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1. Anatomia: - O glaucoma é uma doença neurodegenerativa e o que está sendo afetado é o nervo óptico – o nervo óptico é formado é constituído por axônios das células ganglionares que estão formando a camada de fibras nervosas da retina; e é essa camada que estará sendo destruída no glaucoma; - Outra estrutura que é levada em conta é o corpo ciliar, que é quem participa da produção do humor aquoso – o humor aquoso é produzido pelos processos ciliares da pars plicata. Produção - O humor aquoso desempenha inúmeras funções dentro do olho e uma delas é de manter a pressão intraocular do nosso olho, ele é transparente pois ele tem índice de refração também, tem função de nutrição (nutre os tecidos avasculares da córnea e do cristalino), tem função térmica, mecânica de sustentação (deixa a câmara anterior formada) e também serve para remoção de catabólitos da córnea, cristalino e malha trabecular (presente no ângulo da câmara anterior ou ângulo iridocorneano); - Existem cerca de 70 processos ciliares e esta é a foto de um dos processos ciliares. Existe o eptélio enegrecido (epitélio pigmentado do corpo ciliar) e no interior o epitélio não pigmentado e é nesse epitélio não pigmentado que vai ser produzido o humor aquoso. E o humor aquoso é formado pelo plasma dos capilares do interior do processo ciliar. E esse plasma até chegar nesse epitélio não pigmentado ele passa por uma série de barreiras – endotélio do vaso, estroma do vaso, membrana plasmática, processos juncionais. (barreiras hematoaquosas). - Em algumas doenças, como as uveítes, existe uma quebra dessa barreira hematoaquosa e o humor aquoso começa a ser produzido de uma forma errônea, no lugar de ter só eletrólitos diluídos em água, passa a ter proteínas, glicose; - - quando produzido o eptélio não pigmento libera o humor aquoso para câmara posterior, através da pupila passa para a câmara anterior e preenche, e é drenado no ângulo iridocorneano; - 80% da produção de humor aquoso é feita por secreção ativa de eletrólitos, através de uma bomba de sódio e potássio atpase que existe na membrana plasmática desse epitélio e todo esse processo é mediado por uma enzima que é a anidrase carbônica; ( O TTO vai ser com um colírio que iniba a anidrase carbônica, pois vou ter 80% da produção do humor aquoso bloqueada e consigo controlar o galucoma, pois consigo baixar a pressão intraocular) - 20% é feito através de secreção passiva que é feito através de ultrafiltração e difusão – e vai ser influenciada pela pressão sanguínea dos capilares, pressão oncótica do plasma e pela própria pressão intraocular do paciente – quando a produção de humor aquoso já está alta, têm-se o bloqueio “automático” dessa secreção passiva e por isso não tem sentido eu fazer um TTO para diminuir essa secreção passiva e sim a ativa; - A renovação do humor aquoso é feita a cada 2 horas e ele precisa ser drenado – essa produção muda ao longo do dia: entre meia noite e duas horas da manhã é o período que a produção está mais baixa e a pressão do olho do paciente está menor, e entre seis horas e 11 horas da manhã é o período de maior produção e a pressão está bem alta (um dos exames solicitados é a curva tensional diária CTD, o paciente passa o dia no consultório medindo essa pressão em diferentes momentos do dia) Escoamento: - Ocorre através de rotas: 1. Rota Trabecular: é aquele no ângulo iridocorneano, e corresponde à 90% do escoamento, ela é influenciada pela pressão intraocular e pela pressão venosa episcleral. No ângulo temos a malha trabecular que é dividida em 3 partes: malha uveoescleral, malha corneoescleral e tecido conectivo justacanalicular – após passar pela malha trabecular, passa pelo canal de schlemn, canais coletores, Glaucoma plexo venoso intraescleral, veias episclerais e conjuntivais, veia oftálmica superior e seio cavernoso (isso é importante para que a gente saiba onde está localizada à obstrução e saber