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Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 1 Patologia veterinária Júlia Madureira Neves dos Santos Dimas// @surtavet OBJETIVO DE ESTUDAR PATOLOGIA: Reconhecimento das doenças (reconhecimento das lesões micro/macroscópicas); Identificar a etiologia (mesmo que nem sempre esta possa ser identificada); Entender a doença; TERMOS: Os termos patologia e doença se diferem, logo não pode se referir uma a uma patologia como uma doença. DOENÇA: é uma interrupção ou alteração na estrutura e/ou função de um órgão ou sistema que resulta em sinais clínicos característicos, possui etiologia, patogênese e prognóstico conhecido ou não. O termo “doença” tem como sinônimos: moléstia, enfermidade e afecção. SÍNDROME: talvez seja considerado um termo mal utilizado, pois significa "concorrer", também se denomina como um conjunto de sinais e sintomas que definem as manifestações clínicas de uma ou várias doenças ou condições clínicas, independentemente de etiologias que as diferenciam. Por exemplo, quando um animal tem uma alteração sistêmica (irá ocorrer no corpo todo) independente da etiologia. ETIOLOGIA: se refere a uma parte da patologia que estuda as causas das lesões, tem se então o agente etiológico = agente causador pela origem da doença, podendo ser genérico ou adquirido. Exemplo: Leishmania. sp (agente causador da leishmaniose); PATOGENIA: parte da patologia que estuda os mecanismos de formação das lesões, também se refere ao modo como os agentes etiopatogênicos agridem o organismo e os sistemas naturais de defesa reagem, surgindo mesmo assim, Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 2 lesões e disfunções das células e tecidos agredidos, produzindo-se a doença. No entanto, resumidamente, a patogenia se trata de como o agente causa a doença e como a doença chegou naqueles sinais clínicos (sinais graves). Por exemplo, um cão está com lesão, anemia e febre, o que seria a patogenia? O modo como esse agente etiopatogênico causou aquela lesão. FISIOPATOLOGIA: estuda as alterações das funções, ou seja, fisiologia alterada, os melhores exemplos são as insuficiências, seja hepática, cardíaca ou renal. A insuficiência gera edema, um animal com alteração funcional pode ser que não tenha nenhum agente etiológico envolvido, pois os próprios mecanismos fisiológicos podem estar em excesso ou ausente de modo que causem tal fisiopatologia. ANATOMIA PATOLÓGICA: estuda as alterações morfológicas que podem ser micro/macroscópicas. Mudanças morfológicas são alterações estruturais nas células ou tecidos que são frequentemente característicos da doença (a microscopia faz parte da anatomia patológica). LESÃO: qualquer anormalidade estrutural ou funcional em um órgão, tecido ou célula. PATOGNOMÔNICO: lesão que só ocorre por uma determinada doença, ou seja, lesão específica ou característica de uma doença X, apesar de específico não existe 100% de precisão. Diagnóstico morfológico: Órgão + OPATIA = não inflamatória; Órgão + OSE = doenças degenerativas ou necróticas; Órgão + ITE = inflamação; Quem é o patologista? Patologistas anatômicos patológicos X patologista clínico; Medicina legal: patologia forense veterinária - coleta de material ou necrópsia; Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 3 INTRODUÇÃO À MORTE Morte do latim "mors" significa óbito; TANATOS: na mitologia grega isso significava personificação da morte TANATOLOGIA: estudo da morte A morte pode afetar o indivíduo de forma parcial ou total, de forma parcial se divide em necrose ou apoptose, na necrose afeta as células ou grupo se células, na apoptose afeta células individualmente, como se fosse uma morte programada. Necrose + osis = estado de tecido morto; NECROSE: TIPOS DE NECROSE: Necrose de coagulação ou coliquativa ou isquêmica: ocorre em quadros de hipóxia, exceto no cérebro, a região com necrose isquêmica fica em formato de triangulo (cunha branca), com alo eritematoso. Toda necrose fica inflamada em volta (vermelha), com formato de triangulo, por conta das ramificações sanguíneas. Necrose caseosa: estrutura semelhante a um queijo (macroscopicamente), ocorre em casos de infecções crônicas granulomatosas e tuberculose pulmonar. Necrose de liquefação ou liquefativa: ocorre no tecido nervoso (cérebro), de modo que dissolva