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AMICUS CURIAE - PARA REVISTA DE DIREITO

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AMICUS CURIAE: CONTEXTO HISTÓRICO, DEFINIÇÃO E SUA APLICAÇÃO NO DIREITO BRASILEIRO
Felipe de Souza Damião[footnoteRef:2] [2: Bacharelando em Direito pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPE). João Pessoa, Paraíba, Brasil. E-mail: felipe.soda94@gmail.com] 
Paulo Ferreira Cavalcanti[footnoteRef:3] [3: Bacharelando em Ciências das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). João Pessoa, Paraíba, Brasil. E-mail: paulocavalcantecrufpb@gmail.com] 
RESUMO
De origem imprecisa, mas etimologicamente e historicamente ligado ao Direito Romano, com extensiva aplicação no período medieval e tendo sofrido relevantes transformações e adaptações no que concerne ao seu método e finalidade de uso, o instituto jurídico do Amicus Curiae, ainda é uma figura controversa no Direito Brasileiro e principalmente do âmbito dos operados do Direito. Com aplicabilidade que confunde-se com outros institutos de chamamento de terceiros à lide, a escassez de regulamentação normativa clara e concisa, revela a fragilidade de um instituto que vem sendo doutrinariamente defendido e encontrando espaço de viabilidade apenas em meio às cortes superiores. 
INTRODUÇÃO
A doutrina diverge sobre o seu surgimento no que tange ao período histórico e a localização geográfica, defendendo que o amicus curie advém do direito estrangeiro. Conforme Bueno (2006), a doutrina é volúvel quanto a definição do nascedouro do instituto, pois para determinados pesquisadores, a origem do mesmo teve como pioneiro o Direito Penal inglês ou o Direito Sueco, com o regimento do ombudsman (PEREIRA, 2015).
 Porém, por outro lado, estudiosos da área, como Menezes (2007) e Costa (2010), apontam que o instituto do amicus curiae tem a sua gênese basilar no Sistema Jurídico de Roma, observando especificamente que as suas raízes foram lançadas no âmbito do Direito Processual. Juristas não pertencentes ao caso, na figura do consilliarius romano, eram obrigatoriamente convocados antecipadamente pelo magistrado, para intervirem atuando como assistentes da corte. Essa atuação se pautava em permitir ao mesmo a manifestação apenas sob a égide da neutralidade, visando esclarecer as demandas processuais em questões peculiares em face das postulações das partes, objetivando auxiliar à corte na resolução jurídica. 
Observamos destarte, que através da História, a figura do amicus curie de base romana vai modificando a sua conformação, como constatamos a distinção daquele período em contraposição ao momento hodierno. Del Prá corrobora nesse sentido, apontando que o momento da ascendência do mesmo se verifica no direito medieval na Inglaterra, desenvolvendo-se e adquirindo atributos modernos. Verificamos entre os séculos XIV a XVI, prenúncios dessa temática nos Year Books (DEL PRÁ, 2011).
Segundo Krislov (1963) quando surgiu, o amicus curiae cumpria uma função basicamente supletiva e informativa, colaborando com a corte para o aclaramento das questões fáticas e de direito, sem a expressão de nenhum interesse pessoal do interveniente. Dotado de maleabilidade, evoluindo por feito da jurisprudência, passou a representar concomitantemente uma ferramenta disponível ao terceiro, para defender-se do fito oclusivo e doloso das partes (ANGELL, 1967).
	Desenvolvendo-se e sistematizando-se a posteriori, ainda na Inglaterra, a figura do amicus curiae tinha o papel capital de trazer à baila, através de atitude espontânea ou por intimação, no processo jurídico as leis e os precedentes jurisprudenciais olvidados pelas partes ou pelo julgador. Chamando a atenção para o descumprimento de algum procedimento justo, regulando a matéria a fim de auxiliar a corte para a resolução correta da lide, pois estes dispositivos não eram tão familiares ao conhecimento dos juízes. 
	É claramente notório que o franco e pleno desenvolvimento do amicus curiae no direito inglês, foi de extrema importância para a sua difusão por outros países. Destacando-se no direito americano no início do séc. XVII. No sistema common law, fortaleceu-se, conquistando respeito e valor internacional, ampliando as suas bases em larga escala. 
 	Nos Estados Unidos, o instituto apareceu pela primeira vez em 1812, no caso The Schooner Exchange vs. McFadden, possuindo vasta aplicação no direito norte-americano contemporâneo. A regra nº. 37 da Suprema Corte norteamericana, controla a sua participação, determinando ou não, que uma solicitação de amicus curiae que traz em seu arcabouço fatos importantes, ainda não expostos pelas partes, coopere com a Corte. Opostamente, aquelas que não cumprirem ao seu desígnio, não devem ser interpostas, pois exaustam a Suprema Corte (SILVA, 2008). A Suprema Corte americana exige como requisito para a participação do amicus curiae apenas a autorização das partes. Mesmo assim, é permitido aos interessados peticionar sob a condição de justificar os motivos de uma eventual não-autorização. Além disso, não é necessária a concessão das partes para que representantes do governo federal (EUA, 2008) ou estadual entrem na demanda como amicus curiae (MAGALHÃES, 2015).