qual o tipo do glaucoma – obstrução antes do trabéculo, no trabéculo ou depois); Ex: trombose de seio cavernoso ou fístula carótida cavernosa pode induzir um glaucoma no paciente e esse glaucoma é classificado como pós-trabecular - procedimentos como a trabeculoplastia à laser, trabeculectomia e pilocarpina (miótico) são coisas que aumentam a drenagem pela rota trabecular 2. Rota uveoescleral: é responsável pelos 10% do escoamento e é feita através da raíz da íris, cai nos espaços intermusculares do m. ciliar, espaço supracoroidal, veias do corpo ciliar, coroide e é eliminado pela esclera. – em situações em que o músculo ciliar está contraído (leituras), os espaços intermusculares vão estar reduzidos e podem diminuir a drenagem.. O uso de pilocarpina, carbacol que fazem miose, também diminuem a drenagem por essa via. O contrário também é verdadeiro, drogas que relaxam o m. ciliar, aumentam os espaços intermusculares e aumentam a drenagem, a atropina é um exemplo. 3. Existem outras rotas mais raras, que são através da íris, endotélio corneano e vítreo anterior Glaucoma - É uma doença neurodegenarativa de etiologia multifatorial, mas todos os tipos de glaucoma tem em comum a lesão progressiva do nervo óptico, com perda com campo visual. – uma vez fibra nervosa sendo perdida, ela não se recupera mais. - O principal sítio de lesão são as fibras nervosas e sofrem processo apoptótico; - É considerado a 2ª principal causa de cegueira irreversível, ele perde apenas para catarata que é a principal causa de cegueira, mas a catarata é reversível com a cirurgia e com o glaucoma não é assim; - Uma forma de classificar o glaucoma é saber se ele está localizado antes, no trabéculo ou pós-trabecular: 1. Glaucoma pré-trabecular: aniridia, glaucoma neovascular (pct diabético com criação de vários vasos devido à isquemia, desenvolve a retinopatia diabética proliferativa – e esses vasos crescem para todos os cantos, inclusive para a parte anterior do ângulo e causa uma obstrução. Fica cego muito rápido) 2. Glaucoma Trabecular: glaucoma primário de ângulo aberto, de ângulo fechado e congênito; 3. Glaucoma Pós-trabecular; 4.Glaucoma de pressão normal: é aquele paciente que não tem nenhum alteração no olho, não tem obstrução, mas mesmo assim o nervo está sendo lesionado e a pressão continua normal – o único tto para ele glaucoma vai ser baixar ainda mais a pressão; Fatores de risco - A pressão intraocular elevada é o principal fator de risco para o glaucoma, e é o único que é modificável com o TTO; Miopia e córnea fina são 3 FR importantes para o glaucoma de ângulo aberto; - O glaucoma de ângulo fechado geralmente já é um olho reduzido, que apresenta um diâmetro axial pequeno, que tem uma alta hipermetropia, tem a córnea mais plana, tem uma câmara anterior rasa (principal fator de risco); - Para o glaucoma neovascular o fator de risco são as doenças que provocam isquemia, como é o caso da retinopatia proliferativa, trombose dentro do olho (oclusão de veias e artérias) - Fatores sistêmicos: fenômeno de raynold, enxaqueca, vasculites, oclusão das carótidas estão muito relacionados com glaucoma de pressão normal; - corticóides, catarata podem induzir ao glaucoma – paciente que já tem uma câmara anterior rasa e dilatam a pupila dele, ele já pode evoluir para uma crise aguda de glaucoma de ângulo fechado; -Fatores ambientais: estresse, fadiga, esforço na leitura – relacionados ao de ângulo fechado -Fatores demográficos: raça nega – relacionado ao de ângulo aberto; e asiático e esquimó com o de ângulo fechado; - Fatores genéticos estão relacionados à todos os tipos de glaucoma; 1. Glaucoma Primário de ângulo aberto (GPAB) - É uma neuropatia óptica crônica, multifatorial e não é possível saber se a causa é ocular ou sistêmica – não encontra nada no olho, não tem alteração anatômica; - O que aconteceé um distúrbio entre a produção e drenagem do humor aquoso, que provoca aumento da pressão intraocular e isso provoca