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Logística de Saída Unidade II do curso de Logística Empresarial II Prof. José Carlos Alves Roberto, Msc 9981-2867 8. O subsistema transporte Muito embora a Logística incorpore diversos fatores que transcendem o domínio estrito do transporte, cobrindo também aspectos ligados à comercialização, estoques, marketing, tratamento da informação, etc., o subsistema transporte é um dos mais importantes em razão dos impactos que produz nos custos, no nível de serviço e nas demais variáveis do problema logístico. Ao analisar o subsistema transporte é ideal que se analise os diferentes modais utilizados no sistema logístico. (a) Modo Rodoviário O modo rodoviário é o mais expressivo no transporte de cargas no Brasil, e atinge praticamente todos os pontos do território nacional. Com a implantação da indústria automobilística na década de 50, e com a pavimentação das principais rodovias, o modo rodoviário se expandiu de tal forma que hoje domina amplamente o transporte de mercadorias no País. Os últimos dados estatísticos publicados (Geipot) indicavam uma extensão total de rodovias pavimentadas de 123 mil quilômetros aproximadamente. A esse total se deve somar cerca de 1,3 milhão de quilômetros de estradas não pavimentadas. Hoje, a rede rodoviária nacional se apresenta bastante deteriorada, com extensos trechos necessitando de recursos maciços para sua recuperação. Essa situação prejudica bastante o transporte rodoviário de mercadorias, aumentando os tempos de viagem e encarecendo os custos operacionais. (b) Modo Ferroviário Para escoar a produção agrícola brasileira e transportar os produtos importados para o interior do território nacional, foram implantadas, em fins do século passado e início deste, um número razoável de ferrovias, com uma extensão total também expressiva (cerca de 30.000 quilômetros em 1986). A maioria das ferrovias implantadas nessa fase corria do litoral para o interior, com traçados em direção à costa. O transporte ferroviário passou a ser utilizado primordialmente no deslocamento de grandes massas de produtos homogêneos, ao longo de distâncias relativamente extensas. Minérios (de ferro, de manganês), carvão mineral, derivados de petróleo, cereais em grão (ex : soja, milho) quando transportados a granel, cobrindo distâncias relativamente grandes, são produtos passíveis de ser deslocados por trem. Por tudo isso, hoje há um consenso de que as ferrovias, no Brasil, devem ser destinadas ao transporte dos tipos de carga apontados acima: grandes tonelagens de produtos homogêneos, preferencialmente a granel, ao longo de distâncias relativamente longas. Esse enfoque, no entanto, não é universal, pois não coincide com o observado na Europa, por exemplo, em que a ferrovia cobre um espectro muito mais amplo de fluxos. (c) Modo Aéreo O frete, para transporte de carga aérea, é significativamente mais elevado do que o correspondente rodoviário. Mas, em compensação, os tempos de deslocamento porta à porta podem ser bastante reduzidos, abrindo um mercado específico para essa modalidade. De um lado, mercadorias de elevado valor unitário (artigos eletrônicos, relógios, alta moda, etc.) têm condições de pagar frete mais elevado se forem levados em conta os riscos envolvidos no transporte terrestre (roubos, extravios, danos à carga) e os prazos de entrega exigidos pelo mercado. Outro tipo de mercadoria que busca muitas vezes o transporte aéreo é constituído pelas cargas perecíveis (flores; frutas nobres, medicamentos, etc.), que podem eventualmente ser comercializadas em pontos distantes em função da rapidez do avião. Cargas parceladas e encomendas, embaladas normalmente em pequenos volumes, usam também o transporte aéreo com freqüência. Finalmente deve ser citado os transportes aéreos de correio e malote, cujo maior apelo para esse tipo de carga reside na rapidez com que se consegue transferir fisicamente documentos de toda ordem a longas distâncias (cartas, contratos, cheques, conhecimentos, etc.). No processo clássico de transporte aéreo de mercadorias são utilizados aviões cargueiros exclusivos. Há também versões combi, ou seja, aeronaves para transporte combinado de passageiros e de carga (parte da cabina utilizada normalmente para acomodar passageiros se transforma em compartimento para carga). Noutros casos, aviões de passageiros são convertidos à noite para o transporte de correio e malotes, voltando à configuração normal (passageiros) após o vôo noturno. No Brasil, o emprego de aviões wide body (fuselagem larga) nos vôos domésticos, com maior volume útil nos porões e maior capacidade em peso, tem dado certo impulso ao desenvolvimento do transporte aéreo de carga. As profundas mudanças políticas e sociais que vêm se fortalecendo no Brasil durante os últimos meses abrem portas para um crescimento amplo no transporte aéreo de cargas no país. Assim como no setor marítimo, este modal ainda não é aproveitado da forma mais adequada, apesar de apresentar um potencial enorme de fortalecimento, expansão e o conseqüente incremento nos lucros e na geração de empregos. Os resultados dos primeiros atos do novo Governo Federal têm tudo para alterar este cenário, já que o mercado vem reagindo bem à preocupação do presidente Luís Inácio Lula da Silva em combater definitivamente a miséria e a fome. Com o preço do dólar regredindo e com a tendência de baixa nos juros, a expectativa é de que o volume de negócios volte a crescer, gerando uma demanda cada vez maior por transporte interno e para o exterior. Não se pode negar que a euforia da população causada pela vitória da esquerda nas urnas também pode representar novos investimentos e empregos, o que resultaria em mais demanda por transporte de cargas. De um lado estão as novas metas de crescimento do país, que obrigam o aumento nas exportações e forçam a imediata ampliação no transporte de cargas para o exterior. Por outro, as precárias condições das rodovias nacionais e o uso pífio de ferrovias e hidrovias (sem falar nos roubos de