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RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA SP 2.5 – PARADA SÚBITA LOCOMOÇÃO E PREENSÃO 1. CARACTERIZAR ANATOMIA DA MEDULA ESPINHAL (SENTIDO LONGITUDINAL, TRANSVERSAL) A MEDULA ESPINAL é uma estrutura cilíndrica, longa, envolvida pelas meninges, do sistema nervoso central, e está localizada no interior do canal vertebral, se estendendo desde o forame magno até o nível da primeira ou da segunda vértebras lombares. Sua anatomia reflete a sua função: conduzir impulsos nervosos entre o encéfalo e os demais órgãos e tecidos do corpo, além de viabilizar os arcos reflexos. Ela possui dois espessamentos: cervical e lombar, associados à saída de raízes de nervos espinhais. A coluna vertebral é formada por 33 ou 34 vértebras (7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais, e quatro ou cinco coccígeas). Assim como a coluna vertebral, a medula espinal é dividida em segmentos: cervical, torácico, lombar, sacral e coccígeo. Cada segmento da medula emite vários pares de nervos espinais, que saem do canal vertebral através dos forames intervertebrais. Existem 8 pares de nervos espinais cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo, totalizando 31 pares. Possui tratos orientados longitudinalmente (substância branca) circundando áreas centrais (substância cinzenta), onde a maioria dos corpos celulares dos neurônios espinais está localizada. Ao corte transversal, a substância cinzenta apresenta forma de H e pode ser subdividida em cornos anterior, lateral e posterior. LONGITUDINALMENTE, a medula espinal se estende desde o forame magno até o nível da vértebra L1 ou L2, ocupando apenas os dois terços superiores do canal vertebral. Isso ocorre porque há uma desproporção entre o crescimento da medula espinal e da coluna vertebral. A medula espinal para de crescer por volta dos quatro anos de idade, enquanto a coluna vertebral continua crescendo até os 14 a 18 anos de idade. Assim, nos adultos, a coluna vertebral (e consequentemente o canal vertebral) são maiores que a medula espinal. Sendo assim, a localização do segmento da medula espinal não está na mesma altura do segmento ósseo vertebral correspondente. Por exemplo, é observado que o segmento medular C8 está localizado no nível entre C6 e C7, e o segmento medular T12, no nível de T10. A porção terminal da medula espinal possui o formato de um cone com o ápice voltado para baixo, sendo por isso denominada cone medular. Um fino cordão de tecido conjuntivo se estende da extremidade do cone medular até a primeira vértebra coccígea (Co1). Esse cordão é conhecido como filum terminale, e ancora a medula espinal à coluna vertebral. O forame, ou conduto vertebral, é composto pela parede posterior do corpo vertebral e pela parede anterior do arco vertebral, e a superposição dos vários forames vertebrais forma o canal raquídeo, que aloja e protege a medula espinal. Essa medula, nos adultos, possui cerca de 45 cm e estende-se desde a altura do atlas (C1) até a primeira ou segunda vértebra lombar. Ela se afila para formar o cone medular, do qual se estende um filamento delicado, denominado filum terminale, que se insere próximo ao primeiro segmento coccígeo. Na parte baixa do canal vertebral, descendem as raízes dos nervos espinais caudais, que, junto com o filum terminale, formam a cauda equina, que inicia ao nível de T11 e termina caudalmente no nível do terceiro segmento sacral, ocupando, sozinha, o canal vertebral abaixo de L2. Somente a partir do primeiro segmento torácico, o nervo espinal emerge caudalmente à vértebra correspondente. Cada raiz nervosa recebe informações sensitivas de áreas da pele denominadas dermátomos, e, de maneira similar, cada raiz nervosa inerva um grupo de músculos denominados miótomos. RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA TRANSVERSALMENTE, a medula é dividida em corno anterior, onde estão situados os corpos celulares dos neurônios motores; corno posterior, onde se encontra os nervos sensitivos; e no corno lateral, onde estão os neurônios do sistema simpático. As fibras motoras oriundas do corno anterior juntam- se às fibras sensitivas do corno posterior para formar o nervo espinal. A superfície externa da medula espinal pode ser dividida em quatro faces: uma anterior ou ventral, uma posterior ou dorsal e duas faces laterais (direita e esquerda). Em cada uma dessas faces é possível identificar sulcos ou fissuras, que servem como referência anatômica. Um sulco profundo cursa na face ventral da medula espinal ao longo de toda a sua extensão, chamado de fissura mediana anterior. Existe um correspondente na superfície dorsal da medula, conhecido como sulco mediano posterior, que entretanto é menos profundo. Há ainda os sulcos anterolaterais, que situam-se lateralmente à fissura mediana anterior, um à direita e outro à esquerda. Esses sulcos marcam o local de saída das raízes ventrais dos nervos espinais. Na face posterior da medula espinal há sulcos correspondentes, chamados de sulcos posterolaterais, que marcam a entrada das raízes dorsais dos nervos espinais. ____________________________________________ SUBSTÂNCIA CINZENTA E BRANCA Assim como o restante do sistema nervoso central, a medula espinal possui dois componentes principais: a substância cinzenta, que contém principalmente os corpos dos neurônios, e a substância branca, que contêm principalmente os axônios. SUBSTÂNCIA CINZENTA Enquanto no encéfalo a substância cinzenta está distribuída principalmente na periferia, formando o córtex cerebral, na medula espinal é o contrário: a substância cinzenta encontra-se na parte mais central. Essa substância cinzenta central possui uma configuração peculiar, com um formato semelhante ao de uma letra “H”, referido por alguns autores também como semelhante ao de uma borboleta. A porção mais anterior, ou ventral, de cada uma das “asas da borboleta” representa o corno anterior, e contém os corpos dos neurônios motores. As fibras nervosas aferentes das raízes dorsais dos nervos espinais entram na medula espinal pelo sulco posterolateral e atingem o corno posterior, que portanto tem função primariamente