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1. Definir as fases do desenvolvimento neuropsicomotor e os marcos do desenvolvimento (Piaget) Fonte: O Desenvolvimento da Criança: do nascimento à Adolescência, Gabriela Martorell, 1 ed, 2014 Estágios do desenvolvimento segundo Freud, Erikson e Piaget Freud – Estágios psicossexuais Oral: (do nascimento aos 12-18 meses) A principal fonte de prazer do bebê envolve atividades orientadas à boca (sugar e comer) Anal: (de 12-18 meses a 3 anos) A criança deriva gratificação sensual da retenção e expulsão de fezes. A zona de gratificação é a região anal, e o treinamento higiênico é uma atividade importante. Fálico: (de 3 a 6 anos) A criança se apega ao genitor do sexo oposto e posteriormente se identifica com o genitor do mesmo sexo. Desenvolve-se o superego. A zona de gratificação muda para a região genital. Latência: (dos 6 anos à puberdade) Época de relativa calma entre estados mais turbulentos. Genital: (da puberdade à idade adulta) Ressurgimento dos impulsos sexuais da fase fálica, canalizada para a sexualidade adulta madura. Erikson - Estágios psicossociais Confiança versus desconfiança básica (do nascimento aos 12-18 meses). O bebê desenvolve senso de se o mundo é um lugar bom e seguro. Virtude: esperança. Autonomia versus vergonha e dúvida (de 12-18 meses a 3 anos). A criança desenvolve um equilíbrio de independência e autossuficiência versus vergonha e dúvida. Virtude: vontade. Iniciativa versus culpa (de 3 a 6 anos). A criança desenvolve iniciativa quando experimenta novas atividades e não é esmagada pela culpa. Virtude: propósito Produtividade versus inferioridade (dos 6 anos à puberdade). A criança deve aprender as habilidades da cultura ou enfrentar sentimentos de incompetência. Virtude: habilidade. Identidade versus confusão de identidade (da puberdade ao início da idade adula). O adolescente deve determinar o senso de identidade própria (“Quem sou eu?”) ou experimentar confusão sobre papéis. Virtude: fidelidade. Intimidade versus isolamento (início da idade adulta). A pessoa procura se comprometer com outros; se malsucedida, pode sofrer isolamento e tornar-se autocentrada. Virtude: amor Geratividade versus estagnação (idade adulta). O adulto maduro preocupa-se em estabelecer e orientar a próxima geração ou, então, sentir empobrecimento pessoal. Virtude: cuidado. Integridade versus desespero (terceira idade). Idoso alcança aceitação de sua vida, o que permite a aceitação da morte ou, então, desespera-se sobre sua impossibilidade de reviver a vida. Virtude: sabedoria. Piaget - Estágios cognitivos Sensório-motor (do nascimento aos 2 anos). O bebê gradualmente se torna capaz de organizar atividades em relação ao ambiente mediante atividade sensória e motora. Pré-operacional (de 2 a 7 anos). A criança desenvolve um sistema representacional e usa símbolos para representar pessoas, lugares e eventos. Linguagem e brincar imaginativo são manifestações importantes desse estágio. O pensamento não é lógico. Operações concretas (de 7 a 11 anos). A criança pode resolver problemas de maneira lógica, caso eles estejam centrados na situação imediata, mas não é capaz de pensar de forma abstrata. Operações formais (dos 11 anos à idade adulta). A pessoa pode pensar de maneira abstrata, lidar com situações hipotéticas e pensar sobre possibilidades. Teoria dos estágios cognitivos de Jean Piaget Piaget sugeriu que quando o desenvolvimento cognitivo começa, ele inicialmente se baseia em atividades motoras, tais como os reflexos. Ao buscar um mamilo, sentir a superfície ou explorar os limites de um cômodo, as crianças pequenas primeiro aprendem a controlar e refinar seus movimentos e, então, a explorar o mundo com seus corpos. Desse modo, elas desenvolvem uma compreensão mais precisa de seu ambiente e mais competência para lidar com ele. Esse crescimento cognitivo ocorre mediante três processos interligados: Organização: Segundo Piaget, as pessoas criam estruturas cognitivas cada vez mais complexas chamadas de esquemas ou modos de organizar informações sobre o mundo → criar categorias. Esses esquemas podem ser de natureza mental ou motora. Um bebê recém-nascido tem um esquema simples para sugar, mas em breve desenvolve variados esquemas de como sugar no seio, na mamadeira ou o polegar. O bebê pode ter que abrir mais a boca, virar a cabeça para o lado ou sugar com intensidade