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DEPRESSÃO NO IDOSO

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• A saúde mental é indispensável para o bem-estar geral do indivíduo e da 
sociedade no entanto, ainda é pouca a atenção sobre os transtornos mentais 
em comparação com a saúde física. 
• O envelhecimento populacional que o mundo vem experimentando 
aponta, no entanto, para a necessidade de atenção tanto para os portadores de 
transtornos mentais que envelhecem, quanto para os transtornos mentais que 
são mais prevalentes entre idosos. 
• Os transtornos depressivos unipolares estão entre as 3 principais causas 
de anos de vida ajustados para incapacidade (AVAI), independentemente do 
sexo e para todas as idades porém, quando apenas o componente 
incapacidade da carga é avaliado, a depressão passa a ser a causa mais 
importante de anos de vida (vividos) com incapacidade (AVI), 
independentemente da idade e do sexo. 
• Segundo os conceitos da Organização Mundial da Saúde sobre anos de 
vida vividos com incapacidade (AVI) e de anos de vida ajustados por 
incapacidade (AVAI), quantificam o potencial que uma determinada doença tem 
de retirar dias de gozo de saúde e de perda de dias de vida por morte prematura, 
respectivamente, os transtornos depressivos unipolares encontram-se entre as 
dez principais causas, independente do sexo e da situação econômica do país. 
• Isso traduz a necessidade de um olhar diferenciado para a possibilidade 
do diagnóstico de depressão em idosos, uma vez que ainda é comum a 
atribuição errônea dos sintomas depressivos ao processo de envelhecimento, 
por parte do próprio idoso, de seus familiares e de alguns profissionais de saúde 
esse cenário gera um elevado custo econômico para o indivíduo, a família e 
a sociedade, composto por fatores como o custo dos serviços sociais e de saúde, 
a redução na produtividade ou perda do emprego e o impacto negativo na 
mortalidade prematura. 
• EPIDEMIOLOGIA: Os transtornos depressivos apresentam significativa 
prevalência entre indivíduos idosos da comunidade, variando entre 4,8 e 14,6%. 
• Quando os estudos de prevalência se referem a idosos hospitalizados ou 
institucionalizados, os resultados são ainda maiores, alcançando 22%. 
• Ao contrário do diagnóstico estabelecido de depressão, os sintomas 
depressivos aumentam de prevalência a depender do estrato da população 
idosa, sendo de 17,1% para os maiores de 75 anos, 20 a 25% para os maiores 
de 85 anos e 30 a 50% para os maiores de 90 anos. 
• As variações entre as prevalências observadas em todo o mundo ocorrem 
na dependência da definição da população idosa-alvo, dos parâmetros 
diagnósticos utilizados e da origem dos indivíduos idosos: comunidade, atenção 
básica, ambulatórios especializados, unidades de internação ou instituições de 
longa permanência isso se confunde, em parte, com outros fatores, como os 
diferentes perfis da população-alvo em relação às possíveis comorbidades 
agudas e/ou crônicas, à capacidade funcional e à autonomia, estes dois últimos 
reconhecidamente divisores de águas em relação ao estado de saúde do idoso. 
• ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA: As depressões apresentam etiologia 
multifatorial: fatores genéticos, biológicos, epigenéticos e ambientais em 
proporções variáveis. 
• Acredita-se também que a maior parte dos fatores de risco para 
transtornos do humor acumule-se na população idosa. 
• A depressão de início tardio que começa após os 60 a 65 anos de idade 
se relaciona a fatores estressores que podem desencadear e/ou manter o quadro 
depressivo. 
• Lesões vasculares cerebrais são citadas como fatores de risco (e pior 
prognóstico) nessa população esse tipo de depressão muitas vezes é 
considerado como manifestações prodrômicas de quadros demenciais. 
• A depressão também pode ser provocada por medicamentos usados para 
tratar doenças físicas, bem como pelo uso abusivo de álcool. 
• Em relação à fisiopatologia, existem dados sugestivos de que as 
alterações do sistema de neurotransmissores podem ocorrer como 
consequência de mudanças no número, assim como na sensibilidade dos 
neurorreceptores pré e pós-sinápticos no sistema nervoso central, sem que haja, 
obrigatoriamente, uma alteração na quantidade do próprio neurotransmissor. 
• As hipóteses baseadas na deficiência de neurotransmissores têm sido 
substituídas por hipóteses mais focadas nos neurorreceptores as hipóteses 
atuais orbitam em torno dos neurorreceptores, os quais, em vez de estruturas 
rígidas, apresentam neuroplasticidade, adaptando-se e respondendo às 
alterações dos neurotransmissores. 
• Em relação aos fatores genéticos, a possibilidade de ocorrência de 
depressão entre familiares de primeiro grau de deprimidos é três vezes maior do 
que de não deprimidos. Em gêmeos, a correlação chega a 40%. 
• CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS: Os transtornos da saúde mental são 
classificados segundo duas codificações distintas, porém semelhantes: o Código 
Internacional de Doenças, atualmente na sua décima revisão (OMS, 1993) e o 
Manual de Diagnóstico e Estatístico de Doença Mental (DSM), atualmente na 
quinta edição, documento da Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2013). 
• No Brasil, na área de Geriatria, o referencial da APA é o mais utilizado 
para que seja efetivado um diagnóstico de episódio depressivo ou transtorno 
depressivo (quando já aconteceram dois ou mais episódios), é necessário que 
esteja presente um elenco de sintomas que compõem os critérios diagnósticos 
estabelecidos e revisados, de pelo menos uma dessas duas entidades, não 
havendo qualquer distinção de sintomas por faixa etária para fins de diagnóstico. 
• Como o luto é reconhecido como um importante estressor que pode 
precipitar um episódio depressivo maior em indivíduos vulneráveis, pelo DSM-V 
não é mais necessária a espera de 60 dias para estabelecimento do diagnóstico. 
 
 
• APRESENTAÇÃO CLÍNICA: Os sintomas que podem compor um 
episódio de depressão, muitas vezes, entre idosos, necessitam de uma busca 
ativa para o correto estabelecimento diagnóstico, pela possibilidade de atribuição 
errônea da origem desses ao próprio processo de envelhecimento ou às 
comorbidades presentes. 
• Todos os sintomas presentes na depressão em adultos jovens são 
encontrados em idosos. 