todo aquele tecido, assim ficando rarefeito. APOPTOSE: Significa outono, se refere à queda das folhas das árvores; A apoptose é conhecida como morte celular programada, ocorre quando a célula se “suicida”. A célula aciona mecanismos internos que levam à Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 4 sua fragmentação em corpos apoptóticos que são fagocitados por células vizinhas, sem acionar o processo inflamatório. TIPOS DE APOPTOSE: Fisiológica: quando o organismo se desfaz de células que não são necessárias mais; Patológica: ocorre em casos de acidente vascular encefálico, causados principalmente por trombos, devido à aterosclerose, ocorre também aneurisma –dilatação anormal- (movimento que faz quando joga uma pedra na água). MORTE TOTAL / MORTE GERAL / MORTE CLÍNICA / MORTE SOMÁTICA A morte total ocorre quando o indivíduo está morto, mas as suas células estão vivas, como por exemplo transplantes. As células e tecidos individuais podem permanecer vivos durante um curto e variável período de tempo após a morte total (base para que se ocorram os transplantes de órgãos) até que a autólise ocorra. Qual o momento exato da morte? Não é um consenso; Não é um fato único e instantâneo justamente por ser decorrente de uma série de processos de uma transição gradual; Ausência de sinal patognomônico; Critérios atuais para diagnóstico da morte: Flacidez; Perda de consciência; Cessação da respiração; Desaparecimento da motricidade e tônus muscular; Parada do coração; Perda da ação reflexa ao estímulo; Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 5 Morte encefálica: compromete irreversivelmente a vida de relação é a coordenação da vida vegetativa; Coma// apneia; Ausência de reflexos de tronco encefálico; ALTERAÇÕES POST MORTEM: O que ocorre com o corpo após a morte? “A morte não é um instante, um momento, mas um verdadeiro processo e quem há um progressivo desmantelamento do organismo...” O que ocorre após a morte somática? Conceito: alterações em um cadáver é que não tem ocorrido no indivíduo vivo; Qual a importância do post mortem? Diferenciar as lesões produzidas em vida, assim evitando falso diagnóstico; Possibilitar a estimativa da hora da morte (cronotanatognose); Como avaliar a morte somática? Tanatologia: estudo da morte, causas fenômenos; Cronotanatognose: conhecimento do tempo da morte; TIPOS DE POST MORTEM: 1. ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS ABIÓTICAS: Não tem envolvimento de microrganismos; Não modificam o cadáver no seu aspecto geral; Divididas em imediatas e mediatas/consecutivas; a) Imediatas: (morte somática ou clínica) Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 6 O indivíduo está morto, mas suas células ainda estão vivas. Um animal que acabou de morrer, ainda é possível ver contração muscular e batimento cardíaco, isso se dá por conta das células que ainda estão vivas. Insensibilidade: abolição das sensações táteis, térmicas e dolorosas; Imobilidade: abolição do tônus muscular, isso faz com que a bexiga, o ânus e o reto se esvaziem, de modo que o animal defeque e urine; Parada das funções cardiorrespiratória: animal morto, o coração não funciona; Inconsciência: cessação da atividade cerebral; Arreflexia (ausência de reflexos): abertura das pálpebras e boca, relaxamento do esfíncter anal e vesical; Fenômenos oculares: dilatação pupilar (midríase), opacidade cristalino, abertura das pálpebras; b) Mediatas/consecutivas:Desidratação cadavérica: após o animal morrer, ocorre alterações imediatas e em seguida ocorre perda passiva de líquidos corpóreos, também denominado de evaporação cadavérica. A desidratação cadavérica, depende fundamentalmente de fatores ambientais, tais como: temperatura do ambiente e umidade relativa do ar. A desidratação, é mais bem observada nos globos oculares e na perda de elasticidade da pele, bem como, decréscimo do peso, ressecamento das mucosas, perda de tensão do globo ocular, retração do globo ocular (humor aquoso) e turvação da córnea; Frialdade cadavérica (Algor mortis): é o resfriamento cadavérico decorrente da cessação da atividade metabólica e do esgotamento gradual das fontes energéticas, ocorre isso porque o corpo tende a estabelecer um equilíbrio térmico com o meio ambiente. O mecanismo de formação da frialdade, ocorre quando têm parada das funções