Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fonte: Parasitologia humana, David Neves – 2016; Parasitologia – Fundamentos e Prática clínica, 2020. ▪ Enteroparasitas: são parasitoses intestinais. O parasito envolvido na doença passa uma das fases do seu ciclo biológico no aparelho digestivo ou anexos, provocando alterações patológicas. ▪ Ex.: ascaridíase, enterobiose (oxiurose), ancilostomose, estrongiloidíase, giardíase e amebíase. ASCARIDÍASE: Epidemiologia: ▪ Mais cosmopolita e mais frequente helmintíase humana. ▪ A lumbricoides continua sendo o helminto mis frequente em regiões pobres com estimativa de prevalência de aprox. 30%, ou seja, 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo. ▪ Maior parte das infecções ocorre na Ásia > África > América Latina. ▪ Crianças em idade escolar e pré-escolar são mais acometidas (1 a 12 anos) – devido ao fato de suas brincadeiras sempre são relacionadas com o solo e possuem o hábito de levarem a mão suja à boca. ▪ Prevalência alta em locais com clima quente e úmido (ideal para sobrevivência e o embrionamento dos ovos) e baixa em regiões áridas – regiões tropicais e subtropicais. ▪ Locais com condições de higiene precárias (desprovidas de saneamento – já que a fonte de infecção é o próprio ser humana, que deposita os ovos larvados no ambiente através da defecação) e com alta densidade populacional. ▪ Decréscimo da doença nas crianças das regiões Sul e Sudeste – melhores condições de saneamento ambiental, especialmente água tratada. ▪ Brasil – presente em todas as regiões e é frequente em crianças, especialmente nas de idade escolar, sejam elas de origem urbana ou rural. Maior prevalência no Norte e no Centro Oeste, seguidos pelo Nordeste, pelo Sudeste e pelo Sul, nessa ordem. ▪ Este alto índice – ligado a fatores socioeconômicos, sanitário- ambientais e de educação – pode produzir consequências prejudiciais no desenvolvimento físico e cognitivo desses infantes. ▪ A grande resistência do ovo de A. lumbricoides às intempéries do ambiente favorece a manutenção dessa helmintíase – como uma das mais frequentes do mundo. ▪ Aspecto cultural associado a disseminação da doença – utilização de fezes humana como fertilizante no cultivo de hortaliças e frutas, esse costume associado à incorreta higienização dos alimentos – principais fatores de propagação (alimento contaminados). ▪ Também podem ser transmitidos pela chuva, vento, partículas de poeira, insetos e até mesmo mãos mal higienizadas. ▪ Embora seja simples de ser tratada, é descrita como uma doença tropical negligenciada. ▪ Por essa razão, estima-se que aproximadamente 300 milhões de pessoas sejam intensamente infectadas, com a mortalidade aproximando-se de 60.000 óbitos por ano, cifra mais expressiva do que aquela observada em moléstias como as leishmanioses e a doença do sono. Transmissão: ▪ Ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a larva de 3º estágio (L3). ▪ Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente os ovos de A. lumbricoides. ▪ Ovos de A. lumbricoides têm grande capacidade de aderência a superfícies – uma vez presente no ambiente ou em alimentos não são removidos com facilidade, além de serem resistentes a vários agentes terapêuticos. Ciclo de vida: ▪ Agente: (espécie): Ascaris lumbricoides. ▪ Nematódeo da família Ascarididae. ▪ Vermes longos, cilíndricos, finos e com extremidades afiladas. ▪ Machos e fêmeas apresentam diferenças morfológicas e de tamanho. ❖ Fêmeas: maiores e mais grossas (robustas) – medem 35 a 40 cm. ❖ Machos: enrolamento ventral, espiralado de sua extremidade caudal – medem 20 a 30 cm. ▪ Boca centrada na extremidade anterior, cercada por três lábios grandes, fortes e dotados de serrilha com dentículos e papilas sensoriais. ▪ Há dismorfismo sexual na espécie, com a fêmea exibindo sua extremidade posterior cônica e retilínea e o macho apresentando-a um pouco mais afunilada e encurvada para a superfície ventral. ▪ Alguns relatos chegam a quantificar mais de 200.000 ovos/dia. ▪ Ovos imediatamente expelido são brancos, porém, tais estruturas absorvem os pigmentos biliares das fezes e ficam com cor marrom-acastanhadas – podendo ser férteis ou inférteis. ▪ Ambos são lançados envoltos por uma membrana composta por 3 camadas: interna, media e externa (confere ao ovo aspecto mamilonar – o qual ele pode ser reconhecido). ▪ Ovos férteis: envoltório mais espesso e formato ovoide menores. ▪ Inférteis: maiores que os outros, formato alongado. Visto quando tem a infecção do hospedeiro apenas por fêmeas, quando as jovens que não passaram pelo processo de fecundação iniciam a oviposição e quando o numero de fêmeas na população parasitária e significativamente maior que o número de machos. ▪ Habitat preferencial: ▪ Ciclo: ▪ Ciclo monoxênico – possuem um único hospedeiro. ▪ Cada fêmea fecundada é capaz de colocar, por dia, cerca de 200.000 ovos não embrionados (a fecundação desses ovos produzidos diariamente ocorre por meio da cópula com o verme masculino) – não embrionados - liberados através das fezes para o ambiente, onde se tornam embrionados caso tenha condições favoráveis, como: temperatura em torno de 27°C, com variações aprox. 3°C para cima ou baixo; umidade e presença de O2. ▪ Ovos embrionados dão origem ao primeiro estágio larval (Ll) formada dentro do ovo em cerca de 15 dias – do tipo rabditoide – possui o esôfago com duas dilatações, uma em cada extremidade e uma constrição no meio. ▪ Após uma semana (7 dias), ainda dentro do ovo, essa larva sofre muda transformando-se em L2 (rabditoide – não infectante) e, em seguida, sofre nova muda transformando-se em L3 infectante com esôfago tipicamente filarioide (esôfago retilíneo). ▪ Estas formas permanecem infectantes (L3), dentro do ovo, no solo, por vários meses ou por até 7 anos, podendo ser ingeridas pelo hospedeiro. Para que isso aconteça (viver 7 anos), a larva, ainda no interior do ovo, reduz significativamente seu metabolismo e somente completa o seu ciclo quando deglutida. ▪ Após ingestão dos ovos, atravessam o tubo gastrointestinal, para eclodir ao chegarem no intestino delgado – esse rompimento do ovo ocorre devido à estímulos do próprio hospedeiro – agentes redutores, pH, temperatura, sais biliares, concentração de CO2 (ausência inviabiliza a eclosão). ▪ L3 (filarioide) que sai do ovo é aeróbia (não consegue desenvolver-se no intestino) e migra para outros tecidos. ▪ Atravessam a parede intestinal na altura do ceco → caem nos vasos linfáticos e na veia mesentérica superior (circulação porta) → atingem o fígado (8 e 24 horas após a infecção). ▪ Em 2 a 3 dias chegam ao átrio direito pela veia cava inferior e 4 a 5 dias após são encontradas nos pulmões pela artéria pulmonar (ciclo de LOSS). ▪ Cerca de 8 dias após a ingestão dos ovos, nos pulmões as larvas sofrem mudança e evoluem para L4, que rompem os capilares pulmonares – ganhando acesso aos alvéolos, local onde elas amadurecem de L4 para L5. ▪ Dos alvéolos, as L5 sobem pela árvore brônquica, traqueia e laringe, chegando até a faringe – neste ponto são envolvidas pelo muco ali existente, o que lhes confere resistência ao ambiente ácido do estômago, podem, então ser expelidas do hospedeiro a partir do reflexo da tosse (com a expectoração) ou serem deglutidas, atravessando ilesas o estômago e fixando-se e amadurecendo-se no intestino delgado dando lugar às formas adultas, concluindo seu ciclo biológico. ▪ Nesse estágio larval, elas são aeróbias facultativas, sobrevivendo sob anaerobiose. ▪ Transformam-se em adultos entre 20 a 30 dias após a infecção (última muda). ▪ Em aprox. 60 dias alcançam a maturidade sexual (forma adulta), fazem a cópula e a ovipostura, quando são encontrados ovos nas fezes do hospedeiro. ▪ Os vermes adultos têm longevidade de 1 a 2 anos, a dependerda interferência do ambiente. Fisiopatologia: ▪ Intensidade das alterações provocada está diretamente relacionada com o número de formas presentes no hospedeiro. ▪ Sua fisiopatologia envolve os danos teciduais, a resposta imunológica desencadeada pelo hospedeiro e a obstrução mecânica provocada pelo parasito. ❖ Larvas: ▪ Em infecções de baixa intensidade, normalmente não se observa nenhuma alteração. ▪ Em infecções maciças podem determinar a ocorrência de lesões hepáticas e pulmonares. ▪ No fígado, quando são encontradas numerosas formas larvares migrando pelo parênquima, podem ser vistos pequenos focos hemorrágicos e de necrose que futuramente tomam-se fibrosados. ▪ Podendo-se observar hepatomegalia, que, em geral, regride em poucos dias nos casos com passagem de grande número de larvas pelo fígado. ▪ Nos pulmões ocorrem vários pontos hemorrágicos na passagem das larvas para os alvéolos. Sendo os danos teciduais – causados pela migração larval – ativadores das respostas imunológicas inata, celular e humoral. ▪ Há edemaciação dos alvéolos com infiltrado inflamatório por polimorfonucleares neutrófilos e eosinófilos. ▪ Nessa fase da infecção a resposta imunológica é caracterizada pelo aumento de eosinófilos sanguíneos e teciduais, bem como anticorpos IgE específicos, responsáveis por reações de hipersensibilidade. ▪ Síndrome de Loeffler: expressa clinicamente como a degranulação das células eosinofílicas, com a liberação de mediadores inflamatórios e com a consequente reação inflamatória, caracterizando uma pneumonite no hospedeiro. ❖ Vermes Adultos: ▪ Em infecções com três a quatro vermes, em geral não há alterações clínicas e os sintomas quando ocorrem são inespecíficos. ▪ A resposta imunológica dirigida ao A. lumbricoides adulto, à semelhança do que ocorre nas fases larvárias, também envolve reação eosinofílica, periférica e tecidual, além de mediações por