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FACULDADE DE DIREITO FACULDADE SÃO BERNARDO DO CAMPO FAPAN Curso de Direito A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E O FEMINICÍDIO - AS VÁRIAS FACES DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER São Bernardo do Campo 2020 TAILA REBECA DOMINGOS LOPES A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E O FEMINICÍDIO - AS VÁRIAS FACES DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Colegiado de Curso com vistas à obtenção do grau de Bacharel em Direito — 5º. Ano, Noturno, do Curso de Direito da Faculdade Fapan/Uniesp. Orientador: Eduardo Akira Kubota São Bernardo do Campo 2020 L157a Lopes, Taila Rebeca Domingos. A Violência Contra A Mulher E O Feminicídio As Várias Faces Da Violência Contra A Mulher./ Taila Rebeca Domingos Lopes; Orientadora: Prof. Eduardo Akira Kubota – São Bernardo do Campo, 2020. 47 p. Monografia (Graduação - Direito) – Faculdade de São Bernardo do Campo – FAPAN 1. Direito. 2. Violência Contra A Mulher. 3. Feminicídio. 4.. I.Lopes, Eduardo Akira Kubota - Orient. II. Título. SP-009693/0 CDD– 345.88 FOLHA DE APROVAÇÃO Nome do aluno (a): Taila Rebeca Domingos Lopes Título e subtítulo do trabalho: A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E O FEMINICÍDIO - AS VÁRIAS FACES DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. A Banca Examinadora considera o trabalho: E atribui a nota: Professor (a): (Eduardo Akira Kubota) Data: DEDICATÓRIA Dedico este trabalho em primeiro lugar а Deus, qυе iluminou о mеυ caminho durante esta caminhada. Que colocou o desejo em meu coração de escolher este maravilhoso curso, me abençoou até mesmo no pagamento de cada mensalidade, me guardou na ida e na volta, me encheu de alegria e satisfação a cada dia que conseguia vencer o cansaço e as vezes até o desânimo. Ele que irá continuar escrevendo a minha história e me guiando na minha futura carreira. À minha família, por sua capacidade de acreditar е investir em minha pessoa. Mãe, seu cuidado е dedicação me deram em alguns momentos а esperança para seguir. Pai, sua presença significou segurança е certeza de que não estou sozinha nessa caminhada. Sempre me lembrarei de seus sacrifícios e apoio nesses cinco anos. As minhas irmãs por sempre me apoiarem e transferirem todo orgulho que sentem. Todo apoio e ajuda que me ofereceram. Dedico aos meus amigos também, que sempre me apoiaram, principalmente os amigos da sala. Todas as conversas, estudos juntos, todo o aprendizado compartilhado. Sempre levarei todos que estiveram ao meu redor em meu coração. E por último, e mais importante, aos meus mestres! Aqueles que tiveram toda a paciência, dedicação, capacidade e alegria em nos ensinar. Sem nossos professores não seria possível escrever sequer esta monografia. Entrego meu destino ao nosso senhor e declaro que este é apenas o começo de uma nova vida. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiro a Deus por ter me mantido na trilha certa durante este projeto de pesquisa com saúde e forças para chegar até o final. Sou grato à minha família pelo apoio que sempre me deram durante toda a minha vida. Deixo um agradecimento especial ao meu orientador pelo incentivo e pela dedicação ao meu projeto de pesquisa. Também quero agradecer à Universidade Fapan e a todos os professores do meu curso pela elevada qualidade do ensino oferecido. RESUMO A violência contra a mulher é qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado. O feminicídio é o homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher (misoginia e menosprezo pela condição feminina ou discriminação de gênero. Neste trabalho iremos apresentar o que é a violência contra a mulher, o feminicídio, apresentar a lei 13.104/15/maria da penha e apresentar alguns casos famosos deste tema. Palavra Chave: violência a mulher, violência doméstica, feminicídio, Maria da Penha. ABSTRACT Violence against women is any action or conduct, based on gender, that causes death, harm or physical, sexual or psychological suffering to women, both in the public and private spheres. Femicide is the homicide committed against women due to the fact that she is a woman (misogyny and disdain for the feminine condition or gender discrimination. In this paper we will present what is violence against women, femicide, presenting law 13.104 / 15 / maria da penha and present some famous cases of this theme. Key word: violence against women, domestic violence, feminicide, Maria da Penha SUMÁRIO Introdução Capítulo 1 – O desenvolver da violência O que é a violência; Um pouco sobre o que é a violência; Quem é o agressor; Quem é a vítima; Por que ocorre a violência doméstica; Como a violência doméstica é combatida; Tipos de violência doméstica; Ciclo da violência; O combate contra a violência doméstica no Brasil; A Lei Maria da Penha. Capítulo 2 – Evitando o Crime Aspectos Constitucionais; Delegacia da Mulher – DEAMS; A ameaça de morte levada a sério; A Lei Maria da Penha pode impedir mortes; O Feminicídio; Tipos de Feminicídio; Objetivo e importância da Lei do Feminicídio; Feminicídio reprodutivo; Lei do Feminicídio; Feminicídio no Brasil. Capítulo 3 – mundos diferentes Espécies iguais, mundos diferentes As pesquisas comprovam a diferença Como a evolução do papel da mulher na sociedade mudou A mulher no campo de trabalho Fatos sobre as mulheres no mercado de trabalho As mulheres podem escolher o que desejam para suas vidas Motivos pelo qual as mulheres não denunciam seus parceiros Capítiulo 4 - Meios de proteção contra a violência doméstica O aumento da violência doméstica na quarentena de 2020 Vítimas de violência doméstica poderão fazer denúncia em farmácias Como combater a violência doméstica? Considferações Finais Referência 10 INTRODUÇÃO Em razão de haver altíssimos índices criminais cometidos contra as mulheres, o Brasil assume o quinto lugar no ranking mundial da violência contra a mulher. Consultando históricos de violência no país, somente em 2017, ocorreram mais de 60 mil estupros no Brasil. Além disso, a nossa cultura ainda se conforma com a discriminação da mulher por meio da prática, expressa ou velada, da misoginia e do patriarcalismo, o que resulta, em casos mais graves, no feminicídio. A grande quantidade de crimes praticados contra as mulheres e os altos índices de feminicídio apresentam justificativas suficientes para a implantação da lei 13.104/15. Além disso, são necessárias políticas públicas que promovam a igualdade de gênero por meio da educação, da valorização da mulher e da fiscalização das leis vigentes. A violência contra as mulheres representa violação de direitos humanos que ocorre independente de raça, religiosidade, etnia, orientação sexual e faixa etária. Dentre essas violações estão: o estupro, o abuso sexual, o feminicídio, a violência física, familiar, obstétrica, patrimonial, institucional e ainda a violência moral. Sua presença tão marcante na sociedade é reflexo da ausência de políticas públicas eficazes no enfrentamento e prevenção da violência. O governo e suas demais esferas precisam comprometer-se com essa pauta, tão essencial para a qualidade de vida, principalmente das mulheres, que acabam perdendo seus direitos básicos, como por exemplo o direito de ir e vir, que é barrado por seus agressores. 11 CAPÍTULO 1 O DESENVOLVER DA VIOLÊNCIA 1.O que é violênciaNas duas últimas décadas ocorreu um aumento muito importante dos estudos na área da saúde sobre a violência contra a mulher. Isso acontece por conta do reconhecimento da dimensão do fenômeno como um grave problema de saúde pública, por sua alta incidência e pelas consequências que causa à saúde física e psicológica das pessoas que sofrem violência. Se faz necessário saber diferenciar os tipos de violência existente praticadas. Existem três grandes categorias de violência, que correspondem às características daquele que comete o ato violento. Seriam: • a violência coletiva: esta inclui os atos violentos que acontecem nos âmbitos macrossociais, políticos e econômicos e caracterizam a dominação de grupos e do Estado. Nessa categoria estão os crimes cometidos por grupos organizados, os atos terroristas, os crimes de multidões, as guerras e os processos de aniquilamento de determinados povos e nações; • a violência auto infligida, ela é subdividida em comportamentos suicidas, e os auto abusos. No primeiro caso a tipologia contempla suicídio, ideação suicida e tentativas de suicídio. O conceito de auto abuso nomeia as agressões a si próprio e as automutilações; • a violência interpessoal, subdividida em violência comunitária e violência familiar, que inclui a violência infligida pelo parceiro íntimo, o abuso infantil e abuso contra os idosos. Na violência comunitária incluem- se a violência juvenil, os atos aleatórios de violência, o estupro e o ataque sexual por estranhos, bem como a violência em grupos institucionais, como escolas, locais de trabalho, prisões e asilos. 