vitais, dissipação do calor por evaporação e em seguida resfriamento gradual, nota-se que o animal tende a resfriar primeiro Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 7 nas extremidades, mesmo que não ocorra de modo uniforme. No entanto, a frialdade aparece de 3 a 4 horas após a morte, nisso as primeiras três horas depois da morte a queda da temperatura é de 0,5°C, já da quarta hora em diante o decréscimo é de 1,0ºC até o equilíbrio térmico, isso depende da espécie do animal, estado de nutrição e temperatura do ambiente. Hipóstase cadavérica (Livor mortis): é a acomodação gradual do sangue para o lado de decúbito do cadáver, caracteriza-se também pela extrema palidez do cadáver e pelo aparecimento de manchas inicialmente rósea e posteriormente de tonalidade roxa nas partes em contato com superfícies. O mecanismo de formação, se dá pela parada da circulação, porque o coração não funciona mais, visto que o animal está morto, o sangue não coagula, logo este fica no corpo pela ação da gravidade, assim o sangue vai para as partes baixas do cadáver causando manchas hipostáticas no animal. No entanto, a intensidade da mancha a varia com base na fluidez do sangue, isso é dificultado pela pigmentação da pele e pelo pelame do animal. A hipóstase aparece no tempo de 2 a 4 horas após a morte e fixam-se por volta das 12 horas (mais evidente), as manchas permanecem mesmo que o cadáver seja trocado de decúbito. Hipóstase X Hemorragia (equimoses): Ainda na hipóstase cadavérica, tem que diferenciar hipóstase das hemorragias cutâneas (equimose), na hipóstase o sangue não está coagulado ainda, não tem infiltração hemorrágica, o sangue não extravasa, por sem intravascular a gravidade “puxa” o sangue para baixo. Já na hemorragia o sangue extravasa no vaso, ou seja, quando corta o tecido, tem como ver que o sangue manchou aquele tecido (extra vascular), tem presença de coágulo e Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 8 infiltração hemorrágica em qualquer parte do corpo. A hemorragia ocorre antes da morte e a hipóstase ocorre depois da morte. Na hipóstase cadavérica, ocorre hiperemia passiva ou congestão local, isto é, quando há obstrução ou compressão vascular e torção de vísceras, também ocorre hiperemia passiva ou congestão sistêmica, quando o indivíduo tem insuficiência cardíaca congestiva. Como diferencia uma hipóstase de uma hiperemia passiva ou congestão sistêmica? Tem que observar se tem distúrbios da circulação, por exemplo um animal morto não tem como gerar edema, mas se ele tem algum distúrbio da circulação, foi porque ocorreu quando ele estava em vida. Distúrbios da circulação não podem ocorrer quando o animal está morto, porque o coração já parou de funcionar. Rigidez cadavérica (Rigor mortis): Dividido em três fases: - Fase pré-rigor; - Fase rigor; - Fase pós-rigor; Fase pré-rigor: Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 9 Ocorre enrijecimento muscular por um determinado tempo, o animal passa por três fases, sendo: a fase pré-rigor, a fase do rigor e a fase pró-rigor. Dentro do músculo, possui fibras musculares (miofibrila), as miofibrilas são cadeias de sarcomêro, dentro do sarcomêro tem filamentos finos actina (troponina e tropomiosina) e filamentos grossos (miosina) que promovem a contração -encurtamento- e relaxamento do músculo. O filamento de actina, além de ser fino, este se divide em três proteínas: actina, troponina e tropomiosina, possui um sitio fixador para a miosina e durante o repouso fica coberto pela tropomiosina. Já o filamento de miosina é grosso, faz hidrolise de ATP e possui um sitio fixador da actina. Antes que ocorra a contração, é necessário a fixação de ATP, ou seja, em estado de repouso (musculatura relaxada), a miosina não consegue se ligar a actina, quando separadas, a tropomiosina cobre o espaço onde a actina iria se ligar. O que acontece na contração muscular, nada mais é que o estimulo neuronal, cujo o neurônio libera o neurotransmissor acetilcolina do receptor nicotínico, então quando a actina se liga neste receptor, essa ativa uma serie de mensageiros secundários e induz a abertura dos canais de cálcio, só que dentro das miofibrilas temos mitocôndrias e retículo endoplasmático que “sequestram” o cálcio, logo quando ocorre o estímulo neuronal o cálcio percorre o meio extracelular para