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Sistema nervoso autônomo

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47
 CAPÍTULO 2 
 Sistema Nervoso Autônomo 
 Organização e Características Gerais do Sistema 
Nervoso Autônomo, 47 
 Receptores Autonômicos, 59 
 Resumo, 66 
 Desafi e-se, 66 
 O sistema nervoso motor (eferente) possui dois compo-
nentes: o somático e o autônomo. Estes dois sistemas são 
bastante diferentes, principalmente no que se refere aos 
tipos de órgãos efetores que inervam e os tipos de função 
que controlam. 
 O sistema nervoso somático é um sistema motor que 
tanto pode ser voluntário , sob controle consciente, como 
 involuntário . Cada uma de suas vias é composta por um 
único motoneurônio e as fi bras musculares esqueléticas 
por ele inervadas. O corpo celular do motoneurônio está 
localizado no sistema nervoso central (SNC), seja no 
tronco encefálico ou na medula espinal, e seus axônios fazem sinapses diretamente na 
musculatura esquelética, o órgão efetor. O neurotransmissor acetilcolina é liberado de 
terminais pré-sinápticos dos motoneurônios e ativa receptores nicotínicos localizados nas 
placas motoras da musculatura esquelética. Um potencial de ação no motoneurônio provoca 
um potencial de ação na fi bra muscular, causando a contração do músculo. (Ver a discussão 
completa sobre o sistema nervoso somático no Capítulo 1 ) 
 O sistema nervoso autônomo é um sistema involuntário que controla e modula as 
funções principalmente dos órgãos viscerais. Cada via do sistema nervoso autônomo é 
composta por dois neurônios: um pré-ganglionar e um pós-ganglionar. O corpo celular de 
cada neurônio pré-ganglionar reside no sistema nervoso central. Os axônios desses neurônios 
pré-ganglionares fazem sinapses com os corpos celulares dos neurônios pós-ganglionares 
em um dos diversos gânglios autonômicos localizados fora do sistema nervoso central. 
Os axônios dos neurônios pós-ganglionares trafegam, então, até seus alvos, onde fazem 
sinapses com órgãos efetores viscerais, como o coração, os bronquíolos, a musculatura lisa 
vascular, o trato gastrintestinal, a bexiga e a genitália. Todos os neurônios pré-ganglionares 
do sistema nervoso autônomo liberam acetilcolina. Os neurônios pós-ganglionares liberam 
acetilcolina ou noradrenalina ou, ainda, em alguns casos, neuropeptídeos. 
 ORGANIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DO SISTEMA 
NERVOSO AUTÔNOMO 
 O sistema nervoso autônomo apresenta duas divisões principais: a divisão simpática e a 
divisão parassimpática, que geralmente são complementares na regulação da função do órgão 
visceral. Uma terceira divisão do sistema autônomo, o sistema nervoso entérico, localiza-se 
nos plexos do trato gastrintestinal. (O sistema nervoso entérico é discutido no Capítulo 8 ) 
 A organização do sistema nervoso autônomo é descrita na Figura 2.1 e na Tabela 2.1 . As 
divisões simpática e parassimpática, assim como o sistema nervoso somático, são incluídas 
para comparação. 
C0010.indd 47C0010.indd 47 03/07/18 4:08 PM03/07/18 4:08 PM
48 • Fisiologia
 Terminologia 
 Os termos simpático e parassimpático são estritamente 
 anatômicos e se referem à origem anatômica dos neurô-
nios pré-ganglionares no SNC ( Tabela 2.1 ). Os neurônios 
pré-ganglionares da divisão simpática são originários 
da medula espinal toracolombar. Os neurônios pré-gan-
glionares da divisão parassimpática são originários do 
tronco encefálico e da medula espinal sacral. 
 Os termos adrenérgico e colinérgico são usados para 
descrever neurônios de qualquer uma das divisões, de 
acordo com o neurotransmissor sintetizado e liberado. 
Os neurônios adrenérgicos liberam noradrenalina ; os 
receptores de noradrenalina nos órgãos efetores são 
denominados adrenorreceptores . Os adrenorreceptores 
podem ser ativados por noradrenalina, que é liberada 
por neurônios adrenérgicos, ou por adrenalina, que 
é secretada na circulação pela medula da glândula 
adrenal. Os neurônios colinérgicos liberam acetilcolina 
( ACh ); os receptores de ACh são denominados coli-
norreceptores . (Um terceiro termo é não adrenérgico, 
não colinérgico e descreve alguns neurônios pós-gan-
glionares parassimpáticos do trato gastrintestinal que 
liberam peptídeos [p. ex., substância P] ou outras 
moléculas [p. ex., óxido nítrico (NO)] como neurotrans-
missor, em vez de ACh.) 
 Em resumo, sejam localizados na divisão simpática 
ou na divisão parassimpática, todos os neurônios pré
-ganglionares liberam ACh e, portanto, são denominados 
colinérgicos. Os neurônios pós-ganglionares podem ser 
adrenérgicos (liberando noradrenalina) ou colinérgicos 
(por secretarem ACh). A maioria dos neurônios paras-
simpáticos pós-ganglionares é colinérgica; os neurônios 
simpáticos pós-ganglionares podem ser adrenérgicos ou 
colinérgicos. 
 Junções Neuroefetoras do Sistema Nervoso 
Autônomo 
 As junções entre neurônios autonômicos pós-ganglionares 
e seus efetores (tecidos-alvo), as junções neuroefetoras , 
são análogas às junções neuromusculares do sistema 
nervoso somático. Existem, porém, diversas diferenças 
estruturais e funcionais entre esses dois tipos de junção. (1) 
A junção neuromuscular (discutida no Capítulo 1 ) possui 
um arranjo distinto, no qual o “efetor”, uma fi bra muscular 
ÓRGÃOS EFETORESSISTEMA NERVOSO CENTRAL
Somático
Simpático
Parassimpático
Medula da adrenal
(sistema simpático)
Músculo
esquelético
Musculatura lisa
e cardíaca,
glândulas
Glândulas
sudoríparas*
Musculatura lisa
e cardíaca,
glândulas
Pré-ganglionar
ACh
ACh
Adrenalina (80%)Para a circulação
Noradrenalina (20%)
Medula da adrenal
M
M
NE
Pós-ganglionar
Pós-ganglionar
ACh
Pré-ganglionar
α1
α2
β1
β2
ACh
Pré-ganglionar Pós-ganglionar
ACh N2
N2
N1
ACh
Motoneurônio
N2
N2
 Fig. 2.1 Organização do sistema nervoso autônomo. O sistema nervoso somático é incluído 
para fi ns comparativos. ACh , Acetilcolina; M , receptor muscarínico; N , receptor nicotínico; NA , 
noradrenalina. *As glândulas sudoríparas apresentam inervação colinérgica simpática. 
C0010.indd 48C0010.indd 48 03/07/18 4:08 PM03/07/18 4:08 PM
2—Sistema Nervoso Autônomo • 49 
esquelética, é inervada por um único motoneurônio. Por 
outro lado, no sistema nervoso autônomo, os neurônios 
pós-ganglionares que inervam os tecidos-alvo formam redes 
ramificadas e difusas . Estruturas em formato esférico, 
ou varicosidades , recobrem esses ramos e são sítios de 
síntese, armazenamento e liberação de neurotransmissores. 
As varicosidades são, portanto, análogas aos terminais 
nervosos pré-sinápticos da junção neuromuscular. (2) Há 
uma sobreposição entre as redes ramifi cadas de diferentes 
neurônios pós-ganglionares e, assim, os tecidos-alvo 
podem ser inervados por várias dessas células. (3) No sis-
tema nervoso autônomo, os receptores pós-sinápticos são 
amplamente distribuídos pelos tecidos-alvo e não há uma 
região especializada de receptores como a placa motora da 
fi bra muscular esquelética. 
 Sistema Nervoso Simpático 
 A função principal do sistema nervoso simpático é 
 mobilizar o corpo para a atividade . Em caso extremo, 
quando uma pessoa é exposta a uma situação estres-
sante, o sistema nervoso simpático é fortemente 
ativado, em uma resposta conhecida como “luta ou 
fuga”, que inclui o aumento da pressão arterial, do 
fl uxo sanguíneo para os músculos ativados, da taxa 
metabólica, da glicemia, da atividade mental e do grau 
de alerta. No entanto, mesmo que essa resposta, por 
si só, seja raramente empregada, o sistema nervoso 
simpático opera continuamente em grau moderado para 
modular as funções de muitos sistemas de órgãos, como 
o coração, os vasos sanguíneos, o trato gastrintestinal, 
os brônquios e as glândulas sudoríparas. 
 A Figura 2.2 mostra a organização do sistema nervoso 
simpático em relação à medula espinal, aos gânglios 
simpáticos e aos órgãos efetores da periferia. Os neurônios 
simpáticos pré-ganglionares são originários dos núcleos 
da medula espinal toracolombar, deixam a medula 
através das raízes motoras ventraise dos ramos brancos 
e se projetam para os gânglios paravertebrais da cadeia 
simpática ou em uma série de gânglios pré-vertebrais. 
Assim, uma categoria de neurônios pré-ganglionares 
faz sinapses com neurônios pós-ganglionares nos gân-
glios paravertebrais (p. ex., gânglio cervical superior) 
da cadeia simpática . Essas sinapses podem ocorrer em 
gânglios do mesmo nível segmentar da cadeia ou as 
fi bras pré-ganglionares podem cursar em direção cranial 
ou caudal e inervar gânglios em níveis superiores ou 
inferiores da cadeia, permitindo, assim, o estabelecimento 
de sinapses em múltiplos gânglios (o que é consistente 
com as características difusas das funções simpáticas). A 
outra categoria de neurônios pré-ganglionares atravessa 
pela cadeia simpática sem estabelecer sinapses para 
somente fazê-las nos gânglios pré-vertebrais (celíacos, 
mesentéricos superiores e mesentéricos inferiores) que 
suprem os órgãos viscerais, as glândulas e o sistema 
nervoso entérico do trato gastrintestinal. Nos gânglios, 
 TABELA 2.1 Organização do Sistema Nervoso Autônomo 
Características Divisão Simpática Divisão Parassimpática Sistema Nervoso Somático a 
Origem dos neurônios 
pré-ganglionares
Segmentos T1-L3 da medula 
espinal (toracolombares)
Núcleos dos NC III, VII, 
IX e X; segmentos S2-S4 
da medula espinal 
(craniossacrais)
—
Localização dos gânglios 
autonômicos
Paravertebral e pré-vertebral Em órgãos efetores ou em 
suas adjacências
—
Comprimento dos axônios 
pré-ganglionares
Curto Longo —
Comprimento dos axônios 
pós-ganglionares
Longo Curto —
Órgãos efetores Musculatura lisa; músculo 
cardíaco; glândulas
Musculatura lisa; músculo 
cardíaco; glândulas
Musculatura esquelética
Junções neuroefetoras Difusas, ramifi cadas; os receptores 
não estão concentrados em uma 
única região
Difusas, ramifi cadas; os 
receptores não estão 
concentrados em uma 
única região
Discretas, organizadas; os 
receptores de ACh estão 
localizados na placa 
motora
Neurotransmissor e tipo de 
receptor nos gânglios
ACh/receptor nicotínico ACh/receptor nicotínico —
Neurotransmissor em 
órgãos efetores
Noradrenalina (exceto em 
glândulas sudoríparas, ACh)
ACh ACh
Tipos de receptores em 
órgãos efetores
 α 1 , α 2 , β 1 , β 2 (exceto em glândulas 
sudoríparas, muscarínico)
Muscarínicos Nicotínicos
 ACh , Acetilcolina; NC , nervo craniano. 
 a O sistema nervoso somático é incluído para comparação. 