• De modo geral a depressão em idosos apresenta menos humor 
depressivo e mais anedonia (perda da capacidade de sentir prazer), mais 
sintomas somáticos do que “psicológicos”, maior frequência de associação com 
doença física e/ou cerebral e presença maior de déficit cognitivo e disfunção 
executiva. 
• Em relação à depressão de início precoce, a depressão geriátrica (de 
início tardio) apresenta menos correlação familiar, maior prevalência de 
demência, piora no desempenho dos testes neuropsicológicos e dano auditivo 
neurossensorial. 
• Estudos de neuroimagem demonstraram alterações de estrutura e função 
cerebral na depressão de início tardio, com padrões de alterações intermediários 
entre indivíduos normais e demenciados. 
• A depressão também afeta a funcionalidade do indivíduo idoso e algum 
comprometimento desta está presente em 80% dos idosos deprimidos. 
 
• OS SUBTIPOS DE DEPRESSÃO MAIS FREQUENTES EM IDOSOS 
SÃO: 
• Depressão vascular: Caracterizada por redução do interesse, retardo 
psicomotor, prejuízo na percepção e pouca agitação ou sentimento de culpa, 
além de uma possível piora na incapacidade dentre os sintomas cognitivos 
mais presentes estão o déficit de fluência verbal e a anomia (perda de 
identidade) deve ser suspeitada quando o primeiro episódio ocorre em idade 
mais avançada (mais de 85 anos) e não tem relação com história de depressão 
na família. 
• Síndrome depressão - disfunção executiva: Causada por uma 
proeminente disfunção fronto-estriatal e caracterizada por retardo psicomotor, 
redução de interesse, dano nas atividades instrumentais da vida diária (AIVD), 
insight limitado e sinais vegetativos essa síndrome apresenta resposta pobre, 
lenta e instável aos antidepressivose requer um cuidadoso plano de 
acompanhamento. 
• Depressão psicótica: Mais frequentes em idosos que nos adultos jovens, 
associa-se a alucinações e/ou delírios (culpa, hipocondria, niilismo, persecutório 
e de ciúmes, apodrecimento ou ausência de órgãos internos), com maior risco 
de comportamento de autolesão alucinações auditivas e, menos 
frequentemente visuais podem estar presentes. 
• Depressão melancólica: Caracterizada por incapacidade de reagir a 
estímulos positivos, piora do humor pela manhã, sentimento de culpa excessivo, 
despertar precoce, marcante retardo ou agitação psicomotora, perda de apetite 
ou peso. 
• Eventualmente pode haver dificuldade de diferenciar a depressão da 
demência, quando estiverem presentes sintomas como apatia, perda de peso, 
retardo psicomotor, redução da concentração, da memória a curto prazo, falta 
de iniciativa e de volição. 
• Quando a afasia estiver presente, comportamentos como recusa de 
alimentação ou de tratamento médico podem ser interpretados como 
relacionados com ideação suicida. 
• Os domínios cognitivos mais afetados com a gravidade da depressão são 
a função executiva e a velocidade de processamento, além da memória 
episódica especialmente entre portadores de demência, são comuns a apatia 
e a redução da iniciativa. 
• No caso de demência do tipo Alzheimer, os indivíduos apresentam menos 
sintomas de humor e mais redução da energia, da concentração e lentidão 
motora, mantendo este padrão sintomatológico, mesmo com a evolução da 
demência. 
• A síndrome depressiva com demência reversível (antiga 
pseudodemência) é uma depressão associada a déficit cognitivo que melhora 
com o tratamento da depressão pode evoluir para demência em 3 anos, em 
40% dos casos, podendo a depressão ser apenas uma manifestação precoce da 
demência. 
• Em alguns casos, o diagnóstico diferencial é difícil, devendo ser 
observadas as características sintomáticas peculiares de cada doença para 
decisão diagnóstica (comorbidade ou apresentação isolada de depressão ou 
demência) quando comparados com pacientes com depressão no curso da 
doença de Alzheimer, os pacientes com síndrome depressiva com demência 
reversível apresentam mais ansiedade, despertar precoce e perda da libido. 
• Os sintomas de uma doença clínica, como anemia, uremia, neoplasia, 
hipotireoidismo, entre outras, assim como o uso de alguns medicamentos podem 
mimetizar ou mascarar uma depressão porém, em idosos deprimidos, 
diferentemente dos que apresentam doenças crônicas, os escores de sintomas 
estão aumentados de uma maneira geral e não especificamente em algum item. 
• MANEIRAS DE A DOENÇA CLÍNICA ESTAR ASSOCIADA À 
DEPRESSÃO: Comorbidade; no episódio de depressão em que prevalecem os 
sintomas somáticos; nas doenças clínicas causadas pelas alterações do eixo 
hipotálamo-hipófise-adrenal como consequência da depressão; depressão como 
reação a uma doença clínica ou como parte do quadro de sintomas de uma 
doença clínica ou efeito colateral de medicamentos. 
• Como qualquer nível de sintomas depressivos se associa com a atividade 
da doença no nível biológico, os sintomas depressivos clinicamente 
significantes, que, no entanto, não preenchem os critérios diagnósticos para 
transtorno de humor pela CID-10 e pelo DSM-V, também causam danos à saúde 
e ao bem-estar dos indivíduos, podendo, em 25% dos casos, evoluir para 
depressão maior. 
• Esse elenco de sintomas é conhecido como depressão subsindrômica e 
definido como a presença de dois ou mais sintomas depressivos na maior parte 
do tempo, durante, pelo menos, 2 semanas, em indivíduos que não preenchem 
critérios para depressão maior, distimia ou outros transtornos depressivos. 
• Observa-se que, no curso da depressão maior, os pacientes passam mais 
tempo apenas com sintomas depressivos do que com o quadro clínico completo 
exigido pelos critérios diagnósticos (CID-10 e DSM-V) por outro lado, a 
depressão maior pode ser a exacerbação de problemas crônicos de humor cujas 
raízes estão em fatores de vulnerabilidade de longa data. 
