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53 ESTUDOS DE USUÁRIOS Objetivos • Conhecer a definição e as características dos estudos de usuários. • Compreender a evolução histórica e o contexto dos estudos de usuários. • Conhecer os princípios, propósitos gerais ou objetivos dos estudos de usuários. • Aprender a identificar a orientação e as tipologias dos estudos de usuários. Conteúdos • Definições e histórico dos estudos de usuários. • Características dos estudos de usuários. • Princípios e propósitos gerais dos estudos de usuários. • Orientações e tipologias de estudos de usuários. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo. Os estudos de usuários contemplam mais UNIDADE 2 54 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS diversas teorias além das apresentadas aqui. Lembre- se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) Busque identificar os principais conceitos apresentados. Existem diversas classificações e subdivisões de acordo com o teórico consultado. 3) No decorrer do texto, estudaremos sobre o usuário na década de 1990. Sobre isso, sugerimos a leitura na íntegra do artigo de Mueller e Pecegueiro sobre a Ciência da Informação na década de 1990. • MUELLER, S. P. M.; PECEGUEIRO, C. M. P. A. O periódico Ciência da Informação na década de 90: um retrato da área refletido em seus artigos. Ciência da Informação, v. 30, n. 2, p. 47-63, maio/ ago. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf/ci/v30n2/6211.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2017. 4) Para o profissional da informação entender melhor os princípios da emissão de mensagens entre emissor e receptor por meio de um canal, é importante conhecer a teoria matemática da informação ou comunicação. Para isso, recomendamos as seguintes leituras: • SANTOS, I. L. Relações entre a teoria matemática da comunicação e a Ciência da Informação. Múltiplos Olhares em Ciência da Informação, v. 2, n. 2, 2012. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/ v/a/21188>. Acesso em: 26 nov. 2017. • SILVA, J. L. C. A teoria matemática da comunicação na Ciência da Informação: propondo uma nova relação entre sujeitos da informação. Pesquisa Brasileira 55© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS em Ciência da Informação e Biblioteconomia, v. 11, n. 1, p. 203-217, 2016. Disponível em: <http:// periodicos.ufpb.br/index.php/pbcib/article/ view/28807/15791>. Acesso em: 26 nov. 2017. 5) Umas das obras da autora Nice Figueiredo está indicada na nossa bibliografia complementar (FIGUEIREDO, 1994). Para aprofundamento na temática sugerimos também a seguinte leitura: • FIGUEIREDO, N. M. Metodologias para promoção do uso da informação: técnicas aplicadas particularmente em bibliotecas universitárias e especializadas. São Paulo: Nobel, Associação Paulista de Bibliotecários, 1990. 6) Para conhecer com detalhes as fases dos estudos de usuários ao longo do tempo, recomendamos a leitura do Capítulo 4 (A literatura sobre estudo de usuários) da obra de Cunha, Amaral e Dantas (2015) indicada na bibliografia básica. 7) O artigo a seguir fala sobre os estudos de usuários no contexto do paradigma social. Leia para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema. • CARVALHO, J. Estudos de usuários da informação. Biblioo: cultura informacional. Disponível em: <http://biblioo.cartacapital.com.br/estudos-de- usuarios-da-informacao/>. Acesso em: 26 nov. 2017. 8) Para que você se insira na prática dos estudos de usuários, indicamos o seguinte relato de pesquisa. • ALBUQUERQUE, F. C.; PAIVA, E. B. Livros digitalizados: uso e satisfação de usuários da UFPB. Biblionline, 56 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS v. 11, n. 1, p. 35-57, 2015. Disponível em: <http:// www.biblionline.ufpb.br/ojs/index.php/biblio/ article/view/24545/14648>. Acesso em: 26 nov. 2017. 1. INTRODUÇÃO Na Unidade 1, conhecemos os processos de necessidade, busca e uso da informação. Agora estamos prontos para iniciar os estudos de usuários da informação. Os comportamentos dos usuários da informação são objeto de estudo dos estudos de usuários. Eles são muito importantes para o planejamento e a gestão das unidades da informação, e o bibliotecário é o responsável pelo desenvolvimento desses estudos. Nesta unidade, entenderemos o que são os estudos de usuários, seu contexto e evolução ao longo do tempo, desde quando surgiram as primeiras reflexões sobre os estudos orientados às necessidades dos usuários até os dias atuais. É importante conhecer seu surgimento e histórico para compreender melhor como chegamos até os estudos atuais. Além disso, estudaremos os elementos dos estudos de usuários, suas características, princípios gerais, orientações e tipologias. Os estudos estão inseridos no contexto dos elementos estudados na Unidade 1. Por isso, para melhor entendimento desta unidade, é importante internalizar primeiro o conteúdo estudado até aqui. Bons estudos! 57© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador. 2.1. DEFINIÇÃO, CARACTERÍSTICAS E HISTÓRICO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Existem diversas definições para o termo “estudo de usuários”. O conceito foi evoluindo juntamente com a Biblioteconomia e a Ciência da Informação. Essas áreas foram deixando de focar os materiais e passaram a perceber a importância do usuário, primeiramente de forma mais simples, e aos poucos de forma mais complexa, com o avanço nos estudos dos aspectos cognitivos e emocionais, que influenciaram os processos de necessidade, busca e uso da informação. Em uma fonte de 1967, os estudos em bibliotecas eram definidos como: "estudos sobre as fontes que comunicam mensagens através de canais aos receptores" (HERNER; HERNER, 1967 apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 34). Fica claro que os estudos não consideravam o usuário, somente as fontes de informação. Em 1990, Silva (apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 34), em seu artigo publicado na revista Biblioteconomia, traz a seguinte definição, agora já com foco no usuário: “Investigação que objetiva identificar e caracterizar os interesses, as necessidades e os hábitos de uso de informação dos usuários reais e/ou potenciais de um sistema de informação”. Podemos perceber, já no início da década de 1990, o foco no usuário. 58 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS Mueller e Pecegueiro (2001) analisaram as publicações do periódico Ciência da Informação, muito conceituado na área até os dias atuais. Conforme o estudo, o segundo assunto mais expressivo da publicação foi “estudo de usuários”, com quase 30% do total de publicações entre 1990 e 1999. Isso se deve ao fato de que muitas descobertas e mudanças ocorriam na época, quando a tecnologia começou a influenciar mais fortemente as unidades de informação. Ainda da década de 1990, Figueiredo (1994) descreve os estudos de usuários como canais de comunicação entre a biblioteca e a comunidade a qual ela serve. Ela define os estudos como investigações com objetivo de descobrir: o que os usuários precisam em matéria de informação ou se a unidade de informação está atendendo as necessidades dos usuários de forma adequada. Em 2014, Sueli Amaral (apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 36), propôs a seguinte definição para estudos de usuários: Um campo interdisciplinar do conhecimento que, no âmbito da Biblioteconomia e Ciência da Informação, a partir da aplicação de diferentes métodos e técnicas de pesquisa, possibilita a análise dos fenômenos sociais e humanos relacionados com os diversos aspectos e características da relação do usuário com a informaçãoem suas ações, comportamentos e práticas informativas. Você nota como essa definição está mais adequada ao nosso contexto? Veja que a autora fala de interdisciplinaridade, ou seja, o relacionamento de diversas áreas do conhecimento. Como já vimos, a Psicologia e a Sociologia, por exemplo, podem contribuir para os estudos. Além disso, a estatística colabora na análise dos dados dos estudos, e as áreas relacionadas à 59© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS gestão aparecem no planejamento e na gestão das unidades de informação. Essa definição engloba "todos os tipos de estudos das necessidades, desejos, demandas, expectativas, atitudes, comportamentos e demais práticas no uso da informação pelo usuário" (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 36). Cabe ressaltar uma característica dos estudos de usuários: sua interdisciplinaridade. Vimos na unidade anterior a importância das Ciências Sociais e da Psicologia para entender os processos de necessidade, busca e uso da informação. Já a Administração liga-se aos estudos no que tange a gestão, não só da informação e do conhecimento, mas também dos estudos de usuários e da própria unidade de informação, como veremos na Unidade 4. A Ética também está presente nos estudos, pois os valores éticos da profissão permeiam a prestação dos serviços de informação. Esses princípios pressupõem: a liberdade intelectual dos profissionais na defesa do acesso à informação, o reconhecimento da singularidade e privacidade do usuário da informação, e alto grau de profissionalismo com os usuários da informação (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). Além dessas áreas, os autores ainda reconhecem a ligação com: a Metodologia Científica, no que diz respeito aos métodos, coleta de dados e aplicação dos estudos de usuários; a Política, por meio da política nacional da Informação em Ciência e Tecnologia (ICT); a Matemática, por meio da teoria matemática da informação, conhecida também como teoria matemática da comunicação; a Linguística, que auxilia os usuários na expressão de suas necessidades de informação e que os profissionais da informação devem conhecer para compreender 60 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS essas necessidades. São citadas ainda a História da Ciência, a Informática, a Museologia, a Arquivologia, a Engenharia de Software, a Sociologia e até a Arquitetura. Entretanto, lembre que as áreas centrais do desenvolvimento dos estudos de usuários são a Biblioteconomia e Ciência da Informação (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). Antes de conhecer as orientações e tipologias dos estudos de usuários, vamos tratar um pouco da origem desses estudos. Histórico dos estudos de usuários Os estudos de usuários tiveram sua origem no exterior, sendo que os Estados Unidos e a Inglaterra aparecem com mais frequência nas publicações sobre o tema, que remonta a década de 1930. Nessa época, a biblioteca pública tinha como função elevar, educar e recrear seus usuários, havendo interesse em saber, por exemplo, como e o que as pessoas liam. Os antigos “levantamentos bibliotecários” (library surveys) foram substituídos pelos estudos de usuários em meados do século 20, inclusive no Brasil, quando passaram a utilizar técnicas das Ciências Sociais (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). Os levantamentos bibliográficos eram orientados ao uso de um sistema que revelava as tendências do comportamento do usuário no uso do serviço, mas não de suas necessidades específicas (FIGUEIREDO, 1990). Eram feitas estatísticas sobre empréstimos realizados, cópias fornecidas, questões respondidas, livros solicitados etc. As seguintes fases são mais relevantes (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015) na evolução histórica dos estudos de usuários: 61© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS 1) De 1948 a 1965: estudos concentrados no uso da informação, de caráter mais amplo, coleta de dados quantitativos. 