Para a maioria dos autores, o amicus curiae teve seu franco desenvolvimento no direito norte-americano, a partir do caso Green vs. Bidlle, no qual debateu-se acerca de terras e rendimentos recebidos, isto no início de 1823. A partir dos casos aqui citados, o direito norte-americano estabeleceu o instituto, no princípio, com a ideia de um terceiro neutro, isto é, desprovido de interesse pessoal, sendo substituído no seu desenvolvimento pela figura do terceiro interessado em alguma das partes, que se expressa no processo, mesmo não fazendo parte, com o interesse na decisão última. Isto gerou crítica por parte de alguns (CRUZ, 2012).
Porém hodiernamente verifica-se conforme o seu percurso histórico que a figura do amicus curie perde o seu caráter de neutralidade, passando a ser parcial, não mais atuando como auxiliar da corte com caráter apenas informativo, sendo as vezes combativo, influenciando através da sua intervenção a favor de uma das partes, inclusive deve-se destacar no memorial, qual das partes será auxiliada. Nos Estados Unidos este instrumento de auxílio a corte é utilizado em todos os graus de jurisdição, menos nas instâncias inferiores em praticamente quaisquer causas. Portanto o direito americano é um aporte teórico muito importante para balizar os estudos nessa área (ANGELL, 1967).
Com o desenvolvimento dos direitos de segunda ou terceira geração após a II Guerra Mundial, o instituto de fato, reveste-se com os contornos atuais. A sua utilização no âmbito do Direito Internacional ganha destaque na área dos direitos humanos, em relação aos casos de violação destes direitos (PIOVESAN, 2000).
Para Silvestri (2006) a figura do amicus curiae no Brasil foi adotada do direito americano, de forma abrangente, foi inserido como uma inovação legislativa pela Lei nº. 6.616, de 16 de dezembro de 1978, que adicionou artigos à Lei nº. 6.385, de 7 de dezembro de 1976, que cria a Comissão de Valores Mobiliários e trata sobre essa área de mercado. Partindo da modificação do artigo 31 desta Lei, a Comissão de Valores Mobiliários, nos trâmites jurídicos que possuam por meta elemento adicionado em sua jurisdição, começou a ser constantemente convocada para, querendo, disponibilizar posicionamento ou esclarecimentos, no período estipulado de quinze dias a contar da convocação (CARNEIRO, 2008). A posteriori, o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), com a Lei 8.884/94[footnoteRef:4], começou a atuar em processos sem a necessidade de expor o seu interesse específico (GONTIJO e SILVA, 2008). [4: Art. 89. Nos processos judiciais em que se discuta a aplicação desta lei, o CADE deverá ser intimado para, querendo, intervir no feito na qualidade de assistente. (Revogado pela Lei nº 12.529, de 2011).] 
Colocando a parte as hipóteses acima, uma das primeiras intervenções do amicus curiae, precedendo a legislação em vigor, é apontada no voto do Eminente Ministro Celso de Melo no AgRg da ADI 748, que aceitou memorial de um terceiro comoum auxiliar informal.[footnoteRef:5] [5: “Simples juntada, por linha, de peças documentais apresentas por órgão estatal que, sem integrar a relação processual, agiu, em sede de ação direta inconstitucionalidade, como colaborador informal da Corte (amicus curiae): situação que não configura, tecnicamente, hipótese de intervenção ad coadjuvandum.” AgRg Adi 748.] 
Porém, foi a lei 9.868/99 que regulou de maneira específica o Amicus Curiae, no âmbito na ADI e ADC, quando pontuou que: “o relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades.” (art. 7º, parágrafo segundo). Depois consequentemente, vieram outras leis que admitiram o amicus curiae na jurisdição de seus trâmites, tais como, a lei dos Juizados Especiais Federais e a que instaura a ADPF (CRUZ, 2012).
No entanto no Brasil, existe ausência de regulação ampla sobre o instituto, faltando lei circunscrita que o controle, destarte a sua aplicação ainda se verifica conforme a construção jurisprudencial e doutrinária (CRUZ, 2012).
Através da exposição e análise do contexto histórico do amicus curiae, constatamos que o instituto tem sua gênese atrelada, ao princípio de suporte teórico do terceiro neutro à Corte, que na maioria dos casos, interferia contribuindo com informações detalhadas sobre a temática em causa. Conforme foi evoluindo, passou a ter o princípio de neutralidade relegado, onde um terceiro está interessado em alguma das partes, objetivando de algum modo influenciar na decisão do caso, mesmo sem fazer parte do mesmo.
Tais observações são de grande valia para podermos compreender melhor e avaliar o instituto no presente trabalho, assim contribuindo adiante, para análise do mesmo ao longo de nossa pesquisa sobre as controvérsias envolvendo o amicus curiae.
Infere-se que a teoria trabalhada por Habermas pretende fornecer uma estrutura dialógica e moral do direito, ensejando que o indício do contrato social de Thomas Hobbes seja substituído por um indício da exposição e de deliberação em que os indivíduos, sujeitos de direito, comunguem os riscos da convivência (TÁRREGA e LOPES, 2009). É nesse trajeto que o autor circunda que o Direito, como um mecanismo de libertação que se constrói com a união dos povos e que se forma a partir de uma integralização das expressões de uma comunidade moralmente política, deve ser deduzido de forma correta.
