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Obesidade: Definição, Etiologia e Classificação

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1 Digitada por Júlia Robadey 
OBESIDADE 
DEFINIÇÃO 
Obesidade é uma doença crônica, e, dessa forma, 
será tratada por uma equipe multidisciplinar. Hoje, 
temos que imaginar qual o maior fator determinante 
da obesidade, genético ou ambiental. É meio óbvio 
que hoje vivemos em um ambiente obesogênico, e, 
esse ambiente é o principal fator predisponente da 
obesidade. Entretanto, o fator genético é também 
muito importante, o que explica alguém comer muito 
e não ganhar peso. 
A obesidade também pode ser definida como “estado 
de intoxicação calórica”, cada um de nós precisa de 
certa quantidade de calorias por dia, e, o que 
determina essa quantidade de calorias que cada um precisa é um pouco da genética, um pouco a taxa metabólica 
basal. E, é muito simples, ao comer mais calorias que o meu corpo precisa, ele vai armazenar as calorias sob a forma 
de gorduras, e, ao contrário, ao ingerir menos calorias do que precisamos, iremos, obviamente, perder peso. 
Pesquisar: Dieta do Michael Phelps. Ele ingere muitas calorias por dia, mas as gasta proporcionalmente. 
ETIOLOGIA 
Etiologia genética: Existe uma doença chamada 
Síndrome de Prader-Willi é uma mutação no 
cromossomo já bem identificada. Essa doença é 
caracterizada por um discreto retardo mental, e, uma 
perda completa do controle sobre a alimentação. 
Temos que imaginar que esses pacientes não têm uma 
sensação de saciedade. São pacientes, muitas das 
vezes, com casos de obesidade muito graves, muito 
difíceis de serem tratados. Por ser causa genética, a 
medicação não funciona, e, o que temos que orientar 
os pais a fazerem, de maneira até muito triste, é 
trancar a porta da geladeira, dos armários, etc. Um 
outro exemplo, é a Síndrome de Down. Na grande 
maioria das vezes, esses pacientes com Síndrome de Down estão sempre com um excesso de peso, o que reflete 
também um pouco da característica genética da doença. 
Doenças endócrinas: Algumas doenças endócrinas podem causar obesidade, e, a primeira que as pessoas pensam é 
“Hipotireoidismo”, entretanto, hipotireoidismo não causa obesidade. Tal doença, irá promover, no máximo, um 
discreto ganho de peso. 
Doenças congênitas: Temos algumas doenças congênitas que podem fazer ganho de peso. 
Doenças hipotalâmicas: O hipotálamo tem lá os núcleos de controle da fome, e, do apetite, e, se tivermos um paciente 
com lesão nesses núcleos, podemos ter um paciente com a chamada “Obesidade Hipotalâmica”. A USP tem um 
ambulatório apenas de pacientes com obesidade hipotalâmica, são pacientes que tiveram TCE pós acidente, e, depois 
do acidente começaram a desenvolver obesidade, perda do controle alimentar, perda da saciedade. Então, é 
interessante pensarmos nisso, um trauma pode causar alteração nos mecanismos de regulação da fome e do apetite, 
e, levar a um quadro de obesidade. 
Drogas: Vivemos nos últimos anos uma revolução na psiquiatria, com os novos antipsicóticos que foram lançados, e, 
melhoraram muito o tratamento de doenças como esquizofrenia, transtorno bipolar, o grande problema é que alguns 
desses novos antipsicóticos, promovem um ganho absurdo de peso. Exemplos são os antipsicóticos como Olanzapina, 
Clozapina, Risperidona, os quais são medicamentos de excelente perfil, são medicamentos muito bons do ponto de 
vista psiquiátrico, mas, que promovem um ganho de peso exagerado. Podemos então dizer que estamos vivendo uma 
epidemia em que temos uma melhora do perfil patológico, do ponto de vista psiquiátrico, e, esses pacientes ficando 
obesos, diabéticos, hipertensos, por conta desse excesso de peso. 
 
