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Letícia Andréa 105 – 3O Infamação: a resposta protetora que envolve células do hospedeiro, vasos sanguíneos, proteínas e outros mediadores e destinada a eliminar a causa inicial da lesão celular, bem como as células e tecidos necróticos que resultam da lesão original e iniciar o processo de reparo. Inflamare = pegar fogo Flogose = Phlogos = pegar fogo A inflamação dilui, destrói e neutraliza agentes nocivos Sem infecção, as infecções iriam prosseguir sem controle A inflamação faz parte das respostas do sistema imune A reação inflamatória e o processo subsequente de reparo podem, contudo, causar danos consideráveis A lesão pode coexistir com a inflamação normal e benéfica, podendo se tornar característica importante se a reação for muito forte, prolongada ou inapropriada A inflamação traz moléculas e células de defesa para a região de infecção ou lesão tecidual Células vasculares e proteínas da MEC estão envolvidas nesse processo A inflamação pode ser aguda ou crônica Aguda: início rápido e de curta duração, com exsudação de líquido e proteínas plasmáticas, e com acúmulo principalmente de neutrófilos Crônica: insidiosa (são mostra sintoma após evolução) e de longa duração, com influxo de linfócitos e macrófagos com proliferação vascular associada e fibrose A inflamação é induzida por mediadores químicos produzidos pelas células do hospedeiro em resposta a um estímulo nocivo Quando há a invasão estranha, esta é percebida por células residentes, como macrófagos, células dendríticas e mastócitos Ocorre secreção de moléculas – citocinas – para regular respostas inflamatórias Há também proteínas plasmáticas que reagem com os patógenos Mediadores agem nos pequenos vasos promovendo a saída do plasma e recrutamento de linfócitos circulantes Os leucócitos recrutados são ativados e tentam remover o agente lesivo, por fagocitose Um efeito colateral lamentável da ativação dos leucócitos pode ser a lesão a tecidos normais do hospedeiro A inflamação é normalmente controlada e autolimitada As células e mediadores são ativados em resposta à lesão e são degradados ou inativos com o agente eliminado São ativados agentes anti-inflamatórios Se o agente nocivo não for rapidamente eliminado, o resultado pode ser a inflamação crônico – patológico SINAIS CARDEAIS Calor: aumento do fluxo sanguíneo e metabolismo elevado Rubor: extravasamento do fluido e vasodilatação Letícia Andréa 105 – 3O Tumor: vasodilatação, extravasamento de fluido e influxocelular Dor: liberação de mediadores químicos, extravasamento do fluxo e influxo celular Perda da função CAUSAS Agentes Físicos Traumas Variações de temperatura Radiação Agentes Químicos Ácidos e álcalis fortes Gases venenosos Toxinas bacterianas Agentes Biológicos Bactérias Fungos Vírus INFLAMAÇÃO AGUDA Resposta rápida Leva leucócitos e proteínas plasmáticas para o local da lesão Os leucócitos removem os invasores e iniciam o processo de digerir e se livrar dos tecidos necróticos Causa alterações vasculares e eventos celulares Alteração Vascular: alterações do calibre vascular que resultam em aumento do fluxo sanguíneo (vasodilatação) e alterações nas paredes vasculares que permitem que as proteínas plasmáticas deixem a circulação (aumento da permeabilidade vascular). Além disso, as células endoteliais são ativadas, resultando no aumento de adesão dos leucócitos e sua migração através das paredes dos vasos. Evento Celular: emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo no foco da lesão (recrutamento e ativação celular), tornando-os aptos para eliminar o agente agressor. Os principais leucócitos na inflamação aguda são os neutrófilos (leucócitos polimorfonucleares). Estímulos A infecção: por bactérias, fungos e vírus, a mais comum Traumas: por agentes físicos e químicos que lesam as células do hospedeiro e induzem a reação Necrose tecidual: isquemia e lesão química ou física Corpos estranhos: farpas, poeira, suturas e depósitos de cristais Reações imunológicas: reações de hipersensibilidade, contra substâncias ambientais ou contra os próprios tecidos. Letícia Andréa 105 – 3O Reconhecimento Os fagócitos, células