variável. Adaptação: como as crianças lidam com novas informações à luz do que já sabem? A adaptação ocorre mediante dois processos complementares: (1) assimilação, captar nova informação e incorpora-la às estruturas cognitivas já existentes, e (2) acomodação, adequar as estruturas cognitivas para que se ajustem à nova informação. Equilibração: um constante esforço por um equilíbrio estável – motiva a conversão da assimilação para a acomodação. Uma criança sabe o que são pássaros e vê um avião pela primeira vez. A criança rotula o avião de “pássaro” (assimilação). Com o tempo, a criança nota a diferença entre aviões e pássaros, o que a deixa ligeiramente inquieta (desequilíbrio) e a motiva a mudar seu entendimento (acomodação) e dar um novo rótulo para o avião. Ela, então, está em equilíbrio. Ao longo da vida, a busca de equilíbrio é a força impulsora por trás do crescimento cognitivo DESENVOLVIMENTO COGNITIVO de 0 a 3 anos I. ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR Do nascimento até aproximadamente 2 anos, os bebês aprendem sobre si mesmos e seu mundo por meio de sua atividade sensorial e motora à medida que mudam de seres que respondem principalmente por reflexos e comportamentos aleatórios para caminhantes orientados a metas. Grande parte desse crescimento cognitivo se dá por meio de reações circulares em que uma criança aprende a reproduzir eventos agradáveis ou interessantes originalmente descobertos por acaso. O comportamento casual original com o tempo se consolida em um novo esquema de comportamento a. Subestágios Uso de Reflexos - Nascimento a 1 mês – RN – Lactante Os bebês exercitam seus reflexos inatos e adquirem algum controle sobre eles. Eles não coordenam informações de seus sentidos. Não pegam um objeto que estão olhando. Começa a sugar quando a mama de sua mãe está em sua boca, no entanto podem praticar sucção mesmo quando não estão comendo → importante para o reflexo de ejeção do leite. Reflexo de mergulho: um bebê em uma piscina, ele trancaria a respiração, desviaria alguma água ingerida para o estômago e apresentaria movimentos de braços e pernas coordenados e fortes o suficiente para propulsão por alguns metros na água. Embora seja um dos comportamentos mais enigmáticos com os quais os bebês vêm dotados, ele ocorre em todos os bebês neurologicamente normais e com a traqueia mais elevada, eles podem abrir a boca o tanto que quiserem. A água não entra nos pulmões, vai direto para o estômago. Pernas em movimento: são os pequenos chutes que levam para frente. Puro instinto. Vindo talvez de um passado recente, da vida dentro do útero, ou quem sabe de um passado muito distante, um reflexo evolutivo. → reflexo de pressão: agarrar fortemente qualquer objeto colocado em sua palma (de modo presumível este é um remanescente de nosso passado ancestral quando nos agarrávamos à pele de nossas mães primatas enquanto elas bracejavam entre as árvores.) Marco*: RN e lactente: virar a cabeça ao nascer * grosseiro: dependente da interação das vias motoras centrais e periféricas, assim como órgãos dos sentidos especiais e vias de equilíbrio Reações circulares primárias - 1 a 4 meses Os bebês repetem comportamentos agradáveis que primeiramente ocorrem por acaso (p. ex., sugar o polegar). As atividades focam o corpo do bebê mais do que os efeitos do comportamento no ambiente. Os bebêsfazem primeiras adaptações adquiridas, ou seja, eles sugam objetos diferentes de maneira diferente. Eles começam a coordenar informações sensórias e agarram objetos. Quando uma criança que geralmente é amamentado ao seio, recebe uma garrafa é capaz de ajustar sua sucção ao bico de borracha. Marco: 3 meses levanta cabeça em decúbito ventral Reações circulares secundárias - 4 a 8 meses Os bebês tornam-se mais interessados no ambiente; eles repetem ações que produzem resultados interessantes (p. ex., como sacudir um chocalho) e prolongam experiências interessantes. As ações são intencionais, mas inicialmente não dirigidas a metas. Empurrar pedaços de cereais secos sobre a borda da bandeja de sua cadeirinha um por um e observa cada pedaço cair no chão. Marco: 4-6 meses controle total da cabeça 5 meses rola de decúbito 6 meses senta-se com apoio (curvaturas da coluna) Coordenação de esquemas secundários - 8 a 12 meses O comportamento é mais deliberado e propositado (intencional) à medida que os bebês coordenam esquemas