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DIREITO PENAL 1

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DIREITO PENAL 
 
 
 
DIREITO PENAL 
ABOLITIO CRIMINIS 
Ocorre quando uma lei posterior passa a deixar de considerar determinado 
fato como crime. A abolitio criminis vai abolir esse crime do ordenamento jurídico. 
 Previsão legal no artigo 2º do Código Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplo 
Em 2001 um sujeito foi condenado pelo crime de sedução (art. 217 do CP). 
Em 2005, surgiu a Lei nº 11.106 que aboliu o crime de sedução do 
ordenamento jurídico, isto é, revogou o art. 217 do CP. Neste caso: 
Hipótese Efeito 
a) Se estiver sendo investigado pelo 
crime de sedução 
Interrupção do Inquérito Policial 
b) Se foi oferecida denúncia Rejeição da Denúncia 
c) Se a denúncia foi recebida e o 
processo está tramitando 
Interrupção da Ação Penal 
d) Se foi condenado Liberação do sujeito 
 
 
FATO CRIMINOSO Lei posterior deixa de considerar o 
fato como sendo crime 
 
 
Efeitos: Cessam todos os efeitos penais, mesmo depois da sentença condenatória 
transitada em julgado. Contudo, permanecem os efeitos da esfera cível (efeitos 
extrapenais). 
Exemplo: Se uma mulher que foi vítima do crime de sedução, revogado pela Lei nº 
11.106/05, sofreu danos morais em virtude do fato, ela poderá buscar indenização na 
esfera cível, em decorrência da não cessação dos efeitos extrapenais. 
 
CRIME PERMANENTE E A LEI PENAL NO TEMPO 
O crime permanente é aquele em que a consumação se prolonga no tempo. O 
sujeito dá início a execução do delito e, enquanto esse crime estiver sendo praticado, 
terá sua consumação prolongada no tempo. 
 
Exemplo 
Wilson sequestra a vítima Guilherme no dia 05 de outubro de 2020, 
com o fim de obter, para si, qualquer vantagem, como condição ou 
preço do resgate. Na mencionada data, a pena para o crime de extorsão mediante 
sequestro é de 08 a 15 anos. Após, no dia 06 de novembro de 2020 entra em vigor 
lei nova imputando para o crime de extorsão mediante sequestro a pena de 10 a 20 
anos. Wilson e a vítima Guilherme foram localizados no dia 10 de novembro de 
2020, ocasião em que cessou a prática delitiva. 
Qual lei se aplica ao caso? Quando Wilson for submetido a uma eventual 
ação penal, pode ser aplicada a nova lei que é mais grave? 
Como se trata de crime permanente, a lei com advento na data de 06 de 
novembro de 2020 será aplicada ao fato, pois quando entrou em vigor o fato estava 
sendo praticado, ou seja, a vigência da lei foi anterior à cessação da permanência. 
Dessa forma, incidirá a nova lei, ainda que mais grave. 
 
 
 
Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dessa forma, tratando-se de crime permanente ou continuado, a lei penal mais 
grave irá ser aplicada se sua vigência for anterior a cessação da continuidade ou da 
permanência. 
 
 
CRIMES OMISSIVOS 
Um crime pode ser praticado por uma ação ou por uma omissão. A maioria dos 
tipos penais revelam uma ação no verbo nuclear do tipo. Porém, há determinados 
crimes em que o verbo nuclear do tipo revela uma omissão. 
 Os crimes omissivos se subdividem em próprios e impróprios. 
 