dendríticas e muitas outras células, como células epiteliais, expressam receptores designados a sentir a presença de patógenos infecciosos e substâncias liberadas das células mortas Esses receptores são os “receptores- padrão de reconhecimento” Reconhecem padrões moleculares comuns em células mortas e microrganismos Os mais importantes são os receptores do tipo Troll (TLRs) e o inflamossomo TLRs: existem 10 tipos diferentes, está na membrana plasmática dos endossomos e detecta microrganismos intra e extracelular. O reconhecimento por esses receptores ativa fatores de transcrição que estimulam a produção de uma série de proteínas de membrana e secretadas. Inflamossomo: complexo citoplasmático multiproteico que reconhece produtos das células mortas, como ácido úrico e ATP extracelular, bem como cristais e alguns produtos microbianos. Ativa enzima caspase que cliva precursoras da citocina inflamatória interleucina 1b(IL-1b) em sua forma biologicamente ativa. O IL-1 recruta leucócitos que fagocitam e destroem células mortas. Alterações Vasculares O que é: Aumento do fluxo sanguíneo resultante da vasodilatação e o aumento da permeabilidade vascular, ambos destinados a trazer células sanguíneas e proteínas para os sítios de infecção ou lesão. ** alteração no fluxo e calibre vascular ** Inicia após lesão ou infecção, desenvolve-se em velocidade variável Ocorre por segundos a vasoconstrição transitória Depois a vasodilatação das arteríolas, resultando em aumento do fluxo sanguíneo e abertura dos leitos capilares –eritema e calor Há extravasamento do líquido rico em proteínas para dentro dos tecidos extravasculares – concentração de hemácias, aumento da viscosidade de menor velocidade de circulação Estase: a presença de numerosos pequenos vasos dilatados, repleto de hemácias, microscopicamente Marginação: acúmulo de leucócitos (neutrófilos) na superfície endotelial vascular ** aumento da permeabilidade vascular ** Saída de líquido rico em proteínas e células sanguíneas para os tecidos extravasculares Aumento da pressão osmótica do líquido intersticial – maior efluxo de sangue para tecidos Há o acúmulo de líquido rico em proteínas, denominado de exsudato Transudato é o acúmulo de liquido intersticial,causado pelo aumento da pressão osmótica, com redução do retorno venoso O acúmulo de líquido nos espaços extravasculares é chamado de edema Letícia Andréa 105 – 3O O líquido pode ser transudato ou exsudato – exsudato é típico da inflamação e transudato se acumula em várias condições não inflamatórias Contração da célula endotelial, formando lacunas intercelulares nas vênulas pós-capilares – ocorre após liberação de histamina, bradicinina, leucotrienos que causa alteração mais lenta, alteração mais lenta pelo TNF e IL-1 A lesão endotelial resultando em extravasamento vascular, causando necrose e desprendimento da célula endotelial – pode ocorrer por horas Aumento da transcitose de proteínas através de canais formados pela fusão de vesículas intracelulares aumenta a permeabilidade das vênulas através do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) Extravasamento de novos vasos sanguíneos, que envolve angiogênese, que os vasos permanecem permeáveis até que as células endoteliais em proliferação se diferenciem suficientemente para formar junções intercelulares Os mecanismos podem agir separadamente ou juntos ** vasos linfáticos ** Aumenta seu fluxo e drena o fluido do edema, dos leucócitos e restos celulares do espaço extravascular Podem transportar agentes lesivos Pode ocorrer a inflamação secundária dos vasos (linfangite) ou de linfonodos (linfadenite) Linfonodos inflamados estão com folículos linfoides hiperplásicos e aumento de linfócitos e cel. fagocíticas que revestem seios dos linfonodos – linfadenite reativa ou inflamatória Eventos Celulares Transporta o leucócito ao local da lesão e o ativa Os leucócitos ingerem agentes ofensivos, destroem bactérias e outros micróbios, e eliminam os tecidos necróticos e substâncias estranhas Podem induzir lesão tecidual e prolongar a inflamação Os mecanismos de defesa do hospedeiro incluem vigilância e equilíbrio que assegurem que os leucócitos sejam