Pela teoria discursiva habermasiana, o Direito emana unicamente da vontade alheia carregada carência de legalidade, ao passo em que o processo democrático de criação do Direito constitui singular fonte pós-metafísica da legitimidade (HABERMAS, 1997). A partir deste contexto, infere-se que a criação do direito, na hodiernidade, não pode se emanar pela imposição de vontades abstrais e nem pode ser justificada apenas no contrato social hobbesiano. Cumpre, no limiar dos novos tempos democráticos, entender que a formação de qualquer norma jurídica exige que se enseje a participação social efetiva, como forma de se insistir o que de fato é justo e como forma de se adjudicar verdadeira legalidade ao direito posto (CARVALHO JÚNIOR, 2010). Destarte através de um enfoque de apoio ao instituto amicus curiae, Bueno (2012) corrobora abalizando a sociedade acessível de intérpretes: 
A função do amicus curiae é a de levar, espontaneamente ou quando provocado pelo magistrado, elementos de fato e/ou de direito que de alguma forma relacionam-se intimamente com a matéria posta para julgamento. Por se tratar de um “portador de interesses institucionais” para o plano do processo, ele deve atuar, no melhor sentido do fiscal da lei, como um elemento que, ao assegurar a imparcialidade do magistrado por manter a indispensável terzietà do juiz com o fato ou o contexto a ser julgado, municia-o com os elementos mais importantes e relevantes para o proferimento de uma decisão ótima que, de uma forma ou de outra, atingirá interesses que não estão direta e pessoalmente colocados (e, por isso mesmo, defendidos) em juízo.
Através do exposto, o Amicus curiae teria um atributo eminentemente democrático, permitindo a sociedade representatividade e participação no processo jurídico. Porém notamos a ausência de indagações sobre a efetiva participação social, principalmente daqueles que estão à margem da mesma, e outros pontos relevantes. Destarte continuam as divergências e debates acerca de uma definição conceitual do amicus curiae. 
SIGNIFICADO E CONCEITO DO AMICUS CURIAE
Após realizarmos a apresentação do contexto histórico deste instituto, necessário se faz analiticamente trazer à baila, os conceitos e significado etimológico aceitos para o amicus curiae. Conforme Antônio do Passo Cabral (2004), verificamos que:
A expressão latina amicus curiae significa “amigo da Corte” (friend of the courte ou Freund des Gerichts). As origens do instituto do amicus curiae remontam ao direito romano segundo alguns autores, mas foi certamente no direito norte-americano que a figura interventiva se desenvolveu. De fato, o sistema do common law adota o modelo do stare decisis, em que as decisões jurisprudenciais vinculam os casos semelhantes que venham a ocorrer no futuro. Assim, a força do precedente judicial pode fazer com que uma decisão proferida em relação a um litígio individual produza de algum modo efeitos a todos os futuros processos de mesma natureza. Surge então a necessidade de se possibilitar que setores sociais diversos possam influenciar as decisões judiciais, ainda que não possuam interesse ou relação direta com o objetivo do processo em que se manifestam.
Steven H. Gifis (1991) em seu dicionário jurídico, também realiza uma análise etimológica:
Amicus curiae – do latim, amigo da corte; indivíduo que fornece informação à corte em alguma área (sic) do direito, em relação à qual ela esteja vacilante[...] A atribuição do amicus curiae é clamar atenção da corte em relação a alguma matéria que possa, de outra forma (ou sob outros aspectos ou de outra maneira), fugir-lhe à atenção [...] Um Amicus Curiae Brif ou Amicus Briel (isto é, o Sumário ou Resumo do Amicus Curiae) é sujeitado, por quem não faça parte, ao law-suit (ou seja, ao processo, feito ou ação judicial) a fim de auxiliar a corte em obter informação que se faça necessária para pronunciar veredito pertinente ou para obstar um efeito particular no empenho público ou um empenho privado de terceiros (de partes terceiras) que seria prejudicado pela deliberação (solução ou resolução) da disputa.
Na definição de Bueno, o amicus curiae é um terceiro específico interessado, que argumenta em processo pendente, com o objetivo de auxiliar com informações esclarecedoras, contribuindo com o correto deslinde da discussão para os mais variados assuntos jurídicos, com a finalidade de trazer para o campo do direito princípios ínsitos no Estado e na sociedade civil, validando e diversificando a decisão judicial (BUENO, 2006).
Hodiernamente o amicus curiae, segundo a perspectiva da doutrina, seria um terceiro que venha agir, de livre vontade ou não, de algum processo, apresentando a este informações, em forma de memoriais, na maioria das vezes, de base cultural ou técnica, enfatizando os efeitos dessa questão na sociedade, na economia, na indústria, no meio ambiente, ou em quaisquer outras áreas onde essa discussão possa causar influências, sob a alegação de validação da deliberação através da possibilidade de inclusão da sociedade no discurso pelo meio de representação.
