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Afinal, o que é intervenção? Segundo o Guide of Physical Therapist Practice, Intervenção é a “interação deliberada e profissional entre fisioterapeutas e pacientes e, quando aplicável, a interação com outros indivíduos envolvidos nos tratamentos, mediante vários procedimentos e técnicas fisioterapêuticas para produzir alterações nas condições, consistentes com os diagnósticos e os prognósticos”. As intervenções fisioterapêuticas são mais eficazes se estiverem apoiadas nas abordagens orientadas para problemas e necessidades funcionais dos pacientes. É composta tipicamente de objetivos de curto e de longo prazo, que são de natureza dinâmica. Eles são alterados sempre que a condição do paciente muda. As intervenções fisioterapêuticas devem seguir alguns princípios para que sejam efetivas. São eles: 1) Controle da dor e da inflamação 2) Promover o progresso da cicatrização 3) Fortalecimento e aumento da flexibilidade 4) Correção da postura 5) Análise e integração de toda cadeia cinética 6) Incorporação da reeducação neuromuscular 7) Promoção de melhorias no resultado funcional 8) Manutenção ou aprimoramento do condicionamento físico 9) Educação do paciente e autotratamento 10) Garantia de retorno seguro para as funções normais PRINCÍPIOS DA INTERVENÇÃO Princípio 1 – Controle da dor e da inflamação Princípio 2 – Promover a cicatrização Princípio 1 – Controle da dor e da inflamação. A dor é um mecanismo de proteção, pois permite que os indivíduos tomem consciência das situações com risco potencial para causar danos teciduais, minimizando, dessa forma, a ocorrência de traumas futuros. Já a inflamação faz parte do processo de cicatrização. É necessário que ocorra a inflamação para a sobrevivências de todos os indivíduos, iniciando o processo de reparo tecidual e eliminação de invasores estranhos, como agentes infecciosos e tecidos lesados. A inflamação é, em geral, benéfica ao organismo e ela precisa ocorrer, desde que ela tenha um início e um fim. Porém, se a inflamação aguda perdurar, essa resposta pode progredir para a cronificação, que pode ter várias consequências patológicas. Ao reduzir a inflamação inicia a melhora da dor. PRINCÍPIOS PRICEMEM Na fase aguda, o princípio PRICEMEM tem papel importante no controle do sangramento, remoção dos exsudatos inflamatórios e controle do edema e da dor. 1- Proteção. 2- Repouso. 3- Gelo. 4- Compressão. 5- Elevação. 6- Terapia manual. 7- Mobilização precoce. 8- Medicação. Proteção ✓ Cargas excessivas nos tecidos devem ser evitadas. Quando a deambulação for dolorosa, recomenda-se o uso de muletas. Repouso ✓ O repouso é definido mais como ausência de abuso do que como ausência de atividade. As imobilizações prolongadas podem exercer efeitos nocivos. Gelo ✓ A crioterapia vem sendo empregada como modalidade de cicatrização e recomenda-se sua utilização até o edema diminuir. Compressão ✓ O método mais comum de fazer compressão é o uso de bandagens elásticas. São utilizadas para auxiliar no alívio da dor e diminuir o edema. Elevação ✓ A elevação de uma extremidade auxilia no retorno venoso e ajuda a minimizar o edema. A elevação e a compressão devem continuar sendo usadas até seu desaparecimento total. Terapia Manual ✓ Estimulação das fibras aferentes para ajudar a diminuir a dor; ✓ Estímulo das endorfinas para diminuir a dor; ✓ Redução na pressão intra-articular; ✓ Efeitos mecânicos para aumentar a mobilidade articular; ✓ Remodelação dos tecidos conjuntivos locais; ✓ Aumento no deslizamento dos tendões dentro das respectivas bainhas; ✓ Aumento na lubrificação das articulações. Mobilização Precoce ✓ Ajuda na prevenção de atrofias e aderências, além de melhorar a nutrição da cartilagem articular e otimizar a circulação sanguínea, estimulando o movimento funcional. Deve-se iniciar o quanto antes (mais ou menos 48 horas após a lesão). Medicamentos ✓ Os medicamentos têm uma função importante no processo de cicatrização. Na fase aguda, os anti- inflamatórios não esteroides são os mais indicados para o controle dos processos inflamatórios. Princípio 2 – Promover a cicatrização Os procedimentos de reabilitação utilizados para auxiliar nos processos de reparo são diferentes e dependem do tipo de lesão, da extensão do dano e do estágio da cicatrização. A fisioterapia acelera o processo de cicatrização. O laser é muito utilizado com essa finalidade. Os principais estágios da cicatrização do tecido mole incluem a