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- -1 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL A POLÍTICA OFICIAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL NO BRASIL - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1- Definir o significado do ato de avaliar e identificar as representações dos alunos e professores construindo um novo referencial; 2- Identificar dois aspectos da sociedade atual que concorreram para o surgimento e a evolução de uma política pública de avaliação e regulação da educação no Brasil; 3- Relacionar o modelo brasileiro de economia, pautado na lógica da ideologia neoliberal, com a implantação pelo MEC de um sistema de avaliação, dentro dos princípios do Estado Avaliador; 4- Reconhecer e citar duas características de um projeto de avaliação democrática. 1 Premissa Para iniciar a discussão sobre a evolução histórica da Avaliação Institucional é necessário, antes, entender as várias representações, que professores e alunos possuem sobre o processo avaliativo. Dessa forma, você pode rever os seus próprios conceitos e representações e compreender que a partir das mudanças paradigmáticas decorrentes dos avanços científicos e tecnológicos, as concepções de educação foram mudando e em decorrência o próprio conhecimento sobre a avaliação foi sendo reconstruído e redimensionado. 2 As diferentes visões acerca das avaliações Muitos professores fazem da avaliação um instrumento de coerção para manter a atenção de seus alunos. Outros entendem que avaliar é atribuir nota, é reprovar, é apontar os erros. Raramente usam o diálogo e a mediação. Em uma expressão exagerada, diríamos que as provas são as armas utilizadas pelos professores para imobilizar o aluno e garantir a sua autoridade. Poderia ser considerado um spray de pimenta! Grande parte dos alunos, por sua vez, se preocupa mais com as disciplinas onde o professor exige muitas leituras e muitos trabalhos. Estuda os conteúdos apenas para realizar a prova. Não encontra prazer em ler ou pesquisar, no sentido de ampliar o seu conhecimento ou satisfazer a sua curiosidade. Afinal, “a escola é lugar de confinamento onde a sua liberdade é tolhida.” Lógico que não se pode dizer que isto é uma regra geral. - -3 3 Sobre os alunos Esses pontos iniciais são para que você pense e questione um sistema de Avaliação Institucional onde: os exames nacionais estão sendo organizados para revelar o nível de leitura e de raciocínio dos alunos; um mesmo modelo para as escolas públicas e escolas privadas; independe de sua origem social ou natureza administrativa de sua escola; e para a identificar as capacidades e as habilidades que os alunos estão desenvolvendo. Podemos encontrar bons alunos oriundos de escola pública e péssimos alunos que estudam nas melhores escolas privadas, porém, não conseguem ingresso em uma universidade pública. A situação não se altera quando da aplicação dos exames no cenário internacional. Também aí, a nossa posição diante dos países desenvolvidos é muito ruim. Esses dados são amplamente divulgados na mídia e por vezes, só nesse momento, os pais conhecem a existência e a importância de um sistema nacional de avaliação, pois são surpreendidos pelo desempenho pouco expressivo/muito expressivo da escola onde seu filho estuda. Na próxima tela, teremos uma reflexão acerca dos principais problemas no sistema educacional brasileiro. Fique ligado Existem os alunos que estudam e sentem prazer em aprender. Estes se empenham por conhecer mais utilizando as ferramentas da internet, pesquisando em livros e revistas e sua capacidade de concentração é muito grande. Saiba mais Os resultados das avaliações realizadas nos diferentes níveis de escolarização atestam o baixo desempenho dos alunos tanto nas provas do SAEB, ENEM, ENADE e no Prova Brasil. - -4 4 Então, o que pode estar acontecendo nas escolas e no sistema educacional brasileiro? O aluno não apresenta as habilidades e as capacidades necessárias ao nível de escolarização em que se encontra ou as provas não revelam o que ele realmente aprendeu? O professor está preocupado com a sua aprendizagem ou concentra o seu trabalho no conteúdo da sua disciplina, sem se preocupar com a compreensão do seu aluno? O aluno brasileiro é incapaz de aprender? Faltam recursos físicos e tecnológicos às nossas escolas? O menino prefere o futebol ao estudo da Física, por exemplo? A menina, o shopping ao estudo? As oportunidades de lazer são inúmeras e as festas são mais atraentes do que a Feira de Ciências da escola. O que se constitui em problema é abandonar as atividades escolares. A biblioteca nunca é visitada, pois é ambiente de silêncio e leitura solitária. Não tem vida! Gostar de esportes é positivo para o desenvolvimento de todos; passear no shopping, fazer compras, faz parte do cotidiano moderno. Fique ligado Pare um pouco e pense sobre isto. Depois, clique na pergunta e verifique se suas ideias estão de acordo com as questões seguintes. Fique ligado Tudo isso deve ser motivo de análise durante um processo de avaliação para que se possa entender o que está acontecendo na escola brasileira. - -5 5 Objetivo da avaliação Podemos compreender a importância de um processo de avaliação e dizer que a Avaliação Institucional é um instrumento que nos permite saber em que ponto estamos e o caminho que falta percorrer para alcançarmos as nossas metas. 6 Estabelecimento de metas Além da atribuição dos significados, se não estabelecemos as metas, como identificar as alternativas para o sucesso? Quais as intervenções serão necessárias para que se possa ultrapassar os obstáculos, permitindo ao aluno melhorar seu desempenho? Como entender o significado dos dados mostrados nas tabelas e gráficos? Como saber o que fazer com eles? 7 Pesquisa sobre o sistema educacional A Avaliação Institucional nos possibilita, essencialmente, conhecer a organização, o sistema educacional, identificando seus pontos fortes e suas fragilidades, permitindo ao gestor corrigir seus erros e buscar o aprimoramento de sua ação. Mas... Ela pode ser usada para o controle e a coerção das pessoas que nela trabalham. OU Pode ser um mecanismo para justificar as decisões do grupo no poder. Saiba mais Ristoff (2005, p.50) inclui, como exemplo de um processo de avaliação pautado na legitimidade, a metáfora de M. H. Abrams que diz o seginte: “... a avaliação precisa ser espelho e lâmpada, não apenas espelho. Precisa não apenas refletir a realidade, mas iluminá-la, criando enfoques, perspectivas, mostrando relações, atribuindo significados. Sem um eficiente trabalho interpretativo, os dados serão apenas marcas sobre tabelas e gráficos, sem utilidade gerencial.” - -6 Avaliar por avaliar, sem uma perspectiva de mudança é perda de tempo e recursos. Ela só se justifica quando após a análise dos dados recolhidos, resultar em uma programação que resolva os problemas encontrados. Assim, é importante entender a abrangência e a diversificação do ato de avaliar. Vários são os conceitos que poderíamos utilizar. 8 O que é buscado em uma avaliação, por Ristoff e Luckesi É adequado partir de 2 conceitos defendidos respectivamente por Ristoff e Luckesi porque eles destacam a concepção valorativa que deve preceder um processo de avaliação e o compromisso com a qualidade. O que se busca na educação é a formação da pessoa e a qualidade do processo ensino/aprendizagem. 8.1 Um conceito a considerar Partindo da discussão do Ristoff sobre o conceito de avaliação é preciso que você entenda que a palavra avaliação contém a palavra valor (2005, p. 46) e, por isso mesmo não podemos fugir dessa concepção valorativa. Por esse motivo ele admite que o modelo de avaliação é sempre escolhido de acordo com uma concepção impregnada de valores. Qual é o tipo de sociedade que se deseja construir? Quais são os valores considerados importantes e necessários à vida coletiva? Como construir uma sociedade democrática, dentro dos princípios de liberdade, fraternidade e igualdade em um contexto de discriminação e exclusão de significativa parcela da população? Podea avaliação contribuir para a melhoria qualitativa das condições de vida da população? Por outro lado, Luckesi quando afirma que a avaliação é “um juízo de qualidade sobre dados relevantes, tendo em vista a tomada de decisão” (2001, p.69) nos faz refletir no que seria “juízo de qualidade”? Neste conceito, o autor considera que em um processo de avaliação, o juízo de qualidade significa afirmações ou negações sobre alguma coisa considerando aspectos substantivos ou adjetivos do objeto ou instituição analisada. O aspecto adjetivo do objeto analisado pressupõe um padrão ideal de julgamento influenciado por nossa experiência cultural e por um padrão ideal de qualidade construído pelas experiências e vivências dos sujeitos envolvidos no processo de avaliação. Então as perguntas a se fazer seriam: o que é essencial para se ter qualidade no ensino/educação? Como construir esse padrão ideal de julgamento a ser partilhado por todos? - -7 Assim é que 2 pessoas podem estar juntas na realização de uma avaliação, mas o olhar de cada uma será diferenciado de acordo com as suas vivências e subjetividade. Cada uma tem uma representação pessoal do que seja qualidade. Por “dados relevantes” devemos considerar a propriedade física do objeto e sua característica essencial para entender a realidade existente e o objetivo da análise que se pretende realizar, permitindo a comparação com o padrão ideal que se anseia por alcançar. 