• Nos indivíduos com mais de 80 anos antes do estabelecimento da 
depressão, pode existir uma fase subsindrômica de até 3 anos torna-se 
necessária, muitas vezes, a diferenciação entre o luto habitual ou mesmo 
traumático e a depressão associada à perda de alguém próximo, neste último 
caso, existe uma tendência à cronificação de sintomas, como redução do 
autocuidado, perda de peso, insônia, queixas físicas, distanciamento de 
familiares e amigos, perda de interesse em atividades anteriormente 
interessantes, perda de prazer, sentimento de inutilidade ou indiferença e de 
monotonia. 
• No cônjuge viúvo com o luto traumático estão presentes comportamentos 
como introspecção, enternecimento (saudade), preocupação com os 
pensamentos do falecido, choro, descrença a respeito da morte, sentimento de 
atordoamento devido à morte e não aceitação da morte. 
• DIAGNÓSTICO: O diagnóstico da depressão é essencialmente clínico, 
devendo ser dada ênfase à história clínica atual e pregressa, incluindo a história 
psiquiátrica do próprio paciente e de seus familiares e ideação suicida; uso de 
medicamentos; funcionalidade; avaliação psicológica (eventos estressores), 
cognitiva e social, incluindo inserções laborativas, de lazer, suporte 
social/familiar, rede de relacionamentos e estrutura econômica. 
• Uma vez estabelecido o quadro sindrômico, com base nos critérios 
diagnósticos dos organismos internacionais de referência, deve-se investigar a 
presença de doenças clínicas que possam estar colaborando para o quadro, com 
seus exames específicos. 
• O eletrocardiograma deve ser realizado nos pacientes com indicação de 
uso de antidepressivo tricíclico. 
• Quando houver déficit cognitivo associado ou suspeita de depressão 
vascular, está indicada a realização de ressonância magnética de encéfalo. 
• Instrumentos de avaliação: Os índices de reconhecimento dos sintomas 
da depressão e a consequente instituição de uma terapêutica adequada são 
baixos, especialmente na atenção básica. 
• Uma das principais justificativas é o fato de que alguns dos sintomas que 
fazem parte dos critérios diagnósticos para depressão são culturalmente e 
erroneamente aceitos como fatores próprios do envelhecimento ou secundários 
a alguma outra patologia clínica. 
• Outros fatores também comuns são as doenças clínicas, o isolamento 
social, o início insidioso dos sintomas e a ausência ocasional de humor 
deprimido, levando o idoso a não se queixar, o familiar a não encaminhá-lo ao 
serviço de saúde e os profissionais, muitas vezes, a não investigá-los, causando, 
enfim, sofrimento desnecessário para o paciente, carga para a família e custo 
para a sociedade. 
• Existem várias escalas diagnósticas validadas para rastreio de depressão 
ou verificação de gravidade de seus sintomas a aplicação de uma escala 
contribui para a investigação diagnóstica e reduz a possibilidade do sub-
diagnóstico por expor objetivamente a sintomatologia, mas nunca deve ser 
utilizada isoladamente como critério diagnóstico. 
• Existem várias escalas para avaliação sintomatológica, como a Escala de 
depressão geriátrica (GDS), a Center for Epidemiologic Studies Depression 
Scale (CES) e a Escala de Zung, e para avaliação da intensidade dos sintomas, 
como Escala de Beck (BDI) e a Escala de Hamilton. 
• Escala de depressão geriátrica: A Escala de depressão geriátrica 
(Geriatric Depression Scale – GDS) é o instrumento mais popular para avaliação 
de sintomas depressivos em idosos, tendo sido a única desenvolvida para esse 
grupo etário seu entendimento é simples, com respostas dicotômicas do tipo 
sim/não e de rápida e fácil aplicação. 
• O GDS pode ser utilizado por qualquer profissional da atenção básica, 
entrevistadores leigos ou mesmo ser autoaplicável encontra-se disponível e 
validada em vários idiomas, inclusive em português.• Apresenta acurácia para os muito idosos (mais que 80 anos) e a vantagem 
de não incluir sintomas somáticos, reduzindo a interferência de sintomas 
confundidores em uma população em que a comorbidade é uma realidade. 
• A desvantagem é a limitação do uso na presença de déficit cognitivo, 
especialmente após estágio moderado a versão original do GDS possui 30 
itens, porém existem versões mais curtas, sendo a principal composta por 15 
itens selecionados. 
• O escore do GDS 30 sugere depressão a partir de 11 pontos e do GDS 
15, a partir de 05 pontos mesmo sem avaliar objetivamente a gravidade dos 
sintomas, indica depressão moderada de 11 a 20 e 8 a 9, e grave acima de 21 e 
10 pontos para o GDS 30 e GDS 15, respectivamente. 
 
 
• COMORBIDADES: Quando os sintomas depressivos estão presentes na 
vigência de uma doença, atribuem-se frequentemente os sintomas à doença 
clínica (doença arterial coronariana – DAC, asma, câncer, diabetes) e não à 
depressão, comprometendo a adequada abordagem terapêutica essa 
situação é preocupante devido ao elevado percentual de associação entre 
depressão e doença clínica. 
• Para os indivíduos de mais de 80 anos, este comportamento é ainda mais 
comum, associando-se a atribuição dos sintomas não apenas à comorbidade, 
mas também aos eventos da vida. 
• Em pacientes dementes, a depressão acelera o declínio cognitivo, 
independente do sexo, da escolaridade e do estágio da demência no entanto, 
a funcionalidade pode ser melhorada com o tratamento da depressão; os 
indivíduos com DAC apresentam pior qualidade de vida quando a depressão 
também está presente. 
• A associação com insuficiência cardíaca aumenta a mortalidade em até 
80%. 
• Os pacientes com câncer que sentem desamparo e desesperança têm 
pior prognóstico, e nos asmáticos e diabéticos, o impacto adverso da depressão 
independe da capacidade funcional do indivíduo. 
• A depressão é a complicação mais comum nas doenças neurológicas e é 
um fator de risco independente para redução da funcionalidade quando ocorre 
após um trauma cerebral, pode exacerbar dificuldades físicas e cognitivas, 
apresentando pior resposta à reabilitação o impacto negativo na função 
independe da comorbidade, e a taxa de sintomas depressivos cresce com o 
aumento do número de comorbidades. 