sensitiva. Entre os níveis T1 e L3 há ainda um corno lateral (ou corno intermédio-lateral), situado entre os cornos anterior e posterior, contendo neurônios do sistema nervoso simpático. No centro da substância cinzenta medular há um canal central que contém liquor, se estendendo ao longo de toda a medula espinal e cranialmente se comunica com a cavidade do quarto ventrículo. SUBSTÂNCIA BRANCA A substância branca da medula espinal está disposta externamente à substância cinzenta, circunscrevendo- a. Ela é dividida em três funículos: anterior, lateral e posterior. RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA Cada um dos funículos da medula espinal contém tratos ascendentes e/ou descendentes de substância branca, que são as vias de transmissão dos impulsos nervosos entre o cérebro e os demais órgãos e tecidos. → VIAS AFERENTES: Recebem e conduzem as informações sensitivas. → VIAS EFERENTES: Mediam as funções motoras e fibras autônomas viscerais. Os tratos mais importantes, do ponto de vista clínico, são: RESUMO A substância branca é constituída por funículos: → Funículo posterior → Funículo lateral → Funículo anterior Dentro dos funículos se encontra: 1. Tratos 2. Fascículos 3. Lemniscos VIAS AFERENTES: FUNÍCULO LATERAL E ANTERIOR Tratos espino-cerebelares: PROPRIOCEPÇÃO - anterior - posterior Relacionados à propriocepção, conduzem impulsos ao cerebelo pela medula espinal. Tratos espino-talamicos - anterior: TATO E PRESSÃO - lateral: DOR E TEMPERATURA Medeia os impulsos da sensibilidade dolorosa e datemperatura do lado contralateral. Também tem origem na coluna posterior, cruza para o lado oposto na comissura anterior e ascende pelo funículo lateral ao tálamo. Clinicamente, pode ser avaliado beliscando-se a pele ou por meio de estímulo com objetos pontiagudos, como agulha ou alfinete. FUNÍCULO POSTERIOR Fascículo Grácio - medial Fascículo Cuneiforme – lateral Localizados na porção posterior da medula espinal, entre o sulco mediano posterior e o posterolateral, conduzem impulsos proprioceptivos provenientes de músculos, tendões e articulações, impulsos de RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA localização e discriminação táteis e sensações vibratórias, como as produzidas pelo cabo do diapasão colocado sobre um osso recoberto de pele. ESTÍMULO DE ESTEROGNOSIA (reconhecimento) PROPRIOPERCEPÇÃO CONSCIENTE TATO EPICRITICO (tato fino) VIBRAÇÃO VIAS EFERENTES: (descendentes ou piramidais) Origem: córtex ou tronco encefálico FUNÍCULO LATERAL Trato Cortico-Espinhal Lateral (entre a coluna posterior da medula e o trato espino medular) FUNÍCULO ANTERIOR Trato Cortico Espinal Anterior (entre a fissura anterior e trato espino talamico anterior) As vias piramidais transmitem o impulso motor para os motoneurônios do corno anterior pelo trato corticospinal lateral (que cruza para o lado oposto no bulbo) e pelo trato corticospinal ventral, que desce sem cruzar para o lado oposto, na parte anterior da medula espinal. Controlam a força motora e são testados por meio de contrações voluntárias ou involuntárias mediante estímulo doloroso. Desenho ilustrando os principais tratos da medula espinal. (1) fascículos grácil (medial) e cuneiforme (lateral). (ASCENDENTE – POSTERIOR) (2) trato corticospinal lateral (DESCENDENTE) (3) trato espinocerebelar dorsal (ASCENDENTE – POSTERIOR) (4) trato espinotalâmico lateral. (ASCENDENTE) (5) trato espinocerebelar ventral (ASCENDENTE – ANTERIOR) 2. CARACTERIZAR AS RAÍZES DORSAIS E VENTRAIS E OS RAMOS ANTERIORES E POSTERIORES DOS NERVOS ESPINHAIS. Os nervos espinais, também conhecidos como nervos espinhais, fazem parte do sistema nervoso periférico (SNP). É através dessas estruturas que o sistema nervoso central (SNC) recebe informações sensitivas vindas da periferia do corpo e envia de volta informações motoras para essas mesmas regiões. Os nervos espinais são formados por fibras motoras, sensitivas, e autonômicas. Existem 31 pares de nervos espinais que emergem da medula espinal. Considera- se, portanto, a medula composta por 31 segmentos, contendo fascículos radiculares, ventrais e dorsais. RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA Raízes ventral (anterior) e dorsal (posterior) Os nervos espinais se originam da medula espinal como filamentos nervosos, também conhecidos como radículas nervosas. Essas radículas possuem uma mistura de fibras sensitivas e motoras, e se unem para formar as raízes nervosas. Em cada segmento, as radículas que emergem do aspecto anterolateral da medula espinal convergem para formar a raiz ventral (anterior), enquanto as radículas que emergem do aspecto posterolateral da medula espinal convergem para formar a raiz dorsal (posterior). Por sua vez, as raízes ventral e dorsal se unem para dar origem ao nervo espinal. Assim, cada nervo espinal é formado pela união de uma raiz ventral e uma raiz dorsal, que por sua vez são formadas por cerca de oito radículas nervosas, cada uma. -> As raízes ventrais contêm fibras nervosas eferentes, ou seja, fibras que levam estímulos do SNC para as estruturas periféricas. Os corpos celulares dos neurônios das raízes anteriores estão localizados na substância cinzenta da medula espinal. Os axônios dos neurônios motores que controlam os músculos esqueléticos e os dos neurônios autonômicos pré- ganglionares estão localizados nas raízes anteriores. -> A raiz dorsal contém fibras nervosas aferentes, que levam a informação sensitiva do tronco e dos membros para o SNC. Os corpos celulares dos neurônios da raiz posterior não estão localizados na substância cinzenta da medula espinal, mas sim em uma estrutura chamada de gânglio espinal, ou gânglio dorsal, uma pequena tumefação em cada raiz dorsal. Trajeto dos nervos espinais Após deixar o canal vertebral, o nervo espinal se divide em dois ramos: um maior anterior (ventral) e um menor posterior (dorsal). De maneira geral, os ramos anteriores inervam a pele e os músculos da porção anterior do tronco, enquanto os ramos posteriores inervam os músculos paravertebrais e a pele do dorso. DERMÁTOMOS e MIÓTOMOS Um dermátomo é uma área definida de pele que possui inervação sensitiva derivada de um nervo