12 • A violência pode ser classificada com base na natureza dos atos violentos. Na área da saúde ela geralmente é dividida em quatro modalidades de expressão: física, psicológica, sexual e a que envolve abandono, negligência ou privação de cuidados. Esses quatro tipos de atos violentos ocorrem em cada uma das grandes categorias descritas anteriormente, exceto a violência auto infligida. Esses diferentes tipos de violência podem ser caracterizados como: • Abuso físico – ocorre quando é utilizado a força física para cometar atos para atingir a vítima; Segundo a OMS, os atos de violência física são classificados de acordo com sua gravidade em: • Ato moderado: ocorre quando há apenas violência verbal, sem haver contato físico para machucar fisicamente, uso de objetos para machucar a vítima sem marcar lesões com as mãos. O intuito aqui é causar dano psicológico principalmete. • Ato severo: ocorre quando há violência física que cause lesões temporárias. Podendo ocorrerameaças com arma ou qualquer outro objeto, agressões físicas que causem cicatrizes, lesões permanente, queimaduras e etc. • Ato de abuso psicológico – ocorre quando há violência verbal ou gestuais com o objetivo de aterrorizar, rejeitar, humilhar a vítima, restringir a liberdade ou, ainda, isolá-la do convívio social. • Ato de abuso sexual - ocorre quando há violação total a vítima, imobilizando-a e executando ou tentando executar o ato sexual concreto. • Negligência ou abandono – ocorre na ausência, recusa ou deserção de cuidados necessários a alguém que deveria receber atenção e cuidados. Para Nucci (2013, p.609), “Violência significa, em linhas gerais, qualquer forma de constrangimento ou força, que pode ser física ou moral [...]”. Portanto, não se fala apenas em violência física, mas sim moral e psicológica que, abalam a vítima não apenas fisicamente, mas diminuem 13 seu ego e abalando o seu íntimo. 1.2. Um pouco sobre o que é a violência doméstica A violência doméstica sempre esteve presente, desde o princípio na sociedade, fazendo vítimas mulheres de diversas classes sociais. Por antigamente serem consideradas frágeis e dependentes dos homens quase 100%, as mulheres passaram por décadas sendo consideradas inferiores e sendo praticamente objetos de seus maridos agressores. Claro que sempre ocorre uma excessão, mas no presente trabalho vamos frisar a violência ocorrida entre famílias com agressores. O que vale ressaltar que inicialmente eram em famílias que ocorria a prática de violência contra as mulheres. Não satisfeitos, os agressores passaram a se sentirem no direito de violentar qualquer mulher que sentissem que merecia de alguma forma o ato violente que desejavam praticar. A violência se torna doméstica quando é praticada e quando existe um agressor específico e uma vítima específica. Normalmente se trata de marido e mulher, sendo casados, namorados ou até mesmo quando o agressor se sente no poder de dominar a mulher, o principal objetivo é causar dano, e a vítima receber muitas vezes por anos, ou até causar um resultado letal. Não podemos excluir os casos de casais homossexuais. Eles se encaixam também na violência doméstica pois são legalmente reconhecidos pela lei como união estável. A violência doméstica se não for cessada gera ciclos. Muitas crianças crescem nesses ambientes de violência quase diária, e acreditam que a vida é assim, que o corretor é praticar tal ato. Sendo assim, crescem sendo agressores ou sendo vítimas. Pois o agressor cresce acreditando fielmente que o modo de tratar as mulheres é aquele (praticando qualquer tipo de violência), e as mulheres crescem acreditando fielmente que merecem serem tratadas da pior forma possível, pois sua mãe vivia neste ambiente de violência e aceitava, e elas crescem com essa crença. 14 1.3. Quem é o agressor O agressor pode ser qualquer pessoa com quem a vítima tenha uma relação íntima e de afeto. Por conta disso, vemos casos em que o agressor é o marido, namorado, ex-companheiros, pai, mãe, irmãos, padrastro, madrastra, entre outros. Por conhecer a vítima, o agressor sabe como dominar e abusar sem levantar suspeitas de ninguém. Em alguns casos, vemos que o agressor se tratar de um estranho não é mesmo? Podemos colocar como excessão sim uma pessoa maldosa que possa observar e acompanhar o andar da vítima, ou até mesmo ser levado a praticar o ato agressivo com uma vítima completamente estranha a ele como vemos muito nos jornais. mas essa é a excessão. Em 90% dos casos o agressor é um parente ou amigo próximo. 1.4. Quem é a vítima A vítima é considerada a pessoa que recebe a agressão. Pode ser a vítima direta ou indireta. A direta se trata da pessoa que recebe os maus tratos diretamente do agressor. A indireta é a criança que assiste a violência, da família que sofre quando sabe do ocorrido por exemplo. 1.5 Por que ocorre a violência doméstica? Não existe uma resposta concreta do motive que leva uma violência doméstica. Um dos maiores motivos é a alteração excessiva do agressor. Seja por uma discussão ou um motivo muito pequeno, seja por um término ou por ciúmes. Muitas vítimas sofrem os abusos semanalmente e até diariamente, lhe causando danos físicos e mentais, muitas vezes irreversíveis. - Uma volta no tempo: Há muitos anos a mulher era uma figura pública na sociedade que tinha apenas uma função: ser dona de casa. Era de criação a mulher aprender a servir a sua casa. Começava em sua própria casa servindo seu pai e a casa lavando, cozinhando e aprendendo atividades como costurar, fazer croche, bolos e nada que fosse produzido ou exercido fora de casa. 15 Ao atingir uma certa idade era obrigada praticamente a se casar e assim seguia com as mesmas rotinas e as mesmas obrigações, incluindo inclusive a obrigação de ser mãe e ficar em casa cuidando dos filhos enquanto o homem ia trabalhar. Sendo assim, as mulheres foram acostumando-se a apenas seguir regras, seguir ensinamentos, querendo ou não. Não tinha voz, não tinha opinião, não podiam ter profissão, não podiam sair da linha e ainda tinha que obedecer em tudo seu marido. A figura masculina era extremamente absolutista. Tinha que demonstrarsempre uma superioridade, uma posição na sociedade. Sendo assim se sentia no poder de exercitar em sua casa este absolutismo. Sempre mandando e demandando. Até que em um dado momento não conseguia seguia com um diálogo com sua parceira e partia para agressão para lhe calar. Assim ele cumpria seu papel e sua parceira cumpria o papel dela, sempre calada e obediente. E este ensinamento foi passado de geração em geração. Uma geração de homens absolutistas e de mulheres obedientes. Durante muito tempo acreditou-se que não se podia interferir nas relações pessoais, nos conflitos ocorridos na intimidade de cada família. A vida familiar era particular e cada um teria poder de manter a ordem sobre a sua, nem que para isso a violência fosse posta em prática. Assim durante um grande período o poder judiciário se absteve. Até então, na maioria dos casos a vítima não deixava transparecer ao mundo as agressões sofridas por falta da devida compreensão social. Alguns agressores utilizam alguns mecanismos de defesa ao questionar os motivos da agressão. Irei listar alguns dos “motivos” apontados: uso de bebidas alcoólicas é o maior fator seguido pelo término do relacionamento, uso de drogas, ciúmes com cônjuge, problemas com dinheiro, desemprego, problemas com a família (a própria do agressor e a da vítima também), a recusa a ficar em casa e não trabalhar, a recusa a exercer qualquer ordem do agressor, a recusa de fazer sexo, dificuldades no trabalho do agressor, estresse diário, mas o principal seria problemas psicológicos. Em todos os casos, ocorre uma alteração de humor, e o agressor se sente no direito de descontar na mulher. 16 1.6. Como a violência doméstica é combatida? Se buscarmos a resposta desde lá de trás, nunca foi combatida. A única forma de cessar os ataques seria: ficarem caladas e aceitarem, fugir do agressor ou morte de uma das partes. Por muito tempo, as mulheres carregaram e acreditaram na ideia de fragilidade e inferioridade que lhes davam pela sociedade. Por isso, gerações eram incentivadas e criadas a crerem que o sentido da vida e da felicidade dependia do casamento, devendo se doar e aceitar inteiramente o que lhe fosse imposto por seu marido em busca da harmonia de seu lar. Qualquer forma adversa de vida era errada, e não eram mais bem vistas pela sociedade. Após diversos casos serem apontados e começarem a crescer, as vítimas começaram a falar, a cansarem de serem sempre os seres inferiores da sociedade. Queriam ter uma posição na sociedade, queriam poder fazer outras coisas além de casar e cuidar de casa e filhos, queriam seguir sua essência e terem uma vida tão plena e completa como a vida projetada por sua família. Acredito que esse posicionamento se iniciou em alguma comunidade, alguma cidade, em algum país não tão distante. E a notícia foi se espalhando, o tempo foi passando e a mulher começou a lutar por si, começou a ignorar seus pais, ignorar a sociedade regida por muitos homens absolutistas, e começaram os movimentos para poderem florir na sociedade. Até que um dia, alguém cansou de apanhar, cansou de ficar calada e buscou ajuda. Até mostrar para todos que era errado tratar uma mulher como um objeto ou um cão que se pode fazer o que quiser, bater, chutar, socar, usar objetos para lhe machucar, algo que poderia usar as palavras mais ofensivas e achar que tem que ficar calada, como um objeto, que nasceu para receber maus tratos. Hoje em dia, a violência doméstica é contida pela Lei e pela sociedade. A sociedade começou a enxergar que algo deveria mudar, algo deveria ser feito para combater, e começaram a lutar com suas próprias mãos também. A Lei é auxiliadora, mas também é falha em alguns momentos. Mas graças a algumas mudanças no passar dos anos tem salvado muitas mulheres de seu destino, a morte. 