cargas) acabam incentivando o uso do transporte aéreo também dentro das fronteiras brasileiras. Além disso, a prática do e-commerce no Brasil já não é mais novidade e tem crescido anualmente, como reflexo de um maior número de usuários da Internet. Com mais demanda, obrigatoriamente o país precisa se fortalecer no setor que vai levar e trazer as mercadorias negociadas via comércio digital. Apesar de tantas possibilidades, o transporte aéreo de cargas no Brasil ainda tem pouca estrutura. Há uma carência de empresas especializadas. Como exemplo, basta citar que em 1999 somente 20% das cargas foram movimentadas por empresas nacionais. Existem ainda outros fatores que servem de estímulo para um investimento decisivo no setor. Um deles é a globalização, que eliminou todas e quaisquer fronteiras. A consolidação dos blocos econômicos como o Mercado Comum Europeu e o Mercosul, por exemplo, também têm influência direta neste cenário. Apesar do governo Lula ainda não ter se definido em relação à Área Livre de Comércio das Américas (Alca), há uma possibilidade muito forte de que o Brasil venha a ter papel de destaque neste novo e importante bloco econômico. Especialistas indicam que as empresas de transporte aéreo tendem cada vez mais a se unir, extinguindo as de pequeno porte. A automação dos serviços (principalmente no check in de cargas e nos serviços de catering) é outra forte tendência. Sob este ponto de vista, quem entrar na disputa pelo seu espaço aqui no Brasil se verá obrigatoriamente diante de desafios maiores. Será necessário apresentar competitividade e rentabilidade, incluindo ótimos serviços. Mas o mercado nacional de transporte aéreo tem bons ares pela frente. Além da aviação brasileira ser muito respeitada internacionalmente, as exportações do país vêm crescendo para países de todos os continentes. De acordo com o Departamento de Aviação Civil (DAC),entre 1999 e 2000, o Brasil aumentou sua movimentação de cargas para países como África do Sul, Argentina, Cuba, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Inglaterra, Japão, México, Panamá, Paraguai, Portugal e Senegal. Neste período, os grandes destaques foram as exportações via aérea para o Chile (de 7.071.974 kg para 14.217.756.kg) e para a França (de 8.958.351 kg para 13.387.055 kg). (d ) Modo Dutoviário Até agora, o transporte por dutovia oferece uma faixa muito limitada de serviços e capacidades. Os produtos economicamente mais viáveis para serem movimentados por dutovia são o petróleo cru, derivados e gás. Entretanto, há algumas experiências com a movimentação de produtos sólidos mergulhados em um líquido chamado ―pasta fluida‖. Com relação ao tempo de trânsito, o serviço de dutovias é o mais confiável de todos os modais, porque há poucas interrupções para causar a variabilidade no tempo em trânsito. (e) Modo Marítimo e de Cabotagem Os navios empregados nos transporte de granéis sólidos, no longo curso, não se regem por qualquer tabelamento de frete, dependendo exclusivamente do binômio oferta/demanda. Nesta faixa de navios, os exclusivamente graneleiros sofrem ainda a concorrência de navios para carga geral, que operam fora das condições de fretes ditadas pelos graneleiros. A costa brasileira é dotada de um número apreciável de portos marítimos, além de alguns portos fluviais que atendem navios costeiros (Porto Alegre, Manaus, Belém, por exemplo). O transporte de cabotagem está fortemente atado, infelizmente, à operação portuária que, no Brasil, deixa muito a desejar. Adicionalmente, o transporte complementar entre as origens da carga e o porto e, no sentido inverso, do porto aos destinos finais, está sujeito a restrições diversas tais como congestionamentos, excesso de burocracia, atrasos nas chegadas e saídas dos navios, greves freqüentes, etc. Um aspecto que foge ao controle e à previsão do usuário está ligado ao tempo total de viagem, desde a origem até o destino final da mercadoria. Atrasos nos portos ocorrem em função de muitos fatores, alguns de responsabilidade das diversas entidades que operam o porto, outros de responsabilidade dos armadores, além daqueles ocasionados pelos meios de transporte terrestres (falta de vagões, congestionamentos nas vias de acesso, etc.). As escalas que o navio faz ao longo da rota (portos visitados) nem sempre obedecem ao programado. Da mesma forma, os tempos de permanência nos portos intermediários pode variar bastante. Assim, um embarque via Santos e destinado à Belém, com escalas em vários portos da rota, está sujeito a grandes variações no tempo total. Por essa razão fica difícil programar as entregas dentro dos prazos, condição essa que tende a afastar os clientes com carga de maior valor unitário (manufaturados, produtos eletrônicos, etc.). Hoje a cabotagem é mais utilizada no transporte de granéis, petróleo e seus derivados, sal, produtos químicos. Cerca de 66% do total transportado corresponde a granéis líquidos, 28% referem-se aos granéis sólidos, e os 6% restantes são constituídos por cargas acondicionadas (caixas, sacarias, etc.). Nos últimos anos o transporte de carga geral (produtos diversos na forma acondicionada) tem diminuído na cabotagem cerca de 3,5% ao ano, enquanto: o volume geral cresceu mais de 13% anualmente. Por uma série de razões, algumas apontadas acima, o transporte marítimo de cabotagem não atrai as cargas de valor mais elevado, como eletrodomésticos, produtos; eletrônicos, manufaturados em geral. Uma forma de agilizar as operações portuárias, e com isso diminuir os tempos de viagem, é utilizar os contêineres para transporte de carga geral. Outra forma, já existente na cabotagem em escala limitada, é o transporte de carretas rodoviárias com carga, que são embarcadas/desembarcadas do navio rodando pelos conveses e pelas rampas de acesso. Esse sistema, denominado roll-on, roll- off, reduz bastante os tempos nos portos, mas provoca perdas apreciáveis de espaço útil nos conveses e porões. Por essa razão, entre outras, tem aplicação limitada. 