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Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 1 Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios Crescimento é utilizado para representar o aumento físico, é quantitativo, o seu estudo inclui a avaliação de peso e altura da criança ao longo do tempo. Pode ser considerado um dos indicadores de saúde mais importantes da criança O desenvolvimento traduz a capacidade de uma criança realizar tarefas cada vez mais complexas, corresponde à aquisição de novas habilidades, sendo um processo qualitativo Fisiologia do crescimento Pré natal É o período de crescimento e desenvolvimento mais intenso O primeiro trimestre é o mais vulnerável, pois é aquele no qual a organogênese é mais intensa Exemplos de fatores negativos: desnutrição materna, álcool, medicamentos (anticonvulsivantes, Warfarin, Metrotrexatem ingestão de ácido retinoico), hipertermia, tabagismo, drogas O início do desenvolvimento no sistema nervoso começa na terceira semana, com o aparecimento da placa neural Lactente e infantil Nutrição, fatores extrínsecos. Intenso – desacelerado Potencial genético. Estável Crianças hipotireoideas podem nos dar a falsa impressão de deficiência de GH Hipotireoidismo é a principal causa de baixa estatura de etiologia endócrina Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 2 Os glicocorticoides, estimulam o crescimento de forma aguda, porém, a exposição prolongada reduz a síntese de GH e a sensibilidade dos órgãos efetores Os esteroides sexuais aumentam a síntese de GH e agem diretamente na placa de crescimento, o fechamento das epífises é provocado pela ação dos estrogênios O principal hormônio efetuador do crescimento linear pré e pós natal é o IGF1 ou somatomedina C, sintetizado pelo fígado por estímulo de GH e hormônios tireoidianos, e cuja principal ação é atuar na cartilagem de crescimento promovendo sua hiperplasia e hipertrofia Puberal: esteróides sexuais. Aceleração do crescimento – pico – desacelera Formas de crescimento Existem gases de crescimento acelerado e gases de crescimento lento. A primeira fase de crescimento rápido, que se estende da vida intrauterina até os 2 anos, é determinada pela nutrição da criança, o peso é um avaliador isolado do crescimento. Dos dois anos de idade até a puberdade temos uma fase de crescimento regular, relativamente homogêneo (aumento de 2 a 3 kg por ano e de 6 a 7 cm por ano). O potencial genético e o hormônio do crescimento são os principais determinantes dessa fase. Quando chega a puberdade, outra fase de crescimento rápido se instala. Os hormônios sexuais e o hormônio de crescimento são responsáveis por essa velocidade O crescimento do tecido neural é próprio, a maior velocidade de crescimento se dá no primeiro ano de vida. O crescimento neural ocorre intensamente na fase de lactente, depois estabiliza. Mielinização começa no meio da gestação e vai até 2 anos. Uma forma de se avaliar o crescimento neural é a monitorização do perímetro cefálico que deve ser realizado até os 2 anos O tecido linfóide cresce muito pouco nos primeiros anos de vida, e no início da vida escolar ultrapassa o tamanho da vida adulta! Criança tem linfonodo/amigdala maior que os adultos. Porém, o tecido linfoide involui após a puberdade Avaliação do crescimento Os principais parâmetros são peso e estatura. O peso pode sofrer influência de muitos fatores, é um indicador mais sensível, porém, menos específico. A estatura Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 3 é um indicador mais confiável 1º passo: obter valores 2º passo: interpretar valores. Comparar com crianças normais, observar a inclinação da curva de crescimento O valor correspondente a um determinado percentil indica o ponto que esse valor ocupa em uma distribuição ordenada de valores. Normal: entre percentil 3 e 97. Ideal: percentil 50 Peso A criança dobra o peso de nascimento aos 4 a 5 meses, triplica aos 12 meses e quadruplica com 2 - 2 anos e 6 meses Fórmula para cálculo aproximado do peso que pode ser usada para crianças de 3 a 11 anos: peso = idade (anos) x 2 + 9 Bebês de até 2 anos ou até 16 kg deverão ser pesados na posição deitada ou sentados na balança mecânica pediátrica. Já as crianças maiores de 2 anos e os adultos são pesados na balança tipo plataforma Decorar: Peso: 1º trimestre: 700g/mes; 2º trimestre 600g/mes, 3º trimestre 500g/mes, 4º trimestre 400g/mes. Duplica com 4 a 5 meses, triplica com 1 ano Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 4 Estatura Estatura: < 2 anos deitado, > 2 anos em pé (altura) Estatura: 1º semestre: 15cm, 2º semestre: 10cm, 2º e 3º ano: 10cm/ano. Pré escolar: 7 a 8cm/ano. Escolar: 6 a 7cm/ano Perímetro cefálico Representa o crescimento do cérebro Ao nascimento, o PC, normalmente é de 35 cm P cefálico: 1º trimestre: 2cm/mes, 2º trimestre: 1cm/mes, 2º semestre: 0,5cm/mes Medir o perímetro cefálico até 2 anos de idade Fechamento de fontanela: Anterior: de 9 meses aos 18 meses; Posterior: nasce fechada ou fecha até 30 dias de vida. Criança prematura: fazer a correção da idade cronológica para avaliar o crescimento – até 2 anos (período necessário para alcançar o crescimento igual de crianças a termo) Alvo genético Leva em consideração a altura dos pais Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 5 Por volta de 4 meses surge os primeiros brotos dentários, aos 3 anos a criança já possui todos os dentes de leite, por volta dos 6 anos inicia a troca dentária A limpeza da cavidade oral deve ser iniciada ainda durante a lactância, através da limpeza das gengivas do bebê com gaze umedecida em água filtrada ou fervida. Uma escova de dente macia poderá ser utilizada quando surgirem os dentes molares posteriores. Contudo, a pasta de dente fluorada está liberada apenas após os 4 anos de vida Auxogramas São os gráficos de crescimento ponderoestatural padronizados As diversas curvas que cruzam o gráfico significam percetis 3, 15, 50, 85, 97 A curva de peso e estatura comportam-se, normalmente, de maneira ascendente Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor Estudar o desenvolvimento neuropsicomotor infantil implica avaliar o ganho de funções e habilidades nas 5 grandes áreas ou condutas: Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 6 Conduta adaptativa: é considerada a conduta precursora da inteligência, aquela na qual é avaliada a capacidade da criança em "resolver" problemas e aprender a partir de novas experiências Conduta motora fina Conduta motora grosseira: habilidades motoras gerais, como rolar, sustentar a cabeça, tronco Conduta de linguagem Conduta pessoal-social A sequência do desenvolvimento ocorre no sentido céfalo-caudal, próximo-distal Reflexos primitivos Possuem caráter transitório Reflexo de Moro (do "abraço): desaparece aos 3 meses Reflexo tônico cervical assimétrico Magnus de Kleijn): desaparece as 34 meses Reflexo de preensão palmar: desaparece aos 4 meses Reflexo de preensão plantar: desaparece aos 15 meses Reflexo do apoio plantar e marcha: desaparece aos 2 meses Reflexo de sucção: desaparece entre 4 a 6 meses Recém nascido Motor: membros fletidos, postura tônico-cervical, cabeça pende, olhos de boneca Adaptativo: fixa a visão Social: nítida preferência pela face humana 1 mês Motor: PTC (posição tonico cervical assimétrica), levanta o queixo em prona Adaptativo: acompanha objetos (cerca de 90º) Social: sorriso a estímulo Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 7 2 meses Motor: PTC, levanta a cabeça em prona, cabeça firme quando sentado Adaptativo: segue 180º Social: sorriso social, atenção em vozes 3 meses Motor: PTC, levanta a cabeça e o tronco em prona, sustentação pendular da cabeça, puxa para sentar Adaptativo: estende a mão para objetos. Ainda tem prensa palmar 34meses) Social: contato social Linguagem: aah, ngah 4 meses Motor: cabeça centralizada, postura cervical simétrica,olha para as mãos na linha média, sustenta a cabeça Adaptativo: pega cubital/palmar (pega o objeto e solta, não tem o reflexo preensivo) Social: ri alto, observa a mão 6 - 7 meses Motor: rola, senta com apoio Adaptativo: pega radial/três dedos, transfere objetos entre as mãos Social: prefere a mãe Linguagem: lalação Com 7 meses identifica o Não! 9 - 10 meses Motor: senta sozinho sem apoio, engatinha Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 8 Adaptativo: segura objetos com pinça entre polegar e indicador, solta objetos se retirados Social: estranha, acena, bate palmas, brinca de cadê Permanência do objeto (entre 8 a 9 meses), não vê o objeto, mas sabe que existe > reclama mais a falta dos pais, estranha desconhecidos, acelera o desenvolvimento da linguagem Linguagem: polissílabos (mama, papa) 10 meses segue comando verbal 12 meses Motor: anda com apoio, levanta sozinha Adaptativo: apanha objetos com pinça entre polegar e indicador, entrega objetos por solicitação Social: interage (vestir, brincar) Linguagem: alguma palavras com significado (primeiras palavras com sentido) Entre 12 a 15 meses faz torre de cubos (combina objetos) Com 18 meses faz torre de 4 cubos Com 24 meses fala de 50 a 100 palavras Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 9 Consultas: 1ª semana, 1 mês, 2 meses, 4 meses, 6 meses, 9 meses, 18 meses e 24 meses. Após os 2 anos as consultas de puericultura podem ser anuais. Avaliar em todas elas: crescimento, desenvolvimento neuropsicomotor, alimentação, vacinas, identificar problemas e riscos para saúde Caixas de Denver II (caderneta da criança), onde fecha a caixa é onde está o percentil 90 Desenvolvimento do pré escolar, escolar e autismo Pré escolar Crescimento somático e do cérebro fica lento Diminui o apetite (preocupação dos pais "meu filho não come" > avaliar a curva de crescimento Aumento de 2 kg Acuidade visual 20/20 aos 4 anos Controle esfincteriano em média 30 meses (controla a diurese durante o dia) Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 10 Mão dominante em torno de 3 a 4 anos Melhor parâmetro para avaliar: linguagem Gageira 5% das crianças desenvolvem nessa fase, 1% permanece (quando persiste por mais de 6 meses) Pensamento mágico Egocentrismo: não consegue considerar outro ponto de vista Fase dos medos: a argumentação lógica não apresenta bons resultados Mau humor (pirraça) Autismo Desordem do neurodesenvolvimento Mais prevalente nos meninos Alteração na linguagem + difícil interação social > tipicamente diagnosticado antes dos 3 anos de idade Síndrome de Asperger: desenvolvimento normal da linguagem, deficiência na comunicação não verbal Fala do autista: ecolalia, rimas sem sentido, entonação diferente Habilidades para brincar bastante alteradas Rigidez ritualística Movimentos corporais repetitivos Mínimo contato visual Etiologia desconhecida, mas relação genética Autismo e associação a outras doenças: convulsões, síndrome do X frágil, esclerose 25% dos autistas tem macrocefalia Diagnóstico clínico Tratamento: terapia comportamental intensiva, posteriormente, se necessário, uso de medicamentos em casos de sintomas psiquiátricos Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 11 Desenvolvimento do escolar 6 a 12 anos 3 a 3,5 kg Cresce 6 cm por ano Dislexia: dificuldade na aprendizagem da leitura, inteligência normal, porém, desenvolvimento escolar ruim TDAH a criança não tem controle sobre isso, o comportamento inadequado é em todo lugar, não apenas na escola. O tratamento é com neuroestimulante (ritalina), não um sedativo Crescimento e desenvolvimento na adolescência Segundo a OMS, a adolescência é o período compreendido entre 10 a 20 anos ECA Brasil) 12 aos 18 anos A puberdade inicia-se com o aparecimento do broto mamário nas meninas e aumento do volume testicular nos meninos, e termina com a fusão das epífises e crescimento final dos indivíduos A puberdade inicia com aumento da sensibilidade da hipófise ao GnRH > liberação pulsátil de GnRH, LH e FSH > aumento dos androgênios e estrogênios pelas gônadas Puberdade: gonadarca e adrenarca Crescimento e desenvolvimento físicos Na puberdade, meninas crescem de 6 a 7 cm por ano e meninos de 9 a 10 cm por ano Fechamento das epífises ósseas determina a estatura final do indivíduo, análise pela comparação através do método de Greuloch-Pyle Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 