anteriormente aprendidos (p. ex., olhar e pegar um chocalho) e usam comportamentos anteriormente aprendidos para atingir seus objetivos (p. ex., engatinhar pela sala para pegar um brinquedo que querem). Eles podem antecipar eventos. Marco: 8 meses senta-se sem apoio 9 meses engatinha e em pé com apoio; 11 meses anda com apoio Reações circulares terciárias - 12 a 18 meses Nessa idade, as crianças demonstram curiosidade e experimentação; elas intencionalmente variam suas ações para ver os resultados (p. ex., sacudindo chocalhos diferentes para ouvir seus sons). Exploram de forma ativa seu mundo para determinar o que é novo em um objeto, um evento ou uma situação. Elas experimentam novas atividades e usam tentativa e erro na resolução de problemas. Marco: 12-14 meses anda sem apoio; 15 meses caminha sem auxílio; 18 meses corre; 24 meses corre e desce escadas sem auxílio; 36 meses pedala triciclos Combinações mentais - 18 a 24 meses - Lactante Uma vez que crianças pequenas são capazes de representar objetos mentalmente, não estão mais limitadas à tentativa e erro para resolver problemas. O pensamento simbólico permite que as crianças comecem a pensar sobre os fatos e antecipar suas consequências sem sempre recorrer à ação. Começam a demonstrar insight (discernimento). Elas podem usar símbolos, tais como gestos e palavras, e são capazes de fingir. Brincar com sua caixa de formas, procurando cuidadosamente o orifício certo para cada forma antes de tentar – e consegue. Desenvolvimento da Linguagem (primeira infância) Começa desde a vida uterina, uma vez que, estudos evidenciam que no útero os bebês já têm certa capacidade de audição e, portanto, ouvem as vozes “abafadas” das mães. Teoria da participação guiada de Skinner (1957): Inicialmente, os bebês emitem sons de forma aleatória. Por acaso, alguns desses sons podem se aproximar da linguagem (p. ex., “da”), e os pais, em geral, reforçam essas vocalizações com sorrisos, atenção e elogios. De modo gradual, por reforçarem seletivamente aproximações cada vez mais estreitas à fala adulta (p. ex., “dada”), os pais moldam as capacidades de linguagem emergentes da criança. Além disso, à medida que se desenvolvem, também começam a imitar palavras, o que os pais também reforçam. Com o tempo, esses processos resultam no surgimento da fala. Teoria do inatismo de Chomsky (1957, 1972, 1995): O cérebro humano tem uma capacidade inata para a aquisição da linguagem; os bebês aprendem a falar com a mesma naturalidade com que aprendem a caminhar. Os inatistas assinalam que quase todas as crianças dominam seu idioma nativo na mesma sequência relacionada à idade. A maioria dos cientistas do desenvolvimento atualmente acredita que a aquisição da linguagem, como a maioria dos outros aspectos do desenvolvimento, depende de uma mescla de natureza e educação. As crianças têm uma capacidade inata de adquirir a linguagem, a qual pode ser ativada ou limitada pela experiência. Vocalizações iniciais Chorar é o primeiro meio de comunicação de um recém-nascido e tem grande valor adaptativo. Diferentes entonações, padrões e intensidades sinalizam fome, sonolência ou raiva. Entre 6 semanas e 3 meses, os bebês começam a arrulhar quando estão contentes – gritos, gorgolejos e emissão de sons de vogais, como “ah”. O tronco cerebral e a ponte, as partes mais primitivas do encéfalo e as primeiras a se desenvolverem, controlam o choro de um neonato. Em torno de 3 a 6 meses, começam a brincar com os sons da fala, combinando os sons que ouvem das pessoas a sua volta. Entre 6 e 10 meses, começam a balbuciar – repetir sequências de consoantes e vogais, tais como “ma-ma- ma-ma”. O balbucio não é linguagem real porque não tem um significado para o bebê, mas adquire mais semelhança com as palavras no decorrer do tempo. O balbucio repetitivo pode surgir com a maturação de partes do córtex motor, que controla os movimentos da face e da laringe. Um estudo de imagens cerebrais aponta para um vínculo entre a percepção fonética do cérebro e os sistemas motores já aos 6 meses Em torno de 9 a 10 meses, os bebês deliberadamente imitam sons sem compreendê-los. Depois que têm um repertório de sons, eles os sequenciam em padrões que se assemelham com linguagem, mas que parecem não ter significado. Depois que se familiarizam com os sons de palavras e frases, começam a atribuir significados a eles. Processo de evolução e adaptação