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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS FÍSICAS E MATEMÁTICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Química Inorgânica Experimental I - QMC 5136 Professor: José Roberto Bertolino Experimento 1: PREPARAÇÃO DO TRISACETILACETONATO DE ALUMÍNIO (III) Equipe: Ana Caroline da Silva – 17200389 Kassia Rauen Jayme - 17204627 Florianópolis 2018/02 1 Resumo Neste relatório teremos informações sobre o primeiro experimento, que trata da preparação da síntese do trisacetilacetonato de alumínio (III). Em sua preparação foi utilizado nitrato de alumínio nonahidratado e o ligante acetilacetonato que é bidentado, vindo do equilíbrio ceto-enólico da acetilacetona. Teve a necessidade de deixar o meio alcalino (pH entre 7 e 8), com isso foi utilizado amônia, que é uma base fraca, após a precipitação filtrou-se e foi colocado o filtrado na estufa por 30 minutos para secar. Terminando todos os procedimentos experimentais, juntaram-se os dados e realizaram-se os cálculos, tendo como resultado 1,32 g de rendimento final. Com isso, a pureza foi avaliada colocando uma pequena parte do composto em solução de clorofórmio, tendo como resultado um composto puro. 2 1. Introdução Teórica 1.1 Algumas teorias sobre ácido-base A teoria dos ácidos e bases se inicia com Arrhenius, sucintamente, diz que substâncias ácidas liberam H+, e bases liberam OH-, porém é uma teoria pouco abrangente já que serve só para soluções em meio aquoso. Em seguida surgiu a teoria de Bronsted-Lowry que enfoca na transferência do próton entre as espécies (ácido gera H+, e base se liga com H+. Apesar de ser uma teoria mais geral, ainda falha quando se considera reações entre substâncias de aspectos similares, mas nas quais nenhum próton é transferido. Em busca de teorias de acidez gerais, G. N. Lewis percebeu que um ácido é uma substância que recebe um par de elétrons, e uma base é uma substância que doa um par de elétrons. A reação fundamental dos ácidos e bases de Lewis é a formação de um complexo. Com essa teoria de Lewis, R.G. Pearson deu uma nova classificação de ácidos e bases, nas quais diferenciou em ácidos “duros/macios” e bases “duros/macios”. Os ácidos e bases duros são menores e pouco polarizáveis, enquanto ácidos e bases macias tendem a ser maiores e polarizáveis. Pearson então propôs que os ácidos duros tendem a se ligar com as bases duras, enquanto as bases macias tendem a se ligar com os ácidos macios. Esta regra, ficou conhecida como Princípio de Pearson (serve para estabelecer a estabilidade de complexos metálicos). 1.2 Nitrato de alumínio (Al(NO3)39H2O) O alumínio é um cátion compacto, pouco polarizável e altamente carregado, é considerado um íon metálico duro, se hidrolisa facilmente em solução aquosa. Possui número de coordenação quatro (raio iônico de 0,53 Å) ou seis (raio iônico de 0,68 Å), adotando, respectivamente, a geometria tetraédrica ou octaédrica. Nesta prática, usamos nitrato de alumínio nonahidratado, que é constituído por cristais brancos, é inodoro, perigoso, oxidante e tem massa molar de 375 g mol-1. Nesta molécula o alumínio tem número de coordenação 6. 1.3 Complexos metálicos ou compostos de coordenação Composto de coordenação é um complexo neutro ou um composto iônico no qual um dos íons envolvidos é um complexo [combinação de um ácido de Lewis (que é o átomo metálico central) com várias bases de Lewis (que são os ligantes)]. Há uma classe desses compostos de coordenação que se chama “quelatos”, é produzido quando um íon metálico coordena-se com dois ou mais grupos doadores de um mesmo ligante para formar um anel heterocíclico de cinco ou seis membros. São mais estáveis que complexos com ligantes monodentados. Logo, quanto maior o número de anéis formados, mais estável será o complexo. Podemos ter como exemplo, o ligante utilizado nessa prática. Essa estabilização se dá, pelo fato do ligante formar um anel heterocíclico de 6 membros com o íon metálico Al⁺³, pela ressonância do ligante e as interações “base dura-ácido duro”. No efeito quelato as entropias são maiores do que em reação não quelantes, desta forma termodinamicamente elas se tornam mais favoráveis. A presença de sítio ativos atribuem a isso, sendo quanto maior o sua atuação e sua quantidade, maior sua vantagem entrópica, já que haverá bom deslocamento de ligantes monodentados. 