células Th1. ▪ Já nas infecções médias, 30 a 40 vermes, ou maciças, 100 ou mais vermes, podem ocorrer: ❖ Ação espoliadora: vermes consomem grande quantidade de proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas A e C – subnutrição e depauperamento físico e mental (principalmente em crianças). ❖ Esses vermes adultos ao se fixarem à mucosa da parede intestinal – causam úlceras ou erosões – justificam a espoliação por meio de perda de sangue e de proteínas. ❖ Quanto à condição clínica destas crianças, 28% apresentavam obstrução intestinal grave; 39,1%, semiobstrução e eliminação de A. lumbricoides, e 32,8%, diarreia. ❖ Ação tóxica: reação entre antígenos parasitários e os anticorpos alergizantes do hospedeiro – edema, urticária e convulsões. ❖ Ação mecânica: vermes causam irritação na parede intestinal e podem enovelar-se na luz, levando à obstrução. ❖ A obstrução intestinal é a complicação aguda mais comum – 3/4 de todas as complicações. ❖ Crianças são mais propensas – menor tamanho do intestino delgado e intensa carga parasitária. ❖ Localização ectópica: em pacientes com altas cargas parasitárias ou ainda em que o verme sofra alguma ação irritativa (febre, uso impróprio de medicamento, ingestão de alimentos muito condimentados), o helminto desloca- se de seu hábitat normal atingindo locais não habituais – “áscaris errático”. Resumo: As alterações patológicas mais caracteristicas relacionam-se com a capacidade de o helminto migrar para outros locais – causando obstrução mecânica total ou parcial no intestino delgado, nas vias biliares e no ducto pancreático principal. Com menor frequência, em casos de infecções maciças, tem os casos de obstrução nos ouvidos, nariz e nos canais lacrimais. E raríssimos casos de invasão renal por vermes adultos e de abcesso cerebral pela migração de larvas. Manifestações clínicas: ▪ Parte dos casos são assintomáticos, e a existência ou não de sinais e sintomas no homem reflete a intensidade da carga parasitária. ▪ Sinais e sintomas compatíveis com a helmintíase está apresentada conforme as fases larvária (infecção aguda) e adulta (infecção crônica) do verme no hospedeiro. ▪ A migração do Ascaris para sítios não habituais pode ser desencadeada pela administração de medicamentos anti- helmínticos. ▪ Quadro pneumônico com febre, tosse, dispneia, manifestações alérgicas, bronquite e eosinofilia – depende do número de formas presentes – gerado pela migração das larvas pelos alvéolos pulmonares. ▪ Síndrome de Lõeffler: conjunção de sintomatologia das vias respiratórias. ▪ Na tosse produtiva (com muco), o catarro pode ser sanguinolento e apresentar larvas do helminto. ▪ Estas manifestações geralmente ocorrem em crianças e estão associadas ao estado nutricional e imunitário. ▪ Subnutrição e depauperamento físico e mental (principalmente em crianças). ▪ Edema, urticária e convulsões – ação tóxica proveniente das reações antígenos-anticorpos no hospedeiro. ▪ É muito comum entre crianças o aparecimento de uma alteração cutânea, que consiste em manchas circulares e esbranquiçadas disseminadas em rosto, tronco e braços – popularmente chamadas de “pano” – sendo tal despigmentação associada ao consumo das vitaminas A e C pelo parasito, assim, com o devido tratamento e a consequente eliminação do helminto, tais sinais cutâneos tendem a desaparecer. ▪ Após a terapêutica e a eliminação do verme, as manchas tendem a desaparecer. ▪ Infecção intestinal: desconforto abdominal, náuseas, perda de apetite e emagrecimento, obstrução intestinal (mais comum), diarreia, sensação de coceira no nariz, irritabilidade (quadros de mudança comportamental), sono intranquilo, ranger dos dentes a noite. ▪ Situações ectópicas (podem levar a quadros graves – intervenção cirúrgica): ❖ Apêndice cecal – apendicite aguda. ❖ Duto colédoco – obstrução e colecistites aguda e colangite aguda. ❖ Duto pancreático (ducto de Wirsung) – pancreatite aguda. ❖ Eliminação do verme pela boca e pelas narinas. ❖ Vermes adultos ou larvas no ouvido médio e na tuba auditivo. Diagnóstico: ▪ Clínico: ▪ Usualmente a doença é pouco sintomática – difícil de ser diagnosticada em exame clínico – gravidade da doença determinada pelo número de vermes que infectam cada pessoa. ▪ Como o parasito não multiplica dentro do hospedeiro, a exposição contínua a ovos infectados é a única fonte responsável pelo acúmulo de vermes adultos no intestino do hospedeiro. ▪ Laboratorial: ▪ Identificação de ovos nas fezes. ▪ Em fases precoces da infecção (larvas passando pelo pulmão), o exame de fezes é negativo – os primeiros ovos só aparecem nas fezes cerca de 40 dias após a contaminação do paciente. ▪ Método de Kato modificado por Katz – OMS – inquéritos epidemiológicos – essa técnica permite a quantificação dos ovos e estima o grau de parasitismo dos portadores. Prevenção/profilaxia: ▪ Tratamento de doentes - Interrompendo o ciclo de evolução do helminto. ▪ Saneamento básico. ▪ Hábitos mais saudáveis - lavar as mãos antes das refeições e higienizar, manusear e armazenar adequadamente os alimentos – é uma ação que precisa ser amplamente trabalhada por meio de campanhas midiáticas e dos trabalhos escolares, sobretudo com crianças em idade escolar para possibilitar a conscientização das pessoas sobre tais medidas simples – contribuem de maneira bastante eficaz para diminuir o número de infecções e a disseminação da doença. ▪ Higiene pessoal. ▪ Tratamento de águas. ▪ Tratamento das fezes humanas que, eventualmente, possam ser utilizadas como fertilizantes. ▪ Educação em saúde – principalmente para crianças. ▪ Destinação apropriada dos resíduos fecais, viabilizada por meio da construção de redes de água e de esgoto. Quando isso não é possível, faz-se imperativo o uso de latrinas e fossas secas para o depósito dos dejetos humanos de maneira adequada. ▪ Tratamento dosolo com substâncias químicas – nas áreas peridomiciliares – redução da contaminação do mesmo pelos ovos do helminto. ANCILOSTOMÍASE: ▪ Também conhecida por “amarelão”, “mal dos mineiros”. Causada por parasitos das espécies Ancylostoma duodenale e Necator americanus, cujo hábitat, no ser humano, é o intestino delgado. Epidemiologia: ▪ Doença de alto impacto mundial – principalmente em crianças e gestantes – considerada a 2° helmintíase mais comum no mundo. ▪ Distribuição bem heterogênea – principal espécie: N. americanus. ▪ Prevalente em áreas tropicais e subtropicais, e regiões rurais e em população menos abastadas. ▪ Embora ocorra de maneira potencialmente mais grave em crianças e adolescentes, a faixa etária de maior prevalência para a moléstia concentra-se entre 30 e 44 anos de idade, ou acima de 50 anos. ▪ Cerca de ¼ da população mundial está atualmente sob risco de infecção por esses agentes etiológicos – transmitidos pelo solo. ▪ A enfermidade é documentada desde o século III a.C., quando ficou conhecida por causar problemas intestinais e provocar a tendência de os enfermos comerem terra. ▪ Ainda é considerada uma doença negligenciada – presença da infecção ainda nos dias atuais. ▪ Prevalência da infecção associada a áreas de pobreza e desigualdades sociais – deficiência de acesso à infraestrutura sanitária e serviço básico de saúde adequado. ▪ Em média, estima-se que 740 milhões de indivíduos estejam infectados atualmente, dos quais a maioria reside em áreas pobres e com más condições de saneamento básico. ▪ Sua extensa distribuição – ligada às condições de vida que o ambiente oferece ao helminto: umidade acima de 85% e temperaturas elevadas (média de 27°C para A. duodenale e 33°C para N. americanus). ▪ A natureza do solo também influencia no desenvolvimento dos ovos e das larvas dos nematoides – assim os terrenos arenosos oferecem melhores condições de sobrevivência. ▪ A. duodenale: estudos realizados na Ásia e na África mostram ocorrência de casos de ancilostomíase neonatal, devido à migração do helminto para as glândulas mamárias das lactantes. Comumente, é encontrado no Oriente Médio, norte da África e sul da Europa. ▪ N. americanus: mais prevalente em regiões tropicais e subtropicais, como no continente americano e na Austrália. ▪ Prevalência no Brasil: Nordeste, seguida do Sudeste, Centro Oeste, Norte e Sul. Transmissão: ▪ Dérmica (única via para o N. americanus). ▪ Via oral (A. duodenale e A. ceylanicum). ▪ Penetra na pele, folículo piloso ou glândula, principalmente nos pés, tornozelo, bordas e dorso do pé. ▪ A. duodenale: adquirido a partir da penetração cutânea. ▪ N. americanus: aquisição só ocorre através de penetração cutânea, pois o parasito, para se desenvolver, necessita realizar o ciclo transpulmonar. Ciclo de vida: ▪ Agentes: Ancylostoma duodenale, Necator americanus e A. ceylanicum. ▪ Nematoides da família Ancylostomatidae. ▪ Principais gêneros que afetam humanos: Necator americanos e Ancylostoma. ▪ Mais comum: Necator americanos. ▪ Presença de cápsula bucal, uma projeção da cutícula na região anterior do verme adulto – usadas para fixação do parasito no hospedeiro: ▪ Ancylostoma: providas de dentes na cápsula bucal. Adulto – cilindriforme, cor branco-rosada e um par de dentes ventrais. ▪ Dimorfismo sexual – fêmea maior do que o macho, presença de bolsa copuladora bem desenvolvida nos machos. Ambos têm extremidade curvada. ▪ Necator: tem lâminas ou placas cortantes na cápsula bucal (2 pares). Adulto – cilíndrico e tem extremidade dorsal curvada. Mais fina que a Ancylostoma duodenale, não tem significativa desproporção quanto ao tamanho da fêmea e do macho, comparando-se as larguras. ▪ Espécies como Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum são parasitos de caninos e felinos e, quando infectam hospedeiros humanos, causam quadros