9 Análise e decisões Considerando um quadro referencial podemos diminuir os efeitos das representações de cada um e no diálogo, na participação de todos, criar um panorama global das várias situações que devem ser alteradas para o aperfeiçoamento da organização. Bons professores? Material didático? Escola bonita? Merenda saborosa? Gestor amigo e companheiro? Aluno aplicado? Saiba mais A partir dessa reflexão, pressupõe-se que quem avalia deve deter um conhecimento técnico, específico, que lhe garante a comparação entre o objeto analisado, tal como está inserido na realidade, identificando as alterações necessárias para que possa chegar ao nível desejado. O avaliador deve conhecer o currículo a ser desenvolvido e comparar com a proposta pedagógica da escola e ainda, verificar se o professor dá conta de apresentar e discutir os conteúdos com os alunos - e se ele se interessa realmente pela aprendizagem do seu aluno - para poder identificar a razão do fracasso ou sucesso da turma. - -8 A decisão envolve o estabelecimento das estratégias para preencher as lacunas e sanear os problemas considerando os meios e os recursos existentes. Analisando esse conceito se pode perceber que avaliar não é somente medir, preocupar-se demasiadamente em atingir metas quantitativas, como é comum acontecer, ou para proceder ao controle das falhas e erros. Os números nos dão a dimensão e a extensão dos fenômenos, mas o ato de avaliar exige um detalhamento para além dos efeitos numéricos. Uma preocupação com o sentido e a missão de uma instituição educacional e com o modelo de sociedade que se pretende construir. 10 Para concluirmos esse tópico Por meio da avaliação você pode definir os rumos de um país e é nessa visão que o MEC reconheceu, no documento encaminhado ao Senado que... “A avaliação não é só uma questão técnica. É também um forte instrumento de poder.” (Sinaes, 2003 p.90) “A avaliação precisa ser um processo de construção, e não uma mera mediação de padrões estabelecidos por iluminados.” (Ristoff, 2005, p. 47) 10.1 O contexto mundial e a sua influência no sistema educacional brasileiro Hoje vivemos em um mundo globalizado, complexo, diversificado com um modelo econômico baseado na ideologia do neoliberalismo, com flutuações no mercado de trabalho provocando uma insegurança na situação familiar e onde as fronteiras foram expandidas ou mesmo derrubadas. - -9 A escola não pode realizar o seu trabalho considerando as condições existentes apenas na comunidade onde está inserida. Por outro lado, ela não pode desconhecer a cultura existente e o modo de vida do aluno. Esse fato, por si só, reveste o trabalho pedagógico de uma complexidade difícil ou mesmo impossível de ser totalmente atendida. Aquele mundo comtemplativo do século XIX e do início do XX, onde a certeza, a previsibilidade, a crença em verdades cientificamentes demonstradas, não existe mais. No século XXI, o conhecimento é constantemente refeito, os cenários se alteram com uma rapidez imensa, o avanço tecnológico colocou a comunicação do fato no tempo exato do acontecimento. Como a escola pode lidar com todas essas mudanças? Como o professor que foi formado para atuar, em um mundo estável, mais lento, menos diversificado, pode dar conta de estar “atualizado” e sintonizado na mesma frequência do seu aluno? Os livros didáticos também não veem conseguindo acompanhar todas as inovações geradas pela pesquisa científica e precisam ser resignificados pelo próprio professor. A internet e os sites de pesquisa possibilitam diminuir o vácuo existente entre o avanço do conhecimento e os conteúdos curriculares dinamizados na escola. A escola pode desconhecer e continuar o seu trabalho em uma lógica tradicional ou pode, mediante a constante atualização do seu currículo, da sua proposta pedagógica, do seu projeto político-pedagógico e pela difusão do uso da internet, tentar diminuir a distância entre o que acontece no espaço escolar e o mundo mais amplo que existe fora dela e que hoje significa o planeta Terra como um todo. Podemos citar como exemplo de organizações e movimentos que interligam as pessoas em torno de um único objetivo os fóruns internacionais e os instrumentos formadores de opinião como o Facebook. Essa nova realidade existente no mundo gerou outras situações como o conhecimento imediato da mudança do clima ou dos desastres ecológicos como as ondas gigantes, a erupção de um vulcão e de outros fenômenos decorrentes do aquecimento global que atingem diversos países simultaneamente. Como efeitos mais ligados ao contexto social podemos citar o novo modelo de sociedade, de família, da própria Igreja - que sempre se caracterizou por ser uma instituição regulada por normas seculares e -, finalmente, os avanços tecnológicos que alteraram as relações de trabalho, e o pior, o nosso planeta aparentemente caminha para o esgotamento de seus recursos naturais. Todos esses fatos acarretaram uma mudança no paradigma da escola. Qual é a escola necessária para educar as novas gerações? A criança já deve ser preparada para a possibilidade de uma escassez de água, de alimentos, para um aumento na temperatura, para enfrentar os fenômenos climáticos decorrentes do desmatamento? Para viver uma vida urbana onde as pessoas não se conhecem, não se visitam, os relacionamentos familiares são distantes pelo excesso de horas dedicadas ao emprego ou a uma atividade laboral? - -10 Silva, ao falar das transações paradigmáticas, mostra a sua preocupação de que o momento no qual estamos vivendo é de transição de um paradigma para outro e que esse movimento gera um fluxo de desafios: Tanto o constituído-resistente traz consigo o germe do constituindo-emergente como, obviamente, este carrega algumas características daquele, deixando-nos confusos e atônitos diante da interseção do novo com o velho, que constitui a dinâmica da complexidade do processo transitório. (Silva, 2006, p. 20.) Partindo dessas ideias e do que é apresentado mais amplamente no texto, podemos inferir que as transições dos paradigmas de um racionalismo com ênfase na razão, no controle e na exatidão, em direção a uma realidade mais complexa, recoberta de incertezas, constituem um conjunto de possibilidades de várias ordens, social, política, econômica, podendo resultar em trocas positivas em direção ao desconhecido. Considerando que não temos como voltar no tempo, só nos resta ir de encontro ao presente e ao futuro. O autor defende que a ciência sozinha não explica todos os fenômenos e as questões atuais, mas nos possibilitavislumbrar novos horizontes, um novo cenário se descortinando repleto de possibilidades e gerando um descompasso na ordem moderna. É importante entender que essas questões estão ainda em movimento constante, pois o que é velho resiste e continua existindo paralelamente ou simultaneamente até se completar no que autor chamou de “processo transitório”. Esperamos que você esteja entendendo que para analisar as causas das mudanças e da insatisfação que ocorrem hoje, na escola brasileira, se torna necessário perceber que constituem uma reação ao que acontece na sociedade atual, não só no Brasil, mas no mundo todo. Esse efeito da incompletude do saber foi um pouco produzido pela ação da própria escola, na pesquisa realizada pelas ciências humanas, pela Física, pela Biologia e por outros campos do conhecimento, mas ocasiona uma reviravolta, pois determina que aquele saber produzido e acumulado seja revisto e reformulado incessantemente. A escola tem o hábito de fazer autocrítica, mas ao mesmo tempo, enorme dificuldade em alterar o seu cotidiano. Essa situação não existe apenas no Brasil, tem um caráter muito mais amplo. Outros povos, outras regiões sofrem com as mesmas questões. O mesmo autor fala que “O professorado vive na tensão entre a resistência do paradigma dominante e a emergência de novos paradigmas”. (p. 24) - -11 Essa situação de dubiedade, de um vir a ser constante, pode gerar uma insegurança no professor que passa a desconfiar do seu próprio saber, da sua capacidade de conduzir a aprendizagem de seus alunos, reveladas na busca constante de realizar novos cursos, participar de seminários e encontros. Para finalizar esse cenário de crise, instabilidades e mudanças constantes, descrito com muita propriedade por Silva, contribuiu para criar no Brasil, as condições para a implantação de modelos de avaliação que permitissem identificar o status presente e as pistas em direção a um futuro provável. 10.2 Para concluirmos esse tópico Esperamos que você esteja entendendo que para analisar as causas das mudanças e da insatisfação que ocorrem hoje na escola brasileira, é necessário perceber que constituem uma reação ao que acontece na sociedade, não só no Brasil, mas no mundo todo. A escola tem o hábito de fazer autocrítica, mas ao mesmo tempo, enorme dificuldade em alterar o seu cotidiano. 11 O modelo de avaliação democrática Agora que você entendeu o que significa o Estado Avaliador e como ele reflete na institucionalização de um modelo de avaliação, vamos conhecer como foi implantado, no Brasil, o modelo de avaliação na Educação Superior. "No início dos anos 90 surge o Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras PAIUB (1993), que sustentando o princípio da adesão voluntária das universidades, concebia a autoavaliação como etapa inicial de um processo, que se estendia a toda a instituição e se completava com a avaliação externa." (SINAES:2003, p. 17). A Universidade Estácio de Sá aderiu voluntariamente à proposta do PAIUB e teve seu projeto aprovado pelo MEC, em 1997. Saiba mais Esse cenário de crises e instabilidades descrito por Silva, contribuiu para criar no Brasil, as condições para a implantação de modelos de avaliação que permitissem identificar o estatus presente e as pistas em direção a um futuro provável. E para você o mundo mudou? Você relaciona essas mudanças com a educação? Conclua esse pensamento com a leitura do arquivo O Estado Avaliador. - -12 Em 2003, o então ministro da Educação Cristovam Buarque designou uma Comissão Especial de Avaliação, no sentido de conceber um modelo articulado com os estados e os municípios, “com a finalidade de analisar, oferecer subsídios, fazer recomendações, propor critérios e estratégias para a reformulação dos processos e políticas de avaliação da Educação Superior e elaborar a revisão crítica dos seus