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Morfofisiologia da mama

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Alice Bastos 
Morfofisiologia da mama 
Anatomia 
A mama é uma estrutura glandular par; 
Situada na parede anterior do tórax, anteriormente aos 
músculos peitoral maior e serrátil anterior; 
 A mama é ligada a eles por uma camada de 
fáscia composta por tecido conjuntivo denso 
irregular; 
Cada mama é uma projeção hemisférica de tamanho 
variável; 
Papila mamária (mamilo): é uma projeção pigmentada 
presente em cada mama; 
 Tem uma série de aberturas pouco espaçadas 
de ductos chamados ductos lactíferos, dos 
quais emergem leite; 
Aréola da mama: é a área circular da pele pigmentada 
ao redor do mamilo; 
 Diâmetro pode variar (15-25 mm); 
 Possui coloração mais escura do que a pele 
vizinha; 
 Tem aspectos áspero, porque contém 
glândulas sebáceas modificadas (tubérculos 
areolares); 
 Essas glândulas secretam material que 
lubrifica e protege a papila durante a 
amamentação; 
Ligamentos suspensores da mama: são faixas de 
tecido conjuntivo que correm entre a pele e a fáscia e 
apoiam a mama; 
Glândula mamária: é uma glândula sudorífera 
modificada que produz leite; 
 Existe uma em cada mama; 
 Consiste em 15 a 20 lobos, ou 
compartimentos, separados por uma 
quantidade variável de tecido adiposo; 
Em cada lobo existem vários compartimentos menores 
chamados lóbulo; 
 Cada lóbulo é composto por alvéolos 
(agrupamento de glândulas secretoras de 
leite); 
 O número de alvéolos pode variar de 
10 a 100; 
Quando o leite está sendo produzido, ele passa dos 
alvéolos por vários túbulos secundários e, em seguida, 
para os ductos mamários; 
Próximo do mamilo, os ductos mamários se expandem 
discretamente para formar seios chamados seios 
lactíferos, onde um pouco de leite pode ser 
armazenado antes de ser drenado para um ducto 
lactífero; 
 Cada ducto lactífero normalmente transporta 
leite de um dos lobos para o exterior. 
 
 Vascularização da mama: 
A vascularização da mama vem de três fontes 
principais: 
 Ramos da artéria axilar: artérias torácica 
superior, toracoacromial, torácica lateral e 
subescapular; 
 Suprem a parte lateral da mama; 
 Ramos da artéria torácica interna; 
 Suprem a parte medial da mama, junto 
com as artérias mamárias mediais; 
 Ramos perfurantes da segunda, terceira e 
quarta artérias intercostais posteriores; 
 Contribuem com a vascularização de 
todo o seio. 
 