Também nessa temática, Saul Tourinho Leal cita Damares Medina, contribuindo com a informação de que o amicus curiae auxilia a corte dentro de questões complexas cujo domínio ultrapasse o campo legal ou, ainda, defender os interesses dos grupos por ele representados (LEAL, 2010).
É possível distinguir três formas de intervenção do amicus curiae. A primeira, por convocação judicial, isto é, quando o terceiro é intimado a se expressar; a segunda, decorrentedo poder policial, caso de manifestação da CVM e CADE; a terceira de maneira livre, quando o terceiro é permitido por lei a intervir, como na ADI e repercussão geral (CAMBI, 2011).
Del Prá, por sua vez, subdivide as ações do instituto no âmbito brasileiro conforme a sua forma de intervenção no processo: por intervenção voluntária ou por iniciativa do juízo, conforme Del Prá (2008):
Em brevíssima conclusão, e afora as demais adotadas no corpo deste trabalho, podemos afirmar que o instituto do amicus curiae no direito brasileiro pode ser visualizado, basicamente, a partir de dois ângulos, tomadas as diversas previsões legais que tratam do tema: manifestação por iniciativa do juiz e intervenção voluntária. Por essa razão, ou seja, pelo fato de o instituto englobar distintos fenômenos, não é errado atribuir ao amicus curiae a natureza de auxiliar do juízo e de terceiro interveniente, desde que a hipótese referida seja indicada. Isto é, caso se trate de hipótese de manifestação por iniciativa do juiz, não há equívoco em denominar esse terceiro de amicus curiae, desde que se reconheça que a função exercida, nessa hipótese, seja de uma espécie de auxiliar do juízo. Caso se trate de intervenção voluntária, estaremos sempre diante de hipóteses de intervenção de terceiros, nas quais o amicus curiae desenvolve papel diferente do que na situação anterior, podendo exercer faculdades processuais que ao mero auxiliar do juízo são vedadas.
Vale salientar que a figura do amigo da corte, além de ser representada por uma pessoa, também permite que uma entidade ou órgão exerça a sua função. Sua intervenção majoritariamente ocorre em questões inéditas, divergentes ou difíceis, expressando conhecimentos que alargam o debate dos juízes da corte. Historicamente como já descrevemos, a finalidade do amicus curiae é chamar a atenção da corte para circunstâncias ou fatos que poderiam não ser percebidos. Didier sintetiza bem a função do amicus curiae, para o qual a sua intervenção trata-se de um apoio técnico para o magistrado (DIDIER, 2003).
  No caso do amicus curiae ser representado pluralmente (amici curiae), temos o exemplo de julgamento em 2003 na Suprema Corte do EUA, do caso que questionava o sistema de cotas instituído para discentes de minorias raciais da Universidade de Michigan (casos Gratz v. Bollinger e Grutter v. Bollinger). A universidade recebeu o apoio de mais de 150 Amicus Curiae[footnoteRef:6], constituídos por empresas públicas, ONGs, empresas privadas (representantes das 500 maiores empresas dos EUA, segundo cotação da revista Forbes, tais como Intel, IBM, General Motors, Microsoft, Coca-Cola, Nike e outras), as mais balizadas instituições de ensino superior (como Yale, Princenton, Harvard, Penn, Cornell, Brown,  e outras)  contando também com organizações de veteranos das Forças Armadas e de direitos civis (NAACP e outras).[footnoteRef:7] [6: Para informações pormenorizadas sobre os diversos Amicus Curiae aceitos no caso Michigan: <http://www.umich.edu/urel/admissions/legal/gru_amicus-ussc/um.html>] [7: Os juízes da Suprema Corte, em uma decisão com o resultado de votos favorável de 5 votos a 4, sentenciaram que a Universidade de Michigan, no processo de admissão, da sua Escola de Direito, poderia levar em consideração a etnia dos propostos de minorias étnicas, embora tenha se posicionado contrários (por 6 votos a 3) da efetivação de um sistema de cotas.] 
Dos conceitos citados entendemos que o amicus curiae é um terceiro que não participa como parte; toma características de assistente ora de interessado; suas atribuições fazem com que o objeto de sua intervenção também se modifique, estando em situações, como auxiliar da corte, quando desprovido de interesse; ora como auxiliar das partes, atrelando-se a uma das correntes de beneficiados ou prejudicados pela sentença do magistrado.
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O AMICUS CURIAE E AS CONTROVÉRSIAS SOBRE A SUA NATUREZA JURÍDICA
É de grande valor no debate do instituto estudado, a indispensabilidade de se implementar executar pesquisa sobre a sua natureza jurídica. Tal tarefa fornecerá arcabouço para a apreensão se o amicus curiae constituiria um terceiro interessado característico, ou se está relacionado a uma legitimação institucional, ou por remate, formalmente apontado de terceiro incompreensível.
Esse assunto é pontuado por discordâncias e é controvérsias, existindo quem defenda a figura do amicus curiae como, o sujeito (pessoa jurídica, física ou até mesmo entidade ou órgão) anômalo ao processo que intervém na causa, de maneira voluntária ou por convocação do juízo, com a intenção de fornecer informações que contribuam para com o magistrado, no fito de permitir uma deliberação a mais justa possível.