• No caso do AVE, a frequência pode aumentar quando a lesão ocorre no 
córtex cerebral esquerdo, quanto mais próximo ao lobo frontal ou quando 
apresenta infartos subcorticais no tálamo ou no caudado só existe correlação 
da depressão com a topografia da lesão se essa ocorrer precocemente (menos 
que 12 meses). 
• Assim como pode prejudicar diretamente a recuperação de uma patologia 
associada, a depressão pode também interferir na adesão ao tratamento, 
piorando o prognóstico de ambas. 
• CURSO: O processo de desenvolvimento da depressão no idoso pode 
durar anos, sendo, portanto, mais crônico do que agudo. 
• O curso e o diagnostico dependem do tratamento adequado e os estudos 
nessa população demostram altas taxas de recuperação dos pacientes em um 
período de 3 a 6 meses semelhantes aos resultados obtidos em populações mais 
jovens. 
• Para o entendimento do curso da depressão, é importante que alguns 
conceitos sejam conhecidos: 
• Resposta: Melhora de 50% dos sintomas inicialmente presentes. 
• Remissão: Desaparecimento dos sintomas. 
• Recuperação: Manutenção da remissão dos sintomas por pelo menos 6 a 
12 meses. 
• Recaída: Piora dos sintomas antes da sua remissão completa ou quando 
já houve remissão, porém ainda não a recuperação da doença os pacientes 
que apresentam mais recaídas são os que demoram a responder, os que têm 
ansiedade associada, mantêm escore depressivo alto no início da fase de 
manutenção e os que cursam com algum evento médico ou social desfavorável 
• Recorrência: Refere-se a um novo episódio de depressão, pois acontece 
após a recuperação da doença após instituição de adequada terapêutica, 1/3 
melhora e permanece bem, 1/3 apresenta recaída e 1/3 não melhora, cronifica. 
• Eventos vitais negativos que ocorrem no curso do tratamento podem 
desviar o curso da curva de melhora sintomatológica pacientes com episódios 
mais graves têm maior risco de morrer (mesmo aqueles que têm bom suporte 
social), assim como os que são funcionalmente dependentes. 
• FATORES DE RISCO: Os estudos de fatores de risco para sintomas 
depressivos ou transtornos depressivos são, em geral, de corte transversal e não 
longitudinais, estabelecendo uma coocorrência de eventos, sugerindo assim um 
aumento da possibilidade, mas não uma determinação de causa e efeito. 
• Doença cerebrovascular: A arteriopatia cerebral autossômica dominante 
com infartos subcorticais e leucoencefalopatia (CADASIL) é uma entidade 
nosológica cujos sintomas de depressão fazem parte integralmente do seu 
quadro clínico, podendo compor a sintomatologia inicial ou aparecer durante o 
curso da doença. 
• Este é um dos poucos fatores de risco genéticos para depressão em 
idosos indivíduos com leucoencefalopatia na região pré-frontal medial orbital 
e na cápsula interna à esquerda desenvolvem depressão com maior frequência. 
• Mesmo nos pacientes com lesões subcorticais em pequenos vasos, sem 
demência ou sinais neurológicos, existe maior risco de depressão de início tardio 
a doença cerebrovascular, enfim, precipita, predispõe e perpetua a depressão 
no idoso (depressão vascular). 
• Idade: A prevalência de transtornos depressivos é maior entre os mais 
jovens por outro lado, um maior número de idosos apresenta sintomas 
depressivos que não preenchem os critérios propostos. 
• Gênero: As mulheres apresentam mais sintomas depressivos que os 
homens por fatores como maior possibilidade de se queixar dos sintomas, 
liberdade para chorar, disposição para procurar tratamento, exposição aos 
estressores da vida e aos efeitos hormonais a morbidade da depressão é 
elevada para o sexo feminino. 
• Enquanto a mulher tem maior probabilidade de se tornar incapacitada, o 
homem tem de morrer mesmo para indivíduos institucionalizados, as 
mulheres têm mais depressão que os homens, porém, após os 75 anos, nem 
sempre é evidenciada a diferença entre gêneros. 
• Estado civil: A convivência com companheiro, independentemente do 
estado civil, é fator protetor para os transtornos do humor, e o fato de não ser 
casado está associado à presença de sintomas depressivos, para ambos os 
sexos. 
• Doença psiquiátrica: O episódio depressivo em curso é forte preditor de 
risco para novos episódios de depressão, assim como a presença de dano 
cognitivo subclínico e a história de transtornos psiquiátricos (pessoal ou familiar). 
• Outros eventos de saúde: Uso de álcool; a privação sensorial visual ou 
auditiva; os transtornos do sono e a presença de dor em pacientes com doença 
crônica; a incapacidade (relação recíproca com a depressão). 
• Uso de medicamentos: A prescrição de algumas classes de substâncias, 
apesar de necessária, deve ser cuidadosa, devido ao potencial efeito de 
desencadear sintomas depressivos dentre essas substâncias, encontram-se 
alguns anti-hipertensivos, diuréticos, digitálicos, analgésicos, corticosteroides, 
antipsicóticos benzodiazepínicos, antiparkinsonianos, tuberculostáticos e o 
álcool. 
• Escolaridade: A pouca instrução está associada a sintomas depressivos 
e a maior escolaridade é fator protetor. 
• Fatores socioeconômicos: Os indicadores de classes sociais são 
inversamente relacionados com sintomas depressivos tem relação com a 
depressão, a pobreza e os baixos salários, no entanto, a riqueza não é fator 
protetor. 
• Viuvez: A morte de um ente querido apresenta-se como uma relação 
consistente para o desenvolvimento de transtornos depressivos, na dependência 
das condições do óbito e das adaptações no pós-morte a viuvez em 10 a 20% 
está associada a sintomas depressivos no primeiro ano e 14% no segundo ano,e esses sintomas persistem caso não tratados. 
• Institucionalização: A presença de sintomas depressivos na admissão em 
instituição de longa permanência é fator preditor de depressão, assim como a 
falta de visitas ao idoso institucionalizado. 
• Traumas psicológicos: Os mais importantes como fatores de risco para 
transtornos depressivos em idosos são aqueles que afetam grandes grupos e 
são intencionais, como guerras, campos de concentração e terrorismo o baixo 
suporte emocional na infância também é fator de risco para depressão em 
idosos. 