Alice Bastos 
 
 Drenagem venosa da mama: 
A drenagem venosa mamária é realizada pelas veias 
axilares, torácicas internas e intercostais. 
 Inervação da mama: 
É proveniente dos: 
 Nervos simpáticos que chegam à glândula com 
as artérias que a vascularizam; 
 Ramos cutâneos e laterais do terceiro ao sexto 
nervos intercostais; 
 Ramos supraclaviculares do plexo cervical; 
 Inervam a região superior das mamas; 
 Ramos torácicos do plexo braquial; 
 Inervam a região inferior mamária. 
Histologia 
A estrutura histológica das glândulas mamárias varia 
de acordo com a idade e o estado fisiológico. 
Durante a puberdade e na mulher adulta 
O aumento das mamas durante a puberdade resulta do 
acúmulo de tecido adiposo e conjuntivo, além de certo 
crescimento e ramificação dos ductos galactóforos 
(lactíferos); 
Na mulher adulta, o lóbulo desenvolve-se a partir das 
extremidades dos menores ductos; 
Cada lóbulo é imerso em tecido conjuntivo intralobular 
frouxo e muito celularizado; 
 O tecido conjuntivo interlobular que separa os 
lóbulos é mais denso e menos celularizado; 
As aberturas externas dos ductos galactótrofos são 
revestidas por epitélio estratificado pavimentoso; 
 Esse epitélio bruscamente se transforma em 
estratificado colunar ou cuboide nos ductos 
galactóforos; 
O revestimento dos ductos galactótrofos e ductos 
interlobulares terminais é formado por epitélio simples 
cuboide, envolvido por células mioepiteliais; 
O tecido conjuntivo que cerca os alvéolos contém 
muitos linfócitos e plasmócitos; 
 A população de plasmócitos aumenta 
significativamente no fim da gravidez, pois, são 
responsáveis pela secreção de 
imunoglobulinas (IgA secretora), que conferem 
imunidade passiva ao recém-nascido; 
O mamilo é coberto externamente por epitélio 
estratificado pavimentoso queratinizado contínuo com 
o da pele adjacente (aréola); 
 O epitélio do mamilo repousa sobre uma 
camada de tecido conjuntivo rico em fibras 
musculares lisas; 
 Essas fibras estão dispostas circularmente ao 
redor dos ductos galactótrofos mais profundos 
e paralelamente a eles quando estes entram 
no mamilo; 
 O mamilo é provido de abundantes 
terminações nervosas sensoriais, importantes 
para produzir o reflexo da ejeção do leite pela 
secreção de ocitocina. 
Durante a gravidez e lactação 
Durante esse período ocorre o desenvolvimento de 
alvéolos nas extremidades dos ductos interlobulares 
terminais; 
 Esses alvéolos são conjuntos esféricos ou 
arredondados de células epiteliais que são as 
estruturas ativamente secretoras de leite na 
lactação; 
 Quatro a seis células mioepiteliais de forma 
estrelada envolvem cada alvéolo; elas se 
localizam entre as células epiteliais alveolares 
e a lâmina basal do epitélio; 
Durante a lactação a quantidade de tecido conjuntivo 
e adiposo diminui consideravelmente em relação ao 
parênquima; 
Algumas gotículas de gordura e vacúolos secretores 
limitados por membrana contendo vários agregados de 
proteínas de leite são encontrados no citoplasma 
apical das células alveolares no fim da gestação; 
Na lactação as células secretoras se tornam cuboides 
pequenas e baixas, e o seu citoplasma contém 
gotículas esféricas de vários tamanhos que contêm 
triglicerídeos principalmente neutros; 
 Além das gotículas de lipídios há, na porção 
apical das células secretoras, um número 
grande de vacúolos limitados por membrana 
que contêm caseínas e outras proteínas do 
leite, que incluem lactalbumina e IgA. 
Alice Bastos 
Regressão pós-lactacional e involução senil das 
glândulas mamárias 
Quando cessa a amamentação (desmame), a maioria 
dos alvéolos desenvolvidos durante a gravidez sofre 
degeneração por apoptose; 
Depois da menopausa, ocorre a involução das 
glândulas mamárias em consequência da diminuição 
da produção regular de hormônios sexuais. A involução 
é caracterizada por redução em tamanho e atrofia das 
porções secretoras e, até certo ponto, dos ductos. 
 
Fisiologia 
A fisiologia da lactação está intimamente relacionada 
com a esfera neuroendócrina e pode ser dividida em 
três processos: 
 Mamogênese (o desenvolvimento da glândula 
mamária); 
 Lactogênese (o início da lactação); 
 Lactopoese (a manutenção da lactação). 
Mamogênese 
A mamogênese corresponde ao desenvolvimento da 
glândula mamária; 
É um processo que inicia-se com a puberdade e 
termina com o climatério ou com a castração, com 
acelerado crescimento durante a gravidez; 
Na menacma (período de atividade menstrual na 
mulher), os esteroides sexuais ovarianos exercem, por 
meio dos estrogênios, efeitos proliferativos nos canais 
mamários, enquanto a progesterona, em atuação 
conjunta com aqueles, é responsável pelo crescimento 
e pela expansão dos ácinos; 
 A diferenciação completa do tecido funcional 
da mama também requer a participação de 
diversos outros hormônios que constituem o 
complexo lactogênico: prolactina (PRL), 
hormônio do crescimento humano (hGH), 
cortisol e, secundariamente, tireoxina e 
insulina. 
 
