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Unidade I Parte I FORMAÇÃO GERAL ÉTICA Profa. Ana Lúcia Machado da Silva Moral e ética: definição 1 Habitualmente, são termos empregados como sinônimos. Ética e moral: conjunto de regras de conduta consideradas como obrigatórias. Essa sinonímia deve-se à origem dos termos: moral latim ética grego Duas culturas nomeavam o campo da reflexão sobre os costumes: validade e legitimidade. Moral e ética Hoje: Palavra ética: carrega conotação positiva. Palavra moral: carrega sentido negativo, pejorativo, envergonhado. Ética: referência à atitude nobre. Moral: torna-se hoje palavra pobre. Independente se moral e ética são encaradas como sinônimas ou diferentes: o conceito é convenção. Palavras: moral e ética Vocábulo “ética”: sucesso hoje. Palavra moral: fracasso hoje. Lembra “moralismo”, “moralista”. Lembra normatização incessante, dogmática, de abrangência excessiva, de legitimidade suspeita. Palavra moralista: na sua origem não tem sentido pejorativo (negativo); na origem: pessoa preocupada com questões morais. Moral Exemplo: Albert Camus, escritor francês, era considerado um moralista, pois suas obras literárias apresentam temas morais: Em “O estrangeiro”: tema é o julgamento de alguém que cometeu assassinato. Em “A queda”: tema é a reflexão de alguém que se surpreendeu com a própria covardia. Nas obras não há dogmatismo; há interpretação (logo, julgamento) de ações humanas. Moral: sentido pejorativo Esse sentido deve-se à onda libertária dos anos 1960, durante a qual o lema era “proibido proibir” (lema de maio de 1968, na França). No Brasil, a linha pedagógica do governo militar levou o nome de Educação Moral e Cívica. Então, hoje, fala-se em ética e não em moral. Moral e ética: definição 2 Outra convenção mais adotada para distinguir moral da ética: Moral: fenômeno social. Ética: reflexão filosófica ou científica sobre fenômeno social (moral). Fenômeno social: as comunidades humanas são regidas por conjunto de regras de conduta, por proibições de vários tipos, cuja transgressão acarreta sanções socialmente organizadas. Moral e ética Outra diferença entre moral e ética é: Moral: regras que valem para as relações privadas: comportamentos que devem ter um bom pai ou uma boa mãe, por exemplo. Ética: regras que regem o espaço público. Há referências, por exemplo, a “códigos de ética” de variadas profissões, “ética na política”, “comitês de ética para a pesquisa em seres humanos” etc. Moral e ética: definição 3 Definição: sem abstração, sem fronteira entre privado e público, sem relação com “vergonha” de falar em moral. Moral: corresponde à pergunta “como devo agir?”. Ética: cabe responder “que vida eu quero viver?”. Moral: relaciona-se, então, aos deveres. Ética: relaciona-se, então, aos objetivos e à qualidade de vida. INTERVALO Exemplo (Enade 2004 – com adaptações). Analise a charge a seguir. Exemplo A charge de Millôr aponta para: a) A fragilidade dos princípios morais. b) A defesa das convicções políticas. c) A persuasão como estratégia de convencimento. d) O predomínio do econômico sobre o ético. e) O desrespeito às relações profissionais. Correta: a) Exemplo “A fragilidade dos princípios morais.” A charge, de forma irônica, critica a ética contemporânea nas relações humanas. Um dos personagens, ao dizer que pode abrir mão de suas convicções morais em benefício do outro, nega seus valores morais. A atitude do personagem não demonstra convicção política. Sua fala explicita a postura de um sujeito frágil em seus princípios morais. Plano moral Existirá algum grupo humano sem a imposição de deveres? Certamente, não. Plano moral: sentimento de obrigatoriedade já existe e é inerente ao ser humano. Conforme o dever: o ser humano age, não por dever, mas em razão de interesses, por medo do castigo ou esperança de recompensa. Plano moral Dever: relaciona-se, muitas vezes, às exigências sociais. Não matar e não roubar: regras dadas pelo Poder Judiciário; se não cumpridas, acarretam cadeia ou multa. Outros deveres não são jurídicos, mas sociais: não trapacear no jogo, cumprir promessa; se não cumpridos, acarretam a exclusão da pessoa do convívio ou demissão por justa causa etc. Dever Há casos em que a pessoa impõe a si mesma deveres morais, que não são exigidos pela sociedade. Por exemplo, gastar seu tempo em obras assistenciais. Há casos em que a pessoa age ao contrário daquilo admitido como moralmente justificado. Por exemplo, o escritor francês Vercors, durante a ocupação alemã da França, foi obrigado a receber em sua casa um oficial alemão. Mesmo devendo demonstrar desprezo, o autor não suportava a ideia de humilhar alguém e não humilhou o oficial. INTERVALO Plano ético Ética abrange a questão “que vida eu quero viver” e envolve: dinheiro, amor, glória, família, paz, lazer, religião etc. Essa questão tem sido objeto de livros de autoajuda e de muitos estudos sobre virtudes. Neste início do século XXI, encontrar respostas para levar uma vida boa parece corresponder a uma urgência existencial. Plano ético Em situação em que uma pessoa “tem tudo para se sentir feliz” (beleza, fama, sucesso, saúde), mas pode se sentir desanimada, triste, depressiva. Plano ético é, então, ocupado por avaliações pessoais a respeito de estar vivendo ou não uma vida boa. Moral e ética Ética: deve traduzir um projeto de felicidade no qual o outro tem lugar. Toda ética contém uma moral, pois cabe justamente à moral regrar a vida em sociedade. Moral não diz o que é ser feliz nem como sê-lo, mas sim quais deveres a serem obedecidos para que a felicidade individual tenha legitimidade social. 3 virtudes morais 1. Justiça. 2. Generosidade. 3. Honra. 1. Justiça: virtude moral necessária para toda ética, sem a qual a vida em sociedade é impossível. Princípios: Igualdade: todo ser humano tem o mesmo valor. Equidade: o ser humano apresenta diferença, que deve ser levada em conta. 3 virtudes morais 2. Generosidade: consiste em dar ao outro o que falta; é a virtude altruísta por excelência. 