recrutados e ativados apenas quando necessário O recrutamento ocorre através de: marginação e rolagem, aderência firme ao endotélio, transmigração entre as células endoteliais e migração para os tecidos intersticiais A rolagem, a aderência e a transmigração são mediadas pela interação das moléculas de adesão nas superfícies dos leucócitos e do endotélio Os mediadores químicos afetam esses processos, modulando a expressão ou a avidez das moléculas de adesão e estimulando a movimentação direcional dos leucócitos ** marginalização e rolamento ** As células circulantes são deslizadas pelo fluxo laminar contra a parede do vaso Os leucócitos são empurrados para a margem e possibilita uma melhor interação com as células endoteliais, principalmente quando ocorre a estase Acumulo de leucócitos na periferia do vaso é a marginalização Se as células endoteliais são ativadas por citocinas e outros mediadores produzidos localmente, elas expressam moléculas de adesão às quais os leucócitos aderem firmemente Letícia Andréa 105 – 3O Os leucócitos destacam-se e rolam na superfície endotelial, aderindo transitoriamente, em um processo chamado de rolamento A adesão rápida e transitória ocorre através de selectinas ** adesão ** Mediada pelas integrinas expressas nas superfícies celulares dos leucócitos e que interagem com seus ligantes nas células endoteliais As quimiocinas são quimioatraentes secretados por várias células nos locais de inflamação e estão expressas na superfície do endotélio Os leucócitos aderentes encontram as quimiocinas, há ativação e suas integrinas sofrem mudanças conformacionais, agrupam-se e convertem-se a um estado de alta afinidade Citocinas como TNF e IL-1 ativam as células endoteliais para aumentar sua expressão de ligantes para integrinas Por exemplo: o ligante ICAM-1 liga-se com a integrina LFA-1 e antígeno macrófago 1 ** transmigração ** Os leucócitos migram pela parede do vaso, espremendo-se entre as células ao nível das junções intercelulares – diapedese A diapedese ocorre principalmente nas vênulas da circulação sistêmica A migração dos leucócitos é orientada pelas quimiocinas, produzidas nos tecidos extravasculares PECAM-1 medeialigações importantes para a passagem dessas células pelo endotélio Após passar pelo endotélio, os leucócitos secretam colagenases que degradam focalmente a membrana basal dos vasos para os atravessar ** quimiotaxia ** Migração em direção ao local da lesão ou infecção, ao longo de um gradiente químico Substâncias exógenas e endógenas medeiam esse processo Produtos bacterianos, particularmente os peptídeos com terminal N-formil- metionil Citocinas, especialmente as pertencentes à família das quimiocinas Componentes do sistema complemento, em particular o C5 Produtos da via da lipoxigenase do metabolismo do ácido araquidônico (AA), particularmente o leucotrieno B4 (LTB4) A entrada dos leucócitos resulta da combinação de vários mediadores As moléculas quimiotáticas se ligam a receptores específicos na superfície celular que gera a contração do citoesqueleto, gerando sua movimentação Os leucócitos projetam pseudópodes que ancoram na MEC e puxa a célula pela projeção A direção desse movimento é especificada pela alta densidade de receptores de quimiocina na margem dianteira da célula O tipo de leucócito emigrante varia com o tempo da resposta inflamatória e com o tipo de estímulo Os neutrófilos estão em maior quantidade no sangue e respondem mais rápido ao estímulo, mas são de vida mais curta, já os monócitos sobrevivem mais tempo ** fagocitose ** Os leucócitos expressam em suas superfícies diferentes classes de receptores que percebem a presença de micróbios, células mortas e substâncias estranhas O engajamento dos receptores induz respostas nos leucócitos que atuam sua função defesa que é ativação leucocitária Consiste em três etapas: reconhecimento e fixação da partícula ao linfócito fagocítico, engolfamento e destruição e degradação do material ingerido Letícia Andréa 105 – 3O Há a ligação e ingestão dos patógenos através das opsoninas que revestem os micróbios e os tornam alvos para a fagocitose As principais opsoninas são os anticorpos da classe