ao idioma escutado. A capacidade de plasticidade do cérebro do lactante permite que com o tempo, a partir dos 6 meses para vogais e dos 10 meses para consoantes, os bebês perdem sua sensibilidade para sons que não fazem parte do(s) idioma(s) que eles geralmente ouvem. Isso pode ajudar o rápido aprendizado da linguagem. A experiência precoce modifica a estrutura neural do cérebro, auxiliando com a detecção de padrões de palavras no idioma nativo e suprimindo a atenção a padrões não nativos que retardariam o aprendizado do idioma nativo. A causa mais comum de atraso de linguagem é um problema auditivo Muito antes de poderem ligar sons a significados, os bebês aprendem a reconhecer padrões sonoros que ouvem com frequência, tais como seu nome. Bebês de 5 meses ouvem seu nome por mais tempo do que outros nomes (Newman, 2005). Já os de 6 meses olham por mais tempo um vídeo de suas mães quando ouvem a palavra “mamãe” e de seus pais quando ouvem a palavra “papai” (Tincoff e Jusczyk, 1999), e assistem a vídeos de mãos e pés adultos por mais tempo quando ouvem as palavras “mão” e “pés” (Tincoff e Jusczyk, 2011). Gestos Antes de falar, os bebês apontam. Gestos surgem em torno da mesma época em que os bebês dizem as primeiras palavras, e eles funcionam muito como palavras. Usando-os, os bebês demonstram que compreendem que os símbolos podem se referir a objetos, eventos ou desejos e condições específicas. Os gestos geralmente aparecem antes que as crianças tenham um vocabulário de 25 palavras e desaparecem quando as crianças aprendem e sabem dizer a palavra para a ideia que estão gesticulando Primeiras palavras Em média, ocorre por volta de 10 a 14 meses, como uma holófrase, ou seja, uma palavra que expressa um pensamento completo. Ex.: “Da”, que pode significar “Eu quero isso” “Eu quero sair” ou “Onde está o papai?” A evolução progride de forma que aos 18 meses, ¾ das crianças podem compreender 150 palavras e dizer 50 delas. Os substantivos parecem ser o tipo de palavra que as crianças têm mais facilidade para aprender Primeiras frases Próximo avanço é a união das palavras aprendidas para formar frases e expor pensamentos mais complexos, geralmente corre entre 18 e 24 meses (varia bastante). Nessa fase, usam a falatelegráfica, composta de apenas algumas palavras essenciais. Em torno de 3 anos, as crianças tornam-se cada vez mais conscientes do propósito comunicativo da fala e da compreensão de suas palavras pelos outros. Além disso, sua fala é fluente, mais longa e mais complexa. As crianças restringem os significados das palavras. Em outras palavras, elas usam uma palavra para se referir a muito pouco de uma categoria. Chamar seu cão de “cachorrinho”, mas não chamar outros cães por esse nome é um exemplo dessa restrição. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO de 3 a 6 anos II. ESTÁGIO PRÉ-OPERACIONAL Para Piaget, as crianças dessa idade não estão prontas para se envolverem em operações mentais lógicas. A criança não precisa mais de um estímulo sensorial para pensar em algo – ela é capaz de lembrar! → Função simbólica (capacidade de usar símbolos ou representações mentais) Desenvolvimento da percepção espacial, crianças pré-escolares mais velhas podem usar mapas simples e transferir a compreensão espacial obtida a partir do trabalho com modelos para mapas e vice-versa. Uma das principais características do pensamento pré- operacional é a centração, a tendência de se concentrar em um aspecto de uma situação e negligenciar outros. Piaget argumentou que as crianças pré-escolares chegam a conclusões ilógicas, porque elas não são capazes de descentrar – ou seja, concentrar-se em mais de um aspecto de uma situação ao mesmo tempo. Ex. forma de centração: Egocentrismo Incapacidade de considerar o ponto de vista de outra pessoa. Teste das montanhas de Piaget Uma criança senta-se de frente para uma mesa que tem três grandes montes. Um boneco é colocado em uma cadeira no lado oposto da mesa. O investigador pergunta à criança que aspecto as montanhas teriam do ponto de vista do boneco, Piaget constatou que crianças pequenas geralmente descreviam as montanhas de sua própria perspectiva e não conseguiam assumir um ponto de vista diferente do seu As crianças falam sozinhas ou com os brinquedos, explicando o que estão fazendo. A atenção é curta e facilmente dispersa por estímulo externo mínimo. Ao olhar um quadro a