 
 
 
 
Fato criminoso permanente ou continuado 
Entrada em vigor da nova lei 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crimes omissivos 
Próprios Impróprios 
Há um tipo 
penal 
específico 
descrevendo 
a conduta 
omissiva 
 
O agente será 
responsabilizado 
por não cumprir 
o dever de agir 
contido 
implicitamente 
na norma 
incriminadora 
Se aplica 
o art. 13, 
§2º, do CP 
O agente 
responde pelo 
resultado 
gerado por ter 
deixado de agir 
quando estava 
juridicamente 
obrigado a 
desenvolver 
uma conduta 
para evitar o 
resultado Ex: omissão de socorro 
É preciso que tenha o dever 
jurídico de impedir o resultado, 
previsto no artigo 13, § 2º, do CP: 
a) Ter por lei 
obrigação de 
cuidado, 
proteção ou 
vigilância 
b) De outra 
forma, assumir a 
responsabilidade 
de impedir o 
resultado 
c) Com o 
comportamento 
anterior, criar o 
risco da 
ocorrência do 
resultado Ex: pais perante 
os filhos Ex: salva-vidas Ex: trote acadêmico 
 
 
 
DESISTÊNCIA VOLUNÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz estão previstos no artigo 15 
do Código Penal, segundo o qual “O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir 
na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já 
praticados”. 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Art. 15, primeira parte, do CP Art. 15, segunda parte, do CP 
Início da execução do delito Início da execução do delito 
A consumação deixa de acontecer 
por vontade do agente 
A consumação deixa de acontecer 
por vontade do agente 
O agente desiste voluntariamente 
O agente esgota os atos executórios 
e o potencial lesivo 
Não esgota os atos executórios 
Antes da consumação o agente age 
para evitar o resultado 
Exemplo: Nidal deu um tiro 
em direção ao Naldinho, acertando 
sua perna. Apesar de ter mais cinco 
balas, Nidal olhou para Naldinho e 
lembrou que ele vai ser papai, 
desistindo de o matar 
Exemplo: Nidal deu cinco tiros em 
Naldinho, o qual não morreu, mas 
ficou gravemente ferido. Nidal ficou 
com pena e decidiu salvar Naldinho, 
levando-o até o hospital. Foi 
esgotada a potencialidade lesiva de 
Nidal, pois deu cinco tiros. Contudo, 
por sentir pena, levou Naldinho até 
o hospital e ele acabou 
sobrevivendo, mas restou nele lesão 
corporal gravíssima. Nesse caso, 
Nidal praticou o crime de lesão 
corporal gravíssima 
EFEITOS 
Em ambos: 
O agente responde pelos atos até então praticados, se típicos 
O agente jamais responde por tentativa 
 
 
 
 
 
 
Dica: Quando se tratar de desistência voluntária e de arrependimento eficaz, não 
marque a alternativa que indique que o sujeito responde pelo crime na forma 
tentada. 
Isto porque, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz, jamais o sujeito vai 
responder pelo crime na sua modalidade tentada; nesses casos, ele irá responder 
pelos atos até então praticados. 
 
ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
O arrependimento posterior está previsto no artigo 16 do Código Penal, 
segundo o qual “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, 
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por 
ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços”. 
Por que posterior? 
Porque ele ocorre depois da consumação. O crime está consumado e, então, 
o sujeito se arrepende, reparando o dano ou restituindo a coisa. 
Cuidado: Se aplica somente para os crimes praticados sem violência ou grave 
ameaça à pessoa. Exemplo: furto, apropriação indébita, receptação e estelionato. 
 
Como se exterioriza o arrependimento? 
O arrependimento posterior se exterioriza com a restituição da coisa ou com 
a reparação do dano. Lembre-se: para ser aplicado o instituto do 
arrependimento posterior, a restituição da coisa ou com a reparação do dano deve 
ocorrer até o recebimento da denúncia ou queixa. 
 
 
 
 
Efeito: no arrependimento posterior o sujeito vai 
ser condenado pelo crime que praticou, porém 
terá sua pena diminuída de um a dois terços 
 
 
Exemplo 
Nidal furta o celular do Naldinho, consumando o crime. 
Posteriormente, antes do recebimento da denúncia, Nidal se 
arrepende e restitui o celular. 
No caso, se aplica o arrependimento posterior, de modo que Nidal terá 
sua pena reduzida de um a dois terços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CRIME IMPOSSÍVEL 
O crime impossível está previsto no artigo 17 do Código Penal, segundo o qual 
“Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta 
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. 
 