 Gestação: 
Com a produção acentuada de estrogênios e de 
progesterona, acentua-se o crescimento das estruturas 
glandulares mamárias; 
Os ductos lactíferos proliferam a partir da terceira 
semana de gravidez, levando ao aumento de tecido 
glandular, consideravelmente maior em relação ao 
tecido gorduroso e conjuntivo; 
Os altos níveis de estrógenos placentários 
desencadeiam proliferação celular, em especial das 
estruturas ductais, que não só aumentam em 
quantidade, como desenvolvem o lúmenem 
canalículos que não existiam previamente; 
 Outros hormônios que participam da atividade 
mitótica dessas células são o hormônio do 
crescimento e a insulina; 
A progesterona, por sua vez, é responsável pela 
diferenciação das células terminais dos dúctulos em 
células acinosas (alvéolos); 
 A prolactina torna essas células acinosas 
diferenciadas em células maduras, capazes de 
produzir os diferentes componentes do leite; 
Esses fenômenos acentuam-se no segundo trimestre 
com o aumento da produção de prolactina, que 
estimular os processos secretórios dos alvéolos 
mamários; 
 Nesse momento, as mamas já possuem 
capacidade plena de funcionamento; 
 Essa elevação dos níveis de prolactina tem 
relação com: 
 Menor produção de dopamina 
hipotalâmica, o fator inibidor da 
prolactina (PIF); 
 Hiperplasia e hipertrofia das células 
lactóforas situadas na adeno-hipófise; 
No terceiro trimestre, observam-se a redução dos 
componentes extraglandulares e o desenvolvimento 
ainda mais pronunciado das unidades lóbulo-acinosas; 
 Nesse momento, as mamas atingem 
capacidade máxima de produção e de secreção 
de proteínas, lactose e lípídes, além de 
atividade exponencial de determinadas 
enzimas como a galactosiltransferase e a 
lactose sintetase. 
Lactogênese 
A lactogênese é considerada o início da produção 
láctea; 
É um processo que não ocorre na gravidez em razão do 
efeito do estrógeno, da progesterona (principal) e do 
Alice Bastos 
hormônio lactogênico placentário, que impedem a 
atuação da prolactina nos seus receptores nas células 
mamárias (alveolares); 
Após o parto, com o declínio acentuado dos esteroides 
ovarianos placentários, desaparecem os efeitos 
inibidores sobre os receptores de prolactina (principal 
hormônio da lactogênese); 
A prolactina produz uma série de efeitos nas células 
alveolares: 
 Diferenciação celular da fase pré-secretória 
para a fase secretória; 
 Estímulo da síntese de RNA para produção de 
proteínas específicas do leite (caseína, 
lactoalbumina-α); 
 O aumento da lactalbumina-α 
estimula a secreção de lactose láctea; 
 Indução de enzimas catalisadoras 
(galactosiltransferase e lactose sintetase); 
Durante os primeiros 2 dias pós-parto há poucas 
transformações nas mamas; 
 É possível observar apenas secreção de 
colostro; 
 Substância amarelada já existente na 
gravidez, com grande concentração de 
proteínas, anticorpos e células tímicas, 
que ajudam a imunizar o bebê contra 
infecções, particularmente as 
gastrintestinais; 
A prolactina exerce seus efeitos na mama, modificando 
a secreção de colostro para leite propriamente dito no 
período de aproximadamente 72 horas; 
 Esse fenômeno também é conhecido como 
apojadura ou “descida” do leite e coincide com 
o ingurgitamento mamário típico desse 
período; 
 É um fenômeno que indica a mudança 
da regulação hormonal da lactação, 
deixando de ser endócrina para se 
tornar autócrina; 
Como consequência dos efeitos da prolactina, ocorre 
aumento na consistência das mamas, que se tornam 
pesadas, congestas e dolorosas, levando algumas 
pacientes a relatar a sensação de parestesia 
(formigamento); 
O aumento do fluxo sanguíneo local e a intensificação 
dos fenômenos secretórios também produzem calor na 
região, que pode ser confundido com elevação térmica 
patológica (febre do leite); 
A produção láctea adequada pressupõe que a glândula 
mamária esteja plenamente desenvolvida, sendo 
relevante a contribuição de outros hormônios, como 
insulina, corticoide, tireoxina; 
A progesterona, o estrogênio e o lactogênio 
placentário humano (hPL), assim como a prolactina, o 
cortisol, a tireoxina e a insulina, agem em conjunto 
para estimular o crescimento e o desenvolvimento do 
aparelho lácteo-secretor da glândula mamária. 
Lactopoese 
A lactopoese relaciona-se com o conjunto de eventos 
que visa à manutenção da produção e da ejeção do 
leite; 
A produção e ejeção do leite é mantida pela existência 
do reflexo neuroendócrino da sucção do mamilo pelo 
lactente, que age no eixo hipotalâmico-hipofisário; 
 A sucção estimula as terminações nervosas 
livres no complexo areolopapilar; 
 O estímulo das terminações nervosas leva 
informações pelas vias aferentes torácicas (de 
T4 a T6), com liberação de ocitocina pela 
hipófise posterior e prolactina (há aumento 
dos níveis de 6 a 9 vezes) pela hipófise anterior. 
 