espinal específico. Todos os dermátomos do ombro para baixo levam informações sensitivas para o SNC através dos nervos espinais. Área de pele inervada por axônios sensoriais de cada raiz nervosa, que corresponde a um segmento medular. Os miótomos são análogos aos dermátomos, mas dizem respeito à inervação motora. Eles são responsáveis pela inervação segmentar dos músculos esqueléticos. Um exemplo disso é o músculo diafragma, que é inervado pelos nervos espinais C3, C4 e C5, que coletivamente formam o nervo frênico. Conjunto de fibras musculares inervadas por axônios motores de cada raiz nervosa, que corresponde a um segmento medular. RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA FISIOPATOLOGIA DO TRAUMA RAQUIMEDULAR A transferência de energia cinética para a medula espinal, o rompimento de axônios, a lesão de células nervosas e a rotura de vasos sanguíneos causam tanto a lesão primária na medula espinal quanto seu estágio agudo (até oito horas após o trauma), ocorrendo hemorragia e necrose da substância cinzenta, seguidas de edema e hemorragia. Formam-se petéquias hemorrágicas na substância cinzenta, logo no primeiro minuto da LME, que se aglutinam na primeira hora, resultando em necrose central hemorrágica, condição que pode se estender para a substância branca nas quatro a oito horas seguintes, como consequência de redução geral do fluxo sanguíneo no local da lesão. A seguir, células inflamatórias migram para o local da lesão, acompanhadas de proliferação de células da glia, e, em uma a quatro semanas, ocorre a formação de tecido cicatricial e de cistos no interior da medula espinal. A redução do fluxo sanguíneo para o segmento lesado da medula espinal pode, ainda, ser ocasionada por alterações do canal vertebral, hemorragia, edema ou diminuição da pressão sistêmica, que conduzem à lesão adicional, também denominada secundária. Tal redução do fluxo sanguíneo pode provocar a morte das células e dos axônios que não foram inicialmente lesados. A separação física dos tratos da medula espinal não costuma ocorrer nos traumatismos não penetrantes, tendo sido observada uma separação física dos axônios somente em alguns casos de ferimento por arma de fogo. A separação dos axônios é um processo gradual que ocorre no local da lesão após alguns dias do traumatismo, sendo o resultado de uma série de eventos patológicos relacionados à lesão da membrana celular e de suas proteínas, e não da separação física imediata do axônio. A interrupção da condução do estímulo nervoso logo após o trauma, provocada pela energia cinética da lesão, pode ser decorrente de despolarização imediata da membrana do axônio, associada à falha de sua repolarização, o que ocasiona perda de potássio. A isquemia do sistema nervoso central (SNC) é caracterizada por grande influxo de cálcio para as células. Ocorrem reações metabólicas, como falha das mitocôndrias e ativação de fosfolipases, proteases e adenosina trifosfatase, cujo resultado é a perda de energia e o colapso da membrana celular, que tambémé mediada pela produção de radicais livres e pela ativação das fosfolipases e lipases. A impossibilidade da célula em converter completamente o oxigênio em dióxido de carbono e água promove a formação de radicais livres, que resulta na peroxidação lipídica e na subsequente falha da membrana celular. Esses eventos justificam a utilização da metilprednisolona nas primeiras oito horas após o TRM, que é administrada com o objetivo de inibir a peroxidação lipídica. 3. RELACIONAR AS ESTRUTURAS ANATÔMICAS ACIMA, ÀS SUAS FUNÇÕES E AOS TESTES DO EXAME NEUROLÓGICO QUE VERIFICAM A SUA INTEGRIDADE. (IDENTIFICAR LOCAL DE LESÃO) O exame neurológico consiste na avaliação da sensibilidade, da função motora e dos reflexos. 1. ANÁLISE DA SENSIBILIDADE A análise da sensibilidade é realizada no sentido craniocaudal, desde a região cervical, e envolve, também, a avaliação da sensibilidade quanto a variação de temperatura, dor e tato, que são funções mediadas pelo trato espinotalâmico lateral, cujas fibras estão na porção anterolateral da medula espinal. O exame da vibração por meio de diapasão ou da posição espacial dos membros avalia as condições do trato posterior da medula espinal (funículos grácil e cuneiforme). Algumas regiões anatômicas têm relação com os der- mátomos e importância semiológica, como os mamilos (T4), o processo xifoide (T7), o umbigo (T10), a região inguinal (T12 a L1) e a região perineal (S2, S3 e S4) (FIG. 41.4). RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA A distribuição dos dermátomos está ilustrada abaixo: 2. AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO MOTORA A avaliação da função motora tem como objetivo a determinação do grau de movimento que o paciente possui, examinando a função dos tratos corticospinais. A constatação apenas da presença ou ausência do movimento nas extremidades é insuficiente. O movimento deve ser quantificado com relação ao grau de força muscular, estabelecido por meio uma de escala que varia de 0 a 5. A paralisia total é considerada 0; a presença de contração muscular palpável ou visível, 1; a presença de movimento ativo, mas que não vence a força da gravidade, 2; movimento ativo que vence a força da gravidade, 3; movimento ativo que vence alguma resistência, 4; movimento ativo normal, 5. 