualquer conduta 
desafiadora, mesmo que atípica. 
 
 
 
 
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Exemplo1: Pai que mata o estuprador da filha. 
Exemplo2: Marido surpreende a esposa com outro ou (outra) na cama. 
4.2.1 Observações (você não pode deixar de saber!) 
➢ A emoção deve ser capaz de retirar o autocontrole do agente. O DOMÍNIO de violenta emoção 
mencionado no §1º não se confunde com a mera influência do estado anímico do agente 
➢ Não pode haver lapso temporal entre a provocação e o homicídio. O dolo necessariamente será de ímpeto. 
➢ A jurisprudência afirma ser obrigatória a aplicação da causa de diminuição de pena quando incidente 
uma das privilegiadoras, inobstante o artigo de lei mencione “pode”. Atenção para o caso que a questão 
exigir tão somente a literalidade da lei. 
 
5. Homicídio Qualificado 
O homicídio qualificado encontra previsão ao teor do art. 121, §2º, do Código Penal. 
A pena passará a ser de reclusão de 12 a 30 anos. 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo futil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema 
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela 
Lei nº13.142, de 2015). 
 
 
 
 
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Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2º - A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Em 2015 as hipóteses de homicídio qualificado foram alteradas pelo advento das leis nº 13.104 e 13.142. 
Atenção: Diferentemente do homicídio simples, o homicídio qualificado é sempre hediondo, não importando a 
qualificadora. Nesse sentido, a Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos). 
Art. 1º - Lei nº 8072/90 - São considerados hediondos os seguintes crimes: I - homicídio (art. 121), quando 
praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio 
qualificado (art. 121, § 2º, I, II, III, IV, V, VI e VII). 
Observação 
➢ O homicídio pode ser qualificado e privilegiado, quando a qualificadora for de natureza objetiva, ou seja, 
quando diz respeito ao meio através do qual o homicídio é praticado. 
5.2 Análise das Qualificadoras 
a) Mediante Paga ou Promessa de Recompensa, ou POR OUTRO MOTIVO TORPE 
O homicídio realizado mediante paga ou promessa de recompensa é denominado de homicídio mercenário. 
Trata-se de crime de concurso necessário ou plurissubjetivo (número plural de agentes obrigatório), posto que 
deverá ter, necessariamente, a figura do mandante e do executor. 
Nessa modalidade, o executor pratica o crime movido pela ganância do lucro, é dizer, em troca de alguma 
recompensa prévia ou expectativa do seu recebimento (matador profissional ou sicário). Trata-se de delito de 
concurso necessário (ou bilateral), no qual é indispensável a participação de, no mínimo, duas pessoas (mandante 
e executor: aquele paga ou prometefutura recompensa; este aceita, praticando o combinado), conforme ensina 
Rogério Sanches. 
Observações: 
Qual a natureza da paga ou promessa de recompensa? 
➢ Para parte da doutrina, a recompensa deve ser de natureza econômica, enquanto que outra parcela defende 
que esta pode ser de qualquer natureza, até mesmo sexual. 
Prevalece o entendimento que deve ser necessariamente de natureza econômica. 
 
 
 
 
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Entende-se como motivo torpe, o motivo vil, ignóbil, repugnante, abjeto (quase sempre espelhando ganância). 
O legislador contemplou exemplos de torpeza, e encerrou elencando uma abertura, ou por outro motivo torpe, 
utilizando-se de interpretação analógica (formula casuística seguida de uma forma genérica). 
Desse modo, contemplamos que o inciso trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de 
encerramento genérico). Cumpre destacar que não fere o princípio da legalidade, mas novos casos devem guardar 
similitude com os exemplos dado pelo legislador. 
A qualificadora da torpeza se aplica ao mandante, ao executor ou a ambos? 
A jurisprudência majoritária entende que a qualificadora é aplicada tanto ao mandante quanto ao executor, 
corrente minoritária defende que ela só deveria ser aplicada ao executor. 
1ª Corrente: entende que a qualificadora abrange somente o executor, salvo se o mandante também age com 
torpeza. 
2ª Corrente: a qualificadora se aplica ao executor e ao mandante. É a corrente que prevalece, segundo Sanches. 
Todavia, o STJ decidiu – Info. 575 que havendo essa comunicação (possibilidade), ela não será automática. 
Nesse sentido, vejamos o teor do Informativo. 
 