8.1 Explorando as modalidades O transporte rodoviário, sendo responsável por cerca de 70% do transporte de carga no território brasileiro, ocupa o foco da atenção. Não se deve deduzir, a partir disso, que as demais modalidades não sejam importantes. Dependendo da aplicação, alguns desses modos poderão assumir papel bastante destacado. No entanto, dentro de uma classificação ABC geral, o modo rodoviário ocupa, sozinho, o grupo A. Conceitualmente, no entanto, é importante frisar aqui alguns aspectos básicos ligados à exploração de outros modos, além do rodoviário. Em primeiro lugar, o objetivo primordial da busca de soluções modais alternativas é a redução dos custos logísticos. Assim, para certos tipos de carga, o uso da ferrovia ou do transporte marítimo de cabotagem pode significar reduções sensíveis nos custos em alguns casos. É claro que, ao se optar por um modo alternativo, deve-se verificar se as restrições de prazo de entrega, segurança da carga, etc., são asseguradas. Outro objetivo do uso de modalidades alternativas é, em alguns casos, a melhoria do nível de atendimento dos clientes. Há casos em que o transporte aéreo, mesmo com fretes mais elevados, pode ser a solução. A intermodalidade, com a utilização combinada de dois ou mais modos, também pode ser empregada com sucesso em muitos casos. 8.2 O transporte e o meio externo Os sistemas do mundo real se relacionam forçosamente com o meio ambiente, ou meio externo ao sistema. O subsistema transporte não é exceção à regra. Nas duas pontas desse subsistema (origem e destino) as interações com o ambiente são mais pronunciadas e requerem uma atenção especial. A seguir serão abordados alguns desses aspectos. (a) Atrasos na Viagem Já vimos que alguns modos de transporte apresentam maior variação nos tempos de viagem de porta à porta. É o caso, por exemplo, do transporte marítimo de cabotagem. Mas mesmo o transporte rodoviário apresenta variações nos tempos de viagem, e por razões variadas. Em alguns casos, quando a empresa se utiliza de transportadoras para a transferência de seus produtos, podem ocorrer atrasos de forma a possibilitar a consolidação da carga. Ou seja, a transportadora mantém os produtos em seu depósito esperando outras cargas para o mesmo destino, com isso garantindo carregamento completo, ou quase completo, para seus veículos. O mesmo pode se dar na outra ponta, quando a carga aguarda no depósito até que a transportadora consiga um carregamento satisfatório para um determinado roteiro de entregas. Outro problema comum nos atrasos, principalmente em transferências, é o da quebra do veículo, exigindo algumas vezes um certo tempo para o conserto. Com o atual estado da rede rodoviária nacional, esse problema vem se agravando ultimamente. Há também os congestionamentos localizados, decorrentes de condições adversas de tempo (chuvas excessivas), paralisações e greves, etc. (b) Oscilações nos Prazos de Entrega Além das variações nos tempos de viagem, observados nas transferências, ocorrem também atrasos de natureza diversa nas entregas, em função de fatores vários. Os roteiros de entrega apresentam oscilações apreciáveis no tempo de viagem porque são constituídos por inúmeros segmentos: percurso desde o armazém até a zona, tempo de parada em cada cliente, percursos entre pontos de parada sucessivos, retorno ao depósito. Outro problema que ocorre com certa freqüência nos atrasos das entregas está relacionado com deficiências nas operações do depósito, armazém ou centro de distribuição. Tais deficiências podem ser devidas à inadequação ou falta de equipamentos e de pessoal, problemas no fluxo de informações (demora em processar e/ou transmitir os pedidos), estoques mal administrados, etc. Isso significa atrasos nos prazos de entrega, insatisfação dos clientes, etc.,além de aumento dos custos, em razão das tentativas de entrega sem sucesso. (c) Políticas de Estoque De uma maneira geral os produtos são estocados em pontos diferentes da cadeia logística, a saber: (a) no depósito da fábrica, até que sejam despachados; (b) nos centros distribuidores ou depósitos regionais e locais; (c) nos pontos de destino (clientes, unidades comercializadoras locais, etc.); (d) nos veículos em trânsito. À medida que as características do subsistema transporte variam em termos de tempo de viagem, atrasos, capacidade dos veículos, periodicidade da transferência e da entrega, etc., vão ocorrendo alterações nos níveis de estoque. Note-se que não é somente o estoque em trânsito que é afetado pela variação nas características do subsistema transporte. Por exemplo, se a distribuição é feita diariamente em cada zona de entrega, o nível de estoque do destinatário (varejista, por exemplo) será bem menor do que o caso alternativo de se fazer roteiros semanais. Inversamente, se a empresa resolver reduzir seus níveis de estoque por razões econômico-financeiras, a nova política daí decorrente certamente trará repercussões diretas e indiretas no subsistema transporte, incluindo as transferências, as entregas e as coletas de mercadoria. (d) Avarias na Carga e na Descarga Apesar de relativamente seguro, o transporte rodoviário não está livre de avarias e extravios. E é nas pontas, nas operações de carga e de descarga, que esse tipo de problema se apresenta com maior gravidade em razão da manipulação inevitável da mercadoria. Há formas de reduzir significativamente as avarias. Entre outros, utilizar veículos adequados, que facilitem as operações de carga e descarga; unitizar a carga sempre que possível (pallets, contêineres); melhorar a capacitação do pessoal; usar equipamentos apropriados; racionalizar o layout do armazém, etc. 8.3 Transporte controlado pela empresa Uma alternativa disponível é a empresa possuir o serviço de transporte e equipamentos ou contratar transportadoras. Idealmente, o usuário espera obter um melhor desempenho operacional, maior disponibilidade e capacidade de serviço de transporte e um custo menor. Ao mesmo tempo, uma parte da flexibilidade financeira é sacrificada porque a empresa deve investir em uma capacidade de transporte ou deve comprometer-se um arranjo contratual de longo prazo. Se o volume do carregamento é alto, poderá ser mais econômico possuir o serviço de transporte do que alugá-lo. Entretanto, algumas empresas são forçadas a possuir ou contratar o transporte mesmo a custos altos porque suas exigências especiais para o serviço não podem ser adequadamente atendidas pelo serviço de transportadores comuns. Tais exigências poderão incluir (1) entrega rápida com confiabilidade muito alta, (2) equipamentos especiais geralmente não-disponíveis, (3) manuseio especial do frete, e (4) um serviço que está disponível quando necessário. Os transportadores comuns servem a muitos clientes e não podem estar sempre atendendo uma exigência de transporte específica de usuários individuais. 