Buscar

SEMIOLOGIA CARDIOPEDIÁTRICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

P á g i n a | 1 
 
Semiologia Cardiopediátrica 
INTRODUÇÃO: Anamnese e um exame físico bem realizados são fundamentais para um diagnóstico adequado. 
Entretanto, com o surgimento de novas tecnologias, como a ecocardiografia, há uma tendência em se negligenciar o 
papel essencial que eles têm na formulação da hipótese diagnostica adequada. Devemos questionar a mãe em relação 
a história da gestação, realização de pré-natal, parto, doenças maternas prévias, doenças familiares (síndromes 
genéticas); 
O coração é o primeiro grande sistema a ser formado no feto, sendo que entre a 8ª e a 10ª semana de gestação, o 
coração já se encontra pronto; 
• O uso de drogas como o Roacutan, por exemplo, é muito prejudicial para o desenvolvimento do feto, 
independente se usado durante a gestação ou o uso interrompido pouco antes da gestação, sendo que as 
chances de malformações fetais são importantes; 
• O uso de drogas como o lítio, muito prescrito em tratamentos psiquiátricos, pode ser muito prejudicial ao 
desenvolvimento do feto. Desta forma, é fundamental que o psiquiatra mude a estratégia de tratamento para 
a mulher durante este período de gestação; 
O planejamento familiar é fundamental para uma gestação mais saudável; Antigamente a ocorrência de cardiopatias 
congênitas estava muito associada a bebês filhos de idosas, diabéticas, por exemplo. Atualmente muitos bebês 
cardiopatas são filhos de mães em idade fértil (20-30 anos de idade), sem presença de nenhuma comorbidade; 
• Há risco aumentado de cardiopatia congênita em bebês que tenham pelo menos um familiar (pai, mãe ou 
irmão) acometido pela doença, aumentando a incidência em 1,5-2% a chance de desenvolver cardiopatia; 
• Mãe diabética pode predispor o feto a uma alteração congênita. Quando a descompensação ocorre no final 
da gestação, pode ocorrer hipertrofia do septo cardíaco, gerando uma obstrução da saída do fluxo sanguíneo; 
Em casos de gestantes diabéticas em que o bebê nasceu sem malformação fetal, é indicada a realização de 
um ecocardiograma fetal a fim de avaliar o septo cardíaco, já que próximo a ele estarão a aorta e a pulmonar. 
Do VD sai a pulmonar e do VE sai a aorta. Na ocorrência de hipertrofia de septo cardíaco, o sangue fica 
impedido de sair da aorta e da pulmonar, promovendo assim uma estenose pulmonar ou estenose aórtica no 
nascimento, sendo que tais condições podem ser muito graves; Toda gestante diabética tem indicação de 
realizar um ecocardiograma fetal; 
Em gestantes com doenças autoimunes com anticorpos Anti-Ro e Anti-La positivos, pode ocorrer no feto uma 
bradicardia fetal por bloqueio atrioventricular total. Nesta condição, há um impedimento da passagem do batimento 
cardíaco do átrio para o ventrículo, sendo que assim, eles passam a bater em momentos distintos, resultando em 
bradicardia. A frequência respiratória normal de um feto gira em torno de 120-180bpm. Na ocorrência de bradicardia, 
a frequência cardíaca passa para 50-60bpm. Tal condição leva a desenvolvimento de insuficiência cardíaca, derrame 
pericárdico, derrame pleural e até mesmo óbito; 
Ainda, devemos avaliar a história atual que a criança está apesentando, ou seja, se ela apresenta cianose, cansaço aos 
esforços, cansaço em repouso, desmaios, estado nutricional, peso, pressão arterial, pulsos, sendo que os sinais e 
sintomas devem ser sempre temporalizados, ou seja, indicado o tempo de ocorrência (exemplo: cianose há 7 dias); 
1. HISTÓRIA CLÍNICA: 
❑ História gestacional e perinatal 
- Infecções maternas: Algumas infecções maternas que ocorrem na gestação frequentemente se associam 
a cardiopatias congênitas. O exemplo mais conhecido é a rubéola que, se ocorrer no 1º trimestre da 
gestação, pode resultar em estenose pulmonar e persistência do canal arterial (PCA) no RN. 
