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Flávia Macêdo Anemias hemolíticas 1. É um grupo de doenças onde as hemácias estão com a sobrevida muito diminuída devido a hemólise. Hemólise é a destruição prematura das hemácias na periferias, seja intravascular ou extravascular o Extravascular as hemacias são destruidas no tecido reticuloendotelial, especialmente no baço o Intravascular as hemacias são destruidas na propria circulação e seu conteudo é liberado no plasma Principais causas: o Imunológica (autoimune, aloimune, associada a drogas) o Metabólica (deficiência de G6PD) o Membrana celular (esferocitose e eliptocitose hereditarias) o Hemoglobina (sindromes alpha e beta talassêmicas) o Molécula de membrana (hemoglobinúria paroxística noturna) Resposta medular: o A destruição das hemácias estimula a liberação de eritropoietina, que irá estimular a maturação dos eritroblastos. Estes serão responsaveis por liberar novas celulas vermelhas no sangue: os reticulócitos (hemácias jovens) o Devido a esse grande estimulo, a medula lança no sangue reticulocitos mais imaturos, denominados shift cells Shift cells são vistos no esfregaço sanguineo como grandes hemácias azuladas. o A resposta medular pode ser observada no mielograma através da hiperplasia eritroide. Quando ocorre a hemólise, a hemacia libera a hemoglobina, que será metabolizada, separando os compostos ferro e protoporfirina. o A protoporfirina é transformada em biliverdina, que é convertida em bilirrubina indireta, que irá para o plasma e depois para o fígado Toda hemólise crônica predispõe a formação de cálculos biliares devido a maior concentração de bilirrubina na bile, podendo formar os cálculos de bilirrubinato de cálcio 2. Laboratório da hemólise: Na hemólise, é comum encontramos os sinais e sintomas de uma anemia + alguns dos achados a seguir: o Leve icterícia (associada a palidez) Devido a hiperbilirrubinemia indireta o Esplenomegalia Indica uma neoplasia hematologica ou uma anemia hemolitica crônica As talassemias são as anemias hemoliticas que mais aumentam o baço o Historia familiar positiva de anemia o Uso de medicamentos Flávia Macêdo o Urina avermelhada ou marrom (hemoglobinuria) A hemácia ta sendo hemolizada, liberando hemoglobina, que será liberada na urina Esse achado confirma o diagnostico intravascular o LDH aumentado devido a sua liberação na hemolise 3. Haptoglobina: Na presença de hemolise, a haptoglobina se liga na porção globina da hemoglobina liberada. Este complexo é rapidamente removido pelos hepatócitos. o Logo, os niveis de hatoglobina diminui ou torna-se indectavel na presença de hemolise Haptoglobina normal + reticulositose = pode estar ocorrendo a hemólise no fígado ou baço (extravascular) o Nesse caso não havera liberação de hemoglobina no plasma e haptoglobina não é consumida A hatoglobina aumenta em estados inflamatórios cronicos 4. Anemias hemolíticas hereditárias por alterações do citoesqueleto e membrana eritrocítica: A membrana do eritrócito é sustentada por uma rede de proteinas que formam um citoesqueleto o Defeitos das forças verticais levam a esferocitose hereditaria e defeitos das forças horizontais levam a eliptocitose hereditaria Esferocitose hereditária: o Caracterizada por deficiências em graus variados de uma das seguintes proteínas do citoesqueleto: espectrina, anquirina (mais comum), banda 3, proteína 4.2. defeitos no sítio de ligação da B-espectrina com a 4.1 acantócitos defeitos na proteína 4.2 estomatócitos deficiência da banda 3 forma de cogumelo o A célula perde, portanto, a sua superficie em relação ao volume, acabando com seu formato bicôncavo e transformando-se em um esferócito. O esferócito não consegue se deformar para passar nas fendas