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LUCIELE BRAGA – ODONTOLOGIA Dentes impactados Dentes que não conseguem erupcionar geralmente são os que erupcionam por último em determinada região onde não existe espaço suficiente ou em virtude do apinhamento dentário. O dente impactado é o que está impedido de erupcionar completamente em uma posição funcional normal. Isso decorre da falta de espaço, obstrução por outro dente ou outra via anormal de erupção. Ele pode ser impactado por tecidos moles ou duros e pode não estar erupcionado ou parcialmente erupcionado. A impacção por si só não é uma indicação para a extração dentária, mas somente uma descrição da posição do dente. Pericoronarite recorrente ou grave; Doença periodontal com bolsa com profundidade de 5 mm ou mais distal ao segundo molar; Cáries não restauráveis no terceiro molar; Reabsorção do terceiro molar ou dente adjacente; Cáries no segundo molar, de modo que a remoção do terceiro molar tornaria a restauração possível ou mais simples; Periodontite apical; Cistos ou tumores associados ao terceiro molar (ou dente adjacente); Quando necessário, antes de cirurgia ortognáticas; Remoção de terceiro molar em um traço de fratura; Quando um terceiro molar pode ser considerado para transplante autógeno. Previamente a: Radioterapia contra condições malignas de cabeça e pescoço; Transplante de órgãos; Quimioterapia Terapia com bifosfonatos. Existem situações nas quais os terceiros molares não devem ser removidos. Resumindo as considerações atuais publicadas em revisões e diretrizes, recomenda-se que: Germes em terceiros molares de pacientes jovens não sejam enucleados; Terceiros molares livres de doença, assintomáticos, totalmente recobertos por osso, não sejam removidos; Não seja realizada remoção rotineira de terceiros molares livres de doença, total ou parcialmente recobertos por tecidos moles, embora condições locais e clínicas específicas possam tornar adequada uma abordagem profilática; A cirurgia do terceiro molar seja contraindicada em pacientes cuja história LUCIELE BRAGA – ODONTOLOGIA médica ou cujas condições clínicas os exponham a risco inaceitável para sua doença. Além de um registro completo da história, sempre devem ser realizadas as avaliações clínica e radiológica antes de se considerar a remoção de um terceiro molar. Deve ser realizada com o objetivo de analisar as condições do paciente, a região bucal e maxilofacial, os terceiros molares e os dentes adjacentes (erupção, cáries, condições periodontais, oclusão) Fotografia clínica de um molar inferior esquerdo parcialmente erupcionado sem inflamação local. Fotografia clínica do dente 38 inferior esquerdo parcialmente erupcionado com pericoronarite aguda. Complemento ao exame clínico, necessário à tomada de decisões relacionadas com o procedimento. A avaliação radiológica fornece informações sobre a anatomia do dente impactado, a região e a relação das estruturas. Geralmente, algumas radiografias periapicais realizadas em diferentes projeções são suficientes, ou podem ser complementadas por uma radiografia panorâmica quando mais de um terceiro molar necessitar de avaliação. Se as radiografias iniciais sugerirem relação estreita entre as raízes do terceiro molar inferior e o nervo alveolar inferior (NAI), tomografia computadorizada com feixe cônico (TCFC) poderá ser utilizada para fornecer informações mais detalhadas sobre a anatomia da região. Fatores locais importantes para o planejamento da cirurgia do terceiro molar. O nível do osso alveolar e a posição dentária determinarão a profundidade do ponto de alavanca. A profundidade e a posição desse ponto orientarão o nível de remoção óssea exigido para obter acesso ao ponto de alavanca ideal. Esse fator é o mais preditivo de complicações na cirurgia. Outro meio para descrever a profundidade de impacção é a classificação de Pell e Gregory, que avalia a relação do dente com o plano oclusal (classificada como A, B, C) e com o LUCIELE BRAGA – ODONTOLOGIA rebordo anterior do ramo (classificada como 1, 2, 3). Entretanto, ela foi considerada menos confiável para predizer a dificuldade na avaliação da profundidade do ponto de