8.4 Transporte Internacional O sucesso do setor de transportes no desenvolvimento de um sistema de transporte rápido, confiável e eficiente contribuiu substancialmente para a drástica expansão do comércio internacional ocorrida nos últimos 30 anos (cerca de três vezes um aumento na receita somente para as movimentações aéreas e aquaviárias de 1980 a 1996). O transporte barato permitiu que as empresas domésticas tirassem vantagem das diferenças nos custos de mão-de-obra mundiais, para assegurar matérias-primas que estão geograficamente separadas, e colocar competitivamente produtos em mercados distantes de suas fronteiras domésticas. Assim, o profissional de logística deve ter conhecimento sobre as exigências especiais para a movimentação de mercadorias internacionalmente. O transporte internacional é dominado por transportadores marítimos que movimentam mais de 50% do volume de comércio em dólares e 99% pelo peso. Os transportadores aéreos movimentam 21 % do volume de comércio em dólares, e o remanescente é transportado por rodovia, ferrovia e dutovia entre países vizinhos. A dominância de modais particulares de transporte é afetada fortemente pela geografia do país e pela proximidade dos principais parceiros de comércio. Países em ilhas, como o Japão e a Austrália, devem usar extensivamente os modais aéreo e marítimo. Entretanto, muitos dos países membros da Comunidade Econômica Européia podem utilizar-se dos modais ferroviário, rodoviário e de dutovia. Outra característica peculiar do transporte internacional é o número e a variedade de intermediários, ou agentes, que podem fornecer assistência ao embarcador ou ao comprador engajado no transporte internacional. Aí incluem-se despachantes aduaneiros, exportadores, agentes de exportação, atacadistas, corretores, departamentos de bancos internacionais, e outros do gênero. No entanto, empresas com atividades internacionais significativas podem estabelecer grupos especiais dentro do departamento de tráfego para encarregar-se dos assuntos de transporte internacional. 8.5 A pirataria via alfândega A infração de direitos de propriedade intelectual, através de produtos e obras, popularmente conhecida como "pirataria", não é problema novo no Brasil. Mas a abertura de nossa economia para o comércio internacional, para a qual o governo Collor deu o pontapé inicial, fez com que a dificuldade na proteção de direitos de propriedade intelectual no País se tornasse um problema mais perceptível e preocupante. O Brasil vem lutando contra esse inimigo, de forma constante, e já avançou bastante nesse objetivo. Temos leis que enfrentam o assunto e estabelecem medidas ou diretrizes no sentido de solucionar o problema. Nossa Lei de Propriedade Industrial - LPI (Lei 9.279/96), por exemplo, dispõe, em seu artigo 198, dentre as "Disposições Gerais", sobre a possibilidade de apreensão, pelas autoridades alfandegárias, no ato de conferência, de produtos assinalados por marcas falsificadas, alteradas ou imitadas ou que apresentem falsa indicação de procedência. Contudo, nossas leis e normas administrativas ainda são pouco claras em relação aos direitos protegidos e aos procedimentos que devem ser efetivamente adotados pela alfândega. As normas existentes já permitem, sim, que advogados trabalhem na sua interpretação e aplicação conjunta para fazer valer os direitos de propriedade intelectual de seus clientes. No entanto, a falta de clareza e sistematização das normas existentes, muitas vezes dificulta o trabalho de nossas autoridades alfandegárias, que se sentem legalmente desarmadas para tomarem, de ofício, providências mais enérgicas no combate à pirataria na fronteira. Os profissionais da área de propriedade intelectual vêm se dedicando à implementação de medidas mais efetivas contra a entrada de produtos piratas no Brasil, seja por meio de um esforço de conscientização de nossas autoridades alfandegárias, seja pelo estudo e elaboração de projetos que visem aprimorar nossa legislação sobre o assunto, inclusive com base em experiências internacionais. Esse tem sido, a propósito, um dos objetivos de uma comissão de estudos para repressão às infrações formada no seio da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual – ABPI 9. CUSTOS DE TRANSPORTE Qualquer empresa que ofereça serviços de transporte seja ele por que meio for, terá que investir em elementos básicos, elementos esse que são vias, terminais e veículos. As vias são os caminhos nos quais a transportados opera (estradas, ferrovias, águas), os terminais são os locais para carregar e descarregar os produtos, locais de conexão entre serviços (Centro de distribuição, Armazéns, docas) e os veículos são de vários tipos e servem como unidades de carregamento e força para transportar produtos pelas vias (caminhões, navios,barcos, aviões), o único modal que não utiliza veículos é o dutoviário ou tubular. Os investimentos em transportes são os custos fixos e variáveis. Cada modal de transporte tem sua variação na aplicação inicial de capital (custos fixos) e na manutenção do sistema (custos variáveis). a) Transporte ferroviário Grande investimento inicial em vias, terminais e veículos. O ideal é transportar grandes volumes para compensar o capital inicial investido. b) Transporte