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Reino: Animalia Filo: Arthropoda Subfilo: Chelicerata Classe: Arachnida Subclasse: Acarina Ordem: Acaridida Subordem: Psoroptidia Superfamília: Sarcoptoidea Família: Sarcoptidae Subfamília: Sarcoptinae Gênero: Notoedres O Notoedres cati é o ácaro causador da sarna notoédrica (sarna felina) conhecida também como escabiose felina ou até “sarna da cabeça do gato”, é uma dermatose pruriginosa e formadora de crostas nos gatos. Mais de 20 espécies de Notoedres foram descritas, sendo a maioria parasitas de morcegos tropicais. Há quatro espécies de interesse veterinário: Notoedres cati, Notoedres cuniculli (ocorre em coelhos), Notoedres muris (ocorre em ratos por todo o mundo, incluindo colônias de laboratório) e Notoedres musculi (infesta camundongos domésticos na Europa). Embora o gato seja seu principal hospedeiro, podem infestar também coelhos, cães, gatos selvagens, raposas, canídeos e civetas além de causar lesões transitórias nos seres humanos em contato com os animais infestados. A sarna notoédrica é altamente contagiosa e geralmente é transmitida por contato direto entre o hospedeiro infectado e um animal saudável, por se tratar de uma zoonose é importante a realização de um tratamento imediato e adequado. Não é um ácaro sazonal e não possui predileção por raça, sexo ou idade. Esse ácaro pode sobreviver fora de seu hospedeiro por alguns dias, por isso é de extrema importância que o proprietário seja orientado sobre cuidados básicos de manejo do animal parasitado. A sarna notoédrica ou escabiose felina, é considera uma das principais dermatopatias que acometem os felinos, além de poder acometer outros animais inclusive os humanos. A ocorrência de dermatoses parasitárias se relaciona intimamente a fatores ambientais, especialmente ao contato com outros animais e a presença de áreas endêmicas. O Notoedres cati é um ácaro muito contagioso e sua principal forma de transmissão é o contato direto com hospedeiros infestados, camas, brinquedos entre outros utensílios que podem ser fontes de infestação, isso porque o parasito consegue se manter vivo por um período curto no ambiente. Eventualmente pode ocorrer doenças transitórias dos humanos, comum em tutores que estão em contato com os animais parasitados e médicos veterinários. Por não ser um ácaro específico de humanos, os sinais clínicos são mais brandos não havendo evolução da doença, uma vez que o parasita não consegue concluir seu ciclo evolutivo e reprodução. A infestação se manifesta com lesões escamosas, secas, com crostas nas bordas das orelhas e na face, por serem ácaros escavadores promovem o espessamento da pele. O prurido pode ser intenso, além de poder haver graves escoriações na cabeça e pescoço. Em gatos, as lesões ficam localizadas principalmente nas orelhas e na cabeça do animal e pode se estender para outras partes do corpo, inclusive por seus órgãos genitais devido ao hábito que os felinos têm de se limpar e dormir curvado. Alguns sintomas incluem coceira (alguns autores afirmam que a intensidade do prurido na escabiose felina é variável, possivelmente pelo hábito de se lamberem). As lesões cutâneas são representadas por pápulas eritematosa, pruriginosa, densas crostas amarelo- acinzentadas. Essas crostas se endurecem e se desenvolvem à custa de exsudações de soro e extravasamento de sangue. A pele se torna queratótica e liquenificada, principalmente na região cefálica. Animais com quadro crônico e grave podem vir a desenvolver anorexia, depressão e emaciação (magreza e perda de massa corporal excessiva). A presença de linfadenopatia é comum. Nos coelhos, ocorre prurido nos lábios e na região nasal. É uma sarna cefálica, começando nas orelhas e depois descendo pela parte ventral do pescoço e pode se estender até as patas e a região dos órgãos genitais. As lesões iniciais são constituídas de pequenas pápulas, que vão formando cadeias, principalmente na borda das orelhas, deformando seu contorno e o aparecimento de crostas que provocam a queda dos pelos. Nas infestações transitórias que ocorrem do animal para humano, os sintomas costumam ser caracterizados por vesículas, pápulas eritematosas, crostas e escoriações em locais de contato com animais infectados, especialmente nos membros superiores e inferiores, no tórax e no abdômen. São ácaros muito semelhantes aos Sarcoptes scabiei, se diferenciando apenas em alguns aspectos morfológicos como: em seu tamanho, sendo ligeiramente menores e possuem ânus dorsal, sendo esse um ponto importante