de larva migrans cutânea. ▪ Ciclo: ▪ Apresentam um ciclo biológico direto, sem a necessidade de hospedeiro intermediário. ▪ Ovos liberados nas fezes contaminadas do hospedeiro darão origem (eclodem 1 a 2 dias após serem lançados no ambiente) aos dois primeiros estádios larvais (LI e L2), com esôfago rabditoide e, posteriormente, essas rabditoides crescem nas fezes e/ou no solo e, depois de 5 a 10 dias, ocorrerá a muda para a forma de vida infectante, com esôfago filarioide (L3 – podem sobreviver de 3 semanas a 6 meses em condições adequadas) – dependente de condições favoráveis (oxigenação, temperatura, umidade do ambiente). ▪ Ovo → L1: 12 a 24 horas. ▪ L1 → L2: 3 a 4 dias. ▪ L2 → L3: 5 dias. ▪ As L3 apesar de livre movimentação, já não se alimentam e apresentam dupla cutícula (durante a muda entre L2 e L3, há preservação da cutícula externa e formação de uma nova cutícula interna). Ao entrar em contato com o hospedeiro humano, seja pela cútis ou por ingestão, as larvas penetram e são transportadas através dos vasos linfáticos -> ganhando a corrente sanguínea -> chegando ao coração -> e depois aos pulmões, onde alcançam -> os alvéolos pulmonares -> ascendem pelos brônquios para a faringe e são engolidas. As larvas então alcançam o intestino delgado onde habitam e amadurecem – vermes adultos, que vivem no lúmen do ID (comumente no duodeno, mas podem se fixar no jejuno e mais raro no íleo), aderidos à parede do órgão. Embora haja o estágio pulmonar no ciclo, a espécie Ancylostoma duodenale é capaz de se desenvolver no intestino sem que ocorra a migração, ao contrário da espécie Necator americanus, que requer uma fase de migração transpulmonar. ▪ Penetração pela pele no homem ou ingestão da L3 (invasão do epitélio bucal) → estimulação de sinais térmicos e químicos do hospedeiro → desenvolvimento a partir da expressão gênica diferenciada → produção de produtos de secreção e excreção (enzimas), associados à movimentação da larva → penetração nos tecidos do hospedeiro. ▪ O processo de penetração dura cerca de 30 minutos e as L3, após liberação da cutícula externa no meio externo, migram pela circulação sanguínea ou linfática até alcançar os pulmões. ▪ Após ganhar a corrente sanguínea, a resposta aos antígenos é aumentada; entretanto, o parasito permanece por pouco tempo nesse local, migrando para os pulmões e causando alterações clínicas advindas da inflamação do tecido e de microtraumas. ▪ Atravessam os capilares do pulmão para a luz dos alvéolos pulmonares – ascendem para os bronquíolos, brônquios e traqueia. ▪ Nos pulmões (alta oxigenação), ocorre a mudança para o estádio de L4 – apresenta uma cápsula bucal provisória. ▪ Ao atingir a laringe, podem ser expectoradas ou deglutidas → TGI → intestino delgado. ▪ No intestino delgado, as L4 já exercem a hematofagia e, transcorridos 15 dias da infecção, mudam para formas adultas jovens, que darão origem a vermes adultos sexualmente maduros em mais alguns dias. ▪ Após a reprodução sexuada, as fêmeas depositam ovos na luz intestinal que são liberados ao meio exterior junto com as fezes. ▪ A hematofagia e a consequente perda de sangue do hospedeiro ocorrem antes da produção de ovos e continua por toda a vida do parasito. ▪ Ancilostomatídeos podem viver por anos no intestino humano. Fisiopatologia: ▪ Alterações intestinais são produtos da inflamação causada pela fixação do parasito na mucosa entérica e ocasionando a laceração da mucosa e da submucosa por meio de seus aparatos bucais cortantes dos vermes adultos (dentes), acompanhados por sucção e secreção de enzimas hidrolíticas e agentes anticoagulantes → intensa perda de sangue intestinal e hipoproteinemia → contribui para que o hospedeiro se torne mais suscetível a infecções. ▪ De fato, o processo infeccioso está associado à grande quantidade de perda sanguínea pelo intestino. ▪ Diminuição da capacidade de síntese da albumina nofígado, perda de plasma durante a hematofagia, desnutrição → hipoalbuminemia. ▪ Em infecções por N. americanus, há produção de respostas de anticorpos para todas as classes de imunoglobulina (Ig) humana; todavia, a produção de IgE é baixa, dado conflitante ao usualmente esperado para infecções por helmintos. Manifestações clínicas: ▪ Morbidade varia de leve, moderada a grave, dependendo da carga parasitária. ❖ Doença aguda: ▪ Penetração das L3 pela pele – aparecimento imediato de prurido local, eritema e rash papuloso, sintomas conhecidos como “coceira do solo”, ou seja, de erupções papulovesiculares pruriginosas eritematosas. ▪ Gravidade das erupções pode variar de acordo com a infecção primária ou reinfecção, desde o aparecimento de simples pápulas eritematosas até o surgimento de pápulas vesiculadas, com edema generalizado e inchaço de linfonodos locais. ▪ Os sinais e sintomas sequenciais são decorrentes da migração larval pelos tecidos durante seu desenvolvimento – tosse, inflamação na garganta (irritação da faringe), febre, náuseas, vômitos, dispneia e rouquidão. ▪ Presença do parasito no pulmão – febre transiente em 2 a 4 semanas após a infecção. ▪ Migração no trato respiratório – síndrome de Lõeffler: tosse não produtiva, febre baixa, dor torácica discreta, dispneia leve, astenia, em alguns casos náuseas e vômitos, coriza, faringite, laringite, sensação de obstrução da garganta e dor ao falar; nessas situações costumam ser observadas hipereosinofilia e alterações na telerradiografia de tórax (infiltrado pulmonar fugaz e transitório). ▪ Caso a intensidade da infecção seja significativa, poderão sobrevir manifestações compatíveis com pneumonia, com febre elevada, astenia, cefaleia, mal-estar geral, dor torácica e tosse produtiva com escarro amarelo-esverdeado. ❖ Doença crônica: ▪ Perda paulatina de sangue – devido as necessidades de consumo do helminto – uma das principais caracteristicas da doença crônica – ocorre tanto por lesões traumáticas (fixação na mucosa intestinal por meio de dentes ou lâminas cortantes) quanto por respostas imunológicas à produção de substâncias imunomoduladoras e enzimas anticoagulantes. ▪ Migração no trato gastrointestinal – dor epigástrica (presença das L3) e, em razão da presença e do desenvolvimento do verme adulto, podem ocorrer diminuição do apetite, indigestão, cólicas, náuseas, vômitos, flatulência e diarreia e, em casos mais graves, ulceração intestinal e colecistite. ▪ As principais manifestações clínicas da ancilostomose são consequentes da perda crônica de sangue, acarretando em anemia por deficiência de ferro e hipoalbuminemia. ▪ Podem ocorrer, também, edema da face e dos membros inferiores e ascite (eventualmente, anasarca), associados à hipoproteinemia. Além disso, a pele adquire textura cérea e coloração amarelada, e pode sobrevir hipotermia. ▪ A anemia microcítica e hipocrômica e a eosinofilia coincidem com o estabelecimento dos vermes adultos no intestino e são proeminentes durante a infecção. ▪ Indivíduos com baixa carga parasitária são usualmente assintomáticos, infecções moderadas e altas podem haver obstrução do lúmen intestina – que resultam em dores epigástricas recorrentes, náusea, dispneia de esforço, palpitações, dores no esterno e juntas, dor de cabeça (cefaleia), fadiga, impotência, dores nas extremidades inferiores. ▪ Alguns indivíduos podem desenvolver a alotriofagia (também conhecida por síndrome de Pica) que consiste em um apetite compulsivo por substâncias não nutritivas ou não alimentares como solo, argila, tijolos ou areia, e esse desejo de comer terra e giz, se deve à deficiência de ferro e cálcio no organismo, respectivamente, elementos que se encontram em quantidades muito abaixo do normal nos pacientes acometidos pela parasitose. ▪ Finalmente, anemia e subnutrição podem afetar a produtividade e a capacidade de trabalho de indivíduos doentes, com potencial perda de função assalariada e aumento do desequilíbrio social. Imunologia: ▪ São observados durante a doença, intensa resposta Th2 com a produção de IgE total e específica bem como elevados níveis de eosinofilia, IL-5, IL-10 e TNF. ▪ Durante a infecção natural por ancilostomatídeos, ocorre a produção de anticorpos específicos (IgA, IgD, IgE, IgG e IgM) a antígenos brutos do parasito, parcialmente associados à resistência à reinfecção e à eliminação do parasito. ▪ Diversas moléculas liberadas pelo parasito são responsáveis pela modulação da resposta imune – apoptose de linfócitos T e B, proliferação e atividade específica de células T reguladoras, anergia de linfócitos T e redução da apresentação de antígenos por células dendríticas. ▪ Além disso, algumas proteases produzidas pelo parasito atuam na clivagem de quimiocinas e anticorpos, reduzindo a proteção mesmo diante de uma resposta imunológica previamente formada. ▪ De forma geral, a infecção por ancilostomatídeos reduz a capacidade do hospedeiro em montar uma resposta imune eficiente para eliminar o parasito. Diagnóstico: ▪ Clínico: ▪ Anamnese associada aos sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais, acompanhados ou não de anemia e eosinofilia. ▪ Laboratorial: ▪ Realizado pelo exame coproparasitológico, utilizando métodos qualitativos ou quantitativos (avaliação de carga parasitária do hospedeiro). ▪ Diagnóstico diferencial: ▪ Determinar a infecção por N. americanus ou Ancylostoma sp. ▪ Pode ser realizado pela coprocultura (método de Harada e Mori). ▪ Algumas características morfológicas permitem também a diferenciação entre larvas de Ancylostomatidae e de Strongyloides stercoralis. ▪ Outros: ▪ Métodos imunológicos (ELISA, hemaglutinação, reação de fixação de complemento) apresentam eficácia diagnostica limitada – não diferenciam infecção presente de passada. ▪ Métodos moleculares (PCR em fezes) têm sido aplicados em inquéritos epidemiológicos e desenvolvidos para futura aplicação em rotina – uma vantagem do método é a possibilidade de diagnóstico de múltiplas infecções de forma específica. Prevenção/profilaxia: ▪ Melhora das condições socioeconômicas da população afetada. ▪ Acesso à infraestrutura sanitária e ao atendimento básico em saúde, além de condições mínimas de alimentação, educação e habitação. ▪ Educação em saúde – prevenção da infecção por L3 – hábitos mais saudáveis de higiene. ▪ Lavar mãos antes das refeições e do manuseio de alimentos, e após o uso do sanitário. ▪ Lavar alimentos crus. ▪ Beber água filtrada ou fervida. ▪ Usar calçados ou equipamentos de proteção individual (que impeça o contato com solo contaminado). ▪ Possuir uma alimentação rica em ferro e proteínas. ▪ Correto destino do material fecal, o qual deve ser realizado por meio de saneamento básico, com a construção de rede de água e esgoto. Quando não é possível, a orientação é que se preconize o uso de latrinas e fossas secas para o depósito dos dejetos humanos, evitando, assim, a contaminação do solo nas regiões peridomiciliares. ▪ Promover o tratamento do solo diminuindo a poluição fecal, a partir da introdução de espécies vegetais as quais produzem substâncias que são capazes de destruir as larvas dos helmintos. ▪ Material fecal é utilizado como adubo em cultivos de hortaliças e frutas, a desinfecção das fezes por meio de processos de estocagem pode ser uma ótima alternativa. ▪ O próprio tratamento da helmintíase também é uma importante medida profilática, os anti-helmínticos interrompem o ciclo de evolução do parasito, minimizando a morbidade da doença e a possibilidade de contaminação ambiental, já que a deposição dos ovos do helminto nas fezes estará erradicada ou diminuída. OMS tem preconizado a quimioterapia preventiva a partir da administração, em dose única, de anti-helmínticos – como mebendazol e albendazol– nas populações de alto risco e sem diagnóstico prévio. GIARDÍASE: Epidemiologia: ▪ Epidemias em instituições fechadas, como creches. ▪ formas de infecção estão ligadas à contaminação de alimentos ou ao contato direto entre pessoas, o que explica também a alta prevalência em ambientes aglomerados (creches, enfermarias e asilos). ▪ Animais domésticos: reservatórios da doença, sendo infectados a partir da ingestão de água e/ou alimentos contaminados com cistos de Giardia. ▪ Acomete mais crianças de 8 meses e 10-12 anos (principalmente aquelas de até 6 anos, explicado pela falta de hábitos higiênicos dos indivíduos dessa idade e também por conviverem em ambientes coletivos, como creches e escolas e também a resistência adquirida pelos adultos em áreas de alta endemicidade). ▪ Outros indivíduos com predisposição para adquirir a doença: possuem alguma imunodeficiência (p. ex., infectados pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV) e os portadores de fibrose cística, por apresentarem características que protegem o parasito das defesas do hospedeiro. ▪ Uma das principais parasitoses encontradas em todos os países (subdesenvolvidos e desenvolvidos), principalmente naqueles de clima tropical e subtropical. ▪ Giardia é um dos parasitos intestinais mais comuns em animais domésticos (cães e gatos). ▪ Nos países em desenvolvimento, onde faltam condições básicas de saneamento e tratamento de água eficiente, Giardia é um dos principais agentes associados à veiculação hídrica. ▪ Brasil – estima-se que sua incidência varia de 4 a 30%, número que depende do estudo, da faixa etária e da região pesquisada. ▪ Adquirida principalmente pela ingestão de cistos provenientes de águas não tratadas ou apenas cloradas, já que o processo de cloração não elimina o protozoário. ▪ Em 2004, a infecção por Giardia foi inserida no grupo WHO, que reúne doenças negligenciadas nos países desenvolvimento e que guardam estreita relação com a pobreza, com a falta de saneamento básico e com a qualidade da água de consumo. Transmissão: ▪ Transmissão por via fecal-oral – cistos. ▪ Ingestão de cistos presentes na água – transmissão hídrica – (direta ou indiretamente, contaminação acidental – atividades recreativas) e nos alimentos. ▪ Transmissão direta de pessoa a pessoa – por meio das mãos contaminadas – comum em locais de aglomeração humana, especialmente, quando desprovidos de condições sanitárias adequadas. ▪ A transmissão direta tem importância entre homossexuais masculinos que em geral se infectam pelo contato oral-anal – relação sexual (resultante da transmissão fecal-oral). Ciclo de vida: ▪ Agente: Giardia lamblia/duodenalis/intestinalis. ▪ Giardia apresenta duas formas evolutivas: o trofozoíto e o cisto. ▪ O trofozoíto é encontrado no intestino delgado – forma de pera, responsável pelas manifestações clínicas da infecção. Tem 2 faces: dorsal (lisa e convexa) e ventral (côncava), na qual se percebe uma estrutura com a função de fixar o trofozoíto à mucosa duodenal - o disco ventral, suctorial ou adesivo, que tem a forma de uma ventosa, possibilitando que o trofozoíto se alimente de substâncias líquidas. ▪ O cisto é a forma responsável pela transmissão do parasito – resistentes ao ambiente. Formato oval ou elipsoide. ▪ Ciclo: ▪ Giardia intestinalis é um parasito monoxeno de ciclo biológico direto – apenas um hospedeiro definitivo. ▪ O ciclo inicia-se, principalmente, pela ingestão de água e/ou alimentos contaminados, ou seja, a via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos. ▪ Poucos cistos são necessários para infectar o hospedeiro (10 a 100 formas). ▪ Após a ingestão, o cisto passa por um processo de desencistamento, que tem início no meio ácido do estômago e completa-se no duodeno e no jejuno. ▪ Cada cisto maduro libera um excitozoíto (forma oval, tetranucleada e com 8 flagelos) – em cada excitozoíto ocorrem duas divisões nucleares sem replicação do material genético – em seguida, este organismo divide-se e origina quatro trofozoítos binucleados. ▪ Os trofozoítos multiplicam-se por divisão binária longitudinal e, assim, colonizam o intestino, onde permanecem aderidos à mucosa por meio do disco adesivo. ▪ O ciclo se completa pelo encistamento do parasito e sua eliminação para o meio exterior – este processo pode ter início no baixo íleo, embora seja considerado o ceco o principal sítio de encistamento. ▪ Pode ter como estímulos: o pH intestinal, a presença de sais biliares e o destacamento do trofozoíto da mucosa; este último ocorre, certamente, pela resposta imune local. ▪ A recepção e a condução desses estímulos levarão à expressão de genes específicos, responsáveis pela codificação de moléculas da parede cística e pela biogênese de organelas secretoras envolvidas no transporte, secreção e organização dos constituintes deste envoltório. ▪ Depois disso, os trofozoítos são recobertos por membrana resistente, que seria secretada pelo parasito e que tem quitina em sua composição. ▪ No interior do cisto, ocorre nucleotomia – pode apresentar-se com quatro núcleos. ▪ Os cistos produzidos são resistentes e excretados juntamente com as fezes do hospedeiro, podendo permanecer viáveis por vários meses no ambiente (em condições favoráveis de temperatura e umidade) e sobreviver em ambientes hostis, como água fria e variações na temperatura. Fisiopatologia: ▪ A patogenia da doença envolve algumas características, dentre elas: o número de parasitos presentes no intestino delgado, o tipo de cepa do protozoário e a interação do protozoário com outros microrganismos, como fungos e bactérias, além de fatores do próprio hospedeiro relacionados principalmente com a capacidade de defesa imune. ▪ Pode determinar alterações morfológicas e fisiológicas do epitélio intestinal sem que haja invasão tissular e celular: ▪ Alteração da arquitetura da mucosa intestinal pela colonização do intestino pelo parasito – principalmente em respeito a organização das microvilosidades – achatamento e/ou atrofia das microvilosidades. ▪ Processo inflamatório desencadeado em virtude da resposta imune do hospedeiro frente à presença do parasito na mucosa – outros fatores aventado para explicar as alterações morfológicas e funcionais do epitélio intestinal. ▪ Tem sido constatado aumento de linfócitos intraepiteliais antes mesmo que as alterações na mucosa intestinal sejam detectadas. ▪ Ativação de linfócitos T – induz retração das vilosidades – seria um dos mecanismos responsáveis pela deficiência de dissacaridases e má absorção associadas aos quadros de diarreia. ▪ Liberação de substâncias potencialmente tóxicas (proteínas com atividade proteolítica), capazes de causar alterações na mucosa intestinal – pelos trofozoítos de Giardia. ▪ Na tentativa de explicar alterações morfológicas e fisiológicas do epitélio intestinal, pesquisadores discutem sobre a possibilidade de que substâncias secretadas e/ou excretadas pelos trofozoítos possam atuar como toxinas sobre a mucosa duodenal do hospedeiro, alterando as vilosidades e, desta forma, inibindo a absorção de nutrientes e a atividade enzimática. ▪ As alterações na mucosa, poderiam ser devidas a um processo inflamatório local desencadeado em resposta a estes produtos de excreção/secreção, uma vez que entre as proteínas liberadas pelos trofozoítos estão antígenos relevantes do parasito. ❖ Imunologia e Patologia: ▪ Mudanças na arquitetura da mucosa – normal ou com atrofia parcial ou total das vilosidades. ▪ Também pode ter hiperplasia das criptas – reduz a superfície disponível para absorção dos nutrientes. ▪ Essa alteração decorre de processos inflamatórios provocados pelo parasito devido à defesa imune do hospedeiro. ▪ Explicação para manifestações