Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 1 CURSO PROCURADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE Direito Urbanístico Professora: Flávia Campos 09/08/17 Ø Introdução 1. Município vs. Cidade Município à ente federativo (art. 18 – CF) – compreende as zonas urbana e rural. Cidade à Zona urbana. Cidade é o núcleo urbano em que se situa a sede do governo e o desenvolvimento de sistemas com interesses individuais e gerais. – José dos Santos Carvalho Filho “Núcleo urbano em que a maioria das pessoas vive.” Art. 18 - CF. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. § 1º Brasília é a Capital Federal. § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar. § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996) Vide art. 96 - ADCT 2. Urbanismo O urbanismo veio para tentar solucionar problemas de crescimento demasiado da cidade sem nenhum tipo de organização. Vem para tentar, de alguma maneira, planejar o crescimento/desenvolvimento da cidade. 2.1. Conceito Urbanismo é o conjunto de medidas estatais para organizar os espaços habitáveis e garantir o bem-estar na vida em coletividade. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 2 2.2. Direito Urbanístico É um ramo do direito que vai buscar, justamente, estudar as medidas estatais necessárias para garantir o urbanismo (para o ambiente urbano, para estruturar uma cidade). Tem, também, outra função: analisar como se solucionam os eventuais litígios que possam vir a surgir numa relação dentro da cidade. 2.2.1. Autonomia do Direito Urbanístico Três correntes: a) Ramo autônomo b) Ramo do Direito Administrativo [Direito Urbanístico] Faz parte do Direito Público c) Ramo do Direito Constitucional NÃO HÁ SOLUÇÃO PARA A PRESENTE CONTROVÉRSIA. NÃO HÁ CORRENTE MAJORITÁRIA. Seja de que maneira for, o Direito Urbanístico integra o ramo do Direito Público. Ex. Possibilidade de se utilizar do poder de polícia, de determinar/impor certas sanções. Ø Normas Constitucionais do Direito Urbanístico 1. Competências 1.1. Competências da União (art. 21 – CF) IX: Planos federais/regionais; XX: Desenvolvimento; XXI: Sistema nacional de viação. Art. 21 - CF. Compete à União: IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; Não se pode deixar somente para o município todas questões referentes ao ordenamento do território. A União deve atuar nos planos nacionais e regionais XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação; Para toda questão de transporte viário, estrada, rua e afins, deve-se ter uma estrutura encetada pela União. IMPORTANTE: Em Direito Urbanístico, ao município é o ator principal. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 3 1.2. Competências concorrentes da União, Estados e Distrito Federal (art. 21 – CF) Legislar, concorrentemente, sobre direito urbanístico. A União estabelecerá regras gerais. Os estados e Distrito Federal têm competência para estabelecer normas suplementares. Art. 24 - CF. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. O Estatuto da Cidade surge com base neste dispositivo. Ex Direito Administrativo. Lei 8666/93 traz normas gerais. Os demais entes terão competência suplementar (vide § abaixo). § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 1.3. Competência do município (art. 30 – CF) Compete ao município regulamentar e executar, no que couber, o adequado ordenamento urbano. O município é o ator principal. Na prática, apesar da expressão “no que couber”, quem executa a maioria das políticas urbanas é o município. Art. 30 - CF. Compete aos Municípios: VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; 1.4. Competência acerca do desenvolvimento urbano (município) (art. 182 – CF) Art. 182 - CF. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. (Regulamento) (Vide Lei nº 13.311, de 11 de julho de 2016) As competências dispostas no caput são executadas pelo MUNICÍPIO. O MUNICÍPIO é quem tem competência para editar as políticas urbanas. § 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 4 O plano diretor precisa ser aprovado pela câmara municipal. É OBRIGATÓRIO aos municípios que têm mais de 20 mil habitantes. A função do plano diretor é planejar o desenvolvimento da cidade para que se alcance o desenvolvimento e bem-estar social insertos no caput deste artigo. Somente através do plano diretor que se consegue utilizar de diversos instrumentos de política urbana. § 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. Discorre sobre a função social da propriedade. Direito fundamental à propriedade está previsto no art. 5º, inciso XXII – CF, contudo esta deve cumprir a função social (art. 5º, inciso XIII – CF). A função social da propriedade urbana ocorre quando esta cumpre os requisitos do plano diretor. Os instrumentos para obrigar ao morador cumprir a função social da propriedade somente podem ser utilizados se houver o plano diretor (vide §4º abaixo). Inversão do §4º (descumprimento da função social da propriedade urbana – traz instrumentos para regular o que o poder público pode fazer quando se configura esta situação) com o §3º para fins didáticos § 4º É facultado (poder discricionário – não se pode ajuizar ação para obrigar o município a se utilizardestes instrumentos) ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal (Estatuto da Cidade), do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: SOMENTE O PODER PÚBLICO MUNICIPAL PODE EXECUTAR OS INSTURMENTOS INFRA. Requisitos: Imóvel a) não edificado (Ex. Terreno baldio); b) subutilizado (Tem utilização, mas não garante função social Ex. Tem até alguma coisa que foi construída, todavia a propriedade não está sendo utilizada) e c) não utilizado (Está construído/edificado, mas não possui destinação. Ex. Compra-se um prédio na área central e se manda todo mundo embora). Necessária lei específica com base no plano diretor. I - parcelamento ou edificação compulsórios; Há, no município, órgãos específicos que notificam o proprietário para que dê a devida função social à propriedade através de eventual edificação ou parcelamento. Trata-se de uma determinação/notificação que a administração pública municipal dá ao proprietário para que confira a devida função social à propriedade. A lei estipula um prazo de 1 ano (a ser estudado posteriormente) para que a determinação seja cumprida. Caso contrário, passa-se para o inciso II abaixo. II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; Denominado IPTU PROGRESSIVO. Se transcorrido o prazo para o parcelamento ou edificação compulsório, adotar-se-á o IPTU progressivo. Se não resolver, passa-se para o inciso III abaixo. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 5 III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Se o IPTU progressivo não der certo, adota-se a desapropriação (intervenção supressiva na propriedade/drástica). Haverá uma intervenção supressiva (suprime-se a propriedade do particular) e drástica (o particular perderá a propriedade). Denominada desapropriação urbanística que, outrora, era chamada de desapropriação sanção. SOMENTE PODE SER REALIZADA PELO PODER PÚBLICO MUNICIPAL!!!! (UNIÃO E ESTADO NÃO PODEM!!) Será indenizada em títulos da dívida pública resgatáveis em até 10 anos. A DESAPROPRIAÇÃO URBANÍSTICA/SANÇÃO NÃO É PAGA EM DINHEIRO!!! Esta desapropriação não deve ser aprovada pelo Senado Federal. Este apenas aprova a emissão dos títulos. § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro (Art. 5º, inciso XXIV – CF e Decreto-Lei 3365/41). Desapropriação em que não se está descumprindo a função social da propriedade. Denominada desapropriação ordinária (doutrina) ou desapropriação por necessidade pública, utilidade pública ou interesse social (Constituição Federal). Ex. Desapropriação para duplicação de uma avenida. Também é uma intervenção supressiva (suprime-se a propriedade) ou drástica (é muito drástico ao proprietário perder o bem). A INDENIZAÇÃO SERÁ PRÉVIA, JUSTA E EM DINHEIRO. “Precatório é dinheiro.” O particular cumpre a função social da propriedade, todavia há o Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Particular. In casu, não se descumpriu a função social da propriedade. Art. 5º - CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XXIV - a lei (Decreto-Lei 3365/41 que foi recepcionado como lei) estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 6 2. Usucapião urbana/usucapião pró-moradia (art. 183 – CF) Instrumento que é dado para tentar garantir o mínimo de isonomia às pessoas de baixa renda. - Propriedade de até 250m2; - Deve-se estar na propriedade por 5 anos sem interrupção e sem oposição; - O proprietário não pode ter nenhum outro imóvel, seja urbano, seja rural; - Não pode ter adquirido outro usucapião urbano; - Não pode recair sobre bens públicos (estes são revestidos da característica da imprescritibilidade, ou seja, os bens públicos são imprescritíveis. “não pode ter usucapião – prescrição aquisitiva.”). Art. 183 - CF. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Regulamento) § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 3. Região metropolitana (art. 25, §3º - CF) A região metropolitana é constituída por uma lei complementar estadual. “Um município não pode dar palpite em outro. Assim, o Estado, que tem um interesse regional, poderá instituir a região metropolitana.” Região metropolitana1 (Direito Urbanístico); O estado poderá instituir (lei complementar) Aglomerações urbanas2; Microrregiões3 (1) Região metropolitana: é a união de diversos municípios que se encontram em uma continuidade urbana em torno de um município pólo. (2) Aglomeração urbana: também é a união de municípios que se encontro, MAS QUE NÃO GIRAM EM TORNO DE UM MUNICÍPIO PÓLO; (3) Microrregiões: são municípios que possuem alguma afinidade/homogeneidade, mesmo que sem encontro territorial. “Ainda que os municípios não se encontrem, havendo afinidade/homogeneidade, é possível que o estado crie uma microrregião por meio de LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL.” Art. 25 - CF. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 7 § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. 3.1. Aprovação câmara municipal – não necessária É necessária a aprovação pela câmara municipal para que o município participe de uma região metropolitana?? De acordo com o STF, a participação de um município na região metropolitana é compulsória, não dependendo de aprovação da câmara municipal. ADI 1841 CONSTITUCIONAL. REGIÕES METROPOLITANAS, AGLOMERAÇÕES URBANAS, MICROREGIÃO. C.F., art. 25, § 3º. Constituição do Estado do Rio de Janeiro, art. 357, parágrafo único. I. - A instituição de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, depende, apenas, de lei complementar estadual. II. - Inconstitucionalidade do parágrafo único do art. 357 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro. III. - ADIn julgada procedente. 3.2. Esvaziamento dacompetência do município – NÃO OCORRÊNCIA A instituição de região metropolitana não faz com que o município perca sua competência. As decisões acerca dos assuntos em comum são tomadas por um colegiado1. “Faz apenas com que determinadas decisões sejam tomadas por um colegiado.” (1) Composição do colegiado: i. Municípios; ii. Estado; iii. Representantes da população (Estatuto da Cidade – vide abaixo); iv. Representantes de diversos setores da sociedade (Estatuto da Cidade – vide abaixo). Art. 45 – Lei 10.257/01 – Estatuto da Cidade. Os organismos gestores das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade, de modo a garantir o controle direto de suas atividades e o pleno exercício da cidadania. SUPERIMPORTANTE: Região metropolitana não possui personalidade jurídica, ou seja, não é pessoa jurídica. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 8 Ø Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01) Traz as normas gerais de Direito Urbanístico. 1. Função e objetivos do Estatuto da Cidade O Estatuto da Cidade tem como função regulamentar/normatizar os arts. 182 e 183 – CF (estudados acima). Art. 1o – CF - Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei. Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. (Objetivos do Estatuto da Cidade) 2. Diretrizes gerais da política urbana As diretrizes são subdivididas, doutrinariamente (José dos Santos Carvalho Filho), em cinco categorias didáticas. Vejamos: 2.1. Diretrizes governamentais Trazem algum tipo de dever, ou atuação/demanda, para a Administração Pública/governo. “Incisos que estão ‘mandando’ a Administração fazer alguma coisa/atuar de determinada maneira.” “Diretrizes aplicadas ao poder público.” Art. 2o – Estatuto da Cidade - A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: 2.1.1. Inciso IV IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; “Planejamento do desenvolvimento das cidades.” Doutrina diz que há distorções irreparáveis. Há uma atuação/um planejamento preventiva e repressiva (correção) por parte da Administração Pública. 2.1.2. Inciso V V – oferta de equipamentos urbanos1 e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às características locais; (1) Equipamentos urbanos: Quaisquer prédios ou bens públicos colocados à disposição da coletividade. Ex. Rua, cabeamento de energia elétrica, prédio em que funciona determinado órgão público, etc. “Serve para organizar a vida em coletividade na zona urbana.” Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 9 2.1.3. Inciso VII VII – integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência; “Aproximação entre as zonas rural e urbana, para tentar garantir que os habitantes do município, em ambas as zonas, tenham determinados acessos.” 2.1.4. Inciso VIII VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua área de influência; “Nesta previsão se vê muito o princípio da proporcionalidade. O desenvolvimento é importante, todavia é preciso garantir o DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL/SUSTENTABILIDADE, que será alcançada por meio da proporcionalidade.” 2.1.5. Inciso XII XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; “Todo o patrimônio público, num sentido amplo (direitos transindividuais), devem ser protegidos, por obrigação, pela Administração Pública.” Ex. Tombamento. 2.1.6. Inciso XVI XVI – isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse social. “Isonomia entre público e privado.” Ex. Empresas privadas, quando atuam em conformidade com estas diretrizes, podem receber incentivos/benefícios. 