sinusoidais. Assim, passam mais tempo em contato com os macrófagos, perdendo pequenos pedaços e transformando-se em microesferócitos o O quadro de esplenomegalia é comum o Laboratório: VCM normal ou levemente diminuido RDW normal ou elevado, dependendo da gravidade CHCM elevado (hemácias tipicamente hipercrômicas) Presença de reticulócitos e microesferócitos no esfregaço de sangue periférico Policromasia (hemácias de varias cores) o Diagnóstico: Flávia Macêdo Teste de coombs direto negativo para afastar anemia auto- imune Teste de fragilidade osmótica para identificar os microesferócitos Eliptocitose hereditária: o Ocorre devido um disturbio na síntese da espectrina ou da proteína 4.1 o A maioria dos indivíduos é assintomático, apresentando hemólise leve, não acompanhada de anemia ou esplenomegalia o O sangue periférico apresenta ovalícitos e eliptócitos , os quais não possuem correlação com o grau de hemólise. o Ocorre uma perda da capacidade dos eritrócitos de alongarem e voltarem para a forma original 5. Anemias hemolíticas hereditárias por defeitos enzimáticos: Deficiência de G6PD: o Tem como função regenerar o glutation reduzido, elemento que protege a hemoglobina e a membrana da hemácia de radicais livres derivados do oxigênio o É um disturbio ligado ao X (acometendo mais homens) o A deficiência de G6PD diminui a energia disponivel para manter a integridade da membrana da hemácia, diminuindo a sua sobrevida o A hemólise na deficiência de G6PD vai ocorrer precipitadas por algum estresse oxidativo, como: Infecção (ativa neutrofilos que produzem radicais livres de oxigênio) Exposição a medicamentos ou substâncias com potencial oxidante o A desnaturação oxidativa da globina produz os Corpúsculos de Heinz. Os macrófagos retiram os corpúsculos de Heinz agregados as hemacias nos cordões esplênicos, formando as células mordidas (bite cells) Se o paciente não tiver baço, não haverá bite cells o Possui hemolice extravascular (baço) e intravascular (pela peroxidação) o O paciente se apresenta com febre, lombalgia, palidez e icterícia precipitada por uma infecção ou por uso de uma droga O quadro clinico geralmente se instala 2-4 dias após o fator precipitante o Diagnóstico: Já pode ser feito no teste do pézinho Dosagem de G6PD O sangue periférico apresenta células mordidas e celulas bolhosas e os corpúsculos de Heinz Há presença de reticulocitose 6. Anemia hemolítica autoimune (AHAI): É induzida pela ligação de anticorpos à membrana da hemácia Normalmente a hemólise é extravascular Flávia Macêdo AHAI por IgG (anticorpos quentes): o 70-80% dos casos o Mais comum em mulheres adultas Em mulheres jovens, a doença pode se acentura na gestação devido ao estrogênio o Os anticorpos IgG se ligam na hemácias, induz que ela seja fagocitada pelo macrófago O principal local de hemólise é no baço o 50% dos casos não tem causa aparente e 25% dos casos são classificadas como secundárias (neoplasias linfóides e doenças do colágeno – LES, artrite reumatóide e imunodeficiência) o Pode ser causada por alguns medicamentos que estimulam a produção de anticorpos contra antígenos Rh (alpha – metildopa e levodopa) o Laboratório: Reticulocitose (10-30%) VCM normal (normocítico) ou aumentado (macrocítico) O esfregaço do sangue periférico pode ter a presença de microesferócitos e reticulócitos o Diagnóstico: Teste de Coombs direto (98% sensível) Identifica a presença de anticorpos ou complemento ligados a superfície das hemácias do paciente o Aglutinou positivo o Identifica IgG (anticorpos quentes) e C3b e C3d (anticorpos frios) Falso-negativo baixa densidade do anticorpo ou se for IgA ou IgM Teste de Coombs indireto Teste complementar Detecta os anticorpos que estão livres no plasma AHAI por IgM (anticorpos