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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de atividade individual Disciplina: Novo Código de Processo Civil Módulo: Atividade Individual Aluno: Joice Chiarotti D’ Andrade Turma: 1220-0_1 Tarefa: Análise de caso Sol e Lua Decisão do juiz Trata-se de ação de cumprimento contratual cumulada com obrigação de fazer com pedido de tutela provisória, ajuizada pela empresa Sol contra a empresa Lua em razão do descumprimento de cláusula contratual de exclusividade, segundo a qual a empresa requerida estava obrigada a adquirir apenas os produtos da empresa Sol até junho de 2018. No entanto, alega a requerente quebra da cláusula de exclusividade e aquisição de produtos de terceiros por parte da empresa Lua nos meses de fevereiro e março, juntando para tanto em sua petição inicial cópia do contrato e e-mails demonstrando a quebra da exclusividade, bem como o preço pago pela Lua na compra de produtos de terceiros. Diante disso a autora requer a declaração por sentença de validade da cláusula; a condenação da requerida na obrigação de fazer consubstanciada na aquisição dos seus produtos com exclusividade durante o prazo estipulado em contrato e a condenação de Lua a indenizá-la pelos danos materiais decorrentes da aquisição de produtos de terceiros nos meses de fevereiro e março. Houve deferimento do pedido de tutela provisória e realizada a audiência de mediação não foi obtido acordo. A requerida na sua defesa apenas alega que deixou de comprar os produtos da empresa Sol porque a mesma não conseguiu fornecê-los no prazo necessário, nada sendo dito acerca da validade da cláusula de exclusividade Em réplica, a empresa Sol negou que tivesse atrasado a entrega dos produtos e por meio de petição interlocutória, requereu a produção de prova testemunhal para comprovar a compra de produtos de terceiros, em desrespeito à cláusula de exclusividade. Em reposta a empresa requerida Lua, por petição requereu a realização de prova pericial para demonstrar qual foi o prazo adequado para recebimento dos produtos, bem como redistribuição do ônus da prova, a fim de que Sol passasse a ser incumbida de provar a data da entrega dos produtos nos meses anteriores a fevereiro. Partes legítimas e regularmente representadas. Presentes as condições da ação e os pressupostos processuais não havendo nulidades a declarar, dou o feito por saneado (art. 327 do NCPC). Conforme disciplina Talamini (2016): “ o saneamento destina-se a propiciar eficiência à atuação jurisdicional - e consequentemente economia processual (duração razoável do processo). Mas também se presta a assegurar previsibilidade (segurança jurídica) e a tornar mais qualificado o debate entre as partes e o juiz (contraditório), ampliando-se as chances de uma solução justa e eficaz. ” Já de acordo com Daniel Amorim Assumpção Neves (2013): “O saneamento é fase processual complexa, que envolve uma série de atividades do juiz e mesmo das partes, sendo entendida como a fase em que se prepara o processo rumo à fase instrutória e 2 posteriormente ao seu desfecho normal por meio de sentença de mérito. Em razão da atual redação do art. 331 do CPC, o saneamento do processo pode ocorrer em audiência ou por meio de decisão saneadora, o indevidamente chamado despacho saneador. ” (Manual de Direito Processual Civil, p. 405). O despacho saneador sempre será, portanto, decisão Interlocutória, insuscetível de pôr fim ao processo, que apenas resolve, com força preclusiva, questões incidentes, relativas aos pressupostos processuais, condições da ação e validade dos atos do procedimento na fase postulatória, cabendo neste momento ao magistrado determinar as provas a serem produzidas aos autos. Desse modo, passo apreciar os requerimentos de provas feitos pelas partes nos autos: De início indefiro a realização de prova testemunhal requerida pala autora, uma vez que o réu não contesta em suas alegações a existência da cláusula de exclusividade, sua validade, bem como afirma ter comprado os produtos de terceiro, fatos estes que dispensam a constituição da prova, conforme determina o disposto no art. nos artigos 336 e 341 do NCPC, conforme segue: Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir. Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial. Note-se pela leitura dos mencionados artigos que uma vez não impugnados pelo réu na sua contestação as alegações realizadas pelo autor na sua petição inicial, presumem-se como verdadeiras as alegações feitas. Diante disso e em respeito ao ônus da impugnação específica, cabe ao réu se manifestar especificamente sobre os fatos alegados pelo autor, sob pena de vê-los considerados como verdadeiros, não havendo assim que se apurar fatos sobre os quais não pende qualquer controvérsia, dispensando-se a prova naquilo que haja concordância, conforme estabelece o artigo 374, inciso III do NCPC: Art. 374. Não dependem de prova os fatos: I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III - admitidos no processo como incontroversos; IV - em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Ante o exposto, não há que se falar em realização de prova testemunhal, estando devidamente comprovado aos autos a validade da cláusula de exclusividade, bem como a realização da compra de produtos de terceiros por parte da requerida, com base nos documentos acostados na inicia (cópia do contrato e os e-mails), dispensando-se, portanto, o ato, tornando-se válida a referida cláusula inserida no contrato. No entanto para análise dos demais pedidos feitos a inicial, qual seja: condenação da requerida na obrigação de fazer, bem como condenação pelos danos materiais, decorrentes da aquisição de produtos de terceiros nos meses de fevereiro e março, torna-se necessário a realização da prova pericial para que seja esclarecido qual era o prazo adequado para recebimento dos produtos, tendo em vista a alegação feita pela parte contrária de que teria deixado de comprar os produtos da empresa Sol porque esta não conseguiu fornecê-los no prazo necessário, ou seja, trata-se de fato modificativo do direito do autor, tornando-se assim necessário a realização da perícia. Dessa forma, defiro a realização de prova pericial, a fim de que se esclareça qual seria o prazo adequado para recebimento dos produtos, considerando tratar-se de fato que possuí o condão de modificar ou até mesmo excluir a pretensão feita pelo autor na sua inicial. Entretanto, indefiro o pedido feito de redistribuição do ônus da prova, pois trata-se de fato modificativo do direito do autor, cabendo, portanto, ao réu comprovar o alegado, conforme disciplina o art. 373 do NCPC: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ante o exposto, proceda a Secretaria à intimação, por via eletrônica, de perito cadastrado no banco de dados desse cartório, a fim de que, no prazo de 5 (cinco) dias, apresente estimativa dos honorários periciais definitivos de forma discriminada e justificada, nos termos do artigo 10 da Lei 9.289, de 04/07/1996. Cumprido integralmente o item acima, concedo às partes prazo sucessivo de 20(vinte) dias, sendo os 10 (dez) primeiros à requerida, para manifestação sobre os honorários estimados pelo perito, indicação de assistentes técnicos e, ainda, a apresentação de quesitos. Passado o prazo, com ou sem manifestação, retornem-me conclusos. Referências bibliográficas TALAMINI, Eduardo. Saneamento e organização do processo no CPC/15. Disponível em: https://migalhas.uol.com.br/depeso/235256/saneamento-e-organizacao-do-processo-no-cpc- 15. Acesso em: 01 de fevereiro de 2021. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil / Daniel Amorim Assumpção Neves. – 5. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2013. DUARTE, Zulmar. Ônus da Impugnação Específica: dúvida razoável no Novo CPC. Disponível em: http://genjuridico.com.br/2016/04/26/onus-da-impugnacao-especifica-duvida-razoavel-no- novo-cpc. Acesso em: 01 de Fevereiro de 2021. https://migalhas.uol.com.br/depeso/235256/saneamento-e-organizacao-do-processo-no-cpc-15 https://migalhas.uol.com.br/depeso/235256/saneamento-e-organizacao-do-processo-no-cpc-15 http://genjuridico.com.br/2016/04/26/onus-da-impugnacao-especifica-duvida-razoavel-no-novo-cpc http://genjuridico.com.br/2016/04/26/onus-da-impugnacao-especifica-duvida-razoavel-no-novo-cpc