 
 
 
Dica: Para se falar em fato típico, o sujeitodeve ter praticado uma conduta que 
produza um determinado resultado. Se essa conduta jamais irá alcançar qualquer 
resultado, não há fato típico. 
Arrependimento 
posterior 
Trata-se de causa 
obrigatória de diminuição 
da pena (de 1/3 a 2/3) 
Ocorre depois da 
consumação do delito 
A reparação do dano ou 
restituição da coisa deve 
ocorrer até o recebimento 
da denúncia ou queixa 
Cabível em crimes sem 
violência ou grave 
ameaça contra a pessoa 
O crime impossível leva a atipicidade 
do fato 
 
 
 
 
 
 
 
Crime impossível 
Espécies 
Ineficácia absoluta 
do meio 
Impropriedade absoluta 
do objeto 
Guarda relação com o meio de 
execução ou instrumento 
utilizado pelo agente, que, por 
sua natureza, será incapaz de 
produzir qualquer resultado, ou 
seja, jamais alcançará a 
consumação do delito. 
Guarda relação com o objeto 
material, compreendendo a 
pessoa ou coisa sobre o qual 
recai a conduta do agente. 
Ex1: o agente, pretendendo matar a 
vítima, usa como meio executório 
arma completamente defeituosa, que 
jamais efetuaria qualquer disparo. 
Ex1: o agente, pretendendo matar a 
vítima, desfere vários disparos de 
arma de fogo contra o seu corpo, 
verificando-se, após, que, ao receber 
os disparos, já se encontrava morta, 
em decorrência de ter sofrido, 
momentos antes, fulminante ataque 
cardíaco. 
Ex2: a agente toma chá de boldo 
pretendendo interromper a gravidez 
com a morte do feto. Contudo, o chá 
de boldo não possui efeito abortivo. 
Ex2: a agente, achando que está 
grávida, ingere substância com efeito 
abortivo. Após, vem a informação de 
que ela não estava grávida. 
Causa de diminuição de pena, de 1/3 a 2/3.
Na cogitação e na preparação não há incidência do direito
penal, exceto quando houver tipificação autônoma na
preparação.
@prof.arnaldoquaresma
Direito Penal
ARNALDO QUARESMA
TEORIA DO CRIME
O iter criminis (caminho do crime) aplica-se aos crimes dolosos em 04 etapas:
COGITAÇÃO
PREPARAÇÃO
EXECUÇÃO
CONSUMAÇÃO
Na execução e na consumação há incidência do
direito penal.
Petrechos para falsificação de moeda.
ANTES DA CONSUMAÇÃO
TENTATIVA
Início da
execução
Não consumação
ocorre por
circunstâncias
alheias a vontade
do agente
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
O agente responde só pelos atos praticados.
Início da
execução
Não consumação
ocorre por
circunstâncias
próprias da sua
vontade
Não há o
esgotamento dos atos
executórios por
abandono do agente
Agente só responde pelos atos praticados.
ARREPENDIMENTO EFICAZ
Início da
execução
Esgotamento dos
atos executórios.
Impede o
resultado através
de uma conduta
positiva.
APÓS A CONSUMAÇÃO
ARREPENDIMENTO POSTERIOR
Crime cometido sem violência ou grave ameaça.
Até o recebimento da denúncia.
Reparação do dano por ato voluntário do agente.
Diminuição da pena de 1/3 a 2/3.
ARREPENDIMENTO PURO E SIMPLES
Até a sentença de 1º grau.
Cabe em crimes COM violência ou grave ameaça.
Circunstância atenuante que
deve ser observada na 2ª fase da
aplicação de pena.
CONSUMAÇÃO
A classificação abaixo leva em consideração o resultado naturalístico do crime:
Crime material: só se consuma com a produção do resultado naturalístico.
Crime formal: há resultado naturalístico, mas não é necessário para a consumação, o crime se
consuma antes (exemplo.: corrupção ativa, extorsão mediante sequestro).
Crime de mera conduta: não há resultado naturalístico.
CRIME IMPOSSÍVEL
Tentativa inidônea
Absoluta impropriedade do objeto
Meio empregado é absolutamente ineficaz