o intracelular, tais organelas também liberam cálcio, assim aumentando demais a concentração de cálcio nos filamentos, em seguida esse cálcio se liga à troponina especificamente em sua estrutura “C” - troponina C- (troponina C recebe esse nome por conta do cálcio), quando ocorre essa ligação, forma a enzima denominada de miosina ATPase, esse processo ocorre na cabeça da miosina e “pega” o ATP que está junto com o magnésio e quebra o ATP em ADP+Pi, gerando energia, isso com a cabeça da actina exposta, porque a troponina “pega” a tropomiosina e faz a sua ligação, ao mesmo tempo o cálcio ajuda a ativar essa enzima que quebra o ATP em Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 10 ADP+Pi. Enquanto o músculo está relaxado, existe o complexo ATP+Mg que mantém ele relaxado, ou seja, com o músculo relaxado, é necessário ter ATP, isto é, o ATP na cabeça da miosina junto com magnésio -relaxado-, agora para o músculo contrair é preciso ocorrer o ATP tem que ser quebrado. Quando libera ATP+Pi + troponina por ação do cálcio que foi liberado na cabeça da actina = a miosina pode se ligar a actina, por conta do encurtamento, a quebra de ATP gera energia. No encurtamento, ocorre a contração. Ademais, para voltar ao repouso (relaxamento), o estímulo neuronal vai parar, assim os canais de cálcio irão se fechar e o cálcio será novamente “sequestrado”, porém para dentro das organelas, de modo que o cálcio não ative mais a enzima ATPase (enzima) que faz quebra de ATP). Sem cálcio a troponina não é ativada e a tropomiosina pode voltar a recobrir a cabeça da actina, nesse mesmo momento na parte da miosina o ADP estão se juntando com o Pi (ADP+Pi) para formar um novo ATP juntamente com o magnésio não deixando sua cabeça livre e voltando ao relaxamento (quando o animal morre, ainda tem relaxamento, por isso ainda há ATP). Fase rigor: Período após a constatação da morte clínica em que ainda há tecidos e órgãos vivos. Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 11 O animal morto, este fica com ausência de circulação e ausência de oxigênio então passa a produzir ATP de forma anaeróbica, mesmo que seja de forma anaeróbica o organismo ainda assim consegue produzir esse oxigênio, mas em um curto período de tempo, porém a produção de oxigênio forma ácido lático, assim aumentando ácido lático e diminuindo o ph, quando diminui o ph, aumenta o número de enzimas, nisso tem se então a depleção de glicogênio e autointoxicação muscular, chega um ponto que o ATP cai demais, isso faz com que tenha falha nas bombas de cálcio e sem ATP a miosinase liga fortemente na actina assim gerando rigor mortis (o animal fica rígido). Os músculos involuntários têm baixa reserva de glicogênio e por isso entram em rigor mais rápido, por exemplo, miocárdio é o primeiro a entrar em Rigor Mortis. Animais que morrem de exaustão e fadiga muscular intensa antes da morte entra em Rigor quase que momentaneamente, devido à baixa de glicogênio. Fase pós rigor: É onde ocorre o começo das reações transformativas. As próprias enzimas das células e tecidos que estão mortos são liberadas e a enzima as digere, as miofibrilas começam a se desfazer (autólise e heterólise), então a actina e a miosina perdem sua ligação, porque são digeridas, assim o animal entra no pós rigor. A rigidez cadavérica aparece de 2 a 4 horas após a morte (período em que o animal consegue manter a produção de ATP), essa variação depende da causa mortis e do estado nutricional do animal. O rigor mortis dura de 12 a 24 horas O rigor mortis se manifesta de forma ordenada, porque começa nos músculos involuntários e passa para os músculos voluntários, em geral começa no coração > músculo perioculares > músculos mastigatórios > músculos pescoço > músculos dos membros anteriores > músculos dos membros torácicos e abdominais > músculos dos membros posteriores. O rigor mortis se instala de cranial para caudal. Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 12 Flacidez cadavérica: rigor mortis, aparece progressivamente na mesma ordem. O coração e o intestino têm uma peculiaridade no Rigor mortis. O coração para na diástole (relaxamento). O coração entra em rigor e expulsa o sangue das cavidades, porque músculos involuntários tem pouca reserva de glicogênio, por isso entra em rigor primeiro. Na necropsia, no coração é possível encontrar coágulos, sendo mais comum no ventrículo direito, por conta da espessura da parede do vaso, visto que expulsa mais sangue no lado esquerdo. Em geral coágulos do lado esquerdo, pode ser uma insuficiência cardíaca, se o miocárdio está insuficiente ele está alterado, de modo que não expulse o sangue corretamente, um dos sinais de insuficiência cardíaca é congestão pulmonar ou de órgãos, edema pulmonar e lesões seja degenerativa, necrótica e/ou inflamatória. O intestino tem resposta involuntária, por conta do Rigor mortis pode ser que uma alça intestinal entre na outra (intussuscepção), pode ser que ocorra isso em vida também. #OBS: um animal de 2kg e um de 10kg, o de 2kg entra em rigor primeiro, porque não tem reserva energética, quanto maior a reserva energética, maior será o tempo de ligação da actina na miosina. Coagulação sanguínea: os fatores de coagulação predominam sobre os anticoagulantes, em consequência ocorre a coagulação. Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 13 A fisiopatogenia se forma quando o animal morre, esse animal terá deficiência de oxigênio e glicose, assim as células que mantinham plaquetas, leucócitos e células endoteliais do vaso começam a entrar em um processo de degradação (hipóxia) e liberam tromboplastina que desencadeará a formação de coágulos. Além disso perde o controle de cálcio, tromboplastina + cálcio + protrombina + vitamina K = trombina e trombina + cálcio = fibrina, assim forma- se o coágulo. Na coagulação sanguínea, pode ser que ocorra coagulação incompleta, o animal morto não sangra, mas pode ser que este sangue esteja mal coagulado, logo entra os distúrbios da coagulação: Infecções sistêmicas: (carbúnculo sintomático – Clostridium chavoei); Intoxicação (varfarina). Um animal intoxicado por varfarina, essa ocupa o lugar da vitamina K, isso forma trombina, porém é necessário ocupar o espaço com mais vitamina K. A varfarina ou warfarina é um fármaco do grupo dos anticoagulantes, que é usado na prevenção das tromboses. Asfixia (baixa de O2); Sangue hidrêmico: excesso de água no sangue; Trombocitopenias; TIPOS DE COÁGULO: a) Coágulo Cruórico (vermelho): Predominam as hemácias; Liso, elástico, brilhante, não aderentes as paredes cardiovasculares, avermelhado e escuro; b) Coágulo Lardáceo (amarelo): Predominam os leucócitos; Liso, densos, não aderentes as paredes cardiovasculares de coloração amarela (perda de hemácias); Em geral se vê em animais que morreram de anemia grave/ morte orgânica prolongada (indício macroscópico); Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 14 Nos equinos tem coágulo lardáceo, mas não têm sinal clínico, logo não pode se dizer que o animal morreu de anemia; Também chamados de coágulos “gordura de galinha” (Chicken fat); c) Coágulo misto: junção dos dois Pode ser que o animal tenha tido um caso de anemia mais brando; #OBS: A coagulação sanguínea aparece em torno de 2 horas após a morte, e tem duração de 6 a 8 horas (hemólise- embebição pela hemoglobina) - coágulo de desfaz e libera hemoglobina. COÁGULO X TROMBO: 2. ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS TRANSFORMATIVAS: Possui agentes (bactérias) que dificultam o processo; Possui enzimas; Embebição pela hemoglobina; Que modificam o cadáver no seu aspecto geral, inclusive dificultando o trabalho de análise dos achados; Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 15 Embebição pela bile; Pseudomelanose; Timpanismo pós morte; Deslocamento, torção ou ruptura de vísceras; Prolapso retal cadavérico; Enfisema cadavérico tecidual; As alterações cadavéricas transformativas se dividem em destrutivas (autólise e putrefação) e conservadores (mumificação e saponificação). A) AUTÓLISE: Só ocorre no animal morto; Desorganização progressiva até a desintegração completa; É a autodestruição celular por enzimas proteolíticas produzidas pelo próprio tecido em decorrência da falta de nutrientes e O2; Quando tem anóxia tecidual, ocorre desordem bioquímicas e diminuição do ph intra e extracelular, de modo que rompa as membranas celulares, assim liberando as enzimas autolíticas, fazendo com que desintegre as células e os tecidos, por conta dessa destruição o músculo irá enfraquecer. Primeiras células susceptíveis a autólise: Células nervosas e da medula adrenal (alto índice metabólico que resulta