alavanca. A diferença entre as orientações vertical, mesioangulada, horizontal e distoangulada pode afetar a abordagem cirúrgica, principalmente em relação às exigências para remoção do osso a fim de se obter acesso ao ponto de alavanca. A incidência e o grau estimado de dificuldade para as diferentes angulações são: Impacção vertical: 40% de todos os terceiros molares inferiores impactados – geralmente a menor dificuldade quanto à remoção Impacção mesioangulada: 45% – dificuldade moderada Impacção horizontal: 10% – em geral, dificuldade intermediária Distoangulada: 5% – maior dificuldade para extrair e frequentemente subestimada. Pontos de alavanca importantes para cada angulação: (i) vertical – mediovestibular; (ii) mesioangulado – mesiovestibular; (iii) distoangulado – vestibular/distovestibular; (iv) horizontal – vestibular LUCIELE BRAGA – ODONTOLOGIA POSIÇÃO A: A porção mais alta do terceiro molar inferior impactado encontra-se no nível ou acima do plano oclusal. POSIÇÃO B: A porção mais alta do terceiro molar inferior impactado encontra-se abaixo do plano oclusal, mas acima da linha cervical do segundo molar inferior. POSIÇÃO C: A porção mais alta do terceiro molar inferior impactado encontra-se abaixo da linha cervical do segundo molar inferior. POSIÇÃO I: Nenhuma parte da coroa encontra-se no ramo da mandíbula. LUCIELE BRAGA – ODONTOLOGIA POSIÇÃO II: Menos da metade da coroa encontra-se no ramo da mandíbula. POSIÇÃO III: Mais da metade da coroa encontra-se no ramo da mandíbula. O ponto de alavanca e a remoção óssea necessária não são ditados somente pela angulação do dente, mas também pela morfologia da raiz e pela proximidade das estruturas adjacentes (dente adjacente, seio maxilar e nervo). Em associação à angulação dentária, o espaço potencial para pontos de aplicação de torque deve ser identificado. Frequentemente, os terceiros molares inferiores distoangulados estão muito próximos do segundo molar adjacente e têm espaço limitado para o ponto de alavanca mesial. A largura da coroa do terceiro molar pode ser um fator importante para tornar a cirurgia mais difícil. Se o dente estiver impactado e a coroa for larga, a secção desta será necessária para minimizar a remoção óssea, reduzindo, desse modo, a dor e a potencial tumefação para o paciente. Se o terceiro molar estiver cariado ou muito restaurado, ou se sua polpa estiver sem vitalidade, o dente poderá tornar-se mais friável à elevação, dificultando sobremaneira a cirurgia. Se a largura da raiz for maior do que a largura do dente na crista alveolar, a dificuldade na cirurgia aumentará, e será indicada a secção radicular. Raízes múltiplas ou em forma de gancho também contribuem para dificultar a cirurgia e são observadas mais comumente em determinados grupos étnicos. LUCIELE BRAGA – ODONTOLOGIA A hipercementose ou a anquilose das raízes do terceiro molar também dificultam a cirurgia e devem ser identificadas na avaliação radiográfica. A. Diagrama de mensuração da largura radicular: (i) raízes convergentes quando a largura máxima da raiz for menor do que a da base da coroa; (ii) raízes divergentes quando a largura máxima da raiz for maior do que a da base da coroa (indicação de maior dificuldade na cirurgia e provável secção radicular). B. (i e ii) Raízes afastadas. A distância entre elas é maiordo que a largura da junção coroa-raiz. Morfologia radicular mais complexa está associada a maior dificuldade à cirurgia. A identificação de dilacerações radiculares em forma de gancho é importante, pois podem fraturar durante a remoção do dente; portanto, uma decisão é necessária no momento de tentar a remoção. Raízes em forma de gancho, anguladas ou curvadas podem representar um “desafio” para a remoção pelas técnicas de rotina. Mesmo após seccionar a coroa e as raízes, se a morfologia radicular for complexa, as raízes frequentemente necessitarão de secção adicional, e muitas vezes será preciso ter paciência para identificar o “ponto ideal” no qual a raiz resistente cederá com a elevação. A. Raízes cônicas/convergentes. B. Raízes cilíndricas. C. Raízes bífidas. D. Raízes divergentes bífidas. E. Raízes múltiplas (podem penetrar na cortical