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Práticas Funcionais Bioquímica UCII

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Práticas Funcionais - Bioquímica 
Espermograma 
OBJETIVO: Avaliar a concentração, motilidade e 
morfologia espermática, como marcadores de 
fecundidade masculina. 
O espermograma é o foco central da avaliação 
laboratorial para o homem com queixa de infertilidade. 
Embora não seja um teste de função espermática, 
esse exame fornece informações sobre a atividade 
germinativa, a atividade dos epidídimos e a atividade das 
glândulas sexuais acessórias. A coleta e análise do 
sêmen precisam ser realizadas a partir de 
procedimentos adequadamente padronizados. Além das 
avaliações físico-químicas, microscópicas e morfológicas 
dos espermatozóides, podem ser realizadas também 
avaliações imunológicas, bioquímicas e hormonais. 
 O espermatozoide com a cabeça corada de 
rosa está morto – a camada que reveste o 
acrossomo é desintegrada 
Abstinência sexual: O ideal é uma abstinência sexual de 
5 dias, podendo variar de no mínimo 2 e no máximo 7 
dias; 
A coleta deve ser feita preferencialmente no 
laboratório. 
Antes da coleta, realizar higiene das mãos e pênis; 
A amostra deve ser coletada por masturbação em 
frascos limpos, de vidro ou plástico fornecido pelo 
laboratório; 
Não utilizar métodos alternativos para obtenção do 
sêmen como, por exemplo, relação sexual 
interrompida; 
Instruir o paciente para evitar perda do material durante 
a coleta. Fechar o frasco após a coleta, para evitar 
alcalinização; 
Recomendar ao paciente a não utilização de 
preservativos de látex durante a coleta; 
É indispensável informar o horário da coleta; 
O jejum não é obrigatório, exceto quando solicitado a 
dosagem de frutose 
ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS 
a) Liquefação: Imediatamente após a ejaculação, o 
sêmen normal forma um coágulo semelhante a 
um gel, em razão da presença de proteínas 
secretadas pelas vesículas seminais. A ausência 
de coagulação indica a inexistência ou a 
deficiência das proteínas que formam o 
coágulo e pode ocorrer nos casos de 
obstrução dos dutos ejaculatórios, ausência 
congênita ou disfunção das vesículas seminais. 
A liquefação do coágulo seminal é um 
processo enzimático e a principal enzima 
envolvida é o antígeno prostático específico 
(PSA). Depois da observação da presença ou 
não do coágulo, o frasco com a amostra 
seminal pode ser colocado em uma estufa, à 
temperatura de 37 ºC, ou permanecer à 
temperatura ambiente, para que ocorra a 
liquefação. A liquefação parcial ou ausente é 
considerada uma importante causa de 
infertilidade. Após a liquefação, os demais 
parâmetros, devem ser analisados. O tempo 
médio para a liquefação completa é de 15 a 30 
minutos. 
b) Aspecto: Imediatamente após a coleta, a 
amostra seminal tem aspecto heterogêneo, 
espesso e gelatinoso, tornando-se opalescente, 
homogêneo e mais fluído após a liquefação. 
Podem ser causas de alterações do aspecto: 
períodos prolongados de abstinência sexual, 
diminuição de testosterona, alterações das 
concentrações de prostaglandinas 
espermáticas, processos inflamatórios do trato 
genital e uso de certos medicamentos. 
c) Volume: Valores normais: 2,0 a 5,0 ml. Valores 
menores que 1,0 ml são insuficientes para 
análise, devendo ser solicitada nova coleta, 
observando o novo período de abstinência. 
d) Viscosidade (consistência): A viscosidade do 
sêmen deve ser avaliada após a liquefação, 
com o auxílio de uma pipeta sorológica de 5 ml. 
A viscosidade é considerada normal quando a 
amostra, ao sair da pipeta por ação somente 