17 1.7 Tipos de violência Violência física: A violência é física quando ocorre qualquer ato que venha a ferir a integridade corporal da vítima. Ex: tapas, socos, chutes, puxar cabelo, morder, cuspir, usar objetos para ferir são os mais comuns. A violência física é a mais comum de vermos nos relatos de violência doméstica, e mais difícil de se combater. Muitas vezes é ocultada pela própria vítima por sofrer ameaças do agressor, dizendo por exemplo que se a vítima contar irá prejudicar os filhos ou irá morrer. Violência psicológica: A violência é psicológica uando ocorreo ações que causem danos psicológicos. Ex: humilhação, chantagem, insulto, isolamento e ridicularização. Além disso, formas de controle sobre o comportamento da mulher, como impedi-la de sair e modo de se vestir, também se enquadram na definição. Violência sexual: A violência é sexual quando a mulher é forçada a presenciar ou participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação de qualquer natureza: ameaça, coação ou uso da força. Também impedir que a mulher faça uso de métodos contraceptivos, forçá-la a se casar, engravidar, abortar ou se prostituir. Violência patrimonial A violência é patrimonial quando o agressor destrói bens, documentos pessoais, instrumentos de trabalho e recursos econômicos necessários a mulher. Violência moral A violência é moral quando ocorre calunia, difamação ou injúria contra a vítima. Também se enquadra, principalmente nos dias atuais, vazar fotos íntimas da vítima e ofensas nas redes sociais. 18 Violência contra o homem São poucos casos, mas existe na atualidade procura de auxílio para os homens que sofrem agressões por suas mulheres. Se enquadra qual pessoa no grupo LGBT. 1.8 Ciclo da violência A violência doméstica pode se apresentar de diferentes formas e, dentro de um relacionamento amoroso, um ambiente familiar, ocorre dentro de um ciclo que é constantemente repetido, segundo a psicóloga norte- americana Lenore Walker. O Instituto Maria da Penha ordenou os três principais estágios desse ciclo: Aumento da tensão O agressor se mostra tenso e irritado por coisas insignificantes e pode ter acessos de raiva. Nesse momento, é comum ele praticar humilhação, fazer ameaças e quebrar objetos da vítima. A mulher tenta acalmar o agressor e evita qualquer conduta que possa “provocá-lo”. A mulher normalmente acha que fez algo de errado para justificar o comportamento violento do companheiro. Em geral, a vítima tende a negar e esconde os fatos das demais pessoas. Essa tensão pode durar dias, semanas ou anos. Ato de violência Nessa fase ocorre a falta de controle do agressor, e chega ao limite extremo e leva ao ato violento. Aqui, toda a tensão da fase anterior se materializa em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. Arrependimento Após o ato violento, o agressor demonstra arrependimento e se torna amável para conseguir a reconciliação. Normalmente a mulher tende a ceder e acreditar que o fulano está realmente arrependido e foi apenas um deslize. É comum ver que a mulher se sinta confusa ou pressionada a manter o relacionamento, principalmente se o casal tem filhos. O agressor passa um período se "comportando" e mostrando que mudou, para posteriormente decair novamente e voltar as agressões. 19 1.9 O combate contra a violência doméstica no Brasil Foi necessário que muitas vítimas sofressem e pagassem com a própria vida para que o Estado percebesse a gravidade da violência doméstica e iniciasse alguma ação para amparar as vítimas. Depois de muito tempo, foi criado a lei 11.340, mais conhecida como Maria da Penha aqui no Brasil. A lei passou a ser chamada de Maria da Penha em homenagem a uma das mais conhecidas vítimas da violência doméstica. Entre muitas agressões e tentativas de homicídio, Maria da Penha foi uma das mulheres que iniciou a luta das mulheres em busca de amparo jurídico contra a violência doméstica.Porém, as medidas tomadas pela lei Maria da Penha em sua maioria não condizem com a realidade enfrentada pela vítima. Conforme dito anteriormente, o sentimento de inferioridade e fragilidade sempre esteve muito constante no cotidiano feminino, surgindo com ele a submissão e seguidamente a violência doméstica. Concordamos com Dias (2007, p.16) quando diz que “[...] o homem se tem como proprietário do corpo e da vontade da mulher e dos filhos”, achando-se no direito de utilizar da força física quando entender necessário. Se torna difícil denunciar quem reside no o mesmo teto, a pessoa com quem se tem um vínculo afetivo e se tem filhos em comum e que, na maioria das vezes, é o responsável pelo sustento da família. A conclusão só pode ser uma: as mulheres nunca param de apanhar, sendo a sua casa o lugar mais perigoso para ela e os filhos. Um grande passo dado pela Constituição Federal em seu artigo 98 inciso I, foi a criação de Juizados Especiais, Lei 9.099/1995 para julgamento de crimes de menores potenciais ofensivos. Entretanto, a lei do juizado especial possui medidas de pena de multa ou pena restritiva de direitos, e não faz constar nada em certidões de antecedentes criminais e nem reincidência, das quais foram prejudiciais para a violência doméstica, pois quando a vítima criava coragem para denunciar o agressor poderia ser despenalizado, não surgindo qualquer efeito positivo. Pelo aumento das estatísticas de violência e o baixo índice de condenações o legislador começou a tomar consciência, criando-se a Lei 20 nº 10.455/2002 e a Lei nº 10.886/2004. A primeira criou a medida cautelar que permite o afastamento do agressor da vítima e a segunda acrescentou a lesão corporal leve aumentando a pena para o delito da violência doméstica. Mas ainda faltava uma lei exclusiva de amparo a violência contra a mulher. A criação de uma lei de proteção à mulher contra a violência doméstica seria como uma luz no fim do túnel para muitas mulheres que lutavam contra a violência, mas tinham suas vozes caladas pelo desfavorecimento da legislação que até então regulava este tipo penal. 1.10. A lei Maria da penha Foi necessário ocorrer muitos movimentos e superar muitos sofrimentos para que o objetivo feminino fosse alcançado, mas até hoje essa luta prevalece. O start para a tomada de atitudes que efetivamente promovesse resultados positivos no país foi o caso da famosa Maria da Penha, que repercutiu nacionalmente e internacionalmente pelo tamanho sofrimento. Após vários episódios vivenciados de violência e tentativas de homicídio sofridas por parte do marido, a Maria ficou com sequelas irreversíveis como a paraplegia, mas jamais deixou de lutar por justiça, tornando- se um símbolo grandioso da luta feminina contra a violência doméstica no país. Diariamente não se tem um caso específico que tenha ganhado destaque, o que se vê hoje em dia são casos espalhados por todo o país nas variadas classes sociais e em diferentes situações. Criou- se então no país a Lei 11.340/2006 com a seguinte ementa: Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Vale ressaltar que a lei está clara e direcionada especificamente a combater a violência contra a mulher ocorrida no âmbito familiar ou não, porém sempre deve haver relação de intimidade entre a parte ativa e a parte passiva, caso não seja, a vítima da violência não será contemplada 21 com esta lei. Hoje, alguns juízes já reconhecem que a lei pode proteger o homem e LGBT se esse for a parte passiva, porém ainda há divergências em relação a isso. Existem algumas forma de proteger as mulheres vítimas de violência, sendo uma das alternativas de recorrer ao Poder Judiciário. As medidas protetivas possuem como objetivo assegurar a mulher a proteção de sua integridade, e que proíbe o agressor a cumprir limites, tais como: proibição e aproximação e contato com a vítima, afastamento do lar, suspensão de porte de arma e não frequentar determinados lugares. Após a criação da Lei Maria da Penha o índice de violência diminuiu de forma relevante. Mas a divulgação da lei e das medidas protetivas que lhe é oferecido devem ser chegar de forma ainda maior para as mulheres que sofrem sendo vítimas. Quanto maior o número de mulheres que denunciarem, maior será a quantidade de casos, pois essa divulgação faz com que outras vítimas tomem a mesma atitude. Porém, há muitas mulheres que ainda não possuem conhecimento de como chegar ao Poder Judiciário, por falta de informação ou até mesmo por sentirem-se envergonhadas com a situação a qual convivem. A assistência por políticas públicas para as vítimas é muito importante, pois esta se encontra cheia de dúvidas e medos acerca de sua atitude com o agressor, o que muitas vezes causa a retratação da vítima. Para tanto, se torna de suma importância um conjunto assistencial para as vítimas, de formas a amparar e incentivá-las a manter a denúncia. Interessante se faz o trabalho dos policiais no acompanhamento da vítima, desde a retirada de seus objetos da casa, e até chegarem ao desvendar do ocorrido, seguindo para o Poder Judiciário, onde serão solicitadas as medidas protetivas. Também realizam o trabalho de afastar o agressor da sua casa. Dispõe o Artigo 11, da Lei 11.340 de 2006: Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; 22 II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal; III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis. (BRASIL, 2006). Obviamente, a formação dos profissionais que irão atuar com essas vítimas, é imprescindível, pois é importante que estejam preparados para os diversos tipos de situações, sabendo falar e ouvir corretamente em cada caso concreto. A preferência de profissionais nessa área seria do sexo feminino, pois na maioria dos casos as mulheres que procuram a delegacia são vítimas de homens, podendo trazer consigo traumas e sentirem medo e constrangidas no momento da denúncia. Bem como os demais crimes condicionados a representação, a Lei 11.340/2006 necessita que a vítima represente contra o autor dos fatos, é preciso que expresse vontade. Em muitos casos, as vítimas utilizam da queixa apenas para dar um" susto "no companheiro, queixando-se e após retratando-se/renunciando à representação. A diferença da retratação na Maria da Penha se dá em frente ao juiz para que as vítimas compreendam a seriedade do assunto. Como já acontecem, são vários os casos de representação e em seguida retratação, repetidos várias vezes pela mesma vítima, que lotam o sistema judiciário, o deixando de mãos atadas para tomar atitudes com o agressor. 