coagulação e inflamação (agudo), o processo migratório (subagudo) e o processo de remodelação(crônico). Embora a simplificação dos eventos complexos da cicatrização em categorias separadas facilite a compreensão do fenômeno, na realidade, esses eventos ocorrem como uma mistura de diferentes reações. ESTÁGIO AGUDO (coagulação e inflamação) As lesões de tecido mole desencadeiam um processo que representa a reação imediata do organismo a traumas. Esta reação que ocorre logo após uma lesão inclui uma série de eventos defensivos que envolvem o reconhecimento de patógenos e a preparação de uma reação contra eles, ou seja, a coagulação e a inflamação. A primeira resposta do tecido é a coagulação com uma pequena vasoconstrição transitória (dura de 5 a 10 minutos), no qual diminui o calibre dos vasos no local em que ocorreu a lesão diminuindo então o fluxo sanguíneo, logo, diminui o sangramento excessivo e o risco de hemorragia. Além disso, ocorre a adesão (plaquetas se aderem ao vaso sanguíneo) e agregação plaquetária (após as plaquetas se aderirem ao vaso sanguíneo, elas liberam substâncias para a adesão de mais plaquetas; a adesão plaquetária é quando uma plaqueta se liga a outra para formar um tampão plaquetário) com objetivo de estancar o sangramento. A lesão tecidual culmina na ativação de trombina, em que promove a formação de um coágulo de fibrina por clivagem de fibrinogênio. É uma parte importante da hemostasia, na qual a parede de vaso sanguíneo danificado é coberta por um coágulo de fibrina para parar o sangramento e ajudar a reparar o tecido danificado. Após o processo de coagulação inicia a resposta inflamatória: Quando há uma infecção ou um tecido é lesado, o organismo percebe através de células residentes. Essas células secretam moléculas (citocinas e mediadores) que induzem e regulam a resposta inflamatória. Os mediadores também são produzidos por proteínas plasmáticas que reagem com os agentes invasivos e com os tecidos lesados. Esses mediadores inflamatórios iniciam a vasodilatação aumentando o fluxo sanguíneo. Esse aumento do fluxo sanguíneo gera um aumento da pressão hidrostática capilar. Além disso, há um aumento da permeabilidade capilar (aumento da transmissão de fluidos), esse aumento faz com que o ocorra uma exsudação tecidual, no qual o líquido rico em proteínas e leucócitos extravasam para o meio extravascular e acumulam no local da lesão causando o edema. O nome desse líquido rico em proteínas é exsudato. Os leucócitos recrutados são ativados e tentam remover o agente lesivo, por fagocitose. 1. Vasoconstrição. 2. Adesão e agregação plaquetária. 3. Formação de um coágulo. 4. Início da resposta inflamatória com a vasodilatação. 5. Aumento da permeabilidade vascular resultando na exsudação para o meio extravascular. 6. Migração leucocitária para o local de lesão com objetivo de reparar o dano. Deve-se utilizar gelo para reduzir a vasodilatação que é uma consequência do processo inflamatório. O uso do gelo promove a vasoconstrição, diminuindo o fluxo sanguíneo local. OBS: não deve-se utilizar o calor, pois é um recurso associada à vasodilatação. São reconhecidos dois principais tipos de inflamação: a resposta inflamatóriaaguda normal e a resposta inflamatória anormal, crônica ou persistente. As causas comuns para a resposta inflamatória crônica persistente incluem: agentes infecciosos, viroses persistentes, formação de cicatrizes hipertróficas, suprimento sanguíneo insuficiente, edema, trauma mecânico repetitivo e reações de hipersensibilidade. Durante o estágio agudo, os sinais da inflamação estão presentes: edema, rubor, calor, dor e perda da função. Ao testar a amplitude de movimento (ADM), o movimento é doloroso, e o paciente costuma se proteger contra o movimento antes de poder completar a amplitude. A dor e o movimento comprometido são decorrentes do estado químico alterado que irrita as terminações nervosas, do aumento da tensão tecidual por causa do edema ou derrame articular, e da defesa muscular, que é o modo de o corpo imobilizar a área dolorosa. Em geral, esse estágio dura de 4 a 6 dias, a menos que a agressão se perpetue. Nesse estágio, os objetivos de controlar a dor e de reduzir o grau de inflamação e de edema podem ser atingidos por meio dos princípios PRICEMEM. Além disso, as modalidades físicas e eletroterapêuticas são úteis para controlar a dor, o edema e a defesa muscular. Calor, ultrassom e fonoforese podem ser introduzidos no final do estágio agudo. Os