C0010.indd 49C0010.indd 49 03/07/18 4:08 PM03/07/18 4:08 PM
50 • Fisiologia
Medula espinal
Gânglio cervical
superior
Cadeia
simpática
Cadeia
simpática
P
ar
a 
os
 v
as
os
 s
an
gu
ín
eo
s,
 o
s 
m
ús
cu
lo
s 
pi
lo
er
et
or
es
 e
 a
s 
gl
ân
du
la
s 
su
do
rí
pa
ra
s
Genitália
masculina
Plexo
mesentérico inferior
Intestino grosso
Estômago
Árvore brônquica
Glândula parótida
Glândulas
submandibulares
e sublinguais
Músculo tarsal
Glândula lacrimal
Músculo radial;
dilata a pupila
Intestino delgado
L3
T1
Plexo
mesentérico superior
Plexo celíaco
Medula
da adrenal
Coração
SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO
 Fig. 2.2 Inervação do sistema nervoso simpático. Os neurônios pré-ganglionares são 
originários dos segmentos torácicos e lombares da medula espinal (T1-L3). 
C0010.indd 50C0010.indd 50 03/07/18 4:08 PM03/07/18 4:08 PM
2—Sistema Nervoso Autônomo • 51 
os neurônios pré-ganglionares fazem sinapses com os 
neurônios pós-ganglionares, que trafegam para a periferia 
e inervam os órgãos efetores. 
 As características do sistema nervoso simpático, dis-
cutidas nas próximas seções, são listadas na Tabela 2.1 e 
ilustradas na Figura 2.2 . 
 Origem dos Neurônios Pré-ganglionares 
 Os neurônios pré-ganglionares da divisão simpática são 
originários de núcleos nos segmentos torácico e lombar 
da medula espinal, especifi camente do primeiro segmento 
torácico ao terceiro segmento lombar (T1-L3). Assim, a 
divisão simpática é chamada toracolombar . 
 De modo geral, a origem dos neurônios pré-ganglionares 
na medula espinal é anatomicamente consistente com sua 
projeção na periferia. Dessa maneira, as vias simpáticas 
para os órgãos do tórax (p. ex., o coração) possuem 
neurônios pré-ganglionares originários da medula espinal 
 torácica superior . As vias simpáticas para os órgãos da 
pelve (p. ex., cólon, genitais) possuem neurônios pré-gan-
glionares originários da medula espinal lombar . Os vasos 
sanguíneos, as glândulas sudoríparas termorreguladoras 
e os músculos piloeretores da pele apresentam neurônios 
pré-ganglionares que fazem sinapses com múltiplos 
neurônios pós-ganglionares acima e abaixo da cadeia 
simpática, refl etindo sua ampla distribuição pelo corpo. 
 Localização dos Gânglios Autonômicos 
 Os gânglios do sistema nervoso simpático estão locali-
zados próximos à medula espinal , seja nos gânglios 
paravertebrais (conhecidos como cadeia simpática) ou 
nos gânglios pré-vertebrais. Mais uma vez, a anatomia 
é lógica. O gânglio cervical superior se projeta até os 
órgãos da cabeça, como os olhos e as glândulas salivares. 
O gânglio celíaco se projeta até o estômago e o intestino 
delgado. O gânglio mesentérico superior se projeta até 
os intestinos delgado e grosso e o gânglio mesentérico 
inferior atinge a porção inferior do intestino grosso, o 
ânus, a bexiga e a genitália. 
 A medula da glândula adrenal é simplesmente um 
gânglio simpático especializado cujos neurônios pré
-ganglionares são originários da medula espinal torácica 
(T5-T9), passam pela cadeia simpática e pelo gânglio 
celíaco sem estabelecer sinapses e seguem pelo nervo 
esplâncnico maior até a adrenal. 
 Comprimento dos Axônios Pré-ganglionares e 
Pós-ganglionares 
 Uma vez que os gânglios simpáticos são próximos à medu-
la espinal, os axônios dos neurônios pré-ganglionares 
são curtos e os axônios dos neurônios pós-ganglionares 
são longos (para que possam atingir os órgãos efetores 
periféricos). 
 Neurotransmissores e Tipos de Receptores 
 Os neurônios pré-ganglionares da divisão simpática 
são sempre colinérgicos . Estes neurônios liberam ACh, 
que interage com receptores nicotínicos (N 2 ) nos corpos 
celulares dos neurônios pós-ganglionares. Os neurônios 
pós-ganglionares da divisão simpática são adrenérgicos 
em todos os órgãos efetores, exceto nas glândulas 
sudoríparas termorreguladoras (onde são colinérgicos). 
Os órgãos efetores inervados por neurônios adrenérgicos 
simpáticos apresentam um ou mais dos seguintes tipos 
de receptores: alfa 1 , alfa 2 , beta 1 ou beta 2 ( α 1 , α 2 , β 1 ou β 2 ). 
As glândulas sudoríparas termorreguladoras são inervadas 
por neurônios colinérgicos simpáticos que possuem 
colinorreceptores muscarínicos. 
 Varicosidades Adrenérgicas Simpáticas 
 Como anteriormente descrito, os neurônios adrenérgicos 
pós-ganglionares simpáticos liberam seus neurotrans-
missores das varicosidades em tecidos-alvo (p. ex., a 
musculatura lisa vascular). As varicosidades adrenérgicas 
simpáticas contêm neurotransmissores clássicos (nora-
drenalina) e não clássicos (trifosfato de adenosina 
[ATP] e neuropeptídeo Y). O neurotransmissor clássico, 
a noradrenalina , é sintetizada a partir da tirosina nas 
varicosidades ( Figura 1.18 ) e armazenada em pequenas 
 vesículas de centro denso , prontas para serem liberadas; 
estas pequenas vesículas de centro denso também contêm 
dopamina β -hidroxilase, que catalisa a conversão da 
dopamina em noradrenalina (a etapa fi nal da via sintética) 
e ATP . O ATP é considerado “colocalizado” à adrenalina. 
Um grupo separado de grandes vesículas de centro denso 
contém neuropeptídeo Y . 
 A estimulação de neurônios adrenérgicos pós-gan-
glionares simpáticos leva à liberação de noradrenalina e 
ATP das pequenas vesículas de centro denso. A noradre-
nalina e o ATP atuam como neurotransmissores na junção 
neuroefetora, onde se ligam a receptores específicos 
nos tecidos-alvo (p. ex., a musculatura lisa vascular), 
ativando-os. Naverdade, o ATP age primeiro, ligando-se 
a receptores purinérgicos no tecido alvo e provocando um 
efeito fi siológico (p. ex., a contração da musculatura lisa 
vascular). A ação da noradrenalina ocorre após a ação do 
ATP; a noradrenalina se liga a seus receptores no tecido 
alvo (p. ex., receptores α 1 -adrenérgicos na musculatura 
lisa vascular), causando uma segunda contração, mais 
prolongada. Por fi m, com a estimulação mais intensa ou 
de maior frequência, as grandes vesículas de centro denso 
liberam neuropeptídeo Y, que se liga a seu receptor no 
tecido alvo e causa uma terceira fase de contração, mais 
lenta. 
 Medula da Glândula Adrenal 
 A medula da adrenal é um gânglio especializado na divisão 
simpática do sistema nervoso autônomo. Os corpos celula-
res de seus neurônios pré-ganglionares estão localizados 
na medula espinal torácica. Os axônios destes neurônios 
pré-ganglionares trafegam pelo nervo esplâncnico maior 
até a medula da adrenal, onde fazem sinapses com as 
 células cromafi ns e liberam ACh, ativando receptores 
nicotínicos. Quando ativadas, as células cromafi ns da 
C0010.indd 51C0010.indd 51 03/07/18 4:08 PM03/07/18 4:08 PM
52 • Fisiologia
medula da adrenal secretam catecolaminas (adrenalina 
e noradrenalina) na circulação geral. Diferentemente 
dos neurônios pós-ganglionares simpáticos, que liberam 
apenas noradrenalina, a medula da adrenal secreta, prin-
cipalmente, adrenalina (80%) e uma pequena quantidade 
de noradrenalina (20%). A razão para essa diferença 
é a presença de feniletanolamina- N -metiltransferase 
(PNMT) na medula da adrenal, mas não nos neurônios 
adrenérgicos pós-ganglionares simpáticos ( Figura 1.18 ). 
A PNMT catalisa a conversão da noradrenalina em 
adrenalina, e é interessante notar que essa etapa requer 
cortisol advindo do córtex adrenal adjacente; o cortisol é 
disponibilizado para a medula da adrenal graças ao fl uxo 
venoso do córtex adrenal. 
 Um tumor na medula da adrenal, ou feocromoci-
toma , pode estar localizado nela mesma ou em suas 
proximidades ou, ainda, ser ectópico (em uma região 
distante) ( Quadro 2.1 ). Diferentemente da medula da 
adrenal normal, que secreta principalmente adrenalina, 
um feocromocitoma secreta, em especial, noradrenalina , 
o que é explicado pela grande distância entre o tumor (se 
ectópico) e o córtex da adrenal, impedindo o recebimento 
do cortisol exigido pela PNMT. 
 Resposta de Luta ou Fuga 
 O corpo responde ao medo, ao estresse extremo e ao 
exercício intenso com uma ação maciça e coordenada 
do sistema nervoso simpático, inclusive da medula da 
adrenal. Essa ativação, a resposta de luta ou fuga, garante 
que o corpo possa responder adequadamente a uma 
situação estressante (p. ex., fazer uma prova difícil, correr 
de uma casa em chamas ou lutar contra um agressor). A 
resposta aumenta a frequência cardíaca, o débito cardíaco 
e a pressão sanguínea; redistribui o fl uxo sanguíneo da 
pele, dos rins e das regiões esplâncnicas para a mus-
culatura esquelética; aumenta a ventilação, dilatando as 
vias aéreas; diminui a motilidade e as secreções do trato 
gastrintestinal e eleva a glicemia. 