imunoglobulina G (IgG) que se ligam às superfícies do antígeno microbiano Há também colectinas que são os produtos de degradação do C3 e as lectinas, ligam-se a açúcares na parede celular dos microrganismos Leucócitos expressam receptores para opsoninas que facilitam a rápida fagocitose dos micróbios revestidos – Fc para IgG (chamado FcgRI), receptores para os fragmentos 1 e 3 do complemento (CR1 e CR3) e receptores de C1q para as colectinas Isso desencadeia o engolfamento e degradação dos microrganismos No engolfamento, pseudópodes se estendem em torno do objeto, formando um vacúolo fagocítico A membrana do vacúolo se funde com a membrana de um grânulo lisossômico e libera conteúdo do grânulo dentro do fagolisossoma ** destruição intracelular ** Ocorre destruição e a degradação das partículas ingeridas Produção de substâncias microbicidas dentro dos lisossomas e fusão dos lisossomas e fagossomas, expondo seletivamente as partículas aos mecanismos destruidores Os microbicidas mais importantes são as espécies reativas do oxigênio (ERO) e as enzimas lisossômicas Vários outros componentes dos grânulos dos leucócitos são capazes de destruir patógenos infecciosos – lisozima, proteína básica principal e a defensina ** liberam de substâncias ** Os leucócitos secretam componentes granulares – elastase e peptídeos antimicrobicidas Os conteúdos dos grânulos lisossômicos são secretados pelos leucócitos para o meio extracelular por vários mecanismos O vacúolo fagocítico pode permanecertransitoriamente aberto para fora antes do fechamento completo do fagolisossoma Quando há o encontro de materiais difíceis de ingestão, existe a liberação de enzimas lisossômicas no espaço extracelular Amembrana do fagolisossoma pode serlesada se substâncias potencialmente nocivas, como partículas de sílica, forem fagocitadas ** produção de mediadores ** Armadilhas extracelulares dos neutrófilos (NETs) Redes fibrilares extracelulares, produzidas pelos neutrófilos em resposta a patógenos infecciosos e mediadores inflamatórios As NETs contêm uma trama de cromatina nuclear preenchida com proteínas granulares, como peptídeos antimicrobicidas e enzimas Alta concentração de substâncias antimicrobicidas nos locais da infecção e impedem a disseminação dos micróbios prendendo-os nas fibrilas Tem sido postulado que a cromatina nuclear nas NETs, que inclui histonas e DNA associado, sejam uma fonte de antígenos nuclearesnas doenças sistêmicas autoimunes Letícia Andréa 105 – 3O Resultados da Inflamação Aguda Regeneração e reparo – quando a lesão é limitada ou breve, onde há pouca ou nenhuma destruição tecidual e quando o tecido é capaz de se regenerar, o resultado normal é a restauração a uma normalidade estrutural e funcional Inflamação crônica – pode suceder a inflamação aguda se o agente nocivo não é removido Cicatrização – reparo que ocorre após destruição tecidual substancial (como na formação de abscesso) ou quando a inflamação atinge tecidos que não se regeneram e são substituídos por tecido conjuntivo Padrões Morfológicos A importância de reconhecer esses padrões morfológicos é que eles estão sempre associados com diferentes estímulos iniciadores e situações clínicas Inflamação serosa: extravasamento de fluido aquoso, pobre em proteína que se origina do soro sanguíneo ou das secreções de células mesoteliais das cavidades peritoneal, pleural e pericárdica – bolha cutânea resultante de uma queimadura ou infecção viral Inflamação fibrinosa: lesões mais graves, maior permeabilidade vascular que permite a moléculas grandes atravessem a barreira endotelial, um exsudato fibrinoso é característico de inflamação no revestimento de cavidades corporais Inflamação supurativa: presença de grande quantidade de exsudato purulento, os abscessos são coleções localizadas de pus que podem ser causadas por organismos piogênicos contidos dentro de um tecido ou por infecções secundárias de focos necróticos Úlcera: defeito local ou escavação da superfície de um órgão ou tecido que é produzida por necrose das células e desprendimento (esfacelamento) do tecido inflamatório necrótico. Encontra-se na necrose inflamatória de mucosas e tecido necrótico