da força da gravidade, goteja ou forma um 
filamento com extensão inferior a 2 cm. 
Quando o filamento formado for superior a 2 
cm, a viscosidade é descrita como aumentada. 
Pode estar aumentada principalmente, em 
casos de deficiência de produção de 
espermolisinas pela próstata ou diminuída, 
principalmente, em casos de deficiência 
vesicular com baixa produção de fatores da 
coagulação. 
e) pH: O pH seminal é resultado da mistura das 
secreções das vesículas seminais (pH alcalino) e 
da próstata (pH ácido). O valor normal do pH 
seminal é ≥ 7,2.. Valores normais: 7,2 a 8,0. 
Este teste dever ser realizado no prazo 
máximo de 1 hora após a coleta. O método de 
escolha é o potenciômetro, porém, podem-se 
utilizar as fitas indicadoras de pH. 
f) Cor: As colorações branca ou acinzentada são 
consideradas normais. Alteração na cor pode 
indicar doenças locais ou sistêmicas (infecção, 
hepatite) ou ainda uso de medicamentos 
(antibióticos, antissépticos urinários ou vitaminas). 
A coloração avermelhada, em razão da 
presença de hemácias, é conhecida por 
hematospermia e pode resultar de um 
processo inflamatório, obstrução nos dutos 
ejaculatórios, neoplasias, anormalidades 
vasculares, entre outros. 
g) Odor: A ausência de odor "sui generis" pode 
sugerir infecção. 
ASPECTOS MICROSCÓPICOS: Após a análise 
macroscópica, realiza-se a avaliação microscópica inicial 
quanto à presença de agregação e de aglutinação. Para 
isso, 20 μL do sêmen liquefeito são colocados sobre 
uma lâmina de microscopia e recobertos com lamínula. 
Utilizando-se aumento de cem a quatrocentas vezes. 
a) Aglutinação: Existem dois tipos de aglutinação: 
(i) inespecífica (também conhecida como 
agregação, em que se observam 
espermatozoides imóveis aderidos a células ou 
debris celulares); (ii) específica 
(espermatozoides aderidos uns aos outros). 
Esta última é sugestiva da presença de 
anticorpos antiespermatozoides. 
b) Motilidade: A motilidade é definida como o 
movimento espontâneo dos espermatozoides. 
Os espermatozoides podem ser classificados de 
acordo com três padrões de motilidade (OMS, 
2010), a saber: - motilidade progressiva; - 
motilidade não progressiva; - imóveis. A 
avaliação da motilidade deve ser feita 
imediatamente após a liquefação, 2h e 6 h após 
a primeira avaliação. 
c) Vitalidade: O teste rotineiramente empregado 
para a avaliação da vitalidade espermática utiliza 
o corante eosina. Para corar os 
espermatozoides, depositar uma gota de 
sêmen e do corante na ponta da uma lâmina 
limpa e homogeneizar. Com outra lâmina na 
posição perpendicular, escorregar em um 
ângulo de 45º e esperar secar. 
Espermatozóides vivos apresentam membrana 
plasmática íntegra e não permitem a passagem 
da eosina para o interior da célula 
(espermatozóide não corado). O mesmo não 
ocorre com espermatozoides mortos, cujas 
membranas não estão intactas 
(espermatozoide corado de rosa). Pelo menos 
duzentos espermatozoides são avaliados 
utilizando- se microscopia óptica com objetiva 
de imersão. Avaliação da vitalidade espermática 
pelo método da eosina. Espermatozóides com a 
cabeça corada em rosa são considerados 
“mortos” (membrana plasmática não intacta, 
que permite a entrada do corante supravital), e 
os não corados (cabeça branca) são 
considerados “vivos”, pois possuem a 
membrana íntegra, que não permite a entrada 
do corante. 
d) Contagem de espermatozoides: Apesar das 
câmaras de Horwell e de Makler serem 
específicas para a contagem de 
espermatozoides, a câmara de Neubauer 
(hemocitômetro) ainda é largamente utilizado. 
VALORES NORMAIS: 70.000.000 a 200.000.000 
p/ml de plasma seminal. 
 