clinicas, como a síndrome da má absorção e a diarreia:tem como base a reação inflamatória provocada pelo parasito, este quando em contato com macrófagos da mucosa intestinal, desencadeia o processo de ativação dos linfócitos T, os quais ativam os linfócitos B, que produzem as imunoglobulinas IgA e IgE. ▪ IgE: amplifica esse processo, pois se conecta aos mastócitos (presentes na mucosa intestinal), dando início ao processo de degranulação de tais células e liberação de substâncias, como a histamina. Conjunto dessas reações – edema da mucosa e à contração dos músculos lisos – culmina no aumento da motilidade intestinal – explica também o aumento da renovação dos enterócitos. ▪ Assim, as vilosidades ficam compostas de células imaturas, causando dificuldades de absorção e diarreia. ▪ Prostaglandina: também envolvida no aparecimento da síndrome diarreica, explicada pela liberação dessas por mastócitos e monócitos ativados pela reação imune, aumentando diretamente a motilidade intestinal, ou por meio da ativação da adenilciclase presente na mucosa, levando ao aparecimento da diarreia. ▪ Não há uma única explicação para a sintomatologia e as consequências da giardíase, o que caracteriza um processo multifatorial, envolvendo desde características do próprio parasito até a resposta imune do hospedeiro. Manifestações clínicas: ▪ Após o período de incubação (5 a 25 dias – média de 7 a 10 dias), a sintomatologia da doença pode surgir, porém, na maioria dos casos, é assintomática ou oligossintomática, podendo manifestar-se com amplo espectro clínico em populações infantis e em adultos jovens. Principal sintoma – diarreia, que pode ser aguda e autolimitante, com duração de poucos dias, ou ter caráter crônico, provocando piores consequências, como a síndrome de má absorção. ▪ Espectro clínico diverso – desde indivíduos assintomáticos (maioria) até pacientes sintomáticos que podem apresentar um quadro de diarreia aguda e autolimitante (abrupta), ou um quadro de diarreia persistente, com evidência de má absorção e perda de peso, que muitas vezes não responde ao tratamento específico, mesmo em indivíduos imunocompetentes (crônica). ▪ Normalmente, a diarreia é do tipo aquoso, explosiva e com odor fétido, podendo ser acompanhada de gases e distensão abdominal. ▪ Sintomatologia pode surgir de maneira abrupta ou gradual e permanecer por um longo período de tempo – caracterizando como doença crônica. Esta pode ocorrer em episódios contínuos ou periódicos, perpetuando-se por anos. ▪ Doença crônica: mais relacionada a complicações como a síndrome de má absorção que, ao afetar crianças, pode influenciar negativamente em seu processo de desenvolvimento, levando a graves deficiências nutricionais. ▪ Com os sintomas podendo persistir por muitos anos, manifestando-se com episódios de diarreia contínuos, intermitentes ou esporádicos. ▪ Em muitos casos, especialmente em crianças, esta diarreia crônica pode ser acompanhada de esteatorreia, perda de peso e problemas de má absorção. ▪ De acordo com observações clínicas, em 50% dos indivíduos a infecção é resolvida de forma espontânea; em 5 a 15% a infecção é assintomática e o indivíduo pode eliminar cistos nas fezes por um período de até 6 meses, enquanto um grupo menor pode apresentar sintomas decorrentes de uma infecção aguda crônica. ▪ Geralmente, em indivíduos não imunes, isto é, em primoinfecção, a ingestão de um elevado número de cistos é capaz de provocar diarreia do tipo aquosa, explosiva, de odor fétido, acompanhada de gases com distensão e dores abdominais. ▪ Muco e sangue raramente aparecem nas fezes – forma disentérica. ▪ Essa forma aguda dura poucos dias e seus sintomas iniciais podem ser confundidos com os quadros associados às diarreias virais e bacterianas. Porém, na giardíase, a doença tem maior duração, além de provocar perda de peso. ▪ As principais complicações da giardíase crônica estão associadas à má absorção de gordura e de nutrientes, como vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), vitamina B12, ferro, xilose e lactose. ▪ Essas deficiências nutricionais raramente produzem danos sérios nos adultos, mas na infância, podem ter efeitos graves e comprometer o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças. Diagnóstico: ▪ Clínico: ▪ Crianças de 8 meses a 10-12 anos – sintomatologia mais indicativa de giardíase é diarreia com esteatorreia, irritabilidade, insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite (acompanhada ou não de emagrecimento) e dor abdominal. ▪ Embora os sintomas sejam muito característicos, é conveniente a comprovação por exames laboratoriais. ▪ Laboratorial: ❖ Parasitológico. ▪ Exame microscópico de fezes – identificação das formas evolutivas do parasita (trofozoítos e/ou cistos). ▪ Imunológico. ▪ Imunofluorescência indireta e o método ELISA. ▪ Reconhecimento do DNA da Giardia – PCR – detecção do parasita nas fezes Prevenção/profilaxia: ▪ Um dos principais obstáculos para o controle da giardíase humana reside em seu potencial zoonótico. ▪ Saneamento básico adequado, com utilização de água tratada (apesar dos cistos resistirem à cloração da água, são destruídos em água fervente) ou fervida para que ocorra a eliminação de eventuais cistos de G. intestinalis. ▪ Medidas de higiene pessoal (lavar as mãos) - Já que é possível a contaminação de pessoa a pessoa quando há grandes aglomerações. ▪ Destino correto das fezes (fossas, rede de esgoto). ▪ Proteção dos alimentos, com sua lavagem adequada. ▪ Verificar o parasitismo por Giardia nos animais domésticos (cães e gatos) e tratá-los. ▪ Tratamento precoce do doente – diagnóstico da fonte de infecção (crianças sem sintomatologia, babás, manipuladores de alimentos) – tratá-las. ▪ Em casos de surtos da doença, a notificação imediata à vigilância epidemiológica é fundamental, a fim de encontrar as fontes comuns e instituir as medidas preventivas necessárias. OXIUROSE/ENTEROBIOSE: ▪ Enfermidade parasitária causada pelo nematoide Enterobius vermicularis. ▪ O agente etiológico, um parasito monóxeno, costuma habitar o lúmen intestinal humano, e a infecção, quando sintomática, é responsável por causar prurido anal de caráter intenso e produzir complicações locais e/ou em sítios ectópicos. Epidemiologia: ▪ Alta prevalência e ampla distribuição no mundo. ▪ Mais frequentes em crianças na idade escolar, faixa etária de 5 a 10 anos. ▪ Raramente acomete infantes antes do 2° ano de vida. ▪ Mais comum durante os climas temperados e frios – menor frequência de banhos e trocas de roupas íntimas. ▪ Estima-se que aprox. 208 milhões de pessoas estejam infectadas pelo E. vermicularis. ▪ Tem altas taxas de prevalência em locais com significativa aglomeração de crianças, especialmente em faixa etária escolar, como em creches, orfanatos e instituições de ensino. ▪ A prevalência global infantil aumenta em 50% quando está associada a fatores socioculturais e ambientais. ▪ O ser humano é o único hospedeiro natural e a infecção pelo patógeno ocorre em todas as classes socioeconômicas. Transmissão: ▪ Heteroinfecção: ovos presentes em alimentos, poeira ou outros fômites alcançam novo hospedeiro (também conhecida com o primoinfecção). ▪ Indireta: ovos presentes em alimentos, poeira ou outros fômites alcançam o mesmo hospedeiro que os eliminou. ▪ Autoinfecção externa ou direta: o próprio indivíduo parasitado, após coçar a região perianal, leva os ovos infectantes até a boca. Mais frequente em crianças do que em adultos. É o principal mecanismo responsável pela cronicidade dessa verminose. ▪ Autoinfecção interna: processo raro (excepcional) no qual as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco, transformando-se em vermes adultos. ▪ Retroinfecção: as larvas eclodem na região perianal do hospedeiro (externamente), readentram o sistema digestivo peloânus e ascendem pelo intestino grosso chegando até o ceco, onde se transformam em vermes adultos. Ciclo de vida: ▪ Agente: Enterobius vermicularis. ▪ São meromiários, coloração branca, filiformes e pequenos, porém com diferenças de tamanho entre macho e fêmea. ▪ Fêmea é maior que o macho. ▪ Machos e fêmeas adultos são encontrados na região do ceco do humano, incluindo o apêndice cecal, como hábitat natural – podem estar livres ou aderidos à mucosa, alimentando-se do conteúdo intestinal do hospedeiro (microrganismos e materiais). ▪ Fêmea do nematoide migra para o ânus do hospedeiro, geralmente no período noturno, para depositar seus ovos. ▪ O esôfago, composto de válvulas em suas paredes posterior e média ou na junção com o intestino, garante um peristaltismo adequado que funciona como uma bomba, o que facilita a nutrição dos parasitos. ▪ Alguns adultos ou jovens podem ser encontrados no íleo. ▪ Formas imaturas ocorrem ao longo do intestino delgado. ▪ Fêmeas grávidas, abarrotadas de ovos, são frequentemente encontradas no ânus e na região perianal do hospedeiro. ▪ Em mulheres, o parasito é mais comumente encontrado em localizações ectópicas, sobretudo na uretra e na vagina. ▪ Os ovos possuem uma superfície viscosa que facilita sua aderência. ▪ São compostos por 3 camadas incolores: a mais externa é de natureza albuminosa; a média, quitinosa; e a mais interna, lipoide e delgada. ▪ No interior do ovo, há uma larva formada, embrionária, que se desenvolve até o segundo estágio em anaerobiose. Entretanto, necessita de oxigênio para dar continuidade a seu desenvolvimento ao terceiro, ao quarto e ao quinto estádios. Este último é a forma infectante ao ser humano. ▪ Ciclo: ▪ E do tipo monoxênico (único hospedeiro) – depois da cópula, os machos são eliminados com as fezes do hospedeiro e morrem. ▪ As fêmeas quando grávidas, repletas de