3. Honra: o autorrespeito é, na verdade, a própria honra, o valor moral que a pessoa tem aos próprios olhos e a exigência feita a outrem para que esse valor seja reconhecido e respeitado. Honra não é aqui: honrarias, reputação, da moral sexual, ações em nome da honra. Honra aqui é honra-interior; a pessoa age em nome de um ideal moral. Princípio ético-universal Não são regras morais concretas. São princípios universais de justiça, reciprocidade e igualdade de direitos humanos. Princípio de respeito pela dignidade dos seres humanos como indivíduos. Ética e política Ética da conduta política é idêntica a de qualquer outra? Ou seja, há uma especificidade da ética na política? Não há ética específica para política. Existe o princípio ou a ética da responsabilidade. Ética da responsabilidade Valoriza, sobretudo, as consequências da ação e a relação entre meios e fins. Preocupa-se com a prática e adapta-se à tomada de decisões no mundo político. INTERVALO Exemplo (Enade 2010 – com adaptações). Analise a charge abaixo. Exemplo A charge representa um grupo de cidadãos pensando e agindo de modo diferenciado, frente a uma decisão cujo caminho exige um percurso ético. Considerando a imagem e as ideias que ela transmite, avalie as afirmativas a seguir. I. A ética não se impõe imperativamente nem universalmente a cada cidadão; cada um terá de escolher por si mesmo os seus valores e as suas ideias, isto é, praticar a autoética. Exemplo II. A ética política supõe o sujeitoresponsável por suas ações e pelo seu modo de agir na sociedade. III. A ética pode se reduzir ao político, do mesmo modo que o político pode se reduzir à ética, em um processo a serviço do sujeito responsável. Exemplo IV.A ética prescinde de condições históricas e sociais, pois é no homem que se situa a decisão ética, quando ele escolhe os seus valores e as suas finalidades. V. A ética se dá de fora para dentro, como compreensão do mundo, na perspectiva do fortalecimento dos valores pessoais. Exemplo É correto apenas o que se afirma em: a) I e II b) I e V c) II e IV d) III e IV e) III e V Correta: a) I e II Corretas Afirmativas corretas: I. A ética não se impõe imperativamente nem universalmente a cada cidadão; cada um terá de escolher por si mesmo os seus valores e as suas ideias, isto é, praticar a autoética. II. A ética política supõe o sujeito responsável por suas ações e pelo seu modo de agir na sociedade. Discussão A figura mostra uma pessoa com um ponto de interrogação acima da cabeça (uma pessoa em dúvida). Esse indivíduo tem de decidir, “sozinho”, se atravessa ou não a “ponte da ética”. Discussão A maioria dos indivíduos mostrados na figura “opta pelo abismo”. Apenas um “atravessou a ponte”. No enunciado é dito que há “um grupo de cidadãos pensando e agindo de modo diferenciado, frente a uma decisão cujo caminho exige um percurso ético”. Conclusão Cada indivíduo deve “escolher por si próprio os seus valores e as suas ideias: praticar a autoética”, ou seja, “a ética não se impõe imperativamente nem universalmente a cada cidadão”. A ética política supõe o sujeito responsável por suas ações e pelo seu modo de agir na sociedade. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade I Parte II FORMAÇÃO GERAL- LÓGICA Prof. Ana Lúcia Machado da Silva Lógica Etimologicamente, lógica vem do grego “logos” (palavra, expressão, conceito, discurso, razão) Lógica é uma disciplina propedêutica, instrumento que permite a rigorosidade na filosofia e na ciência Lógica: dá as regras do pensamento correto Exemplo Veja há se uma ordem na seguinte classificação encontrada por Borges em uma enciclopédia chinesa: “Os animais se dividem em: a) pertencentes ao imperador, b) embalsamados, c) domesticados, d) leitões, e) sereias, f) fabulosos, g) cães em liberdade, h) incluídos na presente classificação, i) que se agitam como loucos, j) inumeráveis, k) desenhados com um pincel muito fino de pêlo de camelo l) etc, m) que acabam de quebrar a bilha, n) que de longe parecem moscas. Exemplo No exemplo, encontramos: Mistura de assuntos Falta ordem na classificação Falta critério único Leva-nos a querer aproximar e distinguir os animais pelas suas semelhanças e diferenças, buscando uma coerência de princípio Ao tentar compreender a realidade, procuramos forma correta para pensá-la Definição de lógica Aristóteles (grego, séc. IV a.C.): é ciência da demonstração Maritain (francês, séc. XX): a arte que nos faz proceder com ordem, fácil e sem erro, no ato próprio da razão Aranha e Martins (brasileiras, séc. XX): é a ciência da consequência e da verdade da argumentação; é a ciência das leis ideais do pensamento e a arte de aplicá- las corretamente na procura e demonstração da verdade Vocabulário básico Particular: refere-se a alguns indivíduos de uma espécie; supõe um todo do qual se considera só uma parte. Ex: alguns homens, várias pessoas, muitos cães Geral: refere-se à totalidade de indivíduos de uma espécie. Ex: homem, pessoa, cão referem-se a todos os homens, a todas as pessoas, a todos os cães Vocabulário básico Subjetivo: conhecimento que depende do ponto de vista pessoal, individual, e não é fundado no objeto, mas condicionado somente por sentimentos ou afirmações arbitrárias do sujeito Objetivo: conhecimento fundado na observação imparcial, independente das preferências individuais. Pode ser comprovado. Vocabulário básico Imagem: representação mental, de natureza sensível (envolve nossos sentidos), e, de certa forma, concreta e particular Conceito: representação intelectual de um objeto e, portanto, imaterial, abstrata e geral. Trata-se de apreender as características essenciais do objeto Abstração: abstrair significa isolar, separar de. Isolamos, separamos, um elemento, considerando apenas os aspectos comuns dos objetos. INTERVALO Lógica Ajuda-nos a diferenciar os raciocínios válidos dos raciocínios não válidos e a tomar decisões segundo critérios que envolvem ―pensar sobre o problema a lógica nos auxilia a tomar como ponto de partida os conhecimentos aceitos como verdadeiros e, então, formular leis gerais, fazer encadeamentos de ideias e concluir sobre ―novas verdades (argumentação). Exemplo 1 exemplo: supomos que todas as lanchonetes do Brasil vendessem refrigerantes. A partir dessa frase, poderíamos concluir que, no Brasil, todos os refrigerantes são vendidos apenas em lanchonetes? Não, esse raciocínio não é válido, pois dizer que todas as lanchonetes do Brasil vendem refrigerantes não é a mesma coisa que dizer que todos os refrigerantes do Brasil são vendidos em lanchonetes. Exemplo 2 (Enade 2009). A urbanização no Brasil registrou marco histórico na década de 1970, quando o número de pessoas que viviam nas cidades ultrapassou o número daquelas que viviam no campo. No início deste século, em 2000, segundo dados do IBGE, mais de 80% da população brasileira já era urbana. Considerando essas informações, estabeleça a relação entre as charges: Exemplo 2 Porque Exemplo 2 Com base nas informações dadas e na relação proposta entre essas charges, é correto afirmar que a) a primeira charge é falsa e a segunda é verdadeira. b) a primeira charge é verdadeira e a segunda é falsa. c) as duas charges são falsas. d) as duas charges são verdadeiras e a segunda explica a primeira. e) as duas charges são verdadeiras, mas a segunda não explica a primeira. Análise do exemplo 2 O texto inicial diz que ―a urbanização no Brasil registrou marco histórico na década de 1970, quando o número de pessoas que viviam nas cidades ultrapassou o número daquelas que viviam no campo. No início deste século, em 2000, segundo dados do IBGE, mais de 80% da população brasileira já era urbana. Ou seja, houve uma inversão do percentual de pessoas que viviam no campo e na cidade: ―antes, a maioria da população do Brasil vivia no campo; ―hoje, a maioria da população do Brasil vive na cidade. Análise do exemplo 2 hoje temos ―enxadas paradas (ou seja, pouca gente no campo) e ―inchadas paradas (ou seja, muita gente na cidade). Pela leitura do texto inicial e pela lógica, concluímos que as duas charges são verdadeiras! Agora, vamos analisar a palavra PORQUE, que ―liga as duas charges. Essa palavra indica que a segunda charge seria a causa e a primeira charge seria a sua consequência. Análise do exemplo 2 Usando a lógica, concluímos que esse raciocínio NÃO é correto, pois foi a saída de pessoas do campo (primeira charge - causa) que ocasionou o ―caos urbano (segunda charge - consequência) e não o contrário. Assim podemos concluir, pela nossa análise lógica de ―causa e efeito, que as duas charges são verdadeiras, mas a segunda não explica a primeira, ou seja, resposta (e). De modo geral, podemos pensar no esquema a seguir: CONSEQUÊNCIA (fato resultante de outro) Porque CAUSA (um fato que dá origem a outro) Raciocínio INTERVALO Raciocínio Raciocínio: é um tipo de operação discursiva do pensamento, consistente em encadear logicamente juízos e deles tirar uma conclusão. Ex: Toda baleia é um mamífero. Ora, nenhum mamífero é peixe. Logo,a baleia não é peixe. Proposição Proposição: formada por ideias (ou conceitos ou termos). Ex: baleia, mamífero, peixe Ex: 3 proposições: Toda baleia é um mamífero. Ora, nenhum mamífero é peixe. premissas Logo, a baleia não é peixe. Conclusão Proposição: representação lógica do juízo Princípios da lógica Princípio da identidade: uma proposição verdadeira será sempre verdadeira e uma proposição falsa será sempre falsa. Exemplo: A caneta é caneta. Princípio do não contraditório: uma proposição nunca pode ser verdadeira e falsa simultaneamente. Exemplo: A caneta não é “não caneta”. Princípios da lógica Princípio do terceiro excluído: uma proposição ou será verdadeira ou será falsa, não existindo outra possibilidade. Exemplo: Ou aquilo é caneta ou aquilo não é caneta. Negação de uma proposição Se uma proposição é verdadeira, a sua negação é falsa. Se uma proposição é falsa, a sua negação é verdadeira. Exemplo 1. Proposição: Morangos são frutas. Negação: Morangos não são frutas A proposição do exemplo 1 é verdadeira, consequentemente a sua negação é falsa. Negação de uma proposição Exemplo 2. Proposição: Renata tem cabelos loiros. Negação: Renata não tem cabelos loiros. Se a proposição do exemplo 2 for verdadeira, a sua negação é falsa. Se a proposição do exemplo 2 for falsa, a sua negação é verdadeira. Cuidado: A sentença “Renata tem cabelos castanhos” não é a negação (completa) da sentença “Renata tem cabelos loiros”. Negar que Renata tenha cabelos loiros deve incluir as possibilidades de Renata ter cabelos castanhos, ruivos, pretos... Negação de uma proposição Exemplo 3. Proposição: O número 2,73 é um número inteiro. Negação: O número 2,73 não é um número inteiro. A proposição do exemplo 3 é falsa, consequentemente a sua negação é verdadeira. Exemplo 4. Proposição: O número 273 é um número inteiro. Negação: O número 273 não é um número inteiro. A proposição do exemplo 4 é verdadeira, consequentemente a sua negação é falsa. INTERVALO Conectivos conectivos são palavras que ligam proposições, ou seja, são palavras usadas na formação de outras sentenças. Os principais conectivos são as partículas: e, ou, se, somente se, se... então Conjunção: conectivo E. Exemplo: Cícero estuda de manhã e Márcia trabalha à tarde. Conectivos Disjunção: conectivo ou. Exemplo: O Brasil está situado na América do Sul ou a Itália está situada na Europa. Implicação: condicional se... então. Exemplo: Se São Paulo é um estado do Brasil, então todo paulista é brasileiro. Equivalência: condicional se e somente se. Exemplo: Eva será aprovada se e somente se tirar nota maior do que 6 no exame de Matemática. Proposições compostas (“ligadas” por conectivos) Ex. 1 – Conjunção: conectivo E. Proposição composta: Carolina vestirá roupa branca e irá ao cinema. Se Carolina vestir roupa branca e também for ao cinema, a proposição acima será verdadeira (V). Se Carolina vestir roupa branca e não for ao cinema, a proposição acima será falsa (F). Se Carolina não vestir roupa branca e for ao cinema, a proposição acima será falsa (F). Se Carolina não vestir roupa branca e não for ao cinema, a proposição acima será falsa (F). Proposições compostas (“ligadas” por conectivos) uma sentença formada por duas proposições conectadas pela conjunção “e” é verdadeira se e somente se ambas as proposições forem verdadeiras, conforme esquema que segue proposição p proposição q p “e” q Verdadeira verdadeira verdadeira verdadeira falsa falsa falsa verdadeira falsa falsa falsa falsa Proposições compostas (“ligadas” por conectivos) Ex. 2 – Disjunção: conectivo ou. Proposição composta: Carolina vestirá roupa branca ou irá ao cinema. Se Carolina vestir roupa branca ou for ao cinema, a proposição acima será verdadeira (V). Se Carolina vestir roupa branca, mas não for ao cinema, a proposição acima será verdadeira (V). Se Carolina não vestir roupa branca, mas for ao cinema, a proposição acima será verdadeira (V). Se Carolina não vestir roupa branca e não for ao cinema, a proposição acima será falsa (F). Proposições compostas (“ligadas” por conectivos) uma sentença formada por duas proposições conectadas pela conjunção “ou” é falsa se e somente se ambas as proposições forem falsas, conforme esquema que segue. proposição p proposição q p “e” q falsa falsa falsa verdadeira verdadeira verdadeira verdadeira falsa verdadeira falsa verdadeira verdadeira Lógica Todo brasileiro é corintiano. Qual é a negação total dessa afirmação (ou seja, a mínima condição para que essa afirmação seja falsa)? a) Nenhum brasileiro é corintiano. b) Existe brasileiro que não é corintiano. c) Todo não brasileiro é corintiano. d) Todo não brasileiro não é corintiano. e) Todo brasileiro não é corintiano. Lógica b) Existe brasileiro que não é corintiano. Se pelo menos um brasileiro não for corintiano, a proposição ―Todo brasileiro é corintiano torna-se falsa. Ou seja, se existir brasileiro que não seja corintiano então se nega que ―Todo brasileiro é corintiano. Ou ainda, basta que um único brasileiro não seja corintiano para que ―Todo brasileiro é corintiano seja uma proposição falsa. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade I Parte III FORMAÇÃO GERAL CULTURA E SOCIEDADE DIGITAL Prof. Ana Lúcia Machado da Silva Aspectos da cultura palavra cultura: vem do latim colere, que significa cultivar está de forma estrita ligada ao conceito de civilização sentido de cultivo “do conhecimento, crenças, arte, moral, lei, costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade” (SANTAELLA) a comunicação também faz parte do que se denomina cultura Aspectos da cultura existem seis categorias para a palavra cultura, são elas: descritiva : apresenta caracteres gerais para conseguir definir a cultura Histórica: dá prioridade na tradição que é passada e na hereditariedade das práticas Normativa: enfatiza os valores e regras que são impostas Psicológica: tem como objetivo as questões psicológicas como o aprendizado Estrutural: relaciona-se aos padrões genética : dá ênfase às questões genéticas. Em resumo... Cultura: descrição de toda a organização simbólica de um determinado grupo ou conjunto de grupos, junto com isso à transmissão da organização e conjuntos de valores que foram descritos sem esquecer que apoiado à descrição é agregado à representação que o grupo ou o conjunto de grupo faz de si mesmo e como são suas relações com outros grupos e com o universo natural Em resumo... Cultura: prioriza a referência “aos costumes, às crenças, à língua, às ideias, aos gostos estéticos e ao conhecimento técnico, que dão subsídios à organização do ambiente total humano, quer dizer, a cultura material os utensílios, o habitat e, mais geralmente todo o conjunto tecnológico transmissível, regulando as relações e os comportamentos de um grupo social com o ambiente” (SANTAELLA) Eras culturais 1. a cultura oral, 2. cultural escrita, 3. cultura impressa, 4. a de massas, 5. a cultura da mídias e 6. a cultura digital. Eras culturais mudanças culturais e tecnológicas a partir do século XIX: cultura de massas: explosão dos meios de reprodução técnico-industriais – jornal, fotocinema -, seguida dos meios eletrônicos de difusão – rádio e televisão -, produziu um impacto até hoje atordoante naquela tradicional divisão da cultura em erudita, culta de um lado, ecultura popular de outro. Eras culturais a cultura das mídias: tende a aparecer como um fenômeno dinâmico que possibilita aos sujeitos escolher entre um e outro produto simbólico, X na cultura de massas: o sujeito não tem essa opção, e os produtos massivos são produzidos por poucos e consumidos por uma massa que não tem poder para interferir. INTERVALO Conteúdo da cultura “Até o final do século XIX, não era tão complicado quanto hoje determinar as formas, os códigos e gêneros da cultura. As belas artes (desenho, pintura, gravura, escultura), as artes do espetáculo (música, dança, teatro) e as belas letras (literatura) foram sendo codificadas com certa precisão desde o Renascimento, podendo ser distinguidas com alguma clareza do folclore, das formas populares de cultura. “ Conteúdo da cultura “A partir da revolução industrial, entretanto, esse cenário se complicou. O aparecimento de meios técnicos de produção cultural (fotografia e cinema) e a crise dos sistemas de codificação artísticos efetuado pela arte moderna, na pintura, música, teatro, dança foram dissolvendo os limites bem demarcados entre arte e não arte” (Santaella). Cultura pós-moderna paralelo entre a globalização, a revolução digital e a própria pós-modernidade cultura midiática: é a responsável pela ampliação dos chamados mercados culturais e responsável por colocar em evidência a expansão e criação de novos hábitos no consumo de cultura e através dela é possível entender a dinâmica cultural Cultura pós-moderna desde meados dos anos 90, ocorreu a revolução digital (ou cibercultura ou cultura digital) digitalização e compressão de dados converter informações como texto, vídeo, som ou imagem em apenas uma linguagem (a universal) ligação da informática com as telecomunicações, fato esse que permite acesso e troca de informações com o mundo todo, ou seja, ocorreu um processo de distribuição e difusão da informação de uma maneira muito veloz. Cultura digital ou cibercultura a mistura de áudio, vídeo e dados é justamente o fenômeno da multimídia e dentro dela ocorreu à convergência das quatro principais formas de comunicação: escrita, audiovisual, telecomunicações e a informática. inclui os fenômenos materiais, processos naturais e simulações sensoriais Suporte Antes da digitalização, os suportes eram incompatíveis: papel para o texto, película química para fotografia ou filme, fita magnética para o som ou vídeo. Atualmente, a transmissão da informação digital é independente do meio de transporte (fio de telefone, onda de rádio, satélite de televisão, cabo). Sua qualidade permanece perfeita, diretamente do sinal analógico que se degrada mais facilmente; além disso, sua estocagem é menos onerosa. Relação relação entre a máquina e o usuário: é negociação consegue ser processada por meio de uma linguagem nova, estritamente um apanhado de sistemas interativos com uma configuração por meio de uma combinação a-linear interativa composta de nós e conexões chamados de Hipertexto e Hipermídia. INTERVALO Base da era digital ou cibercultura (Enade 2011). Leia o texto que segue. A cibercultura pode ser vista como herdeira legítima (embora distante) do projeto progressista dos filósofos do século XVII. De fato, ela valoriza a participação das pessoas em comunidades de debate e argumentação. Na linha reta das morais da igualdade, ela incentiva uma forma de reciprocidade essencial nas relações humanas. Desenvolveu-se a partir de uma prática assídua de trocas de informações e conhecimentos, coisa que os filósofos do Iluminismo viam como principal motor do progresso. Base da era digital ou cibercultura A cibercultura não seria pós-moderna, mas estaria inserida perfeitamente na continuidade dos ideais revolucionários e republicanos de liberdade, igualdade e fraternidade. A diferença é apenas que, na cibercultura, esses ― valores se encarnam em dispositivos técnicos concretos. Na era das mídias eletrônicas, a igualdade se concretiza na possibilidade de cada um transmitir a todos; a liberdade toma forma nos softwares de codificação e no acesso a múltiplas comunidades virtuais, atravessando fronteiras, enquanto a fraternidade, finalmente, se traduz em interconexão mundial. (P. Lévy) Base da era digital ou cibercultura O desenvolvimento de redes de relacionamento por meio de computadores e a expansão da Internet abriram novas perspectivas para a cultura, a comunicação e a educação. De acordo com as ideias do texto acima, a cibercultura a) representa uma modalidade de cultura pós- moderna de liberdade de comunicação e ação. b) constituiu negação dos valores progressistas defendidos pelos filósofos do Iluminismo. c) banalizou a ciência ao disseminar o conhecimento nas redes sociais. d) valorizou o isolamento dos indivíduos pela produção de softwares de codificação. e) incorpora valores do Iluminismo ao favorecer o compartilhamento de informações e conhecimentos. Base da era digital ou cibercultura Alternativa correta “e”. “incorpora valores do Iluminismo ao favorecer o compartilhamento de informações e conhecimentos. “ Justificativa. O texto apresenta a cibercultura como uma forma de continuidade das ideias e dos valores iluministas. texto no ciberespaço Hipermídia: relacionada à rede de acesso que permite “hibridização de linguagens, processos signícos, códigos, mídias que ela aciona e, consequentemente, na mistura de sentidos receptores, na sensorialidade global” (SANTAELLA) relaciona a uma manipulação sinestésica, onde o leitor interage, manipula, cria [novos] sentidos