O que decidiu o STJ? 
➢ "A paga ou a promessa de recompensa" é uma circunstância acidental do delito de homicídio, de 
caráter pessoal e, portanto, incomunicável automaticamente aos coautores do homicídio. 
➢ No entanto, não há proibição de que esta circunstância se comunique entre o mandante e o 
executor do crime, caso o motivo que levou o mandante a encomendar a morte tenha sido torpe, 
desprezível ou repugnante. 
➢ Em outras palavras, o mandante poderá responder pelo inciso I do § 2º do art. 121 do CP, desde 
que a sua motivação, ou seja, o que o levou a encomendar a morte da vítima seja algo torpe. Ex: 
encomendou a morte para ficar com a herança da vítima. 
 
 
 
 
10 
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➢ Por outro lado, o mandante, mesmo tendo encomendado a morte, não responderá pela 
qualificadora caso fique demonstrado que sua motivação não era torpe. Ex: homem que contrata 
pistoleiro para matar o estuprador de sua filha. Neste caso, o executor responderá por homicídio 
qualificado (art. 121, § 2º, I) e o mandante por homicídio simples, podendo até mesmo ser 
beneficiado com o privilégio do § 1º. 
Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2016/03/info-575-stj2.pdf 
#Vingança e ciúme são motivos torpes? 
A verificação deve ser feita com base nas peculiaridades do caso concreto. 
Assim, a vingança pode ou não ser torpe, dependendo do caso concreto, embora seja um ato reprovável. Já se 
decidiu quem se vinga da morte do filho, matando o assassino, não age por motivo torpe. (Código Penal para 
Concursos, Rogério Sanches, 2016). Assim, não há uma prévia tipificação, dependendo valoração da causa. 
b) Por motivo fútil 
O motivo fútil é o motivo desproporcional, insignificante, caso em que o agente executa o crime por 
mesquinharia. Por exemplo, homicídio em decorrência de briga de trânsito ou discussão por cobrança de pequeno 
valor. 
É assim, aquele motivo pequeno demais para causar um homicídio. 
Ausência de motivo e não incidência da qualificadora 
➢ Prevalece que a ausência de motivo não qualifica o homicídio, por constituir-se em analogia in malam 
partem, vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
Ausência de Motivo equipara-se ao motivo fútil qualificando o homicídio? 
1ª Corrente: a ausência de motivos, 
equipara-se ao motivo fútil. Para referida 
corrente, seria um contrassenso qualificar 
um homicídio quando presente o motivo 
pequeno, e não qualificar quando ausente 
qualquer motivo. 
2ª Corrente: A ausência de motivo, por falta de 
previsão legal, não se equipara ao motivo fútil. Sob 
os fundamentos de violação ao princípio da 
legalidade e proibição de analogia in malam 
partem. 
 
 
 
 
 
 
11 
11 
Caso concreto julgado pelo STF: 
A vítima iniciou uma discussão com algumas outras pessoas por causa de uma mesa de bilhar. Tal discussão é 
boba, insignificante e, matar alguém por isso, é homicídio fútil. No entanto, segundo restou demonstrado nos 
autos, o crime não teria decorrido da discussão sobre a ocupação da mesa de bilhar, mas sim do comportamento 
agressivo da vítima. Isso porque a vítima, no início do desentendimento, poderia deixar o local, mas preferiu 
enfrentar os oponentes, ameaçando-os e inclusive, dizendo que chamaria terceiros para resolverem o problema. 
Logo, a partir daí os agentes mataram a vítima, não mais por causa da mesa de sinuca e sim por conta dos fatos 
que ocorreram em seguida. 
Segundo noticiado no Informativo, o STF entendeu que “o evento ‘morte’ decorreu de postura assumida pela 
vítima, de ameaça e de enfrentamento”. Logo, não houve motivo fútil. Info 716, STF. 
 