23 CAPÍTULO 2 EVITANDO O CRIME 2.1. Aspectos constitucionais Os juizados especiais criados com a Lei Maria da Penha, contam com uma equipe diversificada de profissionais das áreasda saúde, jurídica e psicológica. Nas comarcas onde esses ainda não tenham sido criados, os crimes devem ser julgados nas varas criminais. Um aspecto muito importante da Lei 11.340/2006 é o fato de que não se pode aplicar penas pecuniárias ou pagamento de cestas básicas pelo agressor. Além da criação de políticas públicas que visam auxiliar as vítimas da violência. As normas programáticas que estão estabelecidas no Artigo 3º, § 1º da referida Lei tem como objetivo proteger a mulher de toda e qualquer forma de discriminação, violência, crueldade e negligência. Em seu texto, a Lei determina que seja criado um sistema de base de dados referentes à violência doméstica, denominado Sistema Nacional de Dados e Estatísticas sobre a Violência Doméstica. O objetivo da criação desse sistema nacional era para verificar a funcionalidade e a aplicabilidade da lei. A partir da obtenção dos dados é que se tem a possibilidade para verificar a eficácia nas diferentes regiões do país. A Lei Maria da Penha marca o início de um novo tempo, pois essa norma jurídica transformou os casos envolvendo mulheres vítimas de violência, uma vez que antes eram tratados pelo direito penal como irrelevantes, pois se enquadravam em crimes de menor potencial ofensivo. Pelo fato da violência doméstica acontecer no ambiente familiar e na maioria das vezes não chegava a se tornar pública a Lei n. 11.340/2006 trouxe um avanço incalculável, pois essa situação deixou de ser tratada como privada e se tornou um problema público, um problema de justiça social. A lei estabelece que os processos sejam tratados com mais agilidade em relação aos outros casos e que o tratamento seja diferenciado por parte dos policiais e dos agentes. Quando uma vítima procura a Deams - Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, ela pode solicitar que sejam aplicadas as 24 medidas de segurança para proteção para afastar o agressor de perto dela, a medida de proteção emergencial serve para que o agressor cumpra certas medidas impostas pela lei, como forma de garantir à vítima a preservação, seja ela temporária ou não, de sua integridade física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. A Lei Maria da Penha também sofre diversas críticas em relação a sua aplicabilidade e constitucionalidade, alguns alegam inconstitucionalidade, uma vez que a Constituição pressupõe que a lei seja igual para todos, portanto não seria possível dar um tratamento diferenciado para as mulheres. Ainda há intolerância em relação à Lei, já que ainda vivemos em uma sociedade preconceituosa e de cultura patriarcal. 2.2. Delegacia da mulher – DEAMS As delegacias da mulher são órgãos especializados da Polícia Civil criados em meados da década de 80 como política social de luta contra a impunidade e para dar atendimento mais adequado às mulheres vítimas de" violência conjugal "e crimes sexuais. A primeira Delegacia da Mulher foi criada no ano de 1985, na cidade de São Paulo, no decorrer das décadas de 80 e 90 foram criadas delegacias especializadas no atendimento a mulheres nas principais cidades brasileiras. A finalidade da DEAM não é apenas a de punir os agressores, mas também amparar as vítimas, explicando e defendendo seus direitos, estimulando as denúncias das agressões, além de realizar estudos para identificar o perfil dos ofensores. Importante instrumento de combate à violência contra a mulher e como forma de repúdio à maneira como elas eram tratadas nas delegacias comuns, que em sua quase totalidade eram administradas por homens que, não raro , apresentavam grande dificuldade de reconhecer como crime a violência doméstica, preferindo entender agressões ocorridas no lar como “meros desentendimentos familiares”, as Delegacias das Mulheres, como se convencionou chamar aquelas repartições, nasceram com o desiderato de, num primeiro momento, criar um ambiente mais acolhedor para a vítima, de forma que ela fosse tratada com mais atenção, mais respeito. 25 A lei Maria da Penha em seu art. 8º, IV, prevê “a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher”. Vale ressaltar que as denúncias não precisam ser feitas exclusivamente nas delegacias de mulheres, uma vez que todas as delegacias podem receber a denúncia e após transferir o caso para as especializadas. O procedimento é simples a autoridade policial ouve a vítima e confecciona o REDES, ou seja, o boletim policial, colhe todas as provas e no prazo de 48 horas deve remeter o expediente para o juiz com pedido de deferimento de medidas protetivas de urgência. Registrada a ocorrência a vítima deve ser submetida a exame de corpo de delito. A proteção policial é entendida como o encaminhamento da vítima ao hospital, transporte para uma local seguro, acompanhá-la até o local dos fatos para retirar seus pertences e ainda informar seus diretos e serviços disponíveis. Para o efetivo cumprimento das regras estipulas na lei Maria da Penha é preciso que as delegacias sejam estruturadas com profissionais qualificados e para isso o Estado precisa investir na segurança pública e no aperfeiçoamento dos policiais civis e militares. É de suma importância que todos os passos sejam seguidos de forma atenta e segura. Deve sempre levar em consideração o que a vítima diz, o que ela relata, a denúncia recebida, para que evite o próximo passo normalmente cometido pelos agressores: o Feminicídio. 2.3. A Lei Maria da Penha pode impedir mortes Entre as propostas para evitar essas ‘mortes anunciadas’, uma é mais recorrente na avaliação dos profissionais que atuam no campo da violência contra as mulheres: o engajamento das instituições públicas para efetivar plenamente a Lei Maria da Penha é um caminho, tanto no sentido de proteção à vida das mulheres em situação de violência, no curto prazo, quanto para coibir o problema, por meio das ações de prevenção no longo prazo. A ampla e efetiva aplicação da Lei Maria da Penha e a atualização da doutrina jurídica para inclusão das inovações que ela trouxe 26 indicam, assim, um caminho para evitar que as vidas de milhares de mulheres tornem-se estatísticas alarmantes. 2.4. A ameaça de morte levada a sério Profissionais que atendem mulheres em situação de violência salientam a importância de se reconhecer e não subestimar a ameaça e outras formas de violência psicológica. Com frequência, por não deixarem evidências aparentes, esses casos acabam sendo considerados menos importantes pelos profissionais da rede de atendimento ou até pela própria vítima. A violência psicológica é considerada pela Organização Mundial da Saúde como a forma mais presente de agressão intrafamiliar à mulher, que apesar de não deixar marcas físicas evidentes, é uma grave violação dos direitos humanos das mulheres, que produz reflexos diretos na sua saúde mental e física. Casos que ganharam repercussão pública, como o assassinato da jornalista Sandra Gomide por seu ex, Pimenta Neves, mostram que, quando se trata de violência doméstica, as ameaças têm que ser levadas a sério. Sandra Gomide tinha 32 anos quando foi assassinada. Quinze dias antes do crime, Pimenta Neves invadiu seu apartamento, agrediu-a com dois tapas e a ameaçou de morte. “Nunca se pode minimizar a ameaça porque nunca se sabe o que vai acontecer. O que percebo é que, quando se trata de violência doméstica e intrafamiliar, há casos de pessoas que ameaçam e acabam matando, como também há casos de quem nunca ameaçou e comete o crime. Acho que sempre temos que dar importância e, na dúvida, aplicar a medida de proteção.” Teresa Cristina Cabral dos Santos, juíza do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e titular da 2ª Vara Criminal da Comarca de Santo André/SP. 2.5.O Feminicídio O feminicídio é o homicídiopraticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher (misoginia e menosprezo pela condição feminina ou discriminação de gênero, fatores que também podem envolver violência sexual) ou em decorrência de violência doméstica. A lei 13.104/15, mais conhecida como Lei do Feminicídio, alterou o 27 Código Penal brasileiro, incluindo como qualificador do crime de homicídio o feminicídio. 