Rodoviário Os custos deste modal podem ser em veículos se a transportadora tiver armazéns próprios em terminais. As vias não são investimento das transportadoras que pagam as taxas e os pedágios pela utilização, o que pode onerar os custos. c) Transporte Aquaviário A principal vantagem deste modal é o custo. Os custos operacionais são baixos e, como os navios, normalmente tem um a capacidade relativamente grande, os custos fixos podem ser absorvidos pelos grandes volumes. d) Transporte aéreo As transportadoras que se utilizam deste modal não possuem ‗vias aéreas‘, o transporte é controlado por sistemas de navegação, geralmente controlados pelo governo, e que as empresas pagam pelo uso, portanto o custo é variável. O custo fixo é alto em função do custo dos veículos utilizados e da localização de seus terminais de carga, normalmente em aeroportos. Normalmente este modal é utilizado para produtos de alto valor e baixo volume em função do modal ser caro. e) Dutoviários ou Tubulares Os custos fixos de implantação de dutos (vias) e terminais são altos, porém uma vez instalados os custos variáveis de manutenção do sistema se torna baixo. Comparando-se algumas características dos modais como velocidade (tempo decorrido de movimentação em uma dada rota), disponibilidade (capacidade que um modal tem de atender qualquer par origem-destino de localidades), freqüência (está relacionada à quantidade de movimentações programadas), confiabilidade (variabilidade potencial das programações de entrega esperadas ou divulgadas) e capacidade (possibilidade de um modal de transporte de lidar com qualquer requisito de transporte, como tamanho e tipo de carga), vamos entender porquê o modal rodoviário é o mais utilizado, observando o quadro 2 abaixo que faz a comparação dos modais e suas características:. Características operacionais relativas por modal de transporte Características operacionais Ferroviário Rodoviário Aquaviário Dutoviário Aéreo Velocidade 3 2 4 5 1 Disponibilidade 2 1 4 5 3 Confiabilidade 3 2 4 1 5 Capacidade 2 3 1 5 4 Freqüência 4 2 5 1 3 Resultado 14 10 18 17 16 Legenda: 1= melhor desempenho; 5 = pior desempenho Quadro: 2 - Características operacionais relativas por modal de transporte Podemos observar, no quadro anterior que as melhores pontuações são: Velocidade: modal aéreo; Disponibilidade: Modal rodoviário; Confiabilidade: Modal Dutoviário; Capacidade: Modal Aquaviário; Freqüência: Modal Dutoviário, porém quando olhamos o todo, por exemplo o modal dutoviário apesar de ter duas das características apontadas como as melhores, nas outras 03 ele leva a pior pontuação. Na soma total dos números de desempenho, o modal rodoviário é que compõem um conjunto de características com pontuação média, atendendo assim a maior parte as características. As empresas podem se utilizar de apenas um modal de transporte, mas também podem necessitar utilizar vários modais levando uma mesma carga, ou por razões geográficas (exemplo: exportar para o continente asiático requer necessariamente vários modais – rodoviário, marítimo ou aéreo) ou por razões de custos (substituir, em parte do trajeto, o rodoviário pelo ferroviário). A utilização de vários modais poderá ser feito de duas maneiras: Intermodal e Multimodal. Intermodal: utiliza dois modais no transporte de produtos da origem ao destino final, (conhecido como door-to-door) mediante contratos de transporte para cada etapa do itinerário, portanto, qualquer problema de avaria, perda e/ou atraso com a carga será responsável quem estiver transportando o produto no momento da avaria e ou atraso. Multimodal: também utiliza dois ou mais modais no transporte de produtos da origem ao destino final, porém mediante um contrato de transporte e intermediação e responsabilidade de um Operador de Transporte Multimodal (OTM), que poderá operar com frota própria ou subcontratada. Qualquer problema (avarias, atrasos, perdas) em qualquer das etapas do transporte será de inteira responsabilidade do OTM. 10. FORMAS DE DISTRIBUIÇÃO 10.1 Centros de Distribuição (CD) Os CD‘s são armazéns, estrategicamente colocados próximos dos mercados consumidores, que recebem cargas consolidadas, ou seja as cargas chegam em grandes volumes (podendo-se diminuir o custo do transporte) e, nos CDs podem ser desconsolidadas e transportadas em pequenos lotes percorrendo pequenas distâncias. Evitando que a empresa distribua diretamente para seus clientes percorrendo grandes distâncias com cargas fracionadas. 10.2 Transit Point As instalações do tipo Transit Point são bastante similares aos centros de distribuição avançados, mas não mantêm estoques. O Transit Point é localizado de forma a atender uma determinada área de mercado distante dos armazéns centrais e opera como uma instalação de passagem, recebendo carregamentos consolidados e separando-os para entregas locais a clientes individuais. Uma característica básica do tipo Transit Point é que os produtos recebidos já tem os destinos definidos, estando pré alocados aos cliente e podem ser imediatamente expedidos para a entrega local, não havendo espera para a alocação de pedidos como nos armazéns tradicionais, conf. Figura abaixo: Figura 5 – Distribuição utilizando o Transit Point 10.3 Cross-Docking Estas instalações são muito parecidas com as de Transit Point, mas se caracterizam por envolver múltiplos fornecedores atendendo clientes comuns, como as cadeias de varejo, a figura abaixo ilustra esta forma de distribuição. Figura 6 – Distribuição utilizando CrossDocking Este tipo de instalação é muito utilizado pelas empresas com alto nível de coordenação de suas operações logísticas (trabalhando em conjunto com fornecedores e transportadores), pois a rapidez das entradas e saídas são o diferencial deste processo. Para isso é necessária a utilização intensiva de Fábrica Transit Point Cliente A Cliente B Cliente C Fábrica A Fábrica B Fábrica C Cross-Docking Cliente 1 Recebe produtos das Fábricas B e C Cliente 2 Recebe produtos das Fábricas A, B e C sistemas de informação, como transmissão eletrônica de dados e identificação de produtos por código de barras, agilizando tanto a solicitação de pedidos como a identificação do produto a ser transportado. 