e contribui na realização texto no ciberespaço estrutura é hiper, não sequencial, multidimensional e alterável, porém com orientações e/ou guias que ajudam o usuário a navegar e reconfigurar a experiência, dando uma sensação de poder que na verdade o usuário acredita dominar sem limitações Cibercultura Enfim, a tecnologia computacional está fazendo a mediação das novas relações sociais, de nova autoidentidade e do novo tátil, o computador notepad se tornaram essenciais à vida social e se constituem nas condições para a criação da cibercultura. Esta vai se estabelecendo firmemente na medida em que crescentemente usamos formas mediadas de comunicação digital. INTERVALO Cibercultura o papel da cibercultura está reconfigurando pensamentos devido ao seu uso constante e necessário, a forma que tais tecnologias são apresentadas acaba por ser uma imposição visto que se o mundo tornou-se adepto da cibercultura os órgãos, instituições, governos e sociedades acabam por aliar- se à cibercultura para absorver suas facilidades e com isso obter sucesso na extensão do trabalho que estiver sendo desenvolvido. Cibercultura e exclusão (Enade 2011). Exclusão digital é um conceito que diz respeito às extensas camadas sociais que ficaram à margem do fenômeno da sociedade da informação e da extensão das redes digitais. O problema da exclusão digital se apresenta como um dos maiores desafios dos dias de hoje, com implicações diretas e indiretas sobre os mais variados aspectos da sociedade contemporânea. Cibercultura e exclusão Nessa nova sociedade, o conhecimento é essencial para aumentar a produtividade e a competição global. É fundamental para a invenção, para a inovação e para a geração de riqueza. As tecnologias de informação e comunicação (TICs) proveem uma fundação para a construção e aplicação do conhecimento nos setores públicos e privados. Cibercultura e exclusão É nesse contexto que se aplica o termo exclusão digital, referente à falta de acesso às vantagens e aos benefícios trazidos por essas novas tecnologias, pormotivos sociais, econômicos, políticos ou culturais. Considerando as ideias do texto acima, avalie as afirmações a seguir. I. Um mapeamento da exclusão digital no Brasil permite aos gestores de políticas públicas escolherem o público-alvo de possíveis ações de inclusão digital. Cibercultura e exclusão II. O uso das TICs pode cumprir um papel social, ao prover informações àqueles que tiveram esse direito negado ou negligenciado e, portanto, permitir maiores graus de mobilidade social e econômica. III. O direito à informação diferencia-se dos direitos sociais, uma vez que esses estão focados nas relações entre os indivíduos e, aqueles, na relação entre o indivíduo e o conhecimento. Cibercultura e exclusão IV.O maior problema de acesso digital no Brasil está na deficitária tecnologia existente em território nacional, muito aquém da disponível na maior parte dos países do primeiro mundo. É correto apenas o que se afirma em a) I e II. b) II e IV. c) III e IV. d) I, II e III. e) I, III e IV. Cibercultura e exclusão Afirmativa (I) – correta. Justificativa. De acordo com o texto, cabe aos gestores de políticas públicas o desenvolvimento de ações de inclusão digital. Afirmativa (II) – correta. Justificativa. A inclusão digital se dá por meio do provimento das TIC aos setores excluídos do acesso à tecnologia e à informação. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade I Parte IV FORMAÇÃO GERAL BIO-SOCIODIVERSIDADE Profa. Ana Lúcia Machado da Silva Ser humano Multidimensional. Ex: ser humano é biológico, psíquico, social, afetivo e racional. Conhecimento pertinente é multidimensional: não isola uma parte do todo nem uma parte da outra. Complexo: conhecimento deve enfrentar a complexidade: elementos inseparáveis constitutivos do todo. União: unicidade e multiplicidade. Antinomia Século XX: os progressos estão dispersos, desunidos devido à especialização. Provoca a disjunção entre a humanidade e as ciências, e as ciências em disciplinas. Problema essencial: limitar o conhecimento do todo ao conhecimento de suas partes; valorizar inteligência parcelada, compartimentada, mecanicista, reducionista que rompe o complexo do mundo em fragmentos, separando o que está unido. Falsa racionalidade A racionalização abstrata e unidimensional. Por toda parte e durante décadas, soluções presumivelmente racionais trazidas por peritos convencidos de trabalhar para a razão e para o progresso causaram: Ex: desmatamento que causa desequilíbrio hídrico e a desertificação das terras. Grandes monoculturas eliminam as pequenas policulturas e agravam o êxodo rural e a favelização urbana. Ensinar a condição humana Mundo fragmentado em três estratos sobrepostos e não comunicantes: homem-cultura; vida-natureza; física-química. Mas no cosmos, na Terra que é “a totalidade complexa físico-biológica- antropológica, onde a vida é uma emergência da história da Terra, e o homem, uma emergência da história da vida terrestre.” (Edgar Morin) Coloca-se a complexidade do que é ser humano: “a animalidade e a humanidade constituem, juntas, nossa condição humana”. Homem e cosmos Somos originários do cosmos, da natureza, da vida. Mas devido à própria humanidade, à nossa cultura, à nossa mente, à nossa consciência, tornamo-nos estranhos a este cosmos que nos parece secretamente íntimo. Nosso pensamento e nossa consciência fazem-nos conhecer o mundo físico e distanciam-nos dele. O próprio fato de considerar racional e cientificamente o universo separa-nos dele. Desenvolvemo-nos além do mundo físico e vivo. É neste ‘além’ que tem lugar a plenitude da humanidade. Condição humana O homem não nasceu humano, se tornou humano num constante processo de aprendizado, marcado por evoluções, adaptações e construção cultural. A educação contribuirá com a “aprendizagem da compreensão e da lucidez” e na “mobilização de todas as aptidões humanas”. (Edgar Morin) No humano do humano cérebro/mente/cultura, sendo cada um dos termos é necessário ao outro; razão/afeto/pulsão, em que as relações entre as três instâncias não são apenas complementares, mas também antagônicas; e indivíduo/sociedade/espécie: “todo desenvolvimento verdadeiramente humano significa o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana.” (Edgar Morin) Condição humana O ser humano não consegue viver só de racionalidade, autonomamente. Ele carece do afetivo, do lúdico, do imaginário tal qual é capaz de objetividade e racionalidade. homo complexus No século XXI, conhecer o ser humano é, antes de mais nada, situá-lo no universo e não separá-lo dele. (Edgar Morin) INTERVALO Condição humana e biodiversidade Como ser vivo do planeta Terra, a humanidade depende vitalmente da biosfera terrestre, devendo, então, reconhecer sua identidade terrena física e biológica. Hominização: animalidade e humanidade constituem a nossa condição humana. (como já dito) Respeito e conhecimento sobre a biodiversidade. Situação de