e) Morfologia: A coloração de Papanicolau é 
recomendada, mas, podem-se utilizar as 
colorações de Giemsa, Leishman, Shorr e 
Panótico. A análise da morfologia é realizada 
preparando-se um esfregaço com 10 μl de 
sêmen liquefeito. A lâmina de microscopia 
utilizada para a confecção do esfregaço deve 
ser previamente limpa com álcool 70%, e, após 
a fixação e coloração, no mínimo duzentos 
espermatozoides são contados e classificados 
como normais e anormais. 
 
 
- formas normais: ovais 
- defeitos na forma e tamanho da cabeça; 
- defeitos do pescoço e peça intermediária; - defeitos 
da cauda e 
- gotículas citoplasmáticas, geralmente localizadas na 
região do pescoço/peça intermediária da célula. 
Corpúsculo de Barr/Cromatina Sexual 
A cromatina sexual (corpúsculo de Barr) representa um 
corpúsculo heteropicnótico positivo observável em 
núcleos interfásicos de célulassomáticas de fêmeas de 
mamíferos e que desaparece na mitose. Existe uma 
relação entre os corpúsculos e os cromossomos X: o 
número de corpúsculos de Barr observado é igual ao 
número de cromossomos X menos um. Portanto, não 
aparecem nas células somáticas do homem normal (XY) 
e nas células somáticas de mulheres normais (XX), 
aparece apenas um. 
É utilizado para diferenciação de cadáveres (sexo). 
Somente pode ser realizado em células nucleadas. 
Método: inativa-se um cromossomo X da célula – 
portanto, sobra um X na mulher, sendo possível a sua 
visualização, e apenas o Y no homem, não sendo 
possível a visualização. 
Cromossomos e cromatina são dois estágios 
morfológicos das mesmas entidades celulares de 
eucariontes, responsáveis pelo armazenamento, 
transmissão e expressão das informações do 
patrimônio hereditário. 
Disfunções cromossômicas: 
 XXX: triplo X – observam-se 2 corpúsculos. 
 X: Síndrome de Turner – não é possível 
observar o corpúsculo de Barr.
 
Mitose 
Mitose é um processo de divisão celular pelo qual uma 
célula eucariótica origina duas células-filhas, cada uma 
com número de cromossomos idêntico ao seu. A 
precisão da mitose garante que cada célula-filha receba 
todas as informações genéticas necessárias à sua vida. 
Este processo permite a proliferação celular, ou seja, 
aumento do número de células, que é importante 
durante o desenvolvimento, o reparo de um tecido 
lesado, assim como durante toda a vida, em que há 
perdas naturais de células, com a renovação ocorrendo 
através da mitose. 
 
 
 
 
 