uma lesão no nervo óptico; -Suspeitar quando o paciente tem mais de 65 anos, é da raça negra, míope, córnea mais fina, pressão intraocular mais elevada, história familiar de glaucoma; Quadro clínico É insidioso (só sente algum sintoma, quando está com o quadro muito avançado); - a cegueira começa na periferia, quando acomete a visão central já está avançado e não tem o que fazer; é bilateral e assimétrico (um olho vai ser pior do que o outro). Exame Oftalmológico: - podemos encontrar a pressão ocular elevada, miopia, córnea mais fina, e alteração no nervo óptico vista em exame de fundo de olho – na foto normal vemos uma pequena escavação que é a escavação papilar, e quanto maior ela estiver significa que o nervo está se degenerando e ficando um “buraco” naquela região, se der maior ou igual a 0,6 eu já suspeito de glaucoma e quando a assimetria entre um olho e outro for maior que 0,2 eu também suspeito de glaucoma; - A primeira foto da segunda fileira mostra um vaso em passarela (é um vaso livre, que passa por cima da escavação). - A segunda foto da segunda fileira, mostra um vaso em baioneta ( fazendo 90º); - A terceira foto da segunda fileira, mostra que o paciente tem uma hemorragia peripapilar – significa que o glaucoma não está controlado; - A primeira foto da terceira fileira, mostra algo mais escurecido, que significa que as fibras nervosas foram perdidas – sinal de hoyt; - O sinal de notch é a segunda foto da terceira fileira e é como se fosse uma perda da rima neural; - maçã mordida; - A última foto mostra a não preservação da regra ISNT (inferior, superior, nasal e temporal) – o normal é ter a rima do nervo maior de inferior à temporal, e quando não respeita essa regra, suspeito de glaucoma. Exames: 1. Retinografia colorida (foto do nervo do paciente); 2. Curva tensional diária: para identificar o principal fator de risco 3. Paquimetria ultrassônica – para saber se tem córnea fina ou grossa (fina é abaixo de 520micra) – córneas mais finas eu coloco uma força menor no tonômetro para que eu consiga chegar na pressão, então acabo subestimando a medida da pressão intraocular – então quando dá 18, eu sei que é maior; 4. Campimetria visual: é para tentar identificar a cegueira, e como começa na periferia eu solicito esse exame; Tratamento: - É diminuir a pressão intraocular para que eu diminuía uma lesão definitiva no nervo óptico; - não tem cura e sim controle; 1. Inibidores da anidrase carbônica: reduzir a produção do humor aquoso; 2. Betabloqueadores: também reduzem produção do humor aquoso e é importante saber as contraindicações dos BB (arritmia, asma, bloqueios atrioventriculares); 3. Alfa-2-agonista – é a brimonidina (reduz produção de HÁ e com o uso crônico acaba aumentando a drenagem pela rota uveoescleral 4. Análogos da prostaglandina: são as mais novas e mais potentes (conseguem reduzir em até 30 % a pressão intraocular do paciente) e o mecanismo deles é aumentar a rota de drenagem pela rota uveaescleral.; --- Normalmente começa em monoterapia e com algo fraco (BB ou brimonidina) e avalia, se não chegou na redução esperada, vai acrescentando. - Um TTO para o glaucoma inicial ou moderado é a trabeculoplastia à laser – é um laser bem no ângulo, para aumentar a drenagem pela rota trabecular; - Trabeculectomia: quando o paciente já está com as 4 drogas e não faz mais efeito. É criada uma nova rota de drenagem do humor aquoso – forma uma bolha que precisa ficar elevada no pós operatório 2. Glaucoma Primário de ângulo fechado: - É um fechamento do ângulo iridocorneano total ou parcial e tem alterações anatômicas, com aumento da pressão intraocular e lesão no nervo óptico. - O aumento da pressão intraocular pode ocorrer de forma aguda, intermitente ou crônica; - Suspeitar quando for uma mulher com mais de 60 anos, história familiar positiva, asiática e cheia de erros anatômicos no olho (hipermetropia, olho pequeno, menor diâmetro corneano, câmara anterior rasa, cristalino grande, córnea