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MONOGRAFIA TAILA REBECA

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FACULDADE DE DIREITO 
FACULDADE SÃO BERNARDO DO CAMPO 
FAPAN 
 
Curso de Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E O FEMINICÍDIO - 
AS VÁRIAS FACES DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Bernardo do Campo 
2020 
 
TAILA REBECA DOMINGOS LOPES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E O FEMINICÍDIO - 
AS VÁRIAS FACES DA VIOLÊNCIA CONTRA A 
MULHER 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de curso apresentado 
ao Colegiado de Curso com vistas à obtenção 
do grau de Bacharel em Direito — 5º. Ano, 
Noturno, do Curso de Direito da Faculdade 
Fapan/Uniesp. 
 
Orientador: Eduardo Akira Kubota 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Bernardo do Campo 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 L157a 
Lopes, Taila Rebeca Domingos. 
A Violência Contra A Mulher E O Feminicídio 
As Várias Faces Da Violência Contra A 
Mulher./ Taila Rebeca Domingos Lopes; 
Orientadora: Prof. Eduardo Akira Kubota – São 
Bernardo do Campo, 2020. 47 p. 
 
Monografia (Graduação - Direito) – 
Faculdade de São Bernardo do Campo – FAPAN 
 
1. Direito. 2. Violência Contra A Mulher. 3. 
Feminicídio. 4.. I.Lopes, Eduardo Akira 
Kubota - Orient. II. Título. 
 
SP-009693/0 CDD– 345.88 
 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
 
Nome do aluno (a): Taila Rebeca Domingos Lopes 
 
 
Título e subtítulo do trabalho: A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER 
E O FEMINICÍDIO - AS VÁRIAS FACES DA VIOLÊNCIA CONTRA 
A MULHER. 
 
 
 
A Banca Examinadora considera o trabalho: 
 
 
 
 
 
 
E atribui a nota: 
 
 
 
 
 
Professor (a): 
(Eduardo Akira Kubota) 
 
 
 
 
Data: 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
Dedico este trabalho em primeiro lugar а Deus, qυе iluminou о mеυ 
caminho durante esta caminhada. Que colocou o desejo em meu 
coração de escolher este maravilhoso curso, me abençoou até 
mesmo no pagamento de cada mensalidade, me guardou na ida e 
na volta, me encheu de alegria e satisfação a cada dia que conseguia 
vencer o cansaço e as vezes até o desânimo. Ele que irá continuar 
escrevendo a minha história e me guiando na minha futura carreira. 
À minha família, por sua capacidade de acreditar е investir em minha 
pessoa. Mãe, seu cuidado е dedicação me deram em alguns 
momentos а esperança para seguir. Pai, sua presença significou 
segurança е certeza de que não estou sozinha nessa caminhada. 
Sempre me lembrarei de seus sacrifícios e apoio nesses cinco anos. 
As minhas irmãs por sempre me apoiarem e transferirem todo 
orgulho que sentem. Todo apoio e ajuda que me ofereceram. 
Dedico aos meus amigos também, que sempre me apoiaram, 
principalmente os amigos da sala. Todas as conversas, estudos 
juntos, todo o aprendizado compartilhado. Sempre levarei todos que 
estiveram ao meu redor em meu coração. 
E por último, e mais importante, aos meus mestres! Aqueles que 
tiveram toda a paciência, dedicação, capacidade e alegria em nos 
ensinar. Sem nossos professores não seria possível escrever 
sequer esta monografia. 
Entrego meu destino ao nosso senhor e declaro que este é apenas 
o começo de uma nova vida. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiro a Deus por ter me mantido na trilha certa durante 
este projeto de pesquisa com saúde e forças para chegar até o final. 
Sou grato à minha família pelo apoio que sempre me deram durante 
toda a minha vida. 
Deixo um agradecimento especial ao meu orientador pelo incentivo 
e pela dedicação ao meu projeto de pesquisa. 
Também quero agradecer à Universidade Fapan e a todos os 
professores do meu curso pela elevada qualidade do ensino 
oferecido. 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
A violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta, baseada 
no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou 
psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado. O 
feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência 
do fato de ela ser mulher (misoginia e menosprezo pela condição 
feminina ou discriminação de gênero. Neste trabalho iremos 
apresentar o que é a violência contra a mulher, o feminicídio, 
apresentar a lei 13.104/15/maria da penha e apresentar alguns 
casos famosos deste tema. 
 
Palavra Chave: violência a mulher, violência doméstica, feminicídio, 
Maria da Penha. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Violence against women is any action or conduct, based on gender, 
that causes death, harm or physical, sexual or psychological suffering 
to women, both in the public and private spheres. Femicide is the 
homicide committed against women due to the fact that she is a 
woman (misogyny and disdain for the feminine condition or gender 
discrimination. In this paper we will present what is violence against 
women, femicide, presenting law 13.104 / 15 / maria da penha and 
present some famous cases of this theme. 
 
Key word: violence against women, domestic violence, feminicide, 
Maria da Penha
SUMÁRIO 
 
 
Introdução 
 
Capítulo 1 – O desenvolver da violência 
O que é a violência; 
Um pouco sobre o que é a violência; 
Quem é o agressor; 
Quem é a vítima; 
Por que ocorre a violência doméstica; 
Como a violência doméstica é combatida; 
Tipos de violência doméstica; 
Ciclo da violência; 
O combate contra a violência doméstica no Brasil; 
A Lei Maria da Penha. 
 
Capítulo 2 – Evitando o Crime 
Aspectos Constitucionais; 
Delegacia da Mulher – DEAMS; 
A ameaça de morte levada a sério; 
A Lei Maria da Penha pode impedir mortes; 
O Feminicídio; 
Tipos de Feminicídio; 
Objetivo e importância da Lei do Feminicídio; 
Feminicídio reprodutivo; 
Lei do Feminicídio; 
Feminicídio no Brasil. 
 
Capítulo 3 – mundos diferentes 
Espécies iguais, mundos diferentes 
As pesquisas comprovam a diferença 
Como a evolução do papel da mulher na sociedade mudou 
A mulher no campo de trabalho 
Fatos sobre as mulheres no mercado de trabalho 
As mulheres podem escolher o que desejam para suas vidas 
Motivos pelo qual as mulheres não denunciam seus parceiros 
 
Capítiulo 4 - Meios de proteção contra a violência doméstica 
O aumento da violência doméstica na quarentena de 2020 
Vítimas de violência doméstica poderão fazer denúncia em farmácias 
Como combater a violência doméstica? 
Considferações Finais 
Referência
 
 
 
10 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Em razão de haver altíssimos índices criminais cometidos contra as 
mulheres, o Brasil assume o quinto lugar no ranking mundial da violência 
contra a mulher. Consultando históricos de violência no país, somente em 
2017, ocorreram mais de 60 mil estupros no Brasil. Além disso, a nossa 
cultura ainda se conforma com a discriminação da mulher por meio da 
prática, expressa ou velada, da misoginia e do patriarcalismo, o que 
resulta, em casos mais graves, no feminicídio. 
A grande quantidade de crimes praticados contra as mulheres e os altos 
índices de feminicídio apresentam justificativas suficientes para a 
implantação da lei 13.104/15. Além disso, são necessárias políticas 
públicas que promovam a igualdade de gênero por meio da educação, da 
valorização da mulher e da fiscalização das leis vigentes. 
A violência contra as mulheres representa violação de direitos humanos 
que ocorre independente de raça, religiosidade, etnia, orientação sexual 
e faixa etária. Dentre essas violações estão: o estupro, o abuso sexual, o 
feminicídio, a violência física, familiar, obstétrica, patrimonial, institucional 
e ainda a violência moral. 
Sua presença tão marcante na sociedade é reflexo da ausência de 
políticas públicas eficazes no enfrentamento e prevenção da violência. O 
governo e suas demais esferas precisam comprometer-se com essa 
pauta, tão essencial para a qualidade de vida, principalmente das 
mulheres, que acabam perdendo seus direitos básicos, como por exemplo 
o direito de ir e vir, que é barrado por seus agressores. 
 
 
 
11 
 
 
CAPÍTULO 1 
O DESENVOLVER DA VIOLÊNCIA 
 
 
1.O que é violênciaNas duas últimas décadas ocorreu um aumento muito importante dos 
estudos na área da saúde sobre a violência contra a mulher. 
 
Isso acontece por conta do reconhecimento da dimensão do fenômeno 
como um grave problema de saúde pública, por sua alta incidência e pelas 
consequências que causa à saúde física e psicológica das pessoas que 
sofrem violência. Se faz necessário saber diferenciar os tipos de violência 
existente praticadas. 
 
Existem três grandes categorias de violência, que correspondem às 
características daquele que comete o ato violento. Seriam: 
 
• a violência coletiva: esta inclui os atos violentos que acontecem nos 
âmbitos macrossociais, políticos e econômicos e caracterizam a 
dominação de grupos e do Estado. Nessa categoria estão os crimes 
cometidos por grupos organizados, os atos terroristas, os crimes de 
multidões, as guerras e os processos de aniquilamento de determinados 
povos e nações; 
• a violência auto infligida, ela é subdividida em comportamentos 
suicidas, e os auto abusos. No primeiro caso a tipologia contempla 
suicídio, ideação suicida e tentativas de suicídio. O conceito de auto 
abuso nomeia as agressões a si próprio e as automutilações; 
• a violência interpessoal, subdividida em violência comunitária e 
violência familiar, que inclui a violência infligida pelo parceiro íntimo, o 
abuso infantil e abuso contra os idosos. Na violência comunitária incluem-
se a violência juvenil, os atos aleatórios de violência, o estupro e o ataque 
sexual por estranhos, bem como a violência em grupos institucionais, 
como escolas, locais de trabalho, prisões e asilos. 
 