Se o fato surgiu por conta de uma bobagem, mas depois ocorreu uma briga e, no contexto desta, houve o 
homicídio, tal circunstância pode vir a descaracterizar o motivo fútil. Info 524, STJ. 
Cleber Masson fornece um exemplo: 
“Depois de discutirem futebol, “A” e “B” passam a proferir diversos palavrões, um contra o outro. Em seguida, 
“A” cospe na face de “B”, que, de imediato, saca um revólver e contra ele atira, matando-o. Nada obstante o 
início do problema seja fútil (discussão sobre futebol), a razão que levou à prática da conduta homicida não 
apresenta essa característica.” (Direito Penal esquematizado. 3ª ed., São Paulo: Método, 2011, p. 31). 
Vale ressaltar, no entanto, que “a discussão anterior entre vítima e autor do homicídio, por si só, não afasta a 
qualificadora do motivo fútil” (AgRg no REsp 1113364/PE, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, 
julgado em 06/08/2013). Assim, é preciso verificar a situação no caso concreto. Info 524, STJ. 
Obs.: Dolo eventual e motivo fútil é compatível? 
 
 
 
 
12 
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Antes desta última decisão da 6ª Turma, prevalecia no STJ a primeira corrente, ou seja, a compatibilidade entre 
dolo eventual e motivo fútil. 
Obs.: Motivo fútil em homicídio decorrente da prática de racha 
 
c) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa 
resultar perigo comum. 
Este inciso também emprega a fórmula casuística inicial e, ao final, usa fórmula genérica, permitindo ao seu 
aplicador encontrar casos outros que denotem insídia, crueldade ou perigo comum advindo da conduta do agente 
(interpretação analógica). – Trabalha com interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramentos 
genéricos). 
Observações 
 
 
 
 
13 
13 
Obs.1: Asfixia é qualquer método para se impedir a respiração. 
Obs.2: Veneno é qualquer substancia capaz de matar quando inoculada no corpo da vítima. 
Segundo Rogério Sanches, o veneno consiste em qualquer substancia biológica ou química, animal, mineral ou 
vegetal capaz de perturbar ou destruir funções vitais do organismo humano. O açúcar, por exemplo, empregado 
em face de um diabético, pode ser considerado um veneno. 
Atenção! Para caracterizar a qualificadora do veneficio, é imprescindível que a vítima desconheça nela está 
sendo ministrada a substância letal. 
➢ Prevalece que por ser exemplo de meio insidioso, o veneno só qualifica quando a vítima não sabe que 
está ingerindo. 
➢ O homicídio praticado por meio da ingestão de veneno é denominado de Venefício. 
Obs.3: A tortura é a imposição de sofrimento desnecessário. 
No homicídio qualificado pela tortura existe dolo de torturar e de matar. Enquanto que na tortura qualificadapela morte existe preterdolo, ou seja, dolo na tortura e culpa na morte. 
Obs.3: Utiliza-se também a técnica da interpretação analógica: “ou outro meio insidioso...”. 
d) A traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido 
Trabalha com a interpretação analógica (exemplos seguidos de encerramentos genéricos). 
Traição, Emboscada e Dissimulação são apenas exemplos de modos que dificultam a defesa do ofendido. 
➢ Traição: é o ataque desleal, por exemplo, atirar na vítima pelas costas. A traição é marcada pela 
deslealdade. 
➢ Emboscada: pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa. 
➢ Dissimulação: o agente oculta sua intenção. 
Observação: Não se aplica esta qualificadora - recurso que torne impossível a defesa do ofendido - quando a 
vítima é criança ou pessoa enferma, pois o inciso IV diz respeito ao meio praticado para matar e não a 
característica da vítima. 
A idade da vítima torna o crime qualificado? 
Registramos que a idade da vítima (tenra ou avançada), por si só, não possibilita a aplicação da presente 
qualificadora, porquanto constitui uma característica da vítima, e não um recurso procurado pelo agente. A idade 
é uma característica, condição da vítima! 
 