Há autores que consideram o Amicus Curiae uma garantia institucional. Embasando-se na consideração de garantia institucional em Carl Shimitt, que a aplica na acepção de afiançar uma assistência específica a verificadas instituições, distinguindo como uma assistência distinta. As garantias institucionais granjeiam características de efetividade perante compressões sociais das forças públicas, com objetivos a garantir a conservação da instituição (GONTIJO, 2008).
É muito controvertida a natureza jurídica do amicus curiae, não se aproximando jurisprudência e doutrina num acordo. O distinto Ministro Celso de Mello, já mencionou o amicus curiae como constituindo uma interferência judiciária (ADI 2.130). Ao perpetrar comentário no processo e permitir a consulta da evolução de seu curso na rede mundial de computadores, refere-se em parte interessada, quando aceito o amicus curiae. No artigo 131, parágrafo 3°, nos termos da Emenda Regimental n° 15/2004 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, passou a acolher uma afirmada proposição de interferência de terceiros.
No ajuizamento da ADI 2.581 AgR/SP, o Ministro Maurício Corrêa, asseverou que o amicus curiae atua como colaborador informal da corte, não configurando, tecnicamente, hipótese de intervenção ad coadjunvandum. Consoante esse posicionamento, o terceiro não estaria legitimado para recorrer das decisões proferidas em ação direta. A fim de expor as participações no âmbito jurídico nacional, expomos abaixo um quadro sinóptico das hipóteses de intervenção também trazido por Aguiar (2005).
1. QUADRO DAS HIPÓRTESES DE INTERNVEÇÃO DO AMICUS CURIEAE NO DIREITO BRASILEIRO. 
	Dispositivo Legal
	Interventor
	Requisitos
	Comprovação de Interesse
	Observações
	Lei 6385/76 art. 31
	Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
	Matéria de atribuição
	Dispensada
	Doutrina e STF indicam tratar-se de amicus curiae.
	Lei 8884/94, art.89
	Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE)
	Matéria relativa à direito de concorrência
	Dispensada
	A lei e o STJ aduzem tratar-se de assistência. A doutrina sustenta configurar amicus curiae.
	Lei 9469/97, art. 5°
	Pessoa Jurídica de Direito Público.
	X
	Interesse econômico
	Conforme o STJ, é assistência. A doutrina vacila entre amicus curiae e assistente atípico.
	Lei 9868/99 art. 7°
	Entre com representatividade
	Relevância da matéria
	Dispensada
	Para a doutrina e jurisprudência, trata-se de amicus curiae, cuja natureza jurídica não é consensual.
	CPC, art. $82
	Entre com representatividade
	Relevância da matéria
	Dispensada
	Para a doutrina configura amicus curiae
	Lei 10259/01, art 14
	Qualquer pessoa
	Pedido de Uniformização no JEF
	Dispensada
	A doutrina aponta ser participação de amicus curiae.
A teóricos que apontam o amicus curiae como um terceiro interessado específico ou excepcional, isto é, aquele que apesar de não ser parte e não salvaguardando qualquer vontade, participa na ação, não se atarracando tal classe de desempenho com qualquer das antevistas no Código de Processo Civil. Bueno com esta própria justificativa o qualifica como terceiro enigmático ou incompreensível (CAMBI, 2011). A fim de elucidar o assunto, Didier esclarece sobre parte que:
 O conceito de parte deverá se restringir àquele que participa (ao menos potencialmente) do processo com parcialidade, tendo interesseem determinado resultado do julgamento. Saber se esta participação se dá em relação à demanda, principal ou incidental, ou em relação à discussão de determinada questão, não é algo essencial ao conceito puramente processual de parte. Parte é quem postula ou contra quem se postula ao longo do processo, e que age, assim, passionalmente se postula ao longo do processo processual de parte terminado resultado do julgamento. 
Acatado como terceiro, estaria dentro da exceção à regra do art. 7º, da Lei nº 9.868/99, que não permite tal interferência. Desse modo, o STF determinou que o art. 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99, abrandou o sentido absoluto da vedação pertinente à intervenção assistencial, passando, agora, a permitir o ingresso de entidade dotada de representatividade adequada no processo de controle abstrato de constitucionalidade (STF, 2005). Todavia, não se está relacionado a terceiro porque este, porque aceitado, adentra na proeza no atributo de parte (ou de auxiliar desta), desde que o amicus curiae não adota essa posição[footnoteRef:8]. Também não se iguala à previsão dos arts. 9º, § 1º, e 20 § 1º, da Lei nº 9.868/99. Pode expressar-se referindo-se a assuntos de direito, de caso, ou a decodificar a regra em debate (AGUIAR, 2005). A priori, o STF acatava apenas a interferência do amicus curiae por escrito19, mas depois adveio a acatar a efetivação de base oral. No ajuizamento de Questão de Ordem na ADI 2675/PE, rel. Min. Carlos Velloso, e na ADI 2777/SP, rel. Min. Cezar Peluso, foi-se predominantemente entendido como veiculado no Boletim nº 331 (24 a 28 de novembro de 2003), na nota sobre Amicus curie e Substituição Tributária: [8: Destarte (com exceção das Leis nº 6.385/76 e 9.469/97), não lhe é deferida autorização autenticada para requerer recurso.] 
Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, resolvendo questão de ordem suscitada no julgamento das ações diretas acima mencionadas, admitiu, excepcionalmente, a possibilidade de realização de sustentação oral por terceiros admitidos no processo abstrato de constitucionalidade, na qualidade de amicus curiae. Os Ministros Celso de Mello e Carlos Britto, em seus votos, ressaltaram que o § 2º do art. 7º da Lei 9.868/99, ao admitir a manifestação de terceiros no processo objetivo de constitucionalidade, não limita a atuação destes à mera apresentação de memoriais, mas abrange o exercício da sustentação oral, cuja relevância consiste na abertura do processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade; na garantia de maior efetividade e legitimidade às decisões da Corte, além de valorizar o sentido democrático dessa participação processual. O Min. Sepúlveda Pertence, de outra parte, considerando que a Lei 9.868/99 não regulou a questão relativa a sustentação oral pelos amici curiae, entendeu que compete ao Tribunal decidir a respeito, através de norma regimental, razão por que, excepcionalmente e apenas no caso concreto, admitiu a sustentação oral. Vencidos os Ministros Carlos Velloso e Ellen Gracie, que, salientando que a admissão da sustentação oral nessas hipóteses poderia implicar a inviabilidade de funcionamento da Corte, pelo eventual excesso de intervenções, entendiam possível apenas a manifestação escrita (...)
Deste modo verificamos que a atuação do amicus curie no processo, pode se revelar de duas formas caracterizadas, o que mantém sobremaneira os acesos debates sobre a sua natureza jurídica, existindo os que o enxergam na sua atuação uma nova forma de interferência de terceiros outros o entendem tratar-se de uma forma técnica qualificada de assistência, bem como os que o consideram apenas como um auxiliar do magistrado (AGUIAR, 2005). Encontramos caráter conclusivo a respeito da natureza jurídica do amicus curiae em Lenza (2008): 
É claro que a sua natureza jurídica é distinta das modalidades de intervenção de terceiros previstas no CPC, até em razão da natureza do processo objetivo e abstrato do controle de constitucionalidade. Assim, por todo o exposto, parece razoável falarmos em uma modalidade sui generis de intervenção de terceiros, inerente ao processo objetivo de controle concentrado de constitucionalidade, com características próprias e muito bem definida.
Percebendo-se a enorme divergência sobre aqueles que se dedicam a examinar o tema, é capaz de manifestar quão atribulada é a empreitada de dentro do ordenamento jurídico brasileiro definir a natureza jurídica do amicus curiae. É o que evidencia Bueno (BUENO, 2008): 
Não nos parece correto simplesmente rejeitar a ideia de que o amicus curiae seja algo que, de uma forma ou de outra, o nosso direito brasileiro não reconhece ou nunca reconheceu. Que seja algo de novo e que, por isso mesmo, não guarde maiores elementos comuns com outras figuras que o nosso processo civil conhece tão bem e há tanto tempo. A proposta de identificar o amicus curiae como novidade absoluta não nos parece a melhor opção de trabalho. Queremos afirmar com isso que não há nada de "errado", mais ainda do ponto de vista científico, em verificar em que medida algo que parece ser "novo", "distinto", "anômalo", possui - e em que medida - elementos ou características daquilo que é "velho", "igual", "típico". Se não identidade total ou parcial de elementos, ao menos algo de próximo[footnoteRef:9]. [9: No dia 08/02/2007, em matéria de ordem no RE 415454, o Min. Gilmar Mendes, na relatória do processo, em sessão de julgamento, reacendeu o debate e aceitou a expressão oral na figura do amicus curiae. Em sua expressão: “Em síntese, creio que o instrumento de admissão de amici curiae confere ao processo de fiscalização de constitucionalidade um colorido diferenciado, emprestando-lhe caráter pluralista e aberto que, a meu ver, não pode ficar restrito ao controle concentrado. Pelo contrário, penso que, justamente por se tratar de matéria ínsita ao modelo dos juizados especiais, a jurisdição constitucional exercida por este Tribunal deve se afastar de uma perspectiva estritamente subjetiva do recurso extraordinário”. Acompanharam em sua compreensão os Ministros Carlos Velloso, Carlos Britto, Ellen Gracie e Sepúlveda Pertence. Opostamente, decidiram pela não intervenção dos amici curiae os Ministros Eros Grau, Cezar Peluso e Marco Aurélio. isto é, concedeu-se a intervenção oral dos amigos da Corte por 5 x 3 votos. Podemos notar que mesmo com a posição tendo sido resguardada, permanece ocorrendo controvérsias no Supremo Tribunal Federal, e ainda não está completamente solucionada. ] 
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no dia 17/08/2011, com entendimento oposto, ao resolver Questão de Ordem no Recurso Especial 1205946/SP, deliberou que o amicus curiae não pode ter todas as seguranças jurídicas das partes, porque com elas não se enleia, pretexto pelo qual seu auxílio com a Corte deve se efetuar apenas por texto, e não se expressando oralmente.[footnoteRef:10] [10: O Ministro Teori Zavascki defende que, “nós não temos previsão de sustentação oral por parte de amicus curiae. Ele não pode ser identificado com qualquer uma das partes. Quem chama o amicus curiae é a Corte. Ela chama e pode se satisfazer com a manifestação escrita. Eu acho que não existe uma prerrogativa do amicus curiae de exigir a sustentação oral”.] 