P á g i n a | 2 
 
Outras infecções virais precoces (1º trimestre) podem ser teratogênicas e, se ocorrerem no final da gestação, podem 
causar miocardites no feto e no RN. 
OBS: COVID- pacientes pediátricos estão apresentando miocardiopatias e dilatação das artérias coronárias. Crianças 
com histórico de COVID na família pedir ECO! 
 Uso de medicações durante a gestação 
- Anfetaminas, anticonvulsivantes (fenitoínas), progesterona e estrogênios são altamente teratogênicos. 
- Ingesta excessiva de álcool pode acarretar a síndrome alcoólica fetal, que frequentemente se associa a 
presença de cardiopatias como coagulação intravascular disseminada, PCA, comunicação interatrial (CIA) 
e tetralogia de Fallot. 
- Doenças maternas: Devemos investigar doenças maternas, pois algumas delas aumentam a prevalência 
de cardiopatias no RN. 
O DM materno aumenta o risco de transposição das grandes artérias, CIVD, PCA e de cardiomiopatia 
hipertrófica. LES (pede anti Ro e anti La)e outras doenças do colágeno aumentam o risco de ocorrência de 
bloqueio atrioventricular congênito no feto. 
Mães portadoras de cardiopatia congênita têm risco elevado de recorrência de cardiopatia nos seus filhos, 
podendo chegar a 15%, o que é bastante elevado quando se compara a incidência de cardiopatia congênita 
geral na população, que é de 1%. 
❑ História pós-natal: A maioria das cardiopatias apresenta-se na infância por meio de uma das 
✓ Cianose ✓ Insuficiência cardíaca ✓ Baixo DC 
Outras formas menos frequentes 
✓ Sopro cardíaco 
✓ Dor torácica 
✓ Palpitações 
✓ Síncope 
CIANOSE: coloração azulada da pele e mucosas e que ocorre quando há uma quantidade de Hb≤5g/dL 
no sangue arterial. Esse sinal pode aparecer precocemente no período neonatal. 
A detecção clínica de cianose em geral ocorre quando a saturação está < 85%, e pode ser 
mais dificilmente observada nas crianças de raça negra. 
As cardiopatias congênitas cianóticas apresentam obrigatoriamente uma mistura (shunt) 
de sangue do território venoso para o arterial (direita-esquerda). 
As cardiopatias cianóticas podem ocorrer por meio de crises de cianose ou também 
chamadas crises hipoxêmicas. 
São caracterizadas pelo aparecimento súbito de cianose e acompanhadas de instabilidade 
hemodinâmica e respiratória e, por vezes, até mesmo torpor e perda de consciência. 
Geralmente apresentam algum fator precipitante, como choro intenso, febre, esforço para evacuar ou anemia. 
 SINTOMAS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA E BAIXO DC: As cardiopatias que cursam com IC na criança geralmente são 
aquelas que apresentam aumento do fluxo pulmonar em decorrência de defeitos septais com mistura de sangue da 
E para a D, ou aquelas com disfunção ventricular, como as miocardiopatias. 
Os principais sintomas de IC na criança são aumento do esforço respiratório (taquidispneia), cansaço aos esforços 
(às mamadas no lactente), taquicardia, sudorese acentuada e aumento do número de infecções respiratórias. 
P á g i n a | 3 
 
No lactente, as dificuldades para se alimentar + aumento do gasto energético basal que ocorre com a respiração, 
acarretam baixo ganho ponderal e desnutrição. 
Algumas cardiopatias podem cursar com sinais e sintomas de BAIXO DÉBITO, que se caracterizam por intolerância 
aos esforços, palidez e sudorese, pré-síncope ou síncope aos esforços. 
EXAME FÍSICO CARDIOVASCULAR: O exame físico deve ser completo e realizado de forma sistematizada. A técnica e 
a sequência dependem da idade do paciente, sendo que o exame físico realizado em um lactente pode não ser realizado 
na mesma sequência que em um adolescente, mas ambos devem ser completos. Sugere-se iniciar com a aferição dos 
sinais vitais. Esses dados devem ser analisados e interpretados levando-se em consideração a idade da criança por 
meio de tabelas específicas. 