 
 
 
 
 
12 
 
• A violência pode ser classificada com base na natureza dos atos 
violentos. Na área da saúde ela geralmente é dividida em quatro 
modalidades de expressão: física, psicológica, sexual e a que envolve 
abandono, negligência ou privação de cuidados. 
Esses quatro tipos de atos violentos ocorrem em cada uma das grandes 
categorias descritas anteriormente, exceto a violência auto infligida. 
Esses diferentes tipos de violência podem ser caracterizados como: 
 
 
• Abuso físico – ocorre quando é utilizado a força física para cometar 
atos para atingir a vítima; 
Segundo a OMS, os atos de violência física são classificados de acordo 
com sua gravidade em: 
• Ato moderado: ocorre quando há apenas violência verbal, sem 
haver contato físico para machucar fisicamente, uso de objetos para 
machucar a vítima sem marcar lesões com as mãos. O intuito aqui é 
causar dano psicológico principalmete. 
• Ato severo: ocorre quando há violência física que cause lesões 
temporárias. Podendo ocorrerameaças com arma ou qualquer outro 
objeto, agressões físicas que causem cicatrizes, lesões permanente, 
queimaduras e etc. 
 
• Ato de abuso psicológico – ocorre quando há violência verbal ou 
gestuais com o objetivo de aterrorizar, rejeitar, humilhar a vítima, restringir 
a liberdade ou, ainda, isolá-la do convívio social. 
 
• Ato de abuso sexual - ocorre quando há violação total a vítima, 
imobilizando-a e executando ou tentando executar o ato sexual concreto. 
 
• Negligência ou abandono – ocorre na ausência, recusa ou deserção 
de cuidados necessários a alguém que deveria receber atenção e 
cuidados. 
 
 
Para Nucci (2013, p.609), “Violência significa, em linhas gerais, qualquer 
forma de constrangimento ou força, que pode ser física ou moral [...]”. 
Portanto, não se fala apenas em violência física, mas sim moral e 
psicológica que, abalam a vítima não apenas fisicamente, mas diminuem 
 
 
 
13 
 
seu ego e abalando o seu íntimo. 
 
1.2. Um pouco sobre o que é a violência doméstica 
 
A violência doméstica sempre esteve presente, desde o princípio na 
sociedade, fazendo vítimas mulheres de diversas classes sociais. Por 
antigamente serem consideradas frágeis e dependentes dos homens 
quase 100%, as mulheres passaram por décadas sendo consideradas 
inferiores e sendo praticamente objetos de seus maridos agressores. 
 
Claro que sempre ocorre uma excessão, mas no presente trabalho vamos 
frisar a violência ocorrida entre famílias com agressores. O que vale 
ressaltar que inicialmente eram em famílias que ocorria a prática de 
violência contra as mulheres. Não satisfeitos, os agressores passaram a 
se sentirem no direito de violentar qualquer mulher que sentissem que 
merecia de alguma forma o ato violente que desejavam praticar. 
 
A violência se torna doméstica quando é praticada e quando existe um 
agressor específico e uma vítima específica. Normalmente se trata de 
marido e mulher, sendo casados, namorados ou até mesmo quando o 
agressor se sente no poder de dominar a mulher, o principal objetivo é 
causar dano, e a vítima receber muitas vezes por anos, ou até causar um 
resultado letal. 
Não podemos excluir os casos de casais homossexuais. Eles se 
encaixam também na violência doméstica pois são legalmente 
reconhecidos pela lei como união estável. 
 
A violência doméstica se não for cessada gera ciclos. Muitas crianças 
crescem nesses ambientes de violência quase diária, e acreditam que a 
vida é assim, que o corretor é praticar tal ato. Sendo assim, crescem 
sendo agressores ou sendo vítimas. Pois o agressor cresce acreditando 
fielmente que o modo de tratar as mulheres é aquele (praticando qualquer 
tipo de violência), e as mulheres crescem acreditando fielmente que 
merecem serem tratadas da pior forma possível, pois sua mãe vivia neste 
ambiente de violência e aceitava, e elas crescem com essa crença.
 
 
 
14 
 
 
1.3. Quem é o agressor 
 
O agressor pode ser qualquer pessoa com quem a vítima tenha uma 
relação íntima e de afeto. Por conta disso, vemos casos em que o 
agressor é o marido, namorado, ex-companheiros, pai, mãe, irmãos, 
padrastro, madrastra, entre outros. 
 
Por conhecer a vítima, o agressor sabe como dominar e abusar sem 
levantar suspeitas de ninguém. Em alguns casos, vemos que o agressor 
se tratar de um estranho não é mesmo? Podemos colocar como excessão 
sim uma pessoa maldosa que possa observar e acompanhar o andar da 
vítima, ou até mesmo ser levado a praticar o ato agressivo com uma vítima 
completamente estranha a ele como vemos muito nos jornais. mas essa 
é a excessão. Em 90% dos casos o agressor é um parente ou amigo 
próximo. 
 
1.4. Quem é a vítima 
A vítima é considerada a pessoa que recebe a agressão. Pode ser a vítima 
direta ou indireta. 
A direta se trata da pessoa que recebe os maus tratos diretamente do 
agressor. A indireta é a criança que assiste a violência, da família que 
sofre quando sabe do ocorrido por exemplo. 
 
 
1.5 Por que ocorre a violência doméstica? 
Não existe uma resposta concreta do motive que leva uma violência 
doméstica. Um dos maiores motivos é a alteração excessiva do agressor. 
Seja por uma discussão ou um motivo muito pequeno, seja por um término 
ou por ciúmes. Muitas vítimas sofrem os abusos semanalmente e até 
diariamente, lhe causando danos físicos e mentais, muitas vezes 
irreversíveis. 
- Uma volta no tempo: 
Há muitos anos a mulher era uma figura pública na sociedade que tinha 
apenas uma função: ser dona de casa. Era de criação a mulher aprender 
a servir a sua casa. Começava em sua própria casa servindo seu pai e a 
casa lavando, cozinhando e aprendendo atividades como costurar, fazer 
croche, bolos e nada que fosse produzido ou exercido fora de casa. 
 
 
 
15 
 
Ao atingir uma certa idade era obrigada praticamente a se casar e assim 
seguia com as mesmas rotinas e as mesmas obrigações, incluindo 
inclusive a obrigação de ser mãe e ficar em casa cuidando dos filhos 
enquanto o homem ia trabalhar. 
Sendo assim, as mulheres foram acostumando-se a apenas seguir regras, 
seguir ensinamentos, querendo ou não. Não tinha voz, não tinha opinião, 
não podiam ter profissão, não podiam sair da linha e ainda tinha que 
obedecer em tudo seu marido. A figura masculina era extremamente 
absolutista. Tinha que demonstrarsempre uma superioridade, uma 
posição na sociedade. Sendo assim se sentia no poder de exercitar em 
sua casa este absolutismo. Sempre mandando e demandando. Até que em 
um dado momento não conseguia seguia com um diálogo com sua 
parceira e partia para agressão para lhe calar. Assim ele cumpria seu 
papel e sua parceira cumpria o papel dela, sempre calada e obediente. 
E este ensinamento foi passado de geração em geração. Uma geração 
de homens absolutistas e de mulheres obedientes. 
Durante muito tempo acreditou-se que não se podia interferir nas relações 
pessoais, nos conflitos ocorridos na intimidade de cada família. A vida 
familiar era particular e cada um teria poder de manter a ordem sobre a 
sua, nem que para isso a violência fosse posta em prática. Assim durante 
um grande período o poder judiciário se absteve. Até então, na maioria 
dos casos a vítima não deixava transparecer ao mundo as agressões 
sofridas por falta da devida compreensão social. 
Alguns agressores utilizam alguns mecanismos de defesa ao questionar 
os motivos da agressão. Irei listar alguns dos “motivos” apontados: uso de 
bebidas alcoólicas é o maior fator seguido pelo término do 
relacionamento, uso de drogas, ciúmes com cônjuge, problemas com 
dinheiro, desemprego, problemas com a família (a própria do agressor e 
a da vítima também), a recusa a ficar em casa e não trabalhar, a recusa 
a exercer qualquer ordem do agressor, a recusa de fazer sexo, 
dificuldades no trabalho do agressor, estresse diário, mas o principal seria 
problemas psicológicos. 
 
Em todos os casos, ocorre uma alteração de humor, e o agressor se sente 
no direito de descontar na mulher. 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
1.6. Como a violência doméstica é combatida? 
 
Se buscarmos a resposta desde lá de trás, nunca foi combatida. A única 
forma de cessar os ataques seria: ficarem caladas e aceitarem, fugir do 
agressor ou morte de uma das partes. 
Por muito tempo, as mulheres carregaram e acreditaram na ideia de 
fragilidade e inferioridade que lhes davam pela sociedade. Por isso, 
gerações eram incentivadas e criadas a crerem que o sentido da vida e 
da felicidade dependia do casamento, devendo se doar e aceitar 
inteiramente o que lhe fosse imposto por seu marido em busca da 
harmonia de seu lar. Qualquer forma adversa de vida era errada, e não 
eram mais bem vistas pela sociedade. 
Após diversos casos serem apontados e começarem a crescer, as vítimas 
começaram a falar, a cansarem de serem sempre os seres inferiores da 
sociedade. Queriam ter uma posição na sociedade, queriam poder fazer 
outras coisas além de casar e cuidar de casa e filhos, queriam seguir sua 
essência e terem uma vida tão plena e completa como a vida projetada 
por sua família. 
Acredito que esse posicionamento se iniciou em alguma comunidade, 
alguma cidade, em algum país não tão distante. E a notícia foi se 
espalhando, o tempo foi passando e a mulher começou a lutar por si, 
começou a ignorar seus pais, ignorar a sociedade regida por muitos 
homens absolutistas, e começaram os movimentos para poderem florir na 
sociedade. 
Até que um dia, alguém cansou de apanhar, cansou de ficar calada e 
buscou ajuda. Até mostrar para todos que era errado tratar uma mulher 
como um objeto ou um cão que se pode fazer o que quiser, bater, chutar, 
socar, usar objetos para lhe machucar, algo que poderia usar as palavras 
mais ofensivas e achar que tem que ficar calada, como um objeto, que 
nasceu para receber maus tratos. 
Hoje em dia, a violência doméstica é contida pela Lei e pela sociedade. A 
sociedade começou a enxergar que algo deveria mudar, algo deveria ser 
feito para combater, e começaram a lutar com suas próprias mãos 
também. 
A Lei é auxiliadora, mas também é falha em alguns momentos. Mas 
graças a algumas mudanças no passar dos anos tem salvado muitas 
mulheres de seu destino, a morte. 
 