2.2. Diretrizes sociais Trazem algum tipo de benefício ou participação da comunidade. Previsão de participação para a iniciativa privada, entes particulares. O governo, como um todo, dá uma ênfase à democracia, em que é possibilitada a participação de todos. 2.2.1. Inciso I I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; “Garantia do direito a cidades autossustentáveis.” 2.2.2. Inciso II II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 10 “Gestão democrática direta ou indireta (associações participativas)” 2.2.3. Inciso III III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social; “Cooperação entre governos e iniciativa privada.” 2.2.4. Inciso IX IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização; “Proporcionalidade/razoabilidade dos benefícios e ônus corolários do processo de urbanização.” 2.2.5. Inciso XIII XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população; Ex. A construção de um Shopping ou grande indústria em determinado local da cidade, deve haver uma audiência do Poder Público com a sociedade (NÃO TÊM CARÁTER DELIBERATIVO, APENAS CONSULTIVO). Traz impactos para a região e, se forem potencialmente negativos, os moradores devem ter o direito de participar das audiências. A população pode participar tanto diretamente quanto indiretamente através de associação de moradores. Ex2. Atuação das associações de moradores da Pampulha no projeto de verticalização. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 11 17/08/17 2.3. Diretrizes econômico-financeiras Trazem diretrizes relacionadas ao financeiro e econômico, tais como, por exemplo, referente a um tributo. 2.3.1. Inciso X X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais; “É possível a criação de isenções, anistias,determinado programa de pessoas que investem no desenvolvimento urbano com juros mais baixos em caso de empréstimo.” Ex. Minha casa, minha vida. Empreendimento de construção que busca o desenvolvimento urbano, gerará a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais. 2.3.2. Inciso XI XI – recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos; Uma parte é vista no Direito Administrativo, ao passo que outra no Direito Tributário. Direito Tributário – tributo (contribuição de melhoria) devido quando o imóvel sofre valorização em razão de investimento público. Art. 145 - CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. Direito Administrativo: Desapropriação por zona (art. 4º - Decreto-Lei 3365/41) Ex. Município de Belo Horizonte decide reformar uma praça com diversos imóveis nas redondezas. Enquanto faz a obra, decide desapropriar os imóveis próximos, uma vez que estes terão um acréscimo exorbitante de valor. Esta é a desapropriação por zona em razão de obra. Muitos autores defendem que é inconstitucional, pois o Poder Público visa o lucro. Contudo, é perfeitamente possível esta forma de desapropriação, uma vez ser uma forma de recuperação de investimentos realizados pelo Poder Público. Tida como forma de ressarcimento. Art. 4o - Decreto-Lei 3365/41 - A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensaveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda. Parágrafo único. Quando a desapropriação destinar-se à urbanização ou à reurbanização realizada mediante concessão ou parceria público-privada, o edital de licitação poderá prever que a receita decorrente da revenda ou utilização imobiliária integre projeto associado por conta e risco do concessionário, garantido ao poder concedente no mínimo o ressarcimento dos desembolsos com indenizações, quando estas ficarem sob sua responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 12 2.4. Diretrizes relativas ao uso do solo Tentam, de alguma maneira, nortear, ou determinar que sejam evitadas certas intervenções, quanto ao uso do solo. 2.4.1. Inciso VI Os autores geralmente chamam a atenção que, todas estas situações que deveriam ser evitadas aconteceram em diversas cidades, sendo, inclusive, irreversíveis. Porém, deve-se buscar, dentro do possível, revertê-las. VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; Ex. Ter, na mesma rua, uma escola pública e uma fábrica de fogos de artifícios ou um presídio. c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; Ex (parcelamento excessivo). Lotes muito pequenos. d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente; Qualquer empreendimento, instalação que irá aumentar o tráfego, é função do poder público cuidar e planejar o tráfego. Ex. Licença para construir/edificar (ato administrativo de consentimento vinculado, ou seja, preenchidos os requisitos legais, deve ser concedido – não há discricionariedade, isto é, análise de oportunidade e conveniência). Em muitas situações, concedia-se licença, contudo não se pensava no problema do tráfego, ou seja, na infraestrutura, tal como ocorrido no Bairro Belvedere. Em alguns casos, o poder público decidiu que alguma providência deveria ser tomada, ajuizando ação em que requereu a revogação das licenças para construir. No entanto, pelo direito administrativo, não se pode revogar ato vinculado que, por sua vez, é voltada para os atos discricionários (há análise de oportunidade e conveniência). A presente questão foi para o STF que, ao fim, trouxe como solução é admitir uma EXCEÇÃO DE ATO VINCULADO QUE PODE SER REVOGADO. ASSIM, O STF, DIANTE DO PROBLEMA CAUSADO PELO PODER PÚBLICO, PREVIU A EXCEÇÃO DE QUE A LICENÇA PARA CONSTRUIR, APESAR DE SER ATO VINCULADO, PODE SER REVOGADO. HÁ SOMENTE ESTA EXCEÇÃO!!! - Requisitos para a revogação da licença para construir (ato vinculado – ÚNICA EXCEÇÃO): i. Não ter se iniciado a obra; ii. Indenização. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 13 Criticada pelos autores que, a seu turno, defendem que o poder público poderia desapropriar o direito. e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização; O poder público, buscando o interesse público, não pode permitir a retenção especulativa de imóvel urbano para satisfação de interesses privados. Ex (retenção especulativa de imóvel urbano). Pessoas ricas que compram muitos imóveis e os deixam parados. f) a deterioração das áreas urbanizadas; Ex. Praças deterioradas. g) a poluição e a degradação ambiental; A questão ambiental aparece muitas vezes no Estatuto da Cidade. h) a exposição da população a riscos de desastres. (Incluído dada pela Lei nº 12.608, de 2012) Ex. Quanto a Administração Pública utiliza-se do poder de polícia a fim de determinar a demolição de um imóvel, está evitando a exposição da população riscos de desastres. 2.4.2. Inciso XIV XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais; Ex. Usucapião pró-moradia de terreno com até 250m2 vem para garantir o previsto neste inciso. 