 
 
 
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Desse modo, o fato de a vítima ter 80 anos de idade ou 2 anos de idade não induz a aplicação da qualificadora 
do recurso que impossibilita ou torna dificultosa a defesa do ofendido, pois a idade da vítima não é recurso, mas 
sim uma condição desta. Então, a idade da vítima, por si só, não possibilita a aplicação da qualificadora, pois 
constitui característica da vítima, e não recurso utilizado pelo agente. 
d) Para assegurar a ocultação, vantagem ou impunidade de outro crime 
Trata-se do homicídio qualificado pela conexão, a qual poderá ser teleológica ou consequencial. 
Nesse sentido, a doutrina subdivide a conexão em teleológica (homicídio praticado para assegurar a execução 
de outro crime, futuro) e consequencial (quando o homicídio visa assegurar a ocultação, a impunidade ou 
vantagem de outro crime, passado). 
a. Conexão teleológica: o agente mata para assegurar a execução de outro crime (futuro). 
Ex.1: A mata segurança para estuprar o artista “B”. 
Obs.1: o crime de homicídio será qualificado ainda que o crime futuro não aconteça. 
Obs.2: o crime futuro não precisa necessariamente ser praticado pelo homicida. 
b. Conexão consequencial: o agente mata para assegurar a ocultação ou impunidade ou vantagem de outro 
crime que já aconteceu. 
Ex.2: “A” mata testemunha de crime passado em que figura como suspeito. 
Obs.1: o crime passado não exige identidade de sujeito ativo com o homicídio. Nesse ponto, importante 
salientar que não incide a qualificadora da conexão quando, por exemplo, o crime é praticado para ocultar, 
assegurar a impunidade ou a vantagem de uma contravenção penal. Pois o legislador se restringiu à expressão 
"outro crime", sendo, assim, impossível aplicação da analogia in malam partem. 
c. Conexão ocasional: o homicídio é praticado por ocasião de outro crime, sem vínculo finalístico. 
A doutrina aponta a Conexão ocasional como sendo aquela em que o crime é praticado em virtude da facilidade, 
da ocasião proporcionada pela prática crime anterior. Essa conexão não qualificaria o homicídio também por 
ausência de previsão legal 
Ex.: O agente está estuprando uma pessoa, entra seu desafeto no local e o agente o mata (não há vínculo entre 
os crimes). 
Não se aplica esta qualificadora quando a outra infração for contravenção. Assim, matar para assegurar a 
execução, ocultação, impunidade ou vantagem de contravenção penal não qualifica o homicídio pelo inciso V 
(mas pode caracterizar os demais incisos). 
 
 
 
 
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e) Feminicídio 
Obs.: Prezado candidato, recentemente tivemos alteração legislativa sobre o tema, em específico, novas 
majorantes ao tipo penal foram inseridas. Dessa forma, chamo a atenção para o conteúdo a seguir exposto. 
 