 
 
17 
 
 
 
1.7 Tipos de violência 
 
Violência física: 
A violência é física quando ocorre qualquer ato que venha a ferir a 
integridade corporal da vítima. Ex: tapas, socos, chutes, puxar cabelo, 
morder, cuspir, usar objetos para ferir são os mais comuns. 
A violência física é a mais comum de vermos nos relatos de violência 
doméstica, e mais difícil de se combater. Muitas vezes é ocultada pela 
própria vítima por sofrer ameaças do agressor, dizendo por exemplo que 
se a vítima contar irá prejudicar os filhos ou irá morrer. 
Violência psicológica: 
A violência é psicológica uando ocorreo ações que causem danos 
psicológicos. Ex: humilhação, chantagem, insulto, isolamento e 
ridicularização. Além disso, formas de controle sobre o comportamento da 
mulher, como impedi-la de sair e modo de se vestir, também se 
enquadram na definição. 
Violência sexual: 
A violência é sexual quando a mulher é forçada a presenciar ou participar 
de relação sexual não desejada, mediante intimidação de qualquer 
natureza: ameaça, coação ou uso da força. Também impedir que a mulher 
faça uso de métodos contraceptivos, forçá-la a se casar, engravidar, 
abortar ou se prostituir. 
Violência patrimonial 
A violência é patrimonial quando o agressor destrói bens, documentos 
pessoais, instrumentos de trabalho e recursos econômicos necessários a 
mulher. 
Violência moral 
 
A violência é moral quando ocorre calunia, difamação ou injúria contra a 
vítima. Também se enquadra, principalmente nos dias atuais, vazar fotos 
íntimas da vítima e ofensas nas redes sociais. 
 
 
 
 
 
18 
 
Violência contra o homem 
São poucos casos, mas existe na atualidade procura de auxílio para os 
homens que sofrem agressões por suas mulheres. Se enquadra qual 
pessoa no grupo LGBT. 
 
1.8 Ciclo da violência 
A violência doméstica pode se apresentar de diferentes formas e, dentro 
de um relacionamento amoroso, um ambiente familiar, ocorre dentro de 
um ciclo que é constantemente repetido, segundo a psicóloga norte-
americana Lenore Walker. O Instituto Maria da Penha ordenou os três 
principais estágios desse ciclo: 
Aumento da tensão 
O agressor se mostra tenso e irritado por coisas insignificantes e pode ter 
acessos de raiva. Nesse momento, é comum ele praticar humilhação, 
fazer ameaças e quebrar objetos da vítima. A mulher tenta acalmar o 
agressor e evita qualquer conduta que possa “provocá-lo”. A mulher 
normalmente acha que fez algo de errado para justificar o comportamento 
violento do companheiro. Em geral, a vítima tende a negar e esconde os 
fatos das demais pessoas. Essa tensão pode durar dias, semanas ou 
anos. 
Ato de violência 
Nessa fase ocorre a falta de controle do agressor, e chega ao limite 
extremo e leva ao ato violento. Aqui, toda a tensão da fase anterior se 
materializa em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. 
Arrependimento 
Após o ato violento, o agressor demonstra arrependimento e se torna 
amável para conseguir a reconciliação. Normalmente a mulher tende a 
ceder e acreditar que o fulano está realmente arrependido e foi apenas 
um deslize. É comum ver que a mulher se sinta confusa ou pressionada 
a manter o relacionamento, principalmente se o casal tem filhos. O 
agressor passa um período se "comportando" e mostrando que mudou, 
para posteriormente decair novamente e voltar as agressões. 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
1.9 O combate contra a violência doméstica no 
Brasil 
 
Foi necessário que muitas vítimas sofressem e pagassem com a própria 
vida para que o Estado percebesse a gravidade da violência doméstica e 
iniciasse alguma ação para amparar as vítimas. Depois de muito tempo, 
foi criado a lei 11.340, mais conhecida como Maria da Penha aqui no 
Brasil. 
A lei passou a ser chamada de Maria da Penha em homenagem a uma 
das mais conhecidas vítimas da violência doméstica. Entre muitas 
agressões e tentativas de homicídio, Maria da Penha foi uma das 
mulheres que iniciou a luta das mulheres em busca de amparo jurídico 
contra a violência doméstica.Porém, as medidas tomadas pela lei Maria 
da Penha em sua maioria não condizem com a realidade enfrentada pela 
vítima. 
Conforme dito anteriormente, o sentimento de inferioridade e fragilidade 
sempre esteve muito constante no cotidiano feminino, surgindo com ele a 
submissão e seguidamente a violência doméstica. Concordamos com 
Dias (2007, p.16) quando diz que “[...] o homem se tem como proprietário 
do corpo e da vontade da mulher e dos filhos”, achando-se no direito de 
utilizar da força física quando entender necessário. 
 
Se torna difícil denunciar quem reside no o mesmo teto, a pessoa com 
quem se tem um vínculo afetivo e se tem filhos em comum e que, na 
maioria das vezes, é o responsável pelo sustento da família. A conclusão 
só pode ser uma: as mulheres nunca param de apanhar, sendo a sua casa 
o lugar mais perigoso para ela e os filhos. 
Um grande passo dado pela Constituição Federal em seu artigo 98 inciso 
I, foi a criação de Juizados Especiais, Lei 9.099/1995 para julgamento de 
crimes de menores potenciais ofensivos. 
Entretanto, a lei do juizado especial possui medidas de pena de multa ou 
pena restritiva de direitos, e não faz constar nada em certidões de 
antecedentes criminais e nem reincidência, das quais foram prejudiciais 
para a violência doméstica, pois quando a vítima criava coragem para 
denunciar o agressor poderia ser despenalizado, não surgindo qualquer 
efeito positivo. 
Pelo aumento das estatísticas de violência e o baixo índice de 
condenações o legislador começou a tomar consciência, criando-se a Lei 
 
 
 
20 
 
nº 10.455/2002 e a Lei nº 10.886/2004. A primeira criou a medida cautelar 
que permite o afastamento do agressor da vítima e a segunda 
acrescentou a lesão corporal leve aumentando a pena para o delito da 
violência doméstica. 
 
Mas ainda faltava uma lei exclusiva de amparo a violência contra a 
mulher. A criação de uma lei de proteção à mulher contra a violência 
doméstica seria como uma luz no fim do túnel para muitas mulheres que 
lutavam contra a violência, mas tinham suas vozes caladas pelo 
desfavorecimento da legislação que até então regulava este tipo penal. 
 
1.10. A lei Maria da penha 
 
Foi necessário ocorrer muitos movimentos e superar muitos sofrimentos 
para que o objetivo feminino fosse alcançado, mas até hoje essa luta 
prevalece. O start para a tomada de atitudes que efetivamente 
promovesse resultados positivos no país foi o caso da famosa Maria da 
Penha, que repercutiu nacionalmente e internacionalmente pelo tamanho 
sofrimento. 
Após vários episódios vivenciados de violência e tentativas de homicídio 
sofridas por parte do marido, a Maria ficou com sequelas irreversíveis 
como a paraplegia, mas jamais deixou de lutar por justiça, tornando- se 
um símbolo grandioso da luta feminina contra a violência doméstica no 
país. Diariamente não se tem um caso específico que tenha ganhado 
destaque, o que se vê hoje em dia são casos espalhados por todo o país 
nas variadas classes sociais e em diferentes situações. Criou- se então 
no país a Lei 11.340/2006 com a seguinte ementa: 
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra 
a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana 
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe 
sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar 
contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal 
e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. 
Vale ressaltar que a lei está clara e direcionada especificamente a 
combater a violência contra a mulher ocorrida no âmbito familiar ou não, 
porém sempre deve haver relação de intimidade entre a parte ativa e a 
parte passiva, caso não seja, a vítima da violência não será contemplada 
 
 
 
21 
 
com esta lei. Hoje, alguns juízes já reconhecem que a lei pode proteger o 
homem e LGBT se esse for a parte passiva, porém ainda há divergências 
em relação a isso. 
Existem algumas forma de proteger as mulheres vítimas de violência, 
sendo uma das alternativas de recorrer ao Poder Judiciário. As medidas 
protetivas possuem como objetivo assegurar a mulher a proteção de sua 
integridade, e que proíbe o agressor a cumprir limites, tais como: proibição 
e aproximação e contato com a vítima, afastamento do lar, suspensão de 
porte de arma e não frequentar determinados lugares. 
Após a criação da Lei Maria da Penha o índice de violência diminuiu de 
forma relevante. Mas a divulgação da lei e das medidas protetivas que lhe 
é oferecido devem ser chegar de forma ainda maior para as mulheres que 
sofrem sendo vítimas. Quanto maior o número de mulheres que 
denunciarem, maior será a quantidade de casos, pois essa divulgação faz 
com que outras vítimas tomem a mesma atitude. Porém, há muitas 
mulheres que ainda não possuem conhecimento de como chegar ao 
Poder Judiciário, por falta de informação ou até mesmo por sentirem-se 
envergonhadas com a situação a qual convivem. 
A assistência por políticas públicas para as vítimas é muito importante, 
pois esta se encontra cheia de dúvidas e medos acerca de sua atitude 
com o agressor, o que muitas vezes causa a retratação da vítima. Para 
tanto, se torna de suma importância um conjunto assistencial para as 
vítimas, de formas a amparar e incentivá-las a manter a denúncia. 
Interessante se faz o trabalho dos policiais no acompanhamento da 
vítima, desde a retirada de seus objetos da casa, e até chegarem ao 
desvendar do ocorrido, seguindo para o Poder Judiciário, onde serão 
solicitadas as medidas protetivas. Também realizam o trabalho de afastar 
o agressor da sua casa. Dispõe o Artigo 11, da Lei 11.340 de 2006: 
 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de 
violência doméstica e familiar, a autoridade policial 
deverá, entre outras providências: 
 
 
I - garantir proteção policial, quando necessário, 
comunicando de imediato ao Ministério Público e 
ao Poder Judiciário; 
 
 
 
 
 
22 
 
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de 
saúde e ao Instituto Médico Legal; 
 
 
III - fornecer transporte para a ofendida e seus 
dependentes para abrigo ou local seguro, quando 
houver risco de vida; 
 
 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para 
assegurar a retirada de seus pertences do local da 
ocorrência ou do domicílio familiar; 
 
 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos 
nesta Lei e os serviços disponíveis. (BRASIL, 
2006). 
 