11. PLANEJAMENTO LOGÍSTICO As empresas precisam decidir qual será sua estratégia logística, principalmente quando estas envolvem o planejamento do transporte. Várias estratégias podem ser traçadas, sempre analisando o trade-off (compensações) de custo-benefício, vamos ver algumas delas: Conceito de custo total: Os vários custos envolvidos no sistema logístico são normalmente conflitantes, por exemplo, quando se resolve diminuir os estoques, muito provavelmente haverá aumento da freqüência de pedidos o que levará a um aumento das viagens, aumentando os custos com transporte. O que esta estratégia pretende é o balanceamento entre estes custos, ficando assim com a melhor opção. Distribuição Diferenciada: Esta estratégia adota o princípio de que nem todos os produtos precisam ser distribuídos com o mesmo nível de serviço, pois nem todos tem o mesmo nível de vendas, ou seja, nem todosos produtos do mix de produção precisam estar no mesmo nível de distribuição. Essa estratégia pode ajudar a economizar espaços nos armazéns, pois não há a necessidade de se estocar todos os produtos o tempo todo. Adiamento(Postponement) : Estratégia na qual a empresa adia até o último momento o término do produto, diminuindo assim estoque, e tempo de embarque.Consiste em postergar alguma atividade do processo final de manufatura para depois que o pedido do cliente é recebido. Exemplo industrial: A empresa Benetton (fabricante de roupas) está localizada na Itália, mas envia suas roupas para o mundo todo. Ela se utiliza da estratégia do adiamento, pois as roupas são confeccionadas em um único padrão de cor, quando o cliente faz um pedido, solicitando tamanho e cor, neste momento a empresa coloca nas roupas as cores solicitadas, evitando ter em estoques todas as cores, correndo o risco de obsolescência. Exemplo comercial: muitas ‗casas de material de construção‘ já possuem as máquinas para misturar as tintas e os corantes, as cores só são acrescidas aos galões quando o cliente faz o pedido, assim a loja estoca tinta branca que pode se transformar em qualquer cor, não havendo necessidade de estocar todas as cores o que pode acarretar aumento do estoque incorrendo em riscos de estocar. Consolidação: Nesta estratégia, a empresa procura embarcar os produto de forma consolidada, ou seja, embarca-se vários pequenas quantidades, de produtos diferentes em um único embarque, evitando-se fazer pequenos embarques isolados, o que acarretaria um maior custo de transporte e fretes. 12. ALTERNATIVAS PARA A AMAZÔNIA A hidrovia é uma das alternativas de escoamento para a Amazônia, pois é mais econômico e sustentável. É considerado um tipo de transporte econômico devido: À baixa demanda por investimentos em manutenção À capacidade de movimentação de um grande volume de carga em cada viagem, o que compensa a pouca velocidade desenvolvida pela embarcação. Ao pequeno consumo de combustível e potência exigida pelo motor da embarcação, pois nas hidrovias com boas características técnicas o deslocamento acontece num plano quase sempre horizontal e com atrito reduzido. À possibilidade de surgir da infra-estrutura instalada para as hidrovias outras atividades relacionadas à drenagem ou ao suprimento de água (irrigação) e serviços de lazer. A Amazônia tem uma localização geográfica privilegiada em termos de rotas de distribuição de produtos internacionais, via hidrovias. Senão vejamos: Os rios que interligam a Amazônia em sua maioria são navegáveis, senão o ano inteiro, pelo menos parte do ano; Os rios são ‗solidários‘, ou seja, passam por vários paises (dentre eles Brasil, Peru e Equador) interligando o oceano atlântico ao pacífico; A saída para o oceano pacífico facilita o escoamento da produção e o recebimento de insumos da Ásia. As rotas de distribuição nesta região poderão ser através do modal fluvial e do modal aéreo, podendo ser alternativas ecológicas para a Amazônia que possui um eco sistema frágil, mas ao mesmo tempo em que possui potencial de crescimento e desenvolvimento econômico bastante acentuado, se olharmos a população envolvida cerca de 53 milhões de pessoas e a área de 45 milhões de km2. Vamos colocar duas alternativas, dentre as possíveis, que são: a) a saída via Equador e, b) via a calha do rio madeira. a) A saída via Equador, se utilizará da rota dos rios amazônicos, desde o Pará, no Brasil até os vários portos disponíveis nas cidades equatorianas além do modal aéreo que tem a vantagem da preservação ambiental. b) Calha do Rio Madeira: O Rio Madeira faz parte do sistema hidrográfico do Rio Amazonas, sendo um dos principais afluentes da sua margem direita. Estende-se desde a Bolívia e corta os estados do Amazonas e Rondônia, até desembocar no Rio Amazonas, próximo a Itacoatiara-AM. A Hidrovia do Rio Madeira possui 1.056 Km de extensão, iniciando-se em Porto Velho-RO e indo até a foz do Rio Madeira, no estado do Amazonas. Essa alternativa de utilização da hidrovia hoje já é, em parte uma realidade com a utilização do rio para o escoamento da soja a um preço muito mais competitivo em relação a outros modais, por exemplo: o transporte de grãos feito entre Sapezal-MT e o Porto de Paranaguá-PR, por rodovia, tem o custo de R$ 110,00/t e até Itacoatiara-AM, por via hidroviária R$ 80,00/t. Figura 7: Hidrovias na região amazônica A intermodalidade garante distribuição após a chegada nos vários portos (Porto velho, Itacoatiara, Manaus) ao longo das várias hidrovias. A demonstração destas duas alternativas de escoamento ou distribuição física dos produtos tanto da Amazônia quanto do centro-oeste brasileiro demonstram o potencial de escoamento que este região possui. É evidente que necessitamos nos estruturar para que estas alternativas se tornem viáveis sustentável e economicamente, e assim podermos contribuir com o desenvolvimento não são da região amazônica como um todo (incluindo os demais