A. INSPEÇÃO GERAL (inicia-se a partir do momento que o paciente entra) 
Iniciamos a avaliação do tórax através da inspeção. Devemos avaliar o tipo de tórax (deformidades torácicas não 
necessariamente estão relacionadas a cardiopatias congênitas),se há abaulamentos no precórdio, dinâmica do 
tórax (hiperdinâmico quando há insuficiência cardíaca). 
Deve-se observar: 
o Aspecto geral da criança 
o Procurar alterações que possam estar 
relacionadas a alguma síndrome genética 
(como Down, Williams, Turner) 
o Estado nutricional 
o Padrão respiratório 
o Cianose: Nos casos de cianose, deve-se 
observar se há presença de baqueteamento 
digital, o que significa estado de hipoxemia 
crônica, geralmente > 6 meses de evolução. 
Quanto ao padrão respiratório, deve-se observar se há retrações subcostais e/ou intercostais, além de deformidades 
torácicas, o que costuma ocorrer nos casos de IC em que há aumento do fluxo pulmonar e do trabalho respiratório. 
Avaliar o tipo de marcha do paciente quando esse já andar; analisar se a criança é hiperativa; analisar bem o tórax, 
pois as vezes é possível ver o coração bater (em crianças mais magrinhas o Ictus pode ser visto); analisar dinâmica do 
tórax (em casos de insuficiência o tórax é hiperdinâmico); ver se há turgência jugular; cicatrizes no tórax; simetria dos 
membros e malformações dos membros. 
o Peso e estatura: Essas informações são importantes, pois permitem determinar se a criança apresenta algum 
grau de comprometimento no crescimento.Várias cardiopatias podem cursar com graus variados de 
desnutrição ou déficit de crescimento, como as cardiopatias com hiperfluxo pulmonar e IC (como cardiopatias 
tipo comunicação interventricular). 
SINAIS VITAIS PRINCIPAIS 
- Frequência cardíaca (FC): 
A aferição da FC deve ser 
feita pela ausculta direta 
dos batimentos cardíacos 
ou da palpação dos pulsos 
arteriais.É importante 
conhecer os valores 
normais de FC para cada 
faixa etária para que se 
possa fazer uma interpretação adequada dos valores encontrados. Taquicardia pode ser um sinal importante 
de IC ou mesmo de arritmia cardíaca, assim como o achado de bradica 
- Frequência respiratória (FR): A aferição da FR deve ser feita pela observação dos movimentos respiratórios da 
P á g i n a | 4 
 
criança e contados ao longo de pelo menos 1 min.Crianças geralmente apresentam respiração periódica e, por 
isso, não se pode aferir a FR em tempo menor que 1 min.O aumento da FR geralmente antecede o quadro de 
dispneia, que é mais facilmente detectado ao exame físico. 
- Pressão arterial: Em geral, essa aferição não é fácil de ser feita em crianças pequenas, e o examinador deve ter 
especial atenção para utilizar o manguito adequado. Sugere-se que seja utilizado um manguito cuja largura do 
cuff seja de 50% da circunferência do membro aferido. 
Devem-se realizar 3 aferições consecutivas e, em geral, descarta-se a 1ª aferição. A análise da medida obtida 
deve ser feita utilizando-se curvas específicas para cada faixa etária. 
- Oximetria de pulso: O valor considerado normal é ≥ 95%, não podendo haver diferença maior que 3% entre 
membros superiores e inferiores. Cianose clínica geralmente é percebida quando a saturação periférica é 
menor que 85%. 
Crianças que apresentam saturação entre 85 e 95% geralmente não manifestam cianose, mas apresentam 
hipoxemia, que pode ser decorrente de cardiopatia cianótica. O oxímetro de pulso permite averiguar 
adequadamente a saturação de O2 em crianças com perfusão periférica adequada, porém, em situações de 
baixo débito ou choque, a sua utilização não é recomendada. 
EXAME FÍSICO CARDIOVASCULAR ESPECÍFICO 
A. Inspeção e palpação precordial: Palpar com a ponta do dedo e para sentir usar a palma da mão 
A região precordial de uma criança normal geralmente não apresenta abaulamentos ou impulsões visíveis ou 
palpáveis. 
Durante a palpação do precórdio, devem-se definir a posição do ictus e a presença de bulhas palpáveis ou 
de frêmitos. 