e inflamação subcutânea. INFLAMAÇÃO CRÔNICA Inflamação de duração prolongada (semanas a meses ou anos) na qual inflamação ativa, destruição tecidual e reparação por fibrose ocorrem simultaneamente Caracteriza-se por um conjunto de alterações Infiltração de células mononucleares, incluindo macrófagos, linfócitos e plasmócitos Destruição tecidual, francamente induzida pelos produtos das células inflamatórias Reparo, envolvendo proliferação de novos vasos (angiogênese) e fibrose Origina-se em infecções persistentes, doenças inflamatórias imunomediadas e exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos Pode ser importante na patogenia de doenças que não são convencionalmente classificadas como distúrbios inflamatórios – distúrbios e algumas formas de câncer Podem ser suscitadas pelo reconhecimento do estímulo inicial pelos inflamossomas Letícia Andréa 105 – 3O Células Envolvidas Macrófago: são dominantes na inflamação crônica, estão difusamente dispersos em muitos tecidos conjuntivos e são encontrados também em órgãos como o fígado, baço e infonodos, SNC e pulmões. Em conjunto, essas células constituem o sistema de fagócitos mononucleares e são ativados por diversos estímulos para realizarem uma gama de funções. Linfócito: mobilizados sob a manifestação de qualquer estímulo imune específico e são os principais orientadores da inflamação em muitas doenças autoimunes e inflamatórias crônicas. A ativação de linfócitos B e T é parte da resposta imune adaptativa em infecções e doenças imunológicas. Eosinófilo: são encontrados caracteristicamente nos locais inflamatórios em torno de infecções parasitárias ou como parte de reações imunes mediadas por IgE, tipicamente associadas com as alergias. Mastócito: são células sentinelas amplamente distribuídas nos tecidos conjuntivos por todo o corpo, que podem participar das respostas inflamatórias agudas e crônicas. Indivíduos propensos a alergias, estão armados com o anticorpo IgE, sendo induzidos a liberar histamina e metabólitos do AA que suscitam as alterações vasculares iniciais da inflamação aguda. Obs: embora a presença de neutrófilos seja a marca clássica da inflamação aguda, muitas formas de inflamação crônica podem continuar a mostrar extensos infiltrados neutrofílicos. Infecções Granulomatosas É um padrão distintivo de inflamação crônica, caracterizada por agregados de macrófagos ativados com linfócitos esparsos Os granulomas são encontrados em certos estados patológicos específicos Forma-se de três formas: Respostas persistentes de células T a certos microrganismos, nos quais as citocinas derivadas de célula T são responsáveis pela ativação crônica do macrófago Doenças inflamatórias imunomediadas Doença de etiologia desconhecida chamada sarcoidose, e podem se desenvolver em resposta a corpos estranhos relativamente inertes A formação de um granuloma “encerra” o agente ofensor e, portanto, é um mecanismo útil de defesa Entretanto, a formação do granuloma nem sempre leva à eliminação do agente causal MEDIADORES QUÍMICOS Os mediadores podem ser produzidos pelas células no local da inflamação ou circular no plasma, como precursores inativos que são ativados no local da inflamação A maioria dos mediadores induz seus efeitos através da ligação a receptores específicos nas células-alvo As ações da maioria dos mediadores são estreitamente reguladas e de curta duração Letícia Andréa 105 – 3O Mediador Fontes(s) Principais Ações Derivados de Células Histamina Mastócitos, basófilos, plaquetas Vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, ativação endotelia Serotonina Plaquetas Vasoconstrição Prostaglandinas Mastócitos, leucócitos Vasodilatação, dor, febre Leucotrienos Mastócitos, leucócitos Aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia, adesão e ativação de leucócitos Fator ativador plaquetário Leucócitos, mastócitos Vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, aderência de leucócitos, quimiotaxia, desgranulação, explosão oxidativa Espécies reativas do oxigênio Leucócitos Destruição de micróbios, lesão tecidual Óxido Nítrico Endotélio, macrófagos Relaxamento do músculo liso vascular, morte de micróbios Citocinas ( TNF, IL-1, IL-6) Macrófagos, células endoteliais, mastócitos Local: Ativação endotelial (expressão de moléculas de adesão) Sistêmica: febre, anormalidades metabólicas, hipotensão (choque) Quimiocinas Leucócitos, macrófagos ativados Quimiotasxia, ativação de leucócito Derivados de proteínas Plasmáticas Complemento Plasma (produzido no fígado Ativação e quimiotaxia de leucócito, opsonização (MAC), vasodilatação (estimulação de mastócito) Cininas Plasma (produzido no fígado Aumento da permeabilidade vascular, contração do músculo liso, vasodilatação, dor Proteases ativadas durante a coagulação Plasma (produzido no fígado Ativação endotelial, recrutamento de leucócitos FIM DE INFLAMAÇÃO... INÍCIO DE REPARO! Letícia Andréa 105 – 3O Reparo: refere-se à restauração da arquitetura e função do tecido após a lesão. É uma habilidade crítica para a sobrevivência do organismo A resposta inflamatória não serve apenas para eliminar patógenos, mas para iniciar o processo de reparo Pode ser chamado também de cura Pode ocorrer por regeneração ou por formação de cicatriz REGENERAÇÃO Envolve proliferação celular Células restantes do tecido lesado, células endoteliais, novos vasos e fibroblastos A proliferação desses tipos celulares é guiada por proteínas chamadas fatores de crescimento O tamanho normal das populações celulares é determinado por um equilíbrio entre proliferação celular, morte celular por apoptose e diferenciação de novas células a partir de células-tronco A sequência de eventos que controlam esses processos é conhecidacomo ciclo celular A habilidade das células de se dividirem em resposta a esses fatores constituem determinantes importantes na adequação do processo de reparo Ocorre pela replicação de DNA e mitose Tipos de Tecidos Lábeis: está sempre em renovação pela maturação de células-tronco – células hematopoiéticas e epitélios Estáveis: possuem baixa replicação, mas são capazes de proliferar em resposta de lesão ou perda de massa tecidual – fígado, rim e pâncreas Permanentes: células altamente diferenciadas e que não tem proliferação pós-natal – neurônios, células musculares Célula-Tronco Encontram-se em tecidos que apresentam grande divisão e substituição celular São caracterizadas por duas propriedades importantes: capacidade de autorrenovação e replicação assimétrica Há dois tipos: as embrionárias (mais indiferenciadas) e adultas (teciduais) As células-tronco adultas estão envolvidas na homeostasia do tecido Fatores de Crescimento Proteínas que estimulam a sobrevivência e proliferação de várias células Promovem migração, diferenciação e outras respostas celulares Causam crescimento através de receptores específicos Influenciam a expressão de genes cujos produtos possuem várias funções Letícia Andréa 105 – 3O Causam entrada no ciclo celular, atenuam bloqueios na progressão do ciclo celular, impedem a apoptose e aumentam a síntese de proteínas celulares para a mitose Sua principal função é estimular a função dos genes de controle do crescimento, muitos dos quais são chamados de proto-oncogenes Muitos são produzidos por macrófagos e linfócitos que são recrutados no local da lesão ou são ativados no local como parte do processo inflamatório Também podem ser produzidos por células do parênquima ou por células do estroma em resposta a lesão A sinalização pode ocorrer na mesma célula que produz o fator (sinalização autócrina), entre células adjacentes (sinalização parácrina) ou a grandes distâncias (sinalização endócrina) As proteínas receptoras geralmente estão localizadas na superfície celular, mas podem ser intracelulares Três tipos receptores de membrana plasmática: tirosinase-cinase (induz a dimerização e subsequente fosforilação das subunidades do receptor), acoplado a proteína G (provoca ativação de proteínas) e atividade enzimática intrínseca (induz uma alteração da estrutura intracelular) Matriz Celular Interações que auxiliam o reparo A MEC está em constante remodelagem, sua síntese e degradação acompanham a morfogênese e cura de feridas Ocorre como matriz intersticial e membrana basal Serve como: suporte mecânico, controle de proliferação (receptores e integrinas), arcabouço para