3. REFLEXOS TENDÍNEOS Os reflexos tendíneos profundos são mediados pelas células do corno anterior da medula espinal, e o córtex cerebral exerce ação inibidora para evitar resposta exacerbada aos estímulos recebidos. A ausência desse reflexo pode indicar lesão do nervo periférico, interrompendo o arco reflexo, ou presença de choque medular. Os reflexos tendíneos profundos de maior importância clínica são bicipital (C5), estilorradial (C6), tricipital (C7), patelar (L4) e do calcâneo (S1). Os reflexos abdominais e cremastéricos são testes do neurônio motor superior; sua ausência indica lesão em tal neurônio, enquanto a perda assimétrica sugere lesão no neurônio motor inferior. As lesões do neurônio motor superior podem, também, ser diagnosticadas pela presença de reflexos patológicos evidenciados pelos testes de Babinski ou de Oppenheim. O reflexo bulbocavernoso é de grande importância na avaliação dos pacientes com TRM que apresentam choque medular. Este pode ocorrer imediatamente após o traumatismo da medula espinal, mesmo que a lesão medular não seja completa e permanente. Nessa situação, o paciente demonstra ausência total da sensibilidade, dos seus movimentos e do reflexo bulbocarvenoso, que normalmente está presente. O retorno desse reflexo, que pode ser obtido por meio da estimulação do pênis ou do clitóris, provocando contração do esfincter anal, indica o término do choque medular, permitindo a determinação do déficit neurológico após a lesão. ____________________________________________ AVALIAÇÃO CLÍNICA A avaliação clínica dos pacientes determina o nível de lesão neurológica, que é considerado o segmento mais caudal da medula espinal que apresenta as funções sensitivas e motoras normais de ambos os lados. O nível esquelético da lesão é determinado por meio de radiografias e corresponde à vértebra lesionada. Quando o termo nível sensitivo é utilizado, a referência se dá ao nível mais caudal da medula espinal que apresenta sensibilidade normal, podendo, do mesmo modo, ser definido o nível motor. RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA A lesão medular é considerada completa quando existe ausência de sensibilidade e de função motora nos segmentos sacrais baixos da medula espinal e incompleta nas situações em que é observada preservação parcial das funções motoras abaixo do nível neurológico, incluindo os segmentos sacrais baixos da medula. O termo tetraplegia refere-se à perda da função motora e/ou sensitiva nos segmentos cervicais da medula por conta de lesão dos elementos neuronais no interior do canal vertebral. A tetraplegia resulta em alteração das funções dos membros superiores, do tronco, dos membros inferiores e dos órgãos pélvicos, não sendo incluídas nessa categoria as lesões traumáticas do plexo braquial e dos nervos periféricos fora do canal vertebral. A paraplegia refere-se à perda da função motora e/ou sensitiva nos segmentos torácicos, lombares e sacrais da medula espinal, secundária à lesão dos elementos neurais no interior do canal vertebral. Tal termo pode ser utilizado para definir as lesões da cauda equina e do cone medular, mas não em lesões dos plexos lombar e sacral e dos nervos periféricos localizadas fora do canal vertebral. Algumas síndromes medulares têm sido descritas e apresentam quadro neurológico característico, dependendo da localização da lesão no interior da medula espinal. → A síndrome da medula central ocorre, principalmente, na região cervical e apresenta comprometimento dos membros superiores mais acentuado que dos membros inferiores. → Na síndrome da medula anterior, há preservação da propriocepção e perda variável da função motora e da sensibilidade à dor. → Na síndrome de Brown-Séquard, a hemissecção da medula ocasiona perda das funções motora e proprioceptiva do lado da lesão e perda da sensibilidade à dor e à temperatura do lado oposto. → Na síndrome da medula posterior, a função motora e a sensibilidade à dor e ao tato estão preservadas, enquanto a propriocepção está alterada. → A lesão da medula espinal no nível sacral, geralmente no nível ósseo de T12-L1 (síndrome do cone medular), resulta em incontinências fecal e vesical e em alteração da função sexual. A sensibilidade está alterada em três a quatro segmentos sacrais distais e coccígeos (anes- tesia em cela), enquanto o reflexo bulbocavernoso encontra-se ausente. → A lesão isolada dos nervos espinais da cauda equina (lesão da cauda equina) no interior do canal vertebral costuma ocorrer nas fraturas distais em L1 a L2, não sendo, de fato, lesões da medula. O quadro clínico depende da raiz atingida, e podem ser observados paresia do membro inferior, arreflexia, distúrbios da sensibilidade e incontinências fecal e vesical. ____________________________________________ AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO - AMERICAN SPINE INJURY ASSOCIATION No final da década de 1960 surgiram as primeiras comunicações sobre a necessidade de estabelecer uma nomenclatura do exame neurológico de pacientes com lesão medular espinhal. A padronização de uma única linguagem de avaliações permitiria: • aumentar a consistência e a reprodutibilidade da avaliação; • documentar e comparar prognósticos e terapias. Várias escalas foram desenvolvidas nos últimos cinquenta anos: Frankel Scale, Lucas e Ducker’s Neurotrauma Motor Index, Sunnybrook, Botsford, Yale e, por último, a escala da Associação Americana de Lesão Espinhal(ASIA, segundo suas siglas em inglês), que se estabeleceu nos últimos anos como o padrão de validação. A American Spine Injury Association (ASIA, Associação Americana do Trauma Raquimedular) desenvolveu, em 1992, 11 padrões para a avaliação e classificação neurológica do TRM, que apresenta, no momento, grande aceitação mundial. A avaliação neurológica baseia-se na sensibilidade e na função motora e possui etapa compulsória, na qual são determinados: o nível da lesão neurológica, o nível motor e o nível sensitivo, além de ser possível obter números que, em conjunto, fornecem um escore. A outra etapa é opcional (avaliação da sensibilidade profunda, da propriocepção e de dor profunda) e não entra na formação do escore, mas acrescenta importantes informações na avaliação clínica dos pacientes. RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA AVALIAÇÃO SENSITIVA (ASIA) O exame da sensibilidade é realizado por meio da avaliação da sensibilidade tátil e dolorosa do paciente, pesquisada nos 28 dermátomos de ambos os lados, atribuindo-se valor numérico de acordo com o achado clínico: 0, ausente; 1, comprometida; 2, normal; NT, não testada, quando, por qualquer motivo, a avaliação do dermátomo não puder ser realizada. O esfincter anal externo também deve ser examinado, por meio da introdução do dedo do examinador no orifício anal com a finalidade de determinar se a lesão é completa ou incompleta (sensibilidade presente, sim; ausente, não). A avaliação sensitiva é feita para a dor e o toque suave. A dor é avaliada estimulando-se com um alfinete delicado e o