criança observará as partes separadamente, mas não será capaz de interpretar a ação. Desenvolvimento da Linguagem (segunda infância) Marcada por muitas perguntas e rápido avanço de vocabulário. Vocabulário Aos 3 anos, a criança mediana conhece e é capaz de usar de 900 a 1.000 palavras. Aos 6, uma criança geralmente tem um vocabulário expressivo (falante) de 2.600 palavras e compreende mais de 20 mil. Essa rápida expansão do vocabulário pode ocorrer por meio do mapeamento rápido, o qual permite que uma criança capte o significado aproximado de uma palavra depois de ouvi-la uma ou duas vezes. A partir do contexto, as crianças parecem formar uma rápida hipótese sobre o significado de uma palavra, a qual, então, é refinada com exposição adicional e emprego. Entre os 4 a 5 anos, a criança já consegue utilizar frases exclamativas, negativas, interrogativas ou imperativas. Contudo, embora as crianças em idade escolar falem fluentemente, de forma compreensível e com relativa correção gramatical, ainda precisam dominar muitos pontos refinados da linguagem. Elas raramente usam a voz passiva, (“Eu fui vestida pelo vovô”), sentenças condicionais (“Se eu fosse grande poderia dirigir um ônibus”) ou o verbo auxiliar “ter” (“Eu já tinha visto aquela mulher antes”). DESENVOLVIMENTO COGNITIVO de 6 a 12 anos III. ESTÁGIO OPERACIONAL Em torno dos 7 anos, segundo Piaget, as crianças entram no estágio do pensamento operatório concreto e começam a usar operações mentais para resolver problemas concretos (reais). Agora as crianças são capazes de levar em conta múltiplos aspectos de uma situação. Entretanto, seu pensamento ainda está limitado a situações no aqui e agora. Na terceira infância, o desenvolvimento gradual da função executiva da primeira infância à adolescência é o resultado de mudanças desenvolvimentais na estrutura cerebral. O córtex pré-frontal, a região responsável por planejamento, julgamento e tomada de decisão, mostra desenvolvimento significativo durante esse período. À medida que sinapses desnecessárias são podadas e as rotas tornam-se mielinizadas, a velocidade de processamento – geralmente medida pelo tempo de reação – aumenta drasticamente. O processamento mais rápido e eficiente aumenta o volume de informações que as crianças podem manter na memória operacional, possibilitando o pensamento complexo e o planejamento dirigido à meta. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO na adolescência IV. ESTÁGIO DE OPERAÇÕES FORMAIS Quando ele desenvolve a capacidade de pensamento abstrato. Esse desenvolvimento, geralmente por volta dos 11 anos, confere um modo novo e mais flexível de manipular informações. Sem a limitação do aqui e agora, o adolescente consegue compreender o tempo histórico e o espaço fora da Terra. Ele consegue imaginar possibilidades e pode formar e testar hipóteses. O indivíduos no estágio das operações formais consegue integrar o que aprendeu no passado aos desafios do presente e fazer planos para o futuro. Desenvolvimento da Linguagem (adolescência) Entre 16 e 18 anos de idade, o jovem médio conhece cerca de 80 mil palavras (Owens, 1996). O adolescente também aumenta sua capacidade de assumir uma perspectiva social e de modular seu discurso de acordo com o nível de conhecimento e a opinião de outra pessoa. Essa capacidade é essencial para persuasão e até mesmo para uma conversa respeitosa. A gíria adolescente é parte do processo de desenvolvimento de uma identidade separada dos pais e do mundo adulto, e seu aparecimento é mais provável em culturas nas quais a adolescência compõe uma categoria social. ÁREAS DO DESENVOLVIMENTO MOTOR GROSSEIRO Compreendem as habilidades motoras gerais, como sustentar cabeça, tronco, sentar-se, rolar, engatinhar, andar, pular e assim por diante. Também é uma conduta dependente da interação das vias motoras centrais e periféricas, assim como órgãos dos sentidos especiais e vias de equilíbrio. É uma das categorias de mais destaque na avaliação o desenvolvimento junto a de linguagem. ADAPTATIVO (INTELECTUAL) Desenvolvimento Adaptativo (intelectual): compreendem as reações da criança frente aos estímulos apresentados (ex.: bola, argola, chocalho, cubos), e que dependem da interação da sua capacidade motora, sensorial, de coordenação e cognitiva para adequada exploração e aprendizagem. É considerada a conduta precursora da inteligência, aquela na qual é avaliada a