renovação tecidual e estabelecimento de microambientes teciduais (limite e filtração no rim) Matriz intersticial: presente entre as células do tecido conjuntivo e estruturas de suporte – colágenos fibrilares e não fibrilares, fibronectina, elastina, proteoglicanos e hialuronatos Matriz basal: arranjo organizado ao redor de células epiteliais, situa-se abaixo dos epitélios e é sintetizada pelo epitélio e as células mesenquimais subjacentes – colágeno IV e laminina Componentes: colágeno, elastina, proteoglicanos e hialuronidase, fibronectina, laminina, integrinas FORMAÇÃO DA CICATRIZ Ocorre quando o reparo não pode ocorrer apenas por regeneração Ocorre reparo por substituição de células não regeneradas por tecido conjuntivo Forma-se uma cicatriz por combinação e regeneração celular e formação da cicatriz Processo sequencial de três etapas – angiogênese, migração e proliferação de fibroblastos e maturação e reorganização do tecido fibro O reparo se inicia dentro de 24 horas da lesão O nome tecido de granulação deriva da sua aparência macroscópica Sua aparência histológica é caracterizada pela proliferação de fibroblastos e por novos e delicados capilares de paredes finas Com o tempo, as cicatrizes se remodelam Angiogênese É o processo de desenvolvimento de novos vasos a partir de vasos preexistentes, primariamente vênulas Essencial para curar lesões – desenvolvimento de circulações colaterais em locais de isquemia Letícia Andréa 105 – 3O Envolve o brotamento de novos vasos a partir de vasos preexistentes Ocorre assim: vasodilatação pelo NO e permeabilidade induzida por VEGF → separação dos pericitos da superfície abluminal → migração de células em direção à área da lesão → proliferação de células endoteliais → remodelação em tubos capilares → recrutamento de células periendoteliais → supressão da proliferação → migração endotelial e deposição de membrana basal Fatores de crescimento: VEGF, FGF, Ang 1 e Ang Ativação de Fibroblastos e Deposição de Tecido Conjuntivo Ocorre pela migração e proliferação de fibroblastos para o local da lesão e deposição de proteínas da MEC Fatores de crescimento envolvido: PDGF, FGF-2 e TGF-b Os sítios de inflamação são também ricos em mastócitos Essas células podem secretar citocinas e fatores de crescimento que contribuem para a proliferação e a ativação dos fibroblastos Com a progressão da cura, o número de fibroblastos e vasos proliferando diminui Os fibroblastos assumem um fenótipo mais sintetizador, aumentando a deposição de MEC A síntese do colágeno, em particular, é essencial para o desenvolvimento da resistência no local da cura da ferida Deve-se diminuir a degradação do colágeno, não só sua produção aumentar O tecido de granulação evolui para uma cicatriz composta de fibroblastos fusiformes e inativos, colágeno denso, fragmentos de fibras elásticas e demais componentes da MEC Fatores evolvidos: fator de crescimento transformador b (TGF-b), fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) e citocinas Remodelamento do Tecido Conjuntivo O tecido conjuntivo continua sendo modificado e remodelado Equilíbrio da síntese e degradação proteica da MEC A degradação dos colágenos e de outros componentes da matriz é feita por metaloproteinases (MMPs) As MMPs incluem As colagenases intersticiais (MMP-1, 2 e 3) Clivam os colágenos fibrilares as gelatinases (MMP-2 e 9) – degradam o colágeno amorfo e a fibronectina Estromelisinas (MMP-3, 10 e 11) – degradam proteoglicanos, laminina, fibronectina e colágenos amorfos Secretado por vários tipos celulares e é regulado por fatores de crescimento e citocinas São produzidas como precursores inativos (zimogênios) que são ativados por proteases Podem ser rapidamente inibidas pelos inibidores de metaloproteinases (TIMPs) Letícia Andréa 105 – 3O As MMPs são ativadas para remodelar a MEC depositada e sua atividade é inibida pelos TIMPs FATORES QUE INFLUENCIAM Pode ser alterado por uma série de influências que frequentemente reduzem a qualidade ou a adequação do processo reparador Podem ocorrer em processos intrínsecos ou extrínsecos A infecção é clinicamente a causa mais importante do retardo da cura – aumentando a inflamação