 QUADRO 2.1 Fisiologia Clínica: Feocromocitoma 
 DESCRIÇÃO DO CASO. Uma mulher de 48 anos 
consulta seu médico, queixando-se do que chama de 
“ataques de pânico”. A paciente relata taquicardia e 
poder sentir (e até mesmo ver) o coração batendo no 
peito. Ela também se queixa de cefaleias do tipo pulsátil, 
mãos e pés frios, calor, distúrbios visuais, náusea e 
vômito. No consultório médico, sua pressão arterial é 
bastante alta (230/125). A paciente é internada para 
avaliação da hipertensão. 
 O exame de urina de 24 horas revela níveis elevados 
de metanefrina, normetanefrina e ácido 3-metoxi-
4-hidroximandélico (VMA). Depois de descartar outras 
causas de hipertensão, o médico conclui que a paciente 
apresenta um tumor na medula da adrenal, denominado 
feocromocitoma. A tomografia computadorizada do 
abdômen revela a presença de uma massa de 3,5 cm na 
medula da adrenal direita. A paciente é tratada com um 
antagonista α 1 e submetida à cirurgia. A recuperação da 
paciente é completa; sua pressão arterial volta ao normal 
e os demais sintomas desaparecem. 
 EXPLICAÇÃO DO CASO. A mulher apresenta um feo-
cromocitoma clássico, um tumor de células cromafi ns 
da medula da adrenal. O tumor secreta quantidades 
excessivas de noradrenalina e adrenalina, que produzem 
todos os sintomas e aumentam a concentração de meta-
bólitos das catecolaminas na urina. Diferentemente da 
medula da adrenal normal, que secreta principalmente 
adrenalina, os feocromocitomas tendem a liberar nora-
drenalina. 
 Os sintomas da paciente podem ser interpretados 
por meio do entendimento dos efeitos fisiológicos 
das catecolaminas. Qualquer tecido que possua 
adrenorreceptores será ativado pelos níveis elevados 
de adrenalina e noradrenalina, que chegam pela 
circulação. Os principais sintomas apresentados pela 
paciente são cardiovasculares: palpitações, taquicardia, 
aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial e 
mãos e pés frios. Estes sintomas podem ser entendidos 
ao considerarmos a função dos adrenorreceptores no 
coração e nos vasos sanguíneos. As maiores concen-
trações de catecolaminas circulantes ativaram receptores 
 β 1 do coração, aumentando a frequência cardíaca e a 
contratilidade (batimento cardíaco). A ativação dos 
receptores α 1 na musculatura lisa vascular da pele 
produziu vasoconstrição, causando o frio nas mãos e 
nos pés. A paciente sentiu calor, porém, porque essa 
vasoconstrição cutânea prejudicou a dissipação do calor. 
Sua pressão arterial extremamente elevada foi causada 
pela combinação entre a maior frequência cardíaca, a 
maior contratilidade e a maior contração (resistência) 
dos vasos sanguíneos. A cefaleia era secundária ao 
aumento da pressão. 
 Os demais sintomas apresentados pela paciente 
também podem ser explicados pela ativação de 
adrenorreceptores em outros sistemas de órgãos (isto 
é, os sintomas gastrintestinais de náusea e vômito e as 
alterações visuais). 
 TRATAMENTO. O tratamento da paciente foi compos-
to pela localização e excisão do tumor, removendo, 
assim, a fonte do excesso de catecolaminas. Se o 
tumor não tivesse sido excisado, a paciente poderia 
continuar a ser tratada farmacologicamente com 
uma combinação de antagonistas α 1 (p. ex., fenoxi-
benzamina ou prazosina) e antagonistas β 1 (p. ex., 
propranolol) para impedir as ações das catecolaminas 
endógenas nos receptores. 
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2—Sistema Nervoso Autônomo • 53 
 Sistema Nervoso Parassimpático 
 A função geral do sistema nervoso parassimpático é 
 restauradora , de conservação de energia . A Figura 2.3 
mostra a organização do sistema nervoso parassimpático 
em relação ao SNC (tronco encefálico e medula espinal), 
os gânglios parassimpáticos e os órgãos efetores. Os 
corpos celulares dos neurônios pré-ganglionares da 
divisão parassimpática estão no tronco encefálico 
(mesencéfalo, ponte e bulbo) ou na medula espinal 
sacral. Os axônios pré-ganglionares se projetam para 
uma série de gânglios localizados nos órgãos efetores 
ou suas adjacências. 
 As características do sistema nervoso simpático dis-
cutidas nas seções a seguir estão listadas na Tabela 2.1 e 
ilustradas na Figura 2.2 . 
 Origem dos Neurônios Pré-ganglionares 
 Os neurônios pré-ganglionares da divisão parassimpática 
são originários dos núcleos dos nervos cranianos (NC) 
III, VII, IX e X ou dos segmentos S2-S4 da medula espinal 
sacral; assim, a divisão parassimpática é denominada 
 craniossacral . Como na divisão simpática, a origem dos 
neurônios pré-ganglionares no SNC é consistente com 
a projeção nos órgãos efetores da periferia. A inervação 
parassimpática dos músculos dos olhos, por exemplo, é 
originária do núcleo de Edinger-Westphal no mesencéfalo 
e trafega até a periferiapelo NC III; a inervação paras-
simpática do coração, dos bronquíolos e do trato gas-
trintestinal é originária dos núcleos do bulbo e trafega 
até a periferia pelo NC X (nervo vago); já a inervação 
parassimpática dos órgãos genitourinários é originária 
da medula espinal sacral e trafega até a periferia pelos 
nervos pélvicos. 
 Localização dos Gânglios Autonômicos 
 Diferentemente dos gânglios simpáticos, localizados 
próximos ao SNC, os gânglios do sistema nervoso 
parassimpático são encontrados no interior dos órgãos 
efetores, sobre estes órgãos ou nas regiões adjacentes 
(p. ex., gânglios ciliares, pterigopalatinos, submandibu-
lares, óticos). 
 Comprimento dos Axônios Pré-ganglionares e 
Pós-ganglionares 
 O comprimento relativo dos axônios pré-ganglionares 
e pós-ganglionares da divisão parassimpática é inversa 
aos comprimentos relativos na divisão simpática. Essa 
diferença refl ete a localização dos gânglios. Os gânglios 
parassimpáticos estão localizados nos órgãos efetores ou 
suas adjacências; os neurônios pré-ganglionares, portanto, 
possuem axônios longos, enquanto os neurônios pós-gan-
glionares apresentam axônios curtos. 
 Neurotransmissores e Tipos de Receptores 
 Como na divisão simpática, todos os neurônios pré
-ganglionares são colinérgicos e liberam ACh, a qual 
interage com receptores nicotínicos (N 2 ) nos corpos 
celulares dos neurônios pós-ganglionares. A maioria 
dos neurônios pós-ganglionares da divisão paras-
simpática também é colinérgica. Os receptores de ACh 
nos órgãos efetores são muscarínicos, não nicotínicos. 
Assim, a ACh liberada por neurônios pré-ganglionares 
da divisão parassimpática ativa receptores nicotínicos, 
enquanto a ACh liberada por neurônios pós-gan-
glionares da divisão parassimpática ativa receptores 
muscarínicos. Estes receptores e suas funções são 
ativados ou inibidos de forma específica por diferentes 
fármacos ( Tabela 2.2 ). 
 Varicosidades Colinérgicas Parassimpáticas 
 Como anteriormente descrito, os neurônios colinérgicos 
pós-ganglionares parassimpáticos liberam seus neuro-
transmissores das varicosidades em tecidos-alvo (p. ex., 
a musculatura lisa). As varicosidades colinérgicas paras-
simpáticas liberam tanto o neurotransmissor clássico 
(ACh) quanto os neurotransmissores não clássicos (p. ex., 
peptídeo intestinal vasoativo [VIP], NO). O neurotransmis-
sor clássico, ACh , é sintetizado nas varicosidades a partir 
de colina e acetil coenzima A (acetil CoA) ( Figura 1.17 ) e 
armazenado em vesículas pequenas e claras . Um grupo 
separado de grandes vesículas de centro denso contém 
peptídeos, como o VIP. Por fi m, as varicosidades possuem 
óxido nítrico sintase e podem sintetizar NO conforme 
necessário. 
 TABELA 2.2 Protótipos de Agonistas e Antagonistas 
de Receptores Autonômicos 
Receptor Agonistas Antagonistas
Adrenorreceptores
 α 1 Noradrenalina 
 Fenilefrina
Fenoxibenzamina 
 Prazosina
 α 2 Clonidina Ioimbina
 β 1 Noradrenalina 
 Adrenalina 
 Isoproterenol 
 Dobutamina
Propranolol 
 Metoprolol
 β 2 Adrenalina 
 Noradrenalina 
 Isoproterenol 
 Albuterol
Propranolol 
 Butoxamina
Colinorreceptores
Nicotínicos ACh 
 Nicotina
Curare (bloqueia 
os receptores N 1 
neuromusculares) 
 Hexametônio 
(bloqueia os 
receptores N 2 
ganglionares)
Muscarínicos ACh 
 Muscarina
Atropina
 ACh , Acetilcolina. 
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54 • Fisiologia
Coração
Glândula parótida
Glândulas
submandibulares
e sublinguais
Glândulas
lacrimais e nasais
Músculo circular;
contrai a pupila
Músculo ciliar:
visão em
distância curta
Mesencéfalo
Ponte
Bulbo
Núcleo salivatório
inferior
Núcleo motor dorsal
do nervo vago
Núcleo lacrimal
Núcleo salivatório
superior
Núcleo de
Edinger-Westphal
SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO
Gânglio óticoNC IX
Medula espinal
Nervos
esplâncnicos
pélvicos
S2
S3
S4
Genitália
masculina
Intestino grosso
Estômago
Árvore brônquica
Intestino delgado
Bexiga
NC X
NC III
NC VII
Gânglio submandibular
Gânglio pterigopalatino
Gânglio ciliar
 Fig. 2.3 Inervação do sistema nervoso parassimpático. Os neurônios pré-ganglionares são 
originários dos núcleos do tronco encefálico (mesencéfalo, ponte, bulbo) e dos segmentos sacrais 
(S2-S4) da medula espinal. NC , Nervo craniano. 
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2—Sistema Nervoso Autônomo • 55 
 Quando neurônios colinérgicos pós-ganglionares 
parassimpáticos são estimulados, a ACh é liberada das 
varicosidades e se liga a receptores muscarínicos no 
tecidos-alvo, que determina sua ação fi siológica. Com 
a estimulação intensa e de alta frequência, as grandes 
vesículas de centro denso liberam seus peptídeos (p. ex., 
VIP), que se ligam a receptores nos tecidos-alvo e 
aumentam as ações da ACh. 