A Lei nº 13.104 de 2015 inseriu o inciso VI para incluir no art. 121 o feminícidio, entendido como a morte 
de mulher em razão da condição de sexo feminino, leia-se, violência de gênero quanto ao sexo. 
Entrou em vigor em 10 de Março de 2015. Em se tratando de uma lei que agrava a situação do réu, consagra 
uma nova hipótese qualificadora, não pode ser aplicada a conduta praticada antes da referida data. 
Trata-se de homicídio cometido por razões de gênero do sexo feminino (preconceito, descriminação, desprezo 
pela condição de mulher). 
Sujeito passivo 
Para a invocação do crime de feminicídio, há três correntes discutindo o termo mulher. 
Nesse sentido, para uma primeira corrente, mulher para fins de aplicação da qualificadora deve ser empregado 
em seu conceito jurídico, ou seja, aquela definida no registro civil (é a corrente que prevalece). 
Segundo Rogério Sanches (Código Penal para Concursos, Rogério Sanches, 2016) a mulher que trata a 
qualificadora é aquela assim reconhecida juridicamente. No caso de transexual, que formalmente obtém o direito 
de ser identificado civilmente como mulher, não há como negar a incidência da lei penal porque, para todos os 
efeitos, está pessoa será considerada mulher. 
Pode figurar como vítima do feminicídio pessoa transexual? 
Sim, desde que, depois da operação cirúrgica altere seus registros para o sexo feminino. Desse modo, se tiver 
seus registros alterados, poderá ser vítima do crime de feminicídio. 
Por outro lado, há doutrinadores que defendem que deve ser observado o conceito biológico de mulher, sob o 
argumento de que a lei penal demanda aplicação restritiva. Não se inclui, portanto, os transexuais mesmo que a 
mudança de registro tenha sido efetuada. 
Por fim, há os defensores de aplicação do conceito psicológico de mulher. Argumentam assim que, mulher é o 
ser humano que possui identidade de gênero do sexo feminino. Assim, deve-se identificar o gênero conforme a 
identidade psíquica do agente. 
O mero homicídio da mulher, é denominado de femicídio. Haverá feminicídio quando estiverem presentes as 
razões do sexo feminino como causa do delito. 
 
 
 
 
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§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Para parte da doutrina a violência doméstica deve ter sempre uma motivação de gênero, ou seja, é necessário o 
dolo de explorar situação de vulnerabilidade da vítima mulher. 
O crime de feminicídio poderá ser praticado, inclusive, por outra mulher. 
Nesse sentido, expõe Rogério Sanches “a incidência da qualificadora reclama situação de violência praticada 
contra a mulher, em contexto caracterizado por relação de poder e submissão, praticado por homem ou por 
mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade”. 
A novel legislativa, contemplou uma hipótese de causa de aumento ao teor do §7º, do art. 121, do Código Penal. 
Senão, vejamos: 
A pena será aumentada no feminicídio, quando praticado contra gestante ou nos três meses posteriores ao parte. 
Cumpre destacar que, o agente deve conhecer desta condição, sob pena de caracterizar responsabilidade objetiva, 
vedada pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro. 
É possível ainda aplicar a majorante, quando a vítima é menor de 14, maior de 60 ou portadora de deficiência 
(tanto a deficiência física quanto mental, pode levar a incidência da causa de aumento). É imprescindível que o 
agente conheça dessa característica, caso contrário, não haverá a aplicação da majorante. 
Por fim, é também causa de aumento, quando este for praticado na presença de descendente ou ascendente da 
vítima. 
No tocante a presença, questiona-se: deve ser física ou pode ser também virtual? 
Para a 1ª Corrente, defendida por Bitencourt a presença deve ser necessariamente física, pois em se tratando de 
direito penal, deve ser feita uma interpretação restritiva.Por outro lado, para uma 2ª Corrente e majoritária 
(Rogério Greco; Rogério Sanches) defende ser possível a presença virtual, desde que simultânea/contemporânea, 
por exemplo, por Skype. 
Com as alterações oriundas da Lei nº 13.771 de 2018, a divergência perde o sentido tendo em vista 
que a própria legislação passou a reconhecer que a presença poderá ser tanto FÍSICA quanto VIRTUAL. 
A Lei nº 13.771/2018 alterou três causas de aumento de pena do feminicídio (art. 121, § 7º do 
Código Penal).

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