2.5.1Tipos de feminicídio A Lei do Feminicídio não enquadra, indiscriminadamente, qualquer assassinato de mulheres como um ato de feminicídio. O desconhecimento do conteúdo da lei levou diversos setores, principalmente os mais conservadores, a questionarem a necessidade de sua implementação. Devemos ter em mente que a lei somente aplica-se nos casos descritos a seguir: Violência doméstica ou familiar: quando o crime resulta da violência doméstica ou é praticado junto a ela, ou seja, quando o homicida é um familiar da vítima ou já manteve algum tipo de laço afetivo com ela. Esse tipo de feminicídio é o mais comum no Brasil, ao contrário de outros países da América Latina, em que a violência contra a mulher é praticada, comumente, por desconhecidos, geralmente com a presença de violência sexual. Menosprezo ou discriminação contra a condição da mulher: quando o crime resulta da discriminação de gênero, manifestada pela misoginia e pela objetificação da mulher. Quando o assassinato de uma mulher é decorrente, por exemplo, de latrocínio (roubo seguido de morte) ou de uma briga simples entre desconhecidos ou é praticado por outra mulher, não há a configuração de feminicídio. O feminicídio somente qualificará um homicídio nos casos descritos nos tópicos acima. 2.6. Objetivo e a importância da Lei do Feminicídio Em razão dos altíssimos índices de crimes cometidos contra as mulheres que fazem o Brasil assumir o quinto lugar no ranking mundial da violência contra a mulher, há a necessidade urgente de leis que tratem com rigidez tal tipo de crime. Dados do Mapa da Violência revelam que, somente em 2017, ocorreram mais de 60 mil estupros no Brasil. Além disso, a nossa cultura ainda se conforma com a discriminação da mulher por meio da prática, expressa ou 28 velada, da misoginia e do patriarcalismo. Isso causa a objetificação da mulher, o que resulta, em casos mais graves, no feminicídio. A imensa quantidade de crimes cometidos contra as mulheres e os altos índices de feminicídio apresentam justificativas suficientes para a implantação da lei 13.104/15. Além disso, são necessárias políticas públicas que promovam a igualdade de gênero por meio da educação, da valorização da mulher e da fiscalização das leis vigentes. 2.7. Feminicídio reprodutivo Os tipos de feminicídio são, basicamente, aqueles apresentados pela lei (em decorrência da violência doméstica e da misoginia com ou sem violência sexual). Porém, a pesquisadora Jackeline Aparecida Ferreira Romio, doutora em Demografia pela Unicamp, qualifica em sua pesquisa outro tipo de feminicídio, o feminicídio reprodutivo, que decorre de abortos clandestinos feitos em clínicas ilegais ou por meio de métodos caseiros. Essa polêmica classificação de Jackeline Romio é importante por chamar a atenção para o fato de que o feminicídio também decorre, estruturalmente, de um sistema legal que imprime a misoginia na forma de controle social sobre a mulher. A proibição do aborto é uma forma de controlar o corpo e, concomitantemente, de manter um certo tipo de poder sobre as mulheres, além de não ser uma medida eficaz contra a prática. O que vemos, em geral, é que a proibição legal não cessou o número de abortos cometidos, mas fez com que as mulheres procurassem as clínicas ilegais, geralmente locais sem condições sanitárias mínimas para realizar qualquer procedimento de saúde, ou as aborteiras, que se utilizam de métodos caseiros igualmente perigosos. 2.8. Lei do Feminicídio A Lei 13.104/15, mais conhecida como Lei do feminicídio, introduz um qualificador na categoria de crimes contra a vida e altera a categoria dos chamados crimes hediondos, acrescentando nessa categoria o feminicídio. Confira a lei: 29 Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. § 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Aumento de pena § 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” (NR) Art. 2º O art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, passa a vigorar com a 30 seguinte alteração: “Art. 1º I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV, V e VI); Também houve alteração da seção dos crimes hediondos (lei nº 8.072/90) por meio da lei 13.104/15, que colocou o feminicídio na mesma categoria desses crimes, o que resultou na necessidade de se formar um Tribunal do Júri, ou o conhecido júri popular, para julgar os réus de feminicídio. Pena para os crimes de feminicídio: Por se tratar de uma forma qualificada de homicídio, a pena para o feminicídio é superior à pena prevista para os homicídios simples. Enquanto um condenado por homicídio simples pode pegar de 6 a 20 anos de reclusão, um condenado por feminicídio pode pegar de 12 a 30. Isso iguala a previsão das penas para condenados por homicídio qualificado e feminicídio. 2.9. Feminicídio no Brasil Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre 2007 e 2011, ocorreu, em média, um feminicídio a cada uma hora e meia no Brasil, o que resultou em um total de 28.800 feminicídios registrados no período. O Mapa da Violência de 2015 aponta a ocorrência de 13 feminicídios por dia no Brasil contra os 16 apontados na amostragem do IPEA de 2007 a 2011. A maior parte desses crimes é praticada por homens que vivem ou viveram com a vítima, sendo namorados, parceiros sexuais ou maridos. Além dos altos índices de feminicídio, existem ainda muitos casos de estupro e lesão corporal gerada por violência doméstica. Diante de tantos dados de crimes cometidos contra as mulheres e do fato de o Brasil ocupar o quinto lugar no ranking de violência contra a mulher (ficando à frente de países árabes em que a Lei Islâmica é incorporada no sistema legal oficial), é necessário pensar a origem 31 de tanta violência. Como afirmam algumas teorias feministas, a origem dessa violência está na cultura patriarcal e misógina que ainda permeia a nossa sociedade. CAPÍTULO 3 MUNDOS DIFERENTES 3.1 Espécies iguais, mundos diferentes. Homens e mulheres evoluíram de modos diferentes porque tinha de ser assim. Os homens caçavam, as mulheres ficavam com o grupo ou família. Os homens protegiam, as mulheres cuidavam. Como resultado, seus corpos e cérebros tomaram rumo diversos no processo de evolução e se transfomaram para se adaptarem melhor às suas funções específicas. Os homens se tornaram mais altos e mais fortes que a maioria das mulheres, e seus cérebrosse desenvolveram para cumprir as tarefas que lhes cabiam. As mulheres ficavam satisfeitas de ver seus homens saírem para trabalhar enquanto elas mantinham o fogo aceso na caverna. Seus cérebros, então, evoluíram para atender ás funções que precisavam desempenhar. Assim, por milhões de anos, as estruturas dos cérebros de homens e mulheres foram se formando de maneiras diferentes. Hoje em dia, sabemos que homens e mulheres processam a informação de modos distintos. Pensam diferente. Têm crenças, percepções, prioridades e comportamentos diversos. Desconhecer este fato é uma receita certa de confusão, sofrimento e desilução para toda a vida. 3.2 As pesquisas comprovam a diferença. A partir do final dos anos 80 houve uma explosão de pesquisas sobre diferenças entre homens e mulheres e sobre o modo como seus cérebros funcionam. Pela primeira vez, avançados equipamentos de mapeamento computadorizado nos permitiram ver o cérebro trabalhando "ao vivo", e essa observação da vasta paisagem da mente humana forneceu muitas respostas às questões sobre diversidade entre os sexos. Durante a maior parte do século XX, essas diferenças foram explicadas pelo condicionamento social, ou seja: somos como somos por causa das atitudes de nossos pais e professores, que, por sua vez, refletem as atitudes da sociedade em que vivem. Meninas se vestem de rosa e ganham bonecas de presente, meninos se vestem de azul e ganham bola e espadas. Mocinhas são tocadas e 32 acariciadas, rapazes levam tapas nas costas e aprendem que homem não chora. Até recentemente, acreditava-se que quando uma criança nasce sua mente é uma página em branco, onde os educadores imprimem suas escolhas e preferências. Recentes estudos de biologia mostraram, porém, um paronama completamente novo e apontam os hormônios e o cérebro como os principais responsáveis por nossas atitudes, preferências e comportamento. Isso quer dizer que, ainda que criados em uma ilha deserta, sem uma sociedade organizada ou pais que os influenciassem, meninos competiriam física e mentalmente entre eles, formando grupos com uma nítida hierarquia, e meninas trocariam abrações, laços eternos de amizade e brincariam de boneca. Desde os anos 60, vários grupos vêm tentando nos convencer a renegar nossa herança biológica. Afirmam que governos e sistemas educacionais se aliaram ao objetivo masculino de dominação, reprimindo as mulheres que tentavam se destacar. Um modo ainda mais eficiente de controle seria mantê-las sempre grávidas. Nós não somos idênticos biologicamente falando, mas homens e mulheres devem ser iguais no direito à oportunidade de desenvolver plenamente suas potencialidades, mas, definitivamente, não são idênticos. Se homens e mulheres têm direitos iguais, isto é uma questão política e moral. Se são idênticos, é uma questão científica. Por muitos anos o homem teve uma posição na sociedade e a mulher teve uma posição. Mas o mundo mudou, as rotinas mudaram, e a mulher não precisa mais ficar em casa cuidando do fogo e das crianças. Tampouco o homem precisa ficar o dia todo caçando alimento. Existem famílias em que a mulher é a provedora principal da casa, enquanto o marido fica em casa ou toca seu próprio negócio e pode ter mais tempo de ficar em casa. existem famílias em que os dois trabalham fora, ou os dois trabalham juntos no negócio da família. Ou existem famílias chamadas "tradicionais" em que o homem continua saindo de casa para trabalhar enquanto a mulher fica em casa cuidando da casa e dos filhos, e cada família está certa em seu modo de agir e de pensar. Vamos usar como o exemplo acima o fato de que só os homens caçavam e as mulheres ficavam nas cavernas cuidando. Se isso fosse uma regra na socieda, como seriam os casais homossexuais? Se fosse composto de dois homens os dois sairiam para "caçar" e ninguém cuidava da casa? Ou se fossem duas mulheres as duas ficariam cuidando da "caverna" e ninguém caçava? Conforme a sociedade muda, devemos nos adaptar. 