de sua diferenciação, seus aspectos patogênicos são semelhantes, gerando resposta imunológica parecida entre ambos os ácaros. Não são capazes de enxergar, por isso são atraídos pelo odor e pelos estímulos térmicos manifestados por seus hospedeiros. Assim como no Sarcoptes scabiei a fêmea forma uma galeria no extrato córneo, local propicio para sua alimentação e deposição de seus ovos. Sua saliva apresenta substâncias caracterizadas como produto de seu metabolismo, que permitem que o ácaro continue escavando e se opõe a reação de defesa do animal infestado. É possível que a infestação por Notoedres cati resulte no desenvolvimento da imunidade adaptativa com consequente reposta imunológica. Não havendo sintomas numa primeira infestação, num secundo contato com o parasito a reação de hipersensibilidade pode ocorrer de maneira imediata. São capazes de ativar resposta imune imediata, devido a liberação de sua saliva no momento em que vão se alimentar, dificultando dessa forma sua sobrevivência no hospedeiro. Há ativação do sistema complemento que promove a citólise do patógeno. Hospedeiros mais suscetíveis a infestação pelo N. cati possui uma resposta do tipo Th-2 com a produção de IgE, e os hospedeiros menos suscetíveis a infestação possuem resposta do tipo Th-1 com a produção de IFN-y já que são capazes de conter a infestação. Os animais parasitados apresentam quadros de hiperceratose devido a hipertrofia da camada córnea da epiderme e hiperplasia epidérmica que é o espessamento da epiderme. Além disso, as lesões características da doença estão relacionadas com o acúmulo de linfa na região onde os parasitos estão localizados. Pode haver também inflamações de origem bacteriana secundária, isso acontece devido as escoriações causadas pelo próprio animal em decorrência da coceira excessiva. • Corpo com formato globoso • Possui ânus dorsal • Fêmeas possuem 225 μm de comprimento • Machos possuem 150 μm de comprimento • Ausência de olhos e sistema traqueal (trocas gasosas ocorrem pela superfície cutânea) • Face dorsal com aparência escamosa • Gnatossoma curto e largo • Machos com ventosas nas patas I, II e IV • Fêmeas com ventosas nas patas I e II Seu ciclo é bastante similar ao do Sarcoptes, exceto pelo fato de que as fêmeas são encontradas agrupadas na derme. Passam pela fase de ovo, larva, duas fases de ninfa, macho, fêmea imatura e fêmea adulta ou ovígera. A transformação da fêmea imatura em adulta ocorre depois da fertilização. 1. A fêmea fertilizada escava um túnel nas camadas superiores da epiderme, se alimentando de líquido que extravasa dos tecidos lesionados 2. Os ovos são colocados dentro dos túneis e eclodem em 3 a 5 dias 3. Após a eclosão surge as larvas de 6 pernas que rasteja até a superfície da pele 4. Essas larvas escavam as camadas superficiais da pela para criarem pequenas “bolsas de muda” 5. Nas “bolsas de muda” elas sofrem uma modificação, que dão origem as ninfas de 8 pernas – estágio caracterizado de protoninfa, onde a ninfa, adquire ser quarto par de pernas 6. Após uma nova modificação essas ninfas de 8 pernas são origem aos machos e as fêmeas imatura – estágio de tritoninfa, onde acontece a definição sexual 7. Os machos procuram essas fêmeas imatura para que aconteça a fertilização, emergindo na superfície da pele ou em uma bolsa de muda 8.Alguns dias após a fertilização a fêmea passa por uma nova modificação, tornando-se uma fêmea adulta que busca penetrar na pele no hospedeiro, a fim de recomeçar o ciclo 9. Novos hospedeiros são infectados por contato, presumivelmente por transferência de larvas, que estão presentes em regiões mais superficiais da pele que os demais estágios 10. O desenvolvimento de ovo a adulto dura entre 6 a 10 dias A história e os achados clínicos, como anamnese e exames clínicos são fortemente sugestivos, mas o diagnóstico é confirmado pelo achado de ácaros nos exames microscópicos de raspado de pele. Outros métodos menos utilizados incluem a histopatologia, a resposta à terapia e a flutuação fecal. Em humanos, os raspados de pele são quase sempre negativos, assim, o diagnóstico é baseado na anamnese, exame físico e na melhora decorrente do tratamento da fonte de infecção. Exame clínico O diagnóstico clínico é obtido por meio da anamnese, exames físicos, avaliação do ambiente e o contata com indivíduos ou animais com sintomas da parasitose. As principais informações sugestivas são os locais das lesões no animal e seu caráter evolutivo é importante verificar o aspecto, a extensão e localização das