3 Estrutura do complexo [Al(acac)3] 1.4 Equilíbrio químico em reações O equilíbrio químico ocorre em uma reação reversível, a velocidade da reação direta é igual à velocidade da reação inversa. Quando o estado de equilíbrio é alcançado, as concentrações de reagentes e produtos permanecem constantes (nunca resultam na completa conversão de reagentes em produtos). Equação genérica Porém, esse equilíbrio pode ser alterado (por modificações nas concentrações das substâncias, na pressão ou na temperatura) “quando uma força externa age sobre um sistema em equilíbrio, este se desloca, procurando anular a ação da força aplicada.” - Princípio de Le Châtelier. Neste experimento, vimos como a acetilacetona (2,4-pentanodiona) entra em equilíbrio ceto-enólico com seu isômero enol. Esse enol age como um ácido fraco de Bronsted-Lowry e perder o íon H+ em contato com uma base, gerando o ânion acetilacetonato. Reação 1: equilíbrio ceto-enólico da acetilacetona 1.5 Clorofórmio Em 1831 a primeira obtenção de clorofórmio se deu por Liebig e Souberian. Isto se deu por meio da reação de etanol e gás cloro e uma solução de hidróxido de sódio. O clorofórmio é um haleto orgânico triclorometano, onde esses são conhecidos pela substituição de um ou mais hidrogênios de moléculas de hidrocarboneto por halogênios como o próprio Cl, o F, Br e I. Sua fórmula química é CHCl3. Este composto é caracterizado com um solvente apolar, desta forma não existe regiões eletricamente densas nas moléculas constituintes. Com todas essas análises, podemos concluir que os momentos dipolares e a constante dielétrica são menores. . 4 2. Materiais e reagentes: Béquer de 100 mL; Proveta; Bastão de vidro; Agitador magnético Bureta; Almofariz de porcelana; Kitassato; Funil de placa porosa; Bomba de vácuo; Placa de Petri; Estufa; Balança; Papel tornassol; Água destilada; Gelo; Nitrato de alumínio nonahidratado; Acetilacetona; Solução aquosa de amônia; Clorofórmio; 2.1 Parte Experimental Em um béquer de 100 mL, foi pesado 3,004g de nitrato de alumínio nonahidratado (Al(NO3)39H2O). Em seguida, com uma proveta foi medido 30 mL de água destilada e adicionado ao béquer. Com auxílio de um bastão de vidro, a solução foi agitada até os cristais estarem dissolvidos. Em seguida adicionou-se 2,5 mL de acetilacetona, que fez mudar o incolor da solução para alaranjado. Em agitação constante tendo o auxílio do agitador magnético, com uma bureta adicionou-se gota a gota a solução de amônia (NH3 (aq)) 2,0 mol/L no béquer que já continha solução. A medida que era “pingado” amônia no béquer, ia se molhando o bastão de vidro na solução e passando-a em papéis tornassol, até ser obtido uma coloração roxo/azulado, que indica quea solução está levemente básica, foi feito com muita cautela, pois caso passasse dessa cor (pH) o nitrato iria precipitar. Para obter o pH dessa solução entre 7 e 8, utilizou-se 15,5 mL de amônia. Após esse procedimento, foi preparado um banho de gelo em um almofariz de porcelana e então, adicionou-se o béquer que continha a mistura. A solução foi mantida esfriando no banho de gelo por cerca de 10 minutos. Em seguida foi feita a filtração com um kitassato que continha um funil de placa porosa na bomba de vácuo. A mistura do béquer foi vagarosamente adicionada no funil de placa porosa enquanto a filtração era realizada (o béquer foi lavado uma vez com auxílio de água gelada). Após a filtração ficou nítido a separação da parte aquosa do precipitado. Em seguida, o precipitado