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ç CICLO DE VIDA DA HEMÁCIA • Durante o período de vida da hemácia: o Percorre uma distância de aproximadamente 200km o Enfrenta turbulência do Sistema Cardiovascular mais de 500 mil vezes o Para isso é necessário que a hemácia seja uma célula metabolicamente ativa. Deve haver um suprimento adequado de glicose para produção de energia. ▪ Glicose é a única fonte de energia, pois a hemácia é incapaz de oxidar ácidos graxos e aminoácidos. METABOLISMO DA HEMÁCIA VIA GLICOLÍTICA DE EMBDEN-MEYERHOFF: • Quebra da glicose com produção de ATP e de NADH • 90% da glicose entra por essa via anaeróbica • Saldo → 2ATP e 2NADH VIA DE DESVIO DA PENTOSE-FOSFATO D: • Ação da glicose-6-fostato-desidrogenase • 10% da glicose entra por essa via • Relacionada à proteção da hemácia • Saldo: o O NADPH tem poder redutor para que a glutationa passe de seu estado oxidado para seu estado reduzido. • Evita danos oxidativos que podem acontecer a lipídeos e proteínas da célula, amenizando sintomas de envelhecimento da hemácia. VIA DE DESVIO DE RAPOPORT • Formação do 2,3 DPG (seu aumento gera melhor oxidação dos tecidos) o Marcador da necessidade de utilização de oxigênio pela célula. • Afinidade pelo oxigênio OBJETIVO DO METABOLISMO ERITROCITÁRIO E PRODUÇÃO DE ATP • Manter a forma bicôncava da hemácia (facilitando a passagem através dos capilares) • Manter a flexibilidade da membrana • Proteger contra oxidação • Integridade da hemoglobina (não pode ser liberada no plasma) • Integridade da membrana lipídica • Manter ativa a bomba Na/K/ATPase ENVELHECIMENTO DA HEMÁCIA • Alterações são detectadas pelo sistema reticuloendotelial (baço, fígado e medula óssea) que capta a hemácia para ser destruída: o Enzimas da via glicolítica tornam-se menos efetivas o Há dificuldade de manter ATP intracelular o Moléculas de hemoglobina oxidadas e desnaturadas se ligam à membrana celular, podendo até ser liberadas dentro do plasma o Concentração de hemoglobina intracelular aumenta o A membrana perde lipídeos progressivamente o Hemácia se torna semelhante a uma esfera. • Ao ser captada, a hemácia terá a quebra dos seus componentes (globina e componentes do heme) o Heme → reutiliza o ferro e metaboliza a protoporfirina com a ajuda da heme oxigenase, formando a bilirrubina o Globina → será reutilizada. HAPTOGLOBINA SÉRICA • Se a hemácia for quebrada dentro do vaso, a hemoglobina se liga a uma enzima de transporte (Haptoglobina sérica) a qual fica responsável por levar a hemoglobina para dentro do sistema reticuloendotelial (SRE), formando o complexo hemoglobina-haptoglobina • Marcador da presença de hemólise o Se tem muita hemólise acontecendo, vai precisar de muita haptoglobina para levar os produtos da quebra da hemácia para o SER, fazendo com que a haptoglobina CAIA. BAÇO • Órgão mais sensível para detectar hemácia frágil ou defeituosa • Mais seletivo • Devido a estrutura anatômica vascular peculiar, onde se tem: o A volta dos cordões esplênicos para os sinusoide só é feita através dos poros estreitos, irregulares e tortuosos o Existem obstáculos (macrófagos, células) o Redução do volume do plasma (plasma skimming) • O eritrócito necessita de deformabilidade para passar. • A hemácia que consegue passar por este está bem. FÍGADO • Órgão que capta hemácias para destruição em maior proporção • Recebe uma quantidade maior de fluxo sanguíneo (25% do DC) BILIRRUBINA • A bilirrubina mais solúvel é a direta (conjugada). • Pois a indireta (não conjugada), que é liberada no primeiro momento de quebra da hemácia é insolúvel, não sendo possível excretar. E, por ser tóxica, tem que ser metabolizada no fígado, onde será modificada tornando-se uma substância solúvel, mais fácil de excretar. o A bilirrubina indireta/livre será conjugada com ácido glicurônico, transformada em urobilinogênio e depois em estercobilinogênio, para poder ser excretada no TGI (bile) e rim. • Paciente com doença hepática que dificulte a eliminação da bilirrubina conjugada, esta extravasa nos canalículos e volta para o sangue, sendo detectada uma grande quantidade desta no sangue, tendo alterações na coloração das fezes e da urina o Causa da icterícia → aumento da bilirrubina. • Paciente com icterícia e colúria → bilirrubina direta (conjugada) aumentada. CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS • Déficit na produção • Defeitos na maturação • Diminuição da sobrevida → maior destruição → anemia hemolítica HEMÓLISE • Destruição ou remoção da hemácia da circulação antes de seu tempo de vida normal de 100 a 120 dias com consequente liberação do conteúdo celular no plasma/tecidos. • Hiperprodução medular → até 6 a 8 vezes. Para tentar compensar a destruição acelerada. • Teste chave para diagnosticar: o Contagem de reticulócitos ▪ Normal → 0,5% (25.000) a 2% (75.000) ▪ < 0,5% → insuficiente produção medular ▪ > 2% → hiperprodução medular (anemia hemolítica) • A destruição da hemácia pode ser: o Extravascular → no SRE (uma exacerbação do que já acontece naturalmente) ▪ SRE → macrófagos, baço e fígado ▪ Hemácia é captada (fígado-baço) → redução da haptoglobina em menor grau • Globina → reutilizada • Heme: o Ferro é reutilizado o Protoporfirina é metabolizada em bilirrubina. ▪ É a mais comum ▪ Etiologia: • Características da hemácia → limitação da passagem, pela deformidade, através do sistema esplênico. • Anormalidades de superfície → imunoglobulinas ou ação complemento. o Intravascular → dentro do vaso, com liberação de hemoglobina dentro deste. ▪ Mais rara ▪ Hemoglobina é liberada diretamente no vaso e se liga a haptoglobina, tendo então uma queda acentuada da haptoglobina, além de ligação a albumina, com aumento da hemoglobina livre) → aumento da hemoglobina na urina → hemoglobinúria e hemosidenúria. ▪ Etiologia: • Trauma mecânico • Reações transfusionais • Drogas • Toxinas exógenas HEMÓLISE E METABOLISMO DA BILIRRUBINA • A bilirrubina indireta (não conjugada) aumenta até valores de 4 a 5mg/dL, desde que a função hepática esteja intacta. O QUE DESENCADEIA O PROCESSO DE HEMÓLISE? • Defeitos intracorpusculares (intrínseco da hemácia) o Hemoglobinopatias → anemia falciforme o Alterações da membrana da hemácia → esferocitose o Alterações do metabolismo intracelular da hemácia → defeitos enzimáticos • Defeitos extracorpusculares (não estão ligados a estrutura da hemácia em si) o De causa imune → anticorpos dirigidos contra os componentes da membrana da hemácia. o De causa não imune: ▪ Estase, aprisionamento e destruição da hemácia por um baço aumentado (esplenomegalia) ▪ Trauma ▪ Toxinas TRANSFUNDINDO HEMÁCIAS EM CASO DE ANEMIA HEMOLÍTICA • Como é a sobrevida das hemácias transfundidas, se o distúrbio causador da hemólise é intracorpuscular? o Meia vida normal, pois o defeito é na hemácia do paciente • Como é a sobrevida das hemácias transfundidas, se o distúrbio causador da hemólise é extracorpuscular? o Meia vida diminuída, pois o próprio sangue transfundido também poderá ser hemolisado ACHADOS LABORATORIAIS • Dependente do aumento de destruição: o Aumento da bilirrubina livre o Aumento do urobilinogênio urinário o Aumento do estercobilinogênio fecal o Diminuição da haptoglobina (que está sendo muito usada para captação da hemoglobina) o Aumento do LDH (marcado de destruição celular) • Dependente do aumento de produção o Reticulocitose o Eritroblastos circulantes (forma jovem) o Policromatofilia o Alterações radiográficas ósseas (principalmente nos ossos longos, referente a maior produção medular) • Se houver hemólise intravascular o Hemoglobinúria o Hemossiderinúria (deposição nos túbulos renais) ANEMIA HEMOLÍTICA • Anemia + Reticulocitose + Bilirrubina indireta aumentada • Sinais → palidez + icterícia + esplenomegalia• Algumas são de causas hereditárias: o Defeitos da hemoglobina o Defeitos de membrana o