Porém, as linhas que altercam a demarcação da natureza jurídica do Amicus Curiae não impetram determina-lo com exatidão, destarte que o instituto se diversifica entre sendo como um instituto de direito processual singular, ora como instituto constitucional de garantia.
Concebendo o instituto como um elemento de aspecto da representação da sociedade, o mais acertado seria concebe-lo como uma garantia institucional, isto é, a probabilidade de um interveniente, não parte, agindo no processo jurídico com o intento de avalizar o acatamento da Constituição Federal.
TRÂMITES DO AMICUS CURIAE NO BRASIL
Esse instituto encontra base no artigo 7°, parágrafo 2°, da Lei n° 9.868 de 10 de novembro de 1999, que discorre acerca da Ação Direta De Inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidadeperante o Corte Maior. O amicus curiae é uma representação na ação objetiva do domínio centralizado de constitucionalidade, e diz-se utilitário, pois ao oposto do domínio prolixo, o domínio de constitucionalidade de ação normativa é delineado pelos traços da impessoalidade, abstração e generalidade, destarte, não compete no método utilitário acobertar ou apostar resguardar empenhos individuais.
O processo do Amicus Curiae ainda abstrai de uma normatização adequada, até para que se adsorva o método e não permita as obstinações da Relatoria seu regime.
Atualmente, o Amicus curiae expõe sua solicitação de admissão, e ante o deferimento deste (cujo expeço é irrecorrível), o amicus terá o limite de 30 dias para a aspectação de memoriais.
Constituiu-se a norma que não se admite no controle concentrado a participação de terceiros, pois assim dispõe a clara redação do artigo 7°., “caput”, da supracitada lei. O parágrafo 2°. do mesmo artigo permitiu que o relator do processo, tendo em vista a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo de 30 dias contado do recebimento do pedido de informações aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado, a manifestação de entidades ou outros órgãos.
Destarte a norma e a inadmissibilidade da interferência de terceiros no domínio centralizado e preenchidas as exigências do artigo citado, poderá o relator do processo admitir a participação de órgão ou entidades no processo objetivo, permitindo assim a presença do amicus curiae no processo. 
Assim sendo, o eminente Ministro Celso de Mello (BRASIL, 2001) elucidou o seguinte entendimento: 
O pedido de intervenção assistencial, ordinariamente, não tem cabimento em sede de ação direta de inconstitucionalidade, terceiros não dispõe, em nosso sistema de direito positivo, de legitimidade para intervir no processo de controle normativo abstrato. Isso porque, o processo de fiscalização normativa abstrata qualifica-se como processo de caráter objetivo.
Nesse lamiré, vultou-se o amicus curiae, ou amigo da corte, da etimologia já se pode apreender alguns subsídios.
Segundo visto, a admissão ou não do amicus curiae será decidida monocraticamente pelo relator que irá verificar a presença dos requisitos e o binômio conveniência – ensanchas em sua manifestação. Mas ressalte-se que, mesmo admitido pelo relator, o Tribunal poderá se abster de referendá-lo, afastando a sua interferência.
A deliberação que admite a presença do amigo da corte tem natureza interlocutória, a decisão que o rejeita não cabe recurso, a decisão será, pois, irrecorrível. Os requisitos para admissão é a constatação do relator da relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, quanto ao prazo à previsão estava insculpida no parágrafo 1°., do artigo 7°., da lei n° 9.868/99, foi vetado pelo Presidente da República que em suas peroração entendeu que: eventual dúvida poderá ser superada com a utilização do prazo das informações previsto no parágrafo único do artigo 6°, conforme mensagem n° 1.674/99.
Assim sendo, o prazo estabelecido é de trinta dias contado a partir do recebimento do pedido de informações aos órgãos ou autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado, esse foi o entendimento manifestado pela Excelsa Corte no julgamento da ADI 1.104.
 Segundo Pedro Lenza (2008): 
O objetivo do instituto amicus curiae é auxiliar a instrução processual, portanto, o autor entende possível a sua admissão no processo até o inicio do julgamento. Uma vez em curso e já iniciado o julgamento, a presença do amicus curiae deverá ser rejeitada para evitar tumulto processual.
