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Como a BNCC se articula aos desafios enfrentados pelas juventudes

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Como a BNCC se articula aos desafios enfrentados pelas juventudes?
Em abril de 2020, a Editora Moderna organizou um webinário com o tema “Juventudes, projeto de vida e empreendedorismo”, que abordou os impactos da pandemia nas instituições de ensino com a participação de duas especialistas: Ana Helena Altenfelder, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), e Helena Singer, da organização Ashoka. Em um contexto de pandemia, crise sanitária e instabilidade econômica, as juventudes que estão ingressando no Ensino Médio ou saindo dele por certo enfrentam desafios urgentes que demandam o desenvolvimento de capacidades múltiplas. Nesse sentido, as debatedoras discorreram sobre a necessidade de fomentar a implementação dos elementos da BNCC que visam o fortalecimento social e político das juventudes.
De acordo com Helena Singer, o campo do empreendedorismo social pode fortalecer a construção de múltiplas identidades com foco na transformação da realidade. Dessa forma, o desenvolvimento de trajetórias juvenis, a partir das competências e dos itinerários formativos propostos pela BNCC, tem grande potencial transformador ao apostar no protagonismo e na autonomia das juventudes. Nas palavras de Singer:
“O jovem pode reconhecer a sua capacidade de transformar o mundo, de ter um coletivo em torno de uma ideia e de colocar a sua ideia em ação. Se toda juventude for sensibilizada para entrar em contato com essa sua capacidade, a transformação social é ainda mais possível. (...) A juventude hoje tem acessos para realizar seu potencial de transformação, inclusive de suas casas, inclusive durante essa fase da Covid-19, pois a tecnologia possibilita. Mas no dia a dia, fora desse contexto de distanciamento, os jovens têm o tempo todo mostrado a sua imensa capacidade de se articular e se mobilizar.”
Ana Helena Altenfelder, por sua vez, destacou a importância de considerar as diferenças socioeconômicas entre os estudantes ao construir os “projetos de vida” previstos na BNCC, transversais às áreas do conhecimento. De acordo com a especialista, essas diferenças devem ser reconhecidas e visibilizadas, possibilitando que as adequações e os ajustes necessários sejam realizados conforme cada contexto:
“Como é possível [realizar] os projetos em escolas que tenham características sociais diferentes? (...) Esse trabalho é possível na medida em que estabelecemos um diálogo com o contexto, com a realidade, com o conhecimento e com a cultura desses jovens. É possível dando espaço para o diálogo, para a proposição e para a construção colaborativa. O projeto de vida não é uma coisa dada, inata, ele deve ser construído. Para isso é preciso mediação, e a escola tem um papel central.”
Atualmente, a BNCC nomeia dez grandes áreas de desenvolvimento de competências, com destaque para: pensamento científico, crítico e criativo; repertório cultural; comunicação; trabalho e projeto de vida. Como vimos, a centralidade do projeto de vida do estudante é uma das principais inovações da BNCC, a qual, de acordo com a especialista Kátia Smole, em conjunto com outras importantes mudanças, promove um ensino mais dialógico e maleável, capaz de se adaptar às demandas das juventudes. Além disso, o desenvolvimento de competências como autocuidado, autorreflexão, capacidade de análise crítica e uso de tecnologia abrem espaço para que as juventudes lidem com os desafios da atualidade, sobretudo aqueles impostos pela atual pandemia.

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