instrumentos, metodologias e critérios utilizado, que propôs um documento intitulado Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES: 2003)”. CEA - Portarias MEC/SESu n° 11 de 28 de abril de 2003 e n° 19 de 27 de maio de 2003. A Comissão concentrou seus trabalhos na análise das tensões e contradições dos paradigmas existentes no cenário educacional brasileiro. Através do relatório gerado pelo grupo, o entendimento entre os integrantes da CEA era o de estabelecer a avaliação como um processo participativo e integrado que vinculasse a dimensão formativa a um projeto de sociedade democrática e não apenas realizar os exames nacionais e as visitas às instituições para a verificação in loco, das condições oferecidas aos alunos do ensino superior. Então, para nos entendermos perfeitamente sobre a noção de paradigma usada no modelo implantado no Brasil, vamos incluir a definição de acordo com Almerindo. Clique no livro. Pode-se considerar que paradigma é: “um conjunto de fundações filosóficas, axiológicas, epistemológicas e suas respectivas constelações de significados que sustentam duas atitudes básicas diante da vida.” (p.175, Almerindo Janela). Axiológica Segundo Nildo Viana, axiologia seria o padrão dominante de valores em determinada sociedade. Epistemológica Estudo do grau de certeza do conhecimento cientifico em seus diversos ramos, especialmente para apreciar seu valor para o espírito humano. Como vimos anteriormente o “novo”, instituinte, sempre pressiona o “velho”, instituído, para ocupar um lugar. Saiba mais A CEA foi presidida por José Dias Sobrinho e a sua influência na implantação de um sistema mais abrangente e dentro dos princípios democráticos estão revelados em sua obra. - -13 Isto significa que as concepções interagem de forma dinâmica gerando contradições, conflitos e tensões entre os professores e os demais integrantes da equipe escolar e determinam as suas escolhas sobre as mudanças necessárias ao aperfeiçoamento da ação pedagógica. O autor (Almerindo) explica que quando se refere a duas atitudes básicas não significa adotar inteiramente uma, abandonando a outra. Um paradigma entra em conflito com o outro ou se harmoniza em alguns aspectos, ou se mescla para atender aos desejos de professores, pais, diretores, tornando muito complexo o trabalho de dar transparência aos processos de avaliação. A avaliação está contingenciada pela concepção de educação de uma comunidade ou um povo. Em um lado prevalece a “visão mecanicista, o paradigma analítico e determinista do pensamento formal, lógico, racionalizante do positivismo que procura reduzir a complexidade a aspectos analisáveis e não contraditórios” (p. 175, Almerindo Janela). Quantas escolas, ainda hoje, pautam o seu trabalho apoiadas principalmente nesse paradigma? Os argumentos que usam para defender o seu projeto pedagógico falam de uma escola conteudista do passado que sempre obteve sucesso com a realização pessoal de seus alunos pelo acesso a um bom emprego e a ótimos salários. E quanto ao outro lado? O outro posicionamento é apontado como a “visão holística, também chamada de biológica, naturalista e de muitos outros termos, em que predominam as ideias de complexidade, de imprevisibilidade, das contradições, do polissêmico, do relativo, da dialética.” (p. 176) Essa visão holística resulta nos modelos democráticos e participativos. Não se preocupa excessivamente com o conteúdo em si, buscando refletir sobre os temas dando-lhes uma significação dentro dos interesses do aluno. Predomina a busca da aprendizagem e a formação plena do indivíduo pelo aperfeiçoamento de suas capacidades e talentos. O sucesso do aluno virá pela sua realização pessoal. Fique ligado É relevante destacar que não existe um modelo puro, sempre podemos encontrar um traço ou outro dos dois. No entanto, o modelo holístico é mais condizente com um projeto de avaliação concebido dentro de uma perspectiva democrática por pressupor a participação de todos na construção e implementação da avaliação e ter como características a “produção de sentidos” e a “construção de identidades”. - -14 11.1Conclusão Por construção de identidades podemos entender que a instituição escolar é composta das pessoas que nela convivem. A análise coletiva dentro de um contexto formativo e pedagógico propicia uma oportunidade a todos de “conhecer, interpretar e transformar a si mesmos e à instituição”. Esse modo de proceder resulta em criar uma cultura de avaliação e permite deslanchar um movimento de constante preocupação com o aperfeiçoamento do trabalho pedagógico resultando na melhoria qualitativa da formação do homem. Por produção de sentidos pode-se compreender a finalidade que se deseja atender na escola: desenvolver as potencialidades dos alunos ou moldá-los a um projeto de educação e de sociedade que certamente não existirá quando estiver na idade adulta. Daí a importância da escola rever o seu projeto pedagógico todos os anos, introduzindo as inovações e caminhando com o seu tempo e não contra ele. 12 Reflexões finais O que devo conhecer para aprimorar a escola? O que faz a gestão para resolver os problemas? Quais são os recursos que se dispõe para estabelecer as metas que darão fim aos problemas encontrados? Para atender a uma avaliação democrática torna-se necessário o envolvimento de todos, que vai da construção do modelo à escolha dos instrumentos, e sua elaboração à análise dos dados e indicadores encontrados. Caso contrário, a análise se transforma em uma série de tabelas para compor um relatório, sem um efeito real e prático. Fique ligado É necessário destacar a importância de uma avaliação democrática para que a escola cumpra o seu papel. Ela poderá oferecer um ensino centrado na formação, não apenas no treinamento profissional, na capacidade técnica, na ciência e tecnologia, mas também, nos valores necessários ao aprimoramento da humanidade. Deve discutir sempre os objetivos da avaliação a ser realizada. - -15 O que vem na próxima aula Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes: • Aprofundamento das noções iniciadas na aula anterior, pois discutiremos ainda a evolução histórica e as bases legais do novo modelo de avaliação institucional; • As inovações constantes da Constituição Federal de 1988; • A avaliação e a regulação na LDB; • As metas de avaliação no Plano Nacional de Educação; • O modelo de avaliação para a Educação Básica e para a Educação Superior. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Compreendeu o cenário atual da sociedade brasileira que propiciou as condições necessárias à institucionalização de uma política pública de regulamentação, supervisão e avaliação das instituições educacionais do país; • Aprendeu que o ponto de vista de educação determina o modelo de avaliação escolhido para ser implantado em um sistema ou organização educacional; • Identificou que o objetivo principal do conteúdo foi a proposta de, através da avaliação institucional, se construir uma sociedade democrática recoberta dos valores que garantam o atendimento aos direitos do aluno por um ensino de qualidade, que vai para além do acesso e permanência na escola. • • • • • • • • - -1 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL A POLÍTICA OFICIAL DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL NO BRASIL – PARTE II - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1- Reconhecer a complexidade do sistema nacional de avaliação identificando os principais dispositivos legais que possibilitaram a sua organização e institucionalização; 2- Identificar o princípio constitucional determinando que a União deva proceder à avaliação nacional como forma de prestar contas à sociedade da qualidade da educação oferecida; 3- Reconhecer o significado e a dimensão do impacto na realidade educacional brasileira do modelo de avaliação e ser capaz de discutir os resultados dos exames nacionais divulgados na mídia. 1 Premissa Caro aluno desde a primeira aula você deve estar se perguntando: “Por que é tão importante avaliar?” Ou então... “Mas quais foram os fatos pertencentes à realidade educacional brasileira que propiciaram e motivaram a introdução de uma política de avaliação a partir do governo central?” 2 Breve histórico da educação no Brasil na década de 1980 Para entender e responder às perguntas anteriores temos que voltar à década dos anos 1980 porque no Brasil se iniciava o período de Abertura Política e o início do processo de redemocratização do país. Na área econômica foi feita a introdução da ideologia neoliberal. Esses fatos e mais a aceleração do processo de urbanização da população brasileira exigia que o homem brasileiro possuísse um nível de escolarização maior, que ele dominasse a leitura e a escrita e as operações matemáticas básicas. Porém, o sistema educacional apresentava um quadro deplorável, com altas taxas de evasão e reprovação escolar. Poucos alunos completavam o ensino fundamental de forma satisfatória. E a solução encontrada pra isso? A solução encontrada era não reprovar o aluno com baixo desempenho escolar. Introduziram na escola a promoção automática. - -3 Essa medida apenas alterou a natureza do problema: passamos a ter na sala de aula o aluno que não aprendia a ler e a escrever, mas que era impulsionado através das séries, independente do seu nível de conhecimento, gerando uma demanda futura pela educação de jovens e adultos. 2.1 Índice de analfabetos no Brasil Hoje temos, de acordo com o Censo de 2010, uma população de analfabetos de 10 milhões de adultos o que significa: Para você que gosta de futebol simplesmente 82.238 Maracanãs lotados, em dia de jogo de finalização de campeonato! Para você que curte passear no Rio de Janeiro, significa mais do que a população do Município do Rio de Janeiro, que é de cerca de 6 milhões e 300 mil pessoas! 