 Inervação Autônoma dos Sistemas de Órgãos 
 A Tabela 2.3 serve como uma referência para as 
informações sobre o controle autônomo da função 
dos sistemas de órgãos. Esta tabela lista as inervações 
simpáticas e parassimpáticas dos principais sistemas 
de órgãos e os tipos de receptores encontrados em seus 
tecidos. A Tabela 2.3 é ainda mais importante quando 
a informação mostrada é vista como um conjunto de 
temas recorrentes, e não como uma lista aleatória de 
ações e receptores. 
 Funções Recíprocas – Simpáticas e Parassimpáticas 
 Muitos órgãos apresentam inervação simpática e 
parassimpática. Estas inervações operam de forma 
 recíproca ou sinérgica para a produção de respostas 
coordenadas. O coração, por exemplo, possui inerva-
ções simpáticas e parassimpáticas que funcionam de 
forma recíproca, regulando a frequência cardíaca e a 
velocidade de condução. As paredes de musculatura lisa 
do trato gastrintestinal e da bexiga possuem inervação 
simpática (que produz relaxamento) e parassimpática 
(que produz contração); os esfíncteres do trato gas-
trintestinal e da bexiga também apresentam inervação 
simpática (que provoca contração) e parassimpática 
(que causa relaxamento). Os músculos radiais da íris 
são responsáveis pela dilatação da pupila (midríase) e 
possuem inervação simpática; o músculo circular da 
íris é responsável pela contração da pupila (miose) e 
apresenta inervação parassimpática. Neste exemplo dos 
músculos oculares, diferentes músculos controlam o 
tamanho da pupila, mas os efeitos gerais das atividades 
simpática e parassimpática são recíprocos. Na genitália 
masculina, a atividade simpática controla a ejaculação, 
enquanto a atividade parassimpática, ereção; juntas, 
essas ações são responsáveis pela resposta sexual. 
 Os três exemplos a seguir ilustram melhor a reciproci-
dade e a sinergia das divisões simpática e parassimpática. 
 NÓ SINOATRIAL 
 A inervação autônoma do nó sinoatrial (SA) do coração é 
um excelente exemplo de controle coordenado de função. 
O nó SA é o marca-passo normal do coração e sua taxa de 
despolarização controla a frequência cardíaca geral. O nó 
SA possui inervações simpáticas e parassimpáticas, que 
funcionam de forma recíproca na modulação da frequência 
cardíaca. Assim, um aumento da atividade simpática eleva 
a frequência cardíaca, enquanto um aumento da atividade 
parassimpática a diminui. Essas funções recíprocas são 
ilustradas da seguinte maneira: se a pressão arterial cair, 
os centros vasomotores do tronco encefálico respondem 
a essa diminuição e, simultaneamente, aumentam a 
atividade simpática do nó SA e reduzem a atividade paras-
simpática. Cada uma dessas ações, dirigida e coordenada 
pelo centro vasomotor do tronco encefálico, aumenta a 
frequência cardíaca. As ações simpática e parassimpática 
não competem entre si, mas são sinérgicas no aumento da 
frequência cardíaca (o que ajuda a normalizar a pressão 
arterial). 
 BEXIGA 
 A bexiga é outro exemplo de inervações recíprocas pelas 
divisões simpática e parassimpática ( Figura 2.4 ). Em 
adultos, a micção , ou esvaziamentoda bexiga, está sob 
controle voluntário porque o esfíncter externo é compos-
to por músculo esquelético. O refl exo da micção em si, 
porém, é controlado pelo sistema nervoso autônomo. 
Este refl exo ocorre quando sensores detectam que a 
bexiga está “cheia”. O músculo detrusor da parede da 
bexiga e o esfíncter interno do órgão são compostos 
por músculos lisos, ambos apresentando inervações 
simpáticas e parassimpáticas. A inervação simpática 
do músculo detrusor e do esfíncter interno é originária 
da medula espinal lombar (L1-L3), e a inervação 
parassimpática tem origem na porção sacral da medula 
(S2-S4). 
 Quando a bexiga está sendo enchida por urina, o con-
trole simpático é predominante. Esta atividade simpática, 
por meio de receptores β 2 , relaxa o músculo detrusor e, 
através de receptores α 1 , contrai o músculo do esfíncter 
interno. O esfíncter externo é simultaneamente fechado 
pela ação voluntária treinada. Quando a musculatura da 
parede está relaxada e os esfíncteres estão fechados, a 
bexiga pode ser enchida com urina. 
 Quando a bexiga está cheia , sua distensão é percebida 
por mecanorreceptores presentes na parede do órgão e os 
neurônios aferentes transmitem essa informação para a 
medula espinal e daí para o tronco encefálico. O refl exo de 
micção é coordenado por centros no mesencéfalo e, agora, 
o controle parassimpático é predominante. A atividade 
parassimpática contrai o músculo detrusor (para aumentar 
a pressão e ejetar a urina) e relaxa o esfíncter interno. 
Simultaneamente, o esfíncter externo é relaxado pela 
ação voluntária. 
 Obviamente, as ações simpáticas e parassimpáticas 
sobre as estruturas vesicais são opostas, mas coordenadas: 
as ações simpáticas dominam o enchimento da bexiga e as 
ações parassimpáticas são responsáveis pelo esvaziamento 
do órgão. 
 PUPILA 
 O tamanho da pupila é reciprocamente controlado por 
dois músculos da íris: o músculo dilatador (radial) e o 
músculo constritor (esfíncter) da pupila. O músculo 
dilatador da pupila é controlado pela inervação simpática, 
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56 • Fisiologia
 TABELA 2.3 Efeitos do Sistema Nervoso Autônomo sobre a Função dos Sistemas de Órgãos 
Simpático Parassimpático
Órgão Ação Receptor Ação Receptor
Coração
Nó SA, frequência cardíaca ↑ β 1 ↓ M
Condução do nó AV ↑ β 1 ↓ M
Contratilidade ↑ β 1 ↓ (apenas nos átrios) M
Musculatura Lisa Vascular
Cutânea; esplâncnica Contração α 1 
Musculatura esquelética Dilatação β 2 
Musculatura esquelética Contração α 1 
Endotélio Liberação de EDRF M
 Bronquíolos Dilatação β 2 Contração M
Trato Gastrintestinal
Musculatura lisa, paredes Relaxamento α 2 , β 2 Contração M
Musculatura lisa, esfíncteres Contração α 1 Relaxamento M
Secreção de saliva ↑ β 1 ↑ M
Secreção de ácido gástrico ↑ M
Secreção pancreática ↑ M
Bexiga
Parede, músculo detrusor Relaxamento β 2 Contração M
Esfíncter Contração α 1 Relaxamento M
 Genitália Masculina Ejaculação α 1 Ereção M
Olho
Músculo radial, íris Dilatação da pupila (midríase) α 1 
Músculo circular ou 
esfíncter, íris
Contração da pupila (miose) M
Músculo ciliar Relaxamento (visão de 
longe)
 β Contração (visão de perto) M
Pele
Glândulas sudoríparas, 
termorregulação
 ↑ M a 
Glândulas sudoríparas, 
estresse
 ↑ α 
Músculo piloeretor 
(arrepios)
Contração α 
 Glândulas Lacrimais Secreção M
 Fígado Gliconeogênese; 
glicogenólise
 α , β 2 
 Tecido adiposo Lipólise β 1 
 Rim Secreção de renina β 1 
 AV , Atrioventricular; EDRF , fator relaxante derivado do endotélio; M , receptor muscarínico; SA , sinoatrial. 
 a Neurônios colinérgicos simpáticos. 
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2—Sistema Nervoso Autônomo • 57 
por meio de receptores α 1 . A ativação desses receptores 
 α 1 causa a contração do músculo radial, provocando a 
 dilatação da pupila, ou midríase. O músculo constritor 
da pupila é controlado pela inervação parassimpática, 
por meio de receptores muscarínicos. A ativação desses 
receptores muscarínicos contrai o músculo do esfíncter, 
levando à contração da pupila, ou miose. 
 No refl exo pupilar à luz , por exemplo, a luz atinge 
a retina e, por meio de uma série de conexões no SNC, 
ativa neurônios pré-ganglionares parassimpáticos no 
núcleo de Edinger-Westphal; a ativação dessas fibras 
parassimpáticas contrai o músculo do esfíncter e a pupila. 
Na resposta de acomodação , uma imagem retiniana sem 
nitidez ativa neurônios pré-ganglionares parassimpáticos 
nos núcleos de Edinger-Westphal, contraindo o músculo 
do esfíncter e a pupila. Ao mesmo tempo, há contração 
do músculo ciliar, o que “arredonda” a lente e aumenta 
seu poder de refração. 
 Há algumas exceções notáveis na generalização da 
inervação recíproca. Diversos órgãos apresentam somente 
 inervação simpática : as glândulas sudoríparas, a mus-
culatura lisa vascular, os músculos piloeretores da pele, 
o fígado, o tecido adiposo e o rim. 
 Coordenação da Função nos Órgãos 
 A coordenação da função nos sistemas de órgãos, orques-
trada pelo sistema nervoso autônomo, é outro tema 
fi siológico recorrente ( Quadros 2.2 e 2.3 ). 
 Esse controle é bastante claro, por exemplo, ao con-
siderarmos a função da bexiga . Neste órgão, deve haver 
uma coordenação temporal entre a atividade do músculo 
detrusor da parede vesical e dos esfíncteres ( Figura 2.4 ). 
Assim, a atividade simpática é dominante quando a 
bexiga está se enchendo para relaxar a parede do órgão 
e, simultaneamente, contrair o esfíncter vesical interno. A 
bexiga pode ser enchida porque sua parede está relaxada e 
o esfíncter, fechado. Durante a micção, a atividade paras-
simpática é dominante, contraindo a parede da bexiga e, 
ao mesmo tempo, relaxando o esfíncter. 
 Uma lógica similar pode ser aplicada ao controle 
autônomo do trato gastrintestinal : a contração da parede 
do trato gastrintestinal é acompanhada pelo relaxamento 
(parassimpático) dos esfíncteres, permitindo que o 
conteúdo seja propelido para frente. O relaxamento da 
parede do trato gastrintestinal é acompanhado pela con-
tração (simpática) dos esfíncteres; o efeito combinado 
dessas ações é retardar ou interromper a movimentação 
de seu conteúdo. 
