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Camilla Leitão – 2017.2 Triagem Neonatal 1 Triagem Neonatal CONCENTOS INICIAIS → O QUE É? Consiste em um método de detecção por meio de testes aplicados em uma população, que permita identificar indivíduos com uma probabilidade elevada de apresentar determinadas doenças. → CRITÉRIOS DE INCLUSÃO DE DOENÇAS: • Frequente; • Sem achados clínicos precoces; • Melhora clínica com tratamento; • Economicamente viável; • Com acompanhamento e tratamento pelo SUS. → TESTES DE TRIAGEM NEONATAL NO BRASIL : • TESTE DO PEZINHO: triagem neonatal biológica. • TESTE DO OLHINHO: teste do reflexo vermelho. • TESTE DA ORELHINHA: triagem auditiva neonatal. • TESTE DO CORAÇÃOZINHO: triagem da cardiopatia congênita. • TESTE DA LINGUINHA: teste do frênulo lingual. OBSERVAÇÃO : a obrigatoriedade do teste da linguinha foi implementada em 2014, porém, ainda não é feito em todos os estados brasileiros. Teste do Pezinho → O teste neonatal biológico foi o 1º teste de triagem implantado no Brasil, em 2001, e passou por 4 fases de implantação, na qual eram incluídas novas doenças: • FASE 1 : Fenilcetonúria e hipotiroidismo congênito. • FASE 2 : Anemia falciforme e outras hemoglobinopatias. • FASE 3 : Fibrose cística. • FASE 4 : Hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. → PERÍODO DE COLETA: o ideal é que essa coleta seja realizada entre o 3º-5º dias de vida, pelo menos após 48h após a amamentação. • Quando não realizado nesse período, o teste pode ser feito até o 28º-30º dia de vida, não podendo ser realizado depois. • Em prematuros (internados, PN <1.500 g, IG < 32 semanas), há particularidades a serem abordadas: Não é realizado no calcanhar, mas sim pelo sangue venoso periférico. São realizadas 3 amostras em 3 tempos ≠, uma vez que esses RN possuem ↑ riscos de falso + ou – por fatores como: internação UTI, transfusão sanguínea, medicamentos. 1ª AMOSTRA: ao nascimento à admissão na UTI neonatal. 2ª AMOSTRA: 48-72h. 3ª AMOSTRA: na alta hospitalar ou no 28º dia. • Em casos de transfusão, deve-se coletar novamente o sangue 120 dias após a última transfusão. → COMO COLETAR? É realizada uma punção no calcanhar em sua face lateral. A coleta da amostra é feita em papel filtro. → DOENÇAS DETECTADAS : • FENILCETONÚRIA: Erro inato do metabolismo; Herança autossômica recessiva; Ausência de fenilalanina hidroxilase → a fenilalanina (proteína alimentar) não é digerida, logo ela se acumula gerando danos irreversíveis ao SNC. Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, comportamento agitado. Tratamento: dieta pobre em fenilalanina + suplementação com fórmula de aminoácidos isenta de fenilalanina. O tratamento precoce é vital para conter essas lesões. Triagem: dosagem da fenilalanina (filtro). Falso +: nutrição parenteral, hepatopatias. Camilla Leitão – 2017.2 Triagem Neonatal 2 Falso -: coleta precoce (antes das 48h após a amamentação), pós transfusão sanguínea ou ECMO (circulação extracorpórea). Confirmação: fenilalanina (sangue) • HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO: Defeito na formação da tireoide – 80% dos casos - (ectópica ou ausente) ou na síntese de seus hormônios – 20% dos casos. Os hormônios são essenciais para o desenvolvimento do SNC. A doença leva à lesão irreversível do SNC e leva ao retardo mental precoce a partir da 2 semana de vida. Tratamento: reposição hormonal com levotiroxina. Triagem: dosagem de TSH e T4 livre (filtro). Falso +: prematuridade, baixo peso, coleta precoce, exposição ao iodo e/ou corticoides. Falso -: prematuridade e ECMO. Confirmação: TSH e T4 livre (sangue) até 2- 6 semanas de vida. Etiologia: USG ou cintilografia com captação de iodo radioativo. • DOENÇA FALCIFORME E OUTRAS HEMOGLOBINOPATIAS: Alterações estruturais na Hb. Doença Falciforme → autossômica recessiva, com defeito estrutural da cadeia beta da porção globina. Isso leva a formação de depranócitos em situações de baixa tensão de O2. 