2.2 Passo-a-passo da solução encontrada O primeiro passo importante seria gerar um banco de dados que possibilitasse ao governo distribuir os recursos financeiros de maneira mais justa e para isso deveria identificar os locais onde se concentravam o problema para poder analisar as causas do insucesso do aluno. Foi estabelecida a mecânica do Censo Escolar que é realizado até hoje, todos os anos, em todas as escolas brasileiras, em todos os municípios e estados. Esse fato possibilitou maior clareza para o estabelecimento de metas mais reais sobre a melhoria do atendimento pelas escolas brasileiras. Contudo, só a geração de dados através do Censo não tem sido garantia para solucionar o problema da qualidade nas escolas. Seria necessário conhecer as causas, os fatores internos e externos que influenciavam a permanência do aluno como analfabeto ou, com um nível de leitura considerado insuficiente para que pudesse exercer uma cidadania plena. Assim, aos poucos cresceu a consciência de que era necessário um programa de avaliação nacional que desse conta, não só de avaliar o rendimento do aluno, mas de conhecer a comunidade escolar, o aluno, a gestão e as condições existentes. Mas a conquista de um sistema de avaliação nacional foi difícil e requereu muito empenho das pessoas envolvidas nessa luta e, embora seja comum criticar a escola pública, pelos resultados obtidos pelos alunos nos exames, esses dados são valiosos, pois nos orientam e nos dão a dimensão dos problemas a resolver. O que você acha da taxa de analfabetismo existente no Brasil? Qual seria a solução? Pense um pouco e veja que contibuição você poderia dar. - -4 2.3 Evolução histórica do modelo de avaliação da educação básica no Brasil Caro aluno, até aqui você já deve ter percebido amplamente como o panorama mundial pode ter refletido no cenário educacional brasileiro, como a introdução da ideologia neoliberal estabeleceu políticas de desresponsabilização do Estado com a população acarretando o aumento das desigualdades sociais entre os indivíduos e as disparidades de desenvolvimento entre as regiões do país. Não pode ter ficado insensível diante do fato que ainda não achamos um caminho eficaz para erradicar o analfabetismo do nosso país e a melhoria do desempenho de nosso aluno. Deve ter refletido sobre o importantepapel exercido pelos agentes políticos e o trabalho assumido por vários sujeitos que participaram dessa realidade agindo no sentido de impulsionar a introdução no Brasil das inovações sobre avaliação preconizadas pelos avanços ocorridos em outros países. Saiba mais - -5 De acordo com os textos publicados por autores (Bonamino, 2002; Ristoff, 2005; Dias Sobrinho 2003 e 2000), que descreveram a origem dos mecanismos de avaliação utilizados no Brasil, podemos concluir que se referem ao fato de que os projetos e as tentativas de análise das condições existentes nas instituições foram realizadas, inicialmente, por iniciativa isolada de um gestor. E o que desejava esse gestor? Bom, é o que veremos nesse documento. O que desejava este gestor? Conhecer a realidade do sistema educacional ou da instituição que dirigia, para realizar as alterações necessárias ao aperfeiçoamento da ação dos profissionais da educação. Devemos lembrar a influência de outros países, pois através de seus estudos e experiência foi possível ter um referencial teórico que respaldasse os projetos implementados. Precisamos ressaltar a contribuição dos organismos internacionais como o Banco Mundial – BM -, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO -, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE - que incentivaram a realização dos levantamentos iniciais realizados no Brasil, não só financiando como prestando assistência técnica aos sistemas estaduais ou municipais. Bonamino (2002, p. 21) em seu livro, lembra que “para reconstruir a lógica intrínseca ao campo da avaliação e ao SAEB, foi preciso levar em conta o legado de aspectos teóricos e políticos produzidos em países centrais que, durante a década de 1960 e 1970, implementaram pesquisas educacionais de levantamento”. No seu texto, ela ressalta que nesses países os levantamentos foram realizados no contexto de ampliação pelo acesso à escola e da preocupação com as desigualdades sociais decorrentes de um processo de valorização da escola. No Brasil, durante a gestão (1952 a 1964) do professor Anísio Teixeira no Inep (na época denominado de Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos) através da criação do Centro Brasileiro de Pesquisa Educacional (CBPE) e dos centros regionais em 5 cidades: São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre. Foram realizadas várias pesquisas que enfatizavam os aspectos socioeconômicos e culturais locais e o funcionamento dos sistemas de ensino. Após o início do Governo Militar (1964) os centros foram paulatinamente desativados e as pesquisas sobre as problemáticas ligadas à educação passaram a ser o resultado dos trabalhos acadêmicos dos alunos e professores, gerados nos cursos de mestrado e doutorado, em universidades públicas ou privadas, estrangeiras ou brasileiras. Bonamino (2002, p. 57) ainda esclarece que o MEC realizou algumas pesquisas de avaliação em parceria com as universidades e as fundações e destaca a sistemática adotada no Nordeste com o EDURURAL que era o Programa de Expansão e Melhoria do Ensino no Meio Rural do Nordeste Brasileiro desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Ceará. Ela valoriza o programa por ter como característica o fator continuidade e por ter considerado alguns aspectos que condicionam o trabalho do professor na escola e interferem na aprendizagem como o ensino multisseriado e as condições familiares dos alunos. Durante a implementação do EDURURAL, nos anos 1981, 1983 e 1985 foram aplicadas provas de Português e Matemática a alunos da 2ª e 4ª séries do ensino fundamental de 603 escolas rurais. Ela diz que: “pode ser considerada como um intento de avaliação conjunta de fatores intra e extraescolares, já que não só levou em conta o peso do ensino multisseriado, das condições das escolas, do perfil dos professores e dos treinamentos, mas também a incidência das condições familiares na aprendizagem escolar de conceitos básicos”. (Bonamino, p. 57) - -6 O importante é você entender que esse período – 1960 A 1980 – embora marcado por descontinuidades e diversidade na orientação das pesquisas, permitiram que os estudos feitos criassem uma massa crítica importante para o desenvolvimento de um programa de análise do sistema educacional brasileiro. A primeira tentativa de maior amplitude foi realizada em 1988, com a implementação do Sistema de Avaliação do Ensino Público (SAEP) do 1º grau que se caracterizou por ser uma experiência piloto com aplicação das provas aos alunos dos estados do Paraná e Rio Grande do Norte. A experiência permitiu visualizar as dificuldades que deveriam ser enfrentadas para a aplicação de provas e testes em larga escala. Várias foram as dificuldades enfrentadas para gerar um sistema nacional integrado e coordenado pelo MEC, desde a falta de recursos financeiros específicos até a equipe que pudesse se responsabilizar pela execução das etapas de um processo de avaliação. Esse sonho só se tornou realidade a partir da institucionalização, em 1990, do Sistema Nacional de Educação Básica, marco decisivo no sentido da realização de um exame nacional, o SAEB, para a avaliação do rendimento escolar do aluno do ensino fundamental da rede pública. Saiba mais - -7 Mas é importante entender primeiro o significado e a importância dentro do contexto educacional do país da implantação de um sistema nacional de avaliação. De acordo com Bonamino (2002, p.89), diriamos que: “a institucionalização do SAEB é entendida como um processo que, para garantir o desenvolvimento de uma avaliação de longo alcance e de caráter sistemático, passa a dispor de instituições, profissionais e recursos financeiros específicos, que lhe permitem contar com a infraestrutura material e humana em condições de prover os fundamentos conceituais e as capacidades operacionais necessárias à implementação de uma avaliação da educação básica de abrangência nacional”. Leia mais! SAEB Como a autora sinaliza finalmente, após todo o percurso realizado através dos anos, o MEC pode contar com todos os recursos, sejam institucionais, financeiros ou humanos, para poder realizar uma avaliação no sentido desejado pelo próprio Anísio Teixeira quando criou os Centros Regionais, ou seja, “para que se pudesse ir de encontro da educação em sua realidade escolar para vê-la e senti-la de perto” (RBEP v. 82. n. 200/201 p. 207-242. jan/dez-2001) No SAEB, além dos exames, foram mantidos os questionários para os alunos, os professores e os diretores responderem, na perspectiva de dar conta de uma análise do contexto onde a escola se inseria e as condições em que o aluno realizava os seus estudos. No entanto, somente em 27 de dezembro de 1994, o SAEB foi criado formalmente, com a Portaria nº 1 795, propondo uma estrutura organizacional para o funcionamento do sistema. No exame do SAEB de 1995 foram introduzidas alterações nos questionários ampliando o conhecimento das características socioeconômicas e culturais dos alunos e ainda, sobre os seus hábitos de estudo. O SAEB inovou também ao incluir as escolas particulares na amostra e ao estender a avaliação ao Ensino Médio. Ainda no ano de 1995, a execução e a coordenação dos trabalhos do SAEB foram entregues ao Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos e Pesquisa Educacional Anísio Teixeira - Inep, contando com financiamento do Banco Mundial. Por decisão do Inep foi terceirizada a aplicação do exame, sendo realizado pela Fundação Carlos Chagas e Fundação CESGRANRIO. Porém, só após a promulgação da LDB em 1996, foi possível a configuração do modelo com um aparato legal e institucional de maior abrangência e foi possível atingir o objetivo de introduzir alterações na avaliação que enquadrassem a sua dinâmica nas regras internacionais. O