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Princípios da dispensação de medicamentos na FC (1)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE FARMÁCIA
DEPARTAMENTO DO MEDICAMENTO
ESTÁGIO FINAL DE CONCLUSÃO DE CURSO – FARA91
DOCENTE: ADEMIR EVANGELISTA DO VALE
DISCENTE: CARLA JESUS MARTINS FERREIRA
Fichamento
	Título: Princípios da dispensação de medicamentos na Farmácia Comunitária
	Autor: Cassyano J. Correr. Farmacêutico Clínico. Professor do Departamento de Farmácia de UFPR e do Ambulatório de Atenção Farmacêutica do Hospital das Clínicas de Curitiba da UFPR. Mestre em Ciências Farmacêuticas e Doutor em Ciências da Saúde (Medicina Interna) pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Pós-doutor em Sócio-Farmácia pela Universidade de Lisboa.
	CORRER, J. Cassyano. Princípios da dispensação de medicamentos na farmácia comunitária. In: CORRER, C. J; MELCHIORS, A. C. A Prática Farmacêutica na Farmácia Comunitária. Porto Alegre: Artmed, 2013. Cap. 2, p. 27-43. 
	No Brasil, com a revolução das indústrias farmacêuticas, a prática profissional, no âmbito da Farmácia Comunitária, segue um modelo tradicional baseado na dispensação de medicamento onde, o mesmo, é fornecido ao paciente, sendo prestadas informações a respeito de sua utilização. Na teoria, a dispensação é centrada no fornecimento de orientações ao paciente, a cerca de medicamento prescrito por profissional habilitado. Tal ação prefiguraria o último contato do paciente com um profissional de saúde, antes de utilizar o medicamento. Entretanto, o que se percebe, é um alto índice de pacientes que se automedicam e, com isso, veem no farmacêutico o único elo entre o medicamento e a orientação adequada sobre sua utilização. A partir deste capítulo, o autor apresenta, de maneira sucinta, princípios relacionados à dispensação, conceituando-a, além de considerar aspectos legais e os diferentes níveis de orientação farmacêutica.
Dispensação é um termo que pode ser definido como ato de fornecer medicamentos a um paciente, prestando-lhe as devidas orientações sobre o seu uso bem como a ocorrência e descrição de possíveis reações adversas. A Dispensação de Medicamentos é uma das principais etapas da Assistência Farmacêutica, cujo autor difere, em poucas linhas, da Atenção Farmacêutica, sendo esta última, a interação entre o farmacêutico e o paciente, visando a promoção do uso racional do medicamento e a obtenção dos resultados terapêuticos desejados, enquanto que a primeira é definida como o conjunto de ações multiprofissionais centradas no medicamento e que envolve todos os processos envolvendo a produção e avaliação dos efeitos deste, no paciente. 
Trata-se de ato privativo do profissional farmacêutico, que poderá, inclusive, indicar medicamentos isentos de prescrição, com o objetivo de atender as necessidades do paciente. No entanto, o que se percebe, no Brasil, é um cenário em que a atuação de balconistas é cada vez mais ativa, atuando no fornecimento de medicamentos, enquanto o farmacêutico se vê cada vez mais envolvido em atividades administrativas, sendo solicitado, apenas, nos raros momentos em que o paciente solicita orientação ou mesmo, ‘decifrar’ prescrições. 
Neste contexto, o farmacêutico passa por situações diversas, que põem em xeque, suas habilidades e competências: prestar atenção farmacêutica ao usuário que se dirige ao estabelecimento apresentando receituário, àquele que se dirige a farmácia em busca de determinado medicamento não prescrito, ou em busca de indicação sobre o tratamento de determinada enfermidade e/ou sintomas. Além disso, há também a necessidade de atender o usuário que procura por serviços tais como: vacinas, administração de medicamentos injetáveis, nebulização ou verificação de pressão. Neste cenário, o autor conduz o artigo trazendo à luz a importância da conscientização, por parte do farmacêutico, do seu papel enquanto agente promotor da saúde.
Outro aspecto abordado neste capítulo, diz respeito à dispensação do ponto de vista legal, onde o autor cita a Lei 5.991 de 1973, que regulamenta o comércio de medicamentos e a Portaria 344, de maio de 1998 que dispõe sobre medicamentos sujeitos a controle especial. Nestes casos, a farmácia ou drogaria deve exigir a apresentação receita que deverá conter a identificação do paciente bem como do profissional. Tais prescrições são, constantemente, alvo de averiguação por parte da Vigilância Sanitária.
É muito comum o usuário se dirigir às Drograrias e Farmácias, para adquirir medicamentos com receita médica ou odontológica, rasurada, vencida ou preenchidas incorretamente no que diz respeito às informações sobre posologia, apresentação, nome do medicamento ou identificação e assinatura profissional ausentes. Além desses aspectos mencionados, o farmacêutico deve atentar-se para os possíveis erros de prescrição, como dosagem incorreta, interações medicamentosas de alto risco clínico e indicação incorreta. Ao farmacêutico cabe a responsabilidade de avaliar cuidadosamente tais prescrições, avaliando os possíveis erros de prescrição e os riscos associados. 
A dispensação é importante porque complementa o atendimento iniciado na unidade de saúde, e estabelece o elo entre o que o médico prescreveu e a cura da patologia diagnosticada. Quando o medicamento dispensado segue os caminhos da boa orientação as probabilidades de recuperação são plenas.
Por fim, o autor conclui o artigo considerando o papel do paciente enquanto indivíduo capaz de avaliar sua prescrição e atuar na resolutividade dos problemas com o objetivo de manter ou melhorar sua condição de saúde e qualidade de vida. Nesse sentido, o papel do farmacêutico centra-se no que o autor chama de “aconselhamento” ou “orientação”. Não se trata de um monólogo, onde o farmacêutico fornece rapidamente informações superficiais sobre o medicamento, no balcão de atendimento. A orientação ao paciente se dá por meio de diálogo, respeitando-se os valores e perspectivas do paciente e acontece em ambiente privado que não o balcão da farmácia e dá, ao paciente, a oportunidade analisar aspectos do uso do medicamento.
Embora o ritmo de atividades realizadas no âmbito de uma drogaria ou farmácias, não permita, na maioria das vezes, que seja prestada orientação farmacêutica a todos os usuários, essa mudança pode se dar gradativamente. De fato, a Atenção Farmacêutica já é uma realidade que tem crescido timidamente nas drogarias do país. A tendência é que tal prática se torne cada vez mais comum.
O que se espera, com base nas ideias abordadas pelo autor, é a percepção de que a relação entre o farmacêutico e o paciente deixe de ser uma estritamente comercial, baseada na venda e entrega de produtos e seja entendida como a oportunidade de prestar um atendimento clínico profissional, visando o bem-estar do paciente.

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