Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIÃO DAS ESCOLAS SUPERIORES DE RONDÔNIA UNIRON AMANDA LARISSA CARVALHO BALDUINO GABRIEL ARTEAGA FERNANDES TORRES RAFAEL SIMÕES DE SOUZA RELRISSON CARDOZO DA SILVA TRABALHO ESCRAVO Imigrantes e o Trabalho Escravo Porto Velho - Rondônia 2020 UNIÃO DAS ESCOLAS SUPERIORES DE RONDÔNIA UNIRON AMANDA LARISSA CARVALHO BALDUINO GABRIEL ARTEAGA FERNANDES TORRES RAFAEL SIMÕES DE SOUZA RELRISSON CARDOZO DA SILVA TRABALHO ESCRAVO Imigrantes e o Trabalho Escravo Trabalho apresentado à disciplina de Direito do Trabalho I, do 7° semestre do curso de Direito, referente a prova parcial I. Professor: Adriano Santos Porto Velho - Rondônia 2020 ‘’O trabalho é a melhor e a pior das coisas: a melhor, se for livre; a pior, se for escravo. ’’ Émile-Auguste Chartier 1. INTRODUÇÃO A presente pesquisa é sobre o trabalho escravo envolvendo imigrantes no Brasil, neles iremos trazer situações no qual eles são submetidos e uma análise acerca do assunto. O objetivo deste trabalho é mostrar todas as circunstâncias envolvidas e as causas que levam a esta problemática. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica em diversas fontes diferentes, buscando um maior entendimento sobre o assunto, foram usadas algumas citações para enriquecer o conteúdo. Primeiramente abordaremos o contexto histórico do trabalho escravo, posteriormente trataremos sobre as medidas legais e criação de políticas públicas regionais, nacionais e internacionais para evitar e extinguir essa situação na sociedade. Falaremos sobre grandes ativistas na luta contra a escravidão, como Natália Suzuki e Luiz Gama, e principalmente Nelson Mandela e o grande legado que ele deixou. Ao final faremos uma análise da evolução do trabalho escravo na sociedade. 2. DESENVOLVIMENTO Há muitos anos fora extinguido o trabalho escravo no Brasil, mas infelizmente não é uma realidade vivida em contratações recentes. Imigrantes são obrigados a sair de seus países e sujeitam-se a trabalhos que não condizem com as regras estabelecidas pela CLT nem tampouco outra forma “legal” de contratação. Muito foi tentado no mundo jurídico para inibir essas práticas laborais, como: criação de leis mais severas, grupos de combate ao trabalho escravo, normas que preceituam os passos em delegação de exploração nos pontos denunciados, etc. Um dos principais pilares holísticos foi a criação da Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo – CONATRAE, que tem por principal objetivo as métricas que definem um combate coercitivo a empregadores que sujeitam seus empregados a trabalhos análogos ao escravo. Alterações no código penal brasileiro, com significativas alterações em dezembro de 2003, por meio da Lei 10.803. Tanto a tipificação quarentista, como a alteração de 2003, criminalizaram esses resquícios do modo de produção escravista sob a rubrica de “redução à condição análoga à de escravo”. Além da forte atuação da Auditoria Fiscal do Trabalho, que se dá em conformidade com: a Constituição Federal de 1988, com o Decreto 4.552/02; a Consolidação das Leis do Trabalho; os Tratados Internacionais ratificados; a Lei 10593/02 e a Lei 7998/90, que regula o programa do Seguro-Desemprego; a Instrução Normativa nº 91, de 06 de outubro de 2011; a Resolução Normativa CNI nº 93, de 21 de dezembro de 2010, e com o Manual de Combate ao Trabalho em Condições Análogas às de Escravo, atualizado em 2011 pela SIT/MTE; que em tudo se aplicam aos trabalhadores estrangeiros no território nacional em situação migratória regular ou irregular, conforme orienta a Nota Informativa Nº 04/2012/RB/GAB/SIT/MTE. No ano de 2017 a ONU criticou publicamente as alterações aduzidas na portaria 1129, PORTARIA Nº 1.129, DE 13 DE OUTUBRO DE 2017, onde os relatores criticaram com veemência as novas alterações dadas pela nova legislação, dizendo que era um retrocesso no combate ao trabalho escravo no Brasil. Declarando que a nova iniciativa “limita a definição de escravidão moderna e pode reduzir o número de vítimas detectadas. ” Em destaque as últimas notícias pesquisadas na internet, com intervalo do último ano, trazemos a exploração de mão de obra com analogia ao trabalho escravo, pois o título nos remete justamente ao cultivo do cacau no Brasil, com aproveitamento ilegal do trabalho de cidadãos sem condições amparadas as mínimas estabelecidas em lei. Chocolate com trabalho escravo: as violações trabalhistas na indústria do cacau no Brasil. Trabalhadores em péssimas acomodações, sem acesso a banheiro ou água potável e recebendo salários que não alcançam a metade do mínimo. A triste realidade da produção de cacau no Brasil que beneficia as gigantes do agronegócio. A menos 148 pessoas foram resgatadas do trabalho escravo em fazendas de cacau nos últimos 15 anos. Boa parte das operações ocorreram no Pará e na Bahia, os maiores polos nacionais. As violações aos direitos humanos incluem também ameaças de patrões, condições degradantes de moradia e higiene, servidão por dívidas e até trabalho infantil. ” No presente caso, grandes fazendeiros disponibilizam parte de suas terras como loteamento e oferecem essas partes aos “parceiros”, futuros “escravos de trabalho”, exigindo o plantio de cacau e a negociação exclusivamente com este, por valor infimamente inferior ao praticado no mercado, que por sua vez já possui os pedidos certos com grandes fabricantes de chocolate, como: Lacta, Barry Callebaut, Cargill e Olam. ‘’A legislação prevê também que o dono da terra é obrigado a garantir condições mínimas de moradia e infraestrutura ao “parceiro’’, além de autonomia nas negociações – mas muitas vezes isso não acontece. Em alguns casos, o fazendeiro impõe ao lavrador para quem ele deve vender o cacau. Com pouca margem de negociação, os lucros do arranjo não alcançam uma remuneração digna e adequada à subsistência. ” – Grifo nosso. Pensando em excluir a necessidade do contrato de trabalho, alegando a inexistência de relação empregador e empregado, explorando trabalhadores com intuito de garantir as produções e entregas que negociam com grandes fabricantes. Não tão distante ao caso acima, em nossa região recentemente fora deflagrado no Estado de Rondônia, uma fazenda que explorava mão de obra de imigrantes na fazenda Santa Rita de Cássia, em Pimenta Bueno, Estado de Rondônia. O grupo móvel de fiscalização resgatou 17 trabalhadores de condições análogas às de escravo que atuavam na derrubada de mata nativa e carregamento de toras em caminhões. Uma equipe chegou ao grupo por causa da denúncia da morte de um trabalhador atingido por uma árvore durante o desmatamento. Não muito diferente ao caso desvencilhado no Estado de Rondônia, facilmente encontramos vários outros casos semelhantes em outros Estados, mostrando que infelizmente no Brasil isso ainda é uma situação praticada. Observem os relatos em outras manchetes: MANAUS – Proprietário da Fazenda Paredão, no município de Jaru, em Rondônia, pagará R$ 300 mil para reparar danos a ex-funcionários que trabalhavam em regime análogo à escravidão, segundo processo apresentado pelo Ministério Público do Trabalho. O acordo que definiu a indenização foi firmado na Vara do Trabalho de Humaitá, no interior do Amazonas, no 21 de novembro. (AMAZONAS ATUAL 2019). Nove trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão em uma fazenda de plantação de cebolas em Ituporanga, no Vale do Itajaí. Eles fazem parte de um grupo de 46 pessoas aliciadas em Timbiras (MA) para trabalhar em Santa Catarina, afirma o Ministério Público do Trabalho (MPT), sendo que parte delas já havia sido resgatada no dia 29 dejulho. (G1 SC, 2020) Cafeicultor com selo de qualidade Nucoffee, da Syngenta, é um dos 41 novos nomes da ‘lista suja’ do trabalho escravo. (REPÓRTER BRASIL, 2020) Desta forma, nos remete ao pensamento que sempre esteve no âmbito jurídico: será que nossas leis estão tendo a eficácia necessária em todos os campos planejados? Será que as penas são suficientes para causar receio a quem submeteria algum trabalhador a este tipo de trabalho? Sabemos que as condições de trabalho são guarnecidas por legislações próprias, com suporte a outras legislações que contribuem para decisões judiciais em cada caso. Mas o que vemos é a indiferença por parte de empregadores que continuam com as mesmas idealizações, sempre com mesmo proposito, que é valer-se de mão de obra barata para o enriquecimento. Em uma linguajem mais popular, seria: “tirar proveito”. Ainda com intuito de atravancar crimes desta natureza, recentemente fora publicada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública uma portaria que dispõe sobre a regularização da situação de migrantes vítimas de trabalho escravo, PORTARIA Nº 87, DE 23, DE MARÇO DE 2020, que dispõe sobre o tráfico de pessoas e violação de direitos agravadas por sua condição migratória. Essa portaria prevê a regularização de imigrantes vítimas de trabalho escravo e tráfico de pessoas. Com a presente medida os imigrantes irregulares em situação de vulnerabilidade não serão mais automaticamente deportados. Ainda nesse prisma jurisdicional, temos várias iniciativas de ativistas, como é o caso de Natália Suzuki, coordenadora do programa “Escravo, nem pensar!”, da ONG Repórter Brasil, que mantem o site: http://escravonempensar.org.br/, PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO AO TRABALHO ESCRAVO, com intuito de manter o correto combate ao trabalho escravo, sempre atualizado com informações e notícias relacionado ao assunto, entre outros casos de participação incisiva na dissolução de contratações nessa modalidade laboral. Luiz Gama, que advogou pela libertação de mais de 500 escravos, sem cobrar honorários. Se sustentava trabalhando como jornalista. E aos 29 anos de idade já era considerado "o maior abolicionista do Brasil", e só recebeu o título de advogado 130 anos após sua morte. Destacado pela atual presidente do Conselho de administração do Museu Afro Brasil, Lígia Fonseca Ferreira, que é doutora pela Université de Paris III Sorbonne, com tese sobre a vida e a obra do escritor, advogado, jornalista e abolicionista brasileiro Luiz Gama. Atuante no combate ao regime escravo no Brasil. Dentre outros http://escravonempensar.org.br/ que tem como trabalho árduo a deputação e combate a contratações e escravizações em todos as regiões do Brasil. O grande desafio de todos os juristas, ativistas e cidadãos, é fazer valer o que está escrito em normas legais. Ou seja, ainda que existem inúmeras regras, legislações, culturas, etc., ao passar dos anos é noticiado vários novos casos de contratações de mão de obra análogos ao trabalho escravo. Os casos de pobreza em países vizinhos ao Brasil, são os principais motivos para que imigrantes se sujeitem a situações de contratações nessa modalidade. Muitas vezes não possuem condições de escolha, sendo a única saída a tentativa de conseguir o sustento da sua família, ou mesmo de si. No Brasil foi através da colonização que se iniciou as imigrações, com intuito de “apropriação militar e econômica da Terra” e de outro lado, começou o movimento de escravos africanos pela exportação de lavouras, situação que durou até o ano de 1850, que ainda foi “introduzido na colônia cerca de 4 milhões de cativos” Além disso, em 1988 houve o grande acontecimento histórico, que foi a abolição da escravatura. Contudo, atualmente ainda existe um alto índice de pessoas que estão vivendo, uma realidade bem distante dessa liberdade que a Lei Áurea (Lei 3.353) proporcionou aos escravos que viviam no Brasil. Cabe ressaltar, que o nosso país assume uma posição mundialmente como uma forte atração imigratória, pois é visto como uma país emergente, que por sua vez, está em constante crescimento, sendo assim, muitos refugiados buscam abrigo nessa Terra amada, todavia, nem tudo, é o que parece. Diante disso, podemos fazer as seguintes indagações: “Que imigração é essa? De pobres não documentados, que viriam desempenhar tarefas com salários mais baixos – O país necessita dessa mão de obra? Estamos mesmo vivendo uma escassez de mão de obra? ” É claramente visto, que não há necessidade de violar os direitos dessas pessoas que visam buscar refúgio, e no lugar disso, ao chegarem em nosso país se deparam com a mão de obra escrava, visto que muitos acabam trocando um serviço barato, por um prato de comida, e quando isso não acontece, trabalham em péssimas condições. Então, nota-se que muitos empresários, usam desta fragilidade dos refugiados para enriquecer. Nesse sentido, o CONARE- Comitê Nacional para Refugiados aponta que em 2020, o Brasil tem mais de 43 mil pessoas reconhecidas como refugiadas. Ao passo que, em 2010 haviam apenas 4.306, onde a maioria eram de pessoas africanas. Cabe traçarmos um paralelo, que não foi somente no Brasil que houve esses acontecimentos, os africanos por exemplo são os maiores símbolos desta amargura, pois sofreram tanto em sua terra, como fora dela. Convém mencionar, o tão desbravador Nelson Mandela, um dos maiores símbolos dos direitos humanos, “cuja dedicação às liberdades do seu povo inspira os Defensores dos Direitos Humanos de todo o mundo. Nascido em Transkei, África do Sul, Mandela era filho de um chefe tribal, e obteve uma educação universitária com uma licenciatura em direito. Em 1944 tornou–se membro do Congresso Nacional Africano (CNA) e trabalhou ativamente para abolir as políticas do apartheid do Partido Nacional no poder. ” Foi tirado da África milhões de africanos para serem explorados nas minas sul- africanas, onde deixaram seus familiares, suas casas, tudo que tinham foi deixado para trás, para serem levados para a América, onde eram escravizados, trabalhando para os homens brancos, era uma crueldade imensa, um crime para a humanidade, e que ainda hoje o país sofre as consequências. Destarte, foi Nelson Mandela, quem iniciou um grande movimento contra este cenário, o líder sul-africano, como político, atuava contra todo processo de discriminação gerado pelo Apartheid. E foi pelos seus esforços, que ele se tornou muito importante, com a meta de acabar com este regime de segregação racial, conhecido por Apartheid, onde milhares de milhares de pessoas foram vítimas, onde muitos tinham suas vidas ceifadas pela guerra instaurada durante este regime. Logo depois, ao iniciar o movimento anti-apartheid, em 1992, “as leis segregacionistas foram finalmente abolidas com o apoio de Mandela e Willem de Klerk”. Ademais, Nelson ainda recebeu o prêmio Nobel da Paz, em 1994, e através deste reconhecimento, é que foram acabando as práticas racistas na África do Sul, de outro lado, após sua candidatura, no ano de 1999, ele ainda chegou a atuar em diversas causas de Direitos Humanos, o que até hoje repercute mundialmente, ou seja, Mandela se tornou ícone mundial, por lutar fielmente contra o trabalho escravo na sua Terra. Importante ressaltar, que Mandela esteve em cárcere, porém, mesmo atrás das grades por 27 anos, ele não se manteve inerte, nunca abriu mão de seu povo, e há de destacar que muitos lutaram pela liberdade. E com “a libertação de Mandela, o fim do apartheid e sua eleição como o primeiro presidente negro da Africa do Sul, foram a conclusão de décadas de lutas, de massacres, de prisões, de sacrifícios. Mandela aceitou ser eleito presidente, para concluir esse longo caminho, com a consciência de que estava longa de ser conseguida a emancipação dos sul-africanos”. Atualmente, este grande líder não está entre nós, pois veio a falecer no dia 13 de dezembrode 2013, todavia, deixou um grande legado, onde muitos criticaram e criticam até hoje sua forma de alcançar o fim do Aphartheid, entretanto, concluiu sua missão, e sua imagem permanece como a do “maior líder popular africano, porque tocou no tema essencial de todo o período histórico da colonização – A ESCRAVIDÃO”. Nesse ínterim, apesar de termos grandes exemplos de Defensores dos Direitos Humanos, como o citado Mandela, também cabe fazer referência, ao um dos projetos do Ministério Público do Trabalho de SP- “ Evento Não Somos Escravos da Moda” - onde foi promovida uma ação contra o trabalho análogo ao de escravo, em que pese, são os imigrantes e refugiados que vivem este cenário. A exemplo disso Gustavo Tenório Accioly, procurador do Ministério Público do Trabalho, e responsável pela organização do evento, disse que parte dos trabalhadores de oficinas de costura são migrantes, sejam eles nacionais ou internacionais, e que diante da situação de vulnerabilidade e invisibilidade, não conseguem denunciar aos órgãos públicos. Por isso, foram desenvolvidas uma série de atividades com a finalidade de empoderar essas pessoas, tanto brasileiros quanto imigrantes e refugiados. Com efeito, muitos outros estados brasileiros também trabalham em prol desse movimento, como por exemplo, aponta o site: https://www.fundobrasil.org.br/projeto/cedhur/ - No Estado de Minas Gerais: Promover e realizar entre refugiados, imigrantes e o poder público ações no sentido de garantir o respeito e a observância dos direitos humanos, bem como garantir a vocalização das demandas pelos próprios refugiados e imigrantes. Por todos esses aspectos, podemos observar que as leis existem, projetos e campanhas, contudo, incumbe ao Poder Judiciário fazer valer estes dispositivos, bem como, punir de forma ainda mais severa os responsáveis por essas práticas. https://www.fundobrasil.org.br/projeto/cedhur/ 3. CONCLUSÃO A escravidão no Brasil infelizmente persistiu até os dias atuais e os imigrantes irregulares tem sido as maiores vítimas desse sistema que insiste em resistir às diversas lutas e conquista dos direitos humanos. A exploração de mão de obra de imigrantes irregulares com exposição ao trabalho escravo é uma realidade decorrente das relações capitalistas modernas, surge como um dos efeitos das práticas empresariais de precarização e flexibilização de direitos trabalhistas. Zygmunt Bauman esclarece que a globalização trouxe para dentro das relações de trabalho a tendência de flexibilizar regras já estabelecidas, que interpretam ser excessivamente rígidas, com o escopo de encorajar os investidores das grandes corporações. Em meio à influência da globalização, a retração do mercado interno, e a necessidade de redução de custos, acabou-se por flexibilizar as relações de trabalho, consequentemente aumentou-se a sua precarização. Com as transformações do modelo de produção capitalista, que passou do fordismo para o toyotismo, vieram também novas características como terceirização, acumulação flexível de capital e flexibilização trabalhista. Tal modelo de produção transfere parte da produção para terceiros, gerando a terceirização, flexibilização, a subcontratação e etc. A indústria têxtil tem aparecido constantemente como exploradora da mão de obra escrava no mundo, sempre por trás de um contrato de terceirização, prestação de serviços, e etc. Em muitos casos a forma de contratação entre as empresas tem servido de justificativa para o desrespeito à dignidade da pessoa humana, ao direito a uma vida e trabalho dignos. A sociedade demonstra alguma evolução no sentido de tipificar ilegalidades com escopo de protege à dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais e sociais, porém ainda existe um longo caminho de lutas e conquistas a ser trilhado. No Brasil alguns casos foram apurados e condenados, no entanto diversos outros casos têm se escondido por trás da legalidade da terceirização ou contratação de empresas intermediárias. O capitalismo trouxe uma busca excessiva pelo lucro, e nesse anseia o ganho econômico em detrimento do respeito a direitos humanos, sociais e trabalhistas. É cristalina a necessidade de uma mobilização nacional e internacional para o combate ao trabalho escravo contemporâneo, com sanções significantes, responsabilização de todos os envolvidos, e fiscalização eficiente. Não é admissível que com tantos anos de lutas e avanços ainda tenhamos que discutir quanto vale a liberdade e a dignidade da pessoa humana. Não se pode medir economicamente os prejuízos da desvalorização do trabalho, direitos sociais não possuem preço. O filósofo iluminista Immanuel Kant ao definir dignidade conseguiu expressar esse conceito com profunda fidelidade: “Quando uma coisa tem um preço, pode pôr-se em vez dela qualquer outra equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço e, portanto, não permite equivalente, então tem ela dignidade”. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PORTAL FECOMERCIARIOS. Após a morte de trabalhador 17 são resgatados da escravidão em desmatamento. Disponível em: <https://portalfecomerciarios.org.br/noticia/28354/apos- morte-de-trabalhador-17-sao-resgatados-da-escravidao-em-desmatamento>. Acesso em: 25 setembro 2020. AMAZONAS ATUAL. Fazendeiro pagará R$ 300 mil para reparar danos por trabalho análogo à escravidão. Disponível em: <https://amazonasatual.com.br/fazendeiro-pagara-r-300-mil-para- reparar-danos-por-trabalho-analogo-a-escravidao/>. Acesso em: 20 setembro 2020. G1 SC. Trabalhadores são resgatados em condições análogas à escravidão em fazenda em SC. Disponível em: <https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2020/08/11/trabalhadores-sao- resgatados-em-condicoes-analogas-a-escravidao-em-fazenda-em-sc.ghtml>. Acesso em: 20 setembro 2020. REPORTER BRASIL. Cafeicultor com selo de qualidade NuCoffe, da Syngenta, é um dos 41 novos nomes da lista suja do trabalho escravo. Disponível em: <https://reporterbrasil.org.br/2020/04/cafeicultor-com-selo-de-qualidade-nucoffee-da-syngenta- e-um-dos-41-novos-nomes-da-lista-suja-do-trabalho-escravo/>. Acesso em: 20 setembro 2020. MIGRAMUNDO. Migrantes e refugiados são destaque em projeto contra o trabalho escravo na moda. Disponível em: <https://www.migramundo.com/migrantes-e-refugiados-sao-destaque-em- projeto-contra-o-trabalho-escravo-na-moda/>. Acesso em: 25 setembro 2020. CONECTAS. ONU critica portaria que enfraquece o combate ao trabalho escravo. Disponível em: <https://www.conectas.org/noticias/trabalho-escravo-3?gclid=CjwKCAjw- 5v7BRAmEiwAJ3DpuAyniX8rVmq0aVfLRYzeO7nCk0OLEmOSxcbAvPGm07guRLkafh6r0hoCCY0Q AvD_BwE>. Acesso em: 26 setembro 2020. DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Portaria n° 1.129. 13 out 2017. Edição 198. Seção 01. Página 82. Poder Executivo, Brasília, DF. DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Portaria n° 87. 23 mar 2020. Edição 57. Seção 01. Página 76. Poder Executivo, Brasília, DF SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS. Manual de recomendações de rotinas de prevenção e combate ao trabalho escravo de imigrantes. Brasília, 2013. https://portalfecomerciarios.org.br/noticia/28354/apos-morte-de-trabalhador-17-sao-resgatados-da-escravidao-em-desmatamento https://portalfecomerciarios.org.br/noticia/28354/apos-morte-de-trabalhador-17-sao-resgatados-da-escravidao-em-desmatamento https://amazonasatual.com.br/fazendeiro-pagara-r-300-mil-para-reparar-danos-por-trabalho-analogo-a-escravidao/ https://amazonasatual.com.br/fazendeiro-pagara-r-300-mil-para-reparar-danos-por-trabalho-analogo-a-escravidao/ https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2020/08/11/trabalhadores-sao-resgatados-em-condicoes-analogas-a-escravidao-em-fazenda-em-sc.ghtml https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2020/08/11/trabalhadores-sao-resgatados-em-condicoes-analogas-a-escravidao-em-fazenda-em-sc.ghtmlhttps://reporterbrasil.org.br/2020/04/cafeicultor-com-selo-de-qualidade-nucoffee-da-syngenta-e-um-dos-41-novos-nomes-da-lista-suja-do-trabalho-escravo/ https://reporterbrasil.org.br/2020/04/cafeicultor-com-selo-de-qualidade-nucoffee-da-syngenta-e-um-dos-41-novos-nomes-da-lista-suja-do-trabalho-escravo/ https://www.migramundo.com/migrantes-e-refugiados-sao-destaque-em-projeto-contra-o-trabalho-escravo-na-moda/ https://www.migramundo.com/migrantes-e-refugiados-sao-destaque-em-projeto-contra-o-trabalho-escravo-na-moda/ https://www.conectas.org/noticias/trabalho-escravo-3?gclid=CjwKCAjw-5v7BRAmEiwAJ3DpuAyniX8rVmq0aVfLRYzeO7nCk0OLEmOSxcbAvPGm07guRLkafh6r0hoCCY0QAvD_BwE https://www.conectas.org/noticias/trabalho-escravo-3?gclid=CjwKCAjw-5v7BRAmEiwAJ3DpuAyniX8rVmq0aVfLRYzeO7nCk0OLEmOSxcbAvPGm07guRLkafh6r0hoCCY0QAvD_BwE https://www.conectas.org/noticias/trabalho-escravo-3?gclid=CjwKCAjw-5v7BRAmEiwAJ3DpuAyniX8rVmq0aVfLRYzeO7nCk0OLEmOSxcbAvPGm07guRLkafh6r0hoCCY0QAvD_BwE DELGADO, M. G. Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18ª edição, 2019.
Compartilhar