 
Obviamente, a formação dos profissionais que irão atuar com essas 
vítimas, é imprescindível, pois é importante que estejam preparados 
para os diversos tipos de situações, sabendo falar e ouvir 
corretamente em cada caso concreto. A preferência de profissionais 
nessa área seria do sexo feminino, pois na maioria dos casos as 
mulheres que procuram a delegacia são vítimas de homens, podendo 
trazer consigo traumas e sentirem medo e constrangidas no 
momento da denúncia. 
Bem como os demais crimes condicionados a representação, a Lei 
11.340/2006 necessita que a vítima represente contra o autor dos 
fatos, é preciso que expresse vontade. Em muitos casos, as vítimas 
utilizam da queixa apenas para dar um" susto "no companheiro, 
queixando-se e após retratando-se/renunciando à representação. 
A diferença da retratação na Maria da Penha se dá em frente ao juiz 
para que as vítimas compreendam a seriedade do assunto. Como já 
acontecem, são vários os casos de representação e em seguida 
retratação, repetidos várias vezes pela mesma vítima, que lotam o 
sistema judiciário, o deixando de mãos atadas para tomar atitudes 
com o agressor. 
 
 
 
 
23 
 
CAPÍTULO 2 
EVITANDO O CRIME 
 
2.1. Aspectos constitucionais 
Os juizados especiais criados com a Lei Maria da Penha, contam com 
uma equipe diversificada de profissionais das áreasda saúde, 
jurídica e psicológica. Nas comarcas onde esses ainda não tenham 
sido criados, os crimes devem ser julgados nas varas criminais. Um 
aspecto muito importante da Lei 11.340/2006 é o fato de que não se 
pode aplicar penas pecuniárias ou pagamento de cestas básicas pelo 
agressor. 
Além da criação de políticas públicas que visam auxiliar as vítimas 
da violência. As normas programáticas que estão estabelecidas no 
Artigo 3º, § 1º da referida Lei tem como objetivo proteger a mulher de 
toda e qualquer forma de discriminação, violência, crueldade e 
negligência. Em seu texto, a Lei determina que seja criado um 
sistema de base de dados referentes à violência doméstica, 
denominado Sistema Nacional de Dados e Estatísticas sobre a 
Violência Doméstica. O objetivo da criação desse sistema nacional 
era para verificar a funcionalidade e a aplicabilidade da lei. A partir 
da obtenção dos dados é que se tem a possibilidade para verificar a 
eficácia nas diferentes regiões do país. A Lei Maria da Penha marca 
o início de um novo tempo, pois essa norma jurídica transformou os 
casos envolvendo mulheres vítimas de violência, uma vez que antes 
eram tratados pelo direito penal como irrelevantes, pois se 
enquadravam em crimes de menor potencial ofensivo. 
Pelo fato da violência doméstica acontecer no ambiente familiar e na 
maioria das vezes não chegava a se tornar pública a Lei n. 
11.340/2006 trouxe um avanço incalculável, pois essa situação 
deixou de ser tratada como privada e se tornou um problema público, 
um problema de justiça social. A lei estabelece que os processos 
sejam tratados com mais agilidade em relação aos outros casos e 
que o tratamento seja diferenciado por parte dos policiais e dos 
agentes. 
Quando uma vítima procura a Deams - Delegacias Especializadas de 
Atendimento à Mulher, ela pode solicitar que sejam aplicadas as 
 
 
 
24 
 
medidas de segurança para proteção para afastar o agressor de 
perto dela, a medida de proteção emergencial serve para que o 
agressor cumpra certas medidas impostas pela lei, como forma de 
garantir à vítima a preservação, seja ela temporária ou não, de sua 
integridade física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. 
A Lei Maria da Penha também sofre diversas críticas em relação a 
sua aplicabilidade e constitucionalidade, alguns alegam 
inconstitucionalidade, uma vez que a Constituição pressupõe que a 
lei seja igual para todos, portanto não seria possível dar um 
tratamento diferenciado para as mulheres. Ainda há intolerância em 
relação à Lei, já que ainda vivemos em uma sociedade 
preconceituosa e de cultura patriarcal. 
 
 
2.2. Delegacia da mulher – DEAMS 
As delegacias da mulher são órgãos especializados da Polícia Civil 
criados em meados da década de 80 como política social de luta 
contra a impunidade e para dar atendimento mais adequado às 
mulheres vítimas de" violência conjugal "e crimes sexuais. A primeira 
Delegacia da Mulher foi criada no ano de 1985, na cidade de São 
Paulo, no decorrer das décadas de 80 e 90 foram criadas delegacias 
especializadas no atendimento a mulheres nas principais cidades 
brasileiras. 
A finalidade da DEAM não é apenas a de punir os agressores, mas 
também amparar as vítimas, explicando e defendendo seus direitos, 
estimulando as denúncias das agressões, além de realizar estudos 
para identificar o perfil dos ofensores. 
Importante instrumento de combate à violência contra a mulher e 
como forma de repúdio à maneira como elas eram tratadas nas 
delegacias comuns, que em sua quase totalidade eram 
administradas por homens que, não raro , apresentavam grande 
dificuldade de reconhecer como crime a violência doméstica, 
preferindo entender agressões ocorridas no lar como “meros 
desentendimentos familiares”, as Delegacias das Mulheres, como se 
convencionou chamar aquelas repartições, nasceram com o 
desiderato de, num primeiro momento, criar um ambiente mais 
acolhedor para a vítima, de forma que ela fosse tratada com mais 
atenção, mais respeito. 
 
 
 
25 
 
A lei Maria da Penha em seu art. 8º, IV, prevê “a implementação de 
atendimento policial especializado para as mulheres, em particular 
nas Delegacias de Atendimento à Mulher”. 
Vale ressaltar que as denúncias não precisam ser feitas 
exclusivamente nas delegacias de mulheres, uma vez que todas as 
delegacias podem receber a denúncia e após transferir o caso para 
as especializadas. O procedimento é simples a autoridade policial 
ouve a vítima e confecciona o REDES, ou seja, o boletim policial, 
colhe todas as provas e no prazo de 48 horas deve remeter o 
expediente para o juiz com pedido de deferimento de medidas 
protetivas de urgência. 
Registrada a ocorrência a vítima deve ser submetida a exame de 
corpo de delito. A proteção policial é entendida como o 
encaminhamento da vítima ao hospital, transporte para uma local 
seguro, acompanhá-la até o local dos fatos para retirar seus 
pertences e ainda informar seus diretos e serviços disponíveis. Para 
o efetivo cumprimento das regras estipulas na lei Maria da Penha é 
preciso que as delegacias sejam estruturadas com profissionais 
qualificados e para isso o Estado precisa investir na segurança 
pública e no aperfeiçoamento dos policiais civis e militares. 
É de suma importância que todos os passos sejam seguidos de forma 
atenta e segura. Deve sempre levar em consideração o que a vítima 
diz, o que ela relata, a denúncia recebida, para que evite o próximo 
passo normalmente cometido pelos agressores: o Feminicídio. 
 
 
2.3. A Lei Maria da Penha pode impedir 
mortes 
Entre as propostas para evitar essas ‘mortes anunciadas’, uma é 
mais recorrente na avaliação dos profissionais que atuam no campo 
da violência contra as mulheres: o engajamento das instituições 
públicas para efetivar plenamente a Lei Maria da Penha é um 
caminho, tanto no sentido de proteção à vida das mulheres em 
situação de violência, no curto prazo, quanto para coibir o problema, 
por meio das ações de prevenção no longo prazo. 
A ampla e efetiva aplicação da Lei Maria da Penha e a atualização 
da doutrina jurídica para inclusão das inovações que ela trouxe 
 
 
 
26 
 
indicam, assim, um caminho para evitar que as vidas de milhares de 
mulheres tornem-se estatísticas alarmantes. 
 
2.4. A ameaça de morte levada a sério 
Profissionais que atendem mulheres em situação de violência 
salientam a importância de se reconhecer e não subestimar a 
ameaça e outras formas de violência psicológica. Com frequência, 
por não deixarem evidências aparentes, esses casos acabam sendo 
considerados menos importantes pelos profissionais da rede de 
atendimento ou até pela própria vítima. 
A violência psicológica é considerada pela Organização Mundial da 
Saúde como a forma mais presente de agressão intrafamiliar à 
mulher, que apesar de não deixar marcas físicas evidentes, é uma 
grave violação dos direitos humanos das mulheres, que produz 
reflexos diretos na sua saúde mental e física. 
Casos que ganharam repercussão pública, como o assassinato da 
jornalista Sandra Gomide por seu ex, Pimenta Neves, mostram que, 
quando se trata de violência doméstica, as ameaças têm que ser 
levadas a sério. Sandra Gomide tinha 32 anos quando foi 
assassinada. Quinze dias antes do crime, Pimenta Neves invadiu seu 
apartamento, agrediu-a com dois tapas e a ameaçou de morte. 
“Nunca se pode minimizar a ameaça porque nunca se sabe o que vai 
acontecer. O que percebo é que, quando se trata de violência 
doméstica e intrafamiliar, há casos de pessoas que ameaçam e 
acabam matando, como também há casos de quem nunca ameaçou 
e comete o crime. Acho que sempre temos que dar importância e, na 
dúvida, aplicar a medida de proteção.” 
Teresa Cristina Cabral dos Santos, juíza do Tribunal de Justiça do 
Estado de São Paulo e titular da 2ª Vara Criminal da Comarca de 
Santo André/SP. 
 
2.5.O Feminicídio 
O feminicídio é o homicídiopraticado contra a mulher em decorrência 
do fato de ela ser mulher (misoginia e menosprezo pela condição 
feminina ou discriminação de gênero, fatores que também podem 
envolver violência sexual) ou em decorrência de violência doméstica. 
A lei 13.104/15, mais conhecida como Lei do Feminicídio, alterou o 
 
 
 
27 
 
Código Penal brasileiro, incluindo como qualificador do crime de 
homicídio o feminicídio. 
 