• Suporte social: Se a condição de saúde é precária e o suporte social é 
pobre, o idoso está particularmente sob risco para depressão, pois o suporte 
social, além de ter um efeito direto nos sintomas depressivos, tem a capacidade 
de modelar os efeitos das perdas materiais e interpessoais algumas 
características da personalidade podem predispor ao desenvolvimento da 
depressão, como o neuroticismo, que é a tendência sustentada de conviver com 
estados emocionais negativos, transtornos de personalidade, apego e traços 
obsessivos o comportamento do tipo desamparo aprendido também pode 
predispor a depressão. 
• Outros fatores de risco social: Baixa aculturação, morar só, perda de 
contatos e falta de um confidente. 
• ALGUMAS MEDIDAS PARA A REDUÇÃO DO RISCO E DA 
PREVALÊNCIA DE DEPRESSÃO: Melhor prevenção e tratamento das doenças 
crônicas; suporte social adequado, com prevenção do isolamento social; e 
compensação do dano funcional. 
• TRATAMENTO: Em linhas gerais, existem dois grupos de tratamento: os 
biológicos (farmacoterapia, eletroconvulsoterapia – ECT, estimulação magnética 
transcraniana e fototerapia) e os não biológicos (psicoterapia). 
• O tratamento da depressão visa à eliminação dos sintomas, à prevenção 
de recorrências ou recaídas, à prevenção da piora de outras patologias 
presentes e de mortalidade por suicídio ou por outras causas associadas, à 
melhora cognitiva e funcional e ao apoio para que os pacientes possam lidar com 
suas dificuldades a associação entre essas opções eleva o potencial de 
resposta do paciente. 
• Antes do início do tratamento, deve-se afastar a possibilidade de os 
sintomas presentes serem secundários a alguma outra patologia, ou mesmo ao 
efeito colateral de medicamentos neste caso, deve-se primeiro descontinuar 
o medicamento em uso, e caso não haja melhora, tratar a depressão. 
• Em idosos sabidamente sob maior risco, o tratamento deve ser iniciado 
precocemente, como em viúvos (especialmente os homens) e em pacientes com 
AVE. 
• Em situações em que a atribuição dos sintomas é difícil de ser 
estabelecida entre doenças clínicas e a própria depressão, deve ser instituído 
teste terapêutico. 
• FARMACOTERAPIA: Todos os antidepressivos disponíveis apresentam 
eficácia terapêutica quando comparados a placebo portanto, a escolha do 
fármaco para o tratamento deve estar baseada no perfil dos efeitos colaterais e 
na interação com outras substâncias é importante avaliar se há qualidade dos 
sintomas e a presença de comorbidades. 
• O início da terapêutica no idoso deve começar com doses baixas e 
aumentá-las aos poucos, porém alcançando a dose terapêutica, uma vez que a 
utilização de subdoses é o principal fator da inadequação da resposta aos 
antidepressivos. 
• Para todos antidepressivos existe uma fase de latência de 4 a 8 semanas 
para o início da ação terapêutica, apesar de os efeitos colaterais poderem surgir 
precocemente, o que muitas vezes provoca o abandono do tratamento nos 
pacientes que não estão esclarecidos sobre essa possibilidade. 
• O tratamento é de longa duração e pode ser necessário por toda a vida. 
• Para que a escolha do antidepressivo seja adequada, deve-se observar 
três fatores: sintomas clínicos associados à redução da disponibilidade de cada 
um dos neurotransmissores, perfil de inibição destes pelos antidepressivos e 
mecanismo de desenvolvimento dos efeitos colaterais. 
• DIVISÃO DOS ANTIDEPRESSIVOS: 
• ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS: A primeira classe de medicamentos 
a ser descoberta com potencial antidepressivo, na década de 1950 e 
permanecem até hoje como fármacos de referência. 
• Os efeitos terapêuticos ocorrem devido ao bloqueio da bomba de 
recaptação da serotonina, norepinefrina e dopamina (em menor grau) no 
entanto, o potencial de bloqueio para cada neurotransmissor varia para cada 
fármaco da classe dos antidepressivos tricíclicos (ADT). 
• Já os efeitos colaterais dos tricíclicos estão relacionados com o bloqueio 
dos receptores colinérgicos muscarínicos (transtorno da memória, turvamento 
da visão, boca seca, obstipação e retenção urinária), ao bloqueio dos receptores 
de histamina H1 (sonolência e ganho ponderal) e ao bloqueio dos receptores 
adrenérgicos alfa-1 (tontura e hipotensão), além do bloqueio dos canais de sódio 
no coração e cérebro (arritmias, parada cardíaca e convulsões nos casos de 
superdosagem). 
• Exemplo de ADT disponíveis no Brasil: Amitriptilina, clomipramina, 
imipramina, maproptilina e nortriptilina. 
• Em idosos, o antidepressivo tricíclico mais indicado é a nortriptilina, por 
apresentar o melhor perfil de efeitos colaterais os demais devem ser evitados. 
• A nortriptilina possui janela terapêutica entre 50 ng/mℓ e 150 ng/mℓ, sendo 
importante o acompanhamento da sua dosagem sérica. 
• INIBIDORES SELETIVOS DE RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA: No 
Brasil está disponível as seguintes substâncias: Citalopram, escitalopram, 
fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina e sertralina. 
• Atualmente é a classe de fármacos mais utilizada para o tratamento da 
depressão em idosos, devido à menor possibilidade de efeitos colaterais 
esses, quando surgem, estão relacionados com o efeito da serotonina em outros 
locais que não as vias relacionadas com o processo de desenvolvimento da 
depressão, na qual estão agindo terapeuticamente. 
• São menos ameaçadores, mesmo na superdosagem, e na maioria das 
vezes desaparecem com a continuação do uso. 
• Dentre os três mecanismos terapêuticos de ação dos ADT, apenas o 
potente bloqueio da recaptação da serotonina está presente nos inibidores 
seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), o que o torna seletivo, pois os 
demais neurotransmissores são muito pouco ou nada bloqueados. 
• É importante reconhecer que diferentes vias medeiam ações terapêuticas 
distintas, assim como os efeitos colaterais dos ISRS envolvem subtipos 
específicos de receptores de serotonina (5- HT2A, 5-HT2C, 5-HT3 e 5-HT4) e 
inibições enzimáticas alguns deles (fluoxetina, fluvoxamina e paroxetina) 
utilizam como via metabólica o citocromo P-450, ocorrendo em diferentes graus 
inibição dos citocromos 1A2, 3A4 e 2D6, o que torna ainda mais necessário o 
cuidado com as possíveis interações medicamentosas no idoso. 