 Tipos de Receptores 
 A Tabela 2.3 traz algumas generalizações sobre os 
tipos de receptores e seus mecanismos de ação. Essas 
generalizações são: (1) na divisão parassimpática, os 
órgãos efetores apresentam receptores muscarínicos; 
(2) na divisão simpática, existem diversos tipos de 
receptores em órgãos efetores, incluindo os quatro 
β2
α1
M
M
β2
Enchimento da Bexiga Esvaziamento da Bexiga
Músculo
Músculo
detrusor
Esfíncter
interno
Esfíncter
interno
Estado
Relaxado
Contraído
Contraído
Mecanismo
de Controle
Simpático
Simpático
Voluntário
Estado
Contraído
Relaxado
Relaxado
Mecanismo
de Controle
Parassimpático
Parassimpático
Voluntário
Parassimpático
Simpático
α1
M
M
Medula espinal
L1
L2
L3
S2
S3
S4
 Fig. 2.4 Controle autonômico do funcionamento da bexiga. Durante o enchimento da 
bexiga, o controle simpático é predominante e há relaxamento do músculo detrusor e contração do 
esfíncter interno. Durante a micção, há predominância do controle parassimpático, com contração 
do músculo detrusor e relaxamento do esfíncter interno. As linhas pontilhadas representam a 
inervação simpática; as linhas sólidas representam a inervação parassimpática. α 1 , Adrenorreceptor 
no esfíncter interno; β 2 , adrenorreceptor no músculo detrusor; L1-L3 , segmentos lombares; M, 
colinorreceptor muscarínico no músculo detrusor e no esfíncter interno; S2.S4 , segmentos sacrais. 
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58 • Fisiologia
 QUADRO 2.2 Fisiologia Clínica: Síndrome de Horner 
 DESCRIÇÃO DO CASO. Um homem de 66 anos de idade 
sofreu um derramedo lado direito e apresenta queda 
da pálpebra direita (ptose), contração da pupila direita 
(miose) e ausência de sudorese no lado direito da face 
(anidrose). Seu médico solicita um exame com colírio de 
cocaína. A solução de cocaína a 10% aplicada no olho 
esquerdo causa dilatação da pupila (midríase). No olho 
direito, no entanto, a solução de cocaína não provoca a 
dilatação da pupila. 
 EXPLICAÇÃO DO CASO. O homem apresenta um caso 
clássico de síndrome de Horner secundária ao derrame. 
Nesta síndrome, há perda da inervação simpática do lado 
afetado da face. Assim, a perda de inervação simpática 
para o músculo liso que eleva a pálpebra direita causou 
ptose desse lado. A perda de inervação simpática para o 
músculo dilatador da pupila do lado direito provocou a 
contração da pupila direita. Por fi m, a perda de inervação 
simpática para as glândulas sudoríparas do lado direito 
da face causou anidrose ipsilateral. 
 Com a instilação do colírio no olho esquerdo (o 
lado não afetado), a cocaína bloqueou a recaptação de 
noradrenalina pelos nervos simpáticos que suprem o 
músculo dilatador da pupila; devido às maiores concen-
trações de noradrenalina nessas sinapses adrenérgicas, 
houve contração do músculo radial da íris, causando 
a dilatação prolongada da pupila. O uso do colírio de 
cocaína no olho direito não provocou dilatação da pupila 
devido à menor quantidade de noradrenalina nessas 
sinapses. 
 TRATAMENTO. O tratamento da síndrome de Horner é 
a resolução da causa subjacente. 
 QUADRO 2.3 Fisiologia Clínica: Síndrome de Shy-Drager 
 DESCRIÇÃO DO CASO. Um homem de 58 anos de 
idade, aparentemente saudável, começa a apresentar 
sintomas alarmantes. Ocasionalmente impotente, sua 
impotência progrediu e hoje é contínua. Além disso, 
ele apresenta enorme urgência de urinar, mas tem 
difi culdade em produzir um jato de urina. Ele relutou 
em procurar assistência médica para esses problemas, 
mas, em uma manhã, desmaiou ao se levantar da 
cama. Quando marcou uma consulta com o médico, 
apresentava tontura todas as manhãs e muitos sintomas, 
inclusive visão dupla, indigestão, diarreia e intolerância 
ao calor. 
 O paciente foi encaminhado para um neurologis-
ta, que realizou um exame ocular com instilação de 
metacolina no saco conjuntival; nesse homem, a 
metacolina provocou miose exagerada (contração da 
pupila devido à contração do músculo circular da íris). 
Por causa da natureza global dos sintomas do paciente 
e dos resultados desse exame ocular, o neurologista o 
diagnosticou com síndrome de Shy-Drager. 
 EXPLICAÇÃO DO CASO. A síndrome de Shy-Drager 
é uma doença rara e progressiva do sistema nervoso 
autônomo central associada à degeneração dos neurônios 
pré-ganglionares da coluna celular intermediolateral da 
medula espinal, dos gânglios autonômicos periféricos 
e dos centros autonômicos do hipotálamo. Consequen-
temente, há grave prejuízo das divisões simpática e 
parassimpática do sistema nervoso autônomo. 
 Os sintomas de impotência, difi culdade em urinar 
e intolerância ao calor são explicados pelos distúrbios 
simpáticos e parassimpáticos. A resposta sexual 
masculina é composta por ereção (receptores mus-
carínicos parassimpáticos) e ejaculação (receptores 
 α 1 simpáticos). O músculo detrusor da parede da 
bexiga é composto por musculatura lisa, com inervação 
simpática (receptores β 2 ) e parassimpática (receptores 
muscarínicos); o esfíncter interno da bexiga também é 
composto por músculo liso, com inervações simpática 
(receptores α 1 ) e parassimpática (receptores muscaríni-
cos). As glândulas sudoríparas termorreguladoras estão 
sob controle simpático. 
 A resposta ocular exagerada à metacolina (um agonis-
ta muscarínico colinérgico) talvez seja surpreendente, 
já que o sistema nervoso parassimpático do paciente 
está prejudicado; no entanto, os resultados do exame 
fazem sentido, uma vez que a perda da inervação 
parassimpática do músculo circular da íris provoca a 
regulação positiva dos receptores colinérgicos e, assim, 
aumenta a resposta a um agonista colinérgico exógeno 
(hipersensibilidade por desnervação). 
 O paciente apresentava hipotensão ortostática, ou 
seja, diminuição da pressão arterial ao ficar em pé. 
Ao se levantar, o sangue se acumula nos membros 
inferiores, o que reduz a pressão arterial. Em pes-
soas normais, a queda da pressão arterial evoca o 
refl exo barorreceptor, com participação dos sistemas 
nervosos simpático e parassimpático; juntas, essas res-
postas autonômicas normalizam a pressão arterial. O 
mecanismo barorreceptor do paciente foi extremamente 
prejudicado e sua pressão arterial não pôde ser corrigida 
por refl exos autonômicos, por isso ele sentia tontura e 
até desmaiou. 
 TRATAMENTO. O paciente foi instruído a manter a 
cabeça elevada durante o sono (para reduzir os efeitos 
ortostáticos sobre a pressão arterial ao se levantar), 
usar meias de compressão para impedir o acúmulo 
de sangue nas pernas e tomar um análogo da aldos-
terona para aumentar o volume sanguíneo. Cada uma 
dessas medidas foi uma tentativa de melhorar a tontura 
e os desmaios ao se levantar. Os tratamentos foram 
paliativos; não há cura para essa doença degenerativa 
e fatal. 
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2—Sistema Nervoso Autônomo • 59 
adrenorreceptores ( α 1 , α 2 , β 1 e β 2 ); nos tecidos com 
inervação simpática colinérgica, há receptores mus-
carínicos; (3) entre os adrenorreceptores simpáticos, 
o tipo de receptor está relacionado com a função. Os 
receptores α 1 contraem músculos lisos, como a mus-
culatura lisa vascular, os esfíncteres gastrintestinais e 
vesicais, os músculos piloeretores e o músculo radial da 
íris. Os receptores β 1 participam de funções metabólicas, 
como a gliconeogênese, a lipólise e a secreção de renina, 
assim como de todas as funções cardíacas. Os receptores 
 β 2 relaxam a musculatura lisa dos bronquíolos, da parede 
da bexiga e da parede do trato gastrintestinal. 
 Centros do Hipotálamo e do Tronco Encefálico 
 Os centros do hipotálamo e do tronco encefálico 
coordenam a regulação autônoma das funções dos sis-
temas de órgãos. A Figura 2.5 resume as localizações 
desses centros, que são responsáveis pela regulação da 
temperatura, pela sede, pela ingestão de alimentos (fome 
e saciedade), pela micção, pela respiração e pela função 
cardiovascular (vasomotora). O centro vasomotor, por 
exemplo, recebe informações sobre a pressão arterial de 
barorreceptores localizados no seio carotídeo e compara 
essas informações com a pressão arterial ideal. Se houver 
necessidade de correção, o centro vasomotor orquestra 
alterações nas inervações simpáticas e parassimpáticas do 
coração e dos vasos sanguíneos, modifi cando a pressão 
arterial. Esses centros autonômicos superiores são dis-
cutidos em todo este livro no contexto de cada sistema 
de órgãos. 
 RECEPTORES AUTONÔMICOS 
 Como observado na discussão anterior, os receptores 
autonômicos estão presentes nos corpos celulares de 
neurônios pós-ganglionares e nos órgãos efetores. O 
tipo de receptor e seu mecanismo de ação determinam 
a natureza da resposta fi siológica. Além disso, as res-
postas fi siológicas são específi cas para o tecido e o tipo 
celular. 
 Para ilustrar tal especifi cidade, compare o efeito da 
ativação de receptores adrenérgicos β 1 no nó SA com 
o efeito dessa mesma ativação no músculo ventricular. 
Tanto o nó SA quanto o músculo ventricular estão 
Centro vasomotor
(cardiovascular)
Centro pneumotáxico
Centro da micção
Ingestão de alimento
Sede
Regulação da
temperatura
Centro respiratório
Centros da deglutição,
da tosse e do vômito
CI
Mesencéfalo
Hipotálamo
Ponte
Bulbo
Medula espinal
 Fig. 2.5 Centros autonômicos no hipotálamo e no tronco encefálico. CI , Primeiro segmento 
cervical da medula espinal. 
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60 • Fisiologia
localizadosno coração, e seus receptores adrenérgicos e 
mecanismos de ação são os mesmos. As ações fi siológicas 
resultantes, porém, são completamente diferentes. O 
 receptor β 1 do nó SA está associado a mecanismos que 
aumentam a frequência espontânea de despolarização e 
a frequência cardíaca; a ligação de um agonista, como a 
noradrenalina, a este receptor β 1 aumenta a frequência 
cardíaca. O receptor β 1 do músculo ventricular está 
associado a mecanismos que aumentam a concentração 
intracelular de Ca 2+ e a contratilidade; a ligação de 
um agonista, como a noradrenalina, a este receptor β 1 
aumenta a contratilidade, mas não exerce efeito direto 
sobre a frequência cardíaca. 