2 Digitada por Júlia Robadey 
CLASSIFICAÇÃO 
Classificamos a obesidade considerando o IMC, 
e, o risco de mortalidade independente do sexo 
e idade. 
Obs: Já tem sido proposta uma classificação de IMC acima de 50 
ser o chamado “super obeso”, e, o IMC acima de 60 de “super 
super obeso”. 
Quais são as grandes limitações do IMC? A primeira, é que ela não 
diferencia “massa gorda” de “massa magra”, então, ao pegarmos 
um halterofilista, um lutador de MMA, podemos ter um paciente 
com IMC de 30, 31, onde temos basicamente ali, músculos. O segundo, é não conseguirmos avaliar a distribuição dessa 
gordura, se ela está distribuída nas vísceras, no subcutâneo. Se o IMC não diferencia massa gorda de massa magra, 
nem diferencia a distribuição de gordura visceral/subcutânea, por que esse é o nosso padrão ouro para classificação 
da obesidade? O que temos que entender, é que o IMC funciona muito bem quando nos referimos a “população”, 
visto que, a maioria da população se enquadra. Se formos analisar a prevalência de obesidade na FMV, por exemplo, 
o IMC irá funcionar bem, já que, apesar de termos atletas, esses são a minoria. Entretanto, dentro de uma academia, 
o IMC não vai funcionar, visto que, o perfil é totalmente diferente. Retomando, o que temos que entender é que o 
IMC não é perfeito, não funciona para avaliar indivíduo a indivíduo, dentro de uma academia, por exemplo. 
PREVALÊNCIA DE OBESIDADE 
A esquerda temos dados sobre 
a prevalência de obesidade que 
temos hoje no mundo. 
Obviamente, nos EUA temos 
dados mais assustadores, se 
olharmos em homens acima de 
20 anos, 30 a 40% da população 
americana está obesa. No 
Brasil, fica em torno de 10%. Os 
dados das mulheres, os EUA e o 
México continuam liderando. 
 
Temos também dados do 
Programa Nacional Brasileiro, 
e, se olharmos 18 a 24 anos, 
30% tem excesso de peso. 
Portanto, podemos dizer que 
30% está acima do peso, e, se 
formos subindo e olhando as 
idades, conforme chegamos 
aos 40/50 anos, passamos da 
metade da população. Se 
falamos de obesidade 
propriamente dita, IMC acima 
de 30, vemos que em torno de 
10% na faixa etária de 18 a 24 
anos, e, ao chegar nos 30 anos, vemos em média 20 a 25% da população brasileira obesa. Isso é uma epidemia, e, no 
momento de pandemia assustador que estamos vivendo, podemos saber que a obesidade mata muito mais do que a 
COVID mata por ano, em qualquer país do mundo. Por isso, colocamos a obesidade como doença, e, é válido atentar 
para os maiores fatores de risco para desenvolver as formas graves da COVID, que são idade, obesidade, e, diabetes. 
Sempre tem as exceções, mas, é válido comentar, que sempre ao olharmos a notícia de que morreu uma pessoa jovem 
com a COVID, muitos são acima do peso. 
 
