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CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 DIREITO PENAL TURMA INVESTIGADOR DE POLÍCIA CIVIL RJ 2021 CURSO INTENSIVO AULA 1 PROFESSOR: Mauro Cesar E-MAIL: professormaurocesar@gmail.com APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO I - INTRODUÇÃO - o estudo da lei penal no tempo é de fundamental importância, pois este instituto atua diretamente na tipicidade formal da conduta. - primeira – e mais importante questão – é quando, NO TEMPO, um crime se considera praticado. - O Código Penal adotou a TEORIA DA ATIVIDADE: o crime é considerado praticado no momento da conduta; “Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. - assim, percebe-se que, a capacidade do agente, bem como se o fato praticado é ou não considerado crime, serão analisados no momento da ação/omissão. ex 1: se um agente atirou em uma pessoa quando contava com 17 anos de idade e a vítima vier a falecer quando o agente já tenha completado a maioridade, o agente responderá como menor. ex 2: o agente efetua a ação quando a pena máxima para sua conduta era de 5 anos. Tempos depois a lei muda e a pena passa a ser de 7 anos, sendo que a consumação do crime só se dá após a mudança da lei. O agente responderá com base na lei em vigor no momento da sua ação/omissão. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 II - SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO - em regra, vige o PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL (previsto no art. 1º do Código Penal). - excepcionalmente, incidirá o PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BENÉFICA (art. 2º do Código Penal) “Art. 2º Parágrafo único – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.” II.1 – HIPÓTESES POSSÍVEIS DE SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO a) lei posterior torna TÍPICA conduta que era atípica: IRRETROATIVIDADE, devido ao princípio previsto no art. 1°, CP – seria hipótese de novatio legis incriminadora; b) lei posterior torna ATÍPICA conduta que era típica: RETROATIVIDADE, devido ao princípio insculpido no art. 2º, CP – trata-se de abolitio criminis; c) lei posterior mantém a conduta típica, mas com PENA MAIS GRAVE: IRRETROATIVIDADE (art. 1º, CP) – seria hipótese de novatio legis in pejus; d) lei posterior mantém a conduta típica, mas com PENA MAIS BRANDA: RETROATIVIDADE (art. 2º, CP) – seria hipótese de novatio legis in mellius. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO I – O QUE SERIA ESPAÇO? - conceito: “ é composto pela superfície terrestre, espaço aéreo, espaço marítimo e o subsolo de um Estado.” - tem ligação com o PRINCÍPIO DA SOBERANIA. I.1 – TERRITÓRIO BRASILEIRO POR EXTENSÃO - Esta previsto no artigo art. 5º, § 1º do CP: Art. 5º - § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar I.2 – PRINCÍPIO DA RECIPROCIDADE - Esta previsto no artigo 5º, §2º do CP: Art. 5º § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil - exercício da soberania: como em alto-mar ou no espaço aéreo correspondente nenhum país exerce soberania, a lei penal aplicada aos crimes que lá ocorrerem será a da bandeira da embarcação ou aeronave. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 II - PRINCÍPIOS APLICÁVEIS NO CASO DE CONFLITO II.1 – PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE - a lei penal do lugar do crime será sempre aplicada, cabendo ao Estado soberano naquele território apurar, processar e julgar todas as infrações penais nele ocorridas, não importando a nacionalidade do agente ou da vítima; II.1.1 – PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE MITIGADA ou TEMPERADA - o Código Penal Brasileiro, como se vê no caput do artigo 5º, adotou o PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA OU MITIGADA, pois a lei penal brasileira será adotada ao crime cometido no território nacional, SEM PREJUÍZO DE CONVENÇÕES, TRATADOS E REGRAS DO DIREITO INTERNACIONAL. - assim, a regra, princípio da territorialidade, é excepcionada, sendo temperada pela INTRATERRITORIALIDADE. II.2 – PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE - excepcionalmente, poderá ser aplicada a lei estrangeira em fatos ocorridos no território do Estado soberano, ou a lei daquele Estado soberano em fatos ocorridos em território estrangeiro. - isso se dará devido à importância do bem jurídico lesado ou à alguma característica diferenciadora do agente ou da própria vítima. a) extraterritorialidade incondicionada: está prevista no artigo 7º, § 1º do CP. b) extraterritorialidade condicionada: está prevista no art. 7º, §2º do Código Penal c) extraterritoriliadade hipercondicionada: esta prevista no artigo 7º, §§ 2º e 3º do artigo 7º do Código Penal. - aplicam-se, genericamente, aos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro FORA do Brasil. III – CONTRAVENÇÕES PENAIS E LEI PENAL NO ESPAÇO - para as contravenções penais tal estudo não importa, na medida em que não haverá a aplicação das leis penais brasileiras às contravenções penais ocorridas no estrangeiro, e vice- versa. IV - LOCAL DO CRIME - O Código Penal adotou a TEORIA DA UBIQUIDADE: local do crime é aquele no qual se realizou a prática de qualquer ato executório ou aquele local no qual o resultado se produziu. Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. . MUITA ATENÇÃO NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE às contravenções penais. ATENÇÃO – MÉTODO MNEMÔNICO ESTAMOS EM UMA LUTA PARA SERMOS APROVADOS! LU – LUGAR: ubiquidade TA – TEMPO: atividade CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 TEORIA GERAL DA INFRAÇÃO PENAL I – Conceito de crime: - no Brasil, adota-se o CONCEITO ANALÍTICO, TRIPARTIDO OU ESTRATIFICADO DE CRIME. - leva em consideração os elementos que compõem a infração penal. - os elementos do crime são FATO TÍPICO, ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE) e CULPABILIDADE. II – Sujeitos Ativo e Passivo do Crime II.1 – Sujeito Ativo - é aquele que comete a infração penal. a) qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo? - não. Apenas as pessoas físicas com 18 anos completos e capazes. b) pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo? - os Tribunais Superiores entendem que, no que pese serem entes autônomos e distintos dos seus membros, as pessoas jurídicas não praticam crimes. - não obstante, elas podem ser responsabilizadas por crimes ambientais. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ- 0 59 29 66 77 13 II.2 – Sujeito Passivo - é a pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. a) quem pode figurar como sujeito passivo da infração penal? - qualquer pessoa física ou jurídica ou ente destituído de personalidade jurídica pode ser sujeito passivo. ex. coletividade. OBS: crime vago – é aquele crime no qual o sujeito passivo é o ente destituído de personalidade. II.2.1 – Espécies de sujeito passivo a) formal ou constante: é o Estado, interessado na manutenção da paz pública e da ordem social. b) material ou eventual: é o titular do bem jurídico lesado ou colocado em risco. III – Objetos Material e Jurídico a) objeto material: é a PESSOA ou COISA, sobre a qual RECAI a conduta criminosa. - nem sempre o objeto material será o sujeito passivo. Ex: homicídio (o objeto material – pessoa - será o mesmo que o sujeito passivo -pessoa). Ex 2: furto (o objeto material – carteira - não será o mesmo que o sujeito passivo - proprietário). b) objeto jurídico: traduz o interesse tutelado pela norma incriminadora. - normalmente está no Título /Capítulo do Código Penal a que pertence o crime. Ex1: (art. 213 do CP) estupro – Crimes contra a Dignidade sexual. Ex2: (art. 157 do CP) roubo – Crimes contra o Patrimônio OBS1 : crime pluriofensivo – é aquele que lesa ou expõe a perigo mais de um bem jurídico tutelado ex. latrocínio - ofensa a vida e ao patrimônio. ATENÇÃO CRIMES SEM OBJETO MATERIAL – falso testemunho e ato obsceno - NÃO EXISTE crime sem objeto jurídico CRIME CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 I – SISTEMAS CLASSIFICATÓRIOS DA INFRAÇÃO PENAL - O crime é composto do FATO ATÍPICO + ANTIJURIDICIDADE + CULPABILIDADE II – FATO TÍPICO - CONCEITO: é um fato humano que consistiria em uma conduta produtora de resultado, ajustando- se formal e materialmente ao tipo penal. - é composto por alguns elementos: CONDUTA, RESULTADO, NEXO DE CAUSALIDADE e TIPICIDADE. II.1 – Elementos do Fato Típico A – CONDUTA/ AÇÃO - atualmente, nosso ordenamento jurídico adota a TEORIA FINALISTA DA AÇÃO. - a maioria da doutrina no Brasil adotou a TEORIA FINALISTA DA AÇÃO. - para os finalistas, a conduta é um COMPORTAMENTO HUMANO VOLUNTÁRIO PSIQUICAMENTE DIRIGIDO A UM FIM ILÍCITO. A.1 – Hipóteses de ausência de conduta a) caso fortuito e força maior: não é um movimento dominado pela vontade, excluindo-se a voluntariedade do agente. b) estados de inconsciência: também afastam a voluntariedade da conduta. Ex: sonambulismo. c) movimentos reflexos: não há voluntariedade, excluindo-se a conduta. Obs: se houver premeditação (ex: colocar o dedo na parede para tomar choque, não haverá a exclusão da conduta). d) coação física irresistível: exclui, da mesma maneira, a conduta do agente e, por conseguinte, a tipicidade. A.2 – Conduta comissiva - nesse caso, o agente pratica um crime através de um AGIR, desrespeitando um tipo proibitivo (é aquele que proíbe algumas condutas, protegendo os bens jurídicos mais importantes). - para desrespeitá-lo, o agente realiza uma ação que estava proibida na lei. A.3 – Conduta omissiva - nesse caso, o agente pratica um crime através de um DEIXAR DE AGIR, quando deveria ter agido., desrespeitando um tipo mandamental (é aquele através do qual o direito penal protege bens jurídicos determinando a realização de