foi retirado do funil de placa porosa e colocado em uma Placa de Petri (30,50g), que foi levada para estufa a 70ºC, onde ficou por 30 minutos, assim o precipitado ficou livre de água (seco). Foi pesado novamente a placa de Petri contendo o Trisacetilcelonato de Alumínio (III) obtendo um valor de 31,82g. Para ver se o composto era totalmente puro, foi adicionado cerca de 1 mL de clorofórmio em uma alíquota do material, onde foi possível perceber a dissolução do composto, mostrando que ele era puro. 5 3. Resultados e Cálculos É necessário, primeiramente, entender como ocorrem as reações para que seja possível realizar os cálculos do reagente limitante e do rendimento da reação. Reação 2: Al(NO3)39H2O(aq) ⇋ Al 3+ (aq) + 3NO3 - (aq) Reação 3: C5H8O2(aq)+ NH3(aq) ⇋ NH4 + (aq) + C5H7O2 - (aq) Reação 4: Al3+(aq) + 3(C5H7O2 -)(aq) ⇋ Al(acac)3(aq) O produto final é formado por apenas alumínio e acetilacetonato (acac), sendo assim, a amônia que foi adicionada na solução de nitrato de alumínio nonahidratado com a acetilacetona não é levada em consideração para os cálculos de reagente limitante. Há a necessidade de verificar quem é o agente limitante para os cálculos e com isso, necessita-se saber a massa molar dos reagentes que foram adicionados no procedimento experimental. A massa molar do Al(NO3)39H2O é de 374,98 g/mol, porém a massa molar da acetilacetona fornecida no rótulo é de 100,12 g/mol. Calculando o número de mols de nitrato de alumínio nonahidratado: n = mMM n = 3,004 g/mol374,98 g/mol 8, 1x10n = 0 −3 Agora, para calcular o número de mols da acetilacetona é preciso descobrir a massa. Iremos fazer isso através do volume de acetilacetona que foi adicionado, então é necessário utilizar a densidade da acetilacetona. Na pesquisa descobrimos que a densidade é 0,975 g/mL. Calculando: ρ = v m , 75g/mol0 9 = m2,5 ml 0, 75 g/ml x 2, mlm = 9 5 2, 3 gm = 4 Descobrindo a massa se torna possível calcular o número de mols de acetilacetona adicionados no nosso sistema. A massa molar fornecida no rótulo foi 100,12 g/mol. n = mMM n = 2,43 g100,12 g/mol 2, 2 x 10 moln = 4 −2 No entanto, ao analisar a estequiometria da reação, temos que arrumar a proporção de alumínio e de acetilacetona, de acordo com os coeficientes estequiométricos. Por isso, tem que dividir o valor do número de mols de acetilacetona 6 por três, já que a proporção é de 1 mol de nitrato de alumínio para 3 mols de acetilacetona, ficando o total de 8,06 x 10-3 mol de acetilacetona. Analisando, percebemos que o Al(NO3)39H2O está em menor quantidade, tornando-o em reagente limitante. Tendo o número de mols do reagente limitante podemos descobrir o rendimento teórico para o trisacetilacetonato de alumínio (III), com o valor da massa molar do complexo em 323,98 g/mol e proporção de 1 para 1, calculamos: (Al(NO3)39H2O) n = mMM Al(aca)3 , 1 x 10 g/mol 8 0 −3 = m323,98 g/mol 2, 9 gm = 5 Comparando o rendimento teórico com o rendimento experimental, é possível calcular o rendimento percentual. Como está no procedimento experimental, tivemos o valor de 1,32 g de trisacetilacetonato de alumínio (III) ao final do experimento. Desta forma, calculamos: (vidro de Petri vazio) 30, 0 gm = 5 (vidro de Petri com conteúdo) 31, 2 gm = 8 1, 2 30, 0 1, 2 g de Al(acac)33 8 − 5 = 3 rendimento percentual: , 9 g 100%2 5 → , 2 g x1 3 → 50, 6%x = 9 7 4. Discussão Com a alta solubilidade do nitrato de alumínio em água, podemos considerar que a dissolução total em íons Al3+ e NO3 - em solução aquosa realmente acontece. Reação 5: Al(NO3)39H2O(aq) → Al 3+ (aq) + 3NO3 - (aq) O complexo formado pelo íon metálico com as moléculas de água, [Al(H2O)6] 3+, possui um caráter ácido e diminui o pH da solução. Para tanto, foi adicionada uma base fraca (amônia) com o intuito de deslocar o equilíbrio para a formação de uma maior concentração de íons acetilacetonato. A amônia atua como uma base de Bronsted-Lowry, “retirando” prótons tanto da solução