2) A partir de 1965: uso de técnicas mais sofisticadas de observação indireta para estudar aspectos particulares do comportamento dos usuários, início dos métodos sociológicos. 3) Década de 1970: estudos sociológicos mais utilizados para compreender as necessidades dos usuários e perceber a necessidade de adaptar o sistema ao usuário. 4) Década de 1980: estudos voltados ao usuário; pesquisas sobre o uso do CD-ROM. 5) Década de 2000: estudos sobre o impacto do acesso aberto (Open Access), estudos sobre os periódicos e livros eletrônicos, pesquisas sobre a influência das redes sociais. 6) Década de 2010: estudo sobre o uso das redes sociais, crescimento das ferramentas da Web 2.0, uso crescente dos aparelhos móveis para acesso a informação e pesquisas sobre a usabilidade da internet. Nas fases apresentadas, assim como notamos nas definições, podemos observar que a evolução dos estudos de usuários passou do foco no sistema para o foco no usuário: Com o avanço dos estudos de uso e usuários percebeu-se que não somente os papéis profissionais, mas também os papéis sociais influenciavam na complexidade de busca e capacidade de utilizar os serviços oferecidos pelas bibliotecas, de maneira que novas abordagens eram necessárias para o desenvolvimento dos estudos. (ROLIM E CENDÓN, 2013, p. 2) 62 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS Ou seja, não é o usuário que deve adaptar-se ao sistema, e sim o sistema que deve adaptar-se ao usuário. Veremos que a tendência continua a mesma. Diante disso, devemos planejar e gerir as atividades e serviços de informação de acordo com as características e necessidades dos nossos usuários, só assim teremos sucesso na unidade de informação em questão e como profissionais da informação. Finalizamos este tópico com o Quadro 1, que divide os estudos de usuários em dois paradigmas, condensando, de forma didática, as características que vimos até aqui. Quadro 1 Mudanças na realização dos estudos de usuários. MUDANÇAS NA REALIZAÇÃO FOCO NO SISTEMA FOCO NO USUÁRIO Paradigma Acesso à informação dirigido pelo sistema da unidade prestadora de serviço Acesso à informação dirigido pelo usuário e suas necessidades Busca de informação Usuário passivo Usuário ativo Avaliação Predominantemente quantitativa do uso Predominantemente qualitativo do uso Em relação ao sistema de informação Funcionamento da unidade prestadora de serviços de informação Adequados aos interesses dos usuários Fonte: Amaral (2014 apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 49). O quadro traz dois diferentes paradigmas, que se diferenciam pelos focos do acesso: pelo sistema ou pelo usuário. A avaliação deixa de ser somente quantitativa e passa a ser também qualitativa, e o sistema de informação, com foco no usuário, passa a ser adequado aos seus interesses. No Quadro 1, vimos também os conceitos de usuário passivo, quando suas 63© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS necessidades não são consideradas nos estudos, e de usuário ativo, quando os estudos são adequados aos interesses dos usuários. As unidades de informação devem priorizar o usuário, tornando-o foco nos estudos, e atender suas características individuais porque: [...] com o desenvolvimento tecnológico, as unidades de informação passam por continuas mudanças em sua estrutura, funcionamento e gestão, que podem afastar ou dificultar o uso dos produtos e serviços de informação [...]. (MATTA, 2012 apud CUNHA; AMARAL, DANTAS, 2015, p. 42) Uma revisão dos estudos de usuários, não tão recente, levanta algumas descobertas sobre eles que ainda devem ser levadas em conta: • a facilidade de uso é mais importante do que o valor em potencial da informação – observando o princípio do menor esforço; • devem ser desenvolvidos meios para facilitar a comunicação informal ou o contato entre os usuários, principalmente no caso dos pesquisadores/cientistas, pois os canais informais são a ponte para os canais formais; • os usuários precisam de instrução (FIGUEIREDO, 1994). Esseúltimo quesito pode ser muito bem constatado na prática. No começo da atuação profissional, podemos ter a impressão de que os usuários conhecem os serviços e sabem como usar o sistema, mas isso nem sempre acontece na prática. Então, esse último quesito deve ser sempre levado em conta na sua atuação profissional, independentemente do tipo de unidade de informação. 64 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS Sintetizadas as informações mais importantes, seguimos para o próximo tópico, onde conheceremos os princípios e propósitos gerais ou objetivos dos estudos de usuários. As leituras indicadas no Tópico 3.1 tratam das características epistemológicas e históricas dos estudos de usuários, nosso principal tema da disciplina, apresentadas aqui de forma sintetizada. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado. 2.2. PRINCÍPIOS, PROPÓSITOS GERAIS OU OBJETIVOS DOS ES� TUDOS DE USUÁRIOS Agora que já sabemos do que se tratam os estudos de usuários e como evoluíram ao longo do tempo, vamos conhecer alguns princípios básicos, propostos por Cunha, Amaral e Dantas (2015, p. 39), no Manual de estudo de usuários da informação. Independente da tipologia dos estudos, que conheceremos no próximo tópico, os estudos de usuários implicam alguns princípios básicos, como: 1) As reações do usuário em relação à unidade de informação são a chave para a qualidade dos serviços. 2) Pense no usuário, mas também no não usuário. 3) A realização do estudo de usuários é um processo contínuo. 4) As técnicas de coleta devem permitir que as respostas dos usuários sejam apresentadas e descritas de várias maneiras ou formatos. 65© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS 5) É necessário identificar os interesses, determinar os relacionamentos causais do uso para satisfazer a demanda de informação, apesar das dificuldades que possam se apresentar. 6) É possível medir o impacto dos serviços de informação no processo educacional. 7) Um indicador de qualidade pode ser derivado de uma medida quantitativa. Segundo esses princípios básicos (e tendo em mente as conclusões observadas na revisão dos estudos de usuários) que devem ser considerados em todos os estudos de usuários, existem inúmeros motivos para desenvolvê-los e aplica-los. Gonçalves (2013, p. 42) tem as bibliotecas universitárias como foco de suas pesquisas. Ele cita algumas descobertas sobre estudos de usuários, feitas por Figueiredo em 1994, que ainda merecem ênfase por prevalecer até atualmente. São elas: 1) O uso da biblioteca não é associado ao desempenho dos alunos. 2) O uso da biblioteca pelo corpo discente depende fundamentalmente do estímulo do corpo docente. 3) Os professores pouco frequentam a biblioteca. 4) É necessário divulgar os serviços e produtos da biblioteca ao corpo docente. 5) Os usuários potenciais precisam conhecer a coleção e os serviços oferecidos pela biblioteca. Essas informações podem ser consideradas princípios, pois são tão importantes de ser levadas em conta como os princípios apresentados anteriormente. Ainda devemos considerar o princípio do menor esforço, apresentado nas caraterísticas 66 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS dos usuários, e o de resistência à mudança, que sugere que os usuários devem ser motivados. Agora, vamos conhecer os motivos que levam à realização dos estudos de usuários, tendo sempre em mente que eles são importantes instrumentos de planejamento e gestão. Os estudos de usuários geralmente nascem da necessidade de conhecer a avaliação do usuário em relação ao acervo e aos serviços, para aperfeiçoar os serviços oferecidos ou criar novos (VIEIRA, 2014). O acompanhamento, na forma de avaliação, abre novos horizontes aos profissionais da informação, que devem utilizar os estudos buscando eficácia e eficiência da unidade de informação. Existem muitos motivos para realizar um estudo de usuário, devido à diversidade de usuários, unidades de informação, produtos e serviços. São alguns deles: identificar os hábitos dos usuários, conhecer seus níveis de satisfação, entender seu comportamento e avaliar os produtos e serviços, identificando seu impacto. Veremos a seguir os principais motivos (também chamados objetivos ou propósitos gerais) para aplicar os estudos de usuários, divididos em quatro categorias (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). 1) Identificar as necessidades de informação para toma- da de decisão e para avaliação do sistema. a) Determinar se a unidade de informação está cumprindo seu propósito. b) Estabelecer prioridades entre programas de serviços. c) Melhorar sistemas, serviços e instalações. d) Justificar a existência de um serviço de informação. e) Resolver problemas específicos e superar deficiências. 67© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS f) Apoiar demandas orçamentárias. g) Atualizar as metas. h) Solicitar sugestões. 2) Identificar as características gerais dos usuários. a) Determinar os interesses do usuário, seu estilo de vida, opiniões, atividades, atitudes, características psicológicas e demográficas. b) Identificar novas tendências e necessidades. c) Identificar fontes de informação usadas pelos usuários dentro e fora da biblioteca e dos sistemas de informação. 3) Analisar a interação do usuário com o sistema. a) Determinar o nível de satisfação do usuário e suas atitudes na interação com o sistema e com a unidade de informação. b) Identificar os êxitos e fracassos dos usuários. c) Melhorar as relações públicas e auxiliar na formação do usuário. d) Determinar padrões e níveis de uso. e) Facilitar a compreensão da transferência de informação. f) Melhorar a interface de relação entre o usuário e a informação. g) Determinar as prioridades dos usuários. h) Identificar populações de usuários, usuários potenciais e não usuários. 