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Página 1 de 6 Método do Valor Agregado 1 Introdução No início da utilização das técnicas de Gerenciamento de Projetos era muito difícil determinar a situação dos projetos. A questão primordial era saber se os gerentes estavam gerenciando os custos ou apenas monitorando os custos. Essa necessidade resultou na criação do EVMS (Earned Value Measurement System) ou GVA (Gerenciamento do Valor Agregado). O Valor Agregado é uma técnica de gerenciamento que relaciona o planejamento de recursos aos cronogramas e requisitos de desempenho técnico. É a principal ferramenta atual que integra custos, tempo, desempenho técnico e gerenciamento de riscos (Kerzner, 2011)(1). Perguntas como: - Se foi gasto 20% do orçamento, isso significa que o projeto está 20% concluído? - Se o projeto está 30% concluído significa então que foi gasto 30% do orçamento? Como lidar com estas questões? O GVA oferece as respostas e os seguintes benefícios: • Exibição exata do andamento do projeto • Identificação antecipada e acurada das tendências • Identificação antecipada e acurada dos problemas • Base para correção de curso O GVA deve ser usado continuamente durante todo o projeto, a fim de detectar os desvios enquanto eles são pequenos e, muito provavelmente, fáceis de corrigir. 2 Variações de Prazo e Custo As variações de cronograma, desempenho técnico ou custos de um planejamento específico devem ser monitoradas e comunicadas e serem também mitigadas por meio de ações corretivas. As medições das variações podem ser utilizadas em todos os níveis de gestão a fim de acompanhar o sistema de orçamentação e o sistema de programação à medida que o projeto se progride. Definição das variáveis: VP = Valor Planejado CR = Custo Real VA = Valor Agregado (Custo orçado do trabalho realmente realizado) Variação de Prazo: VPr = VA – VP Variação de Custo: VC = VA – CR Os seguintes resultados e consequentes situações do projeto são obtidos: Página 2 de 6 VPr = 0 è cronograma em dia VPr > 0 è cronograma adiantado VPr < 0 è cronograma atrasado VC = 0 è gastos conforme previsto para o trabalho realizado VC > 0 è projeto com gastos abaixo do previsto VC < 0 è projeto com gastos acima do previsto Para ilustrar o método, vamos considerar o seguinte caso de projeto: Você está trabalhando em um projeto em que estão previstas a realização de 100 entrevistas num intervalo de 20 dias ao custo total de R$ 3.000,00. No 14º dia foi verificado que haviam sido realizadas 56 entrevistas e gasto R$ 2.000,00. Qual a situação real do projeto? Resolução: Orçamento = R$ 3.000,00 @ R$ 30,00/entrevista. Desempenho = 5 entrevistas/dia (média) No 14º dia, pelo planejado, dever-se-ia estar com 70 entrevistas realizadas ao valor de R$ 2.100,00, no entanto somente 56 entrevistas foram realizadas. Portanto temos os seguintes valores: CR = R$ 2.000 (Custo Real) = valor gasto até a data de análise VA = R$ 1.680,00 (56 consultas @ R$30,00) = valor que deveriam ter gasto em 56 consultas VP = R$ 2.100,00 (70 consultas @ R$30,00) = valor previsto de gasto para o 14º dia Obs.: Valor agregado sempre usamos o valor acumulado até a data da análise. Não se realiza Valor Agregado individual por perído!!! Portanto: VPr = VA – VP è VPr = 1680 – 2100 = - 420 VC = VA – CR è VC = 1680 – 2000 = - 320 - Análise: cronograma atrasado e gasto acima do orçamento. Ainda temos o conceito de Percentual de Variação: Percentual da Variação de Prazo (%VPr) = VPr/VP: -420/2100 = 20% de atraso Percentual da Variação de Custo (%VC) = VC/VA: - 320/1680 = 19% acima do orçado Atenção: sempre se divide pelo valor de referência. No prazo a referência é o VP e no custo a referência é o VA. O CR nunca é referência!! Esses conceitos que utilizam o custo para interpretar o projeto podem ser aplicados a qualquer nível da estrutura analítica do projeto, do topo da EAP (Projeto ou Programa) passando pelas fases, pacotes de trabalho até o nível das tarefas e subtarefas do cronograma (Kerzner, 2011), mas seria muito preciosismo. O ideal é realizar somente nas contas de controle. Havendo uma variação grande em alguma conta, aí então entraremos no pacote de trabalho ou em alguma atividade específica, em nível abaixo da conta de controle. Para entenderem melhor Contas de Controle acessem: Contas de Controle: escolhas apropriadas para um monitoramento de projeto satisfatório. Página 3 de 6 https://escritoriodeprojetos.com.br/contas-de-controle-escolhas-apropriadas-para-um-monitoramento- de-projeto-satisfatorio Os limites dos níveis de variação permitidos para o projeto ou portfólio de projetos podem variar para cada empresa e será função do seu grau de tolerância a atrasos e extrapolação de custos. Na Atividade Individual vocês terão os graus de tolerância ou limites superior e inferior informados para os Índices de Desempenho que vamos ver abaixo. Isso significa que existe um claro entendimento da alta direção que existem variações em função da complexidade do projeto, do prazo, das variações no mercado e pela própria experiência do negócio da empresa, que existe uma variação aceita dos desvios. 