12 Os mecanismos deflagradores que são início à puberdade não são completamente conhecidos, mas sabe-se que 3 eventos endócrinos são fundamentais: aumento da secreção hormonal pela adrenal (adrenarca), aumento das gonadotrofinas hipofisárias, aumento dos esteroides sexuais (gonadarca) Telarca: desenvolvimento de tecido glandular mamária no sexo feminino Pubarca Menarca Ginecomastia: desenvolvimento de tecido glandular mamária no sexo masculino. Muito comum e tem bom prognóstico (fisiológico pelo desenvolvimento puberal). Pode ser uni ou bilateral. A correção cirúrgica é estética. Mas se um homem adulto começar a desenvolver ginecomastia, pode ser de causa secundária Estágios da adolescência Precoce 10 a 13 anos) Média 14 a 17 anos) Tardia 18 a 21 anos) Escala de Tanner - Meninas M1 pre puberal M2 broto mamario (tecido mamário subareolar) → pela ação de estrógeno M3 aumento da mama (sem separar contornos entre mama e aréola) M4 duplo contorno M5 endurecimento O primeiro sinal da puberdade é a telarca (estágio M2. Geralmente acontece entre 8 a 13 anos, é dependente, principalmente da secreção de estrógenos Em seguida, ocorre a pilificação pubiana (pubarca) que é dependente dos andrógenos adrenais Por último, ocorre a pilificação axilar Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 13 A menarca ocorre 1 anos após o pico da velocidade de crescimento, acontece nas fases mais avançadas da maturação sexual M3 e M4 de Tanner), cerca de 2 a 2 anos e meio após a telarca Depois da menarca, a menina cresce cerca de 6 cm A menarca marca o início da fase de desaceleração do crescimento estatural Início: 8 a 13 anos → Telarca Atraso > 13 anos, precoce < 8 anos Pico de crescimento: 8 a 9cm/ano (estágio III de tanner) Menarca: 2 a 2,5 anos após a telarca (estágio IV de tanner) P1 pre puberal P2 pubarca (finos, lisos, apenas nos grandes lábios) – nos meninos a pubarca ocorre apenas na base do pênis → pela ação de andrógenos P3 pelo mais escuro, grosso, encaracolado na sínfise púbica P4 padrão adulto, em grande quantidade P5 raiz da coxa P6 ascenção da pilificação em direção a cicatriz umbilical Escala de Tanner - Meninos G1 pre puberal G2 aumento testicular (orquidômetro de prader) > 4cm3. Pênis infantil G3 aumento do pênis (comprimento) G4 aumento do pênis (diâmetro). Contorno da glande se destaca G5 genitalia adulta Nos meninos, o primeiro sinal de puberdade é o aumento testicular aos nove anos e meio, definindo o estágio G2 Segue-se, posteriormente, o aparecimento dos pelos pubianos e aumento do pênis Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 14 O estirão puberal ocorre quando o volume testicular alcança o volume de 9 a 10 cm³ no estágio 4 de Tanner. Em média o pico ocorre aos 13 anos e meio e termina por volta dos 18 anos O estirão acontece de modo assimétrico, ou seja, as extremidades crescem primeiro, e o tronco se alonga no final Um aumento no tamanho da faringe, laringe e pulmões é o responsável pela modificação na qualidade da voz Início: 9 a 14 anos → aumento testicular Pico de crescimento: 9 a 10cm/ano (estágio IV de tanner) → homens tem em média 13cm a mais que as mulheres (crescem mais e mais tarde) Vacinação do adolescente Se não vacinado: Hepatite B 0, 1 e 6 dT 0, 2 e 4 Tríplice viral 0 e 1 Febre amarela (residente de área endêmica ou viajante) HPV (quadri 0, 2 e 6 meses). Público alvo meninas de 9 a14 anos, meninos de 9 a 10 anos 2 doses) e mulheres e homens com HIV entre 9 a 24 anos 3 doses) Vacinado: Reforço dT a cada 10 anos Reforço febre amarela a cada 10 anos Vacina da febre amarela é contra-indicada para gestantes ou lactantes Desordens ortopédicas na infância e adolescência Escoliose Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 15 É o desvio lateral da coluna Manifesta-se no pico da velocidade de crescimento, por volta dos 12 anos Toda escoliose com mais de 10° deve ser acompanhada pelo ortopedista Diagnóstico é estabelecido pelo exame físico e raio X da coluna Tratamento é feito apenas pela observação, fisioterapia, uso de coletos ou correção