toque é avaliado ao se tocar levemente com um pedaço de algodão. Os resultados são classificados da seguinte forma: Abaixo estão padronizados os dermátomos e suas referências: RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA Para cada tipo de sensibilidade (tato superficial e dor) produz-se uma pontuação total de 56 pontos (0- 2 para cada um dos 23 dermátomos definidos). O índice sensitivo total é de 112 para cada um dos dois tipos de padronização de sensibilidade testada. RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA AVALIAÇÃO MOTORA (ASIA) A avaliação da função motora é realizada pelo exame, de ambos os lados, de músculos denominados músculos-chave, em 10 pares de miótomos, e a força muscular é graduada de acordo com a seguinte escala: 0, paralisia total; 1, contração palpável ou visível; 2, movimento ativo sem oposição da força da gravidade; 3, movimento ativo contra a força da- gravidade; 4, movimento ativo contra alguma resistência; 5, movimento ativo contra grande resistência; NT, não testada. Os músculos selecionados para a avaliação e os níveis neurológicos correspondentes são: • C5: flexores do cotovelo. • C6: flexores do punho. • C7: extensores do cotovelo. • C8: flexores do dedo (falanges média e distal). • T1: abdutores (dedo mínimo). • L2: flexores do quadril. • L3: flexores do joelho. • L4: dorsiflexores do tornozelo. • L5: extensor longo dos dedos. • S1: flexores plantares do tornozelo. Além do exame dos 10 pares de miótomos mencionados, o esfincter anal externo deve ser também analisado para avaliar a capacidade de contração voluntária (sim ou não), dado que auxilia na diferenciação entre lesão incompleta e completa. Como opção, o diafragma, o deltoide e os isquiotibiais também podem ser avaliados, e sua força é anotada como ausente, diminuída ou normal. A força do músculo é graduada em 0-5, de acordo com a escala Scale for Muscle Strength (Medical Research Council [MRC], 1981): Os músculos principais são escolhidos porque eles são inervados por dois miótomos. Por convenção, se a força de um músculo-chave testado é pelo menos grau três, o músculo que está localizado acima é considerado normal. Em seguida, são apresentados os miótomos e seus segmentos motores, e o modo sugerido do exame neurológico, segundo foram definidos pela ASIA (2008b) com seus correspondentes gráficos: RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA Em cada lado do corpo, cada segmento motor recebe uma pontuação entre 0 e 5, totalizando 50 pontos em cada lado, com um índice motor total de 100 pontos no paciente neurologicamente intacto. À medida que o nível motor sobe, ou seja, a lesão torna-se superior, menor é o índice motor. ____________________________________________ GRAU DE INCAPACIDADE A avaliação da deficiência é baseada na modificação da escala de Frankel e colaboradores, 12 que foi modificada pela ASIA e consiste em cinco graus de incapacidade: Lesão completa (A): não existe função motora ou sensitiva nos segmentos sacrais S4 a S5. (-/-) Lesão incompleta (B): preservação da sensibilidade e perda da força motora abaixo do nível neurológico, estendendo-se até os segmentos sacrais S4 a S5. (-/+) Lesão incompleta (C): a função motora é preservada abaixo do nível neurológico, e a maioria dos músculos- -chave abaixo desse nível tem grau menor ou igual a 3. (+ < 3/+) Lesão incompleta (D): a função motora é preservada abaixo do nível neurológico, e a maioria dos músculos- chave abaixo desse nível apresenta grau maior ou igual a 3. (+ > 3/+) Normal (E): sensibilidade e força motora normais. (+/+) 4. DESCREVER O ATENDIMENTO A UM PACIENTE POLITRAUMATIZADO E TRAUMATIZADO MEDULAR O atendimento do indivíduo no local do acidente é de grande importância para a avaliação inicial, o reconhecimento das lesões e a prevenção de lesões adicionais durante o seu resgate e transporte para o local onde deverá receber o atendimento definitivo. Devem ser sempre consideradas a presença de lesão da coluna vertebral e a manutenção da imobilização do paciente até que a lesão possa ser avaliada com segurança, por meio de radiografias e de outros exames complementares. Os traumas instáveis da coluna vertebral, sem lesão neurológica, sobretudo em indivíduos politraumatizados, vítimas de colisões em alta velocidade, inconscientes ou alcoolizados, têm grande potencial de lesão adicional das estruturas nervosas durante o resgate e o transporte. Existem inúmeros exemplos clínicos de pacientes com quadro neurológico normal após o acidente e que sofreram lesão das estruturas nervosas durante o resgate e o transporte. Em indivíduos inconscientes e vítimas de colisão de automóveis ou quedas, a possibilidade de a coluna cervical estar lesada é de 5 a 10%, e, em um estudo de 300 portadores de fratura da coluna cervical, constatou-se que cerca de um terço das fraturas não foi diagnosticado no momento do atendimento inicial. A avaliação do paciente compreende a história, o exame físico, a análise neurológica e o estudo radiográfico. A história do trauma e as informações acerca do estado geral prévio do paciente são de grande utilidade para auxiliar no esclarecimento do mecanismo de trauma e de suas possíveis lesões associadas. A presença de traumatismo crânio encefálico, intoxicação alcoólica, lesões múltiplas e traumas da RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA face e acima da clavícula aumenta a probabilidade da ocorrência de fratura da coluna vertebral. O exame físico geral do indivíduo inicia pela avaliação das vias aéreas, com o controle da coluna cervical, respiracão, ventilação e circulação (ABC, de airway, breathing e circulation), pois a prioridade no atendimento inicial deve ser a avaliação, a preservação e o tratamento das funções vitais básicas. Portadores de fratura da coluna vertebral sem lesão neurológica apresentam dor local, que pode irradiar-se para os membros,e incapacidade funcional, acompanhada de espasmo da musculatura adjacente. Nos indivíduos com trauma medular, observam-se respiração diafragmática, perda da resposta ao estímulo doloroso, incapacidade de realizar movimentos voluntários nos membros, alterações do controle dos