3 Índices de Desempenho Além de calcular as variações de custos e prazos também se deseja saber a eficiência com que o trabalho tem sido realizado. As fórmulas utilizadas para calcular a eficiência de desempenho são: Índice de Desempenho de Prazos: IDP = VA/VP Índice de Desempenho de Custos: IDC = VA/CR Os seguintes resultados e consequentes situações do projeto são obtidos: IDP = 1 è OK IDP < 1 è menos trabalho foi executado do que o planejado IDP > 1 è mais trabalho foi executado do que o planejado IDC = 1 è OK IDC < 1 è excesso de gasto para o trabalho executado IDC > 1 è gasto a menor para o trabalho executado Atenção: as variações e os índices são calculados para um determinado momento ao longo da execução do projeto, por exemplo, uma vez por mês, para se acompanhar o andamento do projeto. E não se esqueçam, será sempre acumulado até a data. Para o mesmo exemplo, vamos calcular os índices de desempenho: Portanto: IDP = VA/VP è IDC = 1680/2100 = 0,80 IDC = VA/CR è IDC = 1680/2000 = 0,84 - Análise: menos trabalho foi executado do que o planejado e houve excesso de gasto para o trabalho executado. A figura a seguir representa as variáveis até aqui discutidas sobre o método do valor agregado. Observem que temos a curva de VP, cujo valor final no término é igual a ONT. E as curvas de CR e VA, essas até o ponto de medição no tempo. Página 4 de 6 Fig. 1 - Fundamentos de Valor Agregado. Fonte: Lipke, 2011 4. Previsões e Tendências À medida que o projeto avança, é possível elaborar previsões com os índices obtidos. Para desenvolver essas previsões e tendências vamos definir as seguintes variáveis: ONT = Orçamento no Término: É o valor orçado na fase de planejamento e considerado como valor limite de custo (Verba). ENT = Estimativa no Término: É um valor estimado num determinado momento durante a execução do projeto, que seria uma previsão do valor final de gastos, ou seja: EPT = Estimativa para Terminar: é uma estimativa do tipo bottom-up, a ser efetuada num determinado momento durante a execução do projeto, considerando o que já foi gasto mais aquilo que se estimou para o que falta realizar. No entanto calcular todo mês esse EPT é um esforço considerável e demorado para ser realizado. Então podemos usar 3 tipos de fórmulas para o EPT para verificar a tendência em função de algumas informações de que dispomos. 1) EPT = ONT – VA: usada se acharmos que o projeto irá ser executado no ritmo no qual foi “orçado”, ou seja, seja lá o status que temos hoje, será considerado o custo orçado no planejamento. 2) ETP = (ONT – VA)/IDC: usada quando se prevê será mantido o mesmo ritmo que vem ocorrendo até então, ou seja, que o mesmo índice de desempenhode custo até a data vai continuar até o final, assumindo-se que nada será mudado e o que vem sendo realizado irá continuar ocorrendo no mesmo passo. Neste caso usamos o mesmo índice de IDC que temos no momento. 3) EPT = (ONT – VA)/(IDC*IDP): usada quando se considera que não haverá recuperação nem do prazo, nem dos custos, ou seja, se os valores de IDC e IDP forem menor que 1,0 esse EPT será tanto maior quanto pior estiver o projeto, por isso para ser usado precisa de muita análise e critério. Se forem maior que 1,0, significa que o EPT será menor e será previsto Página 5 de 6 um valor gasto final menor que o orçado, o que pode ser arriscado usar essa fórmula principalmente no início do projeto. Com o valor de EPT calculado calcula-se ENT Utilizando-se os conceitos do GVA podemos obter valores que mostram as tendências dos custos com um bom grau de confiabilidade para a tomada de decisões, conforme abaixo descrito: ENT = CR(curso real) + EPT(estimativa para terminar) Quanto usamos a fórmula número 2) acima temos uma simplificação na fórmula que nos traz a fórmula simplificada: ENT = ONT/IDC Isso ocorre ao substituir IDC por VA/CR na fórmula do ENT = CR + (ONT-VA)/IDC Outra forma de avaliar é calculando-se o Índice de Desempenho para Término (IDPT), que é a projeção calculada do desempenho para se alcançar um objetivo de gerenciamento especificado, como o ONT ou mesmo uma nova ENT. ATENÇÃO: A maioria dos alunos confunde o IDPT com o IDP na Atividade individual. São índices totalmente diferentes!! Não se esqueça!! • IDPT = (ONT - VA)/(ONT-CR), com base na ONT O IDPT indica o IDC do futuro, ou seja o IDC requerido para os próximos períodos até o final do projeto para o mesmo ficar dentro do orçamento. A EPT, ou seja, a estimativa dos custos para terminar, de forma detalhada, às vezes será necessária, principalmente quando as variações estão se tornando muito elevadas, e assim calculará uma nova ENT mais realista para pedir mais verba, se for o caso. Temos ainda mais um conceito que é a VNT = Variação no término è VNT = ONT - ENT, ou seja, pode-se monitorar a VNT mensalmente, pois existe uma determinação de alerta se a VNT for maior que 20%, como por exemplo, avisar a alta administração e emitir um Plano de Recuperação. A seguir um exemplo de acompanhamento das atividades, ou dos pacotes de trabalho, e do projeto como um todo, com uma notação de status dos índices CPI (IDC) e TCPI (IDPT) para cada item do cronograma, ou EAP. Página 6 de 6 Fig. 2 – Medição do andamento do Projeto. Fonte: Kidasa, 2015 Tradução: BAC = ONT = Orçamento no Término TCPI = IDPT = Índice de Desempenho p/ Término EAC = ENT = Estimativa no Término CPI = IDC = Índice de Desempenho do Custo EV = VA = Valor Agregado VAC = VNT = Variação do Custo no Término AC = CR = Custo Real
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