capacidade da criança em “resolver” problemas e aprender a partir de novas experiências. Marcos adaptativos: (I) RN e Lactente: 0-1 mês puramente reflexos, segue objeto em movimento; 1-4 meses aparecimento de atos voluntários; 4-8 meses focaliza objetos e se projeta a eles, ações imitativas. MOTOR FINO Compreendem as habilidades cada vez mais precisas e específicas com o uso da mão e dedos, garantindo-lhe a exploração cada vez mais delicada do objeto. PESSOAL-SOCIAL Referem-se às reações da criança frente às outras pessoas (mãe, pai, examinador, brincadeiras com outras crianças) e frente às situações de vida diária (alimentação, sono, higiene, vestimenta, controle esfincteriano). PENSAMENTO RACIONAL 2. Classificar as fases da infância Fonte: O Desenvolvimento da Criança: Do nascimento à Adolescência, Gabriela Martorell, 1 ed, 2014 & SBP INFÂNCIAS 1ª Infância Nascimento – 3 anos 2ª Infância 3 – 6 anos 3ª Infância 6 – 12 anos FASES Lactante 0 – 2 anos Pré-escolar 2 – 4 anos Escolar 5 – 10 anos Adolescente 11* – 19 anos * há divergências, escolher uma fonte 3. Compreender os mecanismos de controle neuraldo equilíbrio relacionado a marcha EQUILÍBRIO Fonte: Desenvolvimento do equilíbrio postural e desempenho motor de crianças de 4 aos 10 anos de idade, LUIZ F. C. LEMOS, Universidade de Brasília, Faculdade de Educação Física, 2010. (tese de mestrado) É fundamental para execução de diversas atividades, sendo que situações de desequilíbrio são possíveis fatores para quedas → risco de lesões. O sistema de controle postural está baseado em três sistemas sensoriais: visão (sistema visual), a sensibilidade proprioceptiva (sistema somatossensorial) e o aparelho vestibular (sistema vestibular). Com a perfeita integração desses sistemas, em nível cerebral, juntamente com memórias de experiências prévias, a correta postura do indivíduo é determinada e, portanto, qualquer disfunção nestes sistemas pode desencadear sintomas de falta de equilíbrio. Aliado a esses sistemas, existe também a relação do equilíbrio postural com as funções motoras (força de membros inferiores, agilidade, coordenação e velocidade), as quais são responsáveis pelos movimentos que auxiliam na manutenção da posição ereta estável, no caso de equilíbrio estático. Sistema Vestibular Tem o papel de fornecer informações sobre a posição e movimento da cabeça em respeito à força da gravidade e forças inerciais. Possui dois tipos de receptores: 1. Canais semicirculares: que detectam acelerações angulares e são preenchidos com fluído. Certas regiões desses canais têm células sensoriais ciliares. Quando a cabeça roda, a inércia do fluído move essas células ciliares e causa a liberação de um neurotransmissor. Os canais semicirculares são particularmente efetivos na detecção de rápidas acelerações 2. Utrículo e o sáculo: que detectam alterações lineares. Dentro destas estruturas há uma região chamada mácula com células ciliares, que se protegem em uma membrana gelatinosa, o otólito. O movimento linear desta membrana gelatinosa provoca uma inclinação das células ciliares causando a liberação de um neurotransmissor. Como os olhos podem se mexer enquanto a cabeça está estacionária e a cabeça pode se mexer enquanto os olhos permanecem fixos em um alvo, o papel do sistema vestibular é crucial, pois fornece informações que são independentes das informações visuais Sistema Somatossensorial (propriocepção) Fornece ao sistema nervoso central informação sobre a posição e movimentação do corpo no espaço em relação à superfície de suporte e também com relação aos segmentos corporais. O sistema somatossensorial possui grande capacidade de se reorganizar, chamada de plasticidade cortical ou neuroplasticidade e, seu desenvolvimento depende de estímulos, pois a área de representação cortical motora é mais desenvolvida em pessoas que têm maior uso em virtude de alguma deficiência ou prática especifica. As informações deste sistema são colhidas em todo o corpo, podendo ser através do toque, temperatura, dor e propriocepção, tendo essa última especial importância no controle postural pela identificação a todo instante das posições corporais e correção da geometria corporal. Em superfícies estáveis o sistema somatossensorial é predominante sobre os demais, visto que existem evidências literárias da superioridade dessa informação na manutenção do equilíbrio, sendo o risco de queda muito