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Tipicidade Formal e Material

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Aula II: Tipicidade Formal e Material
Conceito:
Conforme destacado em aula específica, o tipo penal é um modelo abstrato de conduta, que define determinado comportamento penalmente proibido. Nesse sentido, a tipicidade traduz a subsunção entre um comportamento efetivamente perpetrado no mundo real e seu respectivo tipo penal, ou seja, é a exata justaposição típica de uma ação/omissão concreta, cujo resultado ofende o bem juridicamente tutelado.
Como cediço, embora a norma disponha sobre condutas que não devam ser praticadas (não matar), o tipo penal é construído de forma afirmativa, descrevendo comportamentos proibidos que, uma vez perpetrados (matar alguém), ensejam a aplicação de uma sanção penal (reclusão, de seis a vinte anos), assim facilitando a identificação da extada convergência entre fato e tipo, através da denominada antinormatividade.
Espécies de Tipicidade:
A classificação da tipicidade observa a seguinte divisão didática:
· Tipicidade Imediata e Tipicidade Mediata/Por Extensão = a primeira trata das situações onde a conduta encontra respaldo direto em um único tipo penal incriminador (homicídio consumado - art. 121 do CP), enquanto a segunda traduz casos onde a adequação típica decorre da combinação entre um tipo penal incriminador, previsto na parte especial, e uma norma de extensão, contida na parte geral, são exemplos:
a. tentativa = quando a conduta perpetrada não chega ao resultado jurídico, o tipo penal incriminador, de per si, revela-se insuficiente para acomodar o fato, visto que construído para situações consumadas. Nesses casos, a adequação típica se aperfeiçoa mediante a combinação do tipo incriminador pretensamente violado associado à norma de extensão prevista no art. 14, II, do Código Penal (homicídio tentado - art. 121 c/c art. 14, II, ambos do CP);
b. participação = nos crime unissubjetivos - cuja prática demanda apenas um sujeito ativo -, quando cometidos em concursos de agentes, com divisão de papéis, onde cada qual fica encarregado de realizar determinada tarefa (na prática de roubo, o sujeito A aponta o revólver para a vítima, enquanto o sujeito B subtrai os pertences e o sujeito C aguarda, no interior do veículo, para todos se evadirem), o tipo penal incriminador, por si só, não abarca, com perfeição, as condutas individualmente perpetradas, porquanto construído para situações onde um só sujeito desenvolve toda a ação. Nessa hipótese, a adequação típica se aperfeiçoa ante a combinação do tipo incriminador atrelado à norma de extensão prevista no art. 29 do Código Penal, permitindo que todos os envolvidos respondam pelo crime, para o qual concorreram (art. 157, §2º, II, do CP), independente da tarefa individualmente desempenhada;
c. crimes omissivos impróprios/comissivos por omissão = nos delitos perpetrados mediante a abstenção daqueles que possuem a obrigação legal de agir, para impedir o resultado lesivo (diante da prática de um assalto, deve o policial despender esforços para combater a ação criminosa, sob pena de responder por ela), o tipo penal incriminador, isoladamente, não acomoda a conduta, visto dispor sobre a ação criminosa que, em verdade, deveria ser repelida pelo sujeito. Nessas situações, a adequação típica se aperfeiçoa mediante a combinação do tipo incriminador violado associado à norma de extensão prevista no art. 13, §2º, do Código Penal (roubo, na modalidade comissiva por omissão - art. 157 c/c art. 13, §2º, ambos do CP)
· Tipicidade Formal e Tipicidade Material = enquanto o primeiro trata da simples justaposição entre o fato concreto e o tipo penal, a segunda demanda, além da subsunção, a superveniência de um resultado ofensivo, ou seja, não basta a simples adequação típica, sendo necessário acarretar lesão/risco substancial ao bem tutelado. Portanto, denota-se que a tipicidade material guarda relação com o Princípio da Ofensividade, sustentáculo para o reconhecimento de atipicidade mediante a incidentes das excludentes supralegais da Insignificância e da Adequação Social;
· Tipicidade Conglobante = conceito proveniente da teoria desenvolvida por Eugenio Raúl Zaffaroni, segundo a qual, a tipicidade deve ser aferida em razão da atinormatividade (aqui compreendida de forma ampla, abarcando, também, a antijuridicidade) com a qual se reveste determinada conduta, pois não basta que o sujeito preencha o tipo penal, sendo necessária a desconformidade para com o sistema normativo. Para esta teoria, a tipicidade penal é a soma da tipicidade legal (adequação do fato ao tipo, perfazendo a tipicidade formal) e da tipicidade conglobante (antinormatividade decorrente de efetiva violação ao ordenamento jurídico, somente assim perfazendo a tipicidade material). Note que, aos adeptos desta teoria, a presença de uma causa excludente de ilicitude implica, automaticamente, em exclusão da tipicidade, porquanto ao analisar de maneira conglobada a tipicidade material, uma vez verificada a existência de qualquer dispositivo permissivo que ampare a conduta, esta não mais será considerada típica.
Leitura Complementar
1 - "Las corrientes funcionalistas posteriores al período finalista representan el nuevo sentido de la dogmática penal. Ese nuevo sentido se solidifica por la constitución de un sistema penal atendiendo a aspectos valorativos, integrados a la política-criminal, con criterios que exceden la mera literalidad de la norma positiva. El primero a delinear esa necesidad, con la obra inaugural del funcionalismo, publicada hace más de cuarenta años, fue Claus Roxin. (...)"
Para a íntegra do texto, segue link abaixo:
LA TEORÍA DE LA TIPICIDAD CONGLOBANTE COMO ALTERNATIVA DE JUSTIFICACIÓN DE LAS LESIONES EN LOS DEPORTES - POR LEONARDO SCHMITT DE BEM
Fonte Bibliográfica
NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016 - nota 26 do art. 14, nota 5 do art. 29, nota 17 do art. 13;
NUCCI, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Vol. 1, págs. 353 a 356.

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