esfincteres, priapismo e presença de reflexos patológicos (sinais de Babinski e Oppenheim), indicando lesão do neurônio motor superior. Os pacientes com tal condição podem apresentar, também, queda da pressão arterial, acompanhada de bradicardia, condição que caracteriza o denominado choque neurogênico. ____________________________________________ PROTOCOLOS DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR - PHTLS XABCDE é um mnemônico tradicional usado para lembrar os passos na avaliação primária (Via aérea, Respiração, Circulação, Deficiência, Exposição/Meio Ambiente. XABCDE X - Hemorragia exsanguinante (controle de hemorragia externa grave) Na revisão primária de um paciente traumatizado, a hemorragia externa com risco de vida deve ser identificada e administrada imediatamente. Se ocorrer hemorragia externa exsanguinante, deve ser verificado antes mesmo de avaliar as vias aéreas (ou simultaneamente, se a ajuda adequada estiver presente no local) ou realizar outras intervenções, como restrição da mobilidade vertebral cervical. Esse tipo de sangramento geralmente envolve o sangramento arterial de um membro, mas também pode ocorrer no couro cabeludo ou na junção de um membro com o tronco e outros locais. O sangramento arterial exsanguinante de um membro é melhor manuseado colocando imediatamente o mais proximal um torniquete possível (ou seja, perto da virilha ou axila) no membro afetado. Outras medidas de controle de sangramento, como compressão direta e agentes hemostáticos, também podem ser utilizadas, mas não devem atrasar ou tomar o lugar da colocação do torniquete em tais casos. A compressão direta, a embalagem e os curativos hemostáticos devem ser aplicados em casos de hemorragia não arterial grave nos membros e sangramento grave do tronco. Às vezes,a tensão arterial menor pode ser controlada com compressão focal direta da artéria. No entanto, isso só deve ser feito se esse sangramento puder ser controlado com um curativo compressivo rapidamente aplicado ou se houver pessoal suficiente na cena para que um prestador de cuidados pré-hospitalar possa manter a compressão manual direta. Se isso não for possível, um torniquete deve ser aplicado no membro afetado. A – Manejo da via aérea e estabilização da coluna cervical Vias aéreas As vias aéreas do paciente são rapidamente verificadas para garantir que ela seja permeável (aberta e limpa) e que não haja perigo de obstrução. Se as vias aéreas forem comprometidas, ela terá que limpar, inicialmente, usando métodos manuais (elevação do mento no trauma e tração da mandíbula no trauma), além de eliminar sangue, substâncias corporais e corpos estranhos, se necessário. Com o tempo, à medida que equipamentos e tempo se tornam disponíveis, o manuseio das vias aéreas pode avançar para incluir aspiração e meios mecânicos (cânula oral, cânula nasal, vias aéreas supraglotáticas, intubação endotraqueal ou métodos transtraqueais). Inúmeros fatores entram em jogo para determinar o método de manuseio das vias aéreas, incluindo equipamentos disponíveis, a habilidade do prestador de cuidados pré-hospitalares e a distância até o centro de trauma. ....................................................................................... Coluna cervical O tratamento de TRMs deve ser instituído no momento do atendimento inicial, ainda fora do ambiente hospitalar, durante o resgate e o transporte do paciente, com o objetivo de evitar lesões adicionais ou ampliação das lesões já existentes. O movimento excessivo em qualquer direção pode causar ou agravar danos neurológicos porque a compressão óssea da medula espinhal pode ocorrer na presença de uma coluna fraturada. A solução é garantir que a cabeça e o pescoço do paciente sejam mantidos RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA manualmente (restritos) na posição neutra durante todo o processo de titulação, especialmente quando as vias aéreas são abertas e a ventilação necessária é administrada. Essa necessidade de restrição não significa que os procedimentos necessários para manter as vias aéreas não possam ser aplicados. Em vez disso, significa que os procedimentos serão realizados protegendo a coluna vertebral do paciente contra movimentos desnecessários. Se os dispositivos de restrição de mobilidade vertebral cervical em vigor devem ser removidos para revalorizar o paciente ou para realizar qualquer intervenção necessária, a restrição manual da cabeça e do pescoço é usada até que a condição de reconsciente da mobilidade vertebral cervical possa ser colocada. ESTRATIFICAÇÃO DOS RISCOS Nos casos típicos, os pacientes traumatizados chegam com colares cervicais. Alguns pacientes claramente têm riscos elevados, enquanto outros podem ser classificados clinicamente no setor de emergência ou na unidade de tratamento intensivo (UTI) sem exames de imagem. O colar cervical e as precauções espinais devem ser mantidas e os exames de imagem da coluna cervical certamente são necessários; quando existem sintomas inequívocos, dor cervical ou outras lesões que possam desviar a atenção, as condições clínicas são atendidas. Os critérios do NEXUS (National Emergency X- Radiography UtilizationStudy, ou Estudo Nacional de Utilização de Radiografias na Emergência) referem-se à questão de quem não precisa de exames de imagem quando chega com traumatismo craniano ou cervical. Um paciente que preencha todos os cinco critérios do NEXUS é classificado com probabilidade pequena de ter lesão da coluna cervical e pode ser tratado clinicamente sem exames de imagem, porque o risco de lesão significativa é mínimo. A regra C canadense alcança sensibilidade e especificidade ainda ligeiramente maiores para identificar pacientes em risco baixo, mas seu uso é um pouco mais complexo. Critérios para pacientes de risco elevado, que certamente necessitam de exames de imagem da coluna cervical Critérios do NEXUS para pacientes de risco baixo, que não requerem exames de imagem depois de traumatismo craniano ou cervical ....................................................................................... B — Respiração (ventilação e oxigenação) A respiração funciona para efetivamente fornecer oxigênio aos pulmões do paciente e ajudar a manter o processo metabólico aeróbico. A hipóxia pode resultar da ventilação inadequada dos pulmões e levar à falta de oxigenação dos tecidos do paciente. Uma vez aberta a via aérea do paciente, a qualidade e a quantidade da ventilação do paciente podem ser avaliadas da seguinte forma: 1. Verifique se o paciente ventila observando o movimento do peito e percebendo o movimento do ar pela boca ou nariz. Em caso de dúvida, ouça os dois lados do peito para avaliar o movimento do ar espontâneo. 