países) como também e de forma decisiva para o desenvolvimento do nosso Pais. 13. Resposta Eficiente ao Consumidor (ECR) O mundo tornou-se um mercado global, as fronteiras geográficas estão desaparecendo e a empresas que pretender permanecer atuantes no mercado tem que enfrentar a realidade desse novo desafio. O crescente dinamismo nos ambientes competitivos tem destacado o papel das informações como vital para a competitividade. As diversas empresas atualmente estão enfrentando mudanças de ambientes de competitividade moderada para situações de competitividade. No primeiro caso, a competição não é tão agressiva e longos períodos de vantagem competitiva sustentável são possíveis. As razões para isso são as barreiras de entrada limitando novos entrantes e a cooperação entre os líderes de mercado para restringir comportamentos mais competitivos. As empresas estão constantemente buscando romper as vantagens competitivas dos líderes de mercado e criar novas oportunidades para competir. Para que a organização passe a ser mais competitiva deve passar por mudanças significativas e elas somente ocorrem quando a empresa identifica estas necessidades e as coloca em prática. Para que ocorram as ações capazes de efetuar as mudanças, a empresa precisa criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um conjunto diferente de atividades. A distribuição tem recebido especial atenção nos últimos anos e é reconhecida como um processo de suprema importância por parte das empresas privadas e públicas devido aos altos custos nela envolvidos e as oportunidades existentes para a redução desses custos. Dessa forma, a distribuição precisa ser extremamente flexível para enfrentar as diversas demandas e restrições que Ihe são impostas, sejam elas físicas ou legais. (Bertaglia, 2003). O gerenciamento da distribuição vai além de meramente movimentar um produto de um determinado ponto a outro. É uma atividade fundamental no serviço, custo e qualidade desejados por consumidores e clientes. As empresas precisam verificar se toda a sua cadeia Logística esta fluindo de forma satisfatória ao cliente, que e o elemento principal de todo esse processo. A vantagem competitiva de uma empresa pode estar na forma de distribuir, na maneira com que faz o produto chegar rapidamente a gôndola, na qualidade do seu transporte e na eficiência de entrega de um material a um fabricante. (Bertaglia, 2003). Nesse processo, não apenas a tecnologia é importante, mas a confiança e a cooperação são requerimentos fundamentais para a vantagem competitiva. Por todos estes motivos é de fundamental importância que se trace ações para sanar os problemas logísticos, tanto de formaimediata como em longo prazo. A forma comum de resolver os problemas logísticos não satisfaz mais as empresas que querem ser manter na vanguarda dos negócios. Muitos dados sobre as falhas deixam de ser colhidos e são facilmente esquecidos. Sendo que muito desses dados são baseados em palavras e não em registro. O que causa um ambiente propício ao conflito interdepartamental e não estabelece uma definição segura dos verdadeiros motivos dos problemas. As técnicas utilizadas no contexto da resposta eficiente ao consumidor (ECR) — mostram como métodos podem ser aplicados de uma maneira integrada e colaborativa com o auxílio de novas tecnologias de informação desenvolvidas. O foco agora se move para uma otimização completa da cadeia. A meta é reduzir os custos e reagir de forma mais dinâmica as demandas e expectativas dos consumidores. (Bertaglia, 2003) Não resta dúvidas de que o ECR pode fazer a diferença no mundo dos negócios, mas deve ser bem implementado como qualquer filosofia sistêmica. A criação de valor para o consumidor e a única maneira que a organização tem de se sustentar e alcançar o êxito. Nos últimos anos, a indústria tem enfrentado muitas ameaças como a pujança dos auto-serviços, a globalização, novos concorrentes, o advento da Internet e as expectativas dos consumidores cada vez mais crescentes, fazendo com que os mercados apresentem maior número de concorrentes, necessidade de redução de custos, velocidade na entrega de produtos e serviços e outros. Ballou (2001) O ECR é um assunto que desperta a atenção das empresas de médio e grande porte, pois facilita a distribuição do produto acabado ao cliente, gerando recursos que poderão ser aplicados no desenvolvimento de novas tecnologias. A logística Integrada da filosofia ECR possibilita um avanço no fluxo de materiais, atenuando problemas relacionados ao seu deslocamento, como roubo, atrasos na entrega de mercadorias, falta de diversidade dos meios de transporte, difícil acesso a algumas regiões, entre outras situações que venham aumentar o custo no produto final. Um dos principais desafios da logística moderna é conseguir gerenciar a relação entre custo e nível de serviço. O maior obstáculo está no fato de que cada vez mais os clientes estão exigindo melhores níveis de serviço, mas ao mesmo tempo, não estão dispostos a pagar mais por isso. A Logística ganha a responsabilidade de agregar valor ao produto, através de um serviço mais eficiente. Segundo Lopes (2000) entre estas exigências por serviço, pode-se destacar: Redução do prazo de entrega; Maior disponibilidade de produtos; Maior cumprimento dos prazos de entrega; Maior facilidade de colocação do pedido Muitas empresas usam a tecnologia de informação como ferramenta para auxiliar o processo de otimização de transporte, objetivando maximizar as entregas e minimizar os custos, baseando-se em restrições de tipo de transporte, capacidades dos veículos, rotas e restrições de entrega ao cliente, causadas por fatores logísticos e legais, como horário de circulação restrita nas áreas urbanas, recebimento físico precário, ausência de plataformas ou equipamentos de descarga etc. O aproveitamento da capacidade ociosa do meio de transporte leva a redução de custos e a uma maior eficiência no atendimento ao cliente. Para tanto, faz-se necessário um estudo mais detalhado sobre o impacto que um