maior em pacientes com o sistema nervoso central afetado. Sistema Visual Fornece informações sobre o ambiente, a localização, a direção, o sentido e a velocidade de movimento do indivíduo O efeito da visão irá depender da tarefa e do contexto, no qual a cena visual móvel poderá induzir uma percepção ilusória de movimento do próprio corpo e afetar a manutenção do equilíbrio postural, gerando oscilação corporal. O deslocamento de uma estrutura “vista” na retina é o principal estímulo visual para o sistema de controle postural controlar a magnitude de oscilações corporais (Paulus et al., (1989)). O que ocorre é que o sistema de controle postural busca manter as dimensões de um cenário visual estruturado na retina para diminuir a oscilação corporal. Quando o indivíduo oscila para frente, a referência visual que estava projetada na retina aumenta de tamanho, isto faz com que o sistema de controle postural altere o sentido da oscilação para manter o quadro de referência estabelecido. INFÂNCIA Fonte: Compreendendo o desenvolvimento motor, Gallahue O amadurecimento dos sistemas de controle postural e sua utilização na manutenção do equilíbrio postural é diferenciado na importância dada a cada sistema (visual, vestibular e somatossensorial) em cada idade distinta. No período neonatal, o movimento é mal definido e mal controlado. Aos poucos, os reflexos são inibidos e tem início o estágio de inibição dos reflexos. Quando os reflexos primitivos e posturais da fase anterior começam a enfraquecer, os centros cerebrais superiores assumem o controle de muitas das funções dos músculos esqueléticos dos centros cerebrais inferiores. Estágio de pré-controle estende-se mais ou menos entre o primeiro e o segundo ano. Durante esse estágio, o bebê começa a adquirir maior controle e precisão nos movimentos. O processo de estabilidade/equilíbrio se dá com a maturação dos sistemas (somatossensorial, visual e vestibular) e controle das funções motoras. Fontes mais antigas: nos primeiros meses de vida há a predominância da informação visual para a manutenção do controle da postura. Fonte: Desenvolvimento motor ao longo da vida, 6ed. Kathleen Haywood, 2016. Experiência da sala móvel Crianças que mal tinham começado a ficar de pé eram colocadas em uma “sala móvel” e com frequência balançavam, cambaleavam ou caíam, diferentes de adultos. Também observado que o efeito diminuía em crianças após o primeiro ano de vida. Entende-se que a percepção visual não é o fator controlador da velocidade na postura e equilíbrio do bebê. O fator controlador seria um acoplamento da informação sensorial com a resposta motora adequada. De modo quem a todo momento o bebê deve calibrar seu acoplamento sensório-motor de acordo com o ambiente. Em outras palavras, a media que o ambiente muda, a criança deve regular e refinar seus movimentos com base em informações sensoriais contínuas. Também são observados 4 estágios principais em relação ao toque: impulsionar para ficar de pé, ficar de pé sozinho, começar a caminhar e atingir 1 mês e meio de experiência no caminhar. Nos três primeiros estágios os bebês respondem ao balanço do corpo aplicando forças a uma superfície. No quarto estágio, utilizam a informação do toque para controlar a postura. Daí a importância não apenas do sistema proprioceptor (somatossensorial) em fornecer informações para o sistema nervoso, mas no conjunto dos sistemas visual, vestibular e das funções motoras. MACHA Fonte: Desenvolvimento motor ao longo da vida, 6ed. Kathleen Haywood, 2016. Rastejar O rastejar evolui à medida que o bebê adquire controle dos músculos da cabeça, do pescoço e do tronco. Na posição pronada e usando um padrão homolateral, o bebê pode alcançar um objeto à sua frente, tirando a cabeça e o peito do chão. Ao voltar, os braços estendidos a empurram de volta na direção dos pés. Engatinhar O engatinhar evolui a partir do rastejar e, muitas vezes, chega a uma forma bastante eficiente de locomoção para o bebê. O engatinhar difere do rastejar pelo fato de que pernas e braços são usados em oposição. As primeiras tentativas do bebê de engatinhar são caracterizadas por movimentos deliberados de um membro de cada vez. Quando a proficiência do bebê aumenta, os movimentos tornam-se sincrônicos e mais rápidos. Os engatinhadores mais eficientes usam um padrão contralateral (braço direito e perna esquerda). Macha ereta A aquisição damarcha