3.3 Como a evolução do papel da mulher na sociedade mudou. Na era moderna, seja na teoria ou na prática, a ideia de separação 33 espacial entre casa e trabalho estava relacionada à divisão sexual tradicional de homens e mulheres e ao seu papel na vida cotidiana. Tudo começou quando as mulheres entraram no ambiente de trabalho. Em tempos anteriores, após trabalhar o dia inteiro em uma fábrica ou escritório, em uma cidade industrial, a figura masculina voltava para sua serena casa suburbana, mantida por sua esposa. Essa ideia de casa dos sonhos era na verdade "um estímulo ao trabalho remunerado masculino e um contenedor para o trabalho feminino não remunerado". Quando as mulheres entraram no ambiente de trabalho, surgiram questões sobre a servidão do lar convencional. Naquela época, qualquer que fosse o tipo de casa, ela era sempre organizada em torno do mesmo conjunto de espaços: cozinha, sala de jantar, sala de estar, quartos, garagem, exigindo, basicamente, alguém responsável por "cozinhar, limpar e cuidar das crianças". A inserção da figura feminina no mercado de trabalho tem como destaque a época em que as indústrias se fortaleciam cada vez mais, os efeitos do capitalismo e das condições da infraestrutura social foram sentidos com intensidade através da Revolução Industrial trazendo consigo o empobrecimento dos trabalhadores, com famílias que viu-se atingidas pela mobilização da mão de obra da mulher e dos menores nas fábricas. Com isso, os desníveis entre as classes sociais foram observados de tal modo que o pensamento humano não relutou em afirmar a existência de uma séria perturbação ou problema social. Durante o processo de industrialização, o trabalho feminino tornou-se mais acessível aos olhos dos empregadores sendo aproveitado em larga escala, deixando a mão de obra masculina em segundo plano, isto porque os baixos salários eram destinados às mulheres. Mesmo com a preferência pela mão de obra feminina pelos empregadores, a mulher sempre foi pouco valorizada na história, tanto na sociedade quanto na sua participação nas relações de trabalho, isto porque a preferência pela mulher no mercado de trabalho era, tão somente, em razão do baixo custo pela sua mão de obra, ainda, a mulher enfrentava a desvantagem de ter a figura masculina sempre em evidência, no entanto, o que se viu foi que a mulher através do seu trabalho contribuiu grandemente para o crescimento e a evolução da sociedade em todos os seus aspectos. Perceptível que a mulher mesmo contribuindo de forma positiva no 34 mercado, sofria preconceito e discriminação, o que fez dela alvo de desigualdades no decurso do tempo. Sabido é que mesmo com a presença feminina cada vez mais sólida nos postos de trabalho, os cargos de chefia e gestão que por sua vez eram melhores remunerados, sempre foram destinados aos homens, pois a questão do gênero feminino sempre foi obstáculo para o avanço da mulher no mercado de trabalho, e suas características sempre foram relacionadas à fragilidade, lançando mão do profissionalismo e da sua capacidade para o labor. Ademais, também existia a omissão do Estado sobre as relações de trabalho da mulher, que não existia limitação da jornada de trabalho, idênticas exigências dos empregadores quanto às mulheres e homens indistintamente, insensibilidade diante da maternidade e dos problemas que pode acarretar à mulher, quer quanto às condições pessoais, quer quanto às responsabilidades de amamentação e cuidado com os filhos em idade de amamentação. Portanto, o trabalho na indústria fez com que a mulher se apartasse de seu lar, por 14, 15 ou até 16 horas diárias, expondo-a a atividade profissional em ambientes insalubres e cumprindo obrigações que muitas vezes eram superiores às suas possibilidades físicas. Isso acontecia pelo simples fato de que o objetivo do empregador consistia em somente enriquecer. Portanto onde existe a discriminaçãoe o preconceito não há que se falar em igualdade, e é por isso que a mulher ao longo dos anos vem lutando pela igualdade de direitos principalmente na relação de trabalho, naquilo que elas podem ser comparadas aos homens. Apesar de ter ocorrido tamanha injustiça anteriormente, as mulheres estão conseguindo a cada dia mais igualdade. Os grandes cargos já estão sendo ocupados por figuras femininas, muitos escritórios optam por contratarem apenas mulheres, não por causa de seu trabalho bom e barato, mas pela eficiência. Ademais, hoje existem piso salarial, uma média de quanto a profissão escolhida deve receber, sendo assim, caso haja injustiça, as mulherem têm a quem recorrer. 3.4 A mulher no campo de trabalho. Nas últimas décadas do século XX, presenciamos um dos fatos mais marcantes na sociedade brasileira, que foi a inserção, cada vez mais crescente, da mulher no campo do trabalho, fato este explicado pela combinação de fatores econômicos, culturais e sociais. Em razão do avanço e crescimento da industrialização no Brasil, 35 ocorreram a transformação da estrutura produtiva, o contínuo processo de urbanização e a redução das taxas de fecundidade nas famílias, proporcionando a inclusão das mulheres no mercado de trabalho. Uma constatação recorrente é a de que, independente do gênero, a pessoa com maior nível de escolaridade tem mais chances e oportunidades de inclusão no mercado de trabalho. Conforme estudos recentes, verifica-se, mesmo que de forma tímida, que a mulher tem tido uma inserção maior no mercado de trabalho. Constata-se, também, uma significativa melhora entre as diferenças salariais quando comparadas ao sexo masculino. Contudo, ainda não foram superadas as recorrentes dificuldades encontradas pelas trabalhadoras no acesso a cargos de chefia e de equiparação salarial com homens que ocupam os mesmos cargos ou ocupações. Ainda nos dias de hoje é recorrente a concentração de ocupações das mulheres no mercado de trabalho, sendo que 80% delas são professoras, cabeleireiras, manicures, funcionárias públicas ou trabalham em serviços de saúde. Mas o contingente das mulheres trabalhadoras mais importantes está concentrado no serviço doméstico remunerado; no geral, são mulheres negras, com baixo nível de escolaridade e com os menores rendimentos na sociedade brasileira. O trabalho não remunerado da mulher, especialmente o realizado no âmbito familiar, não é contabilizado por nosso sistema estatístico e não possui valorização social, nem pelas próprias mulheres, embora contribuam significativamente com a renda familiar e venha crescendo. Os números, como já falamos anteriormente, ajudam muito a entender o crescimento da mulher no mercado de trabalho. Dados dos censo demográfico do IBGE mostram que, em 1950, apenas 13,6% das mulheres eram economicamente ativas. No mesmo período, o índice dos homens chegava a 80,8%. Sessenta anos depois, os dados de 2010 mostraram que a participação feminina mais que triplicou, passando para 49,9%. Entre os homens, por outro lado, o dado caiu para 67,1%. Ao longo das últimas décadas, foi possível perceber sinais de progresso em termos de igualdade de gênero no mercado de trabalho. 