3 Infexções, crises álgicas, síndrome torácica aguda, sequestro esplênico, AVC. Tratamento: hidroxiureia (eleva a hemoglobina fetal), penicilina oral, transfusões sanguíneas profiláticas. Triagem: eletroforese de Hb. OBSERVAÇÃO RN ADULTO Normal HbFA HbA Anemia Falciforme HbFS HbSS HbS Traço Falciforme HbFAS HbAS Falso -: transfusão sanguínea e ECMO. Confirmação: eletroforese de Hb dos pais. • FIBROSE CÍSTICA: Doença autossômica recessiva. Mutação do CFTR (canal de cloro das células epiteliais); Muco espesso nos brônquios pulmonares → propicia infecções de repetição; Muco espesso dentro dos canalículos pancreáticos → insuficiência pancreática exócrina com síndrome desabsorvitiva. Distúrbios hidroeletrolíticos → alcalose metabólica, hiponatremia e hipoclorêmica (perda de Na e Cl no suor). Tratamento: Reposição de enzimas pancreáticas, medidas de clearance mucociliar, tratamento de exacerbações pulmonares. Triagem: dosagens do IRT - tripsina imuno reativa aumentada em lesão pancreática exócrina, iniciada na vida fetal (filtro). Falso +: hipóxia, estresse neonatal, trissomias 13, 18 ou 21. Falso -: íleo meconial, FC, pancreatossuficiente (ele tem a FC, porém não apresenta comprometimento pancreático). Alterado: 2ª coleta IRT (filtro) até 4 semanas de vida. Confirmação: teste do cloro do suor (padrão ouro). • HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA: Doença autossômica recessiva. Deficiência enzimática na síntese dos esteroides adrenais. A mais comum é a deficiência da 21-hidroxilase (↓ cortisol e ↑ hormônios andrógenos). Síndrome perdedora de sal (↓ cortisol e mineralocorticoides); Virilização em meninas (↑ andrógenos). Tratamento: reposição de corticoides e mineralocorticoides → evitar síndrome perdedora de sal e infecções graves. Triagem: ↑ dosagem da 17- hidroxiprogesterona (filtro). Falso +: estresse, prematuridade, baixo peso, coleta precoce. Falso -: uso de corticoides maternos na mãe. Confirmação: 17-hidroxiprogesterona (sangue). • DEFICIÊNCIA DE BIOTINIDASE: Camilla Leitão – 2017.2 Triagem Neonatal 3 Doença autossômica recessiva. Distúrbio do metabolismo da biotina → funcionamento das carboxilases mitocondriais, o que leva a ↓ da biotina. Distúrbios neurológicos precoces (epilepsia, hipotonia e atraso DNPM) e cutâneos (alopercia, dermatite eczematoide). Quando o diagnóstico é tardio, pode haver sequelas auditivas, visuais e cognitivas. Tratamento: reposição diária de biotina. Triagem: biotina (filtro). Falso +: transfusão sanguínea e ECMO. Confirmação: atividade da biotinidase no sangue. Teste do Olhinho → TESTE DO REFLEXO VERMELHO: consiste em verificar se o reflexo vermelho da superfície retiniana, ao se incidir um feixe de luz, está normal. Ou seja, objetiva averiguar se o eixo óptico está livre, avaliando a qualidade dos meios transparentes do olho. → QUANDO FAZER? primeiras 24h de vida ou antes da alta da maternidade. Realizar novamente de 2 a 3 vezes ao ano nos primeiros 3 anos de vida. → COMO FAZER? Em uma sala em penumbra (facilita a dilatação, não é necessário colírios), posicionar o RN com o eixo visual alinhado com o oftalmoscópio: • Feixe de luz a 40-50 cm dos olhos do RN; • Incidindo ao mesmo tempo em ambos os olhos; • Observar reflexo obtido. → DOENÇAS DETECTÁVEIS : • Catarata congênita; • Glaucoma congênito; • Opacidades de córnea; • Retinoblastoma; • Retinocoroidite; • Inflamações intraoculares; • Hemorragias intravítreas. → RESULTADOS:Teste da Orelhinha → INCIDÊNCIA DE PERDA AUDITIVA NA POPULAÇÃO INFANTIL : • 1-6 para cada 1000 nascidos vivos; • 1-4 para cada 100 RN em UTI neonatal. → QUANDO FAZER? 