2. Se o paciente não ventilar (ou seja, apneico), comece imediatamente a auxiliar as ventilações com um dispositivo de máscara de válvula de saco com oxigênio suplementar antes de continuar a titulação. 3. Certifique-se de que as vias aéreas do paciente são permeáveis e limpas, continue a ventilação assistida e prepare-se para inserir cânula oral ou nasal, ou supraglotótico; intube; ou fornecer outro meio de proteção mecânica das vias aéreas. Prepare-se para sugar sangue, vômito ou outros fluidos das vias aéreas. 4. Embora seja geralmente referido como "frequência respiratória", um termo mais correto para a rapidez com que o paciente respira é "frequência ventilatória". A ventilação refere-se ao processo de inalação e RENATA LIMA– MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA exalação, enquanto a respiração descreve melhor o processo fisiológico de troca gasosa entre capilares e alvéolos. Se o paciente ventilar, estime a adequação da frequência ventilatória e sua profundidade para determinar se ele move ar suficiente. 5. Certifique-se de que o paciente não é hipóxico e que a saturação de oxigênio é maior ou igual a 94%. O oxigênio suplementar (e a ventilação assistida) é fornecido conforme necessário para manter a saturação adequada de oxigênio. 6. Se o paciente estiver consciente, ouça sua fala para avaliar se ele ou ela pode pronunciar uma frase completa sem dificuldade. No paciente com ventilação anormal, o peito deve ser exposto, observado e sentido rapidamente. Posteriormente, a auscultação dos pulmões identificará sons anormais, diminuídos ou ausentes da respiração. Lesões que podem prevenir a ventilação incluem pneumotórax de tensão, tórax instável, lesão vertebral. Essas lesões devem ser identificadas ou suspeitas durante a revisão primária e requerem que o suporte ventilatório comece imediatamente. Se houver suspeita de pneumotórax de tensão, a descompressão da agulha deve ser imediatamente retratada. ....................................................................................... C—Circulação e sangramento (hemorragia interna) Avaliar o comprometimento ou falha do sistema circulatório é o próximo passo no atendimento traumatizado ao paciente. Eritrócitos oxigenados incapazes de fornecer oxigênio às células não beneficiam o paciente. Na primeira etapa da sequência, o sangramento com risco de vida foi identificado e controlado. Após avaliações subsequentes do estado de ar e ventilação do paciente, o prestador de cuidados pré-hospitalares pode obter uma estimativa global adequada do estado de produção cardíaca e infusão do paciente. O sangramento, seja externo ou interno, é a causa mais comum de morte evitável por trauma. O estado circulatório geral do paciente pode ser determinado verificando pulsos periféricos e cor da pele, temperatura e perfusão. → Perfusão: O tempo de enchimento capilar é verificado pressionando os leitos de unha e, em seguida, liberando a compressão. Esta compressão descendente remove o sangue da cama capilar visível. A taxa de retorno do sangue aos leitos de unha após a liberação da compressão (tempo de enchimento) é uma ferramenta para estimar o fluxo sanguíneo através desta parte mais distal da circulação. Um tempo de enchimento capilar superior a 2 segundos pode indicar que os leitos capilares não estão recebendo sangue adequado. No entanto, o tempo de preenchimento capilar por si só é um indicador ruim de choque porque é influenciado por muitos outros fatores. Por exemplo, doenças vasculares periféricas (arteriosclerose), temperaturas frias, uso de vasodilatadores ou constritores farmacológicos, ou a presença de choque neurogênico podem distorcer os resultados. → Pulso: O pulso é avaliado pela presença, qualidade e regularidade. Uma verificação rápida de pulso revela se o paciente tem taquicardia, bradicardia ou um ritmo irregular. Embora a ausência de pulsos periféricos na presença de pulsos centrais possa representar hipotensão profunda, a presença de pulsos periféricos não deve tranquilizar excessivamente a pressão arterial do paciente. A revisão primária não requer a determinação de uma taxa de pulso exata. Em vez disso, obtenha rapidamente uma estimativa bruta, e verifique a taxa de pulso real mais tarde no processo. → Pele: O exame de pele pode revelar muitos dados sobre a condição circulatória do paciente. Color. La perfusión adecuada produce un tono rosado a la piel. Ésta se vuelve pálida cuando la sangre se retira de un área. La coloración pálida se asocia con pobre perfusión. La coloración azulada indica pobre oxigenación. El color azulado es causado por perfusión con sangre desoxigenada a dicha región del cuerpo. Temperatura. Como ocurre con la evaluación global de la piel, la temperatura de la piel está influida por condiciones ambientales. La piel fría indica perfusión disminuida, sin importar la causa. La temperatura de la piel puede valorarse con un simple toque a la piel del paciente con el dorso de la mano. La temperatura normal de la piel es tibia al tacto, ni fría ni caliente. Condición. Bajo circunstancias normales, la piel usualmente es seca. La piel fría y diaforética ocurre en pacientes con pobre perfusión debido a estimulación simpática (diaforesis). Sin embargo, es importante considerar condiciones ambientales cuando se evalúan hallazgos de la piel. Un paciente en un ambiente cálido o húmedo puede tener piel diaforética como referencia, sin importar la severidad de la lesión. ....................................................................................... D — Deficiência Após avaliar e corrigir, na medida do possível, os fatores