 Manutenção da produção: 
A prolactina é essencial para a lactação; 
 Ela mantém a secreção láctea (proteínas, 
caseína, ácidos graxos, lactose); 
 Embora, após o parto, a prolactina plasmática 
caia a níveis inferiores aos da gravidez, cada 
Alice Bastos 
ato de sucção do mamilo estimula a sua 
produção; 
Durante a sucção das mamas pelo recém-nascido, o 
estímulo dos nervos torácicos provoca a redução do 
fator inibidor da prolactina, permitindo a secreção de 
prolactina; 
 A liberação desse fator está relacionada ao 
eixo neuroendócrino e, portanto, sujeita a 
modificações dependentes de estímulo 
emocional exógeno; 
O pico de secreção de prolactina relaciona-se com o 
intervalo entre o parto e a primeira mamada; 
 Assim, quanto maior for o intervalo entre o 
parto e a primeira sucção das mamas pelo 
recém-nascido, menores serão o pico inicial e 
a secreção basal de prolactina, com menor 
produção láctea; 
 Orienta-se, dessa forma, que a primeira pega 
não exceda 40 minutos do parto; 
O pico da secreção de prolactina, assim como a 
intensidade e duração da lactação também estão 
relacionadas com a frequência das mamadas 
consecutivas; 
 A solicitação repetida do mamilo, com o 
esvaziamento continuado dos ácinos, resulta 
em intensificação da produção de leite; 
 Por isso, orienta-se que a frequência mínima 
seja por volta de 7 a 8 mamadas por dia; 
 Preconiza-se a amamentação de livre 
demanda, e variações individuais são 
possíveis sem maiores prejuízos; 
 O aumento dos intervalos entre as mamadas 
ou a sucção ineficiente acarreta estase láctea e 
redução do fluxo vascular local; 
 Esse fenômeno gera alterações 
celulares com destruição de tecido 
mamário e substituição por tecido 
conjuntivo e gordura; 
O leite é produzido no intervalo das mamadas, de 
modo a ficar armazenado na glândula mamária; 
 A síntese do leite é um processo lento e não 
poderia completar-se no decurso da 
amamentação, um episódio fisiológico 
relativamente rápido. 
 
 
 
 Manutenção da ejeção do leite: 
A ejeção do leite é realizada pelo estímulo da ocitocina 
nas células mioepiteliais que circundam os alvéolos 
mamários e se contraem causando a excreção láctea; 
 A ocitocina também age nas células da 
musculatura lisa areolar, promovendo 
compressão do seio lactóforo e ereção da 
papila, eventos que colaboram para o 
mecanismo de ejeção do leite; 
 Além desses, os efeitos da ocitocina em outros 
órgãos podem ser observados durante o 
aleitamento, como as contrações uterinas que 
contribuem para a involução do útero; 
O reflexo de ejeção do leite é mais suscetível a 
influências de fatores psicoemocionais e ambientais; 
 Assim, situações de desconforto, vergonha, 
ansiedade e dor provocam inibição imediata 
desse reflexo, reduzindo a quantidade de leite 
expelida. 
Referências 
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Aparelho Reprodutor 
Feminino. In: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. 
Histologia básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2013. p. 427-446. 
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Sistemas Genitais. In: 
TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de 
anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogaan, 2016. p. 1421-1483. 
YOSHIZAKI, C. T. et al. Amamentação. In: ZUGAIB, M.; 
FRANCISCO, R. P. V. Zugaib obstetrícia. 3. ed. Barueri, 
SP: Manole, 2016. p. 487-519.

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