critérios para superar essa fase implicam controle da dor, da cicatrização dos tecidos, ADM quase normal e tolerância ao fortalecimento. ESTÁGIO SUBAGUDO (proliferação, reparo e cicatrização – com tecido granulado). As mudanças características dessa etapa incluem crescimento capilar e formação de tecido granulado, proliferação de fibroblastos com síntese de colágeno e aumento na atividade celular. Esse estágio é responsável pelo desenvolvimento da resistência da lesão à tensão. Após a base da lesão estar livre do tecido necrótico, o organismo começa a trabalhar no processo de fechamento. A matriz da lesão funciona como uma cola para prender as bordas juntas, proporcionando alguma proteção mecânica, enquanto evita a dispersão da infecção. Contudo, essa matriz possui baixa resistência à tensão sendo vulnerável à ruptura até ser substituída por uma matriz de colágeno. O processo de reparo do tecido fibroso pode durar de 5 a 15 dias, ou até várias semanas, dependendo do tipo de tecido e da extensão do dano. Após atingir esse estágio, a efusão ativa e o eritema local do estágio de inflamação desaparecem clinicamente. Durante o estágio subagudo, os sinais de infamação diminuem progressivamente e, por fim, desaparecem. Ao testar a ADM, o paciente pode sentir dor em sincronia com o encontro da resistência do tecido no final da ADM disponível. A dor ocorre somente quando o tecido recém-desenvolvido é tensionado além de sua tolerância ou quando o tecido retraído é alongado. O teste muscular pode ser fraco, e a função, limitada, como resultado do enfraquecimento do tecido. Esse estágio em geral dura de 10 a 17 dias (14 a 21 dias após o início da lesão), mas pode durar até 6 semanas em alguns tecidos com circulação limitada, como os tendões. O fisioterapeuta deve estimular aumentos progressivos nos movimentos, para possibilitar a execução da ADM completa na terceira ou quarta semanas. Os exercícios de fortalecimento durante esse estágio se restringem, a princípio, à isometria submáxima. Isso é feito na parte inicial da amplitude, antes da execução sem dor em vários ângulos da ADM. ESTÁGIO CRÔNICO (maturação e remodelamento) A fase de remodelação envolve a conversão do tecido de reparo inicial em tecido cicatricial. A longa fase de contração, remodelação e aumento da resistência à tensão na lesão pode durar até um ano. As células epiteliais migram das bordas da lesão e continuam nesse processo até que células similares do lado oposto se encontrem. Esse tecido cicatricial é funcionalmente inferior ao tecido original. Nesta fase a cicatriz visível muda para a cor vermelha ou púrpura, que branqueia a uma leve pressão, resultando em um tom opaco durante sua maturação. Os desequilíbrios na síntese e na degradação do colágeno durante a fase de cicatrização podem resultar na formação de cicatrizes hipertróficas ou na formação de queloides nas lesões superficiais. Não há sinais de inflamação durante o estágio crônico. Pode haver contraturas ou aderências que limitam a amplitude e causando fraqueza muscular, limitando a função normal. Durante esse estágío, o tecido conjuntivo continua a se fortalecer e remodelar em resposta às pressões aplicadas a ele. Dor no alongamento pode ser sentida ao testar estruturas encurtadas no final de sua amplitude disponível . A função pode ser limitada por fraqueza muscular, resistência física precária ou pouco controle neuromuscular. Esse estágio pode durar de 6 meses a 1 ano, dependendo do tecido envolvido e da quantidade de tecido lesionado. Durante essa fase, os exercícios devem incorporar atividades em cadeia aberta e em cadeia fechada, assim como contrações concêntricas e excêntricas. A evolução para exercícios funcionais ou esportivos depende das necessidades do paciente. PRINCÍPIOS DA INTERVENÇÃO: PRINCÍPIO 1: Controle da dor e inflamação. PRINCÍPIO 2: Promover a cicatrização. PRINCÍPIO 3: Fortalecimento e aumento da flexibilidade. PRINCÍPIO 4: Correção da Postura e Restrições de movimento. PRINCÍPIO 5: Análise e integração de toda cadeia cinética. PRINCÍPIO 6: Incorporação da reeducação neuromuscular. PRINCÍPIO 7: Melhoria no resultado funcional. PRINCÍPIO 8: Manter ou aprimorar o condicionamento físico geral. PRINCÍPIO 9: Educação do paciente e autotratamento. PRINCÍPIO 10: Garantia do retorno seguro às funções. REFERÊNCIAS • LIVRO: Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. • LIVRO: PATOLOGIA GERAL
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