2.5. Diretriz jurídica (inciso XV) XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais; Tenta trazer, de alguma maneira, simplificar a legislação quanto ao desenvolvimento urbano. Art. 2o – Estatuto da Cidade - A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações; II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; III – cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade no processo de urbanização, em atendimento ao interesse social; IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; V – oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados aos interesses e necessidades da populaçãoe às características locais; VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 14 a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente; e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização; f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental; h) a exposição da população a riscos de desastres. (Incluído dada pela Lei nº 12.608, de 2012) VII – integração e complementaridade entre as atividades urbanas e rurais, tendo em vista o desenvolvimento socioeconômico do Município e do território sob sua área de influência; VIII – adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade ambiental, social e econômica do Município e do território sob sua área de influência; IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização; X – adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais; XI – recuperação dos investimentos do Poder Público de que tenha resultado a valorização de imóveis urbanos; XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população; XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais; XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais; XVI – isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido o interesse social. XVII - estímulo à utilização, nos parcelamentos do solo e nas edificações urbanas, de sistemas operacionais, padrões construtivos e aportes tecnológicos que objetivem a redução de impactos ambientais e a economia de recursos naturais. (Incluído pela Lei nº 12.836, de 2013) XVIII - tratamento prioritário às obras e edificações de infraestrutura de energia, telecomunicações, abastecimento de água e saneamento. (Incluído pela Lei nº 13.116, de 2015) Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 15 3. Competências da União (Art. 3º - Estatuto da Cidade) Art. 3o – Estatuto da Cidade - Compete à União, entre outras atribuições de interesse da política urbana: I – legislar sobre normas gerais de direito urbanístico; II – legislar sobre normas para a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em relação à política urbana, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional; III - promover, por iniciativa própria e em conjunto com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, programas de construção de moradias e melhoria das condições habitacionais, de saneamento básico, das calçadas, dos passeios públicos, do mobiliário urbano e dos demais espaços de uso público; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) IV - instituir diretrizes para desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico, transporte e mobilidade urbana, que incluam regras de acessibilidade aos locais de uso público; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) V – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social. 4. Instrumentos da política urbana Serão estudados apenas os afetos à matéria (alguns são ao Direito Administrativo e outros) e ao edital. Art. 4o - Estatuto da Cidade - Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos: I – planos nacionais, regionais e estaduais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; II – planejamento das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões; III – planejamento municipal, em especial: a) plano diretor; b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; c) zoneamento ambiental; d) plano plurianual; e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual; f) gestão orçamentária participativa; g) planos, programas e projetos setoriais; h) planos de desenvolvimento econômico e social; IV – institutos tributários e financeiros: a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU; b) contribuição de melhoria; c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros; V – institutos jurídicos e políticos: Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 16 a) desapropriação; b) servidão administrativa; c) limitações administrativas; d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; e) instituição de unidades de conservação; f) instituição de zonas especiais de interesse social; g) concessão de direito real de uso; h) concessão de uso especial para fins de moradia; i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; j) usucapião especial de imóvel urbano; l) direito de superfície; m) direito de preempção; n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso; o) transferência do direito de construir; p) operações urbanas consorciadas; q) regularização fundiária; r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos; s) referendo popular e plebiscito; t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária; (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009) u) legitimação de posse. (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009) VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV). § 1o Os instrumentos mencionados neste artigo regem-se pela legislação que lhes é própria, observado o disposto nesta Lei. § 2o Nos casos de programas e projetos habitacionais de interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entidades da Administração Pública com atuação específica nessa área, a concessão de direito real de uso de imóveis públicos poderá ser contratada coletivamente. § 3o Os instrumentos previstos neste artigo que demandam dispêndio de recursos por parte do Poder Público municipal devem ser objeto de controle social, garantida a participação de comunidades, movimentos e entidades da sociedade civil. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 17 • Instrumentos de política urbana afetos à matéria e edital 5. Parcelamento, edificação e utilização compulsórios (art. 182, §4º, inciso I – CF e art. 5º do Estatuto da Cidade) Pensa-se numa providência a ser determinada ao particular. Pensa-se numa pessoa que está descumprindo a função social da propriedade urbana, o que não podeocorrer em razão do disposto no art. 5º, inciso XXIII – CF. A função social da propriedade urbana é descumprida quando violadas algumas determinações do plano diretor. 5.1. Formas de descumprimento da função social de uma propriedade urbana 5.1.1. Imóvel não edificado Aquele que é despido de edificação, ou seja, “não tem construção nenhuma.” 5.1.2. Imóvel subutilizado (art. 5º, §1º - Estatuto da Cidade) Aquele que não foi utilizado de acordo com as especificações do plano diretor. “Tem construção com aproveitamento inferior ao mínimo definido no plano diretor.” Art. 5º - Estatuto da Cidade - § 1o Considera-se subutilizado o imóvel: I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em legislação dele decorrente; 5.1.3. Imóvel não utilizado É o imóvel que foi edificado de acordo com os requisitos mínimos do plano diretor, mas não é utilizado conforme o plano diretor. 