68 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS 4) Apoiar os estudos científicos e os estudos comparativos. a) Provar hipóteses ou conduzir estudos comparativos com objetivo de considerar variáveis causais. Vimos os propósitos de forma ilustrativa, para melhor entendimento e facilidade de estudo. Esperamos que você tenha compreendido o conteúdo das categorias. Vejamos, agora, uma síntese do que podem ser objetivos dos estudos de usuários, com base no levantamento de Gonçalves (2013), que analisou diversos estudos realizados no Brasil desde 1973: 1) Apontar o uso de informação, em biblioteca universitária, por parte dos docentes, levando em consideração as variáveis de tempo, objetivo, fonte de obtenção e frequência. 2) Identificar hábitos de frequência à biblioteca universitária. 3) Estudar as expectativas e necessidades de docentes e discentes, atentando aos fatores de relacionamento entre usuário e biblioteca. 4) Tratar dos canais de informação científica, com ênfase aos colégios invisíveis e redes de comunicação técnicas. 5) Identificar a importância de incluir programas de treinamento dos usuários e de dedicar tempo para promover o uso das bibliotecas. 6) Levantar indicações de títulos de periódicos; nesse estudo, ainda se pode analisar o conhecimento dos usuários sobre o acervo. 7) Levantar dados sobre satisfação com o ambiente, conhecimento e utilização dos serviços pelos usuários. 69© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS 8) Avaliar a qualidade dos serviços prestados pela biblioteca e quais os meios mais utilizados para se recuperar a informação. 9) Avaliar o grau de satisfação dos usuários sobre o sistema e o conhecimento dos serviços oferecidos. 10) Mapear as necessidades dos usuários a partir do uso do sistema, por meio de análise de conteúdo. 11) Identificar como os docentes buscam e usam a informação para dar suporte às suas atividades acadêmicas. Cada um desses tópicos refere-se a um estudo de usuário ocorrido na prática. A partir desses estudos, foram resumidos esses objetivos/resultados.No próximo tópico, conheceremos a orientação e as tipologias de estudos de usuários. As leituras indicadas no Tópico 3.2 apresentam diferentes facetas dos princípios e propósitos dos estudos de usuários, importantes para consolidação dos conteúdos. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado. 2.3. ORIENTAÇÃO E TIPOLOGIAS DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Além dos princípios gerais, que devem ser observados em qualquer tipo de estudo de usuários, e seus diferentes objetivos, os estudos também podem ser classificados de acordo com a orientação. Podemos identificar na literatura (FIGUEIREDO, 1994; 70 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS CHOO, 2003; DIAS; PIRES, 2004; CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015) duas principais categorias de orientação, apresentadas a seguir: • Estudos orientados ao usuário ou orientados ao sistema, em que a unidade de informação pode ser considerada como sistema de informação. • Estudos orientados para tarefas ou não orientados para tarefas, também conhecidos como integrativos. Nos estudos orientados ao sistema, o objetivo é analisar o fluxo da informação e desenvolver melhorias e serviços para simplificar o acesso à informação. Ou seja, a informação é vista como entidade externa, e é analisado o que acontece no ambiente externo, com relação à prática e aos instrumentos. No Brasil, a maior parte dos estudos de usuários ainda é desenvolvida sob essa perspectiva. Nos estudos orientados ao usuário, o valor da informação está em como o usuário relaciona-se com ela, como ela lhe tem significado. Nessa orientação são consideradas as preferências e necessidades cognitivas e psicológicas do indivíduo, e como elas afetam a busca pela informação. Esses estudos têm caráter mais qualitativo e buscam identificar como o usuário obtém a informação, por exemplo, por meio de observação do usuário como ser humano ativo, focando-se nos aspectos cognitivos, analisando sistematicamente sua individualidade. Outras nomenclaturas são identificadas na literatura: abordagem tradicional, orientada ao sistema, e abordagem alternativa, orientada ao usuário. A abordagem alternativa, ou estudos sobre o comportamento dos usuários caracteriza-se por observar o usuário holisticamente, analisar sistematicamente sua individualidade e empregar mais técnicas qualitativas. 71© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS Também reafirmam seu cunho cognitivo, caracterizado por métodos de pesquisa das Ciências Sociais, como observação, entrevistas, questionário, diários, levantamento de opiniões, surveys, análise e solução de tarefas, técnica do incidente crítico, método Delphi e grupo focal (DIAS; PIRES, 2004; ROLIM; CENDÓN, 2013). Quanto à finalidade, os estudos de usuários podem ser dirigidos para tarefas ou não dirigidos para tarefas, chamados de integrativos. Os estudos orientados para tarefas concentram-se em determinados comportamentos ou atividades do processo de busca do usuário. O objetivo geralmente é identificar as fontes de informação usadas por grupos específicos de pessoas, ou examinar como a informação é partilhada em determinado ambiente. Nesse tipo de estudo é possível determinar, por exemplo, as preferências e padrões de uso da informação. Os estudos não orientados para tarefas ou integrativos, consideram, não somente uma atividade (a atividade de busca, por exemplo), mas todo o processo de busca e uso da informação, com o objetivo de entender o contexto ou situação que leva à necessidade de informação. Neste tipo de estudo a informação é vista como um processo dinâmico que se constrói por meio dos comportamentos, ações e necessidades do usuário. Para entender melhor as orientações dos estudos de usuários, o Quadro 2 cruza as orientações ao usuário e sistema com as orientações para tarefas e não orientados para tarefas, e dá exemplos de questões de pesquisas em cada caso do cruzamento. 