 
2.5.1Tipos de feminicídio 
A Lei do Feminicídio não enquadra, indiscriminadamente, qualquer 
assassinato de mulheres como um ato de feminicídio. O 
desconhecimento do conteúdo da lei levou diversos setores, 
principalmente os mais conservadores, a questionarem a 
necessidade de sua implementação. Devemos ter em mente que a 
lei somente aplica-se nos casos descritos a seguir: 
Violência doméstica ou familiar: quando o crime resulta da violência 
doméstica ou é praticado junto a ela, ou seja, quando o homicida é 
um familiar da vítima ou já manteve algum tipo de laço afetivo com 
ela. Esse tipo de feminicídio é o mais comum no Brasil, ao contrário 
de outros países da América Latina, em que a violência contra a 
mulher é praticada, comumente, por desconhecidos, geralmente com 
a presença de violência sexual. 
Menosprezo ou discriminação contra a condição da mulher: quando 
o crime resulta da discriminação de gênero, manifestada pela 
misoginia e pela objetificação da mulher. 
Quando o assassinato de uma mulher é decorrente, por exemplo, de 
latrocínio (roubo seguido de morte) ou de uma briga simples entre 
desconhecidos ou é praticado por outra mulher, não há a 
configuração de feminicídio. O feminicídio somente qualificará um 
homicídio nos casos descritos nos tópicos acima. 
 
 
2.6. Objetivo e a importância da Lei do Feminicídio 
Em razão dos altíssimos índices de crimes cometidos contra as 
mulheres que fazem o Brasil assumir o quinto lugar no ranking 
mundial da violência contra a mulher, há a necessidade urgente de 
leis que tratem com rigidez tal tipo de crime. Dados do Mapa da 
Violência revelam que, somente em 2017, ocorreram mais de 60 mil 
estupros no Brasil. Além disso, a nossa cultura ainda se conforma 
com a discriminação da mulher por meio da prática, expressa ou 
 
 
 
28 
 
velada, da misoginia e do patriarcalismo. Isso causa a objetificação 
da mulher, o que resulta, em casos mais graves, no feminicídio. 
A imensa quantidade de crimes cometidos contra as mulheres e os 
altos índices de feminicídio apresentam justificativas suficientes para 
a implantação da lei 13.104/15. Além disso, são necessárias políticas 
públicas que promovam a igualdade de gênero por meio da 
educação, da valorização da mulher e da fiscalização das leis 
vigentes. 
 
 
2.7. Feminicídio reprodutivo 
Os tipos de feminicídio são, basicamente, aqueles apresentados pela 
lei (em decorrência da violência doméstica e da misoginia com ou 
sem violência sexual). Porém, a pesquisadora Jackeline Aparecida 
Ferreira Romio, doutora em Demografia pela Unicamp, qualifica em 
sua pesquisa outro tipo de feminicídio, o feminicídio reprodutivo, que 
decorre de abortos clandestinos feitos em clínicas ilegais ou por meio 
de métodos caseiros. 
Essa polêmica classificação de Jackeline Romio é importante por 
chamar a atenção para o fato de que o feminicídio também decorre, 
estruturalmente, de um sistema legal que imprime a misoginia na 
forma de controle social sobre a mulher. A proibição do aborto é uma 
forma de controlar o corpo e, concomitantemente, de manter um certo 
tipo de poder sobre as mulheres, além de não ser uma medida eficaz 
contra a prática. 
O que vemos, em geral, é que a proibição legal não cessou o número 
de abortos cometidos, mas fez com que as mulheres procurassem as 
clínicas ilegais, geralmente locais sem condições sanitárias mínimas 
para realizar qualquer procedimento de saúde, ou as aborteiras, que 
se utilizam de métodos caseiros igualmente perigosos. 
 
 
2.8. Lei do Feminicídio 
A Lei 13.104/15, mais conhecida como Lei do feminicídio, introduz 
um qualificador na categoria de crimes contra a vida e altera a 
categoria dos chamados crimes hediondos, acrescentando nessa 
categoria o feminicídio. Confira a lei: 
 
 
 
29 
 
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 
2015) 
VI – contra a mulher por razões da 
condição de sexo feminino: 
VII – contra autoridade ou agente 
descrito nos arts. 142 e 144 da 
Constituição Federal, integrantes do 
sistema prisional e da Força Nacional de 
Segurança Pública, no exercício da 
função ou em decorrência dela, ou contra 
seu cônjuge, companheiro ou parente 
consanguíneo até terceiro grau, em razão 
dessa condição: 
 
 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2º-A Considera-se que há razões de 
condição de sexo feminino quando o crime 
envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à 
condição de mulher. 
 
 
Aumento de pena 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada 
de 1/3 (um terço) até a metade se o crime 
for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) 
meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) 
anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com 
deficiência; 
III - na presença de descendente ou 
de ascendente da vítima.” (NR) 
Art. 2º O art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de 
julho de 1990, passa a vigorar com a 
 
 
 
30 
 
seguinte alteração: 
 
 
“Art. 1º I - homicídio (art. 121), quando 
praticado em atividade típica de grupo de 
extermínio, ainda que cometido por um só 
agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 
2o, I, II, III, IV, V e VI); 
 
Também houve alteração da seção dos crimes hediondos (lei nº 
8.072/90) por meio da lei 13.104/15, que colocou o feminicídio na 
mesma categoria desses crimes, o que resultou na necessidade de 
se formar um Tribunal do Júri, ou o conhecido júri popular, para julgar 
os réus de feminicídio. 
Pena para os crimes de feminicídio: 
Por se tratar de uma forma qualificada de homicídio, a pena para o 
feminicídio é superior à pena prevista para os homicídios simples. 
Enquanto um condenado por homicídio simples pode pegar de 6 a 20 
anos de reclusão, um condenado por feminicídio pode pegar de 12 a 
30. Isso iguala a previsão das penas para condenados por homicídio 
qualificado e feminicídio. 
 
 
2.9. Feminicídio no Brasil 
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre 
2007 e 2011, ocorreu, em média, um feminicídio a cada uma hora e 
meia no Brasil, o que resultou em um total de 28.800 feminicídios 
registrados no período. O Mapa da Violência de 2015 aponta a 
ocorrência de 13 feminicídios por dia no Brasil contra os 16 
apontados na amostragem do IPEA de 2007 a 2011. 
A maior parte desses crimes é praticada por homens que vivem ou 
viveram com a vítima, sendo namorados, parceiros sexuais ou 
maridos. Além dos altos índices de feminicídio, existem ainda muitos 
casos de estupro e lesão corporal gerada por violência doméstica. 
Diante de tantos dados de crimes cometidos contra as mulheres e do 
fato de o Brasil ocupar o quinto lugar no ranking de violência contra 
a mulher (ficando à frente de países árabes em que a Lei Islâmica é 
incorporada no sistema legal oficial), é necessário pensar a origem 
 
 
 
31 
 
de tanta violência. 
Como afirmam algumas teorias feministas, a origem dessa violência 
está na cultura patriarcal e misógina que ainda permeia a nossa 
sociedade. 
 
CAPÍTULO 3 
 
MUNDOS DIFERENTES 
 
3.1 Espécies iguais, mundos diferentes. 
 
Homens e mulheres evoluíram de modos diferentes porque tinha de ser 
assim. Os homens caçavam, as mulheres ficavam com o grupo ou família. 
Os homens protegiam, as mulheres cuidavam. Como resultado, seus 
corpos e cérebros tomaram rumo diversos no processo de evolução e se 
transfomaram para se adaptarem melhor às suas funções específicas. 
Os homens se tornaram mais altos e mais fortes que a maioria das 
mulheres, e seus cérebrosse desenvolveram para cumprir as tarefas que 
lhes cabiam. As mulheres ficavam satisfeitas de ver seus homens saírem 
para trabalhar enquanto elas mantinham o fogo aceso na caverna. Seus 
cérebros, então, evoluíram para atender ás funções que precisavam 
desempenhar. 
Assim, por milhões de anos, as estruturas dos cérebros de homens e 
mulheres foram se formando de maneiras diferentes. Hoje em dia, 
sabemos que homens e mulheres processam a informação de modos 
distintos. Pensam diferente. Têm crenças, percepções, prioridades e 
comportamentos diversos. Desconhecer este fato é uma receita certa de 
confusão, sofrimento e desilução para toda a vida. 
 
3.2 As pesquisas comprovam a diferença. 
 
A partir do final dos anos 80 houve uma explosão de pesquisas sobre 
diferenças entre homens e mulheres e sobre o modo como seus cérebros 
funcionam. Pela primeira vez, avançados equipamentos de mapeamento 
computadorizado nos permitiram ver o cérebro trabalhando "ao vivo", e 
essa observação da vasta paisagem da mente humana forneceu muitas 
respostas às questões sobre diversidade entre os sexos. 
Durante a maior parte do século XX, essas diferenças foram explicadas 
pelo condicionamento social, ou seja: somos como somos por causa das 
atitudes de nossos pais e professores, que, por sua vez, refletem as 
atitudes da sociedade em que vivem. 
Meninas se vestem de rosa e ganham bonecas de presente, meninos se 
vestem de azul e ganham bola e espadas. Mocinhas são tocadas e 
 
 
 
32 
 
acariciadas, rapazes levam tapas nas costas e aprendem que homem não 
chora. Até recentemente, acreditava-se que quando uma criança nasce 
sua mente é uma página em branco, onde os educadores imprimem suas 
escolhas e preferências. 
Recentes estudos de biologia mostraram, porém, um paronama 
completamente novo e apontam os hormônios e o cérebro como os 
principais responsáveis por nossas atitudes, preferências e 
comportamento. Isso quer dizer que, ainda que criados em uma ilha 
deserta, sem uma sociedade organizada ou pais que os influenciassem, 
meninos competiriam física e mentalmente entre eles, formando grupos 
com uma nítida hierarquia, e meninas trocariam abrações, laços eternos 
de amizade e brincariam de boneca. 
Desde os anos 60, vários grupos vêm tentando nos convencer a renegar 
nossa herança biológica. Afirmam que governos e sistemas educacionais 
se aliaram ao objetivo masculino de dominação, reprimindo as mulheres 
que tentavam se destacar. Um modo ainda mais eficiente de controle seria 
mantê-las sempre grávidas. 
Nós não somos idênticos biologicamente falando, mas homens e 
mulheres devem ser iguais no direito à oportunidade de desenvolver 
plenamente suas potencialidades, mas, definitivamente, não são 
idênticos. Se homens e mulheres têm direitos iguais, isto é uma questão 
política e moral. Se são idênticos, é uma questão científica. 
Por muitos anos o homem teve uma posição na sociedade e a mulher teve 
uma posição. Mas o mundo mudou, as rotinas mudaram, e a mulher não 
precisa mais ficar em casa cuidando do fogo e das crianças. Tampouco o 
homem precisa ficar o dia todo caçando alimento. Existem famílias em 
que a mulher é a provedora principal da casa, enquanto o marido fica em 
casa ou toca seu próprio negócio e pode ter mais tempo de ficar em casa. 
existem famílias em que os dois trabalham fora, ou os dois trabalham 
juntos no negócio da família. Ou existem famílias chamadas "tradicionais" 
em que o homem continua saindo de casa para trabalhar enquanto a 
mulher fica em casa cuidando da casa e dos filhos, e cada família está 
certa em seu modo de agir e de pensar. 
Vamos usar como o exemplo acima o fato de que só os homens caçavam 
e as mulheres ficavam nas cavernas cuidando. Se isso fosse uma regra 
na socieda, como seriam os casais homossexuais? Se fosse composto 
de dois homens os dois sairiam para "caçar" e ninguém cuidava da casa? 
Ou se fossem duas mulheres as duas ficariam cuidando da "caverna" e 
ninguém caçava? Conforme a sociedade muda, devemos nos adaptar. 
 