condutas valiosas). - para desrespeitá-lo, o agente deixa de realizar uma ação determinada pela lei. B - RESULTADO B.1 - Conceito - alteração no mundo jurídico, decorrente da conduta do agente, e que com ela guarda relação de causa e efeito. B.2 – Espécies de Resultado a) resultado normativo: é a relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. - todo crime possui resultado normativo. b) resultado naturalístico: é a própria alteração física, visível, no mundo exterior. - nem todo crime possui resultado naturalístico. B.3 – Qual é o resultado que integra o fato típico? - a doutrina moderna entende que é o RESULTADO NORMATIVO CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 C – NEXO DE CAUSALIDADE - o nexo causal é o elo entre a conduta e o resultado. - ele pressupõe dois momentos distintos, que são o da causação e o da imputação do resultado. - Nesse ponto do estudo, analisaremos o nexo de causalidade no que tange à CAUSAÇÃO DO RESULTADO. C.1 – Causa - CAUSA é toda AÇÃO ou OMISSÃO sem a qual o resultado não teria ocorrido. C.1.1 - Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais (teoria da “conditio sine qua non”) – artigo 13 do Código Penal - assim, “todos os fatos antecedentes ao resultado se equivalem, desde que indispensáveis à sua ocorrência”, segundo o professor Rogério Greco. - neste momento, o operador do direito deverá analisar o vínculo entre a ação e o resultado naturalístico decorrente dela. - porém, para evitar-se o que os doutrinadores chamam de “regresso ao infinito”, a teoria da “conditio sine qua non” deverá ser analisada conjuntamente com a teoria da eliminação hipotética dos antecedentes causais. C.1.2 – Processo Hipotético de Eliminação de Thyrén - devemos retroceder, no máximo, até a primeira vontade livre e consciente que produziu o resultado. - a partir daí, tudo que levar à produção do resultado será considerado causa. - antes desse marco temporal, não haverá responsabilidade penal. - segundo essa teoria, devemos fazer uma operação mental e, nela, suprimir a conduta do agente. - se o resultado deixar de ocorrer é porque a ação do sujeito deve ser considerada causa, o que poderá resultar em responsabilização penal. - se suprimida mentalmente a ação do sujeito, o resultado continuar ocorrendo, então a ação do sujeito não será considerada causa. causas independentes, sejam elas absolutas, sejam elas relativas. D - TIPICIDADE PENAL D.1 – Doutrina Majoritária - O elemento tipicidade é composto pela TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE MATERIAL a) tipicidade formal - é a adequação perfeita da conduta do agente ao tipo penal em abstrato. b) tipicidade material - relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. - no caso de lesões insignificantes, materialmente falando, não haveria que se falar em tipicidade material (PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA). D.2 – Tipicidade Conglobante - para o STF, a tipicidade penal seria composta pela TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE CONGLOBANTE. - a TIPICIDADE CONGLOBANTE é um corretivo da tipicidade penal. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 D.2.1 - Requisitos - tipicidade material (relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico) - antinomartividade do ato (ato não determinado ou incentivado por lei). - assim, a tipicidade conglobante demandaria a soma de uma lesão significativa ao bem jurídico tutelado com a conduta do agente ser contrária a todo o ordenamento jurídico, e não apenas às leis penais. TIPICIDADE CONGLOBANTE TIPICIDADE MATERIAL + ANTINORMATIVIDADE ANTIJURIDICIDADE (Ilicitude) ANTIJURIDICIDADE (Ilicitude) I – Conceito - é a relação de contrariedade entre um fato típico e o ordenamento jurídico. - quando estiver presente alguma causa que afasta a antijuridicidade, esta não estará presente, sendo a conduta normativa. II – Exigência do elemento subjetivo nas causas de justificação - para restar configurada uma das causas de justificação, não basta apenas a presença de seus requisitosobjetivos. Além disso, o agente que atuou nesse sentido deverá ter a consciência de que está atuando amparado por essa excludente da antijuridicidade. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 III – Excesso nas causas de justificação - o excesso nas causas de justificação, sendo doloso ou culposo, será punido, conforme preleciona o parágrafo único do artigo 23 do Código Penal, verbis: Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (...) Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. - vale ressaltar que condutas completamente desproporcionais afastam por completo a aplicação das causas de justificação, como no exemplo de um adolescente que furta um lápis em uma papelaria e é repelido, pelo segurança, com um tiro na cabeça. IV – Consequências - presente uma das causas de justificação (excludentes da antijuridicidade), não haverá mais que se falar no estudo do crime pois, segundo seu conceito analítico, crime é todo fato típico, antijurídico e culpável. V – Consentimento do Ofendido - é considerado causa supralegal de exclusão da antijuridicidade. V.1 – Requisitos para o consentimento válido a) capacidade jurídica do ofendido: ele deverá ter maturidade e sanidade mental; b) bem disponível: o ofendido não poderá abrir mão da proteção do Estado no caso de bens indisponíveis; c) consentimento anterior ou concomitante à conduta; e d) manifestação de vontade idônea e clara: a vontade do ofendido não poderá estar maculada por coação, erro, fraude ou por qualquer outro defeito previsto na lei civil. VI – Legítima Defesa (artigo 25 do CP) - conceito: é aquela resposta apta a repelir de si ou de outrem uma agressão atual e ilegítima Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem - trata-se de uma reação imediata do ofendido, que atua concomitantemente à agressão que está ocorrendo ou na iminência de ocorrer, para fazer cessar tal agressão injusta. VI.1 – Requisitos objetivos da legítima defesa a) agressão injusta; b) agressão atual ou iminente; c) uso moderado dos meios necessários; d) proteção ao direito próprio ou alheio. OBS 1: ataque de animais – em regra, não há que se falar em legítima defesa, mas sim estado de necessidade. - no entanto, se o dono do animal estiver utilizando este para atacar alguém, e este alguém, ou terceiro, repelir tal agressão injusta, será considerado legítima defesa; OBS2: agressão injusta – é aquela não amparada por TODO o ordenamento jurídico. - ela deve ser apta a lesionar ou por em perigo o bem jurídico tutelado. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 VI.2 – Uso moderado dos meios necessários - o agente deverá utilizar os meios disponíveis para cessar a agressão injusta (análise diante do caso concreto). - a proporcionalidade deverá estar presente. OBS 1: meios necessários – são os meios indispensáveis e suficientes para o exercício eficaz de defesa. - havendo mais de um, será considerado necessário aquele que evite a agressão e que ocasione menor lesão ao agressor. OBS 2: uso moderado – será aferido analisando-se o emprego dos meios disponíveis e a intensidade da agressão sofrida. - acaso se exceda no uso da legítima defesa, o agente responderá pelo excesso, conforme explicado em aulas passadas, nos moldes do artigo 23, parágrafo único do Código Penal. VII – Estado de Necessidade - o agente pratica uma conduta típica. Como há dois interesses protegidos pelo Direito, aceita-se o sacrifício de um para salvaguardar o outro, já que é impossível, diante do caso concreto, salvar todos os bens jurídicos em perigo. Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. - no Brasil, estará em estado de necessidade quem sacrificar um bem de igual ou menor valor do que o bem preservado. - quando o bem sacrificado for de maior valor do que o bem protegido, o parágrafo 2º do artigo 24 prevê a atenuação da culpabilidade do agente, após a ponderação dos bens envolvidos na conduta que ensejou o estado de necessidade. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. VII.2 – Requisitos objetivos do estado de necessidade a) provocação involuntária do perigo – aquele que, por sua vontade, provocou o perigo, não poderá invocar a justificante do estado de necessidade. - vontade é DOLO (quem causou culposamente poderá invoca-lo). b) existência de perigo inevitável e atual: deverá haver uma probabilidade concreta de dano ao bem jurídico tutelado. OBS 1: perigo inevitável – não permite outro meio de fuga, tendo o agente, como única alternativa para proteger o bem em perigo, sacrificar outro bem jurídico. OBS 2: perigo atual – é o que está ocorrendo, é o perigo presente. - aqui o legislador não abarcou o perigo iminente, mas apenas o atual. c) ausência de dever legal de enfrentar o perigo; Art. 24. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. - o direito não transforma os ocupantes de certas carreiras em super-heróis; - no caso concreto, se ficar constatado a total impossibilidade de se proteger o bem jurídico tutelado, o estado de necessidade também poderá afastar a antijuridicidade da conduta. d) salvaguarda de direito próprio ou alheio - o perigo poderá atingir bens próprios ou de terceiros, sendo possível que o agente atue sacrificando um bem jurídico para proteger outro, de terceiro. - não se exige nenhuma relação jurídica entre o salvador e o proprietário do bem jurídico salvaguardado. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 VIII – Estrito cumprimento de um dever legal - está previsto no artigo 23, III do Código Penal. Art. 23. Não há crime quando o agente pratica um fato: III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo VIII.1 – Análise Jurídica - o dever de agir deverá estar previsto em lei, e seu cumprimento deverá respeitar os princípios da PROPORCIONALIDADE e da RAZOABILIDADE. - não serão aceitos abusos e nem excessos, conforme previsto no parágrafo único. Ex 1: oficial de justiça que penhora um bem, retirando-o da casa de um cidadão; Ex 2: servidor responsável pelo cumprimento de um mandado de prisão, que retira a liberdade de outrem, não comete crime, pois está amparado em uma causa excludente da antijuridicidade. VIII.2 – Atuação da polícia e estrito cumprimento de um dever legal - a atuação de policiais que se defendem da resistência de bandidos é hipótese de LEGÍTIMA DEFESA. VIII.3 – Funcionário público e estrito cumprimento de um dever legal - o agente deverá atuar, sempre, respeitando a lei, dentro dos limites da razoabilidade e da proporcionalidade, sob pena de responder criminalmente por isso. IX – Exercício Regular de um Direito - o direito exercido conforme previsto e fomentado pela lei, desde que respeitados os parâmetros legais, não será considerado crime. Ex: defesa daposse, previsto no artigo 1210, § 1º do Código Civil. CULPABILIDADE CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 I - Conceito - a culpabilidade é o terceiro substrato do crime (Teoria Tripartite). - é o juízo de reprovabilidade extraído de como o sujeito ativo se posicionou, pelo seu consentimento e querer, diante do episódio com o qual se envolveu. II – Teoria Limitada da Culpabilidade - tem base finalista. - é composta dos seguintes elementos: a) imputabilidade b) exigibilidade de conduta diversa c) potencial consciência da ilicitude III – Elementos da Culpabilidade III.1 – Imputabilidade - trata-se da capacidade de imputação, o conjunto de condições pessoais que conferem ao sujeito ativo a capacidade de discernimento e compreensão, para entender seus atos e determinar-se conforme esse entendimento. III.1.1 – Sistemas de imputabilidade a) sistema biológico: leva em conta somente o desenvolvimento mental do agente. - não considera sua capacidade de entendimento e autodeterminação no momento da conduta. - para tal sistema, todo louco é inimputável. b) sistema psicológico: é exatamente o oposto do biológico. - o que não importa para o biológico importa para o psicológico. - tal sistema considera apenas se o agente, no momento da conduta, tem ou não capacidade de entendimento e autodeterminação; - não se importa com o desenvolvimento mental do agente c) sistema biopsicológico: considera inimputável aquele que, em razão de sua condição mental era, ao tempo da conduta, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. . ATENÇÃO O BRASIL ADOTOU O SISTEMA BIOPSICOLÓGICO COMO REGRA! CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 III.1.2 – Hipóteses de inimputabilidade (não imputabilidade). a) anomalia psíquica: está prevista no caput do artigo 26, CP. Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (BIOLÓGICO), era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (PSICOLÓGICO).(g.n.) - o Brasil adotou o critério BIOPSICOLÓGICO. - o agente, no momento da conduta, deve ser incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se conforme esse entendimento. OBS 1: doença mental – essa expressão deve ser tomada em sua maior amplitude e abrangência, isto é, qualquer enfermidade que venha debilitar as funções psíquicas. OBS 2: consequências da inimputabilidade – o agente será denunciado, responderá ao processo e receberá uma SENTENÇA ABSOLUTÓRIA IMPRÓPRIA, que resultará na imposição de uma MEDIDA DE SEGURANÇA. OBS 3: semi-imputabilidade – está prevista no parágrafo único do artigo 26 do CP. Art. 26. Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento - o semi-imputável também será denunciado, sofrerá um processo e, caso seja condenado, o juiz poderá optar pela DIMINUIÇÃO DA PENA ou pela aplicação da MEDIDA DE SEGURANÇA. - trata-se do SISTEMA VICARIANTE. b) idade do agente: está prevista no artigo 27 do CP Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial - aqui, o critério adotado foi o SISTEMA BIOLÓGICO, considerando que não importa se o agente tinha a consciência do caráter ilícito do fato, bastando a idade do agente. OBS 1: emancipação – eventual emancipação civil não retira a PRESUNÇÃO ABSOLUTA de inimputabilidade na órbita penal. OBS 2: emoção e paixão – não excluem a imputabilidade penal Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: I - a emoção ou a paixão. c) embriaguez acidental completa: art. 28 do CP CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 III.2 – Potencial Consciência da Ilicitudade - outro pressuposto (ou elemento) da culpabilidade é a potencial consciência da ilicitude. - trata-se da POSSIBILIDADE DE O AGENTE CONHECER O CARÁTER ILÍCITO DO SEU COMPORTAMENTO. III.2.1 – Hipótese de exclusão - ocorrerá no ERRO DE PROIBIÇÃO, previsto no artigo 21 do CP. Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. OBS: inescusabilidade do desconhecimento da lei – o erro de proibição não pode ser confundido com o mero desconhecimento da lei. III.3 – Exigibilidade de Conduta Diversa - exige-se que o agente, nas circunstâncias de fato, tivesse possibilidade de realizar outra conduta de acordo com o ordenamento jurídico. III.3.1 – Hipóteses de Exclusão a) coação irresistível – está prevista na primeira parte do artigo 22 do CP Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível (...) só é punível o autor da coação ou da ordem a.1) requisitos - a coação deve ser MORAL, uma vez que a coação física exclui a conduta. - a coação moral deve ser IRRESISTÍVEL. - se a coação for resistível, poderá figurar como ATENUANTE DA PENA (art. 65, III, “c”, CP) a.2) consequências: só será punível o AUTOR DA COAÇÃO, nos termos do art. 22 do CP. - o autor será punido como AUTOR MEDIATO. ex: Mévio coagiu moral e de forma irresistível Tício para matar Caio, e Tício praticou o delito. - somente Mévio será punido, como autor mediato. b) obediência Hierárquica – está prevista na segunda parte do artigo 22 do CP. Art. 22 - Se o fato é cometido (...) em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem b.1) requisitos - ordem de superior hierárquico: é a manifestação de vontade do titular de uma função pública a um funcionário que lhe é subordinado, no sentido de que realize uma conduta. OBS: a subordinação doméstica (pai e filho), eclesiástica (bispo e sacerdote) ou privada (diretor e secretária) não configuram causas de exclusão do art. 22 do CP. - a pessoa tem que deter uma função pública e a ordem deve ser emitida no âmbito público. - ordem não manifestamente ilegal: não claramente ilegal. b.2) consequências: o art. 22, CP afirma que somente é punível o autor da ordem. - do subordinado não é exigível conduta diversa, observando-se que o autor da ordem será punido como autor mediato. . ATENÇÃO As causas excludentes da culpabilidade são chamadas DIRIMENTES ou EXCULPANTES, enquanto as causas de exclusão da antijuridicidade são chamadas DESCRIMINANTES ou JUSTIFICANTES. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 CONCURSO DE PESSOAS CONCURSO DE PESSOAS I – Conceito - ocorrerá quando mais de uma pessoa concorrer para o mesmo evento criminoso. II – Classificação dos crimes quanto ao concurso de pessoas II.1 – CrimeMonossubjetivo - poderá ser cometido por uma ou mais pessoas. - trata-se crime de CONCURSO EVENTUAL. - é a REGRA no Código Penal. ex. homicídio, furto, roubo, estupro, calúnia, etc. II.2 – Crime Plurissubjetivo - exige a participação de várias pessoas, somente podendo ser cometido desta maneira. - é crime de CONCURSO NECESSÁRIO, dividindo-se em três espécies: a) de condutas paralelas: as várias condutas dos vários agentes se auxiliam mutuamente. ex: associação criminosa (art. 288 do CP). b) de condutas contrapostas: as condutas dos vários agentes são praticadas umas contra as outras. ex: rixa (art. 137 do CP). c) de condutas convergentes: as condutas se encontram e, desse modo, nasce o crime. ex: antigo adultério OBS: importância do concurso de pessoas – iremos estudar o concurso de pessoas para os DELITOS MONOSSUBJETIVOS, já que nos crimes plurissubjetivos a pluralidade de pessoas já é elementar do crime. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 III – Autor - a teoria que prevalece é a TEORIA RESTRITIVA ou OBJETIA - autor é aquele que pratica a conduta descrita no tipo penal. ex. no homicídio é quem mata; no furto é quem subtrai; no estupro é quem realiza os atos, etc. OBS: teoria do domínio do fato – autor é quem tem o domínio final sobre o fato; é quem tem o poder de decisão. ex. no homicídio é quem manda matar. . ATENÇÃO - é a teoria adotada pela doutrina moderna, somente tendo aplicação nos CRIMES DOLOSOS. IV – Coautor - estará presente quando ocorrer uma pluralidade de autores. - quando tem um agente cometendo o fato, é AUTOR. - quando tem mais de um, é COAUTOR. OBS: teorias adotadas a) teoria restritiva - coautor nada mais é do que a pluralidade de agentes praticando o núcleo do tipo penal. ex. art. 121, CP: A e B matam. - se o A mata e B somente auxilia, B não é coautor. b) teoria do domínio do fato – coautoria é a pluralidade de agentes com o poder de decisão. ex. autor é quem determina o homicídio. - se mais de um agente determina o homicídio, ambos são coautores. OBS 2: coautoria em crime de mão própria - o crime de mão própria não admite coautoria, considerando que não admite divisão de tarefas. - é o chamado CRIME DE CONDUTA INFUNGÍVEL. - o crime de mão própria admite somente participação. . OBS: advogado e crime de falso testemunho a) doutrina tradicional – é crime de mão própria, não admitindo coautoria. - logo, o advogado responderá como PARTÍCIPE do delito. b) STF – não ignora que o falso testemunho seja crime de mão própria, mas admite coautoria. - assim, o advogado é COAUTOR do crime