3 Digitada por Júlia Robadey 
COMORBIDADES 
O grande problema da obesidade como doença são as comorbidades, ou seja, o que vem junto com a obesidade. 
Comorbidades econômicas, físicas, psiquiátricas, sociais, clínicas. 
ECONÔMICAS 
140 bilhões de dólares são gastos ao ano com pacientes obesos. Esses pacientes precisam de mais assistência médica 
em comparação a um paciente magro, sofrem mais acidente de trabalho do que um paciente magro, tem teoricamente 
um menor rendimento profissional e maior gasto de seguro social, do que uma pessoa com peso normal. Um ponto 
importante, é que algumas empresas, principalmente, americanas, tem usado Instagram e Facebook para ver fotos de 
candidatos em processos de emprego para não incluir candidatos obesos, usando a obesidade como um critério para 
excluir pessoas de vaga de trabalho. 
FÍSICAS 
Falamos de comorbidades, e, muitas vezes esquecemos das comorbidade físicas, principalmente dos grandes obesos, 
aqueles com obesidade mórbida. Esses pacientes têm dificuldade para se vestir, para frequentar transportes públicos, 
utilização de banheiros, higiene pessoal. 
SOCIAIS 
Nas novelas, filmes ultimamente, o gordinho é sempre o cara risonho, amigo de todo 
mundo chamamos isso de “teoria da gordura engraçada”. O Leandro Hassum, todo 
mundo achou que ele perdeu a graça quando emagreceu, que ele era mais engraçado 
quando obeso, ele fez cirurgia de emagrecimento. Então, esses paciente obesos são 
mais discriminados no trabalho, no colégio, dentro de casa, eles têm mais dificuldade 
de relacionamento, eles não são os mais engraçados, nãosão os mais gente boa, e, na 
verdade, o que sabemos hoje, é que, a obesidade é fator de risco para depressão 
obesidade é fator de risco para ansiedade, e, para praticamente todas as doenças 
psiquiátricas. Portanto, não devemos achar sempre que o gordinho é o mais gente boa, 
engraçadinho, que ele está sempre feliz, já que na verdade é o contrário, e, conhecemos isso já de uma maneira muito 
bem estabelecida. 
CLÍNICAS 
Temos também as comorbidades clínicas, essas, serão o cerne 
durante o nosso curso. Já devemos entender que 90% dos 
pacientes com diabetes tipo 2 estão acima do peso, ou tem 
sobrepeso, ou tem obesidade, e, parte do que será feito nas 
próximas aulas, é nos fazer entender qual a ação que existe entre 
o excesso de peso e o diabetes tipo 2. É uma coisa linear, 
pegamos um paciente com IMC acima de 30, entre 30 e 35, ele 
tem 2 vezes mais chance de ter diabetes. Se ele passa de 30 para 
40, isso aumenta para 5x mais. Se isso passa de 40, ele tem 10x 
mais chance. 
 
 
Portanto, novamente, é uma relação linear, do mesmo jeito que 
essa relação é linear com a hipertensão, e, portanto, se o 
paciente ganha peso, a pressão sobe, se ele ganha 20% de peso, 
ele tem um aumento do risco de HAS em 8x. Os pacientes com 
obesidade mórbida, tem aumento do risco de HAS em mais de 
15x. Então, é uma relação bem direta, que será explicada 
detalhadamente nas próximas aulas. 
 
 
 
 
4 Digitada por Júlia Robadey 
 
Cada barra dessas é uma faixa de peso. Podemos 
observar que apenas a dislipidemia foge um pouco, 
mas podemos observar que é uma escada, 
aumentando o peso, tenho mais indivíduo com DCV, 
HAS, e, DM2. Então, é algo bem linear que será 
discutido. 
 
 
 
 
 
Na imagem ao lado temos uma metanálise que foi feita em 
240 estudos, com 10milhões de pacientes envolvidos. O que 
estamos vendo na primeira imagem são duas linhas 
vermelhas e azuis, vermelha para mulher, e, azul para 
homem. Essa curva que estamos vendo é o que chamamos 
na medicina de “curva em J”, à medida que aumentamos o 
IMC, aumentamos o risco de morte para mulheres, e, para 
homens. Chamamos de “curva em J”, já que, à medida que o 
IMC diminui, o risco de morte também aumenta, visto que 
temos a desnutrição. A seta indica o ponto sem risco. A cada 
aumenta de 5kg por m² no IMC, o homem aumenta em 51% 
o risco de morrer, e, a mulher aumenta em 30%. O que 
estamos vendo na segunda figura são duas curvas em J também muito típicas, que é o risco de doença coronária, e, 
de AVC, respectivamente. 
Para ficar claro, é válido repetirmos que obesidade é uma doença crônica, e, a medida que começamos a aumentar o 
IMC, aumentamos diabetes, hipertensão, AVC, doença arterial coronariana, e, praticamente todas as outras doenças. 
 