envolvidos no fornecimento de oxigênio para os pulmões e sua circulação pelo corpo, o próximo passo na revisão RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA primária é a avaliação da função cerebral, que é uma medida indireta de oxigenação cerebral. Isso começa com a determinação do nível de consciência do paciente. Determinação do nível de consciência do paciente: Escala de Glasglow: 1. Abertura ocular 2. Resposta verbal 3. Resposta motora Redução do NC: 1. Redução da oxigenação cerebral ou hipoventilação grave; 2. Lesão no SN; 3. Superdosagem de drogas ou exposição a toxinas; 4. Desequilíbrio metabólico. ....................................................................................... E—Exposição/Ambiente Um dos primeiros passos no processo de titulação é remover a roupa do paciente, pois a exposição do paciente traumatizado é crucial para encontrar todas as lesões. Além disso, o sangue pode se acumular, ser absorvido pelas roupas e passar despercebido. Depois de ver todo o corpo do paciente, o prestador de cuidados pré-hospitalar pode cobri- lo novamente para conservar o calor corporal. Embora seja importante expor o corpo do paciente traumatizado para completar uma avaliação eficaz, o hipotermia é um problema sério na gestão de um paciente traumatizado. Apenas o necessário deve ser exposto ao ambiente ao ar livre. Uma vez que o paciente tenha se deslocado para dentro da Unidade de Pronto Atendimento Médico (SEM), o exame completo pode ser realizado e o paciente coberto o mais rápido possível. Você deve tomar cuidado especial ao cortar e mexer roupas de uma vítima de um crime, para que não destrua inadvertidamente evidências. ____________________________________________ MEDIDAS AUXILIARES NA AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Métodos complementares que podem ser utilizados quando há uma suspeita clínica, desde que esse procedimento não retarde um processo de transferência: → ECG → Oxímetro de pulso (saturação) → Gasometria → Sondagem gástrica e urinária → Radiografias → FAST - E-fast → LPD AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA A avaliação secundária no paciente que se encontre clinicamente estável. Este é o momento em que buscamos lesões que não ameaçam imediatamente a vida, mas que podem gerar sequelas, desconforto ou evoluir com piora do quadro clínico. Sinais vitais, monitorização e responsividade devem ser checadas constantemente durante o exame. Havendo deterioração no quadro clínico em qualquer momento, deve- se prontamente refazer a avaliação primária. Inicia-se pela história e prossegue-se com o exame físico detalhado. O mnemônico AMPLA pode ser usado para que se lembre o que deve ser questionado no momento da história de uma vítima de trauma: A – Alergias. M – Medicamentos em uso. P – Passado médico/prenhez. L – Líquidos e alimentos ingeridos recentemente. A – Ambiente e eventos relacionadosao trauma. 5. DIFERENCIAR CHOQUE MEDULAR DE CHOQUE NEUROGÊNICO. O termo choque medular é utilizado para identificar aspectos neurológicos do traumatismo raquimedular, enquanto o termo choque neurogênico refere-se aos aspectos hemodinâmicos. CHOQUE MEDULAR O trauma raquimedular é uma lesão grave devido a um trauma da coluna vertebral. É mais frequente nas zonas de transição (coluna cervicotorácica e toracolombar). A fratura ou luxação da vértebra pode comprimir o canal medular e provocar déficit neurológico. Esta perda súbita de função medular é conhecida como Choque Medular, que envolve arreflexia, paralisia e hipotonia nos níveis abaixo do nível afetado. O choque medular é caracterizado, habitualmente, por perda da sensibilidade e paralisia flácida, além da perda dos reflexos, da área acometida para baixo. Não há tratamentos realmente efetivos para este tipo de lesão. Fragmentos ósseos dentro do canal devem ser removidos, e fraturas com indicação cirúrgica RENATA LIMA – MEDICINA – 7º SEMESTRE - TUTORIA devem ser operadas. Contudo, ainda não temos técnicas para re-estabelecer a conexão entre os nervos lesados. O choque medular dura entre 24 e 48 horas e o seu fim é marcado pelo retorno dos reflexos sacrais (“piscadela” anal, reflexo bulbocavernoso). Sua recuperação total pode levar até 4 semanas. A identificação do reflexo bulbo-cavernoso indica o fim da fase de choque medular por vezes também chamado de trauma medular agudo, e permite avaliar de forma mais objetiva o real dano neurológico e iniciar algum tipo de prognóstico. CHOQUE NEUROGÊNICO É importante não confundir o choque medular com Choque Neurogênico. Nele, a perda do controle vasomotor simpático leva a uma vasodilatação súbita, com diminuição do retorno venoso e perda da pré- carga, gerando hipotensão. O chamado choque neurogênico é uma síndrome circulatória, decorrente de interrupção da inervação simpática causada pelo trauma medular, caracterizada por hipotensão e bradicardia. A perda do controle simpático também diminui a frequência cardíaca, e as extremidades se tornam frias e úmidas. Priapismo também pode ocorrer como resultado da incapacidade de vasoconstrição. Relaciona-se geralmente a fraturas acima da T6, podendo persistir por até 3 semanas. Nos indivíduos com trauma medular, observam-se respiração diafragmática, perda da resposta ao estímulo doloroso, incapacidade de realizar movimentos voluntários nos membros, alterações do controle dos esfincteres, priapismo e presença de reflexos patológicos (sinais de Babinski e Oppenheim), indicando lesão do neurônio motor superior. Os pacientes com tal condição podem apresentar, também, queda da pressão arterial, acompanhada de bradicardia, condição que caracteriza o denominado Choque Neurogênico. Nesses, a lesão das vias eferentes do sistema nervoso simpático medular e a consequente vasodilatação dos vasos viscerais e das extremidades, associadas à perda do tônus simpático cardíaco, não permitem que a pessoa consiga elevar sua frequência cardíaca. Tal situação deve ser reconhecida e diferenciada do choque hipovolêmico, no qual a pressão arterial está diminuída e acompanhada de taquicardia. A reposição de líquidos deve ser evitada no choque neurogênico, para não sobrecarregar a volemia.