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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE MINAS ENGENHARIA GEOLÓGICA TAREFA 03 Aluna: Lidiane Andressa Morais da Silva Matrícula: 19.2.1241 Escolha um depósito de preservação excepcional no registro geológico e responda às seguintes questões: Depósito escolhido: Formação Crato - Cretáceo. Localizado na Bacia do Araripe, região Nordeste do Brasil. É considerada como sendo um tipo de Konservat-Lagerstatte (depósito sedimentar contendo fósseis com excelente preservação). a- Quais as condições globais que facilitaram em sua preservação Durante o período Juro-Cretáceo (transição do Jurássico para o Cretáceo) houve a ocorrência de rifteamentos que geraram a fragmentação do supercontinente Gondwana (que ligava América do Sul à África). De acordo com que a fragmentação do continente ia ocorrendo, formou-se uma bacia denominada Depressão Afro-Brasileira, que abrigava um enorme lago, consequência direta da abertura da margem Atlântica Sul. À medida que a separação ocorria, houve diversas fraturas na massa continental, fazendo com que algumas partes afundassem aumentando a deposição de sedimentos. Além disso, o Cretácico foi caracterizado pela atividade intensificada de uma super pluma que proporcionou a alta taxa de produção da crosta oceânica, durante o intervalo 80-125 Ma (Larson, 1991). A ocorrência das emissões vulcânicas nas cadeias mesoceânicas fez aumentar a concentração de CO2 atmosférico, muitas vezes maior do que a atual, resultando num clima globalmente quente (Berner, 1990). Além de quente, a água dos oceanos era altamente salina, resultado de intensa evaporação, essa alta salinidade gerou a formação de uma massa de água profunda salina, com baixo teor de oxigênio, ocasionando a anoxia das águas, onde a necrofasia, e a bioturbação são inibidas, o que facilita a preservação de partes duras articuladas, mesmo que não haja fossilização de tecidos moles. Rodrigues (2005) ao estudar a formação Crato, propôs que teria sido um ambiente de deposição lagunar costeiro, sob condições climáticas semi áridas à árida, influenciada pela profundidade da água, salinidade e o grau de oxigenação. Portanto, todos esses fatores citados contribuíram para a formação do ambiente deposicional Crato, e sua consequente preservação. b- qual o ambiente deposicional que foi depositado Sua deposição sedimentar ocorreu durante o Cretáceo Inferior. Depositados provavelmente em um sistema lagunar hipersalino com conexão restrita a um mar (ASSINE et al., 2016; VAREJÃO et al., 2016), o que tornaria possível a ocorrência de formas marinhas nos limites rasos do lago (BARBOSA et al., 2004). Alguns autores não consideram o ambiente marinho como depósito para esta formação, apenas como sendo um ambiente lacustre hipersalino, apesar de divergências, estudos recentes estão sendo realizados para a melhor reconstituição paleoambiental do local. c- Quais as principais fácies sedimentares e os principais fósseis Os sedimentos dessa formação, são compostos de fácies de um sistema deposicional lacustre. A formação é composta principalmente por camadas carbonáticas, alternada por rochas siliciclásticas (folhelhos, margas e arenito) que são rochas formadas a partir de partículas de fragmentos de rochas fisicamente transportados e produzido pelo intemperismo de rochas preexistentes. O conteúdo fossilífero da formação Crato abrange diferentes espécies de peixes, alguns répteis e anfíbios no grupo de vertebrados, e no de invertebrados há a presença de fósseis de diferentes espécies de insetos, crustáceos, bivalves, apresenta também plantas fósseis. Os peixes fazem parte de um gênero eurialino (Davis e Martill, 1999) que possui formas marinhas (Oliveira, 1978), de ambiente litorâneo (Silva-Santos e Valença, 1968) ou lacustre (Maisey, 2001). Os répteis são outro grupo importante de vertebrados fósseis encontrados na bacia e pertencem a dois grupos taxonômicos, quelônios e crocodilianos. Os invertebrados encontrados são representados por insetos e conchostráceos, ao passo que no grupo dos microfósseis predominam os ostracodes e palinomorfos (Catto, 2015). As coníferas são as plantas mais abundantes no registro do Membro Crato, sendo que esses vegetais são particularmente comuns no Cretáceo médio em 12 regiões de baixas latitudes (Maisey, 1991). E de acordo com Neumann (1999) há também a presença de gimnospermas e pteridófitas. Figura 1. Diferentes representantes fósseis do Membro Crato. A) Peixe do gênero Cladocyclus; B) planta; C) Insecta - Blattoidea; D) Insecta indet. e; E) ostracode obervado em lâmina petrográfica. (Catto, 2015). ] d- Como os fósseis foram preservados Os processos de preservação envolvidos na Formação Crato sâo: substituição, carbonização e incrustação, dos quais o mais comum é a substituição por material ferruginoso, raramente por calcita; a carbonização ocorre em pontos localizados onde aparecem fragmentos de caule, estróbilos e mesmo folhas fossilizados por este processo; a incrustação ocorre apenas em conchostráceo onde a concha original foi coberta por uma crosta piritizada (Viana, 1992). A rápida substituição consegue preservar partes microscópicas, mas além dessas partes, alguns dos fósseis vegetais foram encontrados bem articulados, pouco fragmentados sugerindo que podem ter sido arrancados e levados rapidamente para o local onde foram fossilizados. No entanto, estudos recentes propõem que além desse tipo de preservação, houve a presença de esteiras microbianas que contribuíram para a não degradação fornecendo condições ideais para uma boa preservação. Referencial Bibliográfico ASSINE, M.L. Bacia do Araripe. Boletim de Geociências da Petrobrás, v. 15, 371-389, 2007. BARBOSA, J.A., HESSEL, M.H.; NEUMANN, V.H. Bivalves da Formação Crato, Bacia do Araripe. Paleontologia em Destaque, ano 20, n. 49, p. 41-42, 2004. BERNER, R. A. Atmospheric carbon dioxide levels over Phanerozoic time. Science, 249: p. 1382-1386.1990 CATTO, B.. Laminitos microbiais no Membro Crato (Neo-Aptiano), Bacia do Araripe, NE do Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista: n.p. 2015. DAVIS, S. P.; MARTILL, D. M. The gonorynchiform fish Dastilbe from Lower Cretaceous of Brazil. Palaeontology, London, 2(4): p. 715-740. 1999. LARSON, R, L. Latest pulse of Earth: evidence for a mid-Cretaceous superplume. Geology, 19: p.547-550. 1991. MAISEY, J. G. (ed.). Santana Fossils - An Illustrated Atlas. T.F.H. Publishers, 459p. 1991. MAISEY, J. G. 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