• A fluoxetina deve ser evitada em idosos, pois tem meia-vida longa (15 
dias) e inibe ação de enzimas hepáticas, resultando em elevação sérica de vários 
medicamentos, além de estar associada à hiponatremia e à síndrome de 
secreção inapropriada do hormônio antidiurético, que podem ocorrer até 120 
dias após o início do uso em idosos pode elevar significativamente a dose 
sérica de diversas medicações como antipsicóticos, anticonvulsivante, 
antiarrítmicos, digoxina etc. 
• A paroxetina não possui metabólitos ativos e tem meia-vida curta 
apresenta também importante inibição nas enzimas hepáticas. 
• Segundo o critério de Beers, a paroxetina deve ser evitada em idosos com 
nível de evidencia alto, devido a maior potencial de efeitos adversos como efeitos 
anticolinérgicos, sedativos e hipotensão ortostática. 
• A sertralina apresenta meia-vida curta, alta seletividade pela serotonina e 
baixo potencial de inibição de enzimas hepáticas. 
• O citalopram é o mais seletivo para a recaptação de serotonina 
praticamente não inibe enzimas hepáticas por suas características tem sido 
utilizado em pacientescom depressão associada a doenças físicas e/ou 
cerebrais, como nos sintomas ansiosos e depressivos nas doenças do tipo 
Alzheimer. 
• A forma racêmica do citalopram é o escitalopram. 
• A fluvoxamina demonstrou boa eficácia em estudos comparativos com 
outros antidepressivos em idosos possui efeito inibidor nas enzimas 
hepáticas, o que eleva o risco de interações medicamentosas sua ação em 
receptores sigma-1 pode ter um efeito maior em relação a neuroproteção, ainda 
sem evidência clínica. 
• Além da fluoxetina, também paroxetina, sertralina, fluvoxamina e 
citalopram, usados cronicamente, podem desenvolver hiponatremia este 
distúrbio é mais prevalente em idosos, pacientes com baixo peso corporal e em 
mulheres, ocorrendo principalmente nas primeiras semanas de tratamento e no 
verão. 
• O uso de diuréticos contribui para o desenvolvimento da hiponatremia 
para sua prevenção, o sódio sérico deve ser dosado antes do início do 
tratamento e 2 semanas após os antidepressivos tricíclicos são uma opção 
para estes pacientes. 
• O uso conjunto com anti-inflamatórios não esteroides pode aumentar o 
risco de hemorragia digestiva. 
• As doses diárias dos ISRS variam de um fármaco para outro; todos, 
porém, apresentam latência para o início da ação por vezes os ISRS podem 
apresentar uma resposta apática, que significa a melhora do humor, mas com a 
permanência de sintomas residuais como anedonia (perda da capacidade de 
sentir prazer), redução da motivação, interesse, energia, concentração, libido e 
alentecimento cognitivo; sintomas esses relacionados com a norepinefrina que 
não é bloqueada pelos ISRS. 
• INIBIDORES SELETIVOS DE RECAPTAÇÃO DE NOREPINEFRINA 
(ISRN): Os inibidores seletivos de recaptação de norepinefrina (ISRN), além de 
melhorarem o humor, também agem sobre a apatia, fadiga e alentecimento 
psicomotor, melhorando o funcionamento social esta não é uma terapêutica 
de primeira escolha para a depressão, porém pode ser utilizada quando outros 
antidepressivos já foram tentados sem sucesso e nos casos mais graves a 
substância padrão dessa classe é a reboxetina. 
• INIBIDORES SELETIVOS DE RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA E 
NOREPINEFRINA: A duloxetina, a milnaciprana, a venlafaxina e a 
desvenlafaxina são os representantes dessa classe que se caracteriza pela 
existência, em uma mesma molécula, de seletividade para a serotonina e 
norepinefrina, com ação pouco expressiva na recaptação da dopamina e sem os 
bloqueios de receptores responsáveis pelos efeitos colaterais dos ADT. 
• A duloxetina apresenta um início de ação mais lento no idoso, é bem 
tolerada por esses e tem ação diferencial no controle dos sintomas somáticos da 
depressão seus principais efeitos colaterais são náuseas, boca seca, fadiga, 
insônia e obstipação. 
• A milnaciprana inibe de maneira similar a serotonina e a norepinefrina e 
não apresenta qualquer efeito sobre a dopamina também não interfere nos 
receptores colinérgicos, adrenérgicos e histaminérgicos, possui a vantagem de 
ter baixa ligação proteica e de a eliminação ser hepática e renal, porém, a dose 
recomendada deve ser dividida em 2 tomadas diárias. 
• Para a venlafaxina, a inibição da recaptação da serotonina é a mais 
potente, presente mesmo nas doses baixas, enquanto a da norepinefrina só 
acontece em doses mais altas e a da dopamina só está presente em doses 
elevadas na sua dose inicial habitual (75 mg/dia) age apenas como 
bloqueador seletivo de recaptação da serotonina, necessitando de aumento da 
dose para obtenção do efeito dual (150 mg/dia) porém, as dosagens maiores 
aumentam a possibilidade de hipertensão arterial e efeitos anticolinérgicos. 
• A desvenlafaxina é composta pelo principal metabólito ativo da 
venlafaxina a dose inicial (50 mg/dia) já é considerada terapêutica, e seu 
aumento está associado ao surgimento de efeitos colaterais como hipertensão e 
hipercolesterolemia a descontinuação deve ser gradual. 
• INIBIDORES SELETIVOS DE RECAPTAÇÃO DE NOREPINEFRINA E 
DOPAMINA: A bupropiona é o protótipo dos inibidores seletivos de recaptação 
de norepinefrina e dopamina (IRND), no entanto, ela age como profármaco, 
sendo seu metabólito ativo o verdadeiro responsável pelas ações terapêuticas. 
• É útil nos pacientes que não toleram os efeitos serotoninérgicos ou não 
respondem ao aumento da dose dos ISRS e nos portadores de doença de 
Parkinson apresenta a vantagem de não interferir no desempenho sexual, no 
entanto, existe risco de hipertensão arterial diastólica em idosos. 