 O tipo de receptor também indica qual agonista ou 
antagonista farmacológico o ativa ou bloqueia. Os efeitos 
desses fármacos podem ser facilmente previstos pela com-
preensão das respostas fi siológicas normais . Os fármacos 
que são agonistas β 1 , por exemplo, devem aumentar a 
frequência cardíaca e a contratilidade, enquanto os 
antagonistas β 1 devem diminuir a frequência cardíaca e 
a contratilidade. 
 A Tabela 2.4 resume as características dos receptores 
adrenérgicos e colinérgicos, seus tecidos-alvo e seus meca-
nismos de ação. A Tabela 2.2 é disposta de forma similar, 
por tipo de receptor, e lista os fármacos prototípicos que 
ativam ( agonistas ) ou bloqueiam ( antagonistas ) os recep-
tores. Juntas, essas duas tabelas devem ser usadas como 
referência durante a discussão sobre os mecanismos de 
ação. Esses mecanismos, com participação das proteínas 
ligantes do trifosfato de guanosina (GTP) (proteínas G), 
da adenilil ciclase e do 1,4,5-trifosfato de inositol (IP 3 ), 
são também discutidos, no Capítulo 9 , no contexto da 
ação hormonal. 
 Proteínas G 
 Os receptores autonômicos são associados a proteínas 
ligantes de GTP (proteínas G) e, assim, são denomina-
dos receptores ligados à proteína G . Esses receptores, 
inclusive aqueles do sistema nervoso autônomo, são 
compostos por uma única cadeia polipeptídica que 
atravessa a membrana celular sete vezes e, por isso, 
são conhecidos como receptores proteicos transmem-
brânicos de sete passagens. O ligante (p. ex., ACh, 
noradrenalina) interage com o domínio extracelular 
de seu receptor ligado à proteína G. O domínio 
intracelular do receptor se liga (é “associado”) à 
proteína G. 
 Essas proteínas G são heterotriméricas . Em outras 
palavras, apresentam três diferentes subunidades: α , 
 β e γ . A subunidade α se liga ao difosfato de guano-
sina (GDP) ou ao GTP. Quando o GDP está ligado, a 
subunidade α é inativa; quando o GTP está ligado, a 
subunidade α é ativa. Assim, a atividade da proteína 
G reside em sua subunidade α e esta proteína alterna 
entre os estados ativo e inativo de acordo com sua 
ligação ao GDP ou GTP. Quando a proteína G libera o 
GDP e se liga ao GTP, por exemplo, passa do estado 
inativo para o estado ativo; quando o GTP é novamente 
convertido em GDP por meio da atividade intrínseca 
da GTPase da proteína G, há mudança do estado ativo 
para o inativo. 
 As proteínas G acoplam receptores autonômicos 
ligados à proteína G a enzimas que executam ações 
fisiológicas. Estas enzimas são a adenilil ciclase e a 
fosfolipase C, que, quando ativadas, dão origem a um 
segundo mensageiro (monofosfato cíclico de adenosina 
[AMPc] ou IP 3 , respectivamente). O segundo mensageiro 
amplifi ca, então, a mensagem e executa a ação fi siológica 
final. Em alguns casos (p. ex., em certos receptores 
muscarínicos), a proteína G altera diretamente a função 
de um canal iônico sem a mediação de um segundo 
mensageiro. 
 Adrenorreceptores 
 Os adrenorreceptores são encontrados em tecidos-alvo 
do sistema nervoso simpático e são ativados pelas cate-
colaminas noradrenalina e adrenalina. A noradrenalina 
é liberada por neurônios pós-ganglionares do sistema 
nervoso simpático. A adrenalina é secretada pela medula 
da adrenal e chega aos tecidos-alvo por meio da circulação. 
Os adrenorreceptores são divididos em dois tipos, α e 
 β , que ainda se dividem em α 1 , α 2 , β 1 e β 2 . Cada um 
desses tipos de receptores possui um mecanismo de ação 
diferente (exceto os receptores β 1 e β 2 , que têm o mesmo 
mecanismo de ação), provocando efeitos fi siológicos dis-
tintos ( Tabelas 2.3 e 2.4 ). 
 Receptores α 1 
 Os receptores α 1 são encontrados na musculatura lisa 
vascular (da pele, nos músculos esqueléticos e na 
região esplâncnica), nos esfíncteres do trato gastrintes-
tinal e da bexiga, além de no músculo radial da íris. 
A ativação dos receptores α 1 leva à contração de cada 
um desses tecidos. O mecanismo de ação envolve uma 
proteína G denominada G q e a ativação da fosfolipase 
C , ilustrada na Figura 2.6 . Os números circulados na 
figura correspondem às etapas discutidas, da seguinte 
maneira: 
 1. O receptor α 1 está inserido na membrana celular, onde 
é acoplado, via proteína G q , à fosfolipase C. No estado 
inativo, a subunidade α q da proteína G q heterotrimérica 
está ligada ao GDP. 
 2. Quando um agonista, como a noradrenalina, se liga 
ao receptor α 1 (etapa 1), a unidade α q da proteína G q 
sofre uma alteração conformacional. Esta alteração 
conformacional tem dois efeitos (etapa 2): a liberação 
do GDP da unidade α q e sua substituição por GTP e a 
liberação da subunidade α q (ligada ao GTP) do restante 
da proteína G q . 
 3. O complexo α q -GTP desloca-se pela membrana celular e 
se liga à fosfolipase C, ativando-a (etapa 3). A atividade 
GTPase intrínseca, então, converte o GTP em GDP e 
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2—Sistema Nervoso Autônomo • 61 
a subunidade α q retorna ao estado inativo (não mos-
trado). 
 4. A fosfolipase C ativada catalisa a liberação de 
diacilglicerol e IP 3 do 4,5-difosfato de fosfatidilinositol 
(etapa 4). O IP 3 gerado provoca a liberação de Ca 2+ de 
estoques intracelulares nos retículos endoplasmáticos 
ou sarcoplasmáticos, aumentando a concentração 
intracelular de Ca 2+ (etapa 5). Juntos, o Ca 2+ e o 
diacilglicerol ativam a proteína quinase C (etapa 6), 
que fosforila proteínas. Estas proteínas fosforiladas 
executam as ações fi siológicas fi nais (etapa 7), como 
a contração de músculos lisos. 
 Receptores α 2 
 Os receptores α 2 são inibidores, localizados pré e pós
-sinapticamente, e são menos comuns do que os recep-
tores α 1 . Esses receptores são encontrados em terminais 
nervosos adrenérgicos e colinérgicos pré-sinápticos e no 
trato gastrintestinal. Existem duas formas de receptores 
 α 2 , os autorreceptores e os heterorreceptores. 
 Os receptores α 2 presentes nos terminais nervosos 
pós-ganglionares simpáticos são denominados autor-
receptores . Nessa função, a ativação de receptores α 2 
pela noradrenalina liberada por terminais nervosos 
pré-sinápticos inibe a maior liberação da molécula 
pelas mesmas estruturas; esta retroalimentação 
negativa conserva a noradrenalina em estados de 
alta estimulação do sistema nervoso simpático. É 
interessante notar que a medula da adrenal não pos-
sui receptores α 2 , portanto não está sujeita à inibição 
por retroalimentação e, consequentemente, a medula 
da adrenal pode esgotar as catecolaminas durante 
períodos de estresse prolongado. 
 Os receptores α 2 presentes em terminais nervosos pós
-ganglionares do trato gastrintestinal são denominados 
 heterorreceptores . A noradrenalina é liberada por 
fi bras pós-ganglionares simpáticas que fazem sinapse 
com essas fibras pós-ganglionares parassimpáticas. 
Quando ativados pela noradrenalina, os receptores α 2 
inibem a liberação de ACh pelos terminais nervosos 
pós-ganglionares parassimpáticos. Dessa forma, o sis-
tema nervoso simpático inibe, indiretamente, a função 
gastrintestinal (ou seja, por meio da inibição da atividade 
parassimpática). 
 O mecanismo de ação dessesreceptores envolve a 
 inibição da adenilil ciclase , descrita pelas seguintes 
etapas: 
 1. O agonista (p. ex., noradrenalina) se liga ao receptor α 2 , 
que está acoplado à adenilil ciclase por uma proteína 
G inibidora, G i . 
 TABELA 2.4 Localização e Mecanismo de Ação dos Receptores Autonômicos 
Receptor Tecido-Alvo Mecanismo de Ação
Adrenorreceptores
 α 1 Musculatura lisa vascular, (cutânea, renal e 
esplâncnica) 
 Trato gastrintestinal, esfíncteres 
 Bexiga, esfíncter 
 Músculo radial, íris
IP 3 , ↑ intracelular de [Ca 2+ ]
 α 2 Trato gastrintestinal, parede 
 Neurônios adrenérgicos pré-sinápticos
Inibição de adenilil ciclase, ↓ AMPc
 β 1 Coração 
 Glândulas salivares 
 Tecido adiposo 
 Rim
Estimulação de adenilil ciclase, ↑ AMPc
 β 2 Musculatura lisa vascular de músculos esqueléticos 
 Trato gastrintestinal, parede 
 Bexiga, parede 
 Bronquíolos
Estimulação de adenilil ciclase, ↑ AMPc
Colinorreceptores
Nicotínicos Neurônios pós-ganglionares, SNS e SNP (N 2 ) 
 Medula da adrenal (N 2 )
Abertura dos canais de Na+ e K+ → 
despolarização
Muscarínicos Todos os órgãos efetores, SNP 
 Glândulas sudoríparas, SNS
IP 3 , ↑ intracelular de [Ca 2+ ] (M 1 , M 3 , M 5 ) 
 ↓ adenilil ciclase, ↓ AMPc (M 2 , M 4 )
 AMPc , Monofosfato cíclico de adenosina; IP 3 , 1,4,5-trifosfato de inositol; SNP , sistema nervoso parassimpático; SNS , sistema nervoso simpático. 
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62 • Fisiologia
 2. Com a noradrenalina ligada, a proteína G i libera o GDP 
e se liga ao GTP, e a subunidade α i se dissocia do 
complexo da proteína G. 
 3. A subunidade α i , então, desloca-se pela membrana, 
liga-se à adenilil ciclase e a inibe. Por causa disso, 
os níveis de AMPc diminuem, produzindo a resposta 
fi siológica fi nal. 