próprio MEC detalha em seu site os passos que foram sendo dados para a institucionalização do sistema atual, composto de uma avaliação externa, preservando os exames nacionais e possibilitando pelo regime de colaboração, uma avaliação interna comandada pelos estadosou municípios, mediante a análise por cada escola dos resultados obtidos, inclusive das escolas particulares. Para nós é interessante ver como o próprio Inep descreve o SAEB: Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é uma avaliação externa em larga escala aplicada a cada 2 anos. Seu objetivo é realizar um diagnóstico do sistema educacional brasileiro e de alguns fatores que possam interferir no desempenho do aluno, fornecendo um indicativo sobre a qualidade do ensino que é ofertado. As informações produzidas visam subsidiar a formulação, a reformulação e o monitoramento das políticas na área educacional nas esferas municipal, estadual e federal, contribuindo para a melhoria da qualidade, equidade e eficiência do ensino. - -8 Analisando a forma como o MEC apresenta o sistema podemos ressaltar que a preocupação com a qualidade do ensino nos leva a perguntar: O que significa ter um ensino de qualidade? A qualidade envolve tantos aspectos e varia de acordo com a concepção de educação embasando o trabalho pedagógico que se torna difícil defini-la. Por outro lado, não podemos esquecer que existem fatores internos e externos à realidade da escola que favorecem a realização de um projeto pedagógico de qualidade como: formação adequada do professor, material didático variado e apropriado ao aprofundamento dos conteúdos curriculares, uma biblioteca com um acervo relevante, uma gestão democrática, o interesse dos pais pela aprendizagem dos filhos e tantos outros que justificam a realização de um diagnóstico. 3 Qualidade e obstáculos Outro ponto valioso de ser destacado diz respeito à utilização dos dados gerados pela avaliação para a definição na área educacional. Caso não tenha um conhecimento dos fatores que impedem a melhoria do trabalho realizado por professores e alunos, como poderei contribuir para a melhoria da qualidade através da definição de diretrizes, metas, linhas de ação que me permitam pelo menos diminuir os problemas a enfrentar? A conclusão simples é que devemos avaliar com seriedade e buscar tomar no coletivo, democraticamente, as decisões com base nesses dados. Saiba mais Clique aqui para fazer download do material com detalhes acerca das avaliações: Provinha Brasil, ENEM, ENCEJA e o PISA Voltemos ao nosso histórico Nas edições de 1997 e 1999, os alunos matriculados nas 4ª e 8ª séries foram avaliados em Língua Portuguesa, Matemática e Ciências, e os alunos de 3º ano do Ensino Médio em Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia. É importante ressaltar que a partir da edição de 2001, o Saeb passou a avaliar apenas as áreas de Língua Portuguesa e Matemática. Tal formato se manteve nas edições de 2003, 2005, 2007, 2009, 2011. O Saeb foi reestruturado pela Portaria Ministerial nº 931, de 21 de março de 2005, passando a ser composto por duas avaliações: Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc) sendo que: A Aneb manteve os procedimentos da avaliação amostral (atendendo aos critérios estatísticos de no mínimo 10 estudantes por turma), das redes públicas e privadas, com foco na gestão da educação básica que até então vinha sendo realizada no SAEB. A Prova Brasil (Anresc), por sua vez, passou a avaliar de forma censitária as escolas que - -9 A Prova Brasil (Anresc), por sua vez, passou a avaliar de forma censitária as escolas que atendessem a critérios de quantidade mínima de estudantes na série avaliada, permitindo gerar resultados por escola. Podemos inferir que a Prova Brasil se destina a avaliar os alunos das escolas públicas de ensino fundamental para fornecer os dados sobre o nível de aprendizagem, permitindo que os gestores possam planejar as estratégias para diminuir o fracasso escolar. De acordo com o Inep, a Prova Brasil foi idealizada com o objetivo de atender a demanda dos gestores públicos, educadores, pesquisadores e da sociedade em geral por informações sobre o ensino oferecido em cada município e escola. O objetivo da avaliação é auxiliar os governantes nas decisões e no direcionamento de recursos técnicos e financeiros, assim como a comunidade escolar, no estabelecimento de metas e na implantação de ações pedagógicas e administrativas, visando à melhoria da qualidade do ensino. Além desses exames, no ano de 2008, para analisar os condicionantes do baixo nível de desempenho em Língua Portuguesa contatados no SAEB e ter mais clareza e detalhes sobre como se dá o processo de alfabetização nas escolas públicas, o MEC introduziu uma avaliação para ser feita com as crianças que estavam no segundo ano de escolarização denominando-o de Provinha Brasil. A Provinha Brasil No site do Inep, no tópico desse exame, encontramos a seguinte informação: a Provinha Brasil é uma avaliação diagnóstica do nível de alfabetização das crianças matriculadas no segundo ano de escolarização das escolas públicas brasileiras. Essa avaliação acontece em 2 etapas, uma no início e a outra ao término do ano letivo. A aplicação em períodos distintos possibilita aos professores e aos gestores educacionais a realização de um diagnóstico mais preciso permitindo conhecer o que foi agregado na aprendizagem das crianças, em termos de habilidades de leitura dentro do período avaliado. Aqui cabe uma ressalva sobre os efeitos na escola da aplicação dessa prova. Pelo relato ouvido de professoras da rede municipal existe uma possibilidade da professora ajudar aos alunos que não conseguem responder satisfatoriamente ao que lhe é perguntado. Dessa forma, podemos discutir e refletir, sobre a validade desse instrumento como possível indicador do nível de leitura e escrita das crianças das escolas públicas. Não temos dados que comprovem a extensão e mesmo a veracidade da informação, mas a finalidade e os resultados, no meu entendimento, podem ficar comprometidos. No entanto, o lado positivo é que, pelo fato de ser realizado na própria escola do aluno o professor recebe as respostas na hora e pode identificar as dificuldades, diretamente do seu aluno, não tem que esperar que o avaliador externo envie um relatório. Na verdade, a Provinha Brasil não tem a finalidade de escalonar, nem de medir, somente de propiciar uma visão mais clara das dificuldades enfrentadas pelos alunos e pelos alfabetizadores. As respostas desejadas são de natureza pedagógica. As decisões visam a melhorar o desempenho dos alunos da escola pública na leitura e na escrita. No dizer do próprio MEC: “Espera-se com ele o aperfeiçoamento e a reorganização das práticas pedagógicas de alfabetização e letramento, contribuindo para o desenvolvimento e o aprendizado das crianças”. Finalmente, temos a ressaltar que existem outros exames que os alunos da educação básica participam: o ENEM, o ENCEJA e o PISA. Esses instrumentos buscam analisar o rendimento escolar dos alunos com objetivos diferenciados. O ENEM O Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM - é o exame aplicado anualmente aos alunos do Ensino Médio de escolas públicas ou particulares, que estejam concluindo o último ano ou aos já formados. Não é obrigatório e o próprio aluno se inscreve. Ele pode acessar o seu resultado - -10 4 E na educação superior? Como vimos a implantação de um amplo sistema de avaliação da educação básica não foi um processo fácil. Precisou de um tempo para ser estruturada e foi a concretização de várias tentativas. Na educação superior partiu do reconhecimento que garantir o acesso à universidade a todos que desejassem, seria a forma de cumprir a sua função como formadora das pessoas para que o país pudesse ter o seu lugar no cenário internacional. já formados. Não é obrigatório e o próprio aluno se inscreve. Ele pode acessar o seu resultado na internet usando o seu número de inscrição e senha. O exame atualmente tem a dupla função de certificar a conclusão desse nível de ensino e permitir o ingresso na educação superior sem a realização do exame vestibular levando em conta a nota obtida e os critérios de cada instituição. O ENCEJA O Exame Nacionalde Certificação de Competência da Educação de Jovens e Adultos – ENCEJA - é um exame para certificar o ensino fundamental e o ensino médio dos alunos da educação de jovens e adultos. O PISA O Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA - é um exame internacional, aplicado a cada 3 anos, desenvolvido e coordenado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico a jovens na idade de 15 anos que estejam matriculados pelo menos no 8º ano do Ensino Fundamental, independente da natureza administrativa da escola: pública ou privada. As provas são de Língua Portuguesa, Matemática e Ciências. Cada ano é dado relevância a um desses conteúdos. O Brasil envia para a coordenação do exame uma relação contendo os nomes dos alunos e é estabelecida uma amostra estatisticamente proporcional às regiões brasileiras totalizando no máximo 10 mil participantes. O país foi convidado a participar desde o ano de 2000 e nossos alunos não têm tido um bom resultado diante dos países mais desenvolvidos. Vêm ocupando uma das últimas posições. As razões para o baixo desempenho de nossos alunos são atribuídas ao fraco domínio da leitura e da escrita e a incapacidade de estabelecer um raciocínio matemático e científico ao nível dos jovens dos países desenvolvidos. O nosso aluno, na faixa etária de 15 anos, demonstra menor domínio dos conteúdos estudados do que os de outros países. Os estados e os municípios podem realizar os seus próprios sistemas de avaliação, mas não podem se omitir de participar dos exames nacionais. Caro aluno, passamos agora para a evolução histórica da institucionalização de um modelo de avaliação na Educação Superior no Brasil. Fique ligado Primeiramente, para alcançar esta meta seria a reformulação dos cursos de graduação - -11 5 Institucionalização da Avaliação na Educação Superior Foi constituída a Comissão Especial de Avaliação da Educação Superior – CEA - pelas Portarias MEC/SESu nº 11 de, 28 de abril de 2003, e nº 19, de 27 de maio de 2003, “com a finalidade de analisar, oferecer subsídios, fazer recomendações, propor critérios e estratégias para a reformulação dos processos e políticas de avaliação da Educação Superior e elaborar a revisão crítica dos seus instrumentos, metodologias e critérios utilizados”. No documento produzido em 2003, pela CEA, encaminhado ao Senado para a aprovação do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAE - são explicitados os fatos e as razões para que os parlamentares entendessem a importância e a urgência de se introduzir na Educação Superior um processo contínuo de avaliação, em substituição aos procedimentos que vinham sendo realizados. No citado documento, eles apontam que a partir da década de 1980, os países industrializados e os latino– americanos, empreenderam importantes reformas em seus sistemas de educação superior buscando adaptá-los aos desafios da globalização econômica. Esse movimento de reforma provocou uma multiplicação dos tipos de instituições de ensino superior, diversificou o perfil dos docentes, introduzindo novas ofertas de cursos, ampliando a matrícula. 