reflexão (Enem 2003). A biodiversidade diz respeito tanto a genes, espécies, ecossistemas, como a funções, e coloca problemas de gestão muito diferenciados. É carregada de normas de valor. Proteger a biodiversidade pode significar: a eliminação da ação humana, como é a proposta da ecologia radical; a proteção das populações cujos sistemas de produção e cultura repousam num dado ecossistema; a defesa dos interesses comerciais de firmas que utilizam a biodiversidade como matéria-prima, para produzir mercadorias. Situação de reflexão De acordo com o texto, no tratamento da questão da biodiversidade no Planeta, a) o principal desafio é conhecer todos problemas dos ecossistemas, para conseguir protegê-los da ação humana. Incorreta. Justificativa: De acordo com o texto, não existe apenas um modelo de defesa da biodiversidade. Em algumas propostas apresentadas, pode haver o equilíbrio entre a natureza e a ação humana. Situação de reflexão b) os direitos e os interesses comerciais dos produtores devem ser defendidos, independentemente do equilíbrio ecológico. Incorreta. Justificativa: O equilíbrio ecológico é uma preocupação para a proteção da biodiversidade. c) deve-se valorizar o equilíbrio do meio ambiente, ignorando-se os conflitos gerados pelo uso da terra e seus recursos. Incorreta. Justificativa: Os conflitos gerados pelo uso da terra e de seus recursos também devem ser levados em consideração para a proteção da biodiversidade. Situação de reflexão d) o enfoque ecológico é mais importante do que o social, pois as necessidades das populações não devem constituir preocupação para ninguém. Incorreta. Justificativa: De acordo com o texto, o enfoque ecológico é tão importante quanto o enfoque social ou econômico para a proteção da biodiversidade. e) há diferentes visões em jogo, tanto as que só consideram aspectos ecológicos, quanto as que levam em conta aspectos sociais e econômicos. Situação de reflexão Alternativa “e” – correta. Justificativa: O texto não apresenta apenas uma visão com enfoque ecológico, privilegiando a natureza, mas também aspectos sociais e econômicos que discutem a proteção das populações cujos sistemas de produção e cultura repousam num dado ecossistema e a defesa dos interesses comerciais de firmas que utilizam a biodiversidade como matéria-prima, para produzir mercadorias. Condição humana e biodiversidade Como diz Morin: “Interrogar nossa condição humana implica questionar primeiro nossa posição no mundo”. O fluxo de conhecimentos, no final do século XX e início do séc.XXI, traz nova luz sobre a situação do ser humano no universo. INTERVALO Situação de reflexão (Enade 2009). O Ministério do Meio Ambiente, em junho de 2009, lançou campanha para o consumo consciente de sacolas plásticas, que já atingem, aproximadamente, o número alarmante de 12 bilhões por ano no Brasil. Veja o slogan dessa campanha: Situação de reflexão O possível êxito dessa campanha ocorrerá porque: I. se cumprirá a meta de emissão zero de gás carbônico estabelecida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, revertendo o atual quadro de elevação das médias térmicas globais. II. deixarão de ser empregados, na confecção de sacolas plásticas, materiais oxibiodegradáveis e os chamados bioplásticos que, sob certas condições de luz e de calor, se fragmentam. Situação de reflexão III. serão adotadas, por parcela da sociedade brasileira, ações comprometidas com mudanças em seu modo de produção e de consumo, atendendo aos objetivos preconizados pela sustentabilidade. IV.haverá redução tanto no quantitativo de sacolas plásticas descartadas indiscriminadamente no ambiente, como também no tempo de decomposição de resíduos acumulados em lixões e aterros sanitários. Situação de reflexão Estão corretas somente as afirmativas: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV. O slogan diz respeito à promoção do consumo consciente e, portanto, envolve a sociedade em uma ação comprometida com o meio ambiente. A campanha implica a redução do número de sacolas plásticas utilizadas e na consequente redução de resíduos tóxicos agressivos ao ambiente. Biodiversidade Conceito originário da biologia, significando o estudo da diversidade da vida animal e vegetal, micro e macro. No entanto, todos têm responsabilidade sobre a preservação da vida no planeta Terra: cidadãos conscientes e governantes em geral. (http://famanet.br/pdf/ingresso/cartilha_ enade_2009.pdf) Biodiversidade Preservar: é a palavra-chave da biodiversidade. Quando uma vida é extinta, seja ela de animal ou vegetal, a harmonia é quebrada e o meio em volta fica mais pobre, deficitário. Ameaça de extinção da fauna e da flora num determinado bioma ou ecossistema põem em risco todas as espécies de vida ali existentes. São as consequências de um desastre dessa magnitude que preocupam cientistas, governantes e cidadãos de todo mundo. Biodiversidade Do ponto de vista econômico: a biodiversidade produz uma grande quantidade de produtos e empregos, gerando a necessidade de preservar para viver. Indústrias de alimentos, cosméticas e farmacêuticas se beneficiam diretamente da diversidade vegetal em biomas ricos em flora nativa. A exploração econômica é feita de forma sustentada, sem ameaçar a extinção do ecossistema, o que a torna eticamente correta e valorizada. Biodiversidade No Brasil, consideramos a soma da fauna e da flora, o que restou da Mata Atlântica ainda é o ecossistema mais diversificado, quantitativamente com mais espécies. A Amazônia, por outro lado, considerando sua extensão ou tamanho, é o bioma mais rico em diversidade vegetal para a exploração econômica. Também é o mais ameaçado. No geral, todos os ecossistemas brasileiros são importantes para o equilíbrio ecológico e, consequentemente, para a preservação da biodiversidade. INTERVALO Condição humana A partir do século XX, entramos na fase da mundialização. Após 1989, a generalização da economia liberal, a mundialização, está cada vez mais um todo interdependente. Enquanto o europeu está no conforto de bens planetários (bens importados de todo lugar), grande número de africanos, asiáticos e sul-americanos estão em circuito de miséria. Condição humana Desigualdades econômicas inerentes ao sistema capitalista. O sistema cria riquezas, mas não consegue acabar com a pobreza, a miséria. O crescimento do consumo em todo o mundo de produtos, aparelhos e engenhocas eletrônicas da revolução tecnológica convive lado a lado com bolsões de misérias, com milhões de pessoas em risco de insegurança alimentar. Esta é uma das contradições da globalização: gente e países ricos, emergentes e pobres no mesmo sistema. Condição humana e IDH O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa de pobreza, alfabetização e esperança de vida para os diversos países do mundo. Seu cálculo resulta em valor que vai de 0 (zero) a 1 (um), sendo que, quanto mais próximo da unidade, mais desenvolvido é considerado o país. A escolaridade inclui a