ovos, desprendem-se do ceco, passam pelo intestino grosso, pelo esfíncter anal e alcançam o ambiente externo (principalmente à noite), liberando seus ovos na região perianal do hospedeiro. ▪ Alguns autores sugerem a possibilidade de a grande quantidade de ovos intrauterinos pressionar o esôfago da fêmea grávida de modo que ela retraia os seus lábios, afrouxando a sua fixação e se soltando no lúmen cecal. ▪ Essas fêmeas são expulsas junto com as fezes do hospedeiro como um '‘saco de ovos”, ou fixam-se no ânus e em áreas adjacentes. ▪ Alguns autores suspeitam que elas realizam oviposição na região perianal, mas a maioria afirma que a fêmea não é capaz de fazer postura dos ovos, sendo a maior parte dos ovos liberados no momento da ruptura mecânica do corpo do verme. ▪ Considerando-se que a fêmea grávida, já extremamente distendida, tende a diminuir a sua motilidade, estando sujeita ao dessecamento no meio externo, é provável o seu rompimento em algum momento por traumatismos, incluindo o ato de coçar do hospedeiro. ▪ Cada uma das fêmeas grávidas contém em média 11 mil ovos. ▪ Os aglomerados de ovos são vistos aderidos não apenas à região perianal, mas muitas vezes também no períneo, podendo ser encontrados a mais de 5 cm do ânus do hospedeiro. ▪ A estreita proximidade desses ovos, já embrionados, com a superfície de mucosas e/ou pele do sujeito parasitado faz tornarem-se infectantes em até 4 a 6 horas (na temperatura corporal – 30°C), quando, presume-se, duas mudas larvais já ocorreram. ▪ Esse tempo tende a ser maior no solo, onde a temperatura é mais variável e com médias usualmente menores. ▪ Os ovos podem resistir até 3 semanas no ambiente. ▪ O intenso prurido perianal causado faz com que o paciente coce a região, facilitando a transferência dos ovos infectantes para a boca, através das mãos contaminadas (autoinfecção). ▪ Indivíduo suscetível que tenha as mãos contaminadas por ovos de um indivíduo infectado – por exemplo, por ocasião de um cumprimento – e que as leve a boca, poderá adquirir o patógeno e desenvolver a enterobiose. ▪ Após a ingestão dos ovos do parasito pelo hospedeiro, larvas do tipo rabditoide eclodem no duodeno (ID), passam pelo jejuno e pelo íleo, alcançando então o ceco. Nesse trajeto, realizam duas novas mudas e transformam-se em vermes adultos. ▪ Por fim, os vermes copulam a dão início a um novo ciclo. ▪ As fêmeas são encontradas no ânus e na região perianal entre 45 e 60 dias após a infecção. ▪ Não havendo reinfecção, o parasitismo extingue-se aí. ▪ Ovos podem ficar aderidos no ambiente – roupas de cama da pessoa infectada – promove uma intensa disseminação do helminto e a possibilidade de novas infecções. Fisiopatologia: ▪ Patogênese relativamente baixa – depende da quantidade de vermes presentes. ▪ Geralmente, não há lesão anatômica, uma vez que não há penetração do verme na mucosa. ▪ Alterações causadas pelos vermes dentro do intestino. ▪ Lesões anais e perianais resultantes da presença de fêmeas grávidas e da deposição de ovos no local. ▪ Lesões decorrentes do parasitismo ectópico (extraintestinal). ▪ Eventos secundários a esses processos. ▪ Além de irritação local, podem ocorrer lesões intestinais – quando presentes são mínimas, podendo haver erosões e discreta inflamação. ▪ Ulcerações de mucosa ou abscessos de submucosa resultantes de infecções bacterianas secundárias. ▪ Inflamação catarral na região ileocecal – casos mais graves – manifestações gastrointestinais (náuseas, vômitos, dores abdominais, diarreia) – devido a adesão dos parasitos à mucosa intestinal, com possíveis pontos hemorrágicos. ▪ O contato de antígenos oriundos dos ovos e espécimes adultos do verme com áreas de mucosa e pele geram fenômenos de hipersensibilidade – relação com o prurido. ▪ Apesar de a evolução da maioria dos casos de enterobiose ser benigna, vermes adultos fora do trato intestinal podem acarretar sérias complicações (ruptura ileocecal – apêndice, invasão de fígado, baço e pulmões). ▪ Lesões ectópicas caracterizam-se por infiltrado inflamatório rico em linfócitos, com eosinófilos e formação de reações encapsulantes (granulomas) ao redor de ovos, larvas e/ou vermes adultos, além da possibilidade de necrose eventual. ▪ Parasitismo geniturinário no sexo feminino – maior facilidade para migrar da região anal para a vaginal. ❖ Imunologia e patologia: ▪ A infecção pelos enteroparasitos, normalmente, gera uma resposta imunológica complexa e múltipla, apesar de a maioria dos humanos ter um sistema imunológico capaz de combater a infecção. ▪ Quando essa ocorre, pode provocar eosinofilia. ▪ Tal condição deve-se à resposta imunológica Th2 provocada, na qual a interleucina-4 (IL-4) e a interleucina-5 (IL-5) são produzidas, estimulando também a produção de imunoglobulina E (IgE) pelos linfócitos. Manifestações clínicas: ▪ Infecção por E. vermicularis costuma ser assintomática, tendo como sintomas mais comum prurido na região perianal com periodicidade regular, que pode se tornar muito intenso principalmente a noite - o que pode originar significativa dificuldade para dormir –, devido à migração dos parasitos fêmeas. Isso pode levar – irritação da região anal com proctite e vulvovaginite, pelo deslocamento das larvas para a região genital feminina – ocasionando prurido vulvar, desconforto vaginal e granulomas no útero, nos ovários e nas tubas uterinas. (2° fonte). ▪ Deslocamento das fêmeas grávidas do parasito pela mucosa anal e pela pele da região perianal – frequentemente relacionado com a gênese do prurido local – cuja exacerbação observada no período noturno – relacionada com o calor do leito – e a consequente maior ativação do nematódeo. ❖ Coceira exacerbada da região anal. ❖ Agravamento da irritação anal. ❖ Ocorrência de ferimentos – escoriações e sangramento. ▪ A mucosa pode revelar-se edemaciada, congesta, com pontos hemorrágicos e recobertade muco, às vezes sanguinolento, sendo ovos, fêmeas grávidas inteiras e fragmentos de parasitos observados localmente. ▪ Insônia, inquietação durante o a noite, bruxismo, sonilóquios, sonambulismo e pesadelos. ▪ Manifestações associadas à insônia e prurido: irritabilidade, anorexia, vertigem, aumento da frequência de crises convulsivas e enurese. ▪ Há relatos de ocorrência de apendicite e cólicas apendiculares. ▪ Higienização perianal inadequada - o parasito pode ser responsável pela ocorrência de infecção do sistema urinário, pela condução do E. vermicularis para a região genital. ▪ Pode ocorrer colite crônica, a qual causa fezes amolecidas ou diarreicas, emagrecimento e alterações do apetite. ▪ A reinfecção pode ser a explicação para a ocorrência do parasitismo crônico e a alta frequência da doença em muitos locais, uma vez que o metazoário adulto apresenta uma longevidade curta. ▪ Parasitismo geniturinário: ❖ Mais comum em mulheres. ❖ Prurido vulvar, corrimento e diferentes graus de excitação sexual, associada ou não à masturbação. ❖ Além da vaginite, há possibilidade de metrite, salpingite e ooforite, podendo ser encontrados granulomas nos órgãos acometidos. ❖ Doença inflamatória pélvica (inclusive em adolescentes sem vida sexual ativa), abscesso tubo-ovariano e peritonite pélvica crônica. ❖ Pode ocorrer corrimento vaginal com características semelhantes a nata, além de os lábios se apresentarem eritematosos e edemaciados. Diagnóstico: ▪ Clínico: ▪ Diagnóstico facilitado quando há sintomatologia típica. ▪ Anamnese completa – análise dos sintomas. ▪ Complementar: ▪ O diagnóstico de certeza dá-se pela observação de ovos ou espécimes adultos do nematódeo. ▪ A análise parasitológica fecal é limitada na enterobiose – fêmeas do oxiurídeo não ovipõem na luz intestinal – somente 5 a 15% dos casos positivos são identificados por exames de fezes. ▪ Nesses procedimentos, os poucos ovos visualizados são provenientes de fêmeas grávidas ou fragmentos delas presentes nas fezes – mais comum nas infecções com elevado número de parasitos. ▪ Método da fita adesiva ou de Graham. ❖ Mais adequado para se identificar ovos e fêmeas de E. vermicularis. ❖ Deve ser executada preferencialmente ao amanhecer, antes de a pessoa banhar-se, sendo repetida em dias sucessivos no caso de suspeita clínica e resultados parasitológicos negativos. ▪ Oxiurídeos podem ser um achado de colonoscopias Prevenção/profilaxia: ▪ Manejo adequado de vestes, roupas íntimas e de cama usadas pelo indivíduo infectado, as quais não devem ser “sacudidas” pela manhã, mas enroladas e lavadas diariamente em água fervente. ▪ Corte rente das unhas e lavagem frequente das mãos, sobretudo após o uso do banheiro e antes das refeições. ▪ Banho diário ao levantar-se. ▪ Desestímulo ao ato de coçar a região perianal. ▪ Combate ao mau hábito de levar a mão à boca, incluindo onicofagia. ▪ Limpeza doméstica com aspirador de pó. ▪ Tratamento de todas as pessoas parasitadas da família ou outra coletividade. ▪ As principais medidas de controle de higiene pessoal e ambiental devem acompanhar o tratamento recomendado para interromper a transmissão e a autoinfecção do E. vermicularis. Tais medidas de prevenção são as seguintes: (2° FONTE). ❖ Adotar a prática de banhar-se, diariamente, no período da manhã ❖ Mudar e lavar, frequentemente, as roupas de cama e as roupas de uso pessoal (mormente as roupas íntimas) ❖ Promover o arejamento dos locais ❖ Higienizar as mãos, pelo menos, antes e após as refeições ou após utilizar o banheiro ❖ Manter as unhas curtas e limpas ❖ Evitar coçar a região perianal (em crianças, colocar roupas que dificultem a ação) ❖ Promover tratamento das pessoas que convivem em mesmo domicílio ou instituição ❖ Promover a educação em saúde ❖ Limpar o ambiente sem varrer, se possível