na maior demanda de nutrientes e O2; Células do trato intestinal e epitelial especializado de algumas vísceras (fígado, rins e pâncreas); #OBS: quanto mais diferenciado e especializado um tecido, mais rapidamente nele se instalará o processo de autólise. A autólise + perda das defesas orgânicas = significa que houve invasão do corpo por bactérias do trato digestivo e externas ao corpo, esse processo Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 16 transforma o corpo do animal, em seguida ele dá origem a alterações cadavéricas transformativas. Embebição pela hemoglobina: se forma pelo mecanismo de hemólise intravascular, onde ocorre a liberação da hemoglobina que se difunde para os tecidos. As enzimas celulares e bacterianas liberam o coágulo que faz digestão e liquefação, que promovem a coloração vermelha (manchas avermelhadas). Muito observada no peritônio, pleura e mesentério, não visível em tecidos mais escuros (essa aparece em torno de 8 horas ou mais, após a coagulação). Embebição pela bile: com a autólise a vesícula biliar, não retém líquidos biliares, assim ocorrendo a difusão de pigmentos biliares que vão para os tecidos (fígado e tecidos vizinhos) dando a coloração amarelo-esverdeada, o aparecimento após a morte é variável. Menos frequente em algumas espécies, bem diferente de icterícia. B) HETERÓLISE OU PUTREFAÇÃO: Quando tem ação de enzimas proteolíticas de microrganismos saprófitas, geralmente oriundos do próprio trato intestinal do animal; Odor característicos: o líquido da putrefação parece sangue, mas não é, é gás sulfídrico produzido pelas próprias bactérias; Bactérias anaeróbias; Começa a ter destruição do corpo das próprias células + as bactérias que invadem; Pseudomelanose: são as manchas da putrefação, são manchas cinza esverdeadas, irregulares na pele da região abdominal e órgãos vizinhos aos intestinos -tem tudo a ver com a embebição pela bile-. O mecanismo de formação, se dá pelo ácido sulfídrico que reage com ferro através da catabolização da hemoglobina, formando sulfureto de ferro (sulfametahemoglobina). CONCEITOS: Melanina: pigmento que dá o tom escuro a pele. Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 17 Melanose: localização estoica da melanina. Melanoma: neoplasia originava de melanoblasto e melanócitos. Timpanismo pós mortem: ocorre distensão do estômago, intestino e abdômen por gases formados, aparece em 24 horas após a morte. O mecanismo de formação se dá pela fermentação contínua das bactérias do tubo digestivo, que gera grande produção de gás, fazendo com que tenha distensão das vísceras e aumento da pressão intra-abdominal. O timpanismo é mais comum em ruminantes, mas também pode ser visto em cães. Timpanismo ante mortem X timpanismo pós mortem... Pós-mortem: ausência de alterações circulatórias nas paredes do tubo gastrointestinal. Ante-mortem: hiperemia e hemorragia na parede gastrointestinal associada a congestão de órgãos abdominais. Quando um órgão se distende demais, acaba congestionando aquele local, na ante mortem ocorre distúrbios da circulação. Descolamento, torção ou ruptura de vísceras: é a modificação na posição das vísceras por conta da produção de gás, não tem alteração circulatória, ocorre 24 horas após a morte e o mecanismo de formação é o mesmo do timpanismo. É importante saber diferenciar as torções e ruptura da ante mortem da pós mortem. Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 18 Pseudo-prolapso retal/ prolapso retal cadavérico: pode ocorrer em cães e gatos, mas é mais comum em herbívoros. Ocorre exteriorização da ampola retal por consequências da grande produção de gás, aparece 24 horas após a morte. Pode aparecer prolapso retal em vida, isto é, quando tem distúrbios da circulação. Enfisema cadavérico: ocorre devido ao acúmulo de gases nos órgãos, creptação do tecido subcutâneo, muscular e tecido parenquimatosos (fígado). O mecanismo de formação, se forma pela proliferação de bactérias putrefativas que geram a decomposição de tecidos e a criação de muitas bolhas de gás H2S. Maceração da mucosa digestiva: ocorre fragmentação tecidual e desprendimento das mucosas do tubo digestivo, principalmente nos pré- estômagos (ruminantes). Tem ação das enzimas proteolíticas geradas pela proliferação bacteriana que agem nas mucosas e tornam essas friáveis. Fases