 Receptores β 1 
 Os receptores β 1 são proeminentes no coração, sendo 
encontrados no nó SA, no nó atrioventricular (AV) e 
no músculo ventricular. Nesses tecidos, a ativação dos 
receptores β 1 aumenta a frequência cardíaca no nó SA, 
a velocidade de condução no nó AV e a contratilidade 
do músculo ventricular, respectivamente. Os receptores 
também estão localizados nas glândulas salivares, no 
tecido adiposo e nos rins (onde promovem a secreção de 
renina). O mecanismo de ação dos receptores β 1 envolve 
uma proteína G s e a ativação da adenilil ciclase . Esta 
ação é ilustrada na Figura 2.7 e composta pelas seguintes 
etapas, que correspondem aos números circulados na 
fi gura: 
 1. Da mesma forma que outros receptores autonômicos, 
os receptores β 1 estão inseridos na membrana celular. 
Esses receptores são acoplados, por uma proteína G s , 
à adenilil ciclase. No estado inativo, a subunidade α s 
da proteína G s está ligada ao GDP. 
 2. Quando um agonista, como a noradrenalina, se liga ao 
receptor β 1 (etapa 1), a unidade α s sofre uma alteração 
conformacional. Esta alteração conformacional tem 
GDP
GTP
˜
1
2
3
7
6 5
4
Noradrenalina
Inativo
αq β γ˜
Receptor α1 Proteína Gq ˜
Fosfolipase C
Receptor α1 Proteína Gq Fosfolipase C
Noradrenalina
Ativo
αq
β γ˜
Diacilglicerol
proteína quinase C
PIP2
Ca2+ liberado
do RE ou RS
RECEPTORES α1
IP3
Ações fisiológicas
 Fig. 2.6 Mecanismo de ação dos adrenorreceptores α 1 . No estado inativo, a subunidade α q da 
proteína G q é ligada ao GDP. No estado ativo, com a noradrenalina ligada ao receptor α 1 , a subunidade 
 α q está ligada ao GTP. α q , β e γ são subunidades da proteína G q . Os números circulados correspondem 
às etapas discutidas no texto. RE , Retículo endoplasmático; GDP , difosfato de guanosina; G q , proteína 
G; GTP , trifosfato de guanosina; IP 3 , 1,4,5-trifosfato de inositol; PIP 2 , 4,5-difosfato de fosfatidilinositol; 
 RS ; retículo sarcoplasmático. 
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2—Sistema Nervoso Autônomo • 63 
dois efeitos (etapa 2): a liberação do GDP da unidade α s 
e sua substituição por GTP e a liberação da subunidade 
 α s ativada do complexo da proteína G. 
 3. O complexo α s -GTP desloca-se pela membrana celular 
e se liga à adenilil ciclase, ativando-a (Etapa 3). A 
atividade GTPase intrínseca, então, converte o GTP 
em GDP e a subunidade α s retorna a seu estado inativo 
(não mostrado). 
 4. A adenilil ciclase ativada catalisa a conversão do 
ATP em AMPc, que atua como segundo mensageiro 
(etapa 4). O AMPc , por meio de etapas que envolvem 
a ativação de proteínas quinases, inicia as ações 
fisiológicas finais (etapa 5). Como anteriormente 
mencionado, essas ações fi siológicas são específi cas 
dos tecidos e tipos celulares. A ativação de receptores 
 β 1 no só SA provoca a elevação da frequência cardíaca; 
no músculo ventricular, o aumento da contratilidade; 
nas glândulas salivares, há aumento da secreção; e, 
nos rins, há secreção de renina. 
 Receptores β 2 
 Os receptores β 2 são encontrados na musculatura lisa 
vascular dos músculos esqueléticos, nas paredes do trato 
gastrintestinal e da bexiga e nos bronquíolos. Nesses 
tecidos, a ativação dos receptores β 2 provoca relaxamento 
ou dilatação. O mecanismo de ação dos receptores β 2 é 
similar ao dos receptores β 1 : ativação de uma proteína 
G s , liberação da subunidade α s , estimulação da adenilil 
ciclase e geração de AMPc ( Figura 2.7 ). 
GDP
GTP
Inativo
1
2
3
5
4
RECEPTORES β1 E β2
Noradrenalina
αs β γ
Receptor β
Receptor β
Proteína Gs Adenilil ciclase
Noradrenalina
Ativo
αs
β γ
Proteína Gs
AMPcATP
Adenilil ciclase
Ações fisiológicas
˜ ˜
˜ ˜
 Fig. 2.7 Mecanismo de ação dos adrenorreceptores β . No estado inativo, a subunidade 
 α s da proteína G s é ligada ao GDP. No estado ativo, com a noradrenalina ligada ao receptor 
 β , a subunidade α s está ligada ao GTP. Os receptores β 1 e β 2 possuem o mesmo mecanismo 
de ação. Os números circulados correspondem às etapas discutidas no texto. ATP , Trifosfato de 
adenosina; AMPc , monofosfato cíclico de adenosina; GDP , difosfato de guanosina; GTP , trifosfato 
de guanosina. 
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64 • Fisiologia
 Respostas dos Adrenorreceptores à Noradrenalina 
e à Adrenalina 
 Existem diferenças significativas nas respostas dos 
adrenorreceptores α 1 , β 1 e β 2 às catecolaminas nora-
drenalina e adrenalina. Estas diferenças são explicadas a 
seguir, lembrando que a noradrenalina é a catecolamina 
liberada pelas fi bras nervosas adrenérgicas simpáticas 
pós-ganglionares, enquanto a adrenalina é a principal 
catecolamina liberada pela medula da adrenal: (1) a 
noradrenalina e a adrenalina possuem quase a mes-
ma potência em receptores α 1 , sendo esta última um 
pouco mais potente. No entanto, em comparação com 
os receptores β , os receptores α 1 são relativamente 
insensíveis às catecolaminas. A ativação de receptores 
 α 1 requer concentrações maiores de catecolaminas 
do que a ativação de receptores β . Fisiologicamente, 
essas altas concentrações são localmente atingidas 
quando a noradrenalina é liberada por fi bras nervosas 
simpáticas pós-ganglionares, mas não após a liberação 
de catecolaminas pela medula da adrenal. A quantidade 
de adrenalina (e noradrenalina) liberada pela medula 
da adrenal na resposta de luta ou fuga, por exemplo, 
é insufi ciente para a ativação de receptores α 1 ; (2) a 
noradrenalina e a adrenalina são equipotentes em 
 receptores β 1 . Como já mencionado, concentrações 
muito menores de catecolaminas ativam os receptores 
 β 1 em comparação com os receptores α 1 . Assim, a nora-
drenalina liberada pelas fi bras nervosas simpáticas ou 
a adrenalina liberada pela medula da adrenal ativa os 
receptores β 1 ; (3) os receptores β 2 são preferencialmente 
ativados pelaadrenalina. Assim, a adrenalina liberada 
pela medula da adrenal deve ativar os receptores β 2 , mas 
não a noradrenalina liberada pelas terminações nervosas 
simpáticas. 
 Colinorreceptores 
 Existem dois tipos de colinorreceptores: nicotínicos e 
muscarínicos. Os receptores nicotínicos são encontrados 
em todos os gânglios autonômicos e nas células cromafi ns 
da medula da adrenal. Os receptores muscarínicos são 
encontrados em todos os órgãos efetores da divisão 
parassimpática e em alguns órgãos efetores da divisão 
simpática. 
 Receptores Nicotínicos 
 Os receptores nicotínicos são encontrados em diversos 
locais importantes: na placa motora dos músculos 
esqueléticos, em todos os neurônios pós-ganglionares 
dos sistemas nervosos simpático e parassimpático e nas 
células cromafi ns da medula da adrenal. A ACh é seu 
agonista natural e é liberada pelos motoneurônios e por 
todos os neurônios pré-ganglionares. 
 Não se sabe se o receptor nicotínico na placa motora 
terminal é idêntico ao receptor nicotínico dos gânglios 
autonômicos. Essa questão pode ser respondida pela 
análise das ações dos fármacos que atuam como agonis-
tas ou antagonistas nesses receptores. Os receptores 
nicotínicos dos dois locais certamente são similares: 
ambos são ativados pelos agonistas ACh, nicotina 
e carbacol e antagonizados pelo curare ( Tabela 2.2 ). 
Outro antagonista do receptor nicotínico, no entanto, o 
 hexametônio , bloqueia-o nos gânglios, mas não na placa 
motora. Assim, pode-se concluir que os receptores desses 
dois locais são similares, mas não idênticos; os receptores 
nicotínicos da placa motora da musculatura esquelética 
são denominados N 1 , e os receptores nicotínicos dos 
gânglios autonômicos são chamados N 2 . Segundo essa 
distinção farmacológica, substâncias como o hexame-
tônio são agentes bloqueadores ganglionares, mas não 
bloqueadores neuromusculares. 
 É possível chegar a uma segunda conclusão sobre 
os agentes bloqueadores ganglionares , como o 
hexametônio. Esses agentes devem inibir receptores 
nicotínicos em gânglios simpáticos e parassimpáticos, 
e, assim, produzir efeitos disseminados sobre a 
função autonômica. Para prever as ações de agentes 
bloqueadores ganglionares em um determinado órgão, 
porém, é necessário saber se o controle dominante 
desse órgão é simpático ou parassimpático. A mus-
culatura lisa vascular , por exemplo, apresenta apenas 
inervação simpática, que causa vasoconstrição; dessa 
forma, os agentes bloqueadores ganglionares relaxam 
a musculatura lisa vascular e provocam vasodilatação. 
(Devido a essa propriedade, os agentes bloqueadores 
ganglionares podem ser usados no tratamento da 
hipertensão.) Por outro lado, a função sexual mas-
culina é dramaticamente prejudicada por agentes 
bloqueadores ganglionares, já que a resposta sexual do 
homem apresenta componentes simpáticos (ejaculação) 
e parassimpáticos (ereção). 
 O mecanismo de ação dos receptores nicotínicos, 
seja na placa motora ou nos gânglios, é baseado no fato 
de que esse receptor de ACh é também um canal para 
Na + e K + . Quando o receptor nicotínico é ativado pela 
ACh, o canal se abre, permitindo a passagem simultânea 
de Na + e K + conforme seus respectivos gradientes ele-
troquímicos. 
 A Figura 2.8 ilustra a função dos receptores/canais 
nicotínicos em dois estados: fechado e aberto. O receptor 
nicotínico é uma proteína integral da membrana celular 
composta por cinco subunidades: duas α , uma β , uma δ 
e uma γ . Estas cinco subunidades formam um funil ao 
redor da abertura central. Quando não há ACh ligada , 
a abertura do canal está fechada. Quando a ACh está 
ligada a cada uma das duas subunidades α , há uma 
mudança conformacional em todas as subunidades, 
abrindo a área central do canal. Com a abertura do 
centro do canal, o Na + e o K + fl uem de acordo com 
seus respectivos gradientes eletroquímicos (Na + para 
dentro da célula e K + para fora da célula) e cada íon 
tenta levar o potencial de membrana a seu potencial 
de equilíbrio. O potencial de membrana resultante é a 
média entre os potenciais de equilíbrio dos dois íons, 
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2—Sistema Nervoso Autônomo • 65 
aproximadamente 0 milivolt, o que corresponde a um 
estado despolarizado. 