• DUPLA AÇÃO SEROTONINÉRGICA E NORADRENÉRGICA POR 
MEIO DE ANTAGONISMO ALFA-2: Apesar da dupla ação final semelhante aos 
inibidores seletivos de recaptação de serotonia e norepinefrina (IRSN), o 
mecanismo de ocorrência do efeito antidepressivo deve-se às ações 
antagônicas sobre os receptores alfa-2 pré-sinápticos dos neurônios 
serotoninérgicos e noradrenérgicos, principalmente, mas também sobre os 
receptores serotoninérgicos 2A, 2C e 3, além do receptor H1. 
• Outro mecanismo adicional é a estimulação noradrenérgica dos 
receptores alfa-1 pós-sinápticos, permitindo maior liberação de serotonina. 
• Os principais efeitos colaterais são a sedação (bloqueio de 5-HT2A e de 
H1) e o ganho ponderal (bloqueio de 5-HT2C e de H1) este é um típico caso 
em que a escolha do antidepressivo pode também ser guiada pelo benefício 
secundário dos efeitos colaterais, como, por exemplo, depressão com ansiedade 
em indivíduos com insônia e história de emagrecimento. 
• Como os receptores 2A, 2C e 3 estão bloqueados, não haverá ansiedade, 
náuseas ou disfunção sexual. 
• A mirtazapina e a mianserina representam essa classe de fármacos, 
porém, a mianserina aumenta principalmente a neurotransmissão 
noradrenérgica a mirtazapina não apresenta efeitos adversos 
anticolinérgicos, portanto tem pouco potencial para causar déficits cognitivos. 
• Estudos e relatos de caso demostram que pode ser útil nos quadros 
depressivos associados à demência e à doença de Parkinson, sem impactos 
sobre sintomas cognitivos e extrapiramidais. 
• ANTAGONISTAS DE DUPLA AÇÃO SOBRE RECEPTORES DE 
SEROTONINA 2: A nefazodona e a trazodona apresentam, como principal ação, 
o bloqueio dos receptores 5-HT2A, de maneira seletiva, pois não apresentam as 
demais ações e efeitos colaterais dos ADT o bloqueio da recaptação de 
serotonina é inferior ao dos ISRS. 
• A nefazodona bloqueia de maneira secundária e em menor escala a 
recaptação de norepinefrina e os receptores alfa-1. 
• A trazodona tem efeito limitado como antidepressivo, mas um potente 
efeito sedativo, que se dá pelo bloqueio do receptor H1, tendo indicação, 
portanto, para uso como hipnótico, em doses mais baixas que as utilizadas como 
antidepressivo seu efeito colateral mais temido é o priapismo (ereção 
permanente e dolorosa do pênis ou do clitóris sem desejo/estimulação sexual). 
• INIBIDORES DA MONOAMINA OXIDASE: Apesar de satisfatória ação 
terapêutica, os inibidores da monoamina oxidase (IMAO) não são medicamentos 
de primeira linha para o tratamento da depressão, especialmente no idoso, 
devido aos seus efeitos colaterais, especialmente a possibilidade de hipertensão 
arterial grave. 
• A síndrome serotoninérgica é uma condição causada pelo aumento da 
estimulação de receptores serotoninérgicos centrais e periféricos resulta de 
interações farmacológicas de medicamentos que aumentam os 
neurotransmissores serotoninérgicos. 
• Seus sintomas mais comuns são náuseas, vômitos, tremores, diarreia, 
inquietude, hiper-reflexia, mioclonia, rigidez muscular e instabilidade 
autonômica. 
• O tratamento algumas vezes requer cuidados intensivos em virtude do 
seu potencial letal e envolve a descontinuação de todos os medicamentos 
serotoninérgicos. 
• AGONISTADERECEPTORES MELATONÉRGICOS MT1 E MT2 E 
ANTAGONISTA DOS RECEPTORES SEROTONINÉRGICOS 2: A agomelatina 
age em sintomas como humor deprimido, ansiedade, alentecimento psicomotor,transtorno do sono e fadiga seu metabolismo é hepático e a dose inicial é de 
25 mg à noite ainda são necessários estudos mais específicos para a 
população idosa. 
• ANTIDEPRESSIVOS E COMORBIDADES: Alguns medicamentos foram 
testados na presença de comorbidades, como o uso da bupropiona na doença 
de Parkinson, evitando-se os ISRS pela possibilidade de piora dos sintomas 
motores (especialmente a fluoxetina). 
• Os ISRS (inibidores seletivos da recaptação de serotonina) que não 
alteram a função cardíaca devem ser preferidos para cardiopatas. 
• No caso de depressão pós-AVE, deve-se utilizar ADT (nortriptilina) ou 
ISRS selecionados. 
• Esta última classe de fármacos também é a preferida para o tratamento 
da depressão no curso da demência, devendo ser preferidos os que apresentam 
reduzido efeito anticolinérgico. 
• A possibilidade de recaída ou mesmo de não obtenção de melhora é 
expressiva, especialmente nos pacientes com história de mais de 1 ano de 
doença antes do início do tratamento, naqueles com déficit cognitivo e nos que 
apresentam atrofia cortical. 
• Alguns pacientes são candidatos a tratamento por toda a vida os que 
apresentaram o primeiro episódio após os 50 anos, os que têm história de mais 
que 3 episódios ao longo da vida e os com quadro clínico grave. 
• Nos pacientes com depressão psicótica, o antipsicótico deve ser mantido 
por 6 meses. 
• As recaídas podem ser prevenidas quando o paciente apresenta um 
suporte social efetivo ou pode contar com um amigo íntimo, do tipo confidente. 
• ELETROCONVULSOTERAPIA: A eletroconvulsoterapia (ECT), apesar 
de eficaz e segura, é terapêutica reservada para casos mais graves (risco de 
suicídio ou depressão recorrente), sendo considerada padrão-ouro nestes 
casos. 
• Pode ser de primeira escolha quando o paciente apresenta 
contraindicação ao uso de antidepressivos, quando não responde a esses, na 
presença de risco de suicídio ou homicídio ou quando assim desejar a 
principal vantagem é a rapidez da resposta, e sua eficácia é a mesma que em 
indivíduos jovens. 