Delimitar o coração; sentir o coração bater; diferenciar frêmito ou se é apenas o coração batendo; palpar a 
fúrcula (também pode sentir os batimentos); palpar puslos dos membros superiores e inferiores; ver 
expansibilidade torácica; no RN palpar pulso femoral, caso esteja reduzido e diferente do braquial pedir ECO; 
para palpar o ictus cordis (5EIC na linha axilar anterior ou na linha hemiclavicular) usar as pontas dos dedos. 
A presença de frêmitos tem muita importância e a sua localização pode sugerir fortemente determinadas 
cardiopatias. 
B. Ausculta cardíaca: Na ausculta cardíaca normal temos ritmo cardíaco regular em 2 tempos bulhas 
normofonéticas sem sopros (RCR 2T BNF SS); 
O local de realização do exame deve estar silencioso. O exame deve ser feito com o paciente tranquilo e 
colaborativo.Caso isso não ocorra, por exemplo, um lactente muito choroso, deve-se considerar realizar o exame em 
outro momento ou tomar providência para acalmar o bebê, como alimentá-lo, colocá-lo no colo dos pais ou mesmo 
aguardar um momento de sono espontâneo. 
O estetoscópio deve ser apropriado para a idade e o tamanho da criança. Em geral, crianças não gostam de 
estetoscópios e devem se familiarizar com eles um pouco antes do exame. Lembre-se de aquecê-lo antes de colocá-lo 
no tórax da criança. 
P á g i n a | 5 
 
Idealmente, deve ter a campânula e o diafragma para que se possa 
analisar adequadamente ruídos de baixa frequência (mais audíveis 
com a campânula) e de alta frequência (mais audíveis com o 
diafragma). 
A ausculta deve percorrer toda a região precordial, a região axilar 
bilateral, o dorso e a região supraesternal. 
A rotina natural é começar pela região do ápice do coração (área 
mitral), depois borda esternal esquerda baixa (área tricúspide), 
borda esternal esquerda média, borda esternal esquerda alta (área 
pulmonar) e finalizar na borda esternal direita alta (área aórtica). 
Em cada foco de ausculta, deve-se procurar analisar inicialmente a 1ª 
bulha (sístole), a 2ª bulha (diástole) e, somente após isso, os demais 
ruídos. 
Quando um sopro está presente, geralmente ele tira a concentração e impede de fazer a avaliação inicial das bulhas. É 
necessário ter disciplina para não permitir que isso ocorra, pois é preciso definir o ciclo cardíaco (1ª e 2ª bulhas) antes 
de analisar qualquer sopro. 
O ritmo cardíaco regular é detectado através do TUM, TÁ que auscultamos. Na criança e no pré-adolescente podemos 
detectar um ritmo cardíaco irregular chamado de arritmia sinusal, que é decorrente de uma alteração da frequência 
cardíaca por conta da respiração. Na inspiração, o coração acelera. Já na expiração, o coração desacelera. É importante 
pedirmos que o paciente puxe e solte o ar em um momento da ausculta para podermos diferenciar as arritmias e 
presença de extra-sístole; 
Todo paciente normal apresenta um desdobramento variável da 2ª bulha, que representa o fechamento da aorta e da 
pulmonar. Desta forma, podemos auscultar TUM, TÁ, TUM, TÁ, TUM, TRÁ, TUM, TRÁ, TUM TÁ... Essa ausculta é normal, 
sendo que se pedirmos para a criança soltar o ar, esse desdobramento pode ser melhor auscultado, sendo que ele decorre 
de uma diferença de pressão normal da pulmonar; 
Em algumas cardiopatias congênitas que levam a hiperfluxo pulmonar, teremos o desdobramento constante e fixo da 
2ª bulha, sendo assim auscultado o TUM, TRÁ, TUM, TRÁ, TUM TRÁ... Nesta situação patológica, ao pedirmos que a 
criança solte o ar, a ausculta não se altera; 
Ainda, devemos avaliar se o coração está normofonético, hipofonético ou hiperfonético; 
Em relação aos sopros, eles podem ser classificados em sistólicos ou diastólicos; 
- Os sopros diastólicos (exemplo: TUM, TASHHH, TUM, TASHHH) são sempre patológicos; 
- Os sopros sistólicos (exemplo: TUM, SHHH, TÁ, TUM, SHHH, TÁ) podem ser fisiológicos ou patológicos; 
Os sopros fisiológicos são sopros mais leves, suaves, que se alteram de acordo com a posição do indivíduo e ficam mais 
perceptíveis em situações hiperdinâmicas, como a febre eaumento da frequência cardíaca; 
Os sopros patológicos são referentes a comunicações e estenoses, por exemplo. Estes sopros são mais rudes e 