lingual). A avaliação da área da superfície radicular relativa do dente a ser extraído e do dente adjacente deve ser estimada. LUCIELE BRAGA – ODONTOLOGIA Se o terceiro molar for multirradicular adjacente a um segundo molar com raízes cônicas, o dente adjacente será mais facilmente mobilizado durante a elevação do terceiro molar. Se a área de superfície radicular do dente adjacente for significativamente menor do que aquela do dente a ser extraído, então a abordagem cirúrgica deverá ser adaptada de modo a evitar qualquer aplicação indevida de pressão próximo ao dente adjacente. Se o dente adjacente estiver subluxado, deverá ser reposicionado imediatamente, e uma sutura em forma de oito deverá ser realizada através da superfície oclusal para “contê-lo”. Antibióticos e higiene bucal deverão ser iniciados, e, certamente, o paciente precisará ser informado do ocorrido. Um germe dental aumentado de tamanho geralmente é considerado como não cístico caso o diâmetro seja inferior a 1 cm. Área radiolúcida radiograficamente adjacente à coroa de um terceiro molar parcialmente erupcionado pode ser decorrente de um germe dental previamente aumentado de tamanho ou de uma infecção local crônica. Lesões císticas são as doenças mais comumente relacionadas com os terceiros molares inferiores. Se a lesão estiver associada à coroa do dente, o primeiro diagnóstico diferencial deverá ser cisto dentígero, seguido por tumor odontogênico ceratocístico ou ameloblastoma. Os tumores odontogênicos ceratocísticos são mais prováveis de apresentarem associação a dentes inexistentes. A remoção cirúrgica de terceiros molares em associação a doenças pode ser facilitada. Contudo, o cirurgião deve assegurar-se de que a lesão foi diagnosticada corretamente e que seja tratada de maneira adequada. As condições periodontais do dente adjacente e as do terceiro molar influenciam a cirurgia. A perda óssea em razão da doença periodontal frequentemente facilita a retirada do terceiro molar; porém, deve-se impedir a remoção inadvertida do segundo molar adjacente com envolvimento periodontal. Se o dente adjacente ao terceiro molar estiver cariado ou muito restaurado, poderá tornar-se mais friável e com maior risco de lesão à elevação do terceiro molar, acarretando dificuldade à cirurgia. É importante que o paciente seja alertado antes da cirurgia sobre o possível dano ao segundo molar adjacente durante o procedimento. Existem diversos sinais avaliados nas radiografias panorâmicas associados a risco aumentado de lesão do canal do NAI. LUCIELE BRAGA – ODONTOLOGIA Raízes extremamente longas ou mandíbula atrófica podem colocar o paciente sob risco mais elevado de fratura mandibular durante a remoção do terceiro molar inferior. A relação ou a proximidade dos terceiros molares superiores com o seio maxilar e dos terceiros molares inferiores com o canal do NAI devem ser avaliadas. Os fatores básicos que contribuem para dificultar a cirurgia do terceiro molar (duração do procedimento e complicações relacionadas) dependerão dos fatores relativos ao paciente, da profundidade do ponto de alavanca e da proximidade de estruturas vitais. Um consenso da literatura apoia o conceito de que os riscos pós- operatórios da remoção do terceiro molar aumentam com a idade. As complicações mais importantes após a cirurgia são: alvéolo seco (alveolite fibrinolítica), infecção pós-operatória, lesão do nervo temporária ou permanente e perda óssea marginal do segundo molar. Os pacientes devem ser informados sobre esses riscos antes de autorizar a remoção. Além dos fatores relacionados com o dente, mencionados no tópico Avaliação do risco, também é importante levar em consideração outros aspectos, a fim de empreender avaliação pré-operatória do grau de dificuldade da remoção. Desse modo, o dentista pode decidir se recursos especiais serão necessários e se o caso deverá ser encaminhado a um especialista. Em ordem de importância, os principais fatores que prolongam o período de duração da cirurgia do terceiro molar são: Profundidade da impacção Densidade do osso Idade/etnia do paciente Proximidade ao canal do NAI Cirurgião.
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