processo como o modelo proposto pode ocasionar em empresas situadas em regiões com características geograficamente peculiares, sendo este é o caso das empresas do PIM, por estarem localizadas numa região cercada de florestas e rios, falta de um planejamento urbano adequado etc, necessitando, desta forma, de uma maior eficiência na dinâmica dos transportes regionais. Em 1993, a indústria alimentícia americana desenvolveu um conceito inovador no relacionamento cliente x fornecedor, visando principalmente obter a eficiência na cadeia logística com a redução de tempos e custos envolvidos no processo, de modo a gerar um maior valor agregado ao consumidor. A esse conceito se deu o nome de Efficient Consumer Response—ECR. Atualmente, várias organizações no mundo foram criadas com o intuito de propagar o conceito do ECR suas melhores práticas. No Brasil, temos o ECR Brasil, que é composto por grandes empresas da indústria e do comércio. Bertaglia (2003) 13.1 Processos do ECR O ECR é, portanto, uma iniciativa conjunta entre o varejo e a produção com a finalidade de otimizar e sincronizar a cadeia de valor, desde o produtor até o consumidor final, dando a este a oportunidade de comprar o produto certo no local que lhe é mais conveniente, no momento em que precisa, na quantidade desejada e pagando o preço certo. As afirmações acima são de tal complexidade que exigem cooperação entre as diversas organizações da cadeia nos aspectos logísticos e de mercado. Os princípios básicos do ECR são abastecimento contínuo e eficiente, sortimento eficiente nas lojas, promoção eficiente e introdução eficiente de novos produtos. 13.2 Princípios do ECR Segundo Ballou (2001), o ECR exige uma mudança significativa nos paradigmas de relacionamento entre o fornecedor de produto e o cliente. Essa mudança caracteriza-se pela forma como a cadeia de abastecimento deve trabalhar para responder as necessidades dos consumidores, forçando a existência de melhorias na relação entre o comercio e a manufatura. Essa melhoria pode ser obtida de varias formas, e o ECR define algumas delas como sendo: • obter informações dos consumidores para efetuar o lançamento de produtos no mercado; • compartilhar informações do ponto de venda e efetuar estimativas de demanda em conjunto O ECR atua nos diferentes agentes do canal de distribuição. Desde os atacadistas, varejistas e às indústrias, é possível observar uma redução de estoques, um melhor conhecimento do consumidor, uma redução no tempo de reabastecimento de mercadorias, uma redução nos custos operacionais e administrativos e nos custos de transação, um aumento nas vendas, dentre outros. Em relação aos varejistas, há uma maior lealdade dos consumidores e um melhor mix de produtos nas gôndolas. E os benefícios para os consumidores envolvem um maior sortimento de produtos e conveniência, serviços mais eficientes, produtos a melhores preços, produtos mais frescos e de melhor qualidade e facilidade na obtenção de todos os produtos de que necessitam. De acordo com a Associação de ECR do Brasil (1998) os princípios básicos do ECR são: Foco constante no provimento de um melhor produto, uma melhor qualidade, um melhor sortimento, um melhor serviço de ressuprimento uma melhor conveniência com um menor custo por meio da cadeia de abastecimento. Comprometimento dos líderes de negócios determinados a alcançar a decisão de lucrar mediante as alianças lucrativas. Informações precisas e no tempo certo, para dar apoio as decisões. Os produtos devem fluir com a maximização dos processos de adição de valor até chegar nas mãos do consumidor, assegurando que o produto esteja no lugar correto, no momento exato, na quantidade adequada, e a um preço justo. O ECR é uma filosofia que tem como objetivo eliminar atividades e tarefas que não agregam valor a cadeia de abastecimento. Para isso ele faz uso de diversas práticas e técnicas. O conjunto destas práticas e técnicas estão representados na figura 03. Figura 8 - Estrutura do ECR Fonte: ECR Brasil Visão Geral (2003) Para ECR Brasil (2003), Reposição Contínua é a prática de parceria entre membros do canal de distribuição que altera o tradicional processo de reposição de mercadorias e de geração de pedidos elaborados pelo distribuidor, baseando-se em quantidades economicamente convenientes, para a reposição de produtos, a partir de uma previsão de demanda efetiva, buscando integrar por meiode práticas distintas o fluxo de informações. Os benefícios que a Reposição Contínua busca são os seguintes: aumentar a presença e disponibilidade de produtos no ponto de venda.; diminuição de estoque e capital de giro; diminuição dos custos logísticos e administrativos; diminuição dos custos de gestão de pedidos; diminuição dos erros de estimativa de vendas. 13.3 As Estratégias do ECR Como o objetivo do ECR é retirar da cadeia de abastecimentos as atividades que não agregam valor. É necessário então a definição de estratégias para se alcançar este objetivo. Desta maneira as estratégias básicas do ECR de acordo com ECR Brasil (1998) são as seguintes: Reposição Eficiente de Produtos: que tem como meta otimizar o tempo e o custo do sistema de reposição, baseando-se na demanda real dos consumidores, reduzindo o nível de estoque e os tempos de ciclo ao longo de toda a cadeia. Sortimento Eficiente de Produtos: otimizar os estoques e espaços da loja na interface com o consumidor, ou seja, estabelecer o mix ideal de mercadorias que satisfaça às necessidades do conjunto de consumidores de determinada loja obtendo, com isso, aumento no volume de vendas, na rentabilidade e no giro dos estoques. Introdução Eficiente de Produtos: maximizar a eficácia do desenvolvimento e lançamento de novos produtos. Através do trabalho conjunto entre fornecedores e varejistas, visando otimizar investimentos em pesquisa, desenvolvimento e lançamento de produtos. Promoção Eficiente de Produtos: maximizar a eficiência de todo o sistema de promoção de venda ao varejo e ao consumidor final.
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