• A quantidade de aplicações deve ser definida individualmente, porém, em 
geral, varia entre 6 e 12 sessões pode haver necessidade da utilização 
crônica desse procedimento, como terapêutica de manutenção para a 
depressão. 
• Os idosos apresentam melhor resposta. 
• O procedimento deve ser realizado em unidades fechadas, sob anestesia 
os principais efeitos colaterais a curto prazo são sonolência, agitação e 
confusão mental, que podem desaparecer em 30 min, e, a médio prazo, amnésia 
anterógrada antes da aplicação do procedimento, deve ser compensada a 
hipertensão arterial e afastada a possibilidade de hipertensão intracraniana. 
• A presença de história recente de AVE (6 meses) ou IAM (3 meses) é 
contraindicação relativa. 
• ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA: A estimulação 
elétrica transcraniana (EMT) uma técnica não invasiva que modula a 
excitabilidade cerebral, levando a inibição ou excitação de diferentes áreas 
corticais, melhorando assim os sintomas depressivos. 
• Os idosos com depressão vascular têm pior resposta, assim como 
indivíduos com redução do volume do lobo frontal os efeitos colaterais mais 
comuns são dor e desconforto durante a estimulação, além de cefaleia. 
• FOTOTERAPIA: O método baseia-se na exposição à luz brilhante por 
curtos períodos durante o dia com o objetivo de restabelecer os níveis normais 
de serotonina e melatonina é muito indicada para a depressão sazonal. 
• Os pacientes que melhor respondem são os que apresentam excesso de 
sono e apetite, que têm ingesta compulsiva de carboidratos e aumento ponderal. 
• Os principais efeitos colaterais são leves e desaparecem com o tempo, 
com a redução da duração da exposição e da intensidade: cefaleia, sensação de 
vista cansada, alteração da acuidade visual, náuseas, insônia, tontura, fadiga, 
hipomania, sensação de ficar ligado, irritação na pele, precordialgia (dor 
localizada do lado esquerdo do tórax) e palpitações. 
• EXCITAÇÃO ELÉTRICA CEREBRAL PROFUNDA: É um método em 
uso para doença de Parkinson que vem demonstrando resultados promissores 
em estudos preliminares seu mecanismo baseia-se na estimulação elétrica 
através de eletrodos implantados em região cerebral profunda. 
• PSICOTERAPIA: Várias são as abordagens psicoterapêuticas de 
intervenção na depressão, todas funcionam como auxílio terapêutico, ajudando 
o indivíduo a desenvolver recursos internos para lidar com suas disfunções. 
• A terapia cognitivo-comportamental (TCC) tem como foco de ação as 
distorções de pensamento do paciente e os comportamentos disfuncionais. 
• O principal objetivo é detectar e ajudar a modificar as reações 
condicionadas (pensamentos automáticos), melhorando assim as atitudes que 
restringem as atividades sociais e profissionais é uma terapia de curta 
duração e baseada no aqui e agora. 
• A terapia interpessoal, por outro lado, enfoca a maneira como uma perda 
afeta o paciente a base da psicoterapia dinâmica é ajudar o paciente a 
compreender as estruturas e padrões inconscientes que podem estar criando 
sintomas e dificuldades de relacionamento. 
• FASES DE LUTO NOS IDOSOS – (Artigo: O processo de luto no idoso 
pela morte de cônjuge e filho - psicologia em estudo, Maringá, 2008): A 
vivência dessas fases pode ser exemplificada assim, uma pessoa está em uma 
montanha russa, em alguns dias está bem, mas, na chegada de uma data 
especial, uma lembrança que vem à mente pode causar uma “descida” 
inesperada do humor. 
• O idoso pode ter dificuldades para vivenciar o processo de luto por vários 
motivos, sendo um deles a inabilidade em falar sobre a dor relacionada à perda, 
pois, na sociedade atual as pessoas “preferem afastar-se do medo da morte, 
levando a um recalcamento da perda, em lugar de manifestações outrora 
usuais”. 
• O luto é a fase da expressão dos sentimentos decorrentes da perda, a 
qual se demonstra por choque, desejo, desorganização e organização é a 
fase de aprender que a morte deve ser tornada real, a partir do que se torna 
possível estabelecer novas concepções sobre o mundo, favorecendo 
investimentos pessoais. 
• A fase do choque pode durar horas ou dias, constituindo-se de desespero, 
raiva, irritabilidade, amargura e isolamento esses sentimentos podem se 
manifestar por atitudes emocionais intensas e passam a ser expressos contra 
todo aquele que venha a compartilhar o luto, como uma manifestação de defesa, 
pois a aceitação desses sentimentos reafirma a perda. 
• A fase do desejo é caracterizada por um forte impulso de busca pela figura 
perdida nela ocorre um estado de vigília, de movimentação para os locais 
onde a pessoa normalmente estaria, e mesmo de chamamento, como formas de 
descaracterizar a perda, pois se ela é procurada, ela não morreu. 
• Essa fase pode durar anos ou meses, sendo comuns os 
desapontamentos por sua não-efetividade, com episódios de choro e de tristeza 
quando da constatação da sua inutilidade. 
• Nesta fase da busca e do desejo se misturam a desorganização e o 
desespero, pois esta perda traz consigo outras secundárias, cuja intensidade 
dependerá das características da personalidade e das experiências prévias do 
enlutado e do apoio recebido por parte da sociedade e da família. 
• A fase de reorganização, quando há reapropriação de parte da energia do 
investimento objetal ao ego, caracteriza-se pela aceitação da perda definitiva e 
pela conseqüente constatação de que uma nova vida precisa ser iniciada é 
possível ocorrer recidiva de episódios de saudade e de tristeza. 
• Uma forma de abrandar o luto é manter a sensação de que a pessoa está 
por perto e criar uma idealização através do reviver de lembranças felizes. 
• O luto, como não é um processo linear, não tem data para terminar, 
podendo durar meses e anos, ou mesmo nunca acabar, na dependência direta 
das características individuais da personalidadee ainda do nível e intensidade 
de relação que se manteve com o falecido não há uma clara e estática 
definição para os tipos de luto. 
• Normalmente ele é considerado patológico quando é por demais 
prolongado e apresenta características obsessivas.

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