característicos; 
Os sopros cardíacos são graduados em cruzes (1+ até 6+). Abaixo de 4+ o médico gradua de acordo com a intensidade 
do sopro, e tal classificação se aprende com a prática de ausculta. É importante sabermos que até 3+ não há frêmito. A 
partir do momento em que palpamos frêmito, o sopro deve ser graduado de 4+ para cima. Quando auscultamos o 
sopro e há frêmito, 4+. Quando tiramos uma banda do estetoscópio e ainda auscultamos o frêmito, 5+. Quando tiramos 
completamente o estetoscópio do tórax e ainda auscultamos o frêmito, 6+; 
P á g i n a | 6 
 
Devemos localizar o sopro, seu local de ocorrência. Pode ser através da indicação do EIC e linha em que se encontra ou 
pelo nome do foco. Exemplo: Foco pulmonar ou 2º EIC esquerdo; 
Importante: Não existe sopro panfocal, ele pode apenar irradiar. Desta forma, quando identificarmos um sopro, 
devemos sempre localizá-lo no tórax do paciente; 
Exemplos de sopro: Sopro diastólico no foco mitral → estenose mitral, sopro sistólico no foco mitral → 
insuficiência mitral, sopro diastólico na fúrcula esternal – região aórtico acessória → insuficiência aórtica; 
Importante: Sopro não é diagnóstico, e sim um sinal!!! 
RUÍDOS CARDÍACOS: A interrupção súbita do fluxo sanguíneo ocasionado pelo fechamento das valvas cardíacas é 
responsável pelo surgimento da 1ª e da 2ª bulha cardíaca. Esses ruídos não são gerados pela coaptação das cúspides 
valvares, mas, sim, pela interrupção súbita do fluxo de sangue nas valvas fechadas. Isso gera um ruído audível de alta 
frequência e alta intensidade. O fluxo de sangue que passa normalmente pelo coração tem baixa frequência e não é 
audível. 
o 1ª bulha (B1): está relacionada ao fechamento das 
valvas mitral e tricúspide, sendo mais audível nos 
focos mitral (apical) e tricúspide (borda esternal 
esquerda baixa). Tem 2 componentes, o mitral e 
tricúspide, sendo que a distância entre esses 
componentes é pequena, e não é comum observar 
desdobramentos da 1ª bulha na criança. 
o 2ª bulha (B2): está relacionada ao fechamento das 
valvas aórtica e pulmonar, sendo mais audível nos 
focos pulmonar (borda esternal esquerda alta) e 
aórtico (borda esternal direita alta). O melhor local 
para se analisar a 2ª bulha é no foco pulmonar. Tem 
2 componentes, o aórtico (A2) e o pulmonar (P2), 
sendo que o P2 ocorre um pouco após o A2. A 
intensidade da 2ª bulha nessa região e a presença de desdobramentos devem ser bem analisadas: 
- Desdobramento normal de B2: a 2ª bulha normalmente apresenta um desdobramento variável com o 
ciclo respiratório, sendo maior na inspiração e diminuindo na expiração (Figura 2); 
- Alterações patológicas de B2: as principais alterações estão relacionadas ao desdobramento e à 
intensidade da B2 no foco pulmonar; 
- Desdobramento amplo e fixo de B2 ocorre em situações em que a sístole do ventrículo direito é 
prolongada, como na comunicação interatrial e no bloqueio de ramo direito; 
B2 única (ausência completa de desdobramento) pode sig- unificar hipertensão pulmonar (P2 aproxima-se de A2), 
presença de apenas uma valva arterial (atresia pulmonar, atresia aórtica, tronco arterial comum), ou quando se ouve 
apenas o componente A2 por conta de uma má posição da valva pulmonar (como transposição das grandes artérias, 
tetralogia de Fallot); 
Quanto à intensidade, B2 hiperfonética pode indicar hipertensão pulmonar, enquanto B2 hipofonética ocorre na 
estenose pulmonar; 
o 3ª bulha (B3): ocorre na fase inicial da diástole, quando o fluxo de sangue atrial chega ao ventrículo. Pode ser 
um achado normal em crianças de 2 a 8 anos, mas está presente em cardiopatias com grande dilatação e 
redução da complacência do ventrículo esquerdo (como miocardiopatias, cardiopatias com grande shunt 
esquerda-direita). É um ruído audível, po- rém de menor intensidade que B1 e B2. Geralmente audível nos 
P á g i n a | 7 
 
focos mitral e tricúspide (borda esternal esquerda baixa); 
o 4ª bulha (B4): ocorre na fase final da diástole, após a contração atrial, quando esse fluxo de sangue se choca 
com um ventrículo dilatado e com alteração de complacência. É um ruído sempre patológico. 