quanto do enol, enquanto a acetilacetona atua como um ácido de Bronsted-Lowry (Reação 6). Assim, com a adição da amônia, o equilíbrio químico da reação foi deslocado para a direita, favorecendo a formação de acetilacetonato e do íon amônio. Este aumento na concentração de acetilacetonato fará com que haja a formação de [Al(acac)3], e consequentemente, a retirada dos íons em solução, fazendo com que o equilíbrio desloque-se no sentido da formação de mais íons acac-. Reação 6: C5H8O2(aq)+ NH3(aq) ⇋ NH4 + (aq) + C5H7O2 - (aq) Reação 7: Al3+(aq) + 3(C5H7O2 -)(aq) ⇋ Al(acac)3(aq) Pela reação pode-se notar que há um aumento nítido na entropia do sistema por conta da variação positiva no número de espécies em solução, proveniente da substituição de seis moléculas de água complexadas ao íon Al3+ por três ligantes acac- (Reação 7). Também deve-se levar em consideração que o pH deve ficar apenas levemente alcalino para não favorecer a formação de hidróxido de alumínio que é insolúvel em água (Reação 8). Reação 8: Al3+(aq) + 3OH - (aq) ⇋Al(OH)3(s) O íon acac- forma complexos neutros com cátions trivalentes. Então, pode-se usar como método para verificar a pureza do sólido obtido na síntese, a adição de uma alíquota deste em algum solvente apolar, como o clorofórmio. Caso o sólido não se dissolva, ou seja, forme algum tipo de precipitado ou turbidez, essa característica pode ser associada a cargas presentes no composto, indicando a impureza do mesmo. 8 5. Conclusões Concluindo todos os métodos experimentais necessários, chegamos ao fato de que o complexo formado é estável, já que contém estabilização de ressonância do ligante, efeito quelato e interações base dura com ácido duro. Nosso rendimento final poderia ter sido melhor, finalizamos com o rendimento de 50,96%. Acreditamos que tenha tido culpa o erro de procedimento com aplaca aquecedora e perda na filtragem, já que não é possível a retirada de todo o material do funil. No final verificamos a pureza do complexo, utilizando clorofórmio já que é um composto neutro. Na realização não observamos nenhum sólido e assim concluímos que o sintetizado é puro. 9 Referências Bibliográficas NITRATO DE ALUMÍNIO. Disponível em: <https://www.oswaldocruz.br/download/fichas/Nitrato%20de%20alum%C3%ADnio200 3.pdf > Último acesso: 15 de Agosto de 2018. COMPOSTOS DE COORDENAÇÃO. Disponível em: <https://www.infoescola.com/quimica/compostos-de-coordenacao/> Último acesso: 15 de Agosto de 2018. ÍON METÁLICO EM ESTUDO: ALUMÍNIO (III). Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16190/16190_4.PDF> Último acesso: 15 de Agosto de 2018. O que É Equilíbrio Químico? Disponível em: <https://descomplica.com.br/blog/quimica/resumo-equilibrio-quimico/> Último acesso: 15 de Agosto de 2018. SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de Química Analítica. São Paulo: Cengage, 2011. Solventes. Disponível em: <https://www.infoescola.com/compostos-quimicos/solventes/> Último acesso: 03 de setembro de 2018. Composição e Aplicações do Clorofórmio. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/quimica/composicao-aplicacoes-cloroformio.htm> Último acesso:03 de setembro de 2018. Weller M., Overton T., Rourke J. Armstron F. Química Inorgânica - 6 ed. Porto Alegre. tradução de 2014. Boita, A C.; E. M,. Aluminum Acetylacetonate [Tris(2,4-pentanediono)aluminum], Inorg. Syntheses, II, 25, (1939). 10 https://www.oswaldocruz.br/download/fichas/Nitrato%20de%20alum%C3%ADnio2003.pdf https://www.oswaldocruz.br/download/fichas/Nitrato%20de%20alum%C3%ADnio2003.pdf https://www.infoescola.com/quimica/compostos-de-coordenacao/ https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/16190/16190_4.PDF https://descomplica.com.br/blog/quimica/resumo-equilibrio-quimico/ https://www.infoescola.com/compostos-quimicos/solventes/ https://brasilescola.uol.com.br/quimica/composicao-aplicacoes-cloroformio.htm
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