72 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS Quadro 2 Questões de pesquisa sobre o comportamento dos indivíduos. Orientação dos estudos Orientado ao usuário Orientado ao sistema Orientado para tarefas Como os advogados entendem (make sense) suas tarefas e ambiente? Que tipo de documentos os engenheiros necessitam para o seu trabalho e como o centro de informações corporativas pode supri-los? Como os gerentes obtêm informações relacionadas ao trabalho fora dos canais formais da organização? Quão satisfeitos e bem- sucedidos são as buscas dos estudantes no catálogo da biblioteca universitária hospedado na web? O que acontece quando um eleitor tem informação demais sobre um candidato ou questão? Com que intensidade os médicos usam as bases de dados médicas? Não orientado para tarefas Como os idosos aprendem e lidam com os problemas e oportunidades que surgem no seu cotidiano? Como as pessoas usam as bibliotecas para seu prazer e crescimento pessoal: o que elas pedem, emprestam e leem? Por que os telespectadores escolhem um programa em vez de outro e qual a satisfação que alcançam fazendo isso? Como persuadir os adolescentes a agirem de maneira saudável e responsável? Em que mensagens sobre abuso de drogas eles prestam atenção, em que meio e por quê? O que as pessoas buscam nas lojas quando não têm nenhuma necessidade explícita ou intenção de comprar? Por que as pessoas ignoram os avisos de segurança das embalagens e dos anúncios? Fonte: Case (2007 apud CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015, p. 45). 73© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS Você conseguiu entender melhor as orientações com esses exemplos? Aposto que sim. Vejamos agora as tipologias dos estudos de usuários. Tipologias dos estudos de usuários Agora que já estudamos os princípios, objetivos e orientações dos estudos de usuários, veremos que os estudos também podem ser divididos em diferentes tipologias, de acordo com critérios específicos. A seguir, vamos conhecer alguns deles, encontrados na literatura da temática (FIGUEIREDO, 1994; CHOO, 2003; DIAS; PIRES, 2004; CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015): 1) Estudos quantitativos ou qualitativos, de acordo com a natureza dos dados coletados. 2) Estudos básicos ou aplicados, de acordo com o objeti- vo para que são desenvolvidos. 3) Estudos gerais ou específicos, de acordo com o assun- to abordado. 4) Estudos internacionais, nacionais, estaduais, munici- pais ou de comunidade local, de acordo com a abran- gência geográfica. 5) Estudos descritivos ou prescritivos. Quanto à natureza dos dados utilizados, os estudos podem ser de abordagem quantitativa ou qualitativa, independentemente do método científico usado, seja pesquisa exploratória, descritiva ou experimental, as quais conheceremos na próxima unidade. Os estudos quantitativos são criticados devido ao foco atual nos fatores cognitivos e emocionais dos usuários, ou seja, do paradigma cognitivo. Contudo, ainda são os mais comumente 74 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS usados nas práticas profissionais das unidades de informação. Eles possibilitam levantar frequências de uso do acervo, físico ou digital, como quantidades de acesso, e também características sobre facilidade na sua utilização. Já os estudos qualitativos inserem-se no paradigma cognitivo, que tem como objetivo desenvolver estratégias para satisfazer as necessidades de informação dos usuários. Na Unidade 3, conheceremos os modelos teóricos para o desenvolvimento dos estudos de usuários, também conhecidos como abordagens dos estudos, que surgiram a partir de 1980, com essa perspectiva no usuário ou paradigma cognitivo. Os estudos descritivos ou prescritivos merecem um destaque neste momento. Os estudos descritivos são os frequentemente mais realizados nas bibliotecas, como se tem observado tanto na literatura como na prática. No vídeo complementar da Unidade 3, apresentaremos um estudo descritivo. Em termos gerais,esse tipo de estudo busca fazer um levantamento das possíveis falhas ou demandas. Ele pode ser desenvolvido periodicamente, sendo uma vez por ano, por exemplo, geralmente feito para acompanhar a percepção dos usuários a respeito dos produtos e serviços em geral, sem um objetivo específico. Já os estudos prescritivos são aplicados com um foco mais direcionado a determinada situação, buscando maneiras de melhorar o sistema ou os serviços de informação, assim tem maiores chances de gerar satisfação do usuário. Eles podem ser reativos, quando são desenvolvidos a partir de reclamações dos usuários, ou proativos, quando antecipam alguma possível falha ou sugerem melhorias de sistemas ou serviços de informação. 75© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS Os estudos estão em constante evolução e outras tipologias de estudos podem e devem ser desenvolvidas, devido ao avanço das TICs. Essa necessidade vem desde a década de 1990, como podemos ver no estudo de Ferreira (1995, s.p.): O que ocorre é que em uma sociedade tão rica e com necessidades tão diversificadas de informação como a atual, estudos de usuários exclusivamente com os enfoques aqui delineados já não se mostram suficientes. E assim chegamos ao final de mais uma unidade de estudo. Veja agora o Conteúdo Digital Integrador. As leituras indicadas nesse tópico ampliarão seu conhecimento sobre o assunto. Da mesma forma, o Vídeo Complementar trará uma discussão acerca dos conceitos de big data, cloud computing e web semântica, entre outros, e da importância do usuário, em meio às evoluções da tecnologia, como base de todos os nossos produtos e serviços de informação, desde a indexação até a capacitação. Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Biblioteconomia), a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos. • Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão “Vídeos” e selecione: Biblioteconomia – Vídeos Complementares – Complementar 2. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– As leituras indicadas no Tópico 3.3 trazem mais elementos sobre os tipos de estudos de usuário, sendo importantes para expandir seu conhecimento nesta temática. Neste momento, realize essas leituras para aprofundar o tema abordado. 76 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade. 3.4. DEFINIÇÃO, CARACTERÍSTICAS E HISTÓRICO DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS Para aprofundar os conhecimentos das questões mais epistemológicas e sobre a origem dos estudos dos usuários, leia atenciosamente os artigos indicados a seguir. Esses artigos em formato digital, de referenciadas revistas da área, têm se tornado a principal fonte de informação da maioria das áreas do conhecimento, por possibilitar, além de fácil acesso, informações atualizadas sobre as temáticas. • ARAÚJO, C. A. A. Abordagem interacionista de estudos de usuários da informação. PontodeAcesso, v. 4, n. 2, p. 2-32, set. 2010. Disponível em: <https://portalseer. ufba.br/index.php/revistaici/article/view/3856/3403>. Acesso em: 26 nov. 2017. • ARAÚJO, C. A. A. Estudos de usuários conforme o paradigma social da Ciência da Informação: desafios teóricos e práticos de pesquisa. Informação & Informação, v. 15, n. 2, p. 23-39, jul./dez. 2010. Disponível em: <http:// www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/ article/view/6485/6995>. Acesso em: 26 nov. 2017. • RODRIGUES, V. L.; CARDOSO, A. M. P. O campo de estudos de usuários na ciência da informação brasileira: uma revisão sistemática da literatura. Em Questão, v. 23, n. 2, maio/ago. 2017. Disponível em: <http://seer.ufrgs. 77© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS br/index.php/EmQuestao/article/view/67205/40682>. Acesso em: 26 nov. 2017. 3.5. PRINCÍPIOS, PROPÓSITOS GERAIS OU OBJETIVOS DOS ES� TUDOS DE USUÁRIOS Podem ser encontrados outros princípios e objetivos para os estudos de usuários. Além da bibliografia da disciplina, as leituras dos artigos indicados a seguir trarão uma visão mais completa e atual do tema. • ARAÚJO, C. A. A. Estudos de usuários da informação: comparação entre estudos de uso, de comportamento e de práticas a partir de uma pesquisa empírica. Informação em Pauta, v. 1, n. 1, 2016. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/23227>. Acesso em: 26 nov. 2017. • BARROS, D. S. Estudo de usuários no Arquivo Público do Estado do Maranhão (APEM): analisando as estratégias metacognitivas no processo de busca de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 16, n. 4, p. 228-242, 2011. Disponível em: <http://www.brapci. ufpr.br/brapci/v/a/11582>. Acesso em: 26 nov. 2017. • SANTOS, A. P.; CALDAS, F. C. Comportamento informacional e avaliação de serviços bibliotecários. Informação & Sociedade: Estudos, v. 26, n. 1, 2016. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/ v/a/20790>. Acesso em: 26 nov. 2017. 78 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS 3.6. ORIENTAÇÃO E TIPOLOGIAS DOS ESTUDOS DE USUÁRIOS No decorrer do estudo desta unidade, conhecemos a definição, histórico, princípios, objetivos, orientações e tipologias dos estudos de usuários. A seguir, indicamos alguns textos para acrescentar ao seu conhecimento novos elementos sobre o tema. • ARAÚJO, C. A. A. Imaginação e sociabilidade: novos conceitos para o estudo de usuários da informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 16. Anais... João Pessoa: UFPB, 2015. Disponível em: <http://www.ufpb.br/evento/ lti/ocs/index.php/enancib2015/enancib2015/paper/ viewFile/2981/1045. Acesso em: 26 nov. 2017. • BARBOSA, J. S. et al. Avaliação comparativa do software Pergamum entre usuários de uma biblioteca pública e de uma biblioteca universitária. Revista Digital de Biblioteconomia & Ciência da Informação, v. 10, n. 1, 2012. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/ brapci/v/a/12589>. Acesso em: 26 nov. 2017. • RUBIM, R. S. S. Resenha CUNHA, M. B.; AMARAL, S. A. A; DANTAS, E. B. Manual de estudo de usuários da informação. São Paulo: Atlas, 2015. 448 p. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 12, n. 1, 2016. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/ brapci/v/a/20846>. Acesso em: 26 nov. 2017. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em 79© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) Qual foi a principal mudança nos estudos de usuários desde sua origem até os dias atuais? a) Os estudos deixaram de focar os comportamentos dos usuários e passaram a focar somente as tecnologias, devido ao rápido avanço destas. b) Os estudos eram qualitativos e com apoio de outras áreas e passaram a ser concentrados na Biblioteconomia e com métodos quantitativos. c) Os estudos deixaram de ter como foco o sistema de informação e passaram a se focar nos usuários e em suas necessidades. d) As mudanças não foram significativas, ainda são desenvolvidos estudos com o mesmo foco dos “levantamentos bibliotecários”. 