 Nessa própria acepção também tem sido a apreensão do STF, conforme julgamento da ADI 2.238. Há que se notar que a figura ora analisada se consolidou no julgamento da ADI 2.130, em que o Ministro Celso de Mello (BRASIL, 2001) proferiu o seguinte voto:
...a regra inovadora diuturno do artigo 7°., parágrafo 2°., da Lei 9.868/99, que, em caráter excepcional, abrandou o sentido absoluto da vedação pertinente à intervenção assistencial, passando, agora, a permitir o ingresso de entidade dotada de representatividade adequada no processo de controle abstrato de constitucionalidade ... a admissão de terceiro, na condição de amicus curiae , no processo objetivo de controle normativo abstrato, qualifica-se como fator de legitimação social das decisões da Suprema Corte, enquanto Tribunal Constitucional, pois viabiliza, em obséquio ao postulado democrático, à abertura do processo de fiscalização concentrada de constitucionalidade, em ordem a permitir que nele se realize sempre sob uma perspectiva eminentemente pluralística, a possibilidade de participação formal de entidades e de instituições que efetivamente representem os interesses gerais da coletividade ou que expressem os valores essenciais e relevantes de grupos, classes ou estratos sociais. ...entendo que a atuação processual do amigo da corte não deve limitar-se a mera apresentação de memoriais ou a prestação eventual de informações que lhe venham a ser solicitadas. Cumpre permitir-lhe, E. Ext., maior, o exercício de determinados poderes processuais, como aquele consistente no direito de proceder à sustentação oral de peroração que justificaram a sua admissão formal na causa. 
No ato da exposição, o Relator avalia determinadas condições. A priori deve se adsorver quem pode ser aceite como amicus curiae. Na visão hodierna, o autenticado seria para entidades ou órgãos, não explicitando se privado ou pública, logo, tocando as duas.
Será analisado depois a representatividade do amicus. O citado validado carecerá comparecer como representante de apontado grupo, o qual atém nesse a probabilidade de ser constituído. Antecipadamente percebe-se a ambiguidade da palavra representatividade, principalmente, por não haver uma regulamentação para conferi-lo. Permanecerá assentado no Relator a suscetibilidade para perfilhar ou não essa representatividade. Principalmente com a ampla probabilidade de a Determinação de não aceitação ser irrecorrível, segundo exposto supra.
Em seguida, deverá ser avaliado a importância do assunto, mais um tema inteiramente conferido a livre escolha do Relator. Não existe determinação do que significaria ser ressaltante; se fosse um assunto de direito grupal, se seria um assunto atrelado ao meio ambiente, ou se todos estes. Fato é que permanece assentado no Relator a probabilidade de apreciação deste assunto.
No que concerne ao andamento da interferência, o Supremo Tribunal Federal pacificou a apreensão que a interferência do amicus curiae só será aceita até o processo ser impelido a cabo[footnoteRef:11]. [11: “O amicus curiae somente pode demandar a sua intervenção até a data em que o Relator liberar o processo para pauta”. ADI 4071 AgR / DF - DISTRITO FEDERAL] 
O amicus curiae deverá estar representado por advogado, e embora não haja previsão legal, terá direito a sustentação oral. O amicus curiae não terá direito a apresentação de Recurso contra a decisão, sendo tal posicionamento pacificado no STF[footnoteRef:12]. [12: CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO OPOSTOS POR AMICUS CURIAE. NÃO CONHECIMENTO. LEGITIMIDADE RECURSAL. INEXISTÊNCIA. I – Esta Corte pacificou sua jurisprudência no sentido de que não há legitimidade recursal das entidades que participam dos processos do controle abstrato de constitucionalidade na condição de amicus curiae, “ainda que aportem aos autos informações relevantes ou dados técnicos” (ADI 2.591-ED/DF, Rel. Min. Eros Grau). II - Precedentes. III – Agravo regimental improvido. (ADI 3934 ED-AgR / DF - DISTRITO FEDERAL).] 
A doutrina pondera se hão ulteriores proposições de valimento do amicus curiae, que faz jus a ser notadas, e a conclusão do discurso é prosaica. Corroborando com essa ideia, Nogueira aponta outras proposições além das já citadas: 
Processos de interesse da CVM (artigo 31 daLei n° 6.385/76); Processos de interesse do CADE (artigo 89 da Lei n° 8.884/94); Controle difuso de constitucionalidade (artigo 482, parágrafo 3°, do Código de Processo Civil); no âmbito dos Juizados Especiais Federais (artigo 14, parágrafo 7°., da Lei n° 10.259/2001) (NOGUEIRA, 2005).
Lenza indica, ainda, de outras duas proposições de amicus curiae, ressalva: Procedimento de edição, revisão e cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo STF (artigo 3°., parágrafo 2°., da Lei n° 11.417/2006), e análise da repercussão geral pelo STF no julgamento de recurso extraordinário (artigo 543 – A, parágrafo 6°., do CPC, introduzido pela Lei n° 11.418/2006) conforme Nogueira (2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do debatido, percebe-se que este instituto jurídico secular vem passando por diversas transformações, de modo que por parte de muitos jurista confundia-se com demais institutos que traziam terceiros interessados ou não à lide. Porém sua distinção é clara e basilar, servindo como ferramenta de produção de provas, esclarecimento de fatos, ou seja, meio de busca e perfazimento da justiça.
Sua defesa, quase sempre histórica e doutrinária, já obtêm respaldo jurisprudencial, porém necessita de respaldo claro e positivado na norma, para que o mesmo possa ser extensivamente utilizado na garantia e promoção dos direitos. Para que esta aplicação ocorra, um maior debate e estudo sobre tal instituto se faz necessário. 
Esse trabalho atinge seu objetivo ao debater e analisar o instituto jurídico do Amicus Curiae e sua aplicação histórica, conceituação e previsão legal no Direito Brasileiro.
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