 
Praticamente, todos os principais tipos de câncer estão 
relacionados a obesidade. Então, no homem, a obesidade 
aumenta o risco de câncer de intestino. Na mulher, a obesidade 
aumenta o risco de câncer de útero, de câncer de mama, de câncer 
de ovário. Sempre tem algumas exceções, mas, de maneira geral, 
temos que ver a obesidade como fator de risco para câncer. 
 
 
A mesma curva em J, mas agora um pouco mais 
achatada, vemos que conforme aumentamos 
5kg/m² no IMC, aumentamos em 20% a chance 
desse indivíduo ter câncer. 
 
 
 
 
5 Digitada por Júlia Robadey 
AVALIAÇÃO DO PACIENTE OBESO 
ANAMNESE 
A anamnese, muitas das vezes, na queixa principal perguntamos o que 
está incomodando, o que trouxe o paciente até aqui, e, no caso da 
obesidade, o paciente vai falar “tô gordo”, “tô obeso”, “tô engordando”, 
e, para realizarmos a anamnese desse paciente, não adianta falar de 
alimentação fracionada e balanceada. A primeira coisa é entender que a 
obesidade é uma doença, e, por isso, devemos fazer as mesmas perguntas 
que fazemos para qualquer outra doença. 
 
 
Início e tempo de evolução: Quando começou? Você foi uma criança obesa, adolescente obeso, ou em algum ponto 
você começou a engordar demais? Se fizermos uma anamnese bem feita, muitas das vezes identificamos o momento 
que a pessoa perdeu o controle sobre o peso, como por exemplo, “entrei para a faculdade”, “fui morar sozinho”, 
“comecei a namorar”, “mudei esquema de trabalho”. Então, o principal é tentar entender se existe algum fator, ou se 
não, por exemplo, no caso de uma criança obesa, adolescente obeso. Nesses casos, já pensamos em fatores mais 
genéticos, mais ambientais. A respeito do tempo de evolução, uma pergunta importante é “há quanto tempo você 
está engordando?”, as vezes o paciente fala “ganhei 20kg no último ano”, sendo esse um dado muito significativo, ou 
então, “ganhei 4kg nos últimos 3 anos”, o que já nos faz pensar que não é algo tão importante. 
Hábitos nutricionais: Não faz sentido perguntar se a alimentação do paciente é balanceada e fracionada, tem que 
perguntar “como é a sua alimentação em um dia normal?”, “o que você come no café da manhã?”, “come alguma 
coisa entre o café e o almoço?”, “o que você almoça?”, “onde você almoça?”, “o prato é raso ou fundo?”. No caso dos 
pacientes que comem comida a kg, é muito válido saber quanto pesa o prato, já que, o peso de um prato já dá uma 
noção muito boa de quanto o paciente está comendo. É importante também perguntar ao paciente se ele costuma 
repetir, e, como ele monta o prato. Á medida que começamos a trabalhar com obesidade, se fizermos a anamnese, 