de falso testemunho. - adotou a TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO. CRIME AGENTE CONCURSO DE PESSOAS COMUM não exige condição especial admite coautoria e participação PRÓPRIO exige condição especial admite coautoria e participação DE MÃO PRÓPRIA exige condição especial admite apenas participação CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 V – Partícipe V.1 – Conceito - partícipe é o COADJUVANTE do crime. - é aquele que não realiza, nem direta, nem indiretamente o verbo núcleo do tipo, mas sim uma CONDUTA ACESSÓRIA. V.2 – Espécies de participação a) moral – o partícipe INDUZ ou INSTIGA o autor do crime b) material – o partícipe presta ASSISTÊNCIA ao autor do crime, auxiliando o mesmo. OBS: como já dito, para a teoria extensiva, não existe a figura do partícipe. V.3 – Teorias da Participação - a participação não integra a conduta típica, sendo alcançada pela norma de extensão do artigo 29 do CP. Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Ex: A, auxiliado por B, mata C. - para B ser punido, devemos aplicar a TIPICIDADE INDIRETA, utilizando-se a norma do artigo 29 do CP. - A, por sua vez, será punido através da TIPICIDADE DIRETA. V.3.1 – Teoria da Acessoriedade Mínima - a punição da participação depende apenas de um fato TÍPICO. V.3.2 – Teoria da Acessoriedade Média ou Limitada - a punição do partícipe depende de um fato principal TÍPICO e ILÍCITO, não necessariamente culpável. V.3.3 – Teoria da Acessoriedade Máxima - a punição da participação depende de um fato principal TÍPICO, ILÍCITO e CULPÁVEL. V.3.4 – Teoria da Hiperacessoriedade: - a punição da participação depende de um fato principal TÍPICO, ILÍCITO, CULPÁVEL e PUNÍVEL. OBS 1: teoria adotada – prevalenece na doutrina e na jurisprudência que o Código Penal adotou a TEORIA DA ACESSORIEDADE LIMITADA. OBS 2: induzimento de menor inimputável ao cometimento de crime – o maior responderá como AUTOR MEDIATO, já que o adolescente servirá como instrumento do maior que o induziu. VI – Autoria Mediata - autor mediato é aquele que, SEM REALIZAR DIRETAMENTE A CONDUTA DESCRITA NO TIPO, comete o fato punível, como personagem principal, por intermédio de outra pessoa, usada como seu instrumento para o cometimento do crime. . ATENÇÃO o autor mediato realiza a conduta indiretamente AUTOR MEDIATO PARTÍCIPE não realiza o verbo do tipo não realiza o verbo do tipo personagem principal personagem coadjuvante CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 VI.1 – Hipóteses de Autoria mediata a) erro determinado por terceiro: previsto no art. 20, §2º do CP; Art. 20: (...) § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. b) coação moral irresistível: previsto no art. 22, primeira parte do CP); Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível (...), só é punível o autor da coação. c) obediência hierárquica: prevista no art. 22, segunda parte do CP; Art. 22 - Se o fato é cometido em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor (...) da ordem. d) caso do instrumento impunível: previsto no art. 62, III do CP Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: (...) III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não- punível em virtude de condição ou qualidade pessoal - é hipótese de agravante de pena. VII – Autor de Escritório - é uma forma especial de autoria mediata. - pressupõe uma máquina de poder determinando a ação de funcionários, aos quais, no entanto, não podem ser considerados meros instrumentos nas mãos dos “chefões”. - o autor de escritório tem PODER HIERÁRQUICO sobre seus funcionários. - é hipótese TÍPICA DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. VIII – Requisitos do Concurso de Pessoas a) pluralidade de agentes – por óbvio, faz-se necessário mais de um agente para a prática do delito; b) relevância causal das várias condutas – as condutas de cada um dos agentes devem ser relevantes; c) liame subjetivo entre os agentes – é necessário observar que o concorrente deverá ter a consciência de que coopera e colabora para o ilícito, convergindo sua vontade ao ponto comum da vontade dos demais participantes. Obs: homogeneidade de elementos subjetivos – é IMPRESCINDÍVEL!!! - assim, não haverá participação culposa em crime doloso, nem participação dolosa em crime culposo. ATENÇÃO apesar de possível, não é exigido acordo prévio entre os agentes IX – Autoria Colateral - quando houver ausência de liame subjetivo, o concurso de pessoas desaparecerá, e haverá AUTORIA COLATERAL. Ex: A e B querem matar a vítima C. - ambos, sem combinar e sem saber da presença no local um do outro,atiram na vítima C. - nos exames, fica comprovado que a vítima morreu em face do disparo de A. - A responderá pelo homicídio e B pela tentativa. - haverá autoria colateral quando dois agentes convergirem em suas condutas para a prática de um fato delituoso, mas sem atuar unido pelo liame subjetivo. X – Autoria Incerta - ocorrerá quando, no mesmo caso da autoria colateral, não for possível determinar qual dos comportamentos causou o resultado. EX: no mesmo exemplo anterior, ocorrerá a autoria incerta quando não for possível precisar qual disparo matou C. A e B responderão pela tentativa. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 XI – Consequências do Concurso de Pessoas: a) teoria unitária ou monista – haverá uma pluralidade de agentes, com pluralidade de condutas, sendo que todos responderá pela MESMA INFRAÇÃO PENAL. - é a REGRA prevista no art. 29 do CP. b) teoria pluralista – haverá pluralidade de condutas, com pluralidade de agentes e os agentes deverá ser punidos com PENAS e TIPOS PENAIS DIVERSOS - é a EXCEÇÃO. ex. art. 124 e 126, CP: gestante que consente o aborto e terceiro provocador; corrupção ativa e corrupção passiva. CONCURSO DE CRIMES CONCURSO DE CRIMES I – Introdução - ocorrerá quando o agente, mediante uma ou mais condutas, realizar uma PLURALIDADE DE CRIMES. - poderá ocorrer entre infrações penais de qualquer espécies (crime omissivo, comissivo, culposo, doloso, tentado, consumado, simples, qualificado, etc). II – Concurso Material (artigo 69 do Código Penal) Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. § 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. - também é chamado de CONCURSO REAL de crimes. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 II.1 – Requisitos a) pluralidade de condutas b) pluralidade de crimes. II.2 – Espécies a) homogêneo – ocorrerá uma pluralidade de crimes da mesma espécie. ex: dois ou mais homicídios b) heterogêneo – ocorrerá uma pluralidade de crimes de espécies distintas. ex: homicídio e estupro II.3 – Regras para a fixação da pena - o juiz aplicará o sistema do CÚMULO MATERIAL. - primeiro ele individualizará a pena de cada um dos crimes e depois somará todas as penas. III – Concurso Formal (artigo 70 do Código Penal) Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código - esta regra do concurso formal foi criada para beneficiar o agente. III.1 – Requisitos a) unidade de conduta: essa conduta poderá ser dividida em vários atos. b) pluralidade de crimes. ex 1: A conduzindo automóvel, atropela B e C, causando a morte dos pedestres. - tenho a ocorrência do art.302 do CTB por duas vezes, aplicando-se a regra do concurso formal de crimes. ex 2: A entra em um ônibus e, mediante grave ameaça, rouba pertences dos passageiros. OBS: roubo em coletivo - de acordo com STF: roubo em coletivo, temos uma só conduta, dividida em vários atos. III.2 – Espécies de Concurso Formal a) homogêneo – ocorrerá quando os crimes, decorrentes de uma única conduta, forem da mesma espécie. ex: vários roubos em um ônibus. b) heterogêneo – ocorrerá quando os crimes, decorrentes de uma única conduta, forem de espécies distintas. ex: A atropela dois pedestres, um morre e o outro se lesiona. III.3 – Concurso formal Próprio (perfeito ou normal) - ocorrerá quando o agente, apesar de provocar dois ou mais resultados, não tiver agido com intenção independente em relação a cada crime - não há desígnios autônomos. ex: atropelamento. III.4 – Concurso formal impróprio (imperfeito ou anormal) - ocorrerá quando o agente provocar dois ou mais resultados, realizando apenas uma conduta, mas agindo com DESIGNÍOS AUTÔNOMOS em relação a cada crime. ex: caso do roubo no coletivo. - agente atuou com uma vontade independente em cada crime. ex 2: A quer matar B, atira e acaba matando também C – concurso formal. - a diferença é que se A atirar querendo matar também B, ou assumindo o risco de matá-lo, será caso de CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO. - agora, se A quis matar B e sem querer também mata C, será caso de CONCURSO FORMAL PRÓPRIO. CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 - CA RO LI NA D O RC AS D E O LI VE IR A BR AN Dà O D A CR UZ - 0 59 29 66 77 13 IV – Aplicação da pena no caso de concurso formal de crimes a) concurso formal próprio – como ocorre SEM desígnios autônomos, o juiz aplicará a pena mais grave dentre as cominadas para os vários crimes cometidos pelo agente. - rm seguida, majorará essa pena de um “quantum” anunciado em lei – um sexto até a metade. (SISTEMA DA EXASPERAÇÃO). b) concurso formal impróprio – aqui, o agente atuou COM desígnios autônomos. - aplica-se o SISTRMA DO CÚMULO MATERIAL: o juiz individualizará e somará as penas dos vários crimes praticados pelo agente. ATENÇÃO: cúmulo material benéfico – a pena aplicada no concurso formal próprio jamais poderá ser maior que a aplicada caso tivéssemos um concurso material. . ATENÇÃO - o sistema da exasperação não poderá fazer com que a pena do concurso formal próprio fique maior do que a gerada pelo cumulo material - se isso acontecer, o juiz deverá abandonar o sistema da exasperação e aplicar o sistema do concurso material