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Introdução A Associação Americana de Tireóide recomenda o rastreamento de adultos para disfunção tireoidiana, pela mensuração dos níveis de TSH - Hormônio Estimulante da Tireóide, a partir dos 35 anos a cada 5 anos - principalmente as mulheres. Fatores de risco associados à história patológica pregressa: ● História pessoal: ○ mulheres; ○ Disfunção tireoidiana prévia; ○ Bócio; ○ Uso de medicamentos estimulantes da tireóide. ● História familiar: ○ Doença tireoideana; ○ Miastenia gravis; ○ DM tipo I; ○ Insuficiência adrenal primária. ● Exames laboratoriais que sugerem hipertireoidismo: ○ Hipercalcemia; ○ Elevação da fosfatase alcalina; ○ Elevação das transaminases. Diagnóstico do hipertireoidismo Manifestações clínicas: ● Ansiedade, nervosismo, irritabilidade; ● Fadiga e fraqueza muscular; ● Bócio; ● Emagrecimento; ● Insônia; ● Sudorese excessiva e intolerância ao calor; ● Tremor, palpitação, taquicardia e taquiarritmias atriais; ● Pele quente e sedosa; ● Pressão arterial divergente; ● Hiper-reflexia; ● Retração palpebral e exoftalmia; ● Alterações menstruais; ● Hiperfagia e hiperdefecção. Exame físico: ● Aferição do peso, da pressão arterial e da freqüência cardíaca; ● Palpação e ausculta da tireóide (para determinação do tamanho, consistência, presença de nodularidade e vascularização); ● Exame neuromuscular; ● Exame ocular (na busca de exoftalmia e/ou outros sinais de oftalmopatia); ● Exame dermatológico; ● Exame do aparelho cardiovascular; Exames laboratoriais: ● Dosagem de TSH ultrassensível: < 0,02 mlU/L - diagnostica o hipertireoidismo franco ou subclínico. ○ O excesso de hormônios tireoidianos, com exceção do aumento de TSH, resulta em diminuição de TSH. ● T4 livre: > 1,8 ng/dl - o T4 fica aumentado nessa situação. ○ No caso de T4 sem aumento, mas com diminuição de TSH, deve-se dosar o T3 livre. ○ Muitas vezes, o T3 livre aumentado pode indicar doenças graves, como Bócio nodular tóxico. Obs: as dosagens hormonais de T3 e T4 isoladamente não são recomendadas, pois frequentemente existem alterações nessas dosagens, pelas anormalidades nas globulinas ligadoras dos hormônios tireoideanos. ● Dosagem de TRAb (anticorpo anti-receptor de TSH): > 1,5 U/L - não se indica usualmente, mas pode ser útil em casos específicos. Situações indicadas para dosagem de TRAb: ● Quadro clínico não evidente. ● Gestantes eutireoideanas com passado de Doença de graves submetidas a radioiodo, tireoidectomia ou com presença de doença grave. ○ Elevação de TRAb no 1° trimestre da gestação indica risco de hipertireoidismo fetal. ○ Já a elevação de TRAb no 3° trimestre indica risco de hipertireoidismo neonatal. ● Diagnóstico diferencial de tireotoxicose gestacional (1° trimestre). ● Diagnóstico diferencial de indivíduo eutireoidiano com exoftalmia, principalmente quando bilateral. Hipertireoidismo subclínico (HS) O problema pode surgir em qualquer fase da vida e pode afetar homens e mulheres, mas a incidência é maior entre as mulheres na idade adulta. Causas: são as mesmas do hipertireoidismo, sendo mais comuns pelas doenças imunológicas. A causa mais frequente é a Doença de Graves, condição autoimune que gera uma anomalia no funcionamento da glândula da tireoide. Também pode surgir devido a Doença de Hashimoto, a tireoidite viral ou algum tratamento para o hipotireoidismo (por tomar doses hormonais mais elevadas do que o necessário). Caracterização: ● TSH sérico < 0,1 microU/mL e concentrações normais de T4 e T3 livres. ● Supressão de TSH: ocorre pela administração exógena ou produção endógena de hormônios tireoideanos suficientes para manter os níveis séricos de T3 e T4, mas que suprimem a produção e a secreção de TSH. Fatores de risco com o hipertireoidismo secundário: ● Progressão para hipertireoidismo franco. ● Efeitos cardíacos. ● Efeitos esqueléticos. Pacientes com HS atribuído à doença tireoidiana nodular: deve ser instituído devido ao grande risco de