5.2. Requisitos para utilização deste instrumento de política pública 5.2.1. Lei federal (Lei 10.257/01 – Estatuto da Cidade) 5.2.2. Plano diretor deve determinar a área passível de parcelamento, edificação ou utilização compulsório (Lei municipal) 5.2.3. Edição de Lei municipal específica que trate de imóveis da área referida no 5.2.2. Ex. Plano diretor não trata da área Z1, mas a lei municipal específica prevê que ela é passível de parcelamento, edificação ou utilização compulsório. NESTE CASO, BASTA ALTERAR O PLANO DIRETOR PARA INCLUIR A RETRORREFERIDA ÁREA POR MEIO DA EDIÇÃO DE OUTRA LEI MUNICIPAL PARA ESTE FIM. SUPERIMPORTANTE Caso seja editada lei específica municipal sobre área não incluída no plano diretor, basta que se altere o plano diretor por outra lei municipal. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 18 5.3. Faculdade Tanto na Constituição e Estatuto da Cidade FACULTAM a utilização do instrumento em análise. Assim, trata-se de PODER DISCRICIONÁRIO do poder público impor o parcelamento, edificação ou utilização compulsório. “O poder público tem uma atuação discricionária de impor, ou não, o parcelamento, edificação ou utilização compulsório.” ASSIM, NÃO É POSSÍVEL QUE O PARTICULAR AJUÍZE QUALQUER TIPO DE AÇÃO EXIGINDO A PRÁTICA DESTE ATO. “Não é possível que se ajuíze ação exigindo que o poder público adote as providências do art. 5º do Estatuto da Cidade.” O mesmo não ocorre com o IPTU progressivo, onde não há faculdade, mas sim dever, vinculação do poder público. 5.4. Conceitos 5.4.1. Parcelamento compulsório O parcelamento é a providência pela qual se determina a subdivisão de um determinado bem, em partes iguais ou não (desde que dentro dos limites previstos na lei municipal), que resultem em módulos imobiliários autônomos (cada módulo deve ser registrado em cartório, tornando-se autônomo a partir deste). Ex. Loteamento (terrenos autônomos que são registrados de formas autônomas e podem ser alienados de formas diferentes). Na maioria das vezes, ocorre de forma voluntária. Contudo, in casu, este parcelamento será compulsório. O poder público determinará que o particular parcele o bem em módulos imobiliários autônomos, iguais ou não. 5.4.2. Edificação compulsória Edificação é a providência pela qual se determina a edificação do solo de acordo com as normas de edificação. “É a construção.” Pode se dar de forma a) voluntária Proprietário exerce seu direito de construção através do requerimento de uma licença (ato vinculado) que, por sua vez, será materializada por meio de alvará. b) compulsória Poder público determina que o particular construa algo de acordo com as normas de edificação municipal. Pode ser determinada em face de i. imóvel não edificado ou ii. subutilizado. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 19 5.4.3. Utilização compulsória 5.4.3.1. Não previsão pela Constituição Federal no art. 182, §4º - CF A Constituição fala somente do parcelamento e da edificação compulsórios. Não trata da utilização compulsória. Os autores, quando analisam o assunto, dizem que, em princípio, deve-se pensar se a utilização compulsória é constitucional ou não. Se a propriedade está em consonância com a lei, simplesmente por não estar sendo utilizada, não se pode exigir que o particular a utilize, pois estar-se-ia violando a liberdade deste. Contudo, o poder público pode determinar que o particular utilize o bem corretamente (Ex. Não utilizar bem para comércio – bar - em área residencial). SUPERIMPORTANTE: A utilização compulsória não está prevista no art. 182, §4º da CF, apenas no Estatuto da Cidade. Será considerado constitucional apenas quando se destina a corrigir a utilização de um determinado bem. Art. 5º - CF - XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; art. 182 – CF - § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; Art. 5o – Estatuto da Cidade - Lei municipal específica para área incluída no plano diretor poderá determinar o parcelamento, a edificação ou a utilização compulsórios do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, devendo fixar as condições e os prazos para implementação da referida obrigação. § 1o Considera-se subutilizado o imóvel: I – cujo aproveitamento seja inferior ao mínimo definido no plano diretor ou em legislação dele decorrente; II – (VETADO) 5.5. Procedimento 5.5.1. Notificação (art. 5º, §2º - Estatuto da Cidade) Meio através do qual se cientifica da determinação do poder público de edificação, parcelamento ou utilização compulsório. 5.5.1.1. Formas 5.5.1.1.1. Notificação real - funcionário do Poder Público diretamente ao proprietário O proprietário pode receber essa notificação de um funcionário do Poder Público Municipal. EM CASO DE PESSOA JURÍDICA, SERÁ FEITA NA PESSOA QUE TEM O PODER DE GERÊNCIA GERAL OU ADMINISTRAÇÃO. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 20 5.5.1.1.2. Notificação ficta (por edital) Se frustrada a notificação real por 3 vezes, esta dar-se-á por meio de edital. “Ocorre quando a notificação pessoal é frustrada, de que maneira for (escusa do proprietário, três tentativas infrutíferas).” 5.5.1.2. Averbação no cartório de registro de imóveis A notificação, NECESSARIAMENTE, deve ser averbada (não é registrada, pois já se tem o registro do bem) no registro de imóveis. Tem como finalidade dar garantia para terceiros que, eventualmente, comprem o bem. QUEM TEM O DEVER DE FAZER A AVERBAÇÃO NO CARTÓRIO É O PODER PÚBLICO, TODAVIA NADA IMPEDE QUE O PARTICULAR O FAÇA. Se o poder público não fizer a averbação e o imóvel for vendido, o comprador PODERÁ PEDIR A ANULAÇÃO DO CONTRATO (VÍCIO DE VONTADE – INCIDIU EM ERRO – VIDE AULA DE DIREITO CIVIL). Neste caso, o comprador pode, se comprovar prejuízo, também, requerer indenização do município (deve-se provar falta de conduta, nexo, dano, descumprimento de dever legal do município). É possível a responsabilidade civil por omissão do município pelo descumprimento do dever legal de averbação. A LEI É OMISSA QUANTO A QUANTIDADE DE EDITAIS. art. 5º - Estatuto da Cidade - § 2o O proprietário será notificado pelo Poder Executivo municipal para o cumprimento da obrigação, devendo a notificação ser averbada no cartório de registro de imóveis. § 3o A notificação far-se-á: I – por funcionário do órgão competentedo Poder Público municipal, ao proprietário do imóvel ou, no caso de este ser pessoa jurídica, a quem tenha poderes de gerência geral ou administração; II – por edital quando frustrada, por três vezes, a tentativa de notificação na forma prevista pelo inciso I. 5.5.2. Prazos para cumprimento da determinação Prazos NÃO INFERIORES (podem ser superiores) a: a) 1 ano, a contar da notificação, para apresentar o PROJETO no órgão municipal; Notificação real – após o recebimento da notificação (exclui o do início e inclui o do final). Notificação ficta – transcurso do prazo do último edital. b) 2 anos, a contar da aprovação do projeto, para INÍCIO DAS OBRAS. art. 5º - Estatuto da Cidade - § 4o Os prazos a que se refere o caput não poderão ser inferiores a: I - um ano, a partir da notificação, para que seja protocolado o projeto no órgão municipal competente; II - dois anos, a partir da aprovação do projeto, para iniciar as obras do empreendimento. