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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação instituída nos termos da Lei nº 5.152 de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão PRÓ-REITORIA DE ENSINO – PROEN CURSO DE MEDICINA- CCSST CADERNO DE FUNDAMENTOS DA PRÁTICA MÉDICA II CASOS CLINICOS CASO 1: ID: P.P.S.J, sexo masculino, 28 anos ensino fundamental incompleto, casado, agricultor, natural e procedente de Bela Vista do Tocantins. QP: Febre há 30 dias HDA: refere episódios de febre que não mensurada há 28 dias relata que nas primeiras três semanas a febre era diária, seguida de calafrios. Após esse período, a febre apresentou uma periodicidade de 48h, com inicio abrupto de intenso calafrios seguido de período de intenso calor e por fim, sudorese intensa. Fez uso de anti térmicos, via oral com pouca resolução do quadro. Relata ainda aumento do volume abdominal, seguido de episódios de náuseas e, por vezes, vômitos. Antecedentes Médicos/Patológicos: Nega doenças pregressas, hemotransfusões, alergias e cirurgias. Antecedentes Epidemiológicos: Positivo para Esquistossomose (banho de rios na infância em região endêmica). Positivo para Chagas (morou em casa de Taipa e avó materna com a Doença de Chagas). Nega contato com pessoas com mesmo quadro clínico. EXAMES SOLICITADOS Hemograma completo, bilirrubina total e frações, função renal, enzimas hepáticas, eletrólitos, hematoscopia. RESULTADO DOS EXAMES Hemograma: anemia normocitica normocrômica; leucopenia com desvio para esquerda Bilirrubina total: 6,1 mg/dL; bilirrubina direta: 0,4 mg/dL; Uréia: 25 mg/dL; Creatinina: 1,2 mg/dL; TGO/AST: 35 U/L; TGP/ALT: 51 U/L; Eletrólitos: normais; Sugestão de qual(ais) parasita esse paciente está contaminado? CASO 2- Identificação: T.R.P, masculino, 29 anos, pardo, natural e procedente Araguatins- TO, agricultor, católico e solteiro. Queixa principal: Diarreia com sangue há 17 dias. História da doença atual: Paciente relata episódios diários de diarreia sanguinolenta (com sangue vivo e um pouco de muco) há 2 semanas (em média 3 episódios por dia), associados a dor abdominal em cólica difusamente, sem outros sinais localizatórios. Refere também ter notado episódios de febre intermitentes, autolimitados, com frequência a cada 2 dias, sem mensuração de temperatura tendo início há 3 meses. Nega viagens para fora do Estado e do país. Perda ponderal (cerca de 10 kg no último mês), cefaleia frontal ocasional e febre (vide HDA). Exames Laboratórios: Hemograma: Hemácias = 3.980.114 /mm³ Hb = 9,8 g/Dl Leucócitos = 2.503 /mm³ Segmentados = 899 /mm³ Bastonetes = 1% Linfócitos = 1.513 /mm³ Sugestão de qual(ais) parasita esse paciente está contaminado? Entamoeba histolytica – Amebíase O paciente retratado mora num país subdesenvolvido, área endêmica de várias doenças infecto-contagiosas; e o estilo de vida dele, ruralista, agricultor, associado a muitos sintomas de alterações intestinais chama a atenção para infecção por parasitose intestinal através de vermes ou protozoários. Corroboram para isso, a ausência de leucocitose e/ou neutrofilia, característicos de infecções bacterianas, e a ausência de linfocitose, tão pronunciada em infeções virais. O sintoma mais marcante da doença é a diarreia mucosanguinolenta com a presença de sangue vivo, não digerido, indicando um acometimento principal de área intestinal – trato digestivo baixo – uma vez que se esse sangue fosse proveniente de órgãos mais superiores, seria digerido e escurecido. Dessa forma, já é possível deixar em segundo plano, doenças diarreicas com acometimento maior de órgãos altos, como a esquistossomose; e pensar naquelas que acometem órgãos mais baixos, como a giardíase e a amebíase. A característica da giardíase é diarreia esteatorreica (fezes amareladas e gordurosos) autolimitada, em fase aguda de poucos dias de duração, que raramente apresenta muco ou sangue, o que não exclui a possibilidade de ser essa a doença em questão, porém faz com que a amebíase seja a primeira hipótese diagnóstica. Outro sinal que fala a favor de amebíase é a anemia, visto que os valores mínimos de hemácias e hemoglobina para homens são 4,5 milhoes/mm3 e 13g/dL, repectivamente; o que cursa tanto com o parasitismo hematófago do estágio patogênico trofozoíta do parasito, como com a eliminação de sangue nas fezes, em decorrência de ulcerações na submucosa intestinal. Por último, pela análise final dos sintomas, percebe-se a similaridade à colite disentérica amebiana, entre as várias formas de amebíase existentes: · Forma assintomática (80 a 90% dos casos): detecção apenas pela presença de cistos de E. histolytica nas fezes. · Colite disentérica: diarreia mucossanguinolenta, evacuações frequentes 8-10 vezes/dia, cólicas, flatulência, febre, pirose, náusea, vômitos, cefaleia, desconforto abdominal e tremores. · Colite não disentérica: evacuações diarreicas ou não 2 a 4 vezes por dia, fezes pastosas ou moles, raramente ocorre febre, duração de 2 a 3 dias. · Amebíase extra-intestinal: hepatite amebiana aguda, abscesso hepático – dor, febre e hepatomegalia, disseminação de trofozoítos para pulmão – amebíase pulmonar – e para o cérebro (raro). Raramente ocorre disenteria ou úlcera hepática.
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