Princípio
da
lesividade.
Infração penal é gênero.
Entendimentos jurisprudenciais
Furto e vigilância com câmera: é crime impossível
Moeda falsificada de forma grosseira: é crime
impossível em relação ao art. 239 do Código Penal,
pois deve ter a capacidade de ludibriar alguém.
Flagrante preparado: é crime impossível
Se alguém aceita a moeda falsificada
grosseiramente, persiste o crime de
estelionato.
Teoria finalista: comportamento humano voluntário e consciente dirigido a uma finalidade.
JUS PUNIENDI
Infração penal
Crimes
Contravenções
penais
CRIME
Conceito analítico tripartido.
FATO
TÍPICO + ILÍCITO CULPÁVEL+ ++ == CRIME
FATO TÍPICO
Fato relevante para o direito penal.
CONDUTA
Infração penal
Coação física irresistível
Movimentos reflexos
Estados de inconsciência
Espirro, tosse.
Sonambulismo.
Diferenças
entre coações
CLASSIFICAÇÕES QUANTO AS CONDUTAS
+
Crimes comissivos por omissão.
O agente é garantidor e tem o dever de evitar o resultado.
Responde pelo resultado.
Coação física irresistível
Coação moral irresistível
Coação moral resistível
Exclui a conduta
Exclui a
culpabilidade
Circunstância
atenuante
Fato atípico
Inexibilidade de
conduta diversa
COMISSIVOS: conduta positiva do agente | ação
OMISSIVOS: conduta negativa do agente | omissão-
Omissão própria
O próprio verbo do tipo traz a conduta omissiva. 
São crimes de mera conduta e o agente não reponde pelo resultado.
Qualquer pessoa pode vir a responder.
Omissão imprópria
Dever legal: pais, médico, bombeiro.
Criador do risco. 
Dever contratual: não precisa ser formal, de
forma voluntária.
DOLO
DOLO DIRETO: teoria da vontade. O agente quer produzir o resultado.
DOLO EVENTUAL: teoria do assentimento. O agente assume o risco do resultado.
CULPA
Tipo aberto, pois cabe a interpretação do caso concreto.
IMPRUDÊNCIA Agir de maneira descuidada. 
NEGLIGÊNCIA Não tomou os cuidados necessários.
IMPERÍCIA Falta de aptidão para o exercício da profissão.
CULPA INCONSCIENTE: previsibilidade do resultado
CULPA CONSCIENTE: previsão do resultado
PRETERDOLO
Deve ter previsão expressa.
Conduta inicial
dolosa.
Resultado mais grave que qualifica o
crime decorre da culpa.
Exemplo: lesão corporal seguida de morte.
DOLO GERAL
Envenenamento
CONDUTA 1
Jogar o corpo no mar
CONDUTA 2
Causa da morte foi o afogamento.
O dolo da conduta 1 é
geral e abarca a
conduta 2.
NEXO CAUSAL
Vínculo que une a conduta ao resultado.
CONCAUSA
Causa paralela e distinta da conduta objeto de análise.
CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE Produzem o resultado de forma autônoma 
CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE
Preexistente: não exclui o resultado
Concomitante: não exclui o resultado
Superveniente: exclui o resultado
Soma esforços com a conduta
Rompe o nexo causal: exclusão do resultado.
O agente reponde pelo que praticou até então de acordo com sua finalidade.
LEGÍTIMA DEFESA
ESTADO DE NECESSIDADE
ESTRITO CUMPRIMENTO DE DEVER LEGAL 
NO EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
ILICITUDE
Causas excludentes de ilicitude
SUPRALEGAIS
Há o consentimento do ofendido antes ou durante a conduta.
Se o consentimento do ofendido for implícito ao tipo penal exclui a tipicidade.
CAUSAS LEGAIS
Agressão injusta atual ou iminente
Perigo atual colocando dois bens
jurídicos em conflito
Ataque de animal: depende do caso concreto. Se o animal for utilizado como
instrumento, configurará legitima defesa.
	Direito Penal - Nidal Ahmad
	Direito Penal RT atualizado (Arnaldo)

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