frios ou crioaglutininas): o Os anticorpos IgM ativam o sistema complemento, causando a opsonização da hemácia. Uma única molécula de IgM já pode desencadear a formação de C3b o A hemólise ocorre no sistema fagocítico mononuclear extravascular do fígado o A forma predominante é AHAI por IgM idiopática (Doença da Crioaglutinina) Outras causas são as infecções (pneumonia por germe atípico ou mononucleose infecciosa) e estados linfoproliferativos Ex: o paciente apresenta um quadro de pneumonia atípica, evoluindo com discreta anemia e icterícia após a primeira semana da doença o O quadro clínico é mais leve do que a AHAI por IgG o Diagnóstico: Teste de Coombs direto e indireto Flávia Macêdo Títulos séricos de crioaglutinina O sangue periférico geralmente é pobre em microesferócitos, mas pode apresentar aglutinação espontânea Hemoglobinúria paroxística ao frio: o Hemólise resulta da exposição ao frio o A patogênese resulta da formação do anticorpo de Donath-Landsteiner Sua especificidade é contra o antígeno P da superficie da hemácia. Esse anticorpo ativa diretamente a cascata do complemento, causando hemólise intravascular após o aquecimento o É mais comum em crianças após infecções virais 7. Hemoglobinúria paroxística noturna: É uma desordem adquirida da célula-tronco que tem como principal caracteristica a produção de subpopulações de granulócitos, plaquetas e hemácias hipersensíveis ao sistema complemento (células HPN) É comum os pacientes apresentarem espasmo esofagiano e disfunção erétil o Isso porque a hemoglobina libera na lise da hemacia consome o oxido nítrico responsavel pela motricidade do esôfago e dos vasos penianos ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DAS HEMOGLOBINAS HUMANAS: A hemoglobina A (HbA – composta das cadeias A e B) corresponde a 96-98% da hemoglobina total do adulto o HbA 4 genes que codificam a cadeia alpha + 2 genes que codificam a cadeia beta Durante a vida fetal e embrionária, diferentes genes são expressos sucessivamente o Durante a fase gestacional, já produzimos a cadeia alpha (já que há 4 genes para codificar essa proteína) o Já a cadeia beta, começa a aumentar após o nascimento o Após o nascimento, com a repressão da síntede da cagema gama e aumento da síntese da cadeia beta, ocorre a troca da HbF pela HbA, que se completa entre o terceiro e quarto mês de vida Flávia Macêdo 8. Talassemia: São mutações nos genes reguladores da síntese das diferentes globinas Beta-talassemia: o Redução da produção da cadeia beta da hemoglobina o Heterozigotos (beta-talassemia menor) são portadores e apresentam anemia microcítica assintomática leve a moderada o Homozigotos (beta-talassemia maior ou anemia de Cooley) desenvolvem anemia grave e hiperatividade da medula óssea Há uma modificação da estrutura facial OBS: na beta-talassemia maior, a contagem de eritrócitos é elevada em relação a Hb(pois as células são muito microcíticas). O esfregaço sanguineo é praticamente diagnóstico (varios eritroblastos nucleados, células alvo, eritrócitos pequenos e pálidos e basofilia pontilhada e difusa) Alfa-talassemia: o Diminuição das cadeias alpha da hemoglobina o Heterozigotos: Um gene simples alfatalassemia-2 (silenciosa): em geral, são clinicamente normais Dois genes alfatalassemia-2 (traço): tendem a desenvolver anemia microcítica leve a moderada, mas assintomática Três genes causam mais problemas na produção da cadeia alpha, resultando em excesso de cadeias beta (HbH) ou, na infancia, cadeias deltas (Hb de Bart) Diagnóstico: o Avaliação para anemia hemolitica o Esfregaço periférico o Eletroforese de hemoglobina o DNA recombinante nos mapeamentos genéticos para pré-natal e aconselhamento genético
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