 
3.3 Como a evolução do papel da mulher na sociedade mudou. 
 
Na era moderna, seja na teoria ou na prática, a ideia de separação 
 
 
 
33 
 
espacial entre casa e trabalho estava relacionada à divisão sexual 
tradicional de homens e mulheres e ao seu papel na vida cotidiana. Tudo 
começou quando as mulheres entraram no ambiente de trabalho. 
 
Em tempos anteriores, após trabalhar o dia inteiro em uma fábrica ou 
escritório, em uma cidade industrial, a figura masculina voltava para sua 
serena casa suburbana, mantida por sua esposa. Essa ideia de casa dos 
sonhos era na verdade "um estímulo ao trabalho remunerado masculino 
e um contenedor para o trabalho feminino não remunerado". 
 
Quando as mulheres entraram no ambiente de trabalho, surgiram 
questões sobre a servidão do lar convencional. Naquela época, qualquer 
que fosse o tipo de casa, ela era sempre organizada em torno do mesmo 
conjunto de espaços: cozinha, sala de jantar, sala de estar, quartos, 
garagem, exigindo, basicamente, alguém responsável por "cozinhar, 
limpar e cuidar das crianças". 
 
A inserção da figura feminina no mercado de trabalho tem como destaque 
a época em que as indústrias se fortaleciam cada vez mais, os efeitos do 
capitalismo e das condições da infraestrutura social foram sentidos com 
intensidade através da Revolução Industrial trazendo consigo o 
empobrecimento dos trabalhadores, com famílias que viu-se atingidas 
pela mobilização da mão de obra da mulher e dos menores nas fábricas. 
Com isso, os desníveis entre as classes sociais foram observados de tal 
modo que o pensamento humano não relutou em afirmar a existência de 
uma séria perturbação ou problema social. 
 
Durante o processo de industrialização, o trabalho feminino tornou-se 
mais acessível aos olhos dos empregadores sendo aproveitado em larga 
escala, deixando a mão de obra masculina em segundo plano, isto porque 
os baixos salários eram destinados às mulheres. 
 
Mesmo com a preferência pela mão de obra feminina pelos 
empregadores, a mulher sempre foi pouco valorizada na história, tanto na 
sociedade quanto na sua participação nas relações de trabalho, isto 
porque a preferência pela mulher no mercado de trabalho era, tão 
somente, em razão do baixo custo pela sua mão de obra, ainda, a mulher 
enfrentava a desvantagem de ter a figura masculina sempre em evidência, 
no entanto, o que se viu foi que a mulher através do seu trabalho 
contribuiu grandemente para o crescimento e a evolução da sociedade 
em todos os seus aspectos. 
 
 
Perceptível que a mulher mesmo contribuindo de forma positiva no 
 
 
 
34 
 
mercado, sofria preconceito e discriminação, o que fez dela alvo de 
desigualdades no decurso do tempo. Sabido é que mesmo com a 
presença feminina cada vez mais sólida nos postos de trabalho, os cargos 
de chefia e gestão que por sua vez eram melhores remunerados, sempre 
foram destinados aos homens, pois a questão do gênero feminino sempre 
foi obstáculo para o avanço da mulher no mercado de trabalho, e suas 
características sempre foram relacionadas à fragilidade, lançando mão do 
profissionalismo e da sua capacidade para o labor. 
 
Ademais, também existia a omissão do Estado sobre as relações de 
trabalho da mulher, que não existia limitação da jornada de trabalho, 
idênticas exigências dos empregadores quanto às mulheres e homens 
indistintamente, insensibilidade diante da maternidade e dos problemas 
que pode acarretar à mulher, quer quanto às condições pessoais, quer 
quanto às responsabilidades de amamentação e cuidado com os filhos 
em idade de amamentação. 
 
Portanto, o trabalho na indústria fez com que a mulher se apartasse de 
seu lar, por 14, 15 ou até 16 horas diárias, expondo-a a atividade 
profissional em ambientes insalubres e cumprindo obrigações que muitas 
vezes eram superiores às suas possibilidades físicas. Isso acontecia pelo 
simples fato de que o objetivo do empregador consistia em somente 
enriquecer. 
 
Portanto onde existe a discriminaçãoe o preconceito não há que se falar 
em igualdade, e é por isso que a mulher ao longo dos anos vem lutando 
pela igualdade de direitos principalmente na relação de trabalho, naquilo 
que elas podem ser comparadas aos homens. 
 
Apesar de ter ocorrido tamanha injustiça anteriormente, as mulheres 
estão conseguindo a cada dia mais igualdade. Os grandes cargos já estão 
sendo ocupados por figuras femininas, muitos escritórios optam por 
contratarem apenas mulheres, não por causa de seu trabalho bom e 
barato, mas pela eficiência. Ademais, hoje existem piso salarial, uma 
média de quanto a profissão escolhida deve receber, sendo assim, caso 
haja injustiça, as mulherem têm a quem recorrer. 
 
3.4 A mulher no campo de trabalho. 
 
Nas últimas décadas do século XX, presenciamos um dos fatos mais 
marcantes na sociedade brasileira, que foi a inserção, cada vez mais 
crescente, da mulher no campo do trabalho, fato este explicado pela 
combinação de fatores econômicos, culturais e sociais. 
Em razão do avanço e crescimento da industrialização no Brasil, 
 
 
 
35 
 
ocorreram a transformação da estrutura produtiva, o contínuo processo 
de urbanização e a redução das taxas de fecundidade nas famílias, 
proporcionando a inclusão das mulheres no mercado de trabalho. 
Uma constatação recorrente é a de que, independente do gênero, a 
pessoa com maior nível de escolaridade tem mais chances e 
oportunidades de inclusão no mercado de trabalho. Conforme estudos 
recentes, verifica-se, mesmo que de forma tímida, que a mulher tem tido 
uma inserção maior no mercado de trabalho. 
 
Constata-se, também, uma significativa melhora entre as diferenças 
salariais quando comparadas ao sexo masculino. Contudo, ainda não 
foram superadas as recorrentes dificuldades encontradas pelas 
trabalhadoras no acesso a cargos de chefia e de equiparação salarial com 
homens que ocupam os mesmos cargos ou ocupações. 
 
Ainda nos dias de hoje é recorrente a concentração de ocupações das 
mulheres no mercado de trabalho, sendo que 80% delas são professoras, 
cabeleireiras, manicures, funcionárias públicas ou trabalham em serviços 
de saúde. Mas o contingente das mulheres trabalhadoras mais 
importantes está concentrado no serviço doméstico remunerado; no geral, 
são mulheres negras, com baixo nível de escolaridade e com os menores 
rendimentos na sociedade brasileira. 
 
O trabalho não remunerado da mulher, especialmente o realizado no 
âmbito familiar, não é contabilizado por nosso sistema estatístico e não 
possui valorização social, nem pelas próprias mulheres, embora 
contribuam significativamente com a renda familiar e venha crescendo. 
 
Os números, como já falamos anteriormente, ajudam muito a entender o 
crescimento da mulher no mercado de trabalho. Dados dos censo 
demográfico do IBGE mostram que, em 1950, apenas 13,6% das 
mulheres eram economicamente ativas. No mesmo período, o índice dos 
homens chegava a 80,8%. 
 
Sessenta anos depois, os dados de 2010 mostraram que a participação 
feminina mais que triplicou, passando para 49,9%. Entre os homens, por 
outro lado, o dado caiu para 67,1%. Ao longo das últimas décadas, foi 
possível perceber sinais de progresso em termos de igualdade de gênero 
no mercado de trabalho. 
 
 
3.5 Fatos sobre as mulheres no mercado de trabalho. 
 
Mulheres na política 
 
 
 
36 
 
 
Uma das áreas consideradas decisivas para diminuir as disparidades 
entre homens e mulheres no mercado de trabalho é a política. De acordo 
com dados do IBGE de dezembro de 2017, elas ainda ocupam apenas 
10,5% dos assentos da Câmara dos Deputados e 16% no Senado. Um 
número muito pequeno, especialmente, se considerarmos que as 
mulheres já representam mais da metade da população brasileira. 
 
Mas muita coisa mudou desde que Carlota Pereira de Queirós se tornou 
a primeira deputada, em 1934. De lá para cá, muitas outras mulheres 
ocuparam cargos eletivos. Desde o ano de 1995, o Brasil conta com uma 
legislação que prevê as chamadas cotas eleitorais, que deveriam reservar 
um percentual de candidaturas para as mulheres nas eleições. 
Ainda assim, a medida só se tornou realmente obrigatória a partir de 2009, 
com uma nova lei. 
 
Agora, é preciso que haja ao mesmo 30% e no máximo 70% de 
candidaturas de cada sexo em cada partido ou coligação. Vale dizer que, 
dentre os 190 países que informaram à Inter-Parliamentary Union, o 
percentual de cadeiras ocupadas por mulheres em suas câmaras baixas 
ou parlamento unicameral, o Brasil está em 157° lugar. 
 