Células Sanguíneas 
Hematopoese: produção dos elementos celulares e 
figurados do tecido sanguíneo: linfócitos, eosinófilos, 
macrófagos, neutrófilos, hemácias...) 
 Embrionária: é no saco vitelínico que se 
observa a primeira onda de produção de 
células vermelhas do sangue; 
 Fetal: fígado e no timo (maturação dos 
linfócitos T) 
 Pós-Natal: baço, medula óssea (dos ossos 
longos e chatos é o sítio definitivo da 
hematopoese) 
Hemácias Jovens = eritroblastos – sofrem mitose, pois 
antes da maturação eles têm núcleo. 
Hemácias maturas = anucleadas, não sofrem mitose. 
Eritropoietina: produzida pelo rim (podem também ser 
produzidas no fígado, cérebro ou útero - enquanto a 
produção hepática predomina no período fetal e 
perinatal, a produção renal é predominante durante a 
idade adulta), estimula a medula óssea a realizar a 
hematopoese – produzir glóbulos vermelhos. 
A baixa da pressão parcial em oxigênio (pessoas que 
vivem em grandes altitudes), a diminuição do número 
de glóbulos vermelhos (ou hemácias) causada por uma 
hemorragia ou por uma destruição excessiva, o 
aumento da necessidade de oxigénio pelos tecidos 
levam a uma secreção de eritropoietina. Ao contrário, o 
excesso de oxigénio nos tecidos diminui a sua secreção. 
Atua sobre as células eritroblásticas da medula óssea, 
isto é, as células precursoras dos glóbulos vermelhos 
por intermediação de receptores específicos. 
Células Sanguíneas: 
 Eritroblastos/hemácias: responsáveis pelo 
transporte do oxigênio dos pulmões para os 
tecidos e pela retirada do gás carbônico para 
ser eliminado pelos pulmões. 
 Trombócitos/plaquetas: fragmentos de grandes 
células que compõem o sistema de coagulação 
do sangue e age na prevenção de 
hemorragias. 
 Leucócitos: linfócitos, neutrófilo, basófilo, 
monócito, eosinófilo; são responsáveis pela 
defesa do nosso organismo contra agentes 
infecciosos como vírus ou bactérias e também 
nos protegem contra substâncias estranhas. 
Células-tronco: Na hora do nascimento, as células-tronco 
que dão origem ao sangue ainda não migraram 
completamente para a medula óssea do bebê e, por 
isso, ficam retidas no cordão umbilical na hora do parto. 
São capazes de regenerar órgãos e tecidos. 
Tratamento de doenças como leucemias, falências 
medulares, imunodeficiências e outras doenças 
hematológicas, do metabolismo e hereditárias; usadas 
em pesquisas para tratamento de paralisia cerebral, 
autismo, diabetes e outras doenças ainda sem cura 
atualmente. As células-tronco do tecido do cordão 
umbilical são armazenadas em tanques de nitrogênio 
líquido a -196 °C. 
Cariótipo 
Fotomicrografia de cromossomos de um indivíduo, 
recortada e organizada de maneira característica. 
Função: diagnóstico de anomalias genéticas relacionadas 
ao número ou à morfologia de cromossomos. 
Formas de coleta: sangue, amniocentese (líquido 
amniótico), biópsia de vilo corial, medula, entre outros. 
Indicação clínica: detecção de doenças relacionadas aos 
genes e suas alterações/malformações; suspeita de 
síndromes genéticas 
Fenótipo: características apresentadas por um indivíduo, 
sejam elas morfológicas, fisiológicas e comportamentais. 
Genótipo: conjunto completo de genes herdados por 
um indivíduo a partir de seus progenitores. 
O genótipo associado aos fatores epigenéticos e fatores 
ambientais não herdáveis determinam o fenótipo. Quem 
tem fenótipo de Down não necessariamente tem genótipo de 
Down. 
Síndrome de Down: trissomia do par 21 
Síndrome de Klinefelter: 47, XXY – ocorre em 
homens; é uma das principais causas de esterilidade 
Síndrome de Turner: 45, X0 – ocorre em mulheres 
Cariótipo Normal de um homem: 46, XY 
 
Genética 
A herança genética é baseada na transmissão dos 
genes de uma geração à outra por meio da 
reprodução. Cada gene determinará uma proteína 
específica na célula, sendo assim, para formar essa 
proteína o DNA deverá ser transcrito em RNA 
mensageiro e associado ao RNA ribossômico e RNA 
transportador será realizada a tradução, ou seja, síntese 
proteica. Cada RNA mensageiro carrega uma sequência 
de códons que determinará a sequência correta de 
aminoácidos, originando uma proteína específica. Os 
Anticódons presente no RNA transportador se associam 
ao RNA mensageiro, e a síntese proteica dependerá da 
presença do RNA ribossômico. 
As mutações gênicas podem ser: 
 Sem sentido (nonsense): após a mutação 
ocorre a formação de uma proteína mais curta 
ou mais longa devido a nova posição do códon 
STOP 
 Mudança de sentido: após a mutação ocorre a 
substituição do aminoácido e, portanto, a 
proteína final 
 Silenciosa: Substituição de uma base do DNA 
por outra que codifica o mesmo aminoácido 
sem alterar a proteína final 
 Mudança na matriz de leitura (adição/deleção); 
por adição ou remoção de uma base 
nitrogenada. 
Códon de Start: AUG; Códon de Stop: UAA, UAG, UGA 
Exemplo: origem da Síndrome de Down – não 
separação das cromátides na anáfase II; afinidade entre 
as cromátides é “causadas” por proteínas. Proteínas = 
Anticorpos.

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