mais plana). - pedir o exame da gonioscopia – na de ângulo aberto obrigatoriamente o ângulo vai ta aberto, não existe uma alteração anatômica; diferente dessa do ângulo fechado. (já existe uma classificação que você faz no exame normal mesmo para saber se está oclúido, que é a classificação de van herick). Quadro clínico: 1. Forma crônica: está assintomático, mas no exame oftalmológico conseguimos ver as alterações anatômicas 2. Forma intermitente: são os mesmo sintomas do quadro agudo, mas acontece de forma mais leve e intermitente – oclusão é parcial e por ele mesmo, volta a ficar sem sintomas; 3. Forma aguda: geralmente chega na emergência com o olho unilateral muito vermelho (hiperemia conjuntival), injeção ciliar (os vasos próximos do limbo da córnea estão ingurgitados), córnea edemaciada (devido à alta pressão), câmara anterior muito rasa, ângulo ocluído e geralmente tem alterações pupilares (midríase fixa); paciente sente tanta dor no olho que vomita e sente náuseas; Tratamento --- se no plantão não tem oftalmo, interna o paciente e usa drogas sistêmicas (manitol) e vai desidratar o vítreo do pct e baixa a pressão– contra indicação é insuficiência renal. - outra droga que pode ser feita na forma aguda é a acetozolamida oral e ele é um inibidor da anidrase carbônica de forma sistêmica – faz a dose de ataque com 2 cp e depois fica sendo 1 cp a cada 6 horas. - fazer drogas hipotensoras (timolol) e não a prostaglandina, pois eu quero diminuir a produção; - pode usar um corticoide tópico, pois geralmente está bem inflamado; - quando o paciente está em média midríase pode usar a pilocarpina, mas só se a pressão estiver abaixo de 40mmHg; - Após tirar o paciente da crise e baixar a pressão ocular, vamos fazer o tratamento definitivo que é a iridotomia à laser (um buraquinho que é feito na íris para criar uma nova rota de drenagem) – Deve ser feito em ambos os olhos, pois os dois olhos vão apresentar alterações anatômicas; 3 . Glaucoma congênito primário: - é uma redução da drenagem do humor aquoso que é causada por um desenvolvimento incompleto do ângulo iridocorneano. – não apresenta nenhuma outra anomalia ocular associada. - Suspeitar quando existe uma herança esporádica em 90% (é um caso novo na família, não existe história familiar), acomete mais sexo feminino e é bilateral em 75% dos casos. - É classificado em: 1. Glaucoma congênito verdadeiro: na vida intrauterina o feto já apresenta hipertensão intraocular; 2. Glaucoma infantil: é o que se desenvolve antes dos 3 anos de idade; 3. Glaucoma juvenil: é quando se desenvolve depois dos 3 anos e antes dos 30 anos; Quadro clínico: - geralmente é um bebê ou criança pequena que está lacrimejando, que tem fotofobia, blefaroespasmo, que o olho está ficando distendido, na foto abaixo a gente tem o olho buftalmo (o olho acaba se distendendo devido à pressão alta), córnea fica descompensada e acaba surgindo algumas estrias no estroma da córnea (estria de haab) – estrias horizontais; - A maior suspeita é quando o diâmetro da córnea está aumentado ( acima 11 mm em até 1 ano de idade ou acima de 13 mm em qualquer idade) e se estiver elevado fecha o diagnóstico e vai para o tratamento - obs: estrias de volt (verticais) = encontradas do ceratocone; Tratamento: - A 1ª escolha é a goniotomia (rasga o ângulo iridocorneano e isso vai fazer com que ocorra a drenagem já que não tinha pois o ângulo não tinha se desenvolvido direito e se a cirurgia for feita no tempo certo, a criança não fica cega) que tem uma taxa de sucesso de 85%., é feita em córneas transparentes e que tenham menos de 14 mm de diâmetro. –caso o paciente tenha uma córnea turva ou o diâmetro maior que 14mm será feito a trabeculotomia (essa começa como a trabeculectomia, mas ele entra no canal de schlemm) -Se ocorrer falha de qualquer um dos tratamentos aí a escolha vai ser a trabeculectomia ou um implante de dispositivo de drenagem;
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