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 21 5.5.2.1. EXCEÇÃO – Execução (NÃO É PROJETO) em etapas Em empreendimentos maiores, É POSSÍVEL QUE A EXECUÇÃO SEJA FEITA EM ETAPAS. APENAS A EXECUÇÃO EM ETAPAS. O PROJETO DEVE SER APROVADO COMO UM TODO. art. 5º - Estatuto da Cidade - § 5o Em empreendimentos de grande porte, em caráter excepcional, a lei municipal específica a que se refere o caput poderá prever a conclusão em etapas, assegurando-se que o projeto aprovado compreenda o empreendimento como um todo. 5.6. Alienação Transmissão tanto causa mortis (morri e passei para meu herdeiro) quanto inter vivos. Transmissão gratuita e onerosa. INTERESSA SOMENTE QUE A TRANSMISSÃO TENHA OCORRIDO APÓS A NOTIFICAÇÃO. A TRANSMISSÃO TRANSMITIRÁ, TAMBÉM, AS OBRIGAÇÕES AO NOVO PROPRIETÁRIO. OS PRAZOS NÃO SE RENOVAM, OU SEJA, O ADQUIRENTE TERÁ SOMENTE O LAPSO REMANESCENTE. Art. 6o – Estatuto da Cidade - A transmissão do imóvel, por ato inter vivos ou causa mortis, posterior à data da notificação, transfere as obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta Lei, sem interrupção de quaisquer prazos. 6. IPTU progressivo 6.1. Conceito É a imposição de tributo extrafiscal (tem função garantir a política urbana – instrumento de política urbana) sobre o patrimônio como uma forma de sanção. É diferente do IPTU de caráter fiscal estudado em Direito Tributário (art. 156 – CF). “A Administração não quer somente ganhar dinheiro, mas sim, de maneira coercitiva, garantir que o proprietário confira a função social à propriedade.” O poder público municipal aumentará a alíquota do imposto para que o proprietário dê função social à propriedade. 6.2. Dever do município NÃO É FACULDADE DO MUNICÍPIO, mas sim um dever. O Poder Público Municipal tem atuação VINCULADA (não é discricionária). 6.3. Prazo máximo Prazo MÁXIMO de 5 anos. O Poder Público, ao longo de 5 anos, pode aumentar a alíquota. 6.4. Quantum máximo Até 15% da alíquota. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 22 6.5. Quantum máximo anual Não se pode ultrapassar o dobro da alíquota do ano anterior. Existe discricionariedade para a decisão, através da lei municipal, do quanto a alíquota será majorada. “Há um poder discricionário da Administração para decidir acerca do percentual de aumento anual.” “O município precisa majorar, mas tem discricionariedade acerca do valor da majoração.” Ex. Ano 2: 1% a mais; Ano 2: somente pode se chegar a 2% a mais; Ano 3: somente se pode chegar a 4%; Ano 4: somente se pode chegar a 8%; Ano 5: somente se pode chegar até 15%. Art. 182 - CF. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. (Regulamento) (Vide Lei nº 13.311, de 11 de julho de 2016) § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Art. 7o - Estatuto da Cidade -Em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos na forma do caput do art. 5o desta Lei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas no § 5o do art. 5o desta Lei, o Município procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos. § 1o O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica a que se refere o caput do art. 5o desta Lei e não excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada a alíquota máxima de quinze por cento. § 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cinco anos, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida a prerrogativa prevista no art. 8o. § 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva de que trata este artigo. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 23 22/08/17 6.6. Descumprimento da determinação de edificação no prazo de 5 anos Se o proprietário continua descumprindo após 5 anos, o IPTU continuará com a alíquota máxima e o Poder Público Municipal procederá à Desapropriação Urbanística (vide tópico “7” abaixo). art. 7º - Estatuto da Cidade - § 2o Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cinco anos, o Município manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida a prerrogativa prevista no art. 8o. Nota: 1) No caso de o proprietário cumprir a obrigação, a alíquota progressiva é “zerada”. “Se cumprida a obrigação, a alíquota do IPTU retornará ao valor comum.” Se o proprietário volta a descumprir, inicia-se a majoração do IPTU desde o início e não de onde parou. “Se houver novo descumprimento, conforme a doutrina, o IPTU progressivo começará a ser cobrado novamente do zero, uma vez que, a partir do momento em que há um cumprimento, considera-se como se o proprietário não mais tivesse descumprido.” 2) Se o projeto não for aprovado, inicia-se um novo prazo de 1 ano para apresentação de um novo projeto. 3) Se, no caso, o ente tiver imunidade tributária (Ex. Pessoa Jurídica de Direito Público), ainda assim, calcula-se o valor do imposto, pois esse sofrerá as consequências. 6.7. Vedada isenção e anistia No caso do IPTU progressivo, não é possível a isenção e a anistia. Não é possível em razão do caráter extrafiscal/sancionatório do tributo. Difere do IPTU com caráter fiscal, no qual é possível algum tipo de isenção ou anistia, matéria essa que será estudada no Direito Tributário. Art. 7º - Estatuto da Cidade - § 3o É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva de que trata este artigo. SUPERIMPORTANTE: - Espécies de desapropriação No Direito de Administrativo, há a intervenção restritiva (branda) e intervenção supressiva (drástica). A desapropriação, independentementeda espécie, é classificada como intervenção supressiva da propriedade. A Constituição traz quatro espécies de desapropriação. A desapropriação deve ser prevista na Carga Magna, pois é essa que traz o Direito à Propriedade. 1) Desapropriação ordinária/Desapropriação por utilidade pública, necessidade pública ou interesse social (art. 5º, inciso XXIV – CF, art. 182, §3º - CF e Decreto-Lei 3365/41 – “Lei de Desapropriação”) Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 24 a) Não descumpriu a função social da propriedade. “A Administração, ainda que o proprietário cumpra a função da propriedade, em razão do princípio da supremacia do interesse público sobre o particular, pode desapropriar.” Ex. Construir escola em determinado terreno particular. b) Indenização de forma prévia, justa e em dinheiro. Se a Administração tiver que pagar por força de sentença, pagará por meio de precatório, pois este “é dinheiro”. c) QUALQUER ENTE FEDERATIVO TEM COMPETÊNCIA PARA DESAPROPRIAR (NÃO É LEGISLAR – SOMENTE A UNIÃO). art. 5º - CF – inciso XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; art. 182 – CF - § 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. 2) Desapropriação urbanística sancionatória (art. 182, §4º, inciso III – CF, art. 8º - Estatuto da Cidade – vide acima) a) Há descumprimento da função social da propriedade (urbana). b) Indenização em títulos da dívida pública. c) Somente o município tem competência para desapropriar. 3) Desapropriação rural para fins de reforma agrária (art. 184 – CF) a) Há descumprimento da função social da propriedade (rural). b) Indenização em títulos da dívida agrária. c) Somente a União tem competência para desapropriar. “Tendo em vista que é a União quem realiza a reforma agrária.” Art. 184 - CF. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. § 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. § 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. § 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. § 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício. § 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 25 4) Desapropriação confisco/expropriação (art. 243 – CF) TANTO ZONA URBANA QUANTO ZONA RURAL SÃO AFETADAS POR ESSE TIPO DE DESAPROPRIAÇÃO. cultivo de plantas psicotrópicas. a) Propriedade utilizada para OU exploração de trabalho escravo. “Mais grave que mero descumprimento da função social da propriedade.” “STF entende que, ainda que somente parcela da propriedade seja utilizada para os fins retrorreferidos, toda ela será desapropriada.” “STF entende que, a não ser que o proprietário comprove a inexistência de culpa, perderá a proprietário (culpa in vigilando e in elegendo ensejam a desapropriação).” b) Não há indenização. “Por isso é denominada desapropriação confisco/expropriação (alguns autores defendem que somente se pode utilizar do nome desapropriação quando há indenização).” c) Somente a União tem competência para desapropriar. Art. 243 - CF. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 81, de 2014) Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. 7. Desapropriação urbanística sancionatória 7.1. Medida sucessiva Não possível que o município determine, sem nenhuma medida anterior, a desapropriação urbanística do proprietário que descumpre a função social da propriedade. Necessariamente, deve-se passar por todos os pontos trazidos pelo art. 182, §4º - CF. 7.2. Faculdade Decorridos os 5 anos da cobrança do IPTU progressivo, o município poderá proceder à desapropriação urbanística. José dos Santos Carvalho Filho afirma que, apesar de o art. 8º do Estatuto da Cidade utilizar a palavra “poderá”, trata-se de uma atuação vinculada do Poder Público “José dos Santos Carvalho Filho defende que se deve abandonar a literalidade da lei e que, neste caso, é um dever do Poder Público do Município.” Numa prova fechada, adota-se o poderá, pois é a literalidade da lei. Todavia, numa prova aberta, deve-se discorrer sobre a interpretação trazida pelos autores. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 26 Art. 8o – Estatuto do Desarmamento - Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública. 7.2.1. Indenização A indenização será em títulos da dívida pública (papéis que o Poder Público emite como forma de arrecadar dinheiro para o erário). A emissão dos títulos deve ser autorizada pelo Senado Federal. NÃO É A DESAPROPRIAÇÃO QUE DEVE SER AUTORIZADA PELO SENADO FEDERAL. Serão resgatados em até 10 anos (pode ser emitido título com prazo de resgate menor). Serão resgatados em parcelas anuais, iguais e sucessivas como forma de garantir o valor real da indenização1 com juros de 6% ao ano. Art. 8º - Estatuto da Cidade - § 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano. (1) Valor real da indenização (≠ valor justo): § 2o O valor real da indenização: I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o montante incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público na área onde o mesmo se localiza após a notificação de que trata o § 2o do art. 5o desta Lei; “O valor da base de cálculo é inferior ao valor de mercado do imóvel.” “São descontados os valores de qualquer obra realizada pelo Poder Pública.” II – não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros compensatórios. “Nem na desapropriação ordinária recebem-se os expectativas de ganhos e lucros cessantes.” “Conquanto, na desapropriação ordinária há os juros compensatórios.” 7.2.2. Títulos da dívida pública SEM caráter liberatório Os títulos em análise NÃO são revestidos de caráter liberatório.“Não se pode utilizar esses títulos para abater dívidas eventualmente contraídas com o município.” Art. 8º - Estatuto da Cidade - § 3o Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para pagamento de tributos. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 27 7.2.3. Obrigação do município de dar função social ao bem É dever do município conferir aproveitamento ao bem desapropriado no prazo de 5 anos, a contar da transferência do bem para o patrimônio público. de forma direta O aproveitamento poderá ser ou através de terceiros, através de alienação1 ou concessão2, PRECEDIDO DE LICITAÇÃO O antigo proprietário, de acordo com a doutrina, não participa da licitação (relativização do princípio da competividade por ser a aplicação de uma sanção). “De acordo com a doutrina, relativiza-se o princípio da competividade (garantia de que qualquer pessoa interessada, a princípio, possa participar), uma vez que o anterior proprietário do imóvel não poderá participar da licitação.” (1) Alienação do imóvel desapropriado para conferir função social: O adquirente assume as obrigações de parcelamento, edificação ou utilização anteriormente exigidas. (2) Concessão do imóvel desapropriado para conferir função social: Apesar de a lei não mencionar o concessionário expressamente, TRANSFEREM-SE as obrigações àquele que recebe a concessão. Segundo a doutrina, somente podem ser conferidas duas formas de concessão, quais sejam: a) Concessão de direito real de uso: É transmitida a herdeiros, uma vez trata-se de direito real. Traz segurança jurídica. b) Concessão de direito de superfície: Conferido ao particular a utilização da superfície do bem. O particular não passa a ser dono. Art. 8º - Estatuto da Cidade - § 4o O Município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no prazo máximo de cinco anos, contado a partir da sua incorporação ao patrimônio público. § 5o O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado diretamente pelo Poder Público ou por meio de alienação ou concessão a terceiros, observando-se, nesses casos, o devido procedimento licitatório. § 6o Ficam mantidas para o adquirente (INCLUÍDO, DOUTRINARIAMENTE, O CONCESSIONÁRIO), o que recebe a concessão de imóvel nos termos do § 5o as mesmas obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta Lei. 7.2.1. Não cumprimento da obrigação pelo município De acordo com a doutrina, o responsável (prefeito) responderá por improbidade administrativa por deixar de praticar um ato de ofício, ex vi legis art. 11, inciso II, da Lei 8429/92. “É possível o ajuizamento de ação de improbidade (Ministério Público ou próprio município).” Art. 11 – Lei 8429/92. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício; Art. 8o – Estatuto do Desarmamento - Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o Município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 28 § 1o Os títulos da dívida pública terão prévia aprovação pelo Senado Federal e serão resgatados no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano. § 2o O valor real da indenização: I – refletirá o valor da base de cálculo do IPTU, descontado o montante incorporado em função de obras realizadas pelo Poder Público na área onde o mesmo se localiza após a notificação de que trata o § 2o do art. 5o desta Lei; II – não computará expectativas de ganhos, lucros cessantes e juros compensatórios. § 3o Os títulos de que trata este artigo não terão poder liberatório para pagamento de tributos. § 4o O Município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no prazo máximo de cinco anos, contado a partir da sua incorporação ao patrimônio público. § 5o O aproveitamento do imóvel poderá ser efetivado diretamente pelo Poder Público ou por meio de alienação ou concessão a terceiros, observando-se, nesses casos, o devido procedimento licitatório. § 6o Ficam mantidas para o adquirente de imóvel nos termos do § 5o as mesmas obrigações de parcelamento, edificação ou utilização previstas no art. 5o desta Lei. IMPORTANTE: O prefeito que se utiliza dos instrumentos previsto no art. 182, §4º - CF acima estudados como forma de perseguição pessoal incorre em desvio de poder/desvio de finalidade que, por sua vez, é uma espécie de abuso de poder. In casu, a finalidade é dar função social à propriedade. 8. Usucapião especial urbano/pró-moradia (art. 183 – CF, arts. 9º a 14 – Estatuto da Cidade e art. 1.240 – Código Civil) (1) Usucapião: Como um todo, é uma forma de prescrição aquisitiva, na qual, preenchidos os requisitos, se adquirirá a possiblidade de pedir a propriedade de um bem em virtude de uma posse prolongada do bem. - Espécies: a) Extraordinário (art. 1.238 – CC): Art. 1.238 - CC. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. b) Ordinário (art. 1.242 – CC): Art. 1.242 - CC. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 29 c) Especial: Sempre terá uma finalidade específica. Uma das formas é a estudada no presente momento (usucapião especial urbano – tem como função especial a moradia). 8.1. Conceito É uma forma de aquisição do domínio de imóvel urbano como instrumento da política urbana e de justiça social. “É uma forma de garantir a pessoas com poder aquisitivo menor para fazer com que essas, preenchidos os requisitos, adquiram o imóvel.” Art. 183 - CF. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Regulamento) § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Estatuto da Cidade Da usucapião especial de imóvel urbano Art. 9o Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-apara sua moradia ou de sua família (FINALIDADE ESPECIAL), adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão. Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. (Redação dada pela lei nº 13.465, de 2017) § 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas. § 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis. § 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos, estabelecendo frações ideais diferenciadas. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 30 § 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior à constituição do condomínio. § 5o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes. Art. 11. Na pendência da ação de usucapião especial urbana, ficarão sobrestadas quaisquer outras ações, petitórias ou possessórias, que venham a ser propostas relativamente ao imóvel usucapiendo. Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana: I – o possuidor, isoladamente ou em litisconsórcio originário ou superveniente; II – os possuidores, em estado de composse; III – como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados. § 1o Na ação de usucapião especial urbana é obrigatória a intervenção do Ministério Público. § 2o O autor terá os benefícios da justiça e da assistência judiciária gratuita, inclusive perante o cartório de registro de imóveis. Art. 13. A usucapião especial de imóvel urbano poderá ser invocada como matéria de defesa, valendo a sentença que a reconhecer como título para registro no cartório de registro de imóveis. Art. 14. Na ação judicial de usucapião especial de imóvel urbano, o rito processual a ser observado é o sumário. Art. 1.240 - CF. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 31 29/08/17 8.2. Pressupostos 8.2.1. Pressuposto jurídico “Possuir como sua.” 8.2.2. Pressuposto temporal 5 anos sem oposição e sem interrupção. 8.2.3. Pressuposto territorial - Até 250m2; - Propriedade urbana; - Terreno ou edificação. 8.2.4. Pressuposto finalístico “Para sua moradia ou de sua família.” A utilidade, a finalidade do bem deve estar delimitada. O imóvel deve ser utilizado para fins de moradia do peticionário ou de sua família. Contraexemplo. Imóvel que preenche todos os demais requisitos, mas que é utilizado para comércio. 8.2.5. Pressuposto material rural. Não pode possuir outro bem imóvel urbano. “Não posso possuir outro bem imóvel, seja urbano, seja rural. Não pode ter pedido outro usucapião especial urbano. “Ainda que tenha vendido, ainda que não mais tenha a posse/propriedade do bem anterior, não pode pedir novo usucapião especial urbano.” Contraexemplo. Se João tiver recebido um usucapião especial urbano, PODERÁ PEDIR, ULTERIORMENTE, UM USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. João adquiriu uma propriedade pelo usucapião extraordinário e, posteriormente, vendeu-o. Nesse caso, SE PREENCHER TODOS OS REQUISITOS, PODERÁ PEDIR UM USUCAPIÃO ESPECIAL URBANO. “Não se pode repetir o usucapião especial urbano.” 8.3. Herdeiros (art. 9º, §3º - Estatuto da Cidade) O herdeiro deve ter a posse, ou seja, precisa já residir no imóvel na abertura da sucessão. Ex. João estava, há 2 anos, na posse da propriedade preenchendo todos os requisitos. João falece. José, filho de João, somente fará jus a esse prazo se já residia no imóvel quando da abertura da sucessão. Isto é, José fará terá direito ao prazo de seu antecessor. Bastará habitar no imóvel por mais 3 anos. Professora: Flávia Campos Rafael Barreto Ramos Curso SUPREMO 2017 32 Contraexemplo. No exemplo supra, José passa a residir no imóvel após seis meses da abertura da sucessão de João. Perderá o prazo de seu antecessor. Deverá comprovar todos os requisitos novamente, inclusive o pressuposto temporal de 5 anos. Art. 9o – Estatuto da Cidade - Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família (FINALIDADE ESPECIAL), adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão. 8.4. Usucapião especial coletivo 8.4.1. Conceito e requisitos (art. 10, caput, Estatuto da Cidade) É o usucapião que possibilita a aquisição conjunta do domínio por pessoas ou comunidades de baixa renda quando for impossível determinar o terreno ocupado por cada possuidor. “Muitas vezes, em conglomerados urbanos/favelas, não se consegue especificar qual a quantidade do terreno cada possuidor tem. Nesse caso, surge o usucapião especial coletivo.” Tem-se, então, a posse coletiva e, em virtude dessa, será possível pedir o usucapião especial coletivo. QUANDO HOUVER A DIVISÃO, É NECESSÁRIO QUE CADA POSSUIDOR, AO FINAL, FIQUE COM ÁREA INFERIOR A 250M2. A posse deve ser de 5 anos e, também, sem oposição e sem interrupção. NENHUM DOS POSSUIDORES PODE POSSUIR OUTRO IMÓVEL, SEJA URBANO, SEJA RURAL. “Nesse caso, o possuidor será excluído, e se prosseguirá com o usucapião especial coletivo em relação aos demais.” - Aquisição conjunta; - Impossível determinar a área de cada um; - Posse coletiva; - Cada possuidor à área inferior a 250m2; - 5 anos à sem oposição/interrupção; - Não possuir outro imóvel urbano ou rural. 8.4.2. Sucessores (art. 10, §1º - Estatuto da Cidade) Considerando que o dispositivo
Compartilhar