Maior escolaridade 
Apesar de todos os dados e contextos que já apresentamos, vale ressaltar 
que as mulheres têm superado os homens nos indicadores educacionais, 
que acabam referindo diretamente no mundo do trabalho. 
Segundo o IBGE, 23,5% das mulheres com 25 anos ou mais possuem 
ensino superior completo, contra 20,7% dos homens. O maior desafio pela 
frente é que a qualificação atingida por elas tenha reflexo também nos 
postos ocupados e nos salários oferecidos. 
 
Liderança feminina 
O estudo “Women in Business 2017”, realizado pela Grant Thornton, 
reforça o quanto ainda precisamos avançar. Feito com mais de cinco mil 
participantes de 36 países, a pesquisa indica avanços e também 
disparidades persistentes no meio corporativo quando o foco são as 
mulheres.Mas apesar de mostrar que a taxa de mulheres ocupando 
cargos de gerência ainda é pequena, o estudo também traz boas 
perspectivas: a proporção feminina em cargos de CEO subiu de 11% para 
16% ao longo do ano passado. O grande desafio é manter o índice em 
crescimento. 
 
Outra conclusão da pesquisa tem a ver diretamente com o tema deste 
tópico: a falta de exemplos femininos a serem seguidos. Grande parte das 
 
 
 
37 
 
mulheres que participaram do Women in Business afirma que uma 
quantidade maior de modelos a serem seguidos poderia, e muito, 
estimular a liderança feminina no mundo do trabalho. E não é difícil 
enxergar a lógica por trás desse pensamento. 
 
Vamos olhar para o universo masculino e fazer um rápido exercício. 
Quantos meninos já não sonharam se tornar jogadores de futebol? O 
sonho pode até não se concretizar, mas suas raízes costumam ter origem 
na admiração pelos grandes ídolos do esporte, que eles vêem jogar e 
fazer sucesso desde pequenos. Hoje em dia, a jogadora Marta, a mais 
premiada da história do futebol feminino, é esse exemplo para aquelas 
que sonham com o futebol como profissão. Incentivar o desenvolvimento 
de outras lideranças como ela, nos mais variados segmentos, é mostrar 
para as mulheres que elas também podem chegar lá. 
 
3.6 As mulheres podem escolher o que desejam para suas vidas. 
 
Por muitos anos as mulheres eram treinadas única e exclusivamente para 
serem esposas e mães. Esse seria seu objetivo para vida e a mulher só 
era completa se casasse, tivesse um bom marido, uma boa casa para 
cuidar e muitos filhos. 
 
Hoje em dia é cada vez maior o número de mulheres que não têm o 
casamento e a maternidade como prioridade em suas vidas. Elas querem 
cuidar da carreira, curtir viagens com as amigas e, principalmente, não ter 
que dar satisfações sobre suas escolhas. O motivo mais apontado é a 
vontade de se tornar uma pessoa bem sucedida profissionalmente. Elas 
acreditam que o casamento pode atrapalhar a conquista de seus 
objetivos. 
 
Também o que podemos ver em demasia por aí são comentários cujo 
cerne gira em torno do pensamento de que todas as atitudes da mulher 
deveriam ser adequadas ao desejo masculino, como se o valor delas 
apenas dependesse da aprovação de varões. “Homem não gosta de 
mulher autossuficiente”, “homem não quer ter um relacionamento com 
uma mulher que só foca na carreira e esquece de ser feminina”, “Se você 
continuar desse jeito (coloque aqui qualquer característica que não 
combina com o gênero feminino de acordo com padrões patriarcais) não 
vai arranjar marido”, “Tenha paciência com ele, conserva esse porque 
depois não arruma outro”, “Poxa, você ainda está solteira? Logo arranja 
alguém legal.” 
 
O que responder a estescomentários quando a mulher simplesmente não 
quer ter um relacionamento? Talvez a imagem de uma pessoa do gênero 
 
 
 
38 
 
feminino querendo focar na vida pessoal e profissional antes da amorosa 
ainda não seja bem aceita mesmo após todas as conquistas femininas e 
a Revolução Sexual dos anos 60. 
 
Muitas mulheres escolher focar em si mesmas, nas suas vontades e 
escolhas. Peferem não terem que dar satisfação a um marido, ou ter que 
planejar a vida a dois. Se uma mulher solteira querer se mudar para outros 
país para aperfeiçõar seu inglês ou viver uma nova vida em outro espaço, 
ela simplesmente se programa e vai. Diferente se a mulher desejar isso e 
ter um marido. Seria necessário ver se a outra pessoa também deseja, 
ver as condições do marido e etc. 
 
Ou os casos das mulheres que já foram casadas, não deram certo e 
optam em nunca mais casar. Optam por terem suas vidas sozinhas, 
criarem seus filhos sem a presença de outro homem em sua casa, e 
fazerem suas próprias esolhas. 
Muitas optam também por sofrer abusos, ou verem suas mães sofrendo 
abusos, que é o tema de nosso trabalho. 
 
3.7 Motivos pelo qual as mulheres não denunciam seus 
parceiros 
 
Não surpreendentemente, falta de recursos materiais, tais como não ter 
trabalho ou pouco poder económico, são alguns dos fatores 
predominantes para que as vítimas permaneçam em relacionamentos 
tóxicos. As razões psicológicas para tantas mulheres decidirem ficar no 
relacionamento são naturalmente pouco visíveis, o que tantas vezes torna 
difícil para a sociedade em geral simpatizar com as vítimas. 
 
Muitas mulheres acreditam que no primeiro momento a mulher acha que 
há algo errado com ela ou que é ela que de algum modo está a provocar 
a situação, e por isso procuram ‘melhorar’ e ficam. Isso é dado 
principalmente pela pressão psicológica feita pelo agressor, achar um 
"culpado" que não seja ele. 
 
Outras mulheres argumentam que apesar do comportamento monstruoso 
do parceiro, este também é por vezes amoroso, sensível e amável e por 
isso ficaram. Após a agressão, o agressor "se arrepende" de ter praticado 
tal ato, e assim a surpreende com juras de amor, carinho na cama, 
presentes e promessas. A mulher por sua vez aceita tudo o que lhe dá e 
permanece ao lado do agressor esperando o cumprimento das 
promessas. 
 
Os abusadores alteram entre bondade extrema e atos monstruosos; 
 
 
 
39 
 
assim a vítima acaba por sentir compaixão quando o homem pede 
desculpa, esperando que aquele que ainda amam mude. Entretanto, o 
abusador vai destruindo a confiança da vítima pois no final, não há 
mudança. 
 
A maioria opta por não denunciar ou ir embora por causa dos filhos. 
Argumentam que as crianças irão sofer vendo o pai ser levado pela 
polícia, ou sofrer indo visita-lo na cadeia, ou todos vão morrer de fome 
pois o pai é o provedor principal da casa e sem ele as crianças iriam 
passar por necessidades. 
 
Mas acima de tudo, a questão financeira está acima de tudo. As mulheres 
abusadas, a maioria pelo menos, dependem financeiramente do agressor. 
Se possuem um emprego formal, é de uma profissão um pouco inferior, 
que não conseguiriam suprir suas necessidades e de seus filhos. 
 
 
Seja por falta de apoio, financeiro, amoroso, inocente, filhos ou qualquer 
outra desculpa que é dada por essas mulheres a sociedade tem que 
reforçar que a denúncia de violência doméstica deve ser feita para que 
esse assunto tome força, tome intervenção da sociedade e essas famílias 
possam serem ajudadas. 
 
CAPÍTULO 4 
 
MEIOS DE PROTEÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA 
 
4.1 O aumento da violência doméstica na quarentena de 2020 
 
Confinadas em seus lares por causa da pandemia da Covid-19, as 
mulheres são duplamente ameaçadas: por um vírus potencialmente letal 
e por pessoas violentas de seu próprio convívio doméstico. 
 
Desde a descoberta da doença, têm sido adotadas, ao redor do mundo, 
medidas que já se mostraram indispensáveis à sua contenção: 
distanciamento social, isolamento e quarentena. Não há dúvida do acerto 
da escolha, todavia, ela trouxe um grave efeito colateral: o aumento das 
ocorrências de feminicídio e de numerosos casos de violência doméstica 
contra mulheres, meninas e jovens. 
 
Diversos países registraram tal aumento, como é o caso de Alemanha, 
Canadá, França, Reino Unido, China, Estados Unidos, Singapura e 
Chipre. Trata-se, portanto, de um problema global. 
Nesse sentido, além de outras ações que visem a conter os impactos da 
 
 
 
40 
 
pandemia na vida das mulheres, as quais representam parcela da 
população mundial brutalmente atingida pelo novo vírus, a ONU Mulheres 
recomendou que as comunidades afetadas pela Covid-19 priorizassem os 
serviços de prevenção e resposta à violência de gênero. 
 
No Brasil, os índices já eram bastante acentuados antes da pandemia: de 
acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, a cada 
dois minutos uma mulher realiza registro policial por violência doméstica 
no país, o que totalizou, em 2018, 263.067 casos de lesão corporal 
dolosa. 
 
Alarmantes, também, são os índices de violência sexual, praticada, na 
maior parte das vezes, no âmbito doméstico — 75,9% das vítimas 
possuem algum tipo de vínculo com o agressor, não raro seu cônjuge, pai, 
padrasto, avô, tio, irmão. Em 2018, foram contabilizados 66.041 registros 
de estupros, ou seja, uma média de 180 casos por dia, dos quais 81,8% 
praticados contra mulheres ou meninas. Quatro meninas de até 13 anos 
são estupradas por hora no país, uma realidade assustadora e cruel. 
 
Nesse cenário de caos, tornam-se particularmente preocupantes as 
notícias de aumento da violência doméstica contra a mulher, no contexto 
de isolamento social. Estima-se que, no Rio de Janeiro e em São Paulo, 
o número de casos durante o período de confinamento tenha aumentado 
em 50%, dado que pode ser ainda maior, eis que o isolamento social 
dificulta sobremaneira os registros de ocorrências nas delegacias de 
polícia. Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Decode 
Pulse identificou um acréscimo de 431% dos relatos de briga de casais 
no período de isolamento. Entre 52.513 menções a relatos de brigas 
conjugais no Twitter, 5.583 indicavam ocorrência de violência contra 
mulheres. 
 