alfabetização dos adultos e a educação primária, secundária e terciária da população em geral. Condição humana e IDH O PIB per capita entra no cálculo do IDH como um substituto de uma medida do padrão de vida ou de distribuição de renda. O gráfico abaixo mostra a evolução do IDH de 1975 a 2004 para várias regiões do planeta. Condição humana e IDH Viver sem eletricidade afeta muitas dimensões do desenvolvimento humano. Os serviços de geração, distribuição e uso de energia desempenham um papel fundamental não apenas no apoio ao crescimento econômico e à geração de empregos, mas também no reforço da qualidade de vida das pessoas. Cerca de 1,6 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a tais serviços. A maioria vive na África subsaariana e no sul da Ásia, onde apenas cerca de um quarto das pessoas utiliza modernos serviços de energia. Condição humana e IDH Essas pessoas vivem sem uma lâmpada elétrica em suas casas e dependem da queima de biomassa (madeira e estrume animal) para obter energia. Enquanto o acesso à energia está aumentando em todo o mundo em desenvolvimento, o progresso dessas nações continua lento e desigual. IDH > 0,8 indica alto desenvolvimento humano. 0,5 < IDH < 0,799 indica médio desenvolvimento humano. IDH < 0,5 indica baixo desenvolvimento humano. Condição humana e IDH Sem a disponibilidade das modernas fontes de energia, não se atinge o alto desenvolvimento humano. Situação de reflexão (Enade 2008) Nos anos recentes, a noção de exclusão social tem sido utilizada como um conceito teórico pelas ciências sociais e como uma categoria empírica pelos movimentos sociais e pela gestão pública. Embora não haja consenso sobre o conceito de exclusão, há alguns aspectos frequentemente lembrados a esse respeito: ruptura de laços sociais; precária inserção no mundo do trabalho e baixas condições de qualidade de vida; frágil incorporação dos direitos de cidadania. Situação de reflexão Considerando como válidos esses aspectos, é correto afirmar que haverá exclusão social quando houver: I. relações de conflito em uma sociedade. II. trabalho infantil. III. trabalho para todos, mas com remuneração diferenciada. IV.falta de saneamento básico em algumas comunidades. V. baixo índice de eleitoras mulheres. Situação de reflexão “I” e “III” – incorretas. Justificativa. As relações de conflito em uma sociedade têm, comumente, caráter político ou religioso. Trabalho para todos, mas com remuneração diferenciada pode decorrer de variações de categorias profissionais, funções desempenhadas, tempo de serviço etc. Situação de reflexão “II”, “IV” e “V” – corretas. Justificativa. Foi dito, no enunciado, que os aspectos que caracterizam a exclusão social são: ruptura de laços sociais, precária inserção no mundo do trabalho, baixas condições de qualidade de vida e frágil incorporação dos direitos de cidadania. Frente a esses aspectos, podemos considerar como fatores de exclusão o trabalho infantil, a falta de saneamento básico e o baixo índice de eleitoras mulheres. Sociodiversidade a existência simultânea de grupos humanoscom a posse de recursos sociais próprios; padrões próprios de organização social, com modelos diferentes de autoridade política, de acesso à terra, de padrão habitacional, de hierarquias de valores ou prestígio etc. Sociodiversidade e exclusão na maioria das sociedades democráticas, os excluídos têm os seus direitos de minoria assegurados legalmente: direito de existirem enquanto tal, enquanto minoria, com sua livre manifestação respeitada; mas isto não impede que a violação dos direitos de existência e manifestação dessas minorias inexista como fenômeno globalizado; ações afirmativas de indivíduos e de ONGs têm demonstrado que há muito que fazer para diminuir a exclusão. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade I Parte V FORMAÇÃO GERAL RELAÇÃO ARTE E MUNDO Profa. Ana Lúcia Machado da Silva Arte Arte: forma de organização, modo de transformar a experiência vivida em objeto de conhecimento. É um caso privilegiado de entendimento intuitivo do mundo, tanto para o artista que cria obras concretas e singulares quanto para o apreciador que se entrega a elas para atingir o sentido. Arte O artista: vê, ouve, o que está por trás da aparência exterior do mundo. Pelo poder seletivo e interpretativo dos seus sentidos, percebe formas que não podem ser nomeadas, porque elas precisam ser sentidas e não explicativas. Arte Com base nessa intuição, o artista não cria mais cópias da natureza. Cria símbolos dessa mesma natureza e da vida humana. Símbolos: não são entidades abstratas; são obras de arte, objetos sensíveis, concretos, individuais, que representam por analogia, semelhança de forma, a experiência vital intuída pelo artista. Arte A tela de Mondrian não reproduz de forma figurativa, icônica, a cidade de Nova Iorque; representa de forma analógica a vivência do artista em relação à cidade. “New York city” Mondrian, 1941-42 Arte A tela revela na simplicidade dos traços, nas várias direções das linhas, na expressão do rosto e na pose das mãos uma maneira de ver o mundo que pode ser compreendida intuitiva e imediatamente. “O grito” Munch, 1895 Arte Ao apreciar uma obra de arte, fazemos por meio dos sentidos: visão, audição, tato, cinestesia e, se a obra for ambiental, até o olfato. A partir dessa percepção sensível podemos intuir a vivência do artista: uma visão nova, uma interpretação nova da natureza e da vida. O artista atribui significados ao mundo por meio da sua obra. Arte Na obra de arte, o tema em si não é importante, mas o tratamento que se dá a ele. Luz, cor, volume, peso, espaço, dados sensíveis, não são experimentados da mesma maneira na vida do dia a dia e na arte. No cotidiano, usamos dados para construir, por meio do pensamento lógico, conceito de mundo físico. Em arte, esses dados são usados para alargar o horizonte de nossa experiência sensível. O artista não copia o que é; cria o que poderia ser. INTERVALO Aplicação (Enade 2008) O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), talvez o pensador moderno mais incômodo e provocativo, influenciou várias gerações e movimentos artísticos. O Expressionismo, que teve forte influência desse filósofo, contribuiu para o pensamento contrário ao racionalismo moderno e ao trabalho mecânico, através do embate entre a razão e a fantasia. Aplicação As obras desse movimento deixam de priorizar o padrão de beleza tradicional para enfocar a instabilidade da vida, marcada por angústia, dor, inadequação do artista diante da realidade. Das obras a seguir, a que reflete esse enfoque artístico é: Aplicação Aplicação O quadro de Munch não prioriza o padrão de beleza tradicional. A imagem nos remete à ideia de instabilidade da vida, de angustia, de dor e de inadequação do artista diante da realidade. Aplicação (Enade 2010). Painel da série Retirantes, de Cândido Portinari. Aplicação João Cabral de Melo Neto. Morte e vida severina Aplicação Analisando o painel