3.5 Fatos sobre as mulheres no mercado de trabalho. Mulheres na política 36 Uma das áreas consideradas decisivas para diminuir as disparidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho é a política. De acordo com dados do IBGE de dezembro de 2017, elas ainda ocupam apenas 10,5% dos assentos da Câmara dos Deputados e 16% no Senado. Um número muito pequeno, especialmente, se considerarmos que as mulheres já representam mais da metade da população brasileira. Mas muita coisa mudou desde que Carlota Pereira de Queirós se tornou a primeira deputada, em 1934. De lá para cá, muitas outras mulheres ocuparam cargos eletivos. Desde o ano de 1995, o Brasil conta com uma legislação que prevê as chamadas cotas eleitorais, que deveriam reservar um percentual de candidaturas para as mulheres nas eleições. Ainda assim, a medida só se tornou realmente obrigatória a partir de 2009, com uma nova lei. Agora, é preciso que haja ao mesmo 30% e no máximo 70% de candidaturas de cada sexo em cada partido ou coligação. Vale dizer que, dentre os 190 países que informaram à Inter-Parliamentary Union, o percentual de cadeiras ocupadas por mulheres em suas câmaras baixas ou parlamento unicameral, o Brasil está em 157° lugar. Maior escolaridade Apesar de todos os dados e contextos que já apresentamos, vale ressaltar que as mulheres têm superado os homens nos indicadores educacionais, que acabam referindo diretamente no mundo do trabalho. Segundo o IBGE, 23,5% das mulheres com 25 anos ou mais possuem ensino superior completo, contra 20,7% dos homens. O maior desafio pela frente é que a qualificação atingida por elas tenha reflexo também nos postos ocupados e nos salários oferecidos. Liderança feminina O estudo “Women in Business 2017”, realizado pela Grant Thornton, reforça o quanto ainda precisamos avançar. Feito com mais de cinco mil participantes de 36 países, a pesquisa indica avanços e também disparidades persistentes no meio corporativo quando o foco são as mulheres.Mas apesar de mostrar que a taxa de mulheres ocupando cargos de gerência ainda é pequena, o estudo também traz boas perspectivas: a proporção feminina em cargos de CEO subiu de 11% para 16% ao longo do ano passado. O grande desafio é manter o índice em crescimento. Outra conclusão da pesquisa tem a ver diretamente com o tema deste tópico: a falta de exemplos femininos a serem seguidos. Grande parte das 37 mulheres que participaram do Women in Business afirma que uma quantidade maior de modelos a serem seguidos poderia, e muito, estimular a liderança feminina no mundo do trabalho. E não é difícil enxergar a lógica por trás desse pensamento. Vamos olhar para o universo masculino e fazer um rápido exercício. Quantos meninos já não sonharam se tornar jogadores de futebol? O sonho pode até não se concretizar, mas suas raízes costumam ter origem na admiração pelos grandes ídolos do esporte, que eles vêem jogar e fazer sucesso desde pequenos. Hoje em dia, a jogadora Marta, a mais premiada da história do futebol feminino, é esse exemplo para aquelas que sonham com o futebol como profissão. Incentivar o desenvolvimento de outras lideranças como ela, nos mais variados segmentos, é mostrar para as mulheres que elas também podem chegar lá. 3.6 As mulheres podem escolher o que desejam para suas vidas. Por muitos anos as mulheres eram treinadas única e exclusivamente para serem esposas e mães. Esse seria seu objetivo para vida e a mulher só era completa se casasse, tivesse um bom marido, uma boa casa para cuidar e muitos filhos. Hoje em dia é cada vez maior o número de mulheres que não têm o casamento e a maternidade como prioridade em suas vidas. Elas querem cuidar da carreira, curtir viagens com as amigas e, principalmente, não ter que dar satisfações sobre suas escolhas. O motivo mais apontado é a vontade de se tornar uma pessoa bem sucedida profissionalmente. Elas acreditam que o casamento pode atrapalhar a conquista de seus objetivos. Também o que podemos ver em demasia por aí são comentários cujo cerne gira em torno do pensamento de que todas as atitudes da mulher deveriam ser adequadas ao desejo masculino, como se o valor delas apenas dependesse da aprovação de varões. “Homem não gosta de mulher autossuficiente”, “homem não quer ter um relacionamento com uma mulher que só foca na carreira e esquece de ser feminina”, “Se você continuar desse jeito (coloque aqui qualquer característica que não combina com o gênero feminino de acordo com padrões patriarcais) não vai arranjar marido”, “Tenha paciência com ele, conserva esse porque depois não arruma outro”, “Poxa, você ainda está solteira? Logo arranja alguém legal.” O que responder a estescomentários quando a mulher simplesmente não quer ter um relacionamento? Talvez a imagem de uma pessoa do gênero 38 feminino querendo focar na vida pessoal e profissional antes da amorosa ainda não seja bem aceita mesmo após todas as conquistas femininas e a Revolução Sexual dos anos 60. Muitas mulheres escolher focar em si mesmas, nas suas vontades e escolhas. Peferem não terem que dar satisfação a um marido, ou ter que planejar a vida a dois. Se uma mulher solteira querer se mudar para outros país para aperfeiçõar seu inglês ou viver uma nova vida em outro espaço, ela simplesmente se programa e vai. Diferente se a mulher desejar isso e ter um marido. Seria necessário ver se a outra pessoa também deseja, ver as condições do marido e etc. Ou os casos das mulheres que já foram casadas, não deram certo e optam em nunca mais casar. Optam por terem suas vidas sozinhas, criarem seus filhos sem a presença de outro homem em sua casa, e fazerem suas próprias esolhas. Muitas optam também por sofrer abusos, ou verem suas mães sofrendo abusos, que é o tema de nosso trabalho. 3.7 Motivos pelo qual as mulheres não denunciam seus parceiros Não surpreendentemente, falta de recursos materiais, tais como não ter trabalho ou pouco poder económico, são alguns dos fatores predominantes para que as vítimas permaneçam em relacionamentos tóxicos. As razões psicológicas para tantas mulheres decidirem ficar no relacionamento são naturalmente pouco visíveis, o que tantas vezes torna difícil para a sociedade em geral simpatizar com as vítimas. Muitas mulheres acreditam que no primeiro momento a mulher acha que há algo errado com ela ou que é ela que de algum modo está a provocar a situação, e por isso procuram ‘melhorar’ e ficam. Isso é dado principalmente pela pressão psicológica feita pelo agressor, achar um "culpado" que não seja ele. Outras mulheres argumentam que apesar do comportamento monstruoso do parceiro, este também é por vezes amoroso, sensível e amável e por isso ficaram. Após a agressão, o agressor "se arrepende" de ter praticado tal ato, e assim a surpreende com juras de amor, carinho na cama, presentes e promessas. A mulher por sua vez aceita tudo o que lhe dá e permanece ao lado do agressor esperando o cumprimento das promessas. Os abusadores alteram entre bondade extrema e atos monstruosos; 39 assim a vítima acaba por sentir compaixão quando o homem pede desculpa, esperando que aquele que ainda amam mude. Entretanto, o abusador vai destruindo a confiança da vítima pois no final, não há mudança. A maioria opta por não denunciar ou ir embora por causa dos filhos. Argumentam que as crianças irão sofer vendo o pai ser levado pela polícia, ou sofrer indo visita-lo na cadeia, ou todos vão morrer de fome pois o pai é o provedor principal da casa e sem ele as crianças iriam passar por necessidades. Mas acima de tudo, a questão financeira está acima de tudo. As mulheres abusadas, a maioria pelo menos, dependem financeiramente do agressor. Se possuem um emprego formal, é de uma profissão um pouco inferior, que não conseguiriam suprir suas necessidades e de seus filhos. Seja por falta de apoio, financeiro, amoroso, inocente, filhos ou qualquer outra desculpa que é dada por essas mulheres a sociedade tem que reforçar que a denúncia de violência doméstica deve ser feita para que esse assunto tome força, tome intervenção da sociedade e essas famílias possam serem ajudadas. CAPÍTULO 4 MEIOS DE PROTEÇÃO CONTRA A VIOLÊNCIA 4.1 O aumento da violência doméstica na quarentena de 2020 Confinadas em seus lares por causa da pandemia da Covid-19, as mulheres são duplamente ameaçadas: por um vírus potencialmente letal e por pessoas violentas de seu próprio convívio doméstico. Desde a descoberta da doença, têm sido adotadas, ao redor do mundo, medidas que já se mostraram indispensáveis à sua contenção: distanciamento social, isolamento e quarentena. Não há dúvida do acerto da escolha, todavia, ela trouxe um grave efeito colateral: o aumento das ocorrências de feminicídio e de numerosos casos de violência doméstica contra mulheres, meninas e jovens. Diversos países registraram tal aumento, como é o caso de Alemanha, Canadá, França, Reino Unido, China, Estados Unidos, Singapura e Chipre. Trata-se, portanto, de um problema global. Nesse sentido, além de outras ações que visem a conter os impactos da 40 pandemia na vida das mulheres, as quais representam parcela da população mundial brutalmente atingida pelo novo vírus, a ONU Mulheres recomendou que as comunidades afetadas pela Covid-19 priorizassem os serviços de prevenção e resposta à violência de gênero. No Brasil, os índices já eram bastante acentuados antes da pandemia: de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, a cada dois minutos uma mulher realiza registro policial por violência doméstica no país, o que totalizou, em 2018, 263.067 casos de lesão corporal dolosa. Alarmantes, também, são os índices de violência sexual, praticada, na maior parte das vezes, no âmbito doméstico — 75,9% das vítimas possuem algum tipo de vínculo com o agressor, não raro seu cônjuge, pai, padrasto, avô, tio, irmão. Em 2018, foram contabilizados 66.041 registros de estupros, ou seja, uma média de 180 casos por dia, dos quais 81,8% praticados contra mulheres ou meninas. Quatro meninas de até 13 anos são estupradas por hora no país, uma realidade assustadora e cruel. Nesse cenário de caos, tornam-se particularmente preocupantes as notícias de aumento da violência doméstica contra a mulher, no contexto de isolamento social. Estima-se que, no Rio de Janeiro e em São Paulo, o número de casos durante o período de confinamento tenha aumentado em 50%, dado que pode ser ainda maior, eis que o isolamento social dificulta sobremaneira os registros de ocorrências nas delegacias de polícia. Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Decode Pulse identificou um acréscimo de 431% dos relatos de briga de casais no período de isolamento. Entre 52.513 menções a relatos de brigas conjugais no Twitter, 5.583 indicavam ocorrência de violência contra mulheres. De acordo com a Lei Maria da Penha, cabe ao poder público desenvolver políticas que visem a "garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão", bem como criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. Assegurar proteção às mulheres vítimas de violência doméstica que, agora, não têm alternativa senão permanecer 24 horas em casa com seus agressores é, portanto, um desafio a ser enfrentado pelos três Poderes da República, nas esferas federal, estadual e municipal. Sendo assim, é possível realizar boletim de ocorrência online nesse período de quarentena. Assim, a vítima não precisa correr nenhum risco saindo de 41 casa ou criando demais problemas em sua casa. É disponibilizado segurança e residência para a vítima e seus filhos. Caso famoso da agressão na quarentena: A atriz Isis de Oliveira, conhecida como a ‘musa’ dos anos 1980, revelou, em entrevista ao Universa, que sofreu agressão de seu marido, o egípcio Hazem Roshdi em sua casa em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Tudo começou por volta das 17h30 de quarta-feira, 22, quando Isis reclamou das andanças do homem pelas ruas durante a pandemia, desrespeitando as normas de isolamento social. Como a atriz é do grupo de risco, por estar com 69 anos, estava com medo de ser contaminada pelo coronavírus, mas Roshdi não entendeu: ficou agressivo, chutou o computador da mulher e disse que ia “rasgar a cara dela na porrada, botar fogo no apartamento e ir embora para o Egito”. Relato pessoal: “Ele saía, ficava três, quatro horasna rua e voltava sem dar explicações. Com isso, foi ficando cada vez mais nervoso. Um dia puxou o colchão onde eu estava com força. Eu caí e ele veio para cima de mim com o travesseiro. Além disso, em quatro ocasiões diferentes acordei com ele me dando socos nas costas”, disse. Isis, então, mandou uma mensagem para sua amiga Luiza Brunet, que chamou a polícia. Quando os agentes chegaram, a atriz conta que Roshdi estava descontrolado. “Fui orientada a ir para a delegacia prestar queixa. Chegando lá, recebi uma medida protetiva, pelo fato de ele ser reincidente”. (Por Agência Estado - 24 abr 2020). Este caso foi apenas um caso de uma famosa no Brasil, não precisa de muita pesquisa, apenas ligar a TV em qualquer jornal e verificar os inpumeros casos de violência doméstica e nas ruas que aumentou. Meninas e mulheres não estão seguras com o vírus nas ruas mas seguem inseguras em seus lares também. 4.2 Vítimas de violência doméstica poderão fazer denúncia em farmácias Uma campanha promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) pretende incentivar as vítimas de violência doméstica a denunciarem agressões nas farmácias. 42 Pela campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, basta mostrar um X vermelho na palma da mão para que o atendente ou o farmacêutico entenda tratar-se de uma denúncia e em seguida acione a polícia e encaminhe o acolhimento da vítima . Esse ato foi uma opção para as mulherem que tem vergonha ou medo. Mulheres nesta condição permanecem em constante pressão e observação do agresso. Sendo assim, podem usar uma desculpa de "acabou a pomada do bebê" ou "preciso de absorventes" para ir até uma farmácia e realizar a denúncia sigilosa. A farmácia irá realizar a denúncia para a polícia e também assegurar que a vítima fique bem. Existem mais de 10 mil farmácias que aderiram esta campanha e também está sendo transmitida pela televisão. Sendo assim, a maioria das pessoas estão cientes. A campanha é uma iniciativa da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) junto com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (ABRAFARMA), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). 4.3 Como combater a violência doméstica? Segundo o Mapa da Violência de 2015, em 49% dos casos de atendimento de violência contra a mulher, acontece repetição da violência. Ou seja, a forma como o sistema tem lidado com o agressor não está sendo efetiva. O sistema precisa usar mais instrumentos de prevenção à violência doméstica, investir em uma política pública séria, contínua e articulada em rede. Deve-se investir também em grupos socioeducativos para os homens autores de violência. As mulheres recebem apoio e tratamento e isso é muito importante. Mas os doentes são os homens e se faz necessário tratá-los, senão eles vão continuar violentos. Existe uma pesquisa ques mostra que os dados levantados comprovam que a violência doméstica tem uma forte base cultural. Enquanto 41% dos brasileiros conhecem um homem que já foi violento com sua parceira, apenas 16% dos homens admitem terem sido violentos. Isso porque eles nem percebem que suas atitudes são, de fato, violentas. A maioria acha que os seguintes atos não configuram violências dignas de denúncia: xingar, empurrar, humilhar em público, impedir de sair de casa, ameaçar 43 com palavras ou obrigar a fazer sexo sem vontade. Para modificar essa visão, é preciso uma transformação cultural. O que significa educar os meninos desde pequenos, mas sem ignorar os homens já formados dentro desta cultura. Para o último caso, a maior parte dos especialistas é a favor de espaços de reabilitação dos agressores, os tais grupos. De maneira geral, esses grupos reúnem homens indicados pelo sistema judiciário ou que buscaram ajuda voluntariamente, para um trabalho de reconstrução de olhares. "Nós trabalhamos com o acolhimento desses homens, para um processo de desconstrução dos estereótipos de gênero e criação de novos modelos de masculinidade", explica o psicólogo Tales Furtado Mistura, que coordena há cinco anos grupos de trabalho com autores de violência na ONG feminista Sexualidade e Saúde, em São Paulo. As terapias indicam que no primeiro momento, os homens chegam aos encontros raivosos, culpando as mulheres pela agressão e pela denúncia e, com a identificação e a conversa, eles se abrem para um diálogo e mudam, lentamente, a forma como enxergam gênero e a relação homem e mulher. Hoje, o que acontece com o acusado de agressão? Quando a mulher consegue romper com o ciclo de violência e fazer a denúncia, a primeira medida tomada é de proteção da vítima. Se houver flagrante, o acusado pode ser preso, caso contrário, o que pode ser determinado é uma medida protetiva, como a retirada do agressor da casa, a proibição de se aproximar ou falar com a vítima, ou o afastamento dos filhos. Esse é o principal trunfo da Lei Maria da Penha: garantir a segurança da mulher durante o processo. Porque, após a denúncia, o que acontece é um processo. São colhidos depoimentos e ocorre a investigação, para levar ao julgamento, o que pode levar meses ou anos para atingir uma conclusão. Já as possíveis punições caso o agressor seja considerado culpado variam de acordo com a violência cometida, seguindo o Código Penal. Se houve assassinato, lesão corporal grave ou estupro, é comum haver prisão do acusado. Mas para crimes mais leves, cuja pena não ultrapassa dois anos, o encarceramento é raro. Além disso, as coisas nem sempre funcionam muito bem na prática. 44 Ou seja, o acusado fica em liberdade e muitas vezes termina o que havia começado. Bem como, quando ocorre a prisão do agressor nada muda, ele não muda, seus pensamentos não mudam, e ainda corre o risco de sair e cometer ainda mais crimes. Abaixo irei relatar uma história real de uma pessoa bem conhecida: "Casei muito nova. Ele era o amor da minha vida. Tivemos nossa primeira filha e fomos muito felizes. Ele não me deixava trabahar fora, mas ele supria tudo o que eu precisava. Ele era caminhoneiro e vivia viajando e eu cuidava das crianças. Sim, crianças, como eu não podia tomar remédios para evitar gestação por causa de problemas de saúde e meu marido não usava proteção e se recusava a fazer a vasectomia, comecei a engravidar sem mesmo querer. Foram ao total 5 gestações que gerou meus 6 filhos, pois uma gestação foi de gêmeos. De repente ele parou de cuidar de mim, faltou roupa para nossos filhos, ele começou a me agredir na frente das crianças e eu ão tinha o que fazer. Eu era pobre, sem trabalhar por anos, precisava cuidar dos meus filhos e ter um teto. Tente por um tempo ficar na casa de minha irmã no Rio mas precisei voltar, ninguém consegue cuidar de 6 crianças sozinha e também é difícil conseguir ajuda dos parentes. Sendo assim, precisei aturar mais um pouco. Se passaram muitos e muitos anos e conseguir me seprar dele depois de criar os filhos. Tenho 60 anos hoje, não consigo me aposentar pois nunca trabalhei, nunca tive casa própria, dependo da pensão do meu ex marido que tive que colocar na justiça pois me deixou sozinha e sem um trabalho". Acima é um dos milhares casos trágicos de violência doméstica. Este, por felicidade do destino, não resultou em feminicídio. Considerações finais A violência doméstica é um fenômeno que não distingue classe social, raça, etnia, religião, orientação sexual, idade e grau de escolaridade. Todos os dias, somos impactados por notícias de mulheres que foram assassinadas por seus companheiros ou ex-parceiros. Na maioria desses casos, elas já vinham sofrendo diversos tipos de violência há algum tempo, mas a situação só chega ao conhecimento de outras pessoas quando as agressões crescem a ponto de culminar no feminicídio. Não existe um perfil específico de quem sofre violência doméstica.
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