cirúrgica Doença de Legg-Calvé-Perthes É uma desordem do quadril caracterizada por uma interrupção temporária do suprimento sanguíneo na cabeça do fêmur, levando a necrose avascular e deformidade Pico entre 4 a 8 anos Necrose inicial > Fragmentação > reossificação > remodelamento Sintoma mais comum é a claudicação, seguida da dor, que pode estar localizada na virilha ou mais comumente, referida para parte anteromedial da coxa ou joelho Marcha antálgica pode aparecer no final do dia, após atividade física Diagnóstico é firmado pelo Raio X, na ausência de alterações nas fases iniciais, pode-se solicitar cintilografia óssea marcada com tecnécio 99 Doença de Osgood-Shlatter Epifisite da tuberosidade anterior da tíbia desencadeada na adolescência, na fase do estirão de crescimento Quadro clínico: dor abaixo da patela, às vezes bilateral, que piora após esforço físico e melhora com repouso. Ao exame, dor à compressão local e edema podem ser verificados. A Radiografia mostra fragmentação óssea Distúrbios estatuais e puberais Síndromes de crescimento linear Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 16 Baixa estatura A baixa estatura é definida como a presença de uma altura abaixo do último percentil do gráfico utilizado Geralmente, nos primeiros anos de vida da criança o crescimento linear reflete as condições nutricionais e de saúde geral, e após 18 a 24 meses, a criança passa a entrar no canal genético dos pais, porém, alterações da velocidade de crescimento estatural após o terceiro ano de vida, independente da altura apresentada pela criança, requerem avaliação e investigação A estatura deve ser colocada na curva de crescimento Causas de baixa estatura - Variações normais do crescimento Baixa estatura familiar: as crianças com baixa estatura familiar apresentam-se com peso e estatura normais ao nascimento, e após os 23 anos, apresenta um desvio para baixo na sua curva de estatura, entrando no seu "canal de crescimento genético". Esta curva geralmente é paralela e está abaixo do percentil 3, e assim permanece através da puberdade. A velocidade de crescimento é normal e a idade óssea é compatível com a idade cronológica. Ao final, o indivíduo alcançará uma estatura final compatível com seu alvo genético Atraso constitucional do crescimento e puberdade: a criança após os 23 anos sofre uma desaceleração do crescimento, produzindo uma curva paralela e abaixo do percentil 2, com velocidade de crescimento normal até a puberdade, porém, a idade óssea, neste caso, é atrasada em média 3 anos em relação à idade cronológica. Quando chegam à adolescência, estas crianças sofrem nova desaceleração do crescimento e atraso na maturação sexual. São crianças com crescimento e desenvolvimento mais lento, porém, por um período mais prolongado, de modo a não haver prejuízo na sua estatura final. Tipicamente são crianças saudáveis e não apresentam anomalias fenotípicas Causas patológicas de baixa estatura Osteocondrodisplasias: leva a baixa estatura desproporcional, a displasia esquelética pode se apresentar com um encurtamento exuberante dos membros ou da coluna Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 17 Retardo do crescimento intrauterino Síndromes genéticas: Síndrome de Silver-Russel Síndrome de Noonan: semelhante ao Turner, mas no menino Síndrome de Seckel Síndrome de Bloom Síndromes cromossômicas: Síndrome de Down Síndrome de Turner (acomete apenas meninas): baixa estatura, não ocorre maturação sexual Tanner M1 P1, defeitos renais, defeitos cardíacos (coarctação da aorta). RN do sexo feminino com lifedema nas mãos e pés, pensar em Turner Desnutrição: pode ser primária (restrição de alimentos) ou secundária a má absorção intestinal de nutrientes. Há queda na velocidade de crescimento, idade óssea atrasada e retardo puberal. Com a nutrição adequada, o crescimento acelera-se, embora a altura na idade adulta possa ficar comprometida Privação psicossocial: criança pequena vítima de abuso ou negligência Hipotireoidismo: causa endócrina mais comum de baixa estatura, associação com outros sintomas Síndrome de Cushing: reduz a velocidade óssea de crescimento Deficiência de GH há redução da velocidade de crescimento, sendo uma manifestação precoce e a idade óssea está atrasada. O diagnóstico não é feito pela dosagem de GH, devido a sua ampla variação, mas sim, realiza-se um teste provocativo (provoca o estímulo de GH, se menor que 510 ng/mL, considera-se deficiência de GH. O tratamento é feito com GH recombinante via subcutânea Abordagem diagnóstica O primeiro passo consiste em um história clínica detalhada na procura de condições mórbidas que possam ser responsabilizadas. A história familiar deve incluir a altura e a idade do início da puberdade de ambos os pais Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 18 Alvo genético: Menino = altura pai + altura da mãe + 13 / 2 → p3 1,63 Menina = altura do pai 13 + altura da mãe /2 → p3 1,51 Idade óssea: Rx da mão e punho esquerdos e comparar os núcleos de ossificação com o atlas populacional, a partir de 1 ano. Em menores de 1 ano, Rx de joelho Velocidade de crescimento normal (> 5cm) = criança saudável Medir TSH, T4 Dosagem de cortisol Se sugerir anormalidades cromossômicas, realizar cariótipo Crescimento excessivo Define-se crescimento excessivo como sendo aquele cuja velocidade de crescimento excede dois desvios padrões da média para idade e sexo Variações da normalidade Alta estatura familiar e/ou constitucional: alta estatura dentro do alvo genético de crescimento. As medidas corporais são proporcionais, não há dismorfias, e a idade óssea corresponde à idade cronológica. A puberdade se processa na época normal Aceleração constitucional da puberdade: crianças que iniciam e terminam a puberdade mais cedo que a média populacional. Há aumento da velocidade de crescimento e avanço na idade óssea. Após a puberdade, atinge o alvo genético Causas patológicas primárias de alta estatura Síndrome de Beckwith-Wiedemann: é uma causa de alta estatura primária (cujo crescimento excessivo resulta de hiperplasia celular intrínseca), paciente tem aumento do risco de neoplasias Síndrome de Sotos Gigantismo cerebral): causa de alta estatura primária. Distúrbio autossômico dominante Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 19 Síndrome de Weaver: causa de alta estatura primária Síndrome XYY causa de alta estatura primária Síndrome de Klinefelter XXY causa de alta estatura primária. Leva à hipogonadismo e infertilidade Síndrome do X-frágil Síndrome de Martin-Bell): é a causa genética de retardo mental mais comum no homem. Em relação ao fenótipo, temos que as mulheres carreadoras tem um risco de 20% de falência ovariana prematura, e distúrbios de ansiedade; os homens carreadores também exibem sinais de ansiedade e tremor cerebelar. É uma doença autossômica ligada ao X Síndrome de Marfan: doença de herança autossômica dominante Homocistinúria Neurofibromatose tipo 1 Causas patológicas secundárias de alta estatura Diabetes mellitus materno: hiperglicemia materna > hiperinsulinemia fetal Obesidade Excesso de GH (gigantismo): principal causa é adenoma hipofisário Hipertireoidismo Síndromespuberais Atraso puberal Define-se atraso puberal como ausência de mamas em meninas após os 13 anos e ausência de aumento testicular em meninos após os 14 anos OBS.: amenorreia primária é diferente de atraso puberal feminino. O atraso puberal feminino consiste na suência de telarca após 13 anos na menina, já amenoreia primária é a ausÊncia da menarca após 14 anos sem desenvolvimento de caracteres sexuais secundários ou após 16 anos na presençã de caracteres sexuais secundários Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 20 Atraso constitucional da puberdade: baixa estatura, baixa velocidade de crescimento e IO atrasada. Lentificação do desenvolvimento Doença crônica: organismo limita a utilização de substratos em vias menos vitais (puberdade é atrasada até que seja possível o retorno a normalidade) Hipogonadismo hipogonadotrófico (↓FSH e LH deficiência congênita de GnRH. Síndrome de Kallmann: retardo puberal + anosmia + fenda palatina + surdez + retardo Síndrome Prader-Willi: obesidade, retardo, hipotonia, micropenis, pés e mãos pequenos Hipogonadismo hipergonadotrófico (↑FSH e LH desordem na gônada Síndrome de Klinefelter Síndrome de Turner Precocidade puberal Caracter sexual secundário + aceleração precoce do crescimento. Tem fechamento precoce de epífises → baixa estatura Causas: Central: GnRh dependente (verdadeira) – ativação precoce do eixo. É sempre isossexual (as características sexuais são sempre apropriadas ao sexo) e sempre segue a sequência normal TPM. Pode ser idiopático ou por lesão do SNC. Mais comum em meninas (forma idiopática). No sexo masculino a lesão do SNC é mais frequente Periférica: GnRh independente (pseudopuberdade) – secreção de esteróides sexuais independentemente de um estímulo central. Isossexual ou heterossexual Sinais puberais isolados: com 6 ou 7 anos isolada, apenas com aumento de pelos, pode ser aumento de andrógenos produzidos pela suprarrenal Principais problemas da puberdade precoce: Estirão precoce: perda de estatura final Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 21 Abuso sexual Tratamento da puberdade precoce: análogo do GnRH (satura os receptores do GnRH na hipófise, impedindo sua ação) Genética Herança mendeliana Desordens unigênicas Autossômica dominante: mutação em um dos pares do gene somático determina um ganho de função. Homens e mulheres são igualmente afetados Autossômica recessiva: para ter a doença, necessita da mutação do par Ligada ao X mutação no cromossomo X. Afetam com maior gravidade e frequência indivíduos do sexo masculino Ligada ao Y afeta exclusivamente o sexo masculino Herança não mendeliana Mutação do DNA mitocondrial: transmissão invariavelmente materna Doenças de expansão por repetição tripla Defeitos de "imprinting": em um par de alelos, um é silenciado e o outro é ativo, devido a mutação (modificação epigenética) Principais síndromes genéticas e cromossômicas Síndrome de Down É a doença cromossômica mais frequente É a causa genética mais frequente de retardo mental Trissomia do 21 Pode ocorrer, também, translocação 3 a 4% dos casos) Mosaicismo Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 22 Teste de triagem pré natal: medida da translucência nucal Diagnóstico pós natal: presença de características da síndrome, confirmado pelo cariótipo (deve ser feito já no primeiro ano de vida) Ecocardiograma é fundamental (devido a alta incidência de cardiopatia) Afastar doenças do sistema digestório Otite média serosa acomete muitas crianças com síndrome de Down e pode causar surdez 75% de chance de perda auditiva) Instabilidade da articulação atlantoaxial (pode levar a lesão de medula espinhal) Síndrome de Patau Trissomia completa do cromossomo 13 Fenda labial e palatina em 60 a 80% dos casos Cardiopatia congênita 5% sobrevivem mais que 6 meses Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 23 Síndrome de Edwards Trissomia do cromossomo 18 2a trissomia autossômica mais comum Punho cerrado, segundo dedo sobre o médio e quinto sobre o quarto Calcanhar como cadeira de balanço Cardiopatia congênita são quase universais > 90%, doença polivalvular Eco fetal 20 semanas de gestação) > má formação cardíaca congênita > sugere trissomia do cromossomo 18 A maioria dos fetos vai a óbito durante a vida embrionária e fetal As crianças que nascem: 55 a 65% vão a óbito na primeira semana de vida, 90% ao redor de 6 meses, 5 a 10% sobrevivem ao primeiro ano A recorrência de outra trissomia em outro filho é rara Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 24 Síndrome de Turner Ausência de um cromossomo sexual X ou Y A grande maioria dos fenótipos é feminino Síndrome de Williams Microdeleção do 7q11.23, uma região que inclui aproximadamente 17 genes Crescimento e desenvolvimento infantojuvenil e seus distúrbios 25 Síndrome do X frágil Há uma banda "frágil" localizada no Xq27.3, no qual se insere o gene FRM1, indivíduos normais tem em torno de 50 repetições de trinucleotídeos CGG, na síndrome, esta repetição ultrapassa 200, e consequentemente, o gene é "desligado"
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