6 Como prestar conta à população do trabalho realizado, sem dispor de um processo de avaliação e de regulação da educação? No mesmo documento, a CEA faz uma importante consideração sobre a definição de um sistema de avaliação quando diz que: “A função atribuída pelo Estado à educação superior no país é determinante da proposta de avaliação a ser adotada. De um lado está o modelo de inspiração anglo-americano baseado em sistemas predominantemente quantitativos para produzir resultados classificatórios; de outro o modelo holandês e francês, que combina dimensões quantitativas e qualitativas com ênfase na avaliação institucional e análise”. (p. 14) Primeiramente, para alcançar esta meta seria a reformulação dos cursos de graduação colocando-os mais de acordo com os padrões existentes nas universidades dos países mais desenvolvidos. - -12 Na verdade, a primeira reflexão que devemos fazer é sobre a seguinte pergunta: qual é a função da educação superior no Brasil? Esse fato é preocupante, pois a lógica que está regendo o trabalho dos professores e dos alunos está pautada na eficiência e na eficácia para garantia do lucro decorrente da racionalização dos custos e recursos empregados e não na consistência e qualidade do ensino ministrado. 7 Breve histórico sobre a avaliação na educação superior no Brasil A mais antiga e duradoura experiência brasileira de aspectos de avaliação da educação superior é a dos cursos e programas de pós-graduação, desenvolvida desde 1976, pela CAPES – Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Até o início de 1980, a produção acadêmica no âmbito da temática da Avaliação Institucional e da Avaliação da Educação Superior tinha pouco destaque. Os primeiros textos sobre esta temática revelaram preocupação com o controle da qualidade das Instituições de Educação Superior (GERES), em virtude do crescimento exacerbado de instituições e matrículas. Nesse contexto, surgiu a primeira proposta de avaliação da educação superior no país: o Programa de Avaliação da Reforma Universitária (PARU) de 1983. A partir da nova República, em 1985, surgiu no MEC uma proposta de avaliação da educação superior vinda da Comissão de Alto Nível: Grupo Executivo para a Reforma da Educação Superior (GERES). A Constituição Federal de 1988 trouxe importantes inovações para a vida do país. Apresenta no Art. 208, como um dos princípios fundamentais da educação no Brasil, a garantia de padrão de qualidade como dever do Estado. No Art. 209 permite a participação da iniciativa privada e estabelece 2 condições: o cumprimento das normas gerais da educação nacional e a autorização e avaliação de qualidade pelo poder público. A ideia de implantar o Estado Avaliador nasceu na gestão do Presidente Collor, mas gerou um movimento de resistência das próprias universidades públicas que não aceitaram a avaliação externa a ser realizada pelo MEC, visto considerarem como uma intervenção em sua autonomia. No governo do Presidente Itamar Franco, mediante um processo de diálogo, essas barreiras foram removidas e a comunidade acadêmica aceitou participar de um processo de autoavaliação denominado Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras - PAIUB (1993). Fique ligado - -13 Clique aqui para fazer download do material com detalhes sobre as avaliações e planos institucionais que servem como ferramentas para a autoavaliação, que são: PAIUB, ENC, PNE, ENADE. Detalhes também sobre a Legislação da Avaliação da Educação Superior e o CONAES. O PAIUB O PAIUB concebia a autoavaliação como etapa inicial que se estendia a toda universidade e se completava com a avaliação externa. Praticamente todas as universidades federais implantaram o PAIUB, mas no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso o PAIUB passou a ser a um processo de avaliação interna das universidades, sem o relevo anterior. A Lei 9131/95 criou o novo Conselho Nacional de Educação e propôs pela primeira vez que uma das atribuições do MEC seria formular e avaliar a política nacional de educação e zelar pela qualidade do ensino. Previu a criação de um conjunto de avaliações periódicas das instituições e dos cursos superiores e da realização de um exame nacional com o objetivo de aferir conhecimentos e competências adquiridos pelos alunos em fase de conclusão de curso. O ENC O Exame Nacional de Curso – ENC- tinha como proposta analisar o ensino através do desempenho do aluno ao realizar as questões da prova, classificando-o de acordo com uma escala de conceitos ordenados em 5 níveis crescentes Os resultados eram amplamente divulgados na mídia em uma relação das 10 melhores instituições do país e as 10 piores. O objetivo da divulgação era prestar contas aos pais e responsáveis, à população em geral, da qualidade do ensino oferecido pelas instituições de ensino superior. O MEC concebeu o exame como um instrumentoque possibilitaria construir bases para uma possível fiscalização, regulação e controle, por parte do Estado, baseada na lógica de que a qualidade de um curso é igual à qualidade de seus alunos. Na verdade, o exame se constituiu, ao longo dos anos, em um importante instrumento de propaganda das universidades privadas que conseguem se destacar nesse cenário. A nova LDB, Lei nº 9394/96, estabeleceu no seu art. 9º que a avaliação deveria ser incumbência da União e ser realizada para garantir o ensino de qualidade e para a regulação do sistema evitando a disseminação incontrolada de instituições privadas. Achamos importante destacar os seguintes incisos: pelo inciso V deve “coletar, analisar e disseminar informações sobre educação”. No inciso VI trata diretamente da avaliação quando determina que seja incumbência da União “assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino”. O inciso VII determina que a União deva “baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação” e o inciso VIII “assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidades sobre este nível de ensino”. O processo de regulação está previsto no inciso IX quando estabelece a competência do governo federal para, “autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar respectivamente os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino”. PNE O Plano Nacional de Educação (PNE), para o período de 2001/2011, editado por meio da Lei 10172/01 tem sua origem no art. 214 da Constituição Federal de 1988 e na Lei 9394/96. Fica disposto no art. 4º que a União instituirá o Sistema Nacional de Avaliação e estabelecerá os mecanismos necessários ao acompanhamento das metas constantes do Plano Nacional de Educação. O PNE enfatiza a importância de se garantir a qualidade do ensino ministrado, sem inibir a - -14 O PNE enfatiza a importância de se garantir a qualidade do ensino ministrado, sem inibir a necessária expansão do sistema e aponta como caminho a institucionalização de um amplo sistema de avaliação associada à ampliação dos programas de pós-graduação. O novo Plano Nacional de Educação encontra-se em tramitação no Senado, mas o projeto de lei reafirma o compromisso em desenvolver um sistema nacional de avaliação para a garantia do padrão de qualidade nas escolas brasileiras. Atualmente A seguir vamos falar sobre o processo atual de avaliação do ensino superior instituído pela Lei 10.861 de, 14 de abril de 2004, como forma de alcançar: A avaliação do desempenho dos estudantes dos cursos de graduação será realizada mediante a aplicação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE. O ENADE O ENADE aferirá o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação, suas habilidades para ajustamento às exigências decorrentes da evolução do conhecimento e suas competências para compreender temas exteriores ao âmbito específico de sua profissão, ligados à realidade brasileira e mundial e a outras áreas do conhecimento. De acordo com a Lei 10.681/04 que institucionalizou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, a Avaliação Institucional divide-se em 2 modalidades: Autoavaliação – Coordenada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada instituição e orientada pelas diretrizes emanadas da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior - CONAES. Avaliação externa – Realizada por comissões designadas pelo Inep. A avaliação externa tem como referência os padrões de qualidade para a educação superior expressos nos instrumentos de avaliação e nos relatórios das autoavaliações. O processo de avaliação externa independente de sua abordagem se orienta por uma visão multidimensional que busque