ou do andar na posição ereta depende da estabilidade do bebê. Em primeiro lugar, o bebê precisa ser capaz de controlar o corpo na posição de pé, antes de manejar as mudanças posturais dinâmicas necessárias. As primeiras tentativas de andar com independência costumam acontecer em algum momento entre o décimo e o décimo quinto mês e são caracterizadas por uma base de apoio, pés virados para fora e joelhos levemente flexionados. Enquanto a maturação do sistema nervoso central é extremamente importante para o advento do andar, outros fatores orientados para o indivíduo, como as qualidades elásticas dos músculos, as propriedades anatômicas de ossos e articulações e a energia transmitida aos membros que se movem, servem de sistemas interativos críticos. 4. Entender o impacto dos estímulos sobre o desenvolvimento neuropsicomotor na infância Fonte: A criança em desenvolvimento – Helen Bee, 12 edição, 2011 MATURAÇÃO Padrões de mudança sequencial geneticamente programados. Qualquer padrão maturacional é marcado por três qualidades: É universal, aparecendo em todas as crianças por meio de fronteiras culturais; É sequencial, envolvendo algum padrão de habilidade ou características em expansão; É relativamente impermeável à influência ambiental. Em sua forma mais pura, uma sequência de desenvolvimento determinada pela maturação ocorre independente de prática ou treinamento. De fato, apenas condições extremas, como subnutrição grave, impedem essas sequências de se manifestarem. MODELO DA INFLUÊNCIA AMBIENTAL DE ASLIN Sobre como todos esses fatores internos e ambientais interagem para influenciar o desenvolvimento. Aslin e seus colegas usaram esses modelos para estudar a percepção da fala de bebês e outros aspectos do desenvolvimento da linguagem Em cada desenho, a linha tracejada representa o caminho de desenvolvimento de alguma habilidade ou comportamento que ocorreria sem uma experiência particular; a linha contínua representa o caminho de desenvolvimento se a experiência fosse acrescentada. Para fins de comparação, o primeiro dos cinco modelos mostra um padrão maturacional sem efeito ambiental; O segundo modelo, que Aslin denomina manutenção, descreve um padrão no qual algum estímulo ambiental é necessário para sustentar uma habilidade ou um comportamento que já se desenvolveu em termos maturacionais. Por exemplo, os gatos nascem com visão binocular completa, mas se for coberto um de seus olhos por um período de tempo, sua habilidade binocular diminui. O terceiro modelo mostra um efeito de facilitação do ambiente, no qual uma habilidade ou um comportamento se desenvolve mais cedo do que normalmente se desenvolveria em virtude de determinadas experiências. Por exemplo, crianças com quem os pais falam mais frequentemente nos primeiros 18 a 24 meses, usando sentenças mais complexas, parecem desenvolver sentenças de duas palavras e outras primeiras formas gramaticais um pouco mais cedo do que crianças com quem os pais falam menos. Contudo, crianças com quem se fala menos eventualmente aprendem a criar sentenças complexas e usam a maioria das formas gramaticais corretamente; a experiência de mais conversa não oferece, portanto, um ganho permanente. Quando uma determinada experiência leva a um ganho permanente ou a um nível de desempenho permanentemente mais alto, Aslin denomina o modelo de sintonia. Por exemplo, crianças de famílias pobres que frequentam creches especiais quando bebês e na primeira infância têm, durante toda a infância, escores de QI consistentemente mais altos do que crianças dos mesmos tipos de famílias que não têm tal experiência enriquecida. O modelo final de Aslin, indução, descreve um efeito puramente ambiental: na ausência de alguma experiência, um determinado comportamento não se desenvolve absolutamente. Dar a uma criança aulas de tênis ou expô-la a uma segunda língua se enquadra nessa categoria de experiência Fonte: O Desenvolvimento da Criança: do nascimento à Adolescência, Gabriela Martorell, 1 ed, 2014 Animais criados em jaulas providas de brinquedos produzem mais axônios, dendritos e sinapses do que animais criados em jaulas vazias (Society for Neuroscience, 2008). Essas descobertas geraram esforços bem-sucedidos de estimular o desenvolvimento cerebral de bebês prematuros (Als et al., 2004) e de crianças com síndrome de Down, bem como de ajudar vítimas de lesão cerebral a recuperarem função.