Defeitos enzimáticos HEMOGLOBINOPATIAS • Alterações na síntese da globina o São formadas por uma sequência de 141 aminoácidos (cadeia alfa) ou 146 aminoácidos (cadeia beta) o A cadeia normalmente alterada é a beta → mais facilmente alterada geneticamente. ▪ Um indivíduo normal tem: • Um único par de genes BETA → o defeito de um destes genes determina alteração de aproximadamente METADE da hemoglobina do adulto. • Quatro pares de genes ALFA → a mutação de um deles afeta APENAS cerca de 15 a 25% do total de hemoglobinas do adulto. • Os defeitos hereditários da síntese de hemoglobinas são determinados por alterações dos genes de globinas ANEMIA FALCIFORME • Troca de um aminoácido polar (ácido glutâmico) por um apolar (valina) na cadeia Beta → Hemoglobina S em baixa quantidade de oxigênio se precipta em cristais longos dentro da hemácia → forma de foice • Essa forma é menos apta a atravessar a microcirculação, tornando-se rígidas e em forma de foice quando submetidas à desoxigenação • Ocorre dano da membrana celular o Célula mais frágil e sofre hemólise o Célula mais rígida → vasoclusão • O quadro clínico não depende dos sintomas causados pela anemia, mas sim da ocorrência de lesões orgânicas causadas pela obstrução vascular e das “chamadas crises de falcização”(como dor abdominal, oclusão de isquemia de uma perna). • Forma de hemoglobina S que sofre polimerização é a DEOXIHEMOGLOBINA (sem oxigênio) e os fatores que favorecem esta polimerização são: o Concentração de oxigênio o pH ácido o concentração de hemoglobina S para concentrar hemoglobina normal. • Diagnóstico o Eletroforese de hemoglobina ▪ Hb → 6 a 10g/dl ▪ Anemia normocrômica e normocítica ▪ Reticulócitos elevados (entre 5 a 20%) o Hemólise laboratorial ▪ Elevação de bilirrubina indireta ▪ Redução de haptoglobina ▪ Elevação de urobilinogênio urinário ▪ Hiperplasia eritroide na medula óssea • Leucocitose • Contagem de plaquetas elevada • Mais comuns → crises de dor abdominal, cálculos biliares, infarto pulmonar, AVC, acidente isquêmico transitório, necrose asséptica da cabeça do fêmur, retinopatia. TALASSEMIA • Grupo heterogêneo de doenças genéticas • Deficiência na síntese de hemoglobina • Elevada prevalência nos povos do mediterrâneo, sendo a doença genética mais comum em todo o mundo. • Pode afetar tanto a cadeia beta, como a cadeia alfa. • Talassemia Beta (defeito na formação das cadeias Beta) o Forma mais comum o Há um único par de genes da cadeia beta o O indivíduo pode ser heterozigoto (tem somente um gene beta-talassêmico) • Talassemia Alfa (defeito na formação das cadeias alfa) o São mais complexas quanto à genética o Em cada cromossomo 16 → dois genes alfa • Traço talassêmico → heterozigotos DEFEITOS HEREDITÁRIOS DA MEMBRANA ESFEROCITOSE • Doença autossômica dominante (75% dos casos) • Não possuem a estrutura flexível normal: o Alteração das proteínas (espectrina) do citoesqueleto o Sofrem leve compressão e hemólise • As hemácias se formam pequenas e esféricas, não podem ser comprimidas no sistema esplâncnico. • Achados → anemia normo e microcítica. DEFEITOS ENZIMÁTICOS • A sobrevida e a função das hemácias dependem destas enzimas • Defeitos da via Embden-Meyerhof (glicolítica) → Deficiência de Piruvato Cinase. • Defeitos na via das pentoses → Deficiência da glicose 6 fosfato desidrogenase (G6PD): o Funções da G6PD: ▪ Regenera NADH ▪ Recupera glutationa ▪ Protege contra oxidação ▪ Poder redutor ▪ Antioxidante • Medicamentos que devem ser evitados em pacientes com deficiência de G6PD: principalmente Dapsona e sulfoxona ANEMIA HEMOLÍTICA ADQUIRIDA • Imune o AHAI anticorpos quentes (IgG) → reagem mais a temperatura corporal o AHAI por anticorpos frios (IgM) o Aloimunização (por incompatibilidade sanguínea) o Drogas • Mecânica o Microangiopática o Próteses valvulares • Defeitos de membrana adquiridos: o HPN • Secundária a infecções: o Clostridium o Malária AUTOIMUNE • Aloanticorpos: o Transfusão o Gravidez • Autoanticorpos → IgG e IgM • Drogas ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE (AHAI) • Caracterizada pela destruição precoce das hemácias devido à fixação de imunoglobulinas ou complemento na superfície da membrana das hemácias. • Pode ser causada por: o Autoanticorpos a quente (IgG) → mais comum ▪ Anticorpos IgG reagem a temperatura corporal (37º C) com hemácias de qualquer grupo sanguíneo. ▪ Não há fixação completa do complemento e a hemácia é captada pelo SRE. ▪ Tipo mais comum → idiopática (causa não conhecida), doenças colágeno (LUPUS), linfomas e drogas. o Autoanticorpos a frio (IgM) ▪ Autoanticorpos IgM reagem melhor a frio, pois em temperaturas mais baixas os sítios antigênicos das hemácias sofrem mudanças de conformação estrutural que os torna reativos com anticorpos IgM ▪ Há fixação completa do complemento e lise celular. ▪ A hemólise é mista intravascular e SER. ▪ Ocorre em: Infecções (mononucleose, mycoplasma) e doenças linfoproliferativas. o Hemoglobinúria paroxística a frio (IgG) → rara. Acomete crianças com idade inferior a 5 anos, após infecção das vias aéreas superiores o Mista → causada por autoanticorpos a quente e a frio. • Diagnóstico: o Histórica clínica o Sintomas associados a anemia o Associação com exposição ao frio o Ingestão de fármacos o Doenças infecciosas o Doenças autoimunes o Doenças linfoproliferativas • Pode ocorrer hemólise: o Intravascular → se complemento fixa-se totalmente à superfície o Extravascular → se complemento fixa-se parcialmente. ANEMIA HEMOLÍTICA INDUZIDA POR DROGAS • Drogas podem induzir a formação de anticorpos dirigidos contra a própria droga ou contra antígenos intrínsecos às hemácias. • Indução de autoimunidade (anticorpos contra antígenos Rh) → alta-metildopa, procainamida, ibuprofeno, levodopa. • Indução de anticorpos contra imunocomplexos hemácia-droga (gera um anticorpo contra o imunocomplexos chamado de hapteno): o Penicilina, dipirona, eritromicina, isoniazida o Quinidina, cefalosporinas de 3ª geração, clorpromazina ANEMIAS HEMOLÍTICAS ALOIMUNES • Produção de anticorpos contra hemácias estranhas ao indivíduo (alo) o Ocorrem naturalmente no sistema sanguíneo ABO o Devido a exposição prévia à um antígeno • Os anticorpos são chamados de Aloanticorpos. Quanto se tem a ação do complemento e da imunoglobulina a intensidade da hemólise é bem maior. • Mãe Rh- + Pai Rh+ → Bebê Rh + → a mãe vai formar anticorpos contra as hemácias positivas do bebê, ou seja, vai hemolisar as hemácias do bebê → com os maiores valores de bilirrubina, que é extremamente tóxica → se não for tratada imediatamente (troca do sangue do bebê por outro), a criança vai à óbito. o Por isso quando uma mulher Rh- vai engravidar, ela tem que fazer todo o preparo no pré-natal para usar a dessensibilização para que não faça este tipo de reação. o Administração da imunoglobulina anti-D (RhoGAM) neutraliza o antígeno D presente nas hemácias fetais Rh+ que passaram para circulação sanguínea da gestante, impedindo a produção de anticorpos anti-D, nas situações: ▪ Pós aborto espontâneo ou terapêutico ▪ Durante o pré-natal na 28ª/29ª semana de gestação ▪ Até 72h após o parto, se o recém-nascido for Rh+. COMO VERIFICAR SE EXISTE HEMÓLISE? • Teste direto da antiglobulina (Coombs direto) → pesquisa a própria hemácia ligada a imunoglobulina. • Teste para autoanticorpos no soro do paciente (Coombs indireto) • Identificação do anticorpo específico MECANISMO NÃO IMUNE • Resultantes de fatores externos ao glóbulo vermelho: o Físicos: ▪ Hipertensão maligna ▪ Próteses cardíacas valvulares ▪ Circulação extracorpórea ▪ Hemodiálise ▪ Anomaliasdos vasos (fístula) o Hiperesplenismo (baço aumentado → esplenomegalia) • Anemias por agressão periférica aos eritrócitos: o Malária → reprodução do Plasmodium sp. nas hemácias e seu posterior rompimento.
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