integrar sua natureza formativa e de regulação, em uma perspectiva de globalidade. Legislação da Avaliação da Educação Superior Da análise da legislação que originou os mecanismos e os instrumentos de avaliação desde a Constituição de 1988 até a Lei 10.861/04 que implantou o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES - pode-se identificar que houve um progresso no reconhecimento da importância da avaliação associada à ideia de melhoria da qualidade do ensino. O INEP foi constituído como uma nova agência reguladora e à comunidade acadêmica caberia atuar como objeto e sujeito do seu fazer e do seu saber, visto que o novo modelo previa a participação dos professores universitários em comissões de especialistas para a elaboração das diretrizes a serem seguidas pelos cursos e ainda, em visitas externas às instituições para a verificação das condições de oferta dos cursos de graduação. Anteriormente à Lei 10.861/04 a avaliação era regulamentada pelo Decreto Federal 2.026/96 que estabeleceu os procedimentos para a avaliação dos cursos e das instituições de ensino superior. Nesse modelo, a avaliação individual de cada instituição ou curso era feita por comissão externa que deveria levar em conta a autoavaliação realizada pela organização. O Decreto Federal nº 2.026/96 foi revogado pelo de nº 3.860/01 que dispôs sobre a avaliação e os procedimentos operacionais, entre outras coisas. Esse decreto vigorou até o ano de 2006 quando o Decreto Federal 5.773/06 regulamentou a • a melhoria da qualidade da educação superior; • a regulação da expansão da oferta; • o aumento da eficácia institucional e efetividade acadêmica e social; • o aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições; • a valorização da missão pública. • • • • • - -15 8 Política de Avaliação da Educação Superior A Comissão Especial de Avaliação ao propor o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior procurou consolidar as necessárias convergências em relação a uma concepção de avaliação como processo que efetivamente vinculasse a dimensão formativa a um projeto de sociedade comprometido com a igualdade e a justiça social. O sistema de avaliação é uma construção a ser assumida coletivamente, com funções de informação para tomadas de decisão de caráter político, pedagógico e administrativo, melhoria institucional, autorregulação, emancipação, elevação da capacidade educativa e do cumprimento das demais funções públicas. Todas as instituições, independentemente de suas formas organizacionais, dependência administrativa e natureza jurídica e idealmente todos os membros da comunidade educativa: professores, estudantes, funcionários, ex-alunos e outros grupos sociais concernidos devem se envolver, juntamente com os representantes do governo, nos processos avaliativos, realizando ações coletivamente legitimadas. Esse decreto vigorou até o ano de 2006 quando o Decreto Federal 5.773/06 regulamentou a Lei 10.861/04 estabelecendo os mecanismos das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Esse decreto sofreu algumas alterações no ano de 2007, que não modificaram a operacionalização dos procedimentos estabelecidos anteriormente. O Decreto Federal 5.773/06 estabeleceu que a avaliação realizada pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES - constituirá referencial básico para os processos de regulação e supervisão da educação superior, a fim de promover a melhoria de sua qualidade do ensino nas instituições superiores do país. CONAES A CONAES (Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior) é o órgão coordenador e supervisor do SINAES. Sua função coordenadora do sistema dará respaldo político e técnico e legitimidade ao SINAES, além de assegurar por sua função supervisora o bom funcionamento e a melhoria do sistema mediante a capacitação de pessoal, organização sistemática de comissõesavaliação, recebimento e distribuição de relatórios, coordenação de pareceres, encaminhamento de recomendações às instâncias competentes, gestão para a interpretação sistemática de informações, divulgação ao público das análises realizadas. Fique ligado Como um dos principais objetivos da avaliação institucional pode-se destacar o de conhecer as fortalezas e os problemas da instituição. - -16 As ações da avaliação interna e externa devem ser realizadas de forma combinada e complementar. O roteiro ou o formulário a ser usado deve ser basicamente o mesmo para todas as unidades da instituição respeitando o perfil de cada curso e deve ser implementado com flexibilidade para a maior compreensão da instituição em análise. O processo de autoavaliação é de responsabilidade de cada instituição, que buscará obter a mais ampla e efetiva participação da comunidade interna nas discussões e estudos, sendo recomendável que nesse processo também conte com a colaboração de membros da comunidade externa, especialmente de ex-alunos e representantes daqueles setores sociais mais diretamente envolvidos com a IES. Deve ser procedida com base no roteiro elaborado pela CONAES e à disposição na internet, porém deve ser desenvolvida de acordo com a especificidade da instituição. A autoavaliação é um processo social e coletivo de reflexão, produção de conhecimentos sobre a instituição e os cursos, compreensão de conjunto, interpretação e trabalho de transformação. A comissão institucional de avaliação é denominada em cada instituição de Comissão Própria de Avaliação (CPA) e deve estar vinculada ao órgão colegiado superior. Avaliação externa organizada pela CONAES é periódica e realizada nos cursos de graduação. A instituição se submete a uma análise conduzida por comissão externa constituída por agentes pertencentes à comunidade acadêmica e científica com ampla compreensão das instituições universitárias. Os avaliadores externos devem sempre estar atentos aos critérios de participação, integração e de articulação das relações de caráter pedagógico e de relevância social, em conformidade com o estabelecido no projeto pedagógico institucional. A avaliação externa é realizada com base nos formulários e questionários anteriormente preenchidos pelos agentes da instituição que permitem aos avaliadores perceberem com mais propriedade as particularidades de cada IES. Finalizando, você deve ter entendido que não esgotamos o assunto e no site do Inep poderá buscar outras informações do seu interesse. O importante é ter uma base para entender como o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior formalizado pela Lei 10861/04 permite ao Estado cumprir a sua função de regulador do sistema educacional de nível superior garantindo ao aluno um ensino de qualidade. Você percebe que a autoavaliação feita pela sua universidade contribui para a melhoria do seu curso? Pense nisso. O que vem na próxima aula Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes: • A concepção e a dimensão da prática avaliativa na Educação Básica; • Os princípios de uma avaliação democrática; • • - -17 • A concepção e a dimensão da prática avaliativa na Educação Básica; • Os princípios de uma avaliação democrática; • A concepção da avaliação formativa-reguladora. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • Aprendeu a analisar as bases legais do atual modelo de avaliação institucional; • Identificou as concepções e os paradigmas que provocaram a introdução das alterações ao longo desses anos; • Entrou em contato com a legislação que embasa os exames nacionais, seus objetivos e particularidades; • Percebeu a complexidade que envolve o ato de avaliar e entendeu as razões do atual modelo de avaliação da educação básica e superior; • Estabeleceu a diferença existente entre um processo de autoavaliação e de avaliação externa como mecanismos de uma ação efetiva do Estado na regulação do sistema de ensino para a garantia da qualidade. • • • • • • • • - -1 AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL MÉTODOS DE AVALIAÇÃO - -2 Olá! Ao final desta aula, você será capaz de: 1- Identificar os princípios básicos e a dimensão política do modelo de avaliação institucional concebido e desenvolvido pelo MEC na Educação Básica; 2- Reconhecer a avaliação formativa reguladora como um modelo que possibilita o aperfeiçoamento do trabalho pedagógico realizado na escola de educação básica. 1 A concepção e a dimensão da prática avaliativa Nas aulas anteriores, apresentamos e discutimos o sistema nacional de avaliação desenvolvido pelo governo federal com a cooperação dos estados e municípios. Vamos iniciar as nossas reflexões nesta aula, voltando nosso olhar para a escola de educação básica. Como entender os resultados obtidos pelas escolas nos exames nacionais e o que fazer com os dados socioeconômicos revelados nos questionários preenchidos pelos alunos? Como realizar uma avaliação democrática na escola? Apresentaremos as razões e os motivos que nos fazem desejar a avaliação como um bem, porque nos permite aperfeiçoar o trabalho educativo realizado. Você deve partir da premissa que na rede pública, principalmente, a escola significa o espaço institucional que garante a realização dos sonhos e anseios de muitas crianças e jovens das camadas sociais mais carentes. Então devemos nos fazer algumas perguntas: Como uma criança de uma escola de ensino fundamental, seja pública ou particular, entende um resultado que classifica a sua escola como sendo uma das piores instituições de ensino da cidade ou estado? Como minorar os efeitos da divulgação na mídia dos resultados obtidos? Mesmo que sejam os resultados do ensino médio no ENEM, o fato em si mobiliza a comunidade no sentido de estabelecer um juízo de valor se a escola realiza um bom trabalho, ou não. O governo federal não divulga nos meios de comunicação o desempenho dos alunos no SAEB, na Prova Brasil e na Provinha Brasil. Envia para as escolas e para os sistemas de ensino o relatório contendo os resultados obtidos por cada escola. A escola deve decidir como vai trabalhar para melhorar o desempenho de seus alunos. - -3 Parece-nos que a política desenvolvida atribui aos professores e aos alunos a responsabilidade pelos resultados obtidos. Existe um clima de pressão, tanto na escola privada ou pública, para que ambos sejam culpados, desconsiderando a influência dos fatores internos de precariedade das escolas públicas (em termos materiais) e os fatores externos das condições desfavoráveis (pobreza extrema) em que vivem os alunos de certas regiões do país. 2 Quais são os benefícios de uma avaliação pautada nos exames nacionais? Entendemos que ela pode trazer em si um efeito positivo se os resultados forem trabalhados na perspectiva de se criar na escola uma cultura de avaliação permitindo, não só aos professores realizar uma reflexão, como a toda a equipe que atua naquele espaço. A avaliação para possibilitar a criação de uma sociedade mais democrática tem que se pautar em princípios, também democráticos, de participação e decisão coletiva. A criança brasileira não conta normalmente com uma escola pública de qualidade. Não se pode contestar esse fato, mas não se pode generalizar, pois temos escolas públicas que realizam um excelente trabalho e, mesmo dentro de uma escola com baixo desempenho, podemos encontrar um professor bastante qualificado. 