progressão para hipertireoidismo clínico. HS prolongado: pode se relacionar à diminuição da densidade mineral óssea e pode ser um fator de risco para osteoporose, principalmente em mulheres pós menopausa. Idosos: risco três vezes maior de fibrilação atrial, de insuficiência cardíaca diastólica e redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo em resposta ao exercício. Diagnóstico: dosagem de T3, T4 e TSH. Doenças que levam a um HS Doença de graves Causa mais comum de hipertireoidismo, pois o TSHR (receptor do TSH) é o auto antígeno primário da doença. Caracterização da doença: bócio difuso, tireotoxicose, oftalmopatia infiltrativa e dermopatia infiltrativa. Incidência: 20 a 50 anos, afetando 2% das mulheres e 0,2% dos homens. Tratamento: drogas antitireoidianas (DAT), cirurgia e iodo radioativo. ● Entretanto, esses tratamentos não atuam diretamente na patogênese da disfunção. Drogas antitireoidianas: propiltiouracil ou metimazol - inibem a síntese de T3 e T4 nas células foliculares. Betabloqueadores: propranolol ou atenolol - apesar de não inibirem a função tireoidiana, são úteis para suprimir temporariamente os sinais e sintomas da tireotoxicose, como taquicardia, palpitações, tremores, diaforese, retração palpebral e ansiedade. Além disso, eles também prejudicam a conversão periférica de T4 em T3 Iodo radioativo: é indicado pois evita o desconforto das drogas antitireoidianas e o custo é menor - o uso do iodo evita um quadro de exacerbação do hipertireoidismo. ● Principal efeito colateral: indução do hipotireoidismo iatrogênico transitório ou permanente. ● Contraindicações: gestantes, lactantes, baixos níveis de captação de iodo, presença de nódulo tireoidiano maligno. Tireoidectomia: sua indicação é bem limitada na doença de Graves. ● Indicações: crianças e gestantes que apresentaram efeitos colaterais aos fármacos antitireoidianos; pacientes com bócios volumosos ou que querem um tratamento definitivo e recusam o uso de iodo radioativo; pacientes com nódulos tireoidianos com suspeita de malignidade. Bócio nodular tóxico Diferenças entre o hipertireoidismo causado pelo bócio nodular tóxico e a doença de graves: o bócio multinodular tóxico apresenta hipertireoidismo sem oftalmopatia e está associado a complicações cardiovasculares. ● Os nódulos autônomos produzem e secretam hormônios tireoideanos, independente de estímulos do TSH. ● O crescimento dos nódulos aumenta a produção de T3 e T4 e diminui a secreção de TSH. Bócio uninodular tóxico - adenoma tóxico: comum em regiões com deficiência de iodo e acomete 6 mulheres para cada homem. ● 20% dos adenomas tóxicos possuem mutações somáticas nas células foliculares, responsáveis pelo aumento da síntese de T3 e T4. ● 80% das mutações ocorrem no receptor do TSH e o restante na estrutura da subunidade alfa das proteínas G de membrana. Diagnóstico: combinação da palpação da tireóide com testes laboratoriais. ● Exame físico: identificação de nódulos com 3 cm ou mais. Obs: nódulos maiores causam dor, rouquidão, disfagia e dispnéia. ● Exames laboratoriais: supressão do TSH e elevação do T3 e do T4 livres. Mas, inicialmente pode haver apenas elevação do T3 e com a evolução, aumenta-se o T4. Tratamento: nodulectomia ou lobectomia, tionamidas e betabloqueadores. Obs: propiltiouracil ou o metimazol também pode controlar o hipertireoidismo, mas não inibem o crescimento do adenoma, por isso a indicação é apenas temporária. Bócio multinodular tóxico Representa a fase final da evolução do bócio multinodular. Constitui a segunda causa mais frequente de hipertireoidismo. Acomete mais mulheres acima dos 60 anos. Principal causa: carência de iodo na alimentação - ao longo dos anos osnódulos produzem hormônios tireoidianos em excesso, o que suprime o TSH. Diagnóstico: história clínica do paciente, palpação da tireoide e exames complementares, como no adenoma tóxico. Tratamento: o mesmo do adenoma tóxico.
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