SOPRO CARDÍACO: Os sopros são produzidos em decorrência de um 
fluxo sanguíneo turbulento que causa uma vibração nas estruturas 
intracardíacas e vasculares de intensidade suficiente para ser transmitida 
e ser audível na parede torácica. O sopro deve ser identificado e 
analisado de forma sistematizada, devendo-se observar principalmente 
os seguintes aspectos: intensidade, localização em relação ao ciclo 
cardíaco (sistólico, diastólico, contínuo), localização principal e 
irradiação no tórax e intensidade. 
INTENSIDADE DO SOPRO: a intensidade de um sopro é determinada pelo 
volume de sangue que se movimenta no local de turbulência de fluxo e 
o gradiente de pressão existente entre as câmaras cardíacas. Quanto 
maior o volume de fluxo e o gradiente de pressão, maior a intensidade 
do sopro. Utiliza-se a seguinte classificação para graduar a intensidade 
de um sopro: 
LOCALIZAÇÃO DO SOPRO: de acordo com a localização do sopro 
em relação à 1ª e à 2ª bulhas cardíacas, o sopro é classificado 
em sistólico, diastólico ou contínuo: 
❑ Sopro sistólico: ocorre entre a 1ª e a 2ª bulhas 
cardíacas e é classificado em sopro de ejeção e de regurgitação, 
de acordo com o início do sopro em relação à 1ª bulha: 
- Sopro sistólico em ejeção: inicia-se após a 1ª bulha e tem 
caráter crescendo-decrescendo, geralmente terminando antes 
da 2ª bulha. É geralmente causado pela obstrução ao fluxo sanguíneo nas vias de saída direita ou 
esquerda (estenótica pulmonar ou aórtica); 
- Sopro sistólico em regurgitação: inicia-se junto à 1ª bulha (não há intervalo algum entre a 1ª bulha e 
o início do sopro) e geralmente tem duração mais longa, podendo ocorrer em toda a sístole 
(holossistólico). Esse tipo de sopro é sempre patológico e está presente nas seguintes situações: 
comunicação interventricular, insuficiência tricúspide e insuficiência mitral; 
❑ Sopro diastólico: ocorre entre a 2ª bulha e a 1ª bulha e é classificado em 3 tipos, de acordo com o mecanismo 
hemodinâmico causador do sopro: 
- Sopro diastólico em regurgitação: inicia-se junto com a 2ª bulha (protodiastólico) e tem caráter em 
decrescendo, diminuindo sua intensidade ao longo da diástole até o início da 1ª bulha. É o sopro 
característico da insuficiência das valvas arteriais. É mais audível na borda esternal esquerda média e 
geralmente tem irradiação para o foco mitral ou tricúspide. Na insuficiência aórtica, o sopro tem alta 
intensidade em virtude de um elevado gradiente entre a pressão da aorta e a pressão do ventrículo 
esquerdo, enquanto na insuficiência pulmonar, a intensidade do sopro será menor, exceto nos casos 
de hipertensão arterial pulmonar; 
- Sopro diastólico de enchimento ventricular: decorre de uma estenose relativa das valvas mitral ou 
tricúspide em situações de alto fluxo através delas, como ocorre em cardiopatias com grande shunt 
esquerda-direita (comunicação interventricular, comunicação interatrial). É mais audível no foco mitral 
ou tricúspide e geralmente é de pequena intensidade; 
P á g i n a | 8 
 
- Sopro diastólico pré-sistólico (contração atrial): ocorre no final da diástole, após a contração atrial. É 
característico da estenose mitral ou tricúspide. Como os gradientes de pressão são pequenos (5 a 10 
mmHg), a intensidade desse sopro é pequena, mas tem uma característica típica que lembra um 
“ruflar”; 