3 Os princípios de uma avaliação democrática Quais seriam os princípios de uma avaliação democrática para embasar um sistema de avaliação ou um projeto a ser desenvolvido em uma escola? Fique ligado Dos argumentos expostos você deve ter concluído que a avaliação é necessária e valiosa para conhecermos a realidade que nos envolve. Precisamos é refletir intensamente sobre as estratégias para melhorar qualitativamente o trabalho realizado nas escolas brasileiras. - -4 Acho que uma proposta de avaliação deve ser coerente com princípios, critérios, pressupostos e premissas que lhe servem de fundamentação conceituaie política e também de justificação para a operacionalização dos processos. Então, vamos relacionar a seguir os princípios que foram incluídos no Relatório da Comissão Especial de Avaliação – CEA - como necessários ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior. Depois vamos comparar com o texto do Ristoff porque ele identifica os princípios do Programa de Avaliação Institucional da Universidade Brasileira - PAIUB - que foi uma experiência exitosa de um modelo de avaliação interna realizado nas universidades públicas. Esses princípios embasaram a avaliação da educação superior, mas podemos perceber que foram considerados e respeitados também na educação básica. Vamos analisar cada um desses 8 princípios: • A educação é um direito social e dever do Estado: Este princípio é o fundamento da responsabilidade social das instituições educativas. Uma instituição deve prestar contas à sociedade, mediada pelo Estado, do cumprimento de suas responsabilidades, especialmente no que se refere à formação acadêmico-científica, profissional, ética e política dos cidadãos, à produção do conhecimento e à promoção do avanço da ciência e da cultura. • Respeito à identidade e à diversidade institucional em umsistema diversificado: Cada instituição tem a sua história e constrói concretamente suas formas e conteúdos próprios que devem ser respeitados. A avaliação institucional deve servir para aumentar a consciência coletiva. A identidade institucional não é um já-dado; é uma construção que tem a ver com a história, as condições de produção, os valores e os objetivos da comunidade, as demandas concretas, as relações interpessoais, o clima organizacional. Esse princípio foi respeitado no PAIUB e é essencial para o desenvolvimento de um projeto de avaliação democrático. • Valores sociais historicamente determinados: As instituições de educação superior devem solidariamente produzir os meios para o desenvolvimento sustentado do país e a formação dos cidadãos de uma determinada sociedade, de acordo com as pautas valorativas hegemônicas nas relações de forças sociais e políticas de um determinado momento histórico. • Globalidade: • • • • - -5 Os processos avaliativos precisam construir a globalidade e a integração relativamente aos sujeitos e ao objeto. A redução do fenômeno complexo e multidimensional da avaliação a um só ou a poucos de seus aspectos, sem articulação, traz o risco de passar a ideia de que a avaliação se reduz a cada um desses instrumentos, em geral dedicados a medir, a quantificar e a comparar. Todas as atividades e as dimensões da instituição devem ser avaliadas (administrativa, pedagógica e política). Esse princípio, de acordo com Ristoff (2005, p. 41), garante a amplitude da análise e ele ressalta que: “Cada instituição precisa seriamente considerar as forças em ação no seu complexo específico e decidir, preocupando-se sempre com o princípio da globalidade, ou seja, com o caráter institucional da avaliação”. • Regulação e controle: O Estado supervisiona e regula a educação superior para efeitos de planejamento e garantia de qualidade do sistema. Seu papel não se limita à regulação no sentido do controle burocrático e de ordenamento: compete-lhe também avaliar a educação de modo a fornecer elementos para a reflexão e propiciar melhores condições de desenvolvimento do projeto pedagógico. • Legitimidade: A avaliação não é só uma questão técnica. É também um forte instrumento de poder. A avaliação precisa ter uma legitimidade técnica, assegurada pela teoria, pelos procedimentos metodológicos adequados, pela elaboração correta dos instrumentos e por tudo que é recomendado em uma atividade científica. A legitimidade ética e política têm a ver com a autonomia efetivamente assumida na perspectiva da responsabilidade pública e passa pela construção dos processos de avaliação como espaços sociais de reflexão coletiva dos integrantes de uma instituição educacional. Ristoff (2005, p. 50) acrescenta que a legitimidade técnica vai além da metodologia utilizada para colher os dados. Ela pressupõe a construção de informações fidedignas, em espaço de tempo capaz de ser absorvido pela comunidade avaliada. • Prática social com objetivos educativos; Concebida a educação na perspectiva do direito social e dever do Estado, portanto plenamente orientada por valores públicos, a avaliação educativa deve ser consequentemente um processo democrático e participativo e deve ser assumida como parte importante de uma política de educação. • Continuidade: • • • • - -6 Os processos de avaliação devem ser contínuos e permanentes, não episódicos, pontuais e fragmentados. Processos contínuos criam a cultura da avaliação educativa internalizada no cotidiano da escola e possibilitam uma análise constante dos pontos fortes e das fragilidades da instituição enquanto responsável pelo processo educativo. 4 A prática avaliativa: considerações De acordo com Ludke e Sordi (2009) em artigo publicado na Avalição - Revista da Avaliação da Educação Superior, quando discute a importância de se incluir na formação do professor além do conhecimento de avaliação da aprendizagem do aluno, um conhecimento do valor que se deve dar aos aspectos que circunscrevem a realidade onde o ensino acontece. “Avaliar a escola e construir juízo de valor sobre a função social que possui implica um zelo bastante acentuado, dadas as mudanças que assolam nossa sociedade. Cabe atualizar esta função de modo que acompanhe os novos desafios impostos pela realidade, porém sem perder o compromisso com as crianças e jovens, em especial aqueles menos favorecidos, para quem a permanência na escola pode e precisa fazer diferença”. (Avaliação, v. 14, n. 2, p. 313-336). Ludke e Sordi Podemos concordar com as autoras quando dizem que um projeto de avaliação deva ser precedido de uma reflexão sobre o cenário educacional, visto que as mudanças atualmente acontecem de forma tão rápida e difusa que a escola não consegue acompanhar e se não se der conta dessa defasagem pode estar realizando um trabalho honesto, mas em descompasso no tempo e no espaço. Não há como negar que a tecnologia nos permite a comunicação imediata e que a imagem pode colaborar com a aprendizagem do aluno, então esses recursos acrescentam experiência aos alunos e não podemos mais ignorá- los. Quando o aluno não possui naturalmente esses recursos cabe ao poder público disponibilizá-los. As mesmas autoras prosseguem afirmando que: Fique ligado Devemos refletir sobre a função da escola na comunidade e sobre o que ela significa para o aluno. - -7 “Desta forma, o direito à educação não pode ser confundido com o direito ao acesso à escola, traduzido pelo aumento das estatísticas dos alunos matriculados apenas. Este acesso precisa vir acompanhado do compromisso com a aprendizagem dos estudantes e com seu direito de acesso ao conhecimento acumulado”. (Avaliação, v. 14, n. 2, p. 313-336) 5 A prática avaliativa: considerações Entendemos que um processo de avaliação deve ser deslanchado sempre para beneficiar o aluno e garantir o seu direito a uma educação de qualidade. O acesso ao conhecimento atualizado e contextualizado dentro de uma perspectiva presente e não como um acúmulo de informações mecanicamente adquiridas, por vezes obsoletas e sem valor prático. As metas quantitativas são importantes, o acesso de todos à educação fundamental é meta relevante, mas não se pode desejar apenas que a criança, o adolescente ou o jovem estejam frequentando a escola. Outras preocupações devem ser motivo de análise e pesquisa tais como: o currículo, uma pedagogia diferenciada, o respeito às diferenças e diversidades culturais e várias outras possibilidades poderiam ser acrescentados a essa relação. Dialogando ainda com as mesmas autoras, Ludke e Sordi, temos que concordar com elas quando dizem que: “A aprendizagem do manejo de processos de avaliação institucional ensina a desenvolver outro nível de análise para interpretar
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