De acordo com a Lei Maria da Penha, cabe ao poder público desenvolver 
políticas que visem a "garantir os direitos humanos das mulheres no 
âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las 
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão", bem como criar as condições necessárias para o 
efetivo exercício dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. 
 
Assegurar proteção às mulheres vítimas de violência doméstica que, 
agora, não têm alternativa senão permanecer 24 horas em casa com seus 
agressores é, portanto, um desafio a ser enfrentado pelos três Poderes 
da República, nas esferas federal, estadual e municipal. Sendo assim, é 
possível realizar boletim de ocorrência online nesse período de 
quarentena. Assim, a vítima não precisa correr nenhum risco saindo de 
 
 
 
41 
 
casa ou criando demais problemas em sua casa. É disponibilizado 
segurança e residência para a vítima e seus filhos. 
 
Caso famoso da agressão na quarentena: 
 
A atriz Isis de Oliveira, conhecida como a ‘musa’ dos anos 1980, revelou, 
em entrevista ao Universa, que sofreu agressão de seu marido, o egípcio 
Hazem Roshdi em sua casa em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. 
 
Tudo começou por volta das 17h30 de quarta-feira, 22, quando Isis 
reclamou das andanças do homem pelas ruas durante a pandemia, 
desrespeitando as normas de isolamento social. 
Como a atriz é do grupo de risco, por estar com 69 anos, estava com 
medo de ser contaminada pelo coronavírus, mas Roshdi não entendeu: 
ficou agressivo, chutou o computador da mulher e disse que ia “rasgar a 
cara dela na porrada, botar fogo no apartamento e ir embora para o Egito”. 
 
Relato pessoal: 
 
“Ele saía, ficava três, quatro horasna rua e voltava sem dar explicações. 
Com isso, foi ficando cada vez mais nervoso. Um dia puxou o colchão 
onde eu estava com força. Eu caí e ele veio para cima de mim com o 
travesseiro. Além disso, em quatro ocasiões diferentes acordei com ele 
me dando socos nas costas”, disse. 
Isis, então, mandou uma mensagem para sua amiga Luiza Brunet, que 
chamou a polícia. Quando os agentes chegaram, a atriz conta que Roshdi 
estava descontrolado. “Fui orientada a ir para a delegacia prestar queixa. 
Chegando lá, recebi uma medida protetiva, pelo fato de ele ser 
reincidente”. 
(Por Agência Estado - 24 abr 2020). 
 
Este caso foi apenas um caso de uma famosa no Brasil, não precisa de 
muita pesquisa, apenas ligar a TV em qualquer jornal e verificar os 
inpumeros casos de violência doméstica e nas ruas que aumentou. 
Meninas e mulheres não estão seguras com o vírus nas ruas mas seguem 
inseguras em seus lares também. 
 
4.2 Vítimas de violência doméstica poderão fazer denúncia em 
farmácias 
 
Uma campanha promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e 
pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) pretende incentivar 
as vítimas de violência doméstica a denunciarem agressões nas 
farmácias. 
 
 
 
42 
 
 
Pela campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, basta 
mostrar um X vermelho na palma da mão para que o atendente ou o 
farmacêutico entenda tratar-se de uma denúncia e em seguida acione a 
polícia e encaminhe o acolhimento da vítima 
. 
Esse ato foi uma opção para as mulherem que tem vergonha ou medo. 
Mulheres nesta condição permanecem em constante pressão e 
observação do agresso. Sendo assim, podem usar uma desculpa de 
"acabou a pomada do bebê" ou "preciso de absorventes" para ir até uma 
farmácia e realizar a denúncia sigilosa. 
 
 
A farmácia irá realizar a denúncia para a polícia e também assegurar que 
a vítima fique bem. Existem mais de 10 mil farmácias que aderiram esta 
campanha e também está sendo transmitida pela televisão. Sendo assim, 
a maioria das pessoas estão cientes. 
 
A campanha é uma iniciativa da Associação dos Magistrados do Brasil 
(AMB) junto com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e 
Drogarias (ABRAFARMA), Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 
 
4.3 Como combater a violência doméstica? 
 
Segundo o Mapa da Violência de 2015, em 49% dos casos de 
atendimento de violência contra a mulher, acontece repetição da 
violência. Ou seja, a forma como o sistema tem lidado com o agressor não 
está sendo efetiva. 
 
O sistema precisa usar mais instrumentos de prevenção à violência 
doméstica, investir em uma política pública séria, contínua e articulada em 
rede. Deve-se investir também em grupos socioeducativos para os 
homens autores de violência. As mulheres recebem apoio e tratamento e 
isso é muito importante. Mas os doentes são os homens e se faz 
necessário tratá-los, senão eles vão continuar violentos. 
 
Existe uma pesquisa ques mostra que os dados levantados comprovam 
que a violência doméstica tem uma forte base cultural. Enquanto 41% dos 
brasileiros conhecem um homem que já foi violento com sua parceira, 
apenas 16% dos homens admitem terem sido violentos. Isso porque eles 
nem percebem que suas atitudes são, de fato, violentas. A maioria acha 
que os seguintes atos não configuram violências dignas de denúncia: 
xingar, empurrar, humilhar em público, impedir de sair de casa, ameaçar 
 
 
 
43 
 
com palavras ou obrigar a fazer sexo sem vontade. 
 
Para modificar essa visão, é preciso uma transformação cultural. O que 
significa educar os meninos desde pequenos, mas sem ignorar os 
homens já formados dentro desta cultura. Para o último caso, a maior 
parte dos especialistas é a favor de espaços de reabilitação dos 
agressores, os tais grupos. 
 
De maneira geral, esses grupos reúnem homens indicados pelo sistema 
judiciário ou que buscaram ajuda voluntariamente, para um trabalho de 
reconstrução de olhares. "Nós trabalhamos com o acolhimento desses 
homens, para um processo de desconstrução dos estereótipos de gênero 
e criação de novos modelos de masculinidade", explica o psicólogo Tales 
Furtado Mistura, que coordena há cinco anos grupos de trabalho com 
autores de violência na ONG feminista Sexualidade e Saúde, em São 
Paulo. 
 
As terapias indicam que no primeiro momento, os homens chegam aos 
encontros raivosos, culpando as mulheres pela agressão e pela denúncia 
e, com a identificação e a conversa, eles se abrem para um diálogo e 
mudam, lentamente, a forma como enxergam gênero e a relação homem 
e mulher. 
 
Hoje, o que acontece com o acusado de agressão? 
 
Quando a mulher consegue romper com o ciclo de violência e fazer a 
denúncia, a primeira medida tomada é de proteção da vítima. Se houver 
flagrante, o acusado pode ser preso, caso contrário, o que pode ser 
determinado é uma medida protetiva, como a retirada do agressor da 
casa, a proibição de se aproximar ou falar com a vítima, ou o afastamento 
dos filhos. Esse é o principal trunfo da Lei Maria da Penha: garantir a 
segurança da mulher durante o processo. 
 
Porque, após a denúncia, o que acontece é um processo. São colhidos 
depoimentos e ocorre a investigação, para levar ao julgamento, o que 
pode levar meses ou anos para atingir uma conclusão. 
 
Já as possíveis punições caso o agressor seja considerado culpado 
variam de acordo com a violência cometida, seguindo o Código Penal. Se 
houve assassinato, lesão corporal grave ou estupro, é comum haver 
prisão do acusado. Mas para crimes mais leves, cuja pena não ultrapassa 
dois anos, o encarceramento é raro. Além disso, as coisas nem sempre 
funcionam muito bem na prática. 
 
 
 
 
44 
 
Ou seja, o acusado fica em liberdade e muitas vezes termina o que havia 
começado. Bem como, quando ocorre a prisão do agressor nada muda, 
ele não muda, seus pensamentos não mudam, e ainda corre o risco de 
sair e cometer ainda mais crimes. 
 
Abaixo irei relatar uma história real de uma pessoa bem conhecida: 
"Casei muito nova. Ele era o amor da minha vida. Tivemos nossa primeira 
filha e fomos muito felizes. Ele não me deixava trabahar fora, mas ele 
supria tudo o que eu precisava. Ele era caminhoneiro e vivia viajando e 
eu cuidava das crianças. Sim, crianças, como eu não podia tomar 
remédios para evitar gestação por causa de problemas de saúde e meu 
marido não usava proteção e se recusava a fazer a vasectomia, comecei 
a engravidar sem mesmo querer. Foram ao total 5 gestações que gerou 
meus 6 filhos, pois uma gestação foi de gêmeos. De repente ele parou de 
cuidar de mim, faltou roupa para nossos filhos, ele começou a me agredir 
na frente das crianças e eu ão tinha o que fazer. Eu era pobre, sem 
trabalhar por anos, precisava cuidar dos meus filhos e ter um teto. Tente 
por um tempo ficar na casa de minha irmã no Rio mas precisei voltar, 
ninguém consegue cuidar de 6 crianças sozinha e também é difícil 
conseguir ajuda dos parentes. Sendo assim, precisei aturar mais um 
pouco. Se passaram muitos e muitos anos e conseguir me seprar dele 
depois de criar os filhos. Tenho 60 anos hoje, não consigo me aposentar 
pois nunca trabalhei, nunca tive casa própria, dependo da pensão do meu 
ex marido que tive que colocar na justiça pois me deixou sozinha e sem 
um trabalho". 
Acima é um dos milhares casos trágicos de violência doméstica. Este, por 
felicidade do destino, não resultou em feminicídio. 
 
 
 
 
 
Considerações finais 
 
A violência doméstica é um fenômeno que não distingue classe social, 
raça, etnia, religião, orientação sexual, idade e grau de escolaridade. 
Todos os dias, somos impactados por notícias de mulheres que foram 
assassinadas por seus companheiros ou ex-parceiros. Na maioria desses 
casos, elas já vinham sofrendo diversos tipos de violência há algum 
tempo, mas a situação só chega ao conhecimento de outras pessoas 
quando as agressões crescem a ponto de culminar no feminicídio. 
 
Não existe um perfil específico de quem sofre violência doméstica.

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