24-48h maternidade. → A detecção precoce permite estimular o correto desenvolvimento neuronal e da linguagem com melhor rendimento escolar, autoestima e adaptação psicossocial. → 50% das perdas auditivas são idiopáticas, ou seja, sem riscos identificáveis. Logo é necessário realizar o teste da orelhinha de forma universal, instituída no Brasil em 2010. → INDICADORES DE ↑ RISCO DE PERDA AUDITIVA: • História familiar de surdez congênita; • Anomalias craniofaciais; • Espinha bífida; • Síndromes genéticas: Waardenburg, Alport e Pendrerd. • Intercorrências neonatais: Muito baixo peso ao nascer <1.500g; Anóxia neonatal grave; Uso de ventilação mecânica; Permanência em UTI > 5 dias; Camilla Leitão – 2017.2 Triagem Neonatal 4 Sepse ou meningite neonatal; Infecções congênitas (TORCHS) Usos de drogas ototóxicas (aminoglicosídicos, diuréticos de alça) Hiperbilirrubinemia importante → termo (>15mg/dl) pré-termo (12 mg/dl). → MÉTODOS DE TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL : • EMISSÕES OTOACÚSTICAS EVOCADAS (EOAE): Registro da energia sonora gerada pelas células da cóclea em resposta aos sons emitidos no conduto auditivo externo. Indicada para RN sem fatores de risco; Teste objetivo, rápido e barato; Não requer sedação; Falso +: vérnix ou secreções no canal auditivo. Desvantagem: avalia apenas o sistema auditivo pré-neural (sistema de condução e cóclea), ou seja, não avalia sistema auditivo após a cóclea, correspondente ao local de perda mais comum em RN com fatores de risco para perdas auditivas. • POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DO TRONCO ENCEFÁLICO (PEATE): Registro das ondas eletrofisiológicas geradas em resposta a um som. Indicada para RN com fatores de risco para a perda auditiva; Avalia a integridade neural das vias auditivas até o tronco cerebral; Teste mais complexo e dispendioso, que geralmente necessita de sedação; Falso +: imaturidade do SNC (até 4 meses). → PROTOCOLO DA TRIAGEM: RN SEM FATORES DE RISCOS PARA PERDA AUDITIVA • RN sem fatores de risco → EOAE • 1ª falha EOAE → Repetir EOAE antes da alta • 2ª falha EOAE → PEATE antes da alta • 1ª falha PEAT → Repetir PEATE em 1 mês • 2ª falha PEAT → Encaminhar para otorrino RN COM FATORES DE RISCO PARA PERDA AUDITIVA • RN com fatores de risco → PEATE • 1ª falha → repetir PEAT em 1 mês • 2ª falha → encaminhar ao otorrino. RN COM FATORES DE RISCO COM TRIAGEM SATISFATÓRIA • Monitoramento clínico mensal do desenvolvimento da audição e da linguagem no 1º ano de vida. Teste do Coraçãozinho → OBJETIVO : realizar a triagem das cardiopatias congênitas, que ocorrem de 1- 2 para cada 1000 nascidos vivos. → COMO É FEITO? Oximetria de pulso. • Realizada entre 24-48 horas de vida e antes da alta hospitalar. • Em todo RN com idade gestacional >34 semanas. • Pré-ductal: membro superior direito. • Pós-ductal: membro inferior. → RESULTADO: Camilla Leitão – 2017.2 Triagem Neonatal 5 OBSERVAÇÃO Esses valores anormais podem indicar cardiopatias dependentes de canal arterial, que desde o nascimento podem alterar a concentração sanguínea de O2 e ao longo dos dias pode evoluir com de forma grave devido ao fechamento do canal arterial (entre 4-7 dias de vida). → CARDIOPATIAS DEPENDENTES DE CANAL ARTERIAL : MECANISMO CARDIOPATIAS CONGÊNITAS Cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do canal arterial Atresia pulmonar e similares Cardiopatias com fluxo sistêmico dependente do canal arterial Síndrome de hipoplasia do coração esquerdo Coartação de aorta crítica Cardiopatias com circulação em paralelo Transposição das grandes artérias → CONDUTA: • Teste anormal → nova oximetria em 1 hora. • 2º teste anormal → Ecodopplercardiograma em até 24horas. OBSERVAÇÃO: em casos em que não há possibilidade de correção cirúrgica da cardiopatia no local de internação, deve-se administrar medicamentos que mantenham o canal arterial aberto → infusão de prostaglandinas → encaminhamento. Teste da Linguinha → TESTE DO FRÊNULO LINGUAL : visa a detecção da anguiloglossia (língua presa), gerando limitação dos movimentos da língua. Em casos graves, compromete a sucção, deglutição, mastigação e fala. • Teste realizado por um fonoaudiólogo; • Tratamento precoce: frenectomia → mais simples no período neonatal, não necessita de anestesia. • Instituído por lei em 2014, porém não é realizado em todos os estados. • Contestado pela SBP → nem sempre é necessária a frenectomia, sua importância é contestável.
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