utilizando aspiradores de pó. ▪ Tais condutas podem colaborar, decisivamente, para a redução do impacto da enterobíase nas regiões onde a enfermidade ocorre. Fonte: Parasitologia humana, David Neves – 2016; Parasitologia – Fundamentos e Prática clínica, 2020. ▪ Ectoparasitas: são parasitas que se instalam fora do corpo do hospedeiro, na pele e nos pelos, e que necessitam dos mesmos para obterem alguns elementos básicos de sobrevivência e perpetuação da espécie sem, no entanto, lhes fornecer nada em troca. Geram ectoparasitoses. ▪ Ex.: pulga (Pulez irritans), piolho (Pediculus capitis), carrapato-estrela (Amblyomma cajennense), cipó-chumbo, ácaro vermelho, sanguessugas. PEDICULOSE: Epidemiologia: ▪ Pediculus humanus (piolho do corpo): frequente na população adulta – principalmente aquela com estilo de vida gregário e em caráter de promiscuidade (prostituas, mendigos, prisioneiros, asilos, manicômios, soldados durante a guerra). ▪ Pode servir como vetores importantes para doenças como tifo exantemático, febre de trincheiras e febre recorrente; comum no inverno (roupas mais agasalhadas, pouca troca, menos banhos). ▪ Hospedeiro troca de roupa ou corta o cabelo rente, haverá esfriamento dos ovos, que morrerão. Por isso, o P. humanus é mais comum nos países de climas frio ou em soldados durante a guerra, quando a troca de roupas é menos frequente. ▪ Pthirus pubis: infestante em pessoas com atividade sexual promíscua. ▪ Tem biologia semelhante ao P. capitis, e vive nos pelos da região pubiana. ▪ Em infestações maciças podem ser encontrados em pelos axilares, sobrancelhas e barba, e até mesmo em cabelos da cabeça. ▪ Em levantamentos recentes, 1% das crianças inglesas apresentou nas cabeças. Tal fato tem sua importância, pois pode estar relacionado a abuso sexual, por ser considerada uma doença sexualmente transmissível (DST). ▪ P. capitis (piolho da cabeça): mais prevalente em crianças e jovens – principal forma ou espécie que causa pediculose no Brasil e vários outros países. Faixa etária predileta é de 6 a 13 anos, embora em BH observou-se pico entre 1 a 5 anos, seguido de outro pico aos 8 anos. ▪ Sexo feminino mais afetado, em todas as faixas etárias. ▪ A pediculose do couro cabeludo parece não estar relacionada com o tamanho dos cabelos, mas sim com o diâmetro e o espaçamento entre os fios de cabelos, preferindo os mais espessos e os mais densamente implantados. ▪ Também não estaria relacionada com a diminuição da higiene como causa e efeitos: ambas seriam consequências de uma só causa, a negligencia, que afeta, sobretudo, classes sociais menos favorecidas. ▪ Índices de infestação são variáveis por raça humana, podendo estar relacionado não apenas com aspectos genéticos dos cabelos (forma e tipo), como também com hábitos culturais e status socioeconômico das comunidades (uso de óleo e cremes nos cabelos, catação e pediculofagia). ▪ BH (MG): prevalência de P. capitis foi estimada entre 5 e 10%, a partir de estudo de amostrar de cabelo com piolhos (adultos e lêndeas), recolhidas do chão de barbearias e salões de beleza. ▪ Infestação mais prevalente no período de abril a setembro, com maiores picos, respectivamente, em agosto e abril, concordante com o início ou reinício das atividades letivas, logo após o período de férias de cada semestre. ▪ Acomete, de modo mais expressivo, as populações marginalizadas, de baixa renda, que vivem em grandes aglomerações, especialmente as crianças Transmissão: ▪ Principalmente por contato. ▪ A coabitação em locais apertados, os transportes coletivos, abraços e brincadeiras infantis etc. facilitam a transmissão. ▪ Outros meios menos frequentes seriam pelo compartilhamento de objetos pessoais, como capacete de moto e selfs (pelo contato direto de cabeça com cabeça). ▪ Os “chatos” - contato sexual (pubiana). ▪ Pode ser transmitido por toda a vida do parasita. ▪ São insetos muito ativos, que passamde uma pessoa a outra mesmo em um breve contato. ▪ Piolho da cabeça: contato direto ou próximo, por chapéus, cachecóis. ▪ Piolho do púbis: disseminada como IST. ▪ A transmissão de P. capitis e Pthirus pubis por meio de ovos seria um evento pouco provável, enquanto a transmissão indireta dos adultos e ninfas via fômites (Pentes, escovas, gorros, bonés, toucas e fronhas), bastante limitada, tendo-se em vista a curta sobrevivência do inseto fora da cabeça ou do sitio de parasitismo. ▪ P. capitis: lêndeas são ovos depositados pela fêmea na base dos cabelos, mais comum em crianças. ▪ P. pubis: mais comum em adultos, não sendo previnivel pelo uso de preservativo. ▪ Ambos os meios são válidos, em se tratando de P. humanus (habitat específico é por baixo de vestes – fêmea deposita seus ovos aderidos às fibras das roupas). ▪ São transmitidos apenas por contato direto entre pessoas, sendo necessário, inclusive, que seja repetido e prolongado, visto que eles não são capazes de pular, saltar ou voar, além de não conseguirem sobreviver por muito tempo fora do seu local de parasitismo. Ciclo de Vida: ▪ Todo o ciclo de vida do parasito acontece no hospedeiro. ▪ Agente: ❖ Existem três tipos de piolhos que infectam humanos: Pediculus humanus capitis (piolho da cabeça), Pediculus humanus corporalis (piolho de corpo) e Pthirus púbis (piolho do púbis). ❖ Insetos pequenos e sem asas, com corpo achatado dorsoventralmente, olhos diminutos e antenas de três a cinco segmentos. ❖ Macho e fêmea são hematófagos. Seu aparelho bucal, localizado na parte anterior da cabeça, é bastante específico, podendo ser comparado a um estilete que perfura os vasos sanguíneos e libera substâncias anticoagulantes locais. ❖ Têm o hábito de eliminar fezes vermelho-escurecidas ao mesmo tempo em que se alimentam. ❖ O corpo do piolho pode ser dividido em três partes: cabeça, tórax e abdome. ❖ Pode chegar a 3,5 mm; no geral, os machos são menores que as fêmeas. ❖ Piolho do púbis é bem menor que os outros, medindo até 1,5 mm de comprimento - “chato” – aspecto de caranguejo esmagado. ▪ Ciclo: ▪ Todas as fases (ovo, ninfa e adulto) ocorre sobre o corpo do hospedeiro. ▪ Ninfas e adultos se alimentam de sangue, que é o seu único alimento. ▪ Enquanto sugam, depositam suas fezes vermelho-escuras na pele. ▪ P. capitis: põe seus ovos (lêndeas) junto à base dos fios de cabelo. ▪ P. humanus: põe ovos nas fibras dos tecidos das roupas que ficam em contato com a pele; e fica aderido à roupa, de forma que não são vistos quando o hospedeiro se despe. ▪ P. púbis: localizados principalmente nos pelos pubianos e períneo, mas também pode estar nos pelos axilares, sobrancelhas, cílios e barba. ▪ Tem 3 fases: ovo, ninfa (I, II, III) e fase adulta. ▪ Temperatura ótima (30°C) – fêmea põe de 4 a 10 ovos por dia. ▪ Ovos depositados pelas fêmeas – lêndeas (ovos branco- amarelados – medem de 0,3 mm até 0,8 mm de diâmetro e tem formato elíptico) – possuem opérculo no polo livro e no outro polo têm uma substancia quitinosa cinzenta (“cemento”), produzida pela fêmea, que confere ao ovo a capacidade de adesão às fibras das roupas ou à base dos fios de cabelo. ▪ A eclosão ocorre após cerca de 6 dias – transformando em ninfa. ▪ Ninfas: sofrem 3 mudas (insetos hemimetábolos) – e em aprox. 25 dias de metamorfose – transformam em insetos adultos (sobrevive por cerca de 1 mês). ▪ Com 10h de vida adulta eles estão aptos para cópula. ▪ Após aprox. 24h a fêmea está capacitada para oviposição. ▪ Cada fêmea de P. capitis – bota cerca de 7-8 ovos por dia, e cerca de 100-200 ovos durante toda a vida; pode viver até 40 dias. ▪ O P. humanus – em toda a sua vida (2 meses) – bota cerca de 300 ovos, com média de 10 por dia. Fora do hospedeiro pode sobreviver até 2 dias e a viabilidades lêndeas e também afetada. ▪ P. pubis – deposita 3 ovos diariamente. ▪ Período de incubação: 8 a 9 dias. É feita pelo calor do corpo humano: de ninfa I até adulto, o ciclo demora cerca de 3 a 4 semanas variando em função da temperatura e umidade do sítio parasitado. ▪ Temperatura influencia na eclosão dos ovos, quanto maior for, mais rápida será a eclosão. Fisiopatologia: ▪ Na pediculose o piolho ao picar a pessoa para se alimentar produzem lesões papulosas elevadas que juntamente com a saliva anticoagulante produz prurido e podem desenvolver reações de sensibilidade (dermatite). ▪ Prurido leva o paciente a arranhar a pele, abrindo a porta de entrada para patógeno. ▪ Também facilita a instalação de miíases no couro cabeludo. ▪ A lesão pode apresentar derrame hemorrágico podendo conter infiltrado inflamatório. ▪ Prurido – resultado da ação de várias substâncias “pruridogênicas” produzidas pelas glândulas salivares do piolho, introduzidas na pele do hospedeiro, durante o repasto sanguíneo – histamina, proteases, citocinas e leucotrienos – resultado é reação de hipersensibilidade. ▪ Como os sinais e os sintomas são dependentes de reações do organismo hospedeiro, quando este ainda não desenvolveu resposta imune satisfatória ao parasito (principalmente em primeiras infestações) – há possibilidade de não existe queixa alguma. ▪ Sistema imunológico pode inclusive demorar de 2 a 6 semanas para reagir, quando em geral, emergem as manifestações da parasitose. ▪ Reinfestação – resposta imune é mais ágil, demorando até 48 horas para o surgimento do prurido. Manifestações clínicas: ▪ Devidas essencialmente à secreção de glândulas salivares reniformes, que produz pequena lesão papulosa, elevada e hiperêmica, com intenso prurido (principal). ▪ Prurido – manifesta cerca de 10 dias decorridos do início da infestação – hipersensibilidade, levando o indivíduo a coçar o local – fissuras, que se tornam porta de entrada para bactérias, principalmente Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes, o