e a lesão local A nutrição defeituosa – inibe a síntese de colágeno e retardar a cicatrização Glicocorticoides podem possuir efeito anti-inflamatório – cicatrização deficiente Fatores mecânicos – separação ou deiscência (abertura espontânea de pontos cirúrgicos) da ferida Perfusão deficiente por diabetes ou obstrução de drenagem venosa – impede a cura Tipo e tamanho da lesão – ocorre só em tecidos de células lábeis e estáveis Localização e natureza do tecido Aberrações do crescimento celular CURA DA FERIDA CUTÂNEA Processo que envolve regeneração do epitélio com formação de cicatrizde tecido conjuntivo Princípios gerais que se aplicam à cura em todos os tecidos Dependendo da natureza e do tamanho da ferida, a cura de feridas cutâneas pode ocorrer por primeira ou segunda intenção Cura por Primeira Intenção Também chamada de cura por união primária Provoca apenas ruptura local da continuidade da membrana plasmática Causa morte de um número limitado de células epiteliais e células do tecido conjuntivo Regeneração epitelial é o principal mecanismo do reparo Uma pequena cicatriz é formada, com contração mínima da ferida O estreito espaço de incisão é preenchido por um coágulo sanguíneo contendo fibrina É invadido por tecido de granulação e coberto por um novo epitélio Um exemplo é o reparo de uma incisão cirúrgica limpa não infectada Ocorre em cinco etapas: Os neutrófilos aparecem na borda da incisão, migrando em direção ao coágulo de fibrina. As células epiteliais das margens começam a migrar pela derme até se unir, depositando componentes da membrana basal – 24- 48 horas Neutrófilos substituídos por macrófagos, invasão de tecido de granulação no espaço de incisão, colágeno orientado verticalmente e espessamento do epitélio – 3ª dia A neovascularização alcança seu ponto máximo e o tecido de granulação com pontes de incisão. A epiderme recupera espessura normal com queratinização superficial – 5º dia Letícia Andréa 105 – 3O Contínua proliferação de fibroblastos e acúmulo de colágeno, diminui o infiltrado leucocitário, edema e vascularização. Inicia o empalidecimento pelo aumento da deposição de colágeno na cicatriz e regressão dos canais vasculares – 2ª semana A cicatriz é um tecido conjuntivo celular coberta de epiderme normal, os anexos dérmicos foram destruídos na linha de incisão e com aumento da força tênsil da ferida aumenta – fim do 1º mês Cura por Segunda Intenção Também conhecida como união secundária Quando a perda de células e tecidos é mais extensas Processo mais complexos e uma combinação de regeneração e cicatrização Reação inflamatória mais intensa, formação do tecido granuloso, acúmulo de MEC e formação de uma grande cicatriz Um coágulo ou crosta maior rica em fibrina e fibronectina se forma na superfície da ferida A inflamação é mais intensa porque grandes perdas de tecido possuem volume maior de restos necróticos, exsudato e fibrina que devem ser removidos Defeitos teciduais maiores requerem maior volume de tecido de granulação para preencher os espaços e fornecer suporte para a reepitelização Envolve a contração da ferida Resistência da Ferida As feridas suturadas cuidadosamente têm aproximadamente 70% da resistência da pele normal Quando a sutura sai, a resistência da pele é de 10% da pele intacta, mas aumenta consideravelmente durante as próximas quatro semanas A recuperação da força tênsil ocorre pela síntese de colágeno que ultrapassa sua degradação A resistência da ferida alcança cerca de 70-80% do normal por volta dos três meses FIBROSE EM ÓRGÃOS PARENQUIMATOSOS Deposição de colágeno é uma parte natural da reparação Fibrose é a deposição excessiva de colágeno e outros componentes da MEC no tecido A fibrose refere-se mais frequentemente à deposição de colágeno em doenças crônicas Os mecanismos básicos da fibrose são os mesmos daqueles que ocorrem na formação de cicatriz durante o reparo tecidual Ocorre após um estímulo nocivo persistente, enquanto o reparo ocorre após o estímulo de curta duração Segue uma sequência ordenada de etapas A fibrose crônica pode ser responsável pela disfunção e insuficiência do órgão
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