❑ Sopro contínuo: ocorre durante todo o ciclo cardíaco, ou seja, sístole e diástole, sem ocorrer interrupção na 
2ª bulha. Os tipos principais são: 
- Comunicação aortopulmonar ou arteriovenosa: nestas patologias,o fluxo turbulento mantém-se ao 
longo da sístole e da diástole na direção do território de maior pressão para o de menor pressão. O 
exemplo mais conhecido é a PCA, cujo sopro contínuo é mais audível no foco pulmonar e na borda 
esternal esquerda alta, não havendo nenhuma modificação com o decúbito. Nos casos de fístulas 
arteriovenosas extracardíacas, como cerebrais ou hepáticas, o sopro contínuo será audível nessas 
regiões (cabeça, abdome); 
- Estenose de artérias: como na coarctação de aorta (sopro contínuo no dorso); 
- Sopro sistodiastólico: decorre de dupla lesão nas valvas arteriais, como na estenose aórtica associada 
a insuficiência aórtica, ou na estenose pulmonar associada a insuficiência pulmonar. Nessas situações, 
o sopro será sistólico e diastólico, porém a direção do fluxo sanguíneo não será a mesma ao longo do 
ciclo cardíaco, o que o diferencia do sopro contínuo da PCA; 
- Sopro venoso: decorre de uma discreta turbulência de fluxo na chegada das veias inominadas junto à 
veia cava superior direita. É um sopro benigno e faz parte do grupo de sopros inocentes. É mais audível 
na borda esternal direita, estando a criança em posição sentada, e geralmente desaparece na posição 
supina; 
❑ Sopro inocente: a maioria das crianças (70 a 80%) apresenta algum tipo de sopro cardíaco inocente ao longo 
da infância, sendo mais frequente entre 3 e 5 anos de idade. Esse sopro não é patológico e não está associado 
à presença de cardiopatia. Eles geralmente são detectados ou se acentuam em situações de elevação do débito 
cardíaco, como febre ou anemia. Os três principais tipos de sopros inocentes são: 
- Sopro de Still: é o tipo mais comum de sopro inocente. Trata-se de um sopro sistólico de ejeção de 
pequena intensidade (grau 1 a 2) localizado na borda esternal esquerda média, com timbre vibratório, 
cuja explicação fisiopatológica é o aumento da velocidade de fluxo na via de saída do ventrículo 
esquerdo ou a presença de uma pequena corda tendínea no ventrículo esquerdo; 
- Sopro inocente pulmonar: é o segundo tipo mais comum; também um sopro de ejeção de pequena 
intensidade (grau 1 a 3) localizado na borda esternal esquerda alta. Também decorre de um aumento 
da velocidade de fluxo sanguíneo na via de saída do ventrículo direito, sendo mais comumente audível 
em crianças magras com tórax “fino” ou com pectus excavatum; 
- Sopro venoso contínuo: é o terceiro tipo mais comum, já descrito anteriormente. 
Como o sopro é um sinal clínico muito comum em crianças, torna-se muito importante fazer o diagnóstico diferencial 
entre um sopro inocente e um sopro patológico. Na presença de um dos seguintes achados, o sopro deve ser 
considerado patológico e necessita de avaliação cardiológica especializada: 
o Sintomas de insuficiência cardíaca ou cianose; 
o Sopro sistólico com intensidade grau 3 ou mais, 
ou com frêmito; 
o Sopro diastólico; 
o Alteração das bulhas cardíacas; 
o Alteração nos pulsos arteriais (amplos ou 
diminuídos); 
o Alteração no eletrocardiograma; 
o Alteração na radiografia de tórax: 
cardiomegalia, silhueta cardíaca alterada ou 
alteração da trama vascular pulmonar.

Continue navegando