evolutivas das alterações pós mortem: Coloração: começa com manchas esverdeadas na parede abdominal, por conta da presença da sulfametahemoglobina, coincide com o timpanismo pós mortem e o enfisema cadavérico (o animal fica esverdeado e inchado), aparece em torno de 8 a 24 horas. Gasosa: inicia-se a partir do intestino, ocorre fermentação e abaulamento do cadáver, possui odor característico por conta do gás sulfídrico, aparece em 24 horas; Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 19 Liquefativa: é a desintegração de tecidos moles e dissolução pútrida, as partes moles são reduzidas ao estado amorfo (massa disforme), com odores bem intensos, muito difícil determinar a sua identificação, aparece com 7 dias. Esqueletização: perda completa das partes moles, só resta o esqueleto, o tempo é de 3-4 semanas/anos. Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 20 FATORES QUE INTERFEREM NAS ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS: a) Temperatura ambiente: Mais atuante para acelerar ou desacelerar as alterações cadavéricas; Quanto mais alta a temperatura, maior a velocidade de instalação das alterações cadavéricas (acelera o crescimento bacteriano); Temperatura baixa inibe a ação de enzimas proteolíticas e o crescimento bacteriano (alterações ocorrem em ritmo lento); b) Tamanho do animal: Quanto maior o tamanho do animal, mais difícil para ser resfriado e maior a velocidade de instalação; c) Grau de umidade: Relação direta com a putrefação; Quanto maior a umidade mais rápida a instalação de fenômenos putrefativos; d) Estado de nutrição do animal: Animal em bom estado de nutrição tem mais glicogênio, assim tem mais tempo para chegar ao rigor mortis; Atrasa o rigor e resfriamento; Animais mais magros, com pouca reserva entram em rigor primeiro; e) Cobertura externa (penas, plumas, gordura e lã): Dificultam o resfriamento cadavérico: Funcionam como isolantes térmicos (diminuem a dissipação do calor) e aceleram a aceleram as alterações post mortem; Todas as atividades que aumentam a temperatura e atividade metabólica aceleram o aparecimento de alterações cadavéricas; #OBS: animais de grande porte e obesos muitas vezes demoram mais para resfriar. As tartarugas também demoram a resfriar devido ao casco, neste caso é necessário, encaminhar para o mais rápido possível para o exame de Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 21 necropsia. Já as aves, possuem temperatura corpórea muito elevada (entram em autólise mais rápida) e indica-se o resfriamento da ave após o óbito; f) Causa da morte: Maior atividade metabólica, maior a temperatura antes da morte; Septicemia (hipertermia) e convulsões; Infecção por Clostridium (tétano) - acelera a rigidez -; Quanto maior o rigor, maior será a aceleração da decomposição, de modo que altere todas as reações metabólicas; 3. ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS TRANSFORMATIVAS CONSERVADORES: Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 22 a) Mumificação: Em sua ocorrência natural: são necessárias condições especiais que garantam a desidratação rápida, de modo a impedir a ação microbiana, responsável pela putrefação. Nesse sentido, o cadáver exposto ao ar (regiões quentes e secas) perde a água rapidamente, assim sofrendo dessecamento e quanto mais desnutrido e desidratado estiver o animal antes da morte, mais rapidamente esse processo irá se instalar; Suas características em geral são que a pele fica dura seca e enrugada, com coloração enegrecida, porém com dentes e anexos cutâneos bem conservados; Redução de peso; b) Saponificação: Ocorre a formação de adipocera (massa branca, mole, quebradiça, de tonalidade amarelo-escura, com aparência de cera ou sabão). Possui fatores externos (extrínsecos) e internos (intrínsecos). Os externos os cadáveres são colocados em uma só cova e cobertos com cal, tem um local úmido e com presença de água e também quando o indivíduo morre em solo argiloso. Já o interno ocorre em casos de obesidade c) Congelação: Cadáveres submetidos a baixíssimas temperaturas por tempo prolongado; -40º C conserva integralmente o corpo; d) Fossilização: Mantem a forma do cadáver, mas não conserva qualquer componente de sua estrutura orgânica; Resumo elaborado por Júlia Madureira// @surtavet 23
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