conseguimos ver perfeitamente aonde o paciente está errando, e, vemos como as pessoas comem muito, sem achar 
que comem muito. Às vezes, não é só comer muito, é comer mal, comer uma comida não equilibrada, e, 
principalmente, comer mais do que aquela pessoa precisa. Então, precisamos entender que essa anamnese de hábitos 
nutricionais é muito mais que perguntar se a alimentação é balanceada e fracionada, é olhar, pedir para a pessoa 
descrever, pegar os detalhes, e, por último, é importante lembrarmos que a pessoa sempre fala menos do que 
realmente come. 
Atividade física: O tempo recomendado pela OMS para prática de atividade física por semana é de 150 minutos, então, 
isso é o recomendado para SER SAUDÁVEL, e, não o recomendado para emagrecer. A maioria dos estudos sugerem 
que se queremos fazer uma atividade física para perder peso, é aproximadamente 300 minutos por semana com 
intensidade moderada a alta. Portanto, perguntamos as vezes ao paciente se ele faz atividade, e, ele relata fazer 30 
minutos de caminhada, isso do ponto de vista da saúde é bom, mas, ele não vai perder 1g. 
Tratamentos anteriores e resultados: Falamos que é sempre bom pegar o paciente “virgem de tratamento”, já que, 
aquele paciente que já tentou várias alternativas sem êxito, é aquele paciente que está esperando algum milagre. 
Então, sabemos que esses pacientes ficam zanzando de um médico para outro esperando que algum deles dê uma 
solução muito grande. 
Sinais e sintomas de patologias endócrinas: Falamos do hipotireoidismo, da Síndrome de Cushing, que seria mais 
significativa. 
Avaliação de compulsão alimentar: Compulsão alimentar é um diagnóstico psiquiátrico, sendo caracterizado por 
episódios recorrentes de compulsão alimentar, e, essa é definida pela ingestão em um período de tempo, podendo 
ser pequeno, de uma quantidade de comida definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria no 
mesmo intervalo de tempo, com uma sensação de falta de controle sobre o que está comendo. Além disso, esses 
episódios tem que estar associados com 3 dos 5 aspectos a seguir, (1) comer mais rápido que o normal, (2) comer até 
se sentir desconfortavelmente cheio, (3) comer grande quantidade de comida sem estar com fome, (4) comer sozinho 
por vergonha do quanto se está comendo, (5) sentir-se desgostoso de si mesmo, deprimido, ou, muito culpado em 
seguida. Tem que ter um sofrimento marcante, a pessoa não vai contar que teve um episódio de compulsão alimentar 
rindo. Tem que ter ocorrido em média uma vez por semanadurante 3 meses, portanto, não é algo que será feito na 
semana de prova. Esses pacientes, quando tem compulsão alimentar, são pacientes mais graves, geralmente, com 
 