 Receptores Muscarínicos 
 Os receptores muscarínicos estão localizados em todos 
os órgãos efetores do sistema nervoso parassimpático: 
no coração, no trato gastrintestinal, nos bronquíolos, na 
bexiga e nos órgãos sexuais masculinos. Esses receptores 
também são encontrados em certos órgãos efetores do 
sistema nervoso simpático, especifi camente nas glândulas 
sudoríparas. 
 Alguns receptores muscarínicos (p. ex., M 1 , M 3 e 
M 5 ) apresentam o mesmo mecanismo de ação que 
os adrenorreceptores α 1 ( Figura 2.6 ). Nesses casos, 
a ligação do agonista (ACh) ao receptor muscarínico 
provoca a dissociação da subunidade α da proteína G, 
a ativação da fosfolipase C e a geração de IP 3 e diacil-
glicerol. O IP 3 libera o Ca 2+ armazenado e o aumento da 
concentração intracelular deste íon associado à presença 
de diacilglicerol produz as ações fi siológicas específi cas 
ao tecido. 
 Outros receptores muscarínicos (p. ex., M 4 ) inibem 
a adenilil ciclase e reduzem os níveis intracelulares de 
AMPc. 
 Outro tipo de receptores muscarínicos (M 2 ) altera 
os processos fisiológicos por meio da ação direta da 
proteína G . Nesses casos, não há participação de 
segundos mensageiros. Os receptores muscarínicos do 
 nó SA do coração, por exemplo, quando ativados pela 
ACh, ativam a proteína G i e liberam a subunidade α i , 
que se liga diretamente aos canais de K + do nó SA. 
Quando as subunidades α i se ligam aos canais de K + , 
estes se abrem e diminuem a taxa de despolarização 
do nó SA e a frequência cardíaca. Nesse mecanismo, 
não há estimulação ou inibição de adenilil ciclase ou 
fosfolipase C, nem a participação de quaisquer segundos 
mensageiros; em vez disso, a proteína G i age diretamente 
sobre o canal iônico ( Quadro 2.4 ) 
Líquido
extracelular
ACh ACh
α αγ
β
δ
γ
α α
Canal aberto
K+
Na+
Canal fechadoLíquido
intracelular
ACh ACh
RECEPTOR NICOTÍNICO
 Fig. 2.8 Mecanismo de ação dos colinorreceptores nicotínicos. O receptor nicotínico para 
acetilcolina (ACh) é um canal iônico para Na + e K + . O receptor possui cinco subunidades: duas α , 
uma β , uma δ e uma γ . 
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66 • Fisiologia
 RESUMO 
 � O sistema nervoso autônomo é composto por duas 
divisões principais, simpática e parassimpática, que 
operam de forma coordenada para regular as funções 
involuntárias. A divisão simpática é toracolombar e 
originária da medula espinal. A divisão parassimpática 
é craniossacral, sendo originária do tronco encefálico 
e da porção sacral da medula espinal. 
 � As vias eferentes do sistema nervoso autônomo são 
compostas por um neurônio pré-ganglionar e um 
neurônio pós-ganglionar, que fazem sinapse em um 
gânglio autônomo. Os axônios dos neurônios pós-gan-
glionares, então, trafegam até a periferia para inervar 
os órgãos efetores. A medula da adrenal é um gânglio 
especializado da divisão simpática; quando estimulada, 
secreta catecolaminas na circulação. 
 � De modo geral, as inervações simpáticas e parassim-
páticas dos órgãos ou sistemas de órgãos têm efeitos 
recíprocos. Estes efeitos são coordenados por centros 
autonômicos no tronco encefálico e no hipotálamo. Os 
centros autonômicos do tronco encefálico controlam 
a frequência cardíaca, por exemplo, ao modularem a 
atividade simpática e parassimpática no nó SA. 
 � Os receptores para neurotransmissores do sistema ner-
voso autônomo são adrenérgicos (adrenorreceptores) 
ou colinérgicos (colinorreceptores). Os adrenorrecep-
tores são ativados pelas catecolaminas noradrenalina 
e adrenalina; os colinorreceptores,por ACh. 
 � Os receptores autonômicos são acoplados a proteínas 
G, que podem ser estimuladoras (G s ) ou inibidoras (G i ). 
As proteínas G, por sua vez, ativam ou inibem enzimas 
que são responsáveis pelas ações fi siológicas fi nais. 
 � O mecanismo de ação dos adrenorreceptores pode ser 
explicado da seguinte maneira: os receptores α 1 atuam 
mediante a ativação da fosfolipase C e a geração de 
IP 3 . Os receptores β 1 e β 2 agem por meio da ativação 
de adenilil ciclase e a geração de AMPc; os receptores 
 α 2 atuam por intermédio da inibição da adenilil ciclase. 
 � O mecanismo de ação dos colinorreceptores pode ser 
explicado da seguinte forma: os receptores nicotínicos 
atuam como canais iônicos para Na + e K + . Muitos 
receptores muscarínicos apresentam o mesmo mecanis-
mo de ação que os receptores α 1 ; em alguns receptores 
muscarínicos, há ação direta da proteína G no mecanis-
mo fi siológico. 
 QUADRO 2.4 Fisiologia Clínica: Tratamento 
do Enjoo por Movimento (Cinetose) com um 
Antagonista de Receptor Muscarínico 
 DESCRIÇÃO DO CASO. Uma mulher que planeja 
realizar um cruzeiro de 10 dias pede que seu médico 
receite algo que previna o enjoo por movimento. O 
médico prescreve escopolamina, uma substância 
similar à atropina, e recomenda à paciente que ela 
tome a medicação durante toda a viagem. Tomando o 
fármaco, a mulher não tem náuseas ou vomita, como 
esperado, mas apresenta secura na boca, dilatação das 
pupilas (midríase), aumento da frequência cardíaca 
(taquicardia) e difi culdade de micção. 
 EXPLICAÇÃO DO CASO. A escopolamina, como a 
atropina, bloqueia os receptores colinérgicos mus-
carínicos nos tecidos-alvo. Este fármaco pode, de 
fato, ser usado com sucesso no tratamento do enjoo 
por movimento, cuja etiologia envolve receptores 
muscarínicos do sistema vestibular. As reações 
adversas que a paciente apresentou durante o 
tratamento com escopolamina podem ser explicadas 
pela fisiologia dos receptores muscarínicos nos 
tecidos-alvo. 
 A ativação dos receptores muscarínicos aumenta 
a salivação, contrai as pupilas, diminui a frequência 
cardíaca (bradicardia) e contrai a parede da bexiga 
durante a micção ( Tabela 2.2 ), portanto a inibição 
dos receptores muscarínicos por meio da adminis-
tração de escopolamina deve provocar sintomas 
relacionados com diminuição da salivação (boca 
seca), dilatação das pupilas (devido à livre infl uência 
do sistema nervoso simpático sobre o músculo 
radial), aumento da frequência cardíaca e micção 
lenta (causada pela perda do tônus contrátil da 
parede da bexiga). 
 TRATAMENTO. Interrupção da administração de 
escopolamina. 
 Desafi e-se 
 Responda a cada pergunta com uma palavra, 
expressão, frase ou solução numérica. Se a 
questão vier acompanhada por uma lista de 
possíveis respostas, uma, mais de uma ou 
nenhuma das escolhas pode estar correta. As 
respostas corretas são mostradas no fi nal do livro. 
 1. Qual(is) da(s) seguinte(s) ação(ões) é(são) 
mediada(s) por receptores β 2 : aumento da 
frequência cardíaca, contração dos esfíncteres 
gastrintestinais, contração da musculatura lisa 
vascular, dilatação das vias aéreas, relaxamento 
da parede da bexiga? 
 2. Uma mulher que está tomando atropina 
para tratamento de uma doença gastrintestinal 
nota que suas pupilas estão dilatadas. Isto 
ocorreu porque a atropina bloqueia os receptores 
_______________ do músculo _________________ 
da íris. 
 3. Qual(is) da(s) seguinte(s) é(são) 
característica(s) do sistema nervoso 
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2—Sistema Nervoso Autônomo • 67 
parassimpático, mas não do sistema nervoso 
simpático: gânglios em tecidos-alvo ou regiões 
próximas, receptores nicotínicos em neurônios 
pós-ganglionares, receptores muscarínicos em 
alguns tecidos-alvo, receptores β 1 em alguns 
tecidos-alvo, neurônios pré-ganglionares 
colinérgicos? 
 4. O propranolol diminui a frequência 
cardíaca por ________________ os receptores 
________________ no nó sinoatrial do coração. 
 5. Qual(is) da(s) seguinte(s) ação(ões) é(são) 
mediada(s) pelo mecanismo da adenilil ciclase: 
efeito do sistema nervoso parassimpático para 
aumento da secreção ácida no estômago, efeito 
da adrenalina para aumento da contratilidade 
cardíaca, efeito da adrenalina para aumento 
da frequência cardíaca, efeito da acetilcolina 
para redução da frequência cardíaca, efeito da 
acetilcolina para contração das vias aéreas, 
contração da musculatura lisa vascular nos vasos 
sanguíneos esplâncnicos? 
 6. Qual enzima é responsável pela maior síntese 
de adrenalina do que de noradrenalina pela 
medula da adrenal? 
 7. Um homem teve um feocromocitoma que 
causou uma grave elevação em sua pressão 
arterial. Antes da cirurgia para remoção do tumor, 
o paciente foi tratado com o fármaco errado, 
que aumentou ainda mais sua pressão arterial. 
Diga duas classes farmacológicas que podem ter 
sido erroneamente administradas e causado essa 
elevação. 
 8. A bexiga de um homem está cheia. Ao 
urinar, os receptores __________ provocam 
__________ do músculo detrusor e os receptores 
__________ provocam __________ do esfíncter 
interno. 
 9. Na ação dos receptores α 1 , qual é a ordem 
correta das etapas: ligação de α q ao GDP, ligação 
de α q ao GTP, geração de IP 3 , liberação de Ca 2+ 
dos depósitos intracelulares, ativação da proteína 
quinase, ativação da fosfolipase C? 
 10. Quais das seguintes ações são mediadas por 
receptores muscarínicos: redução da velocidade 
de condução no nó AV, secreção ácida no 
estômago, midríase, contração dos esfíncteres 
gastrintestinais, ereção, secreção de renina, 
sudorese em um dia quente? 
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