de Portinari apresentado e o trecho destacado de Morte e Vida Severina, conclui-se que: a) Ambos revelam o trabalho dos homens na terra, com destaque para os produtos que nela podem ser cultivados. b) Ambos mostram as possibilidades de desenvolvimento do homem que trabalha a terra, com destaque para um dos personagens. c) Ambos mostram, figurativamente, o destino do sujeito sucumbido pela seca, com a diferença de que a cena de Portinari destaca o sofrimento dos que ficam. Aplicação d) O poema revela a esperança, por meio de versos livres, assim como a cena de Portinari traz uma perspectiva próspera de futuro, por meio do gesto. e) O poema mostra um cenário próspero com elementos da natureza, como sol, chuva, insetos, e, por isso, mantém uma relação de oposição com a cena de Portinari. Aplicação Alternativa “c” – correta. Justificativa. Tanto o poema quanto a charge tratam figurativamente do destino do homem que trabalha na terra, sujeito esse que se encontra à mercê da miséria, da seca e da exploração. No quadro de Portinari, ênfase especial é dada à condição daqueles que permanecem nessa situação, sem reais perspectivas de melhora de qualidade de vida. INTERVALO Função da arte 1. Função pragmática ou utilitária: A arte é útil para alcançar um fim não artístico: não é valorizada por si mesma, mas só como meio de alcançar uma outra finalidade. Idade Média: arte serviu para ensinar princípios a religião católica e para relatar as histórias bíblicas --- finalidade pedagógica. Contrarreforma: arte barroca foi usada para emocionar os fiéis em tentativa de segurar os fiéis dentro da religião --- finalidade religiosa. Função da arte No século XX, no realismo socialismo: a arte tinha finalidade de retratar a melhoria das condições de vida do trabalhador, bem como retratar as principais figuras da revolução socialista. Arte engajada, década 50/60: a arte servia para conscientizar sobre a situação socioeconômica. Assim, os critérios para analisar a arte são externos à obra: critério moral do valor da finalidade a que serve; critério de eficácia (se o fim foi atingido). Função da arte 2. Função naturalista: Refere-se aos interesses pelo conteúdo da obra; pelo que a obra retrata. A obra é encarada como espelho, que reflete a realidade e nos remete diretamente a essa realidade. Obra tem função referencial: enviar-nos para fora do mundo artístico, para o mundo dos objetos retratados. Critérios de avaliação da arte: correção da representação; inteireza; vigor. Essa tendência vigorou até o fim do séc. XIX, quando surgiu a fotografia. Exemplo de ruptura de arte naturalista (Enem 2002). O autor da tira utilizou os princípios de composição de um conhecido movimento artístico para representar a necessidade de um mesmo observador aprender a considerar, simultaneamente, diferentes pontos de vista. Exemplo Das obras reproduzidas, todas de autoria do pintor espanhol Pablo Picasso, aquela em cuja composição foi adotado um procedimento semelhante é: Exemplo Alternativa “e” – correta. A imagem representa distintos pontos de vista de um mesmo observador. Em outras palavras, o mesmo observador parece ver a mulher a partir de duas diferentes e simultâneas perspectivas. Rompe a função naturalista da arte. Função da arte 3. Função formalista: É a única função que se ocupa da arte enquanto tal e por motivos que não são estranhos ao âmbito artístico. Buscamos os princípios que regem a organização interna da arte. A obra pode ser: pictórica, escultórica, arquitetônica, musical, teatral, cinematográfica etc. --- todas comportam uma estrutura interna de signos selecionados. Valorização da experiênciaestética por meio da percepção e intuição; intensifica a consciência do mundo. INTERVALO Aplicação (Enade 2009). Leia o trecho abaixo. O sertão vai a Veneza. Festival de Veneza exibe “Viajo porque preciso, volto porque te amo”, de Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, feito a partir de uma longa viagem pelo sertão nordestino. [...] Rodaram 13 mil quilômetros, a partir de Juazeiro do Norte, no Ceará, passando por Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Alagoas, improvisando dia a dia os locais de filmagem. “Estávamos à procura de tudo que encetava e causava estranhamento. Aplicação Queríamos romper com a ideia de lugar isolado, intacto, esquecido, arraigado numa religiosidade intransponível. Eu até evito usar a palavra ‘sertão’ para ter um novo olhar sobre esse lugar”, conta Karim. A ideia era afastar-se da imagem histórica da região na cultura brasileira. “Encontramos um universo plural que tem desde uma feira de equipamentos eletrônicos a locais de total desolação”, completa Marcelo. (CRUZ, Leonardo. Folha de S. Paulo, p. E1, 05.09.2009.) Aplicação A partir da leitura desse trecho, é incorreto afirmar que: a) A feira de equipamentos eletrônicos, símbolo da modernidade e da tecnologia sofisticada, é representativa do contrário do que se pensa sobre o sertão nordestino. b) As expressões isolamento, esquecimento e religiosidade, utilizadas pelos cineastas, são consideradas adequadas para expressar a atual realidade sertaneja. --- alternativa com afirmativa incorreta. Aplicação c) O termo “sertão” tem conotação pejorativa, por implicar atraso e pobreza; por isso, seu uso deve ser cuidadoso. d) Os entrevistados manifestam o desejo de contribuir para a desmitificação da imagem do sertão nordestino, congelada no imaginário de parte dos brasileiros. e) Revela o estranhamento que é comum entre pessoas mal informadas e simplificadoras, que veem o sertão como uma região homogênea. Aplicação O filme – uma arte – como ruptura: A feira de equipamentos eletrônicos, citada pelos cineastas Karim Aïnouz e Marcelo Gomes, rompe com o imaginário coletivo acerca do nordeste brasileiro. Os entrevistados manifestam o desejo de contribuir para a desmitificação da imagem do sertão nordestino, congelada no imaginário de parte dos brasileiros. Revela o estranhamento que é comum entre pessoas mal informadas e simplificadoras, que veem o sertão como uma região homogênea. Interpretação da obra de arte Atribuição de significados pelo espectador se dá em níveis. 1º nível: do sentimento. 2º nível: da interpretação. Arte: instaura um universo de significações jamais esgotado: Universo de significações de uma obra. Intencionalidade do autor. Significados atribuídos à obra pelo espectador, sem desrespeitar a proposta da obra. Significado arbitrário, não pertencente ao universo da obra e não podemos impor a ela. Aplicação Dentre estas imagens, de Portinari, o que podemos ler? Aplicação Aplicação Os pés retratados são justamente aqueles que vão ao encontro do texto de Portinari: são pés disformes que contam uma história de miséria e dificuldades. Confundem-se com as pedras e com o solo em que se apoiam. São pés que funcionam como mapas, sinalizando os caminhos percorridos, cheios de obstáculos. ATÉ A PRÓXIMA!
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