6 Digitada por Júlia Robadey 
obesidade mais grave, com mais psicopatologias, são pacientes com mais depressão, são pacientes com mais 
ansiedade, sendo quadros tipicamente muito graves, e, ao avaliar, a grande maioria das pessoas na verdade não tem 
compulsão. A compulsão alimentar não está associada ao uso recorrente de comportamento compensatório 
inapropriado como na bulimia nervosa, e, não ocorre exclusivamente durante o curso de bulimia nervosa ou anorexia 
nervosa. Quando temos comportamento compensatório, mudamos o nome da doença, passa a ser bulimia ou 
anorexia, dependendo do peso da paciente. Então, exatamente o diagnóstico da compulsão alimentar é muito 
parecido com o diagnóstico da bulimia, os episódios da compulsão são muito parecidos, mas, a grande diferença é que 
na bulímica temos compensação, podendo ser o vômito, atividade física, laxante. Enquanto na compulsão alimentar 
não temos episódio compensatório. 
História familiar: Tem que perguntar se a mãe é obesa, pai, irmão. Se a pessoa fala que só ela é obesa na família, 
provavelmente tem um fator ambiental muito grande. Agora, se a pessoa fala que a mãe é obesa, pai é obeso, irmão 
é obeso, provavelmente ela tem um fator genético muito grande. Existe um artigo até engraçado, mas, muito 
interessante, que mostra que cachorros de famílias obesas são obesos, têm-se um fator ambiental no meio que é 
muito grande. 
Patologias associadas: Falamos muito sobre hipertensão, diabetes, dislipidemia, câncer, lombalgia, lombociatalgia, 
artrose, então, tem muita coisa, sendo uma anamnese muito rica, com muitos dados, se bem feita. 
EXAME FÍSICO 
No exame físico do paciente obeso, temos que avaliar o IMC, medir a 
cintura, e, medir o quadril. A cintura é medida no ponto médio entre o 
último rebordo costal, e, a crista ilíaca, então, NÃO medimos no 
umbigo, sendo esse um erro muito clássico. Na próxima aula isso será 
melhor explicado. O quadril medimos na maior circunferência do 
quadril. Volta e meia perguntam sobre a plicometria, sendo essa a 
medida das pregas cutâneas, essa, serve para quem é magro, atleta, 
para avaliar o percentual de gordura, mas, não adianta querer medir 
prega em um paciente com IMC de 34, 35, 43, 45, a medida se torna altamente inespecífica, e, mesmo quando a 
plicometria é feita em pessoas magras, temos um grande erro “intra-avaliador”, isso é, se a mesma pessoa medir suas 
pregas cutâneas, e, depois de 2 horas voltar e medir novamente, provavelmente você vai ter diferença. Se entra uma 
pessoa, mede, ela sai, e, entra outra pessoa para fazer as mesmas medidas, também você pode ter diferença. Portanto, 
é muito importante falar que muita coisa dentro desse ramo que é “maquiagem”, medindo a cintura e quadril, você 
já tem 99% da informação que precisamos, o resto, na grande maioria das vezes é “perfumaria”. 
Um dado do exame físico que é interessante olharmos é uma mancha escurecida, geralmente, na 
região do pescoço, da axila, que é a chamada Acantose nigricans. Esse, não é um marcador de 
obesidade propriamente dito, sendo muito mais um marcador de resistência a insulina, que será 
um tema abordado nas próximas semanas. 
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO 
Para medirmos a quantidade de massa gorda e massa 
magra, podemos usar a TC e a ressonância, esses são 
métodos muito caros, e, muito difíceis para fazerem 
isso. A maneira que temos hoje para fazer isso mais 
facilmente é a chamada “Densitometria de corpo 
inteiro- DEXA”, esse é o mesmo exame utilizado para 
avaliarmos osteoporose, e, será mostrado em uma das 
aulas de osteoporose de osteopenia, e, é uma 
quantidade minúscula de raio-x, equivalente a uma 
radiografia de tórax, por exemplo, e, o aparelho mede 
perfeitamente a quantidade de massa gorda, e, de 
massa magra que você tem nas pernas, no abdome, ele faz uma avaliação muito bem feita. 
A bioimpedância é um método também que funciona, ela passa uma corrente elétrica pelo corpo, e, mede o tempo 
que essa corrente elétrica leva para passar pelo corpo, o que é influenciado pela quantidade gordura, mas, a 
bioimpedância, para ser feita, ela precisa de uma balança especial, que custa cerca de 60mil reais, existem até alguns 
aparelhos de bioimpedância que seguramos só na mão, mas, não tem muito valor. 
 