que pode resultar em infecções secundárias como impetigo, furunculose ou eczema. ▪ A coceira faz com que surjam escoriações lineares paralelas, que tendem a ficar hiperpigmentadas, e por vezes revestidas por crostas. ▪ Alguns enfermos – dermatite com lesões papulosas, hiperpigmentadas e elevadas, com formação de crosta em sua superfície ao longo do tempo. ▪ Pode causar irritabilidade, insônia, repercussão em linfonodos regionais e alopecia. ▪ Crianças com infestação grave - além de sofrerem discriminação social, também podem ter distúrbios do sono e redução da atenção e do foco nas suas atividades diárias, devido ao intenso prurido. ▪ P. capitis: lesões aparecem no couro cabeludo e nuca. ▪ P. humanus: lesões na parte superior do dorso, ombros, regiões axilares, cintura, regiões glúteas e coxas. Pode transmitir doenças (tifo exantemático, febre das trincheiras e a febre recorrente). ▪ P. púbis: lesões na virilha, períneo e coxas Diagnóstico: ▪ Identificação dos parasitas vivos e ou de seus ovos eclodidos (lêndeas), que com o crescimento do cabelo emergem do couro cabeludo e podem ser vistos a olho nu e facilitado com o auxílio de uma lupa. ▪ Catação manual e observação do artrópode a olho nu. ▪ Entretanto, apesar de sua praticidade, o método da visualização direta não é o mais confiável para Pediculus capitis. Isso porque, em geral, há uma elevada densidade de fios de cabelo no couro cabeludo, o que impede o examinador de constatar adequadamente a quantidade e a proporção de lêndeas, ninfas e piolhos adultos – subestimada. ▪ 2°técnica: diagnóstico é feito com o uso de pente com dentes microcanaliculados - possibilitando a remoção e detecção de mais insetos (lêndeas, ninfas ou piolhos adultos), dada a resistência de seu material e a distância entre os dentes do pente. ▪ O examinador pode não conseguir discriminar infestações inativas de ativas: lêndeas devem ser visualizadas microscopicamentepara verificar a presença de embriões viáveis, para que somente assim a parasitose possa ser considerada ativa. ▪ Para Pediculus corporis, não se pode esquecer de examinar as vestes, principalmente em suas costuras e roupas íntimas. Em caso de dificuldade, podem-se usar pentes finos (que tiram mecanicamente o artrópode da raiz do cabelo) ou lentes de aumento. Prevenção/profilaxia: ▪ Evitar contato físico com infectados ou suas roupas e objetos de uso pessoal. ▪ Em instituições fechadas (escolas, acampamentos), fazer inspeções periódicas dos cabelos. ▪ Desinfecção mecânica e/ou química de objetos para evitar disseminação. ▪ Tratamento dos doentes. ▪ Adotar boas práticas de higiene associadas ao cabelo e ao corpo (banhos regulares) ▪ Evitar contato direto com pessoas infestadas: não dormir na mesma cama e não compartilhar bonés, chapéus (piolho do couro cabeludo), roupas (piolho do corpo) e roupas íntimas (piolho do púbis) ▪ Proceder à fervura (60°C) de roupas, lençóis e fronhas a cada 2 dias, em caso de infestação, e secagem quente em secadora. Passar ferro com cuidado, principalmente nas regiões da costura. ▪ Itens que não podem ser higienizados com água devem ser lavados a seco ou selados em um saco plástico por duas semanas, pois os piolhos não sobrevivem muitos dias longe do corpo do hospedeiro. ▪ Trocar de roupas de uso pessoal diariamente ▪ Se possível, aspirar móveis e pisos para remover pelos que possam conter lêndeas viáveis. ▪ Quando piolhos vivos são encontrados, toda a família e/ou indivíduos que mantenham contato direto com o paciente devem ser examinados. ▪ Medidas ambientais, como a descontaminação química e a pulverização com pediculicidas, não são necessárias e, na verdade, podem ser prejudiciais às pessoas. ESCABIOSE: Epidemiologia: ▪ Sempre apresentam surtos epidêmicos, seguidos por períodos de menor prevalência. ▪ Desenvolvimento de medicamentos eficazes para o tratamento da escabiose – promoveu declínio no número de casos a partir das décadas de 1950 e 1960. ▪ Atualmente, a escabiose é observada em casos isolados ou surtos localizados, isto é, surtos em locais cujos indivíduos estão mais expostos ao risco – creches, asilos, casas de prostituição, hospitais, presídios ou pessoas que dividem a mesma moradia (famílias, repúblicas de estudantes, outros). ▪ Pode acometer qualquer pessoa, independente da idade, raça ou classe social. ▪ Encontrado no mundo interior – porém mais prevalente em zonas tropicais e subtropicais e em populações com condição de saneamento e higiene precárias – configurando-se como um problema mundial de saúde. ▪ É mais comum na parcela da população com baixa renda e baixos níveis nutricional e higiênico. ▪ Indivíduos com estilo de vida gregário e que vivem em aglomerações estão sob maior risco de serem parasitados. ▪ Nos últimos anos houve um ligeiro aumento no número de casos, e por ser a principal forma de transmissão por contato direto, a explicação para isso está relacionado com os fatores: ❖ Tamanho da população: aumento considerável da população, facilitando um maior contato das pessoas em meios de transporte públicos, elevadores, sala de aulas, etc. ❖ Hábitos: mudança de hábitos e costumes das pessoas – maior contato físico (se abraçam, cumprimentam-se com beijos na face) e promiscuidade e liberalização sexual. ❖ Migração: crises sociais acentuadas – promovendo correntes migratórias, movimentos de contestação como os hippies e punks, movimento sociais – facilitam dispersão do agente. ❖ Desinformação: da população em geral, dos pacientes e também dos profissionais da área da saúde responsáveis pelo diagnóstico, tratamento e controle. ❖ Condições socioeconômicas: precária e suas consequências (falta de higiene, moradias inadequadas, falta de acesso a tratamento médico). ❖ Erros de diagnóstico: por ter se tornado mais raro, vários profissionais da saúde não estão preparados para diagnosticá-la, especialmente em casos atípicos (sarne norueguesa, urticária, sarne em hansenianos, paciente HIV positivos). Transmissão: ▪ A principal forma de transmissão é por contato direto, caracteriza-se, portanto, – por ser uma enfermidade de aglomerações. ▪ Transmissão por meio de fômites – compartilhamento de objetos de uso pessoal (roupas, chapéus, pentes) ou contato com locais de uso comum (maçanetas de portas, cadeiras. corrimões). ▪ Roupas – comuns, íntimas, de banho e de cama – e itens de uso pessoal, além de amamentação e convivência em dormitórios comuns de creches, hospitais e asilos, também podem ser considerados facilitadores para a transmissão da escabiose. ▪ Além da transferência de organismos, para que o indivíduo desenvolva a doença, é necessário que o ácaro consiga estabelecer-se na pele do novo hospedeiro e produza descendentes que vão aumentar os níveis populacionais no local parasitado e gerar os sinais clínicos característicos da escabiose. ▪ Esse é um período crítico do ponto de vista do parasito, uma vez que nem sempre ele consegue estabelecer-se no hospedeiro, e atitudes simples, como lavar ou higienizar as mãos, podem dificultar ou até mesmo inviabilizar seu estabelecimento. ▪ O principal meio de transmissão ocorre pelo contato com a pele de uma pessoa infectada com o S. scabiei, preferencialmente de modo prolongado, facilitando a transferência da fêmea fertilizada e portadora de ovos viáveis para o hospedeiro. ▪ A atividade sexual é o principal modo de contágio em adultos. Ciclo de vida: ▪ Agente: Sarcoptes scabiei. ▪ Agente da sarna sarcóptica ou escabiose. ▪ Existem várias espécies de Acari, pertencentes a diferentes famílias, responsáveis por sarnas nos animais, já no homem, apenas essa espécie acima, provoca a doença inflamatória da pele – sarna sarcóptica ou escabiose. ▪ Parasitismo do homem por outras espécies acontece somente de forma acidental. Ácaros causadores de escabiose em animais domésticos não penetram na pele humana – porém pelo contato podem causar dermatite temporária. ▪ São pequenos (no limite de serem vistos a olho nu) e escavadores. ▪ Durante o parasitismo, fazem galerias na pele do hospedeiro, na qual penetram profundamente – produzindo prurido, dermatites e espessamento da pele. ▪ Foi uma das primeiras doenças humanas que teve sua causa conhecida. ▪ Artrópode de formato redondo a oval, com espinhas dorsais e projeções como pelos nas pernas rudimentares. ▪ É hematófago - logo, não sobrevive por muito tempo fora do hospedeiro. ▪ Ciclo: ▪ Durante seu desenvolvimento, S. scabiei passa por 4 estágios: ovo, larva, ninfa e adulto. ▪ Os organismos ficam na superfície da pele, abrigados sob as crostas oriundas do parasitismo, ou nas galerias escavadas pelas fêmeas - causada pela fêmea do ácaro Sarcoptes scabiei, variante hominis, que penetra na pele do hospedeiro e provoca lesões (túneis escavados) em forma de vesículas, sulcos ou pápulas, onde deposita seus ovos. ▪ Adultos machos e fêmeas realizam a cópula. (1° FONTE). ▪ As fêmeas que já copularam perfuram (escavam) túneis (galerias escabióticas e tem aprox. 1 cm de comprimento, com cerca de 0,3 mm de largura) e galerias na epiderme, ou seja, se enterram na epiderme humana, e vão deixando atrás de si um rastro de ovos (coloca entre 2 e 3 ovos por dia – 2° FONTE). ▪ Ovipõem três a quatro ovos por dia, num total de 40 a 50 durante toda a sua vida de três a quatro semanas, aproximadamente. ▪ O período de incubação dura 3 a 5 dias, quando os ovos eclodem em larvas hexápodas (6 patas). (1° FONTE). ▪ 2° FONTE: incubação do ácaro no hospedeiro – varia entre 1 dias e 6 semanas - transmissão pode ocorrer em qualquer período da infecção. ▪ Estas saem para a superfície da pele ou permanecem nas regiões mais superficiais das galerias, onde se alimentam e
Compartilhar