lesões. Exame parasitológico São utilizados para indicar diagnóstico parasitológico da sarna notoédrica: • Exame da fita gomada: a fita é aderida sobre as crostas presentes no animal, a formas irão ficar presas na fita que serão colocadas sobre uma lâmina e é examinada em microscópio com aumento de 10 a 40x. • Exame do raspado de pele: é raspado profundamente a epiderme no limite das lesões e da pele saudável. Coleta-se o raspado em lâmina e adiciona algumas gotas de NaOH ou lactofenol (importante para clarificar), deixa em repouso por 5 a 10 minutos e logo depois pode-se examinar em microscópio com aumento de 10 a 40x. Banhos semanais com acaricidas são considerados eficazes, e devem continuar por até duas semanas após a cura clínica. Todos os gatos que tiverem contato com outros animais infestados, devem ser tratados. Banhos de enxofre empregando solução a 2-3% (lime súlfur – não disponível no Brasil) e o amitraz a 0,025% são eficientes, mas pode ocorrer toxicidade em animais jovens ou debilitados com o uso do amitraz (o amitraz não é recomendado para espécie felina, mas caso seja, é importante tomar muito cuidado). A Ivermectina por via subcutânea na dose de 0,3mg/Kg também é recomendada como uma alternativa eficaz, no entanto há relatos de toxicidade desse fármaco em filhotes de gatos com a aplicação pour on do produto em base alcoólica. A Doramectina pode ser usada em dose única de aproximadamente 0,29mg/Kg por via subcutânea, para controlar a infecção. Pode ser utilizado também medicamentos de uso tópico como loções e pomadas como: deltametrina, tiabendazol, moxidectina e selamectina. Em humanos a dermatose é autolimitante e o quadro clínico se resolve sozinho em duas a seis semanas. Com o tratamento e isolamento dos animais infestados. Mas pode ser utilizados medicamentos como benzoato de benzila, deltametrina, monossulfeto de tetratiltiuram e medicamentos à base de Ivermectina. É indicado um novo tratamento após 7 a 10 dias, pois os ovos não são afetados pelos medicamentos e dessa forma é possível atingir os ácaros que eclodiram após o primeiro tratamento. Antibióticos para tratar infecções bacterianas secundarias podem ser indicados, além de medicamentos para aliviar o prurido. É importante que ocorra o tratamento de todos os doentes, além das medidas profiláticas que devem ser adotadas para evitar novos contágios. ➢ Evitar contato com pessoas/animais doentes ou com seus pertences e utensílios ➢ Boa higiene no caso de humanos (lavar as mãos com frequência, trocar roupas pessoais e de cama com frequência. No caso de animais é importante que ocorra a higienização correta nos banhos, mesmo que pareça saudável e limpo. ➢ Tratar fômite, isto é, quaisquer objetos ou superfícies que possam estar contaminadas. Devem ser submetidos a tratamento de calor ou frio pois os ácaros são termolábeis (sensíveis a determinadas temperaturas) ou utilização de acaricidas. Mesmo o Notoedres cati sobrevivendo alguns dias no ambiente, ainda é um ácaro sensível quando está fora de seu hospedeiro. Condições de baixa umidade, calor intenso e luz solar direta podem reduzir significativamente a sobrevivência do ácaro no ambiente • TAYLOR, M.A; COOP, R.L; WALL, R.L. Parasitologia Veterinária. 4ª edição. Guanabara Koogan, 2017 • MONTEIRO, Silvia Gonzalez. Parasitologia na Medicina Veterinária. 2ª edição. Roca, 2017 • LIMA, Gabriela Silva; ALVES, Rafael Messei; NEVES, Maria Francisca. Sarna notoédrica: Notoedres cati. Disponível em:< http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/CIZQZvbruASlzuY_2 013-6-21-12-23-20.pdf>. Acesso em: 16 de out. de 2020 • VERAS, Cynara Cinthia. Tratamento fitoterápico de sarna notoédrica em felino doméstico – relato de caso. Disponível em:< http://www.cstrold.sti.ufcg.edu.br/grad_med_vet/tcc_2017.2/37_cynara_cinthia _veras.pdf>. Acesso em: 16 de out. de 2020 • LUZ, Mariana. Trabalhos de conclusão de curso atividades do estágio supervisionado obrigatório. Disponível em:< https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/37666/tcccorrigido.pdf?seque nce=1&isAllowed=y>. Acesso em: 16 de out. de 2020 • SANTOS, Tiago Conceição et. al. Escabiose felina no gato errante – relato de caso. Disponível em:< https://www.researchgate.net/publication/338683421_Escabiose_felina_no_gato _errante_-_Relato_de_caso>. Acesso em: 16 de out. de 2020 • BRUM, Luciana Costa. Principais dermatoses zoonóticas de cães e gatos. Disponível em:< file:///C:/Users/Samsung/Downloads/Dermatosezoonotica.pdf>. 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