2) A definição de estudos de usuários mais atual, e que engloba os elemen- tos presentes na área e na sociedade da informação em geral, contém as seguintes características: a) Estudos quantitativos, com objetivo de quantificar o uso dos sistemas de informação periodicamente. b) Estudos sobre as fontes que comunicam mensagens por meio de canais aos receptores da informação.c) Métodos que convergem para o que é pesquisado ou estudado pelos usuários. d) Interdisciplinaridade, diferentes técnicas e métodos de pesquisa, análises dos fenômenos sociais e humanos e características da relação do usuário com a informação. 3) De forma sintetizada, quais são os propósitos gerais dos estudos de usuá- rios, identificados na literatura em quatro categorias: a) Estudar a aceitação das microformas, o uso feito dos documentos, as maneiras de acesso aos documentos e determinar as demoras toleráveis. b) Analisar as características físicas e psicológicas dos usuários, analisar o layout da unidade de informação, avaliar a conservação do acervo físico e avaliar o serviço dos funcionários da unidade de informação. c) Identificar as necessidades de informação dos usuários para tomada de decisão e avaliação do sistema ou serviço, analisar a interação do 80 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS usuário com o sistema, identificar características gerais dos usuários e apoiar os estudos científicos e os estudos comparativos. d) Entender a biblioteca como unidade prestadora de serviços de informação, desconsiderar os comportamentos de busca, educar o usuários no uso do sistema e treinar os funcionários para melhores atendimentos ao usuários. 4) Indique a alternativa que descreve corretamente os estudos integrativos ou não orientados a tarefas: a) Concentram-se em determinada atividade ou processo de busca do usuário. b) Identificam as fontes de informação usadas pelo usuário. c) Tem abrangência geográfica nacional. d) Consideram todo o processo de busca e uso da informação, com obje- tivo de entender todo o contexto. 5) Os estudos de usuários podem ser descritivos ou prescritivos. As princi- pais características dos estudos prescritivos são: a) Buscam formas de melhorar o sistema ou serviços de informação e podem ser reativos, a partir de reclamações de usuários, ou proativos, antecipando possíveis falhas. b) Buscam fazer um levantamento de falhas, a termos de acompanhamento. c) Tratam-se de estudos somente de âmbito estadual. d) Acompanham a dinâmica da sociedade, não tendo objetivo especifico. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas: 1) c. 2) d. 3) c. 4) d. 5) a. 81© ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS 5. CONSIDERAÇÕES Até aqui, conhecemos os processos de necessidade, busca e uso da informação, seguidos das características e tipos de usuários, e a importância deles para desenvolver os estudos de usuários. Com esses conhecimentos, entendemos os princípios, objetivos e orientações dos estudos de usuários, que também podem ser divididos em diferentes tipologias, de acordo com critérios específicos. Na próxima unidade, estudaremos os modelos teóricos, o planejamento e a aplicação dos estudos de usuários, os tipos de pesquisa científica utilizados, os tipos de variáveis, os conceitos de amostra e as técnicas mais usadas para coleta de dados. 6. E-REFERÊNCIAS FERREIRA, S. A. A. Novos paradigmas e novos usuários de informação. Ciência da Informação, v. 25, n. 2, 1995. Disponível em: <http://bogliolo.eci.ufmg.br/downloads/ FERREIRA%20Novos%20paradigmas.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2017. FIGUEIREDO, N. M. Estudo de uso e usuários da informação. Brasília: Ibict, 1994. Disponível em: <http://livroaberto.ibict.br/handle/1/452>. Acesso em: 26 nov. 2017. MUELLER, S. P. M.; PECEGUEIRO, C. M. P. A. O periódico Ciência da Informação na década de 90: um retrato da área refletido em seus artigos. Ciência da Informação, v. 30, n. 2, p. 47-63, maio/ago. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/ v30n2/6211.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2017. ROLIM, E. A.; CENDÓN, B. V. Modelos teóricos de estudos de usuários na ciência da informação. DataGramaZero: Revista de Informação, v. 14, n. 2, abr. 2013. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/index.php/article/download/50794>. Acesso em: 26 nov. 2017. 82 © ESTUDOS DE USUÁRIOS UNIDADE 2 – ESTUDOS DE USUÁRIOS 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHOO, C. W. Como ficamos sabendo: um modelo de uso da informação. In: A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Senac São Paulo, 2003. p. 63-120. CUNHA, M. B.; AMARAL, S. A.; DANTAS, E. B. Manual de estudo de usuários da informação. São Paulo: Atlas, 2015. DIAS, M. M. K.; PIRES, D. Usos e usuários da informação. São Carlos: Edufscar, 2004. FIGUEIREDO, N. M. Metodologias para promoção do uso da informação: técnicas aplicadas particularmente em bibliotecas universitárias e especializadas. São Paulo: Nobel, Associação Paulista de Bibliotecários, 1990. GONÇALVES, A. L. F. Gestão da informação na perspectiva do usuário: subsídios para uma política em bibliotecas universitárias. Rio de Janeiro: Intertexto, 2013. VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 2014.