7 Digitada por Júlia Robadey 
TRATAMENTO DO PACIENTE OBESO 
CONVENCIONAL 
Programa alimentar: A obesidade tem que ser tratada com 
“dieta”, entretanto, a palavra “dieta” não é muito correta, já 
que da impressão de que você vai fazer e vai parar. O grande 
desafio é fazermos uma reeducação alimentar do paciente, 
mostrar para ele que as dietas modismos não funcionam, ou 
melhor, funcionam no curto prazo, mas ao ver os dados de 
longo prazo, que é o que importa, não tem bons resultados. 
Podemos dar orientações gerais ao paciente, como pedir 
para ele comprar balanças de prato, e, ter uma balança 
daquela em casa, para pesar o prato antes de comer. Ensinar 
o paciente a montar o prato, onde primeiro colocamos a 
salada, e, essa deve envolver metade do prato, depois coloca-se um pedaço de carne, sobrando ¼ do prato para 
colocarmos um pouco de carboidrato. 
Atividade física: Tem que falar para o paciente ter a hora certa de colocar roupa, sair, correr, andar. 
Tratamento farmacológico: Quando vamos falar sobre o tratamento farmacológico, temos 3 pontos que deveríamos 
poder atuar, na (1) entrada de energia/calorias, na (2) estocagem de energia, e, no (3) gasto energético. O que temos 
hoje que funciona, é atuar na entrada de energia, então nós temos medicações que diminuem o apetite, e, aumentam 
a saciedade, temos medicações que diminuem a absorção, e, obviamente, diminui a entrada de calorias, e, temos 
medicamentos que diminuem o esvaziamento gástrico. Para estocagem de energia, deveríamos pensar em 
medicamentos que promovam lipólise, que quebrem o tecido adiposo armazenado, ou que diminuam a formação do 
tecido adiposo. Até temos uma substância que faz lipólise, o GH, o hormônio do crescimento, o grande problema do 
GH é que ele vai fazer lipólise, e, vai estimular o crescimento de todas as células do corpo. Estamos falando de um 
paciente obeso que já tem maior risco de fazer câncer, e, acreditamos que o GH aumente mais ainda o risco de câncer 
nesse paciente. Além disso, o GH induz resistência a insulina, então aumenta o risco de diabetes, e, NÃO EXISTE 
NENHUMA RECOMENDAÇÃO PARA USO DO GH NO TRATAMENTO DA OBESIDADE. Uma terceira maneira, seria de 
aumentar o gasto de energia, aumentar a 
termogênese, então, já foi dito nas aulas de fisiologia 
que os termogênicos que temos no mercado são a 
base de cafeína, para que consigamos aumentar a 
termogênese fazemos um hiperestímulo do SNS, e, 
fazendo esse hiperestímulo do SNS, acabamos tendo 
todos os efeitos colaterais, como aumento da FC, 
aumento da PA, risco de infarto, risco de AVC, risco de 
arritmia, é importante atentar que fazemos tudo isso 
em um paciente que já tem risco aumentado para 
todas essas doenças. Portanto, não temos nenhuma 
terapia efetiva/segura que atue no gasto de energia, 
não temos nenhuma terapia segura também no ponto 
da estocagem de energia, restando unicamente a 
entrada de energia. As únicas terapias que temos hoje 
atuam na entrada de energia. 
 -Objetivos: Perder peso é muito fácil, manter o peso perdido é a dificuldade, portanto, ao falarmos de uma opção 
para tratamento da obesidade, temos que falar que essa opção deve ser segura para perder peso, e, para manter o 
peso perdido. Tem que controlar as comorbidades, 15 anos atrás foi lançado um medicamento para obesidade 
chamado de Rimonabanto (Acomplia®), o remédio era um espetáculo, perdia peso, baixava pressão, melhorava 
glicose, baixava triglicerídeos, e, o princípio de funcionamento do remédio era muitointeressante, ele era um agonista 
do chamado sistema endocanabinoide. Todos já ouviram falar que quando alguém fuma maconha a pessoa perde o 
apetite, e, depois vem a famosa “larica”, então foi-se ver porque isso acontecia, e, isso se dava já que a substância que 
é o THC ativa um receptor que tira o apetite, e, depois quando passa o efeito, vem o apetite todo, a “larica”. Esse 
medicamento atuava justamente nesse receptor endocanabinoide, então, a droga era muito boa, ela tinha alguns 
 
8 Digitada por Júlia Robadey 
efeitos colaterais que começaram a aparecer depois que ela foi lançada, que era um pouco de depressão, um desejo 
de automutilação, algumas pessoas começaram com ideação suicida, e, obviamente, a medicação foi retirada do 
mercado. Portanto, não adianta falar que só porque o medicamento emagrece ele é bom, você tem que provar que 
ele é eficaz, e, provar que ele é seguro. Tem que melhorar a qualidade de vida, já que a qualidade de vida é um fator 
importante. Além disso, deve prevenir desfechos “duros”, obesidade mata, obesidade é uma doença crônica que 
mata, mata por infarto, mata por AVC, mata por câncer, e, temos que provar que a medicação diminui esses desfechos. 
-Qual a meta de tratamento de um paciente obeso? Imaginando um paciente com 1,70m, e 100kg, sua meta de 
tratamento seria trazer o IMC desse paciente para dentro do normal, nesse caso, o paciente teria